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Tradução direta da primeira edição espanhola pelo Professor

NEYDE PEREIRA COUTINHO


da Faculdade de Filosofia. Ciências e Letras da U. R. J.

EDIÇÃO ESPECIAL REVISADA PARA


LIVRO IBERO-AMERICANO, LTDA.
RIO DE JANEIRO

ISBN: 84-7093-172-5
Depósito Legal; B-20857-80 EDICIONES JOVER, S. A
5.ª edição portuguêsa 1980

G. Renacimiento - Avda. Cataluña, 31 - Sta. Coloma de Gramanet.


PRÓLOGO
Ao iniciar a redação deste Atlas de Mineralogia, tivemos o firme
propósito de não publicar unicamente uma coleção mais ou menos
repleta de fotografias de minerais, sem outro interesse que o
meramente expositivo, e sim que o seu conteúdo correspondesse às
necessidades de uma obra elementar, porém moderna, de
Mineralogia. Por outra parte, procuramos substituir o errado
conceito de que uma obra deste tipo deve ser mera descrição, sem
muitos detalhes, de um conjunto mais ou menos numeroso de
minerais, pela idéia, na qual cremos totalmente, de que um livro
elementar deve ser compreensivo, pois está destinado a mentes não
versadas no seu conteúdo, embora tenha que ser, ao mesmo tempo,
atual e exato nos seus conceitos fundamentais. Não existe pior
inimigo do estudante ou do leigo interessado em conhecer, do que a
exposição de idéias antiquadas, as quais posteriormente terão que
ser rejeitadas com a desagradável sensação de ter-se perdido um
tempo precioso no estudo das mesmas. É por todas estas razões, e
seguindo as conclusões da reunião de Professores americanos de
Mineralogia (1956): «um livro elementar deve ser exato, moderno,
compreensivo, escrito claramente e de custo razoável...», que
introduzimos aqui a visão da construção íntima do mineral, a sua
estrutura cristalina e a sua posição geológica, sua maneira de jazer,
ou seja, as características de seus depósitos ou jazidas. Ao mesmo
tempo, fixamos o limite máximo de lâminas de que poderíamos
dispor, tendo constituído laborioso trabalho a empresa de reduzir o
texto e as gravuras ao volume preciso.
Estando destinada esta obra ao estudante do último ciclo
ginasial, a qual lhe servirá também de ajuda nos seus primeiros
estudos universitários, bem como ao público ávido de conhecer as
pilastras elementares que constituem a crosta de nosso planeta,
decidimos reduzir a Cristalografia ao mínimo indispensável, com a
finalidade de não sobrecarregar o livro de conceitos áridos e
difíceis, um tanto impossíveis de se simplificar. O resto da obra tem
se distribuído de acordo com a classificação mineralógica adotada
no «Tratado de Mineralogia» de Klocmann e Ramdhor, traduzido ao
espanhol pelo saudoso e inesquecível Mestre, D. Francisco Pardillo.
Tudo que foi dito teria sido impossível realizar sem a entusiasta
ajuda de D. Joaquín Folch Girona, permitindo-nos fotografar os
exemplares de sua magnífica coleção de minerais, e do Prof. San
Miguel, que nos autorizou a reprodução daqueles minerais que
enriquecem o Museo Municipal de Geologia de Barcelona, assim
como a eficaz colaboração de D. José M." 'Thomas Doménech,
durante a preparação da obra. A todos eles expresso o meu mais
profundo agradecimento.
O Autor
QUE É UM MINERAL? das faces coloquemos esferas de raio igual a 0,98;
teremos o esquema que repetindo-se indefinidamente
Denominam-se minerais os seres naturais de
constitui o cristal do cloreto de sódio. Esta unidade
composição química definida e de estrutura cristalina
cuja repetição dá a matéria cristalina, é denomina cela
determinada, que às vezes se apresentam em formas
fundamental.
geométricas mais ou menos regulares.
Todo mineral deve reunir três qualidades: unidade A figura 1, da lâmina A/l representa o cubo descrito
material, origem natural e pertencer à parte sólida da no paráfrago anterior; as esferas de cor verde são os
crosta terrestre. cloriontes, enquanto que as de cor parda são os
A matéria de que constam os minerais está formada sodiontes. A figura 2 é exatamente o mesmo esquema,
pela ordenação sistemática das partículas elementais porém somente se acham representados os centros dos
que a constituem, iontes átomos e moléculas, dando iontes; as linhas que os unem, de traço mais forte,
origem a um meio periodicamente homogêneo, marcam o limite da cela fundamental. Na figura 3 tem
denominado matéria cristalina que se tem forma se desenhado uma série de celas fundamentais dentro
poliédrica forma un' cristal. de um cristal de cloreto de sódio.
Quando se rompe uma massa de calcita os As dimensões desta unidade elemental, da ordem de
fragmentos resultantes têm forma poliédrica, uns poucos Armstrongs (1A=10-8 cm.), não permitem
romboedros neste caso; dos cristais pseudohexagonais distingui-las nem sequer com o microscópio
de mica podem-se separar lâminas finíssimas que petrográfico, nem ainda com o eletrônico, sendo
conservam a forma do cristal; os diamantes se Cinicamente os raios X os que nos informam sobre a
lapidam aproveitando determinadas superfícies de sua existência, uma vez que ao ser sua longitude de
fácil esfoliação. onda da mesma magnitude que as dimensões da cela
Isto obedece à estrutura interna da matéria fundamental, sofrem o fenômeno da difração. Este
cristalina. fenômeno foi descoberto por von Lane em 1912, e Sir
William Bragg em 1913 deduz uma fórmula simples
ESTRUTURA INTERNA DA MATÉRIA que proporcionou um imenso campo para a
CRISTALINA investigação dos cristais.
Existem outros tipos de estrutura cristalina
É do conhecimento geral que o cloreto de sódio diferentes do descrito para o cloreto de sódio. Se
está integrado pelos iontes dos elementos cloro e consideramos o cristal de quartzo, nele os átomos de
sódio, porém o que já não é tão conhecido é que cada silício e oxigênio dispõem-se de modo que cada silício
um dos citados iontes que em dissolução circulam está situado no centro de um tetraedro cujos vértices
livremente pela massa líquida, no momento da ocupam quatro oxigênio. Cada tetraedro se une com
cristalização unem-se ocupando posições seus vizinhos pelos vértices, formando um arcabouço
determinadas, de modo que cada ionte sódio esteja tridimensional que origina o cristal de quartzo. O
rodeado por seis iontes cloro, e inversamente, que esquema do mesmo pode ser observado na figura 4.
cada ionte cloro esteja, por sua vez, rodeado por seis
iontes sódio. As estruturas que possuem estes agrupamentos
discretos, tais como os carbonatos, sulfatos, etc., se
Admitindo-se que cada ionte é uma esfera de
distinguem das tipicamente iônicas em que o tamanho
tamanho determinado, que depende do número de
relativo de seus átomos não influi de maneira
eléctrons orbitais, carregada positiva ou
preponderante, sendo mais importante as direções em
negativamente, os iontes de sódio e cloro que
que se unem os átomos entre si.
integram o cristal de cloreto de sódio serão uma série
de esferas que permanecerão unidas entre si pela força Como exemplo mineralógico típico de estruturas
de atração entre cargas de diferente sinal, e portanto, cristalinas com agrupamentos definidos no seu
cada uma destas esferas terá, circundando-a e interior, citaremos o cristal de mica,
