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CARBOIDRATOS

Os carboidratos são as fontes mais importantes de energia do


organismo. São classificados de acordo com a natureza
química de seu grupo carbonila e pelo numero de seus
átomos de carbono. Quanto ao numero de unidades básicas
são classificados como: monossacarídeos, oligossacarídeos
e polissacarídeos.

Monossacarídeos mais comuns no homem: glicose, frutose


e galactose (São açucares simples constituídos por uma
única unidade poliidroxialdeidica ou cetonica contendo de 3
a 9 átomos de carbono).

Oligossacarídeos são ligados por pontes glicosidicas de 2 ou


mais (ate 10) monossacarídeos. Os mais simples são os
dissacarídeos : maltose (glicose + glicose), sacarose
(glicose + frutose) e lactose (glicose+ galactose).

Polissacarídeos são carboidratos de elevada massa


molecular formados por mais de 10 unidades
monossacaridicas ligadas entre si por pontes glicosidicas. O
amido (forma de armazenamento para a glicose nos
vegetais) é o principal polissacarídeo da dieta. É constituído
por uma mistura de dois polissacarídeos: amilose e
amilopectina.

Os carboidratos da dieta fornecem a maior parte das


necessidades calóricas do organismo. A dieta media é
composta, principalmente, de amido (grãos: 60%), sacarose
(açúcar da cana: 30%) e lactose (açúcar do leite: 10%). O
glicogênio, maltose, glicose e frutose, presentes em certos
alimentos, constituem uma fração menor dos carboidratos
ingeridos.

Os principais monossacarídeos obtidos por hidrolise


(glicose, frutose e galactose) são absorvidos do lumem para
as células e levados ao fígado pelo sistema porta. A glicose
no fígado é metabolizada ou armazenada como glicogênio. O
fígado também libera glicose para a circulação sistêmica,
tornando-a disponível a todas as células do organismo.

A concentração de glicose no sangue é regulada por vários


hormônios. A glicogênese é a conversão de glicose a
glicogênio,enquanto a glicogenólise é o desdobramento do
glicogênio em glicose.A formação da glicose a partir de
outras fontes não-carboidratos,como aminoácidos,glicerol ou
lactato, é chamada gliconeogênese. A conversão da glicose
ou outras hexoses em lactato ou piruvato é denominada
glicólise.

Diabetes mellitus
Diabetes mellitus é uma doença metabólica
caracterizada por um aumento anormal da
glicose ou açúcar no sangue . A glicose é a
principal fonte de energia do organismo, mas
quando em excesso, pode trazer várias
complicações à saúde.
Quando não tratada adequadamente, causa
doenças tais como infarto do coração, derrame
cerebral, insuficiência renal, problemas visuais
e lesões de difícil cicatrização, dentre outras
complicações.
Embora ainda não haja uma cura definitiva para
o Diabetes, há vários tratamentos disponíveis
que, quando seguidos de forma regular,
proporcionam saúde e qualidade de vida para o
paciente portador.
Epidemiologia
O Diabetes afeta cerca de 12% da população no
Brasil (aproximadamente 22 milhões de
pessoas) e 05% da população de Portugal (500
mil pessoas) .
De acordo com a Organização Mundial da
Saúde, em 2006 havia cerca de 171 milhões de
pessoas doentes da Diabetes, e esse índice
aumenta rapidamente. É estimado que em 2030
esse número dobre. A Diabetes Mellitus ocorre
em todo o mundo, mas é mais comum
(especialmente a tipo II) nos países mais
desenvolvidos. O maior aumento atualmente é
esperado na Ásia e na África, onde a maioria
dos diabéticos será vistos em 2030. O aumento
do índice de Diabetes em países em
desenvolvimento segue a tendência de
urbanização e mudança de estilos de vida.
A diabetes está na lista das 5 doenças de maior
índice de morte no mundo, e está chegando
cada vez mais perto do topo da lista. Por pelo
menos 20 anos, o numero de diabéticos na
América do Norte está aumentando
consideravelmente. Em 2005 eram em torno de
20.8 milhões de pessoas com diabetes somente
nos Estados Unidos. De acordo com a American
Diabetes Association existem cerca de 6.2
milhões de pessoas não diagnosticadas e cerca
de 41 milhões de pessoas que poderiam ser
consideradas pré-diabéticas.
Classificação
DIABETES MELITO TIPO 1

