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Cronologia

Johan Gutenberg
inventa a 
impressão de 
caracteres móveis

1440

529 1086 1453 1543


INÍCIO  Domesday Book FIM  INÍCIO 
CONVENCIONAL DA CONVENCIONAL  CONVENCIONAL 
DA DA
IDADE MÉDIA recenseamento de 
5624 moinhos de  IDADE MÉDIA IDADE 
água em Inglaterra MODERNA
fecho da Academia e 
do Liceu tomada de 
Constantinopla
fundação do 
mosteiro beneditino  pelos turcos
do Monte Cassino

IDADE MÉDIA RENASCIMENTO MODERNIDADE

 
1. Transformações tecnológicas e científicas do Renascimento (século XV). 
 
 
1.1. A revolução na informação: a impressão com caracteres móveis de Johannes Gutenberg. 
 
No culminar da Idade Média e dealbar do Renascimento surgiu uma das mais notáveis invenções 
de todos os tempos: a impressão com tipos móveis. 
 
Outras invenções foram necessárias para que ela tivesse sido possível, nomeadamente: 
‐ o papel, inventado na China 
‐ um alfabeto adequado: o romano, universal na Europa, com 26 letras. 
 
Dois grandes motivos parecem estar na base da sua invenção: 
‐ uma assimetria entre a enorme e crescente procura de livros e a fraca capacidade dos escribas e 
copistas  (poucos  em  número  e  com  fortes  limitações  de  execução  prática)  para  conseguirem 
satisfazê‐la 
‐ o objectivo estabelecido pelas autoridades eclesiásticas de que cada igreja possuísse pelo menos 
um exemplar da Bíblia. 
 
O  seu  inventor  foi  Johannes  Gutenberg  (1394/99‐1467),  um  ourives  e  artesão  metalúrgico  de 
Mainz, Alemanha. 
 

 
  
Mas para ter conseguido ser bem sucedido, teve de enfrentar dois problemas: 
 
‐ um teórico: decidir organizar o processo de impressão dos textos 
 
‐ a solução que adoptou foi: 
‐  criar  peças  individuais,  em  grande  número,  para  cada  carácter  (letra,  sinal  de  pontuação, 
outros símbolos, espaços em branco), em vez de peças para cada página ou cada palavra a 
imprimir,  colocadas  em  caixas  apropriadas  classificadas  por  tipos  (“A”  maiúsculo,  “a” 
minúsculo, etc.) 
‐ montar páginas 
‐ seleccionando os caracteres necessários para realizar as sequências desejadas 
‐ colocando‐os juntos numa moldura apertados por um grampo 
‐ banhar as páginas com tinta 
‐ pressionar as páginas contra folhas de papel o número de vezes necessário para realizar as 
cópias pretendidas 
‐  quando o processo terminasse 
‐ desmantelar o molde 
‐  recolocar  as  peças  nas  caixas  dos  tipos  respectivos,  até  serem  necessárias  para  nova 
impressão 
 
‐ outros práticos: conseguir realizar com eficácia o processo idealizado 
 
‐ o principal foi o seguinte 
 
‐ para que a impressão fosse eficiente era preciso que todos os caracteres fossem uniformes 
à face, ou seja, que tivessem a mesma altura 
‐  se,  ao  serem  mantidas  juntas  num  molde,  algumas  peças  individuais  sobressaíssem  em 
relação a outras, isso provocaria variações acidentais na folha de papel, fazendo com que 
umas letras se apresentassem muito nítidas, outras bastante pálidas e outras mesmo não 
fossem impressas 
 
 
GGG T
T E
T E N
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N B E
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G
G
  U
U
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G    T E N B E   G
 
 
‐  para  que  a  impressão  fosse  eficiente  era  igualmente  preciso  que  todos  os  caracteres 
tivessem o mesmo comprimento 
‐  se  isso  não  ocorresse,  surgiriam  desarranjos  no  posicionamento  dos  caracteres,  de  tal 
modo que, em poucas linhas a impressão tornar‐se‐ia incoerente 
 
 
 
