Nenhum candidato defende a questão central: ruptura com
a “concertação social”, ruptura com a União Europeia O nosso país precisa de um programa de Governo que se proponha relançar o seu aparelho produtivo, parar de imediato com as privatizações, proibir os despedimentos e estabelecer uma cooperação solidária com os outros povos da Europa e do resto do mundo. O nosso país precisa de um Governo que rompa com as instituições da União Europeia, as quais – depois de terem destruído o seu aparelho produtivo – lhe impuseram um endividamento monstruoso, para salvar os bancos e os especuladores, que agora lhes impõem condições para o pagamento de uma dívida que não é da responsabilidade do povo português. O governo de Sócrates – eleito com os votos da base trabalhadora do PS – faz tudo ao contrário das aspirações da maioria dos que nele votaram, numa colaboração estreita e servil com as instituições do grande capital. Os trabalhadores têm-se mobilizado sector a sector (nomeadamente nos professores) e à escala geral para derrotar os planos do Governo, tal como o têm feito os trabalhadores do resto da Europa sujeitos à mesma política. Mas, as suas mobilizações têm sido sistematicamente frustradas, interrompidas e quebradas, em virtude da política de “consenso”, de “concertação e de diálogo social” praticada pelos dirigentes das suas organizações sindicais. Um candidato à Presidência da República – determinado a ajudar a inverter o curso dos acontecimentos em Portugal – não tinha senão um dever: defender a ruptura com a política da União Europeia, os seus tratados e instituições, das quais a “concertação social” (com as suas pseudo negociações) é um pilar fundamental. Nenhum dos candidatos que se apresenta a estas eleições tem este posicionamento. Por mais que façam declarações “à esquerda” em defesa da Constituição e do Estado social, nenhum deles aponta a necessidade da ruptura com os dispositivos do “diálogo social”, colaborando assim objectivamente na continuação do afundamento do nosso país e do ataque aos direitos sociais. Nesta situação, o POUS compreende os militantes e trabalhadores que irão dar o seu voto aos candidatos que, por palavras, se demarcam de Cavaco Silva, ou que declaram mesmo ser necessária uma política contrária à do Governo – com o argumento de que é “o mal menor”. Mas também é compreensível que muitos trabalhadores e jovens sintam este processo eleitoral distante das suas preocupações, pois nenhum dos candidatos aponta uma solução para os seus problemas concretos: o desemprego, a precariedade, o corte nos salários e nos subsídios sociais, a subida do custo de vida,... Tanto os que irão votar nos candidatos “de esquerda” como os que viram as costas a esta eleição aspiram ao mesmo objectivo: derrotar as políticas de Sócrates / Durão Barroso / Cavaco Silva / Passos Coelho. O POUS considera que será no terreno da luta de classes – através da mobilização unida dos trabalhadores com os seus sindicatos e CTs – que este objectivo poderá ser alcançado. O que implica obrigar os dirigentes das suas organizações a romper com a “concertação social”. É com esta compreensão que o POUS está a ajudar a construir uma malha de militantes – transversal a todas as organizações operárias – que leve as direcções das suas organizações de classe a efectuarem essa ruptura, permitindo que os trabalhadores “tomem o seu futuro nas próprias mãos”, única maneira de impedir o processo de despedimentos que está em marcha, a revisão das leis laborais, bem como o corte dos salários e dos subsídios sociais. O combate para a unidade das organizações sindicais em torno das reivindicações dos trabalhadores – rejeitando o “diálogo social” – é imprescindível para abrir uma perspectiva de saída política a todos os trabalhadores e à maioria da população. Lisboa, 20 de Janeiro de 2011
O Secretariado do POUS
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