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Um Natal extraterrestre

Era uma vez um Extraterrestre que vivia num planeta muito distante do nosso. Esse
planeta designava-se Kakoní e era bastante estranho, pois o seu solo era constituído
por uma massa esponjosa e suave e a sua atmosfera por gases tóxicos para os
humanos, mas benéficos para os seus habitantes. O extraterrestre, por sua vez, era
igual aos seus irmãos. Tinha pele verde, olhos esbugalhados e pretos, orelhas
gigantes, nariz bicudo e lábios finos.
No entanto, por dentro, este extraterrestre era diferente, pois tinha hábitos pouco
vulgares, tais como ir visitar o planeta Terra de tempos em tempos. Ele conseguia
chegar até à Terra em pouco tempo devido à sua nave espacial. Esta máquina era
bastante desenvolvida, pois não continha motor e em vez disso era movido pela
energia de uma substância rara e valiosa que só se podia encontrar no seu planeta. Era
também bastante resistente, para conseguir atravessar longas distâncias (incluindo a
atmosfera terrestre) sem se desconjuntar.
Várias vezes o extraterrestre vinha visitar a Terra, pois gostava dos costumes
terráqueos, e também lá tinha feito um grande amigo. Era um rapaz de dez anos que
lhe prometeu que nunca contaria da sua existência a ninguém. Os dois amigos tinham
muita coisa em comum, mas num assunto eles não concordavam: é que enquanto o
menino via a Terra como um lugar maçador e aborrecido, o extraterrestre achava-a
bastante divertida e alegre.
Certo dia, estava o extraterrestre no seu planeta e decidiu ir visitar a Terra. Assim
fez. Mas quando lá chegou notou algo de diferente nela. É que era véspera de Natal e
o extraterrestre ficou admirado com a azáfama das pessoas nos centros comerciais e
nos supermercados para comprar os presentes de Natal. Via pessoas com luzinhas de
Natal, objectos embrulhados, pinheirinhos e bolas brilhantes. Uma grande confusão.
Então ele foi também fazer o que todos faziam: comprar presentes. Começou por se
mascarar de humano para ninguém desconfiar da sua verdadeira identidade.
O sítio onde entrou em primeiro lugar era uma loja de louças. Comprou sete peças:
uma jarra, três vasos e três pratos, apesar de não saber bem para que serviam. Depois
decidiu ir a uma loja de brinquedos. Foi lá que mais se espantou, pois não conseguia
perceber como é que simples bonecos se conseguiam mexer e até falar. Assim passou
o dia todo a fazer compras, até chegar a um ponto em que não conseguia carregar
mais sacos.
Foi então que resolveu ir ver o seu amigo. Procurou-o e encontrou-o numa das
lojas de presentes.
- Olá! – Assim cumprimentou o extraterrestre o seu amigo.
- Olá! Onde é que estiveste? Que sacos é que tu trazes? – Inquiriu ele.
- Eu estive num Centro Comercial. Aquilo é maravilhoso! Ouvi dizer que é Natal.
As pessoas andam para aí a comprar prendas para oferecer. Não é fantástico?! Eu
acho que sim. Se houvesse uma festa lá em Kakoní que fosse só para comprar prendas
era fantástico! – Exclamou ele todo entusiasmado.
- O Natal é muito mais do que isso. Nesta época comemora-se o mais importante
nascimento de sempre: o nascimento de Jesus Cristo, nosso Salvador. – Informou ele.
- Quem é esse? – Interrogou o extraterrestre
- Não sabes? Jesus Cristo é o filho de Deus, criador da Terra e do Céu. E Jesus
veio à Terra para, em forma de humano, trazer paz aos homens. Depois da sua morte
ressuscitou. Fez muitas proezas e actos belos pela humanidade. E no dia 25 de
Dezembro comemora-se o seu nascimento. – Contou ele.
- Ah, agora já percebo.