  JJJ OO H
O H A
H A N
A N
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  GGG T
T
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G
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J  O H A N        
     
G  T  N B E G
U E  R
 
 
‐ uma solução possível teria sido remover as peças que não satisfizessem os requisitos mínimos 
de  precisão;  mas  isso  encareceria  muito  os  custos  e  contrariaria  a  principal  vantagem  da 
invenção 
 
‐ a solução escolhida por Gutenberg foi: 
‐ preterir peças feitas de madeira ou qualquer outra substância orgânica 
‐ realizá‐las todas em metal, a partir de um mesmo molde  – isso permitiria, supostamente, 
obter a mesma precisão todas as peças 
‐ o molde de caracteres era ajustável, consistindo em duas peças separadas em forma de L, 
capazes de deslizar uma sobre a outra 
‐ isso tinha duas vantagens: 
‐ as duas peças, sendo independentes, podiam ser facilmente removidas 
‐ o molde, sendo ajustável, permitia tornar variável a largura de cada carácter, de tal 
modo  que  um  “i”  minúsculo  ocupasse  menos  espaço  que  um  “W”  maiúsculo, 
provocando benefícios óbvios na legibilidade 
 
 
  M
M aaa
M iii nnn zzz M
M
M aaa iii nnn zzz
 
 
 
‐  a  extremidade  inferior  do  molde  era  fechada  com  uma  matriz,  i.e.,  uma  peça  de  metal 
maleável – como o cobre – com um carácter esculpido 
‐ recebia, então, metal líquido – uma liga de estanho, zinco e chumbo, para não aderir às 
peças – que, quando solidificava, era retirado dele, dando origem a peças homogéneas. 
 

 
 
‐ os restantes foram mais facilmente resolvidos: 
‐ a tinta apropriada – negro de fumo + óleo de linhaça – foi obtida empiricamente 
‐ o processo para espalhar a tinta processou‐se recorrendo a uma bola de couro 
‐ o princípio da prensagem – pressionar do papel contra os caracteres – por torniquete surgiu 
pela inspiração na milenar arte de esmagamento das uvas. 
 
 
Problemas práticos  soluções 
‐  uniformidade  das  peças  com  os  ‐  moldes  em  forma  de  L 
caracteres individuais  ajustáveis 
‐ matriz em metal com o carácter 
esculpido 
‐  metal  líquido  (uma  liga  de 
estanho,  zinco  e  chumbo,  para 
não aderir) 
‐ tinta  ‐ negro de fumo + óleo de linhaça 
‐ instrumento para aplicar a tinta  ‐ bola de couro 
‐  modo  de  pressionar  o  papel  ‐ prensagem com torniquete 
contra os caracteres 
 
 
O  prelo  –  impressão  mecânica  manual  –  de  Gutenberg  revolucionou  a  publicação  de  livros.  O 
primeiro  livro  impresso  que  se  conhece  foi  produzido  em  Mainz  em  1455,  a  chamada  Bíblia  de 
Gutenberg. 
 

 
 
Estima‐se que foram publicados mais livros desde a sua invenção até ao final do século XV que nos 
mil anos anteriores. 
 
A sua invenção provocou a primeira revolução tecnológica da informação. 
 
2. A mecanização do tempo. 
 
Para  além  do  prelo,  outra  grande  inovação  surgida  no  final  da  Idade  Média  e  início  do 
Renascimento, foi a do relógio mecânico. 
 
O  seu  aparecimento  deu‐se  na  sequência  da  busca  de  materialização  de  um  sonho  antigo: 
construir uma máquina com movimento perpétuo. 
 
A  influente  concepção  naturalista  de  Aristóteles  (384‐322  a.C.),  fortemente  baseada  na 
experiência comum, sustentava que: 
‐ no domínio das coisas terrestres: 
‐ os corpos apenas se movem por acção de uma causa externa 
‐ os corpo cessam o seu movimento quando a sua causa externa deixa de actuar sobre ele 
‐ no domínio das coisas celestes: 
‐ os corpos movem‐se perpetuamente. 
 