D M tipo 1 é uma doença crônica degenerativa


que resulta primariamente da destruição das
células beta do pâncreas e inclui doenças auto
imune, genética e doenças nas quais a
destruição das células pancreáticas é
desconhecida.
O tipo 1 compreende 5 a 10% de todos os casos
de diabetes melito, ocorre também casos de
exposição a um desencadeador (viral,
ambiental, toxinas ) que estimula a destruição
imunológica mediada das células beta.
A hiperglicemia ocorre quando 80 a 90% das
células beta são destruídas.
Apresenta-se de forma aguda em indivíduos
menores de 20 anos.
Quando não tratada, surgem; náuseas ,vômitos,
desidratação, tonturas, vista opaca,
formigamento , dormência nas extremidades,
coma e finalmente a morte.
Os pacientes são dependentes da insulina para
manter a vida, e prevenir a cetoacidose (A
cetoacidose diabética é uma circunstância que
ocorre toda vez que não há insulina em
quantidades suficientes para metabolizar a
glicose. Quando isso ocorre a pessoa sente-se
muito mal. Pode ficar confusa, sua respiração
torna-se mais rápida e profunda, o hálito tem
cheiro de acetona, pode apresentar fraqueza
intensa, náuseas, vômitos e dores abdominais. A
ceto-acidose é uma complicação grave do
diabetes. É mais freqüente no diabetes insulino-
dependente e pode levar à morte se não for
devidamente tratada.

SINTOMAS
- Poliúria - Noctúria
- Polifagia - Perda inexplicada de
peso
- Irritabilidade - Infecção respiratória
- Desejos de bebidas doces

DIABETES MELITO TIPO 2

Resulta de graus variáveis de resistência à


insulina e deficiência relativa de secreção da
insulina. A maioria dos pacientes tem excesso de
peso e a cetoacidose ocorre apenas em situações
especiais como durante processos infecciosos,
80-90% das diabetes existentes correspondem a
esse tipo.
Ocorre geralmente em pessoas obesas e com
mais de 40 anos, apresenta-se de forma lenta e
com historia familiar.
Os pacientes apresentam sintomas moderados,
não são dependentes da insulina e raramente
apresentam cetoacidose diabética.

Outros tipos específicos de diabetes

A: Defeito genético nas células beta.


B: Resistência à insulina determinada
geneticamente.
C: Doenças no pâncreas.
D: Causada por defeitos hormonais.
E: Causada por compostos químicos ou fármacos.
F: Infecciosas (rubéola congênita, citamegalovírus
e outros).

DIABETES MELITO GESTACIONAL

É a diminuição da tolerância à glicose,


diagnosticada pela primeira vez na gestação,
podendo ou não permanecer após o parto.
Acomete 3% das grávidas, e o controle
inadequado deste quadro está associado com;
alta incidência de morte intra-uterina e má
formação fetal, macrossomia fetal associado a
hipoglicemia neonatal.
Na maioria dos casos este quadro volta ao
normal no final da gravidez, porem ao redor de
50% dessas pacientes desenvolvem diabetes
melito nos sete anos seguintes.

INVESTIGAÇÃO LABORATORIAL

1 – GLICEMIA DE JEJUM

Paciente: O paciente deve permanecer em


jejum de 12-14 horas, caso seja diabético não
deve usar insulina ou hipoglicemiantes antes da
coleta.

Amostra: Soro, Plasma, LCR e líquidos


corporais.
Quando o sangue for colhido sem anticoagulante
as enzimas glicolíticas dos eritrócitos,
leucócitos, plaquetas e contaminantes bacteriano
(fora de geladeira) reduzem os níveis de glicose
da amostra em até 7% por hora.
Usa-se o anticoagulante contendo fluoreto de
sódio que inibe a glicólise.
Em refrigeração adequada o soro ou plasma
permanece inalterado por 3 dias.

OBS :
As amostras de LCR muitas vezes estão contaminadas
com bactérias ou células , por isso após a coleta
devemos centrifugar e analisar imediatamente ou
refrigerar.
Em urina de 24 horas a glicose é preservada pela
adição de 5ml de ácido acético glacial no frasco
coletor, antes do inicio da coleta., devendo ser
armazenada sob refrigeração; em temperatura
ambiente, podem perder até 40% do seu
conteúdo de glicose nas 24 horas.
2 -GLICEMIA PÓS- PRANDIAL

A concentração da glicemia 2 horas após as


refeições ou a ingestão de 75g de glicose em
solução aquosa no individuo adulto normal, é
usada para o diagnóstica da diabetes ,visto que
2 horas após esta ingestão a glicemia volta ao
normal.