tangentes a ela, o máximo número possível de outras esquematicamente desenhado na figura 5.
carregadas com sinal contrário.
Esta disposição, que depende unicamente do
tamanho relativo de ambos iontes, determina que ______________________________
cada ionte adote uma posição particular. Sirvamo-nos Cores convencionais adotadas internacionalmente para
de um cubo de aresta igual a 5,628 unidades representação dos iontes: H, cor creme; H2O, alaranjado; O,
arbitrárias, e em cada vértice e centro vermelho; S, amarelo; N, azul ultramar; P, púrpura; Halógenos,
verde; OH, azul celeste; e Metais, pardo ou cinzento.
SIMETRIA CRISTALINA do cristal, ficando a posição de uma face qualquer
determinada pelos ângulos que formam com outras
A ordenação sistemática que adotam as partículas que se tomam como planos de referência.
que formam a matéria cristalina faz com que nela Se no cristal de cloreto de sódio consideramos o
apareçam elementos geométricos de simetria, tais ponto O como origem de coordenadas (fig. 3), as retas
como eixos, planos e centro de simetria. OA, OB e OC serão os três eixos de um sistema
Na cela fundamental do cloreto de sódio, figura 1, coordenado e formarão entre si três ângulos: a, b e g.
observa-se que, ao efetuar rotações de 90º em redor que são as constantes angulares do cristal. A estes
das retas que unem os centros das faces, AA', todos os eixos denomina-se-lhes eixos cristalográficos. O
elementos materiais incidem em posições ocupadas plano ABC, paralelo à uma face de octaedro, corta os
por elementos similares antes da rotação, três eixos anteriores à distâncias fixas, a, b, c, que
conservando-se a disposição relativa de todos eles. neste caso são iguais; a relação existente entre estes
Exatamente ocorre ao girar 120º ao redor de BB', ou três parâmetros, a:b:c, denomina-se relação
180" em volta de CC’. Isto determina a existência do paramétrica, e com os ângulos anteriores constitui as
eixo quaternário segundo AA', ternário segundo BB' constantes cristalográficas do cristal.
ou binário segundo CC.
Alterando a relação destas constantes entre si, se
Por outro lado, o plano ACACA'CAA' CA divide a deduzem 7 formas fundamentais, que correspondem
cela em duas partes iguais, que são como o objeto e às sete singonias cristalinas, nas que podem também
sua imagem; nesta posição existe um plano de agrupar-se as 32 classes cristalinas. Na figura 4
simetria. podemos observar as constantes cristalográficas e o
Nos cristais aparecem estes elementos de simetria poliedro fundamental para cada singonia, assim como
regulamentando' a disposição de seus elementos reais a relação destas com os sistemas.
(faces, arestas e vértices), de modo que o estudo de
estes últimos nos indica a simetria que possui o
cristal. FORMAS CRISTALINAS
Os elementos de simetria que, sozinhos ou O cristal está formado por um conjunto de faces,
combinados entre si, podem aparecer nos cristais, são arestas e vértices, que se dispõem segundo a simetria
sete: 5 eixos de simetria de ordem binária, ternária, que possui a matéria cristalina que o integra. De
quaternária e senária, plano de simetria e centro de acordo com esta simetria, uma face, que
simetria. denominaremos face geradora, gerará um número
determinado de faces, todas equivalentes a ela e cujo
SISTEMAS CRISTALINOS conjunto é uma forma cristalina simples. Assim, o
cubo de cloreto de sódio será uma forma simples. Se
A associação dos elementos de simetria várias destas formas se combinam num mesmo cristal,
cristalográfica entre si dá origem as 32 classes se gerará uma forma composta; por exemplo, um cubo
cristalinas. de galena com faces de octaedro nos vértices. Na
Reunindo-se em grupos de maneira que em cada Natureza, os cristais se apresentam como formas
um estejam aquelas que possuem eixos de simetria da compostas, salvo raras ocasiões.
mesma ordem, formam-se 6 sistemas cristalinos, cuja Quando uma forma simples limita uma porção de
característica simétrica é o eixo comum. espaço, caso do cubo, diz-se que é forma fechada,
enquanto que se não fecha um espaço determinado,
CONSTANTES CRISTALOGRÁFICAS como acontece com os prismas, denomina-se forma
aberta.
A simetria interna da matéria cristalina se traduz na
relação constante que observam entre si os elementos
reais
SISTEMA REGULAR Além das indicadas, as formas holoédricas deste
sistema são o rombododecaedro, com doze faces
Denominado também cúbico, está formado por rombóides normais aos eixos binários, e o
cinco classes cristalinas, cuja característica é a de trapezoedro, com 24 laces trapézios isósceles, que são
possuir quatro eixos ternários equidistantes entre si, encontrados com grande freqüência nas granadas; o
que dão origem a três eixos binários normais entre si tetrahexaedro ou cubo piramidal, com 24 faces
e equidistantes dos ternários e que passam a triângulos isósceles, e o trioctaedro ou octaedro
quaternários nas duas classes de maior simetria do piramidal.
sistema.
O poliedro fundamental é o cubo, forma simples e As quatro classes restantes do sistema possuem
fechada, como todas as deste sistema, integrada por menor grau de simetria, existindo três hemiedrias: a
seis faces equivalentes e normais aos eixos enantiomórfica, a hemimórfica e a paramórfica, c a
quaternários; suas arestas são os eixos cristalográficos tetartoedria, que somente possui os elementos de
do sistema, formando ângulos retos, ou seja: simetria da característica simétrica.
a = b = g = 90º. Entre as formas hemiédricas mais freqüentes,
A forma que determina a relação paramétrica é o existem as paramórficas, o dodecaedro pentagonal ou
octaedro, cujas faces, normais aos eixos ternários, piritoedro, formado por doze faces pentágonos
formam ângulos iguais com as do cubo, sendo seus irregulares, que como o seu nome indica apresenta-se
parâmetros iguais, e a relação paramédica com grande freqüência nos cristais de pirita; o
a:b:c:=1:1:1=1. icositetraedro trapezoidal ou diploedro, com 24 faces
A classe de superioridade simétrica é a holoédrica trape-zóides, que se acham nos cristais de leucita.
regular, que possui: três eixos quaternários, normais Entre as hemimórficas, temos o tetraedro com quatro
entre si e equivalentes; quatro eixos ternários faces triângulos equiláteros, todas elas normais aos
equidistantes dos anteriores; seis eixos binários, que eixos ternários, e o tritetraedro ou tetraedro
são bissetriz dos ângulos que formam os quaternários; piramidal, com doze laces triângulos isósceles, que,
três planos de simetria normais aos eixos combinados com o cubo, apresentam-se na blenda,
quaternários; seis planos de simetria normais aos principalmente nas variedades de blenda em forma de
eixos binários, e centro de simetria (figs. 2, 3 e 4). caramelo.
Este conjunto de elementos de simetria produz a A única forma tetartoédrica nova é o dodecaedro
forma simples de maior número de faces, o
hexaoctaedro ou hexaquisoectaedro, com 48 faces pentagonal tetartoédrico, do que muito raramente
triangulares iguais. se encontram cristais naturais.