O extraterrestre passou a noite na cave da casa do menino para ninguém desconfiar
da sua existência. Como não conseguia dormir naquele sítio frio e húmido, levantou-
se e foi até à sala, para ao pé do pinheiro de Natal. Era lindíssimo. Estava decorado
com bolas coloridas, anjinhos e fitas douradas. Ficou a admirá-lo durante algum
tempo e de seguida olhou para o relógio. Faltavam dez minutos para a meia-noite. Foi
fazer um chá para relaxar e tentar dormir. Quando chegou a meia-noite em ponto,
ouviu um estrondo vindo da chaminé. Foi ver. Era um homem que tinha entrado por
ela. Era velho, tinha cabelo branco, barbas grandes também brancas, usava óculos e
estava todo vestido de vermelho e branco. O extraterrestre tentou confrontá-lo,
pensando que era um ladrão. Só parou quando o homem disse que vinha em paz.
Perguntou-lhe o que vinha ali fazer.
E então o velhinho respondeu-lhe que era o Pai Natal.
- O Pai Natal? Não sabia que o Natal tinha pai. – Intrigou-se ele.
- Não é bem assim. Eu não sou o pai do Natal. Sou o Pai Natal. É por causa de
mim que o Natal existe. Eu dou prendas às crianças para as alegrar. – Respondeu o
idoso.
- Então mas afinal no Natal não se comemora o nascimento de Jesus? – Perguntou
o extraterrestre
- Não. Essa história foi inventada por certas pessoas para negar a minha existência.
Se reparares bem quase ninguém acredita em mim. Por isso é que compram presentes
no centro comercial. As únicas pessoas que acreditam em mim são as crianças. É por
essa razão que eu lhes dou presentes. – Resmungou o Pai Natal.
- Eu também sou um bocado assim – comentou o extraterrestre – a única pessoa
que sabe da minha existência na Terra é a criança que vive nesta casa e agora tu. Se as
outras pessoas me conhecessem assustavam-se comigo. As únicas pessoas que me
compreendem és tu e a criança.
- Vejo que és sensato e honesto, por isso vou-te contar a minha verdadeira história.
O meu verdadeiro nome é São Nicolau e era conhecido no meu tempo por ser um
bispo muito amigo dos mais necessitados. Costumava atirar-lhes sacos de dinheiro
pela chaminé, quando eles mais precisavam. Certo dia apareceu-me um anjo que disse
que vinha da parte de Jesus Cristo e que Ele queria que eu tivesse uma vida eterna
para ir dar presentes a toda a gente. Eu aceitei, mas antes tive de beber um líquido
para tal. Era repugnante, mas valeu a pena, pois agora faço o que quero: ajudar quem
mais precisa. Mas há uns anos atrás praticamente toda a gente deixou de me ligar.
Senti-me só e decidi que teria de reconquistar a confiança das pessoas.
Fui então à fábrica da Coca-Cola® e pedi-lhes que me deixassem fazer um
anúncio em que eu fosse o protagonista. Eles deixaram e assim reconquistei a atenção
que queria para mim. Em troca, a agência de publicidade desta bebida pediu-me que o
meu fato passasse a ser vermelho e branco (as cores da Coca-Cola®) - explicou-se
ele.
- Mas isso não está correcto. As pessoas agora só pensam nas prendas e não dão
atenção ao que realmente interessa! – Ripostou o extraterrestre.
- Tenho pensado muito nisso. Também acho que tens razão. É por essa razão que
agora em todas as prendas ponho um cartão de Natal com uma foto de Jesus e um sino
para que eles reparem no essencial. – Afirmou ele.
Esta foi uma das mil e uma aventuras que o extraterrestre e o seu amigo terráqueo
viveram. Esse foi também o Natal mais feliz que os terráqueos tiveram, pois
lembraram-se do que afinal dera origem a esta quadra festiva: o nascimento de Jesus
Cristo.

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