Os valores tendem a crescer com a idade em até


10 mg/dl por década de vida após a idade de 40
anos
Em crianças administra-se 1,75g/kg de peso até
a dosagem máxima de 75g de glicose em
solução aquosa.

3- CURVA GLICÊMICA OU TOTG

Colhe–se o material para glicemia nos tempo 0,


30, 60, 90,120 minutos, administrando após a
coleta do tempo zero, 75 g de glicose em
solução aquosa por via oral. Deve ser obedecido
os critérios da glicemia de jejum para o tempo
zero.
O paciente deve permanecer em repouso
durante o tempo de coleta, manter-se calmo,
não ingerir nenhum alimento e não fumar.
CONSEQUÊNCIAS METABÓLICAS DO DM

1 =Hiperglicemia
Eleva a produção hepática e diminui a captação
celular da glicose.
2 =Distúrbio do metabolismo protéico
A gliconeogênese promove a perda protéica,
para cada 100g de glicose formada 175g de
proteínas são destruídas.
3 =Distúrbio do metabolismo lipídico
A deficiência da insulina e a ação do glucagon
estimulam a lipólise e a liberação de ácidos
graxos para a circulação, inibindo também a
atividade da lípase lipoprotéica que reduz o
desdobramento tanto das VLDL como dos
quilomicrons, elevando os triglicérides.
4 =Hiperpotassemia
Uma das ações da insulina é a captação de íons
potássio pelas células
5 =Distúrbios ácido-base
Devido a cetoacidose diabética, os níveis de
bicarbonato do plasma baixam alterando o
pH(6,8).

COMPLICAÇÕES DO DIABETES
MELITO
Do ponto de vista bioquímico as principais
complicações são:
• Cetoacidose Diabética: É um estado de
desordem metabólico complexo caracterizado
por hiperglicemia (> 200 mg/dl), acidose (pH <
7,2) e cetonuria (> 5mEq/L). Ocorre como
conseqüência da absoluta ou relativa deficiência
de insulina que é acompanhada pelo aumento
dos hormônios contra-regulatórios (glucagon,
cortisol, HGH e adrenalina).
• Síndrome Hiperosmolar Hiperglicêmico não-
cetônico: É caracterizado por distúrbio
neurológico, hiperglicemia (> 600),
desidratação profunda, pH > 7.3, bicarbonato >
15 mmol/L e cetose mínima.
• Acidose Láctica: O ácido láctico é um
intermediário no metabolismo dos carboidratos,
proveniente do músculo esquelético, cérebro e
eritrócitos. Níveis de Lactato excedendo 5
mmol/L (valor médio normal = 0,9) e pH
sangüíneo < 7,25 indicam acidose láctica.
• Doença Renal: Ao redor de 10-25% dos
pacientes tratados com doença renal terminal
apresentam nefropatia diabética.
Subseqüentemente, a função renal declina com
elevação da uréia e creatinina plasmática,
eventualmente levando à insuficiência renal.
• Hiperlipidemia: As anormalidades lipídicas
associadas com o diabetes melito incluem:
- Hipertrigliceridemia. A deficiência insulínica
inibe a enzima lípase lipoprotéica reduzindo a
metabolização das VLDL.
- Hipercolesterolemia. O diabetes tipo 2 e a
intolerância à glicose são comumente
associados à hipercolesterolemia.
• Hipoglicemia: É uma condição médica aguda
caracterizada pela concentração da glicose
sangüínea abaixo dos limites encontrados no
jejum (< 50mg/dl em adultos e < 40mg/dl em
recém-nascidos). As principais causas de
hipoglicemia são:
- Neonatais: Pequeno para a idade gestacional/
prematuros; diabetes melito materna; toxemia
da gravidez...
- Crianças: Hipoglicemia cetônica; defeitos
enzimáticos congênitos (doenças do
armazenamento do glicogênio, deficiência
gliconeogênicas); idiopática...
- Adultos: Medicações (doses excessivas de
insulina ou agentes hipoglicemiantes); excesso
de etanol (reduz a gliconeogênese); doenças
hepáticas (cirrose severa, necrose e tumores
hepáticos)...