SISTEMA REGULAR:

HOLOEDRIA. — Cubo, octaedro, rombododecaedro, tetrahexaedro, trapezoedro, trioctaedro,


hexaoctaedro.

{
Enantiomórfica. — Icositetraedro pentagonal.

HEMIEDRIAS Hemimórfica. — Tetraedro, tritetraedro, dodecaedro trapezoidal, hexatetraedro.

Paramórfica. — Dodecaedro pentagonal, icositetraedro trapezoidal.

TETARTOEDRIA. — Dodecaedro pentagonal tetartoédrico.


SISTEMA TETRAGONAL SISTEMA HEXACONAL.
Está formado por sete classes cristalinas, cuja Como o sistema tetragonal, está formado por sete
característica simétrica é a de possuir um eixo classes cristalinas, cuja característica simétrica é a de
quaternário, que em duas delas apresenta condições possuir um eixo senário; em duas delas, apresenta
especiais, motivo pelo qual denomina-se 2.ª espécie. condições especiais que o fazem equivalente a um
O poliedro fundamental é o prisma tetragonal, eixo ternário e um plano, motivo pelo qual alguns
fechado em suas extremidades por faces de pinacóide autores agrupam-nas com as cinco classes
básico, sendo forma composta integrada por quatro romboédricas, para formar um sistema de sete classes
faces equivalentes e paralelas ao eixo quaternário, e que denominam trigonal.
duas faces, a superior e a inferior, normais ao citado O poliedro fundamental é o prisma hexagonal,
eixo. Os eixos cristalográficos do sistema são as fechado em suas extremidades pelo pinacóide básico,
arestas desta forma composta, formando entre si três sendo forma composta integrada por seis faces
ângulos: a = b = g = 90º. equivalentes e paralelas ao eixo senário, e duas faces,
A forma que determina a relação paramétrica é a a superior e inferior, normais ao mencionado eixo. Os
bipirâmide tetragonal, com oito faces que formam eixos cristalográficos do sistema são três arestas deste
ângulos iguais com as do prisma anterior, porém poliedro, formando entre si os ângulos seguintes:
diferentes do que formam com o pinacóide. Os a = b = 90º ≠ g = 120°.
parâmetros com que estas faces cortam os eixos A forma que determina a relação paramétrica é a
horizontais são iguais e distintos do parâmetro sobre o bipirâmide hexagonal provida de doze faces que
eixo vertical: a = b ≠ c. formam ângulos iguais com as faces do prisma, porém
A classe de maior simetria é a holoédrica diferentes do que formam com o pinacóide. Os
tetragonal, com um eixo quaternário vertical, quatro parâmetros com que estas faces cortam os eixos
eixos binários normais ao quaternário e formando horizontais são iguais e distintos do parâmetro sobre o
ângulos de 45°; um plano de simetria normal ao eixo eixo vertical: a = b ≠ c.
quaternário, quatro planos de simetria que cortam A classe de maior simetria, holoedria hexagonal,
segundo este eixo, formam entre si ângulos de 45° e possui um eixo senário vertical ; seis eixos binários
são perpendiculares aos eixos binários, e centro de horizontais formando ângulos de 30"; um plano de
simetria. simetria normal ao eixo senário; seis planos contidos
Além das três formas já citadas aparecem, na neste eixo e normais aos binários, e centro de simetria.
holoedria, o prisma ditetragonal, com oito faces A semelhança entre este sistema e o tetragonal
verticais, que formam ângulos iguais dois a dois, e a incide na denominação das formas simples; assim,
bipirâmide ditetragonal, com dezesseis faces, oito além das três formas citadas, aparecem, na holoedria,
superiores e oito inferiores, que convergem em dois o prisma dihexagonal e a bipirâmide dihexagonal de
vértices culminantes, superior e inferior características idênticas às tetragonais, exceto o
respectivamente. Nesta classe cristalizam a casiterita e número de faces, que será maior. Cristaliza nesta
o rutilo, com formas compostas de prismas e classe, mineral tão importante com seja o berilo.
bipirâmides. As formas hemiédricas são o trapezoedro
As formas hemiédricas mais importantes são: o hexagonal, com as arestas em ziguezague, as
trapezoedro tetragonal, integrado por oito faces pirâmides hexagonais e dihexagonal, e os prismas e
trapezóides, que se cortam segundo arestas em forma bipirâmides trigonais, que aparecem nas duas últimas
de ziguezague; as pirâmides tetragonais e classes do sistema e são de natureza totalmente
ditetragonal, verdadeiras hemiformas holoédricas; e diferente daqueles que temos visto no sistema
os esfenoedros e escalenoedro tetragonais, de forma tetragonal. Estas últimas formas, as encontraremos no
semelhante à do tetraedro, sendo suas faces triângulos sistema romboédrico, dando ocasião a que este tenha
isósceles em vez de equiláteros. Os cristais de sido considerado como uma hemiedria do sistema
calcopirita apresentam a combinação destas últimas hexagonal.
formas.
SISTEMA ROMBOÉDRICO a) SINGONIA RÔMBICA. — O poliedro
fundamental é um paralelepípedo retangular, forma
Incluído por uma série de autores dentro do composta pelos três pinacóides básicos. As arestas do
sistema hexagonal, torna-se independente deste poliedro fundamental são os eixos cristalográficos da
devido à aparecer em todas suas classes o romboedro, singonia, formando três ângulos retos :
forma fundamental do sistema, que pode considerar- a = b = g = 90º .
se derivado do cubo com somente deformar este A bipirâmide rômbica, formada por oito faces
último homogeneamente; está integrado por seis triângulos escalenos, quatro superiores e quatro
faces, rombos, e doze arestas, seis delas culminantes inferiores, determina a relação paramétrica, cortando
três a três nos vértices superior e inferior. os três eixos segundo parâmetros desiguais: a ≠ b ≠ c.
Os eixos cristalográficos relacionais deste sistema A holoedria rômbica possui três eixos binários
são as três arestas culminantes do romboedro, que normais entre si e não equivalentes; três planos de
formam ângulos iguais entre si e diferentes de 90º: simetria, perpendiculares aos eixos binários, e centro
a = b = g ≠ 90º. A face fundamental é o pinacóide de simetria.
básico que trunca este vértice e corta os três eixos As formas desta singonia, além das já citadas, são
segundo parâmetros iguais entre si: a = b = c. prismas rômbicos, pirâmide rômbica e esfenoedro
Não obstante, devido à aparecerem neste sistema rômbico.
formas hexagonais, e com a finalidade de não orientar O aragonito, a baritita, etc, cristalizam nesta
a mesma forma cristalina de modo diferente, adotam- singonia, com formas geralmente tabuláres,
se, para o estudo morfológico, os eixos do sistema proporcionando magníficos agregados.
hexagonal.
As cinco classes cristalinas do sistema carecem de b) SINGONIA MONOCLÍNICA. — O poliedro
plano principal de simetria, possuindo a holoedria um fundamental é um paralelepípedo inclinado, forma
eixo ternário vertical; três eixos binários, normais ao composta pelos três pinacóides monoclínicos. As
ternário e formando ângulos de 60° entre si; três arestas do poliedro são os eixos cristalográficos da
planos de simetria verticais e normais aos eixos singonia, formando dois ângulos retos e um terceiro
binários, e centro de simetria. ângulo de valor diferente: a = g = 90º ≠ b. O prisma
As formas simples mais importantes, além do monoclínico de 4.ª espécie, formado por quatro faces
romboedro já citado, são o escalenoedro ditrigonal, que cortam os eixos cristalográficos à distâncias
formado por doze faces triângulos escalenos, seis desiguais, determina a relação paramétrica: a ≠ b ≠ c.
superiores e seis inferiores, com as arestas médias em A holoedria monoclínica possui: um eixo binário,
ziguezague; os trapezoedros trigonais, com seis faces um plano de simetria, normal a ele, e o centro de
trapezoidais, três superiores e três inferiores, simetria.
enantiomorfos entre si e cujas faces determinam a As formas mais importantes desta singonia são os
natureza dextrógira ou levógira do cristal de quartzo; prismas monoclínicos, com as diversas posições que
as pirâmides trigonais também denominadas podem adotar: os domos monoclínicos, e os
hemiromboedros; e os prismas e bipirâmides esfenóides.
hexagonais, exatamente iguais aos que vimos no Na holoedria monoclínica cristalizam um número
sistema hexagonal. muito importante de substâncias orgânicas, sendo uma
Minerais tão importantes como a calcita, quartzo, das classes cristalinas que maior número de
cinábrio, oligisto, coríndon, etc, cristalizam neste compostos contém.
sistema, sendo típicos os escalenoedros ditrigonais de
calcita e os quartzos formados por prisma hexagonal, SISTEMA TRICLÍNICO
romboedros positivo e negativo, faces pequenas de A característica das classes deste sistema consiste na
bipirâmides trigonais, e as características facetas do sua falta de simetria. O poliedro fundamental é um
trapezóide trigonal. paralelepípedo inclinado sobre seus três lados, forma
composta pelos três pinacóides triclínicos. Os eixos
SISTEMA DIGONAL cristalográficos são as arestas do poliedro, não
possuindo nenhum ângulo igual, nem entre si nem a
Está formado pelas singonias rômbica e 90º: [a ≠ b ≠ g] ≠ 90º. A face fundamental secciona os
monoclínica, caracterizando-se suas classes cristalinas
três eixos à distâncias desiguais, sendo a relação
por terem um eixo binário principal.
paramétrica: a ≠ b ≠ c. As formas simples desta
singonia são unicamente pinacóides e pediones,
formados respectivamente por pares de faces paralelas
ou por uma só face.
Os plagioclásios cristalizam neste sistema.
AGREGADOS CRISTALINOS superior à de cada indivíduo, ter-se-á formado uma
macia.
No momento da cristalização, os cristais têm Suponhamos que um cristal de gesso se reflete
tendência a unir-se, formando associações que se sobre um plano paralelo às faces do primeiro
denominam agregados cristalinos. Estes podem estar pinacóide: unindo-se o cristal e sua imagem,
integrados por uma só espécie mineral, agregados formar-se-á a macia em forma de lança do gesso,
homogêneos, ou por várias espécies, agregados passando o plano de reflexão a ser plano de simetria
heterogêneos. Destes últimos, temos bons exemplos do conjunto. A este novo plano de simetria
nas rochas, verdadeiras associações de diversas denomina-se plano de macia. Se a um dos dois
espécies minerais, como sejam o granito, agregado indivíduos desta macia lhe imprimimos uma rotação
granulado heterogêneo de quartzo, feldspato e mica; de 180" em redor da reta normal ao plano de macia,
individualmente, a cristalização de zircão sobre se formará o cristal de gesso. Esta reta se denomina
monasita constitui um caso típico de agregado eixo de macia, e pode ser aresta de cristal como
heterogêneo regular. acontece na macia das espinelas. As faces do
Nos agregados homogêneos, ao associarem-se dois segundo pinacóide dos dois cristais maclados,
ou vários cristais de uma mesma espécie mineral, formam um plano comum sem solução de
podem efetuá-lo de forma casual ou de maneira que continuidade; as faces que apresentam esta
seus elementos mantenham uma relação fixa que propriedade denominam-se plano de união.
obedece a: determinadas leis. No primeiro caso, As macias podem ser bigeminadas, quando estão
produzem-se os agregados irregulares, como formadas por dois indivíduos, ou poligeminadas, se
conseqüência das condições do meio ambiente durante contêm vários cristais. Entre as primeiras,
o crescimento cristalino, constituindo bons exemplos distinguiremos as macias por justaposição, nas que
as formações estalactíticas, os geodes, os crescimentos o plano de macia separa os dois cristais (macias da
arborescentes do gelo, etc. cassiterita, gesso em forma de lança e das espinelas)
No segundo caso, o motivo da associação reside no e as macias de compenetração, quando os dois
crescimento interno do cristal, formando-se os indivíduos crescem a ambos lados do plano de
agregados regulares, entre os quais devemos distinguir macia, sendo impossível deslindá-los em duas
os agregados holoáxicos, uniáxicos e biáxicos ou metades rigorosamente simétricas (macia de
macias. Carlsbad do ortósio e macia em forma de Cruz de
Se as faces e arestas análogas dos diversos cristais Ferro da pirita).
que formam o agregado mantém-se paralelas entre si, As poligeminadas podem ser macias múltiplas,
com o máximo grau de regularidade na orientação dos quando vários cristais se maclam um depois do
distintos elementos, terá se formado um agregado outro do mesmo modo, fornecendo conjuntos
holoáxico ou crescimento em paralelo; o quartzo em fechados, como a coroa de rutilo, ou abertos, como
centro, a calcita em forma de cabeça de prego, e o a macia em ziguezague do aragonito. Se uma série
crescimento em paralelo dos octaedros do alúmen de de cristais se maclam compenetrando-se de modo
potássio são uma prova destes exemplos raros. que o seu conjunto pareça ter uma simetria que em
Vários cristais podem associarem-se de modo que realidade não possui, falsa simetria ou
todos eles possuam um elemento real, já seja aresta ou pseudosimetria, formam as macias miméticas, cujo
face, comum ou paralelo, determinando um agregado exemplo mais clássico acha-se constituído pelas
uniáxico. Este é o caso dos cristais tabulares de «pequenas torres» do aragonito. Finalmente, as
baritina, que unindo-se por uma aresta comum, macias polissintéticas são o resultado da
apresentam o aspecto de um livro aberto. justaposição de uma série de finíssimas lâminas
Os agregados regulares mais importantes são os proporcionando um conjunto no qual não se
biáxicos. Quando dois ou mais cristais se unem de distinguem os indivíduos que o formam; os
forma que dois de seus elementos coincidam ou sejam plagioclásios apresentam uma macia deste tipo, nos
paralelos, sendo a simetria do conjunto quais estas finíssimas lâminas somente são
observadas por meio do microscópio petrográfico.
PROPRIEDADES ÓPTICAS DOS gundo as direções de vibração de ambos raios,
CRISTAIS segmentos retilíneos proporcionais aos seus índices de
refração, o lugar comum de todos eles será um
Se um raio de luz atravessa um cristal de sal gema, elipsóide, obedecendo a variação dos índices de
o efeito que se observa é o mesmo que quando passa refração à lei do elipsóide. Este elipsóide é chamado
através de uma massa de água: se a incidência é reta, indicador óptico.'
não sofre desvio, e se é inclinada, desvia-se de acordo A calcita possui uma direção de monorefringência,
com seu índice de refração, que tem o mesmo valor o eixo óptico, que coincide com o eixo de maior
em todas as direções do espaço. O fenômeno simetria da classe em que cristaliza. Os cristais que,
denomina-se refração simples e o sal gema é como a calcita, possuem um só eixo óptico
opticamente isótropo. Todos os cristais deste tipo denominam-se uniáxicos; seu indicador é um
cristalizam no sistema regular. elipsóide de revolução cujo eixo de revolução
Se o mesmo raio atravessa um romboedro de coincide com o eixo óptico, e a seção normal a ele é
calcita, tanto se a incidência é reta como inclinada, um círculo. Todos eles cristalizam nos sistemas
divide-se em dois raios, um dos quais se comporta tetragonal, hexagonal e romboédrico.
como se o cristal fosse isótropo, entretanto o outro se Existe ainda uma outra classe de cristais que têm
desvia segundo as leis próprias. Este fenômeno dois eixos ópticos, como o aragonito, denominando-se
denomina-se refração dupla, e dizemos que a calcita é biáxicos; seu indicador é um elipsóide escaleno ou de
opticamente anisótropa; o primeiro raio é ordinário e três eixos desiguais, com duas seções cíclicas cujos
o segundo é extraordinário. raios normais coincidem com os eixos ópticos. Este
A velocidade de propagação do raio ordinário é elipsóide tem, como máxima simetria, três eixos
constante em todas as direções do cristal, enquanto a binários normais entre si devendo pertencer os cristais
do extraordinário varia dentro de certos limites, ao biáxicos às singonias rômbica, monoclínica c
variar a direção da trajetória, propagando-se segundo triclínica. Nestes cristais, o ângulo que formam os
um elipsóide. A luz de ambos raios está polarizada em eixos ópticos é uma constante óptica do cristal.
dois planos perpendiculares entre si, de maneira que
se os interceptamos quando saem do romboedro de SINAL ÓPTICO
espato de Islândia, mediante uma lâmina cristalina