Observaram alguns, contudo, que também no domínio das coisas terrestres existiam fenómenos 
de aparente movimento perpétuo: 
‐ as marés 
‐ as correntes dos rios 
‐ os ventos. 
 
A construção de moinhos de água e de vento, aproveitando essas notáveis regularidades naturais, 
constituíram as primeiras versões de máquinas de movimento perpétuo. 
 
Isso, por si só, mostra como uma nova atitude do Homem em relação à Natureza está já a formar‐
se: compreender a Natureza para aproveitar os seus poderes e, em última instância transformá‐la. 
 
Um produto notável desse esforço será o da mecanização do tempo 
‐ aquele que vai deixando de ser estabelecido pela percepção de ritmos naturais 
‐  e  que  passa  a  ser  fornecido  objectivamente  –  quantificado,  dividido  matematicamente  em 
horas e minutos com durações iguais – a partir de relógios 
que se imporá crescentemente 
‐ na organização dos acontecimentos humanos 
‐ e na sincronização dos comportamentos individuais. 
 
 
3. A descoberta de novos mundos. 
 
Ao  mesmo  tempo  que  estas  transformações  ocorriam  no  norte  da  Europa,  iniciava‐se  a  sul  um 
episódio ímpar da história mundial: a primeira globalização. 
 
No início do século XV, o conhecimento do mundo fora da Europa era muito limitado. Viajantes 
audaciosos  tinham trazido informações várias no decurso dos séculos anteriores sobre paragens 
relativamente  remotas.  Mas  o  mundo  trans‐europeu  permanecia  sobretudo  conjectural  ou 
fantasista. 
 
No  final  desse  século,  ambições  de  expansão  comercial  e  uma  nova  atitude  exploratória  em 
relação  à  Natureza,  impulsionaram  grandes  empreendimentos  de  procura  de  novos  mundos, 
sobretudo por via marítima. 
 
O  seu  sucesso  dependeu  bastante  da  inovação  tecnológica,  nomeadamente  no  domínio  da 
construção naval e na arte da navegação. 
 
Em  meados  do  século  XV,  Henrique  o  Navegador  estabeleceu  a  primeira  escola  técnica  de 
navegação  do  mundo  em  Sagres  e  encorajou  os  seus  marinheiros  a  irem  sucessivamente  mais 
além ao longo da costa africana e pelo Atlântico dentro. 
 
O culminar dessa aventura foi o retorno a Portugal, em 1520, três anos após ter partido e depois 
de ter circum‐navegado o globo terrestre, de Fernão de Magalhães. 
 
Em  menos  de  um  século  os  europeus  tinham  extravasado  completamente  os  limites  do  seu 
continente  –  conhecidos  desde  tempos  imemoriais  –  e  descoberto  novos  continentes,  novos 
mares, novos povos, novas raças, novas espécies animais e botânicas, etc. 
 
Tinham‐se certificado de que as leis da natureza permaneciam as mesmas em todo a parte e que a 
sul  do  Equador,  nas  antípodas,  os  corpos  não  se  desligavam  da  superfície  terrestre;  tinham 
constatado, também, que, embora os céus apresentassem estrelas e constelações diferentes em 
paragens remotas, os fenómenos físicos eram basicamente os mesmos. 
 
Em  suma,  aquilo  que  não  passava  de  hipóteses  sustentadas  por  académicos  na  segurança  e  no 
conforto dos seus gabinetes de estudo – que o mundo era esférico e que as leis da natureza eram 
uniformes em todo o lado – recebia agora o apoio da confirmação empírica, obtida pela audácia 
dos navegadores. 
 
As consequências sociais, políticas, económicas e culturais das descobertas foram imensas. Cabe 
apenas  registar  que,  desse  momento  em  diante,  homens  de  negócios,  políticos,  embaixadores, 
intelectuais,  viajantes,  homens  do  mundo,  etc.  passaram  a  fazer‐se  acompanhar,  para  além  de 
mapas, documentos legais e tratados, com modelos em pequena escala de globos que pretendiam 
representar realisticamente o mundo em que vivemos. 
 
 
 
 
 
 

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