Manifestações Clínicas da Hipoglicemia


Não existem sintomas específicos para a
hipoglicemia. Uma redução rápida da glicose
plasmática geralmente desencadeia uma
resposta simpática com liberação de adrenalina
que produz sintomas clássicos: fraqueza, suor,
calafrios, náusea, pulso rápido, fome e tonturas.

FATORES QUE INTERFEREM NA


DETERMINAÇÃO DA GLICOSE

Resultados Falsamente Elevados: paracetamol,


ácido acetilsalisílico, ácido ascórbico, ácido
nalidíxico, esteróides anabólicos...
Resultados Falsamente Reduzidos: álcool,
anfetaminas, hipoglicemiantes orais, maconha,
quinidina, sulfonamidas...

MÉTODOS PARA DOSAGEM DA


GLICEMIA

O-Toluidina. A determinação da glicose por


este método é a mais específica entre os
métodos químicos; entretanto, o seu emprego
tornou-se muito restrito depois que esta
substância foi classificada como carcinogênica.
Métodos Enzimáticos. Empregam enzimas
como reativos e são os mais utilizados
atualmente em razão da grande especificidade
pela glicose:
Glicose Oxidase. É altamente específica para a
B-glicose. Em presença do oxigênio, a enzima
converte a B-glicose a ácido glicônico e
peróxido de oxigênio (H2O2). Em uma segunda
reação, a enzima peroxidase decompõe o
peróxido de hidrogênio em água e oxigênio.
Esse último oxida, em presença da peroxidase,
um cromogênio aceptor de oxigênio, para
formar um produto colorido lido
fotometricamente.
Hexoquinase. Esse método consiste de duas
reações acopladas: (a) a glicose é fosforilada
pelo ATP pela ação da hexoquinase; (b) a
glicose 6-fosfato é convertida pela glicose 6-
fosfato desidrogenase, na presença de NADP,
em 6-fosfogliconolactona e NADPH. Este é
proporcional a quantidade de glicose na amostra
e é medido em 340nm.
Glicose Desidrogenase. A glicose
desidrogenase catalisa a redução de NAD,
produzindo gliconolactona e NADH, sendo
medido em 340nm.

HEMOGLOBINA GLICADA
Em adultos, os eritrócitos normais contêm
hemoglobina A (97% do total), HbA2 (2,5 %) e
HbF (0,5%). Por diferentes métodos
eletroforéticos e cromatográficos, foram
detectadas subfrações da hemoglobina A,
identificadas como HbA 1a, HbA 1b e HbA 1c
e, coletivamente, denominadas hemoglobinas
glicadas (hemoglobinas glicolisadas ou glico-
hemoglobinas). A fração HbA 1c constitui
aproximadamente, 80% da HbA.
O estudo dessas hemoglobinas é realizado,
principalmente pela medida da subfração HbA
1c em pacientes com diabetes melito. Essa
avaliação indica o controle metabólico do
paciente nas 8 a 10 semanas precedentes ao
teste (as hemoglobinas glicadas são formadas
pela adição espontânea de glicose ao grupo
amino livre das proteínas hemoglobínicas por
reações não-enzimáticas. A velocidade de
síntese é proporcional à concentração de
glicose onde os eritrócitos estão expostos. Os
conteúdos destas subfrações aumentam com a
idade dos eritrócitos), enquanto a glicose
sanguínea reflete o controle somente das 24
horas anteriores. Essa dosagem deve ser
monitorada a cada 3 ou 4 meses em diabéticos
estáveis e, a cada 1 ou 2 meses, em diabéticos
com pobre controle glicêmico.
Determinação da Hb Glicada
Paciente: não necessita jejum para a coleta.
Amostra: sangue total colhido em tubo
contendo EDTA.
Métodos: (a) Cromatografia de troca iônica, (b)
reatividade química e (c) cromatografia por
afinidade e imunoensaio, onde se emprega
microcolunas.
Valores de Referência: estão entre 5 a 8% da
HbA total em indivíduos normais e variam entre
8 a 30% em pacientes com diabetes,
dependendo do grau de controle da glicemia.

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