que somente deixe passar a luz que vibra em uma É necessário distinguir o sinal óptico dos cristais
direção, um cristal de turmalina lapidado uniáxicos do dos biáxicos.
paralelamente ao eixo ternário, existem duas posições Nos primeiros, o cristal é positivo ou negativo
da lâmina em que somente se observa um dos dois segundo o índice de refração do raio extraordinário, e,
raios. Não obstante, há no romboedro uma direção seja maior ou menor do que o do raio ordinário, w. O
paralela ao eixo ternário, em que a luz passa através quartzo é opticamente positivo, uma vez que e > w,
do cristal sem que se produza o fenômeno da dupla enquanto que a calcita é opticamente negativa, porque
refração; esta direção de monorefringência denomina- w - e. O sinal que tem a diferença e - w é o sinal
se eixo óptico. Os cristais anisótropos possuem, para óptico do cristal.
cada lâmina, dois índices de refração, correspondentes Nos cristais biáxicos, o conceito de sinal óptico
aos dois raios; se desenhamos, se- acha-se ligado ao valor do ângulo dos eixos ópticos.
Quando é menor de 90º, o cristal é positivo, porém se
é maior de 90º, o cristal será negativo.
MICROSCÓPIO POLARIZANTE nocular para evitar o cansaço derivado do desigual
esforço dos dois olhos.
O estudo das propriedades ópticas dos cristais, em Na figura 1 podemos observar o microscópio de
seções delgadas de minerais e de rochas, efetua-se investigação Zeiss, modelo Standard GFL 666; esta
mediante um tipo especial de microscópio denominado casa construtora tem o modelo Standard Junior KFT
microscópio petrográfico ou de polarização. Consta de para estudantes e os Ultraphot II Pol e Standard WL
todas as partes do microscópio ordinário, e além disso Pol, de alta investigação. As figuras 2 e 3 são o corte
tem um sistema de polarização formado pelo transversal do microscópio, com a trajetória dos raios
polarizador, que transforma a luz natural em no caso de montagem ortoscópica e conoscópica.
polarizada e o analisador, que analisa a luz que sai da Com ambas montagens efetuam-se as seguintes
lâmina cristalina. O primeiro situa-se antes do observações que resumimos no quadro n." 2 a seguir.
condensador, e o segundo, entre a objetiva e o ocular.
O condensador, neste tipo de microscópios, é móvel MOMAGEM DO MICROSCÓPIO
podendo se interpor à vontade; as objetivas são de COM DISPOSITIVO ORTOSCÓPICO
construção especial, livres de tensões, não sendo A) Sem polarizador nem analisador.
aconselhável empregar as objetivas comuns; as Medida dos ângulos planos entre
oculares costumam levar um retículo formado por dois linhas existentes na lâmina cristalina
fios muito finos que se cortam em ângulo reto. O (linhas de esfoliação, etc).
polarizador e o analisador, que constam de um prisma
Determinação da espessura da placa
de Nicol formado por um romboedro de esfoliação de
cristalina.
espato de Islândia cortado de modo que o raio
ordinário sofra a reflexão total e somente se observe o Determinação de índices de refração de
extraordinário, estão montados de maneira que possam cristais microscópicos.
girar sobre si próprios de acordo com o ângulo que se B) Com polarizador. Observação do
deseje, sendo além disso intercaláveis 'à vontade no pleocroismo.
sistema óptico. Os microscópios modernos levam C) Com polarizador e analisador.
lâminas de «polarização» em vez dos prismas de Nicol,
obtendo-se deste modo maior luminosidade e além Determinação das direções de extinção
disso não têm limitação no seu tamanho. (direções em que vibram os dois raios
polarizados).
Existe uma lente que se interpõe à vontade,
denominada lente de Bertrand, que permite a Determinação da birrefringência e da cor de
observação das figuras de interferência. Neste caso, polarização.
deve estar no sistema óptico o condensador, chegando Determinação do sinal da extinção.
à lâmina cristalina um feixe de raios convergentes; COM DISPOSITIVO CONOSCÓPICO
este dispositivo denomina-se conoscópico. Quando o Observação das figuras de interferência.
feixe de raios que chega à placa cristalina é Determinação do sinal óptico.
aproximadamente paralelo, e não há condensador nem
Medida do ângulo dos eixos ópticos nos
lente de Bertrand, o dispositivo se chama ortoscópica.
cristais biáxicos.
A platina destes microscópios deve ser giratória,
graduada nos bordos em graus, com dois nónios que
permitem apreciar meios graus nos modelos de ensino
POLARIZAÇÃO ROTATÓRIA
e décimos de grau nos destinados à investigação. O ato Quando um raio de luz polarizada atravessa um
de focalizar verifica-se por meio de um movimento cristal na direção do eixo óptico, continua vibrando
rápido que eleva ou abaixa o tubo do microscópio e segundo o mesmo plano sem sofrer variação alguma.
um outro movimento lento para o ato de localizar com Existem cristais, como o quartzo, que nas condições
precisão a imagem, que atua sobre a platina. anteriores possuem a propriedade de fazer girar o
Os grandes modelos modernos possuem um sistema plano de vibração da luz. O ângulo girado depende
de prismas que lhes permite construir o tubo do da espessura do cristal, embora seja constante para
microscópio inclinado, podendo-se adatar um bi- uma mesma espécie mineral sob grossuras iguais.
Esta propriedade denomina-se polarização rotatória.
Os cristais que a possuem cristalizam nas hemiedrias
enantiomórficas e é conseqüência da distribuição
atômica destes compostos (fig. 4).
Classe I. — ELEMENTOS Grupo do Cobre

Compreende os elementos químicos que se acham São os metais naturais mais representativos,
livres na Natureza e que à temperatura ambiente são abrangendo o cobre e os metais nobres: prata e ouro.
sólidos ou líquidos, ao igual que suas misturas Cristalizam na holoedria regular, em forma de
homogêneas. Para seu estudo mineralógico os octaedros, cubos e rombododecaedros. Se maclam do
dividiremos em Metais e Não Metais (ametais). mesmo modo que as espinelas e têm grande tendência
a formarem crescimentos paralelos de tipo dendrítico.
METAIS São moles, motivo pelo qual seus cristais perdem
Os elementos metálicos naturais cristalizam quase rapidamente as arestas passando a formas redondas;
que todos no sistema cúbico, caracterizando-se por leves, frágeis e pesados, com brilho intenso; bons
serem maleáveis, terem peso específico elevado e condutores do calor e da eletricidade. Não se
brilho metálico. Todos eles têm conexão metálica, encontram puros senão contendo pequenas
formada pelos centros dos átomos que estão unidos quantidades dos outros dois, em forma de dissoluções
entre si por uma espécie de nuvem eletrônica, na qual sólidas.
os elétrons podem viajar livremente. OURO. — De cor amarela típica, com risco da
Se pudéssemos observar um cristal de cobre nos mesma cor, em lâminas muito finas tem tonalidades
seus mais íntimos detalhes, veríamos que ao azul-esverdeadas por transparência. Apresenta-se em
cristalizar, seus átomos dispõem-se do mesmo modo jazidas de dois tipos: o ouro de minas, contido em
que o fariam uma série de bolas de igual tamanho que filões unidos à rochas de tipo granítico, acompanhando
quisessem ocupar o menor espaço possível. ao quartzo, e, o ouro de parcel, concentração de
Esta disposição se consegue numa única camada de partículas auríferas, transportadas pelas águas e
esferas quando seus centros formam triângulos acumuladas em lugares onde a corrente diminui sua
eqüiláteros de modo que cada uma fique rodeada por força. Entre os primeiros, citaremos o riquíssimo de
outras seis, tal e como indicam as bolas 1 da figura n.º Witwatersrand na região de Transwaal, e entre os
1. Colocando uma segunda camada, cada esfera terá segundos, os de Califórnia e Alaska que produziram as
contacto com três da camada inferior, estando seus «febres do ouro» dos anos 1849 e 1896
centros nas posições 2 (fig. 1). Se situamos uma respectivamente. Até o ano de 1890, foram os Estados
terceira camada, as esferas podem estar sobrepostas Unidos o maior país produtor de ouro, porém nesta
ortogonalmente às da primeira camada, de modo que época África do Sul sobrepassou sua produção devido
seus centros se projetem nas posições 1, produzindo ao descobrimento das minas do «Rand», e tem se
uma distribuição denominada empacotamento mantido em posição predominante até o dia de hoje.
hexagonal compacto; sua simetria é hexagonal e
possui um eixo senário normal às camadas de esferas PRATA. — De cor branca típica, com risco da
(fig. 1). mesma cor, em lâminas finíssimas é azul por
Se as esferas desta última camada não se transparência. Apresenta-se com alteração superficial
superpõem ortogonalmente com as da primeira, senão de óxido, fornecendo uma pátina de cor cinzenta-
que seus centros situam-se nas posições' da figura n.º negra. A prata nativa tem pouca importância como
2, produz-se um empacotamento cúbico compacto; minério do metal, apresentando-se em jazidas do
sua simetria é cúbica e normalmente às camadas de mesmo tipo que as auríferas; são famosas as jazidas
esferas existem os eixos ternários. A distribuição é a de Potosí (Bolívia).
mesma que se conseguiria se num cubo colocássemos
esferas nos vértices e na metade das faces, COBRE. — De cor vermelha típica, com risco da
denominando-se por esta razão também rede cúbica mesma cor, apresenta-se sempre alterado, com pátina
compacta de faces centralizadas. de cor verde ou azul devido aos carbonatos básicos de
Existe ainda uma outra disposição estrutural que cobre que se formam. Em lâminas muito delgadas é
apresentam alguns metais, é o empacotamento cúbico verde por transparência. Não tem importância como
centralizado ou rede cúbica centralizada no interior minério de cobre. Mencionaremos as jazidas do Lago
(fig. 3). As esferas situam-se nos vértices e no centro Superior, mais do que pela sua importância
de um cubo ocupando mais espaço do que nos econômica, pelos belíssimos cristais que nelas são
empacotamentos compactos. encontrados.
NÃO METAIS Unidos da América do Norte. Itália, Japão, Chile,
Espanha, México, França e a Indonésia produzem o
Os elementos reunidos neste parágrafo possuem
restante. Rússia tem uma produção elevada, embora
propriedades que podem ser discriminadas entre as
desconhecida.
manifestamente metálicas, caso do bismuto, até as
GRAFITA. — Mineral constituído por carbono
especificamente não metálicas, caso do enxofre e
puro, é sua variedade polimorfa mais estável. Os
diamante, segundo que a junção entre seus átomos
átomos dispõem-se em camadas formadas por
seja metálica ou covalente. A maior parte deles são
hexágonos quase coplanos de modo que cada C está
polimorfos, achando-se na Natureza a modificação
rodeado por outros três a 1,42 A, distância
mais estável nas condições do meio ambiente.
interatômica igual a que separa os átomos de carbono
ENXOFRE. — O enxofre nativo é a forma da benzina; isto faz supor a existência de enlaces
polimorfa a, estável à temperatura ambiente e na que duplos entre eles. Estas camadas, que se acham a
se transformam lentamente as b e g que se encontram 3,40 A umas das outras, unem-se entre si por meio de
em estado natural em algumas localidades. enlaces ou junções débeis do tipo de van der Waals,
O a-enxofre cristaliza em belos cristais da sendo esta a causa da fácil esfoliação que apresenta
holoedria rômbica, de forma bipiramidal ou este mineral paralelamente a elas, assim como de sua
esfenóide, cor amarela limão, transparentes ou pouca dureza e seu hábito tabular.
translúcidos e brilho adamantino. Risco branco. Os cristais em forma de tábuas hexagonais são
Sua estrutura, formada por empacotamento na cela raros, sendo encontrados em forma de massas
fundamentai de 16 anéis de 8 átomos de enxofre, é prismáticas bastante folhadas. Tem cor cinzenta de
tipicamente molecular. Os átomos dos anéis estão aço, com brilho metálico e risco cinzento puro. É
unidos fortemente entre si, dando verdadeiras transparente em lâminas muito finas, com
moléculas, que, pela sua vez, se juntam com enlace tonalidades azul profundo; fortemente pleocróico e
mais débil. Esta estrutura corresponde às uniaxial negativo. Flexível, porém não elástico, tem
propriedades do enxofre ao aquecê-lo: a 119ºC funde tato suave e suja os dedos. É bom condutor da
em líquido limpo e fluido, que se torna viscoso a eletricidade e amplamente transparente às radiações
200ºC, mudando sua cor para o vermelho; na infravermelhas. Infusível ao maçarico (funde a
primeira fusão conservam-se os anéis S8 circulando 3.000°C) e inatacável pelos ácidos; aquecido ao
livremente pela massa fluida, enquanto que a 200ºC rubro com ácido nítrico concentrado sobre lâmina de
rompem-se, fornecendo cadeias que são as causantes platina, se incha (grafitita) e, acrescentando-se
da viscosidade do meio. ClO4K, se descompõe, dando o ácido grafítico.
Opticamente, os cristais de enxofre são Embora as jazidas de grafita se apresentem em
pleocróicos, biaxiais positivos, com birrefringência rochas eruptivas e sedimentares, são características
muito forte (diretamente apreciáveis em alguns das rochas metamórficas. Os processos de
casos); maus condutores do calor e da eletricidade, metasomatismo de contacto e metamorfismo regional
eletrizam-se negativamente por fricção. tem produzido os criadoiros mais importantes, tais
As jazidas de enxofre se apresentam: 1) Em redor como os da Sibéria, Madagascar e México. O
dos vulcões (Japão, México, Chile); 2) Em casquetes mineral procedente do Ceilão é muito apreciado pela
sobre os domos de sal (Costa do Golfo, Texas, sua pureza e estado de cristalização, apresentando-se
Luisiana); e 3) Em forma de camadas sedimentares em filões hidrotermais.
(Rússia, Sicília, Espanha). A produção anual de grafita é de 250.000
O enxofre nativo, relativamente inerte, arde a toneladas, aproximadamente, sendo a Rússia, Coréia,
247ºC, transformando-se em SO2, que se utiliza para Áustria, Ceilão, Madagascar e México os países
a obtenção de ácido sulfúrico, seja pelo método de produtores, embora também se extraia, em escala
contacto, seja nas câmaras de chumbo. Têm muito menor, na Itália, Estados Unidos da América
propriedades anticriptogâmicas e edafológicas como do Norte e na Espanha.
corretor de terrenos alcalinos, e emprega-se em Sua variedade folhada emprega-se na fabricação
Farmácia como medicamento externo. Por sua vez, o de crisóis industriais e para o revestimento de fornos
ácido sulfúrico é matéria prima na obtenção de de fundição e como lubrificante.
superfosfatos, importantes adubos. A variedade terrosa, de textura microcristalina,
A produção mundial de enxofre bruto é de uns 4 utiliza-se em pinturas antioxidantes e para a
milhões de toneladas, das quais 92 % correspondem fabricação de grafite para lápis.
aos Estados
DIAMANTE. — É a pedra preciosa mais apreciada refração total, obtendo-se a pedra preciosa conhecida
e a substância natural mais dura que se conhece. Está com o nome de brilhante (figura 2). É fortemente
formado por carbono puro, é inatacável pelos meios fluorescente à luz ultravioleta, bom condutor do calor
ordinários, e seu elevado índice de refração e dispersão e triboelétrico.
proporcionam-lhe um brilho e reflexo de impossível No diamante podemos distinguir as variedades:
superação. diamante, cristais isolados e muito puros, pedra
Parece que o descobrimento do primeiro diamante preciosa; esferas de bort ou balas, massas densas,
aconteceu na índia, aproximadamente 800 anos a. J.C., irregulares, fibrosorradiadas; carbonado, pedras
e, embora conhecido e apreciado por gregos e rodadas do tamanho de uma ervilha e aspecto de
romanos, não alcançou todo o seu valor até que, na coque. As duas últimas variedades constituem os
Idade Média, achou-se o modo de lapidá-lo. A partir diamantes industriais.
deste momento, o seu valor tem ido em aumento Acham-se em jazidas primárias (fig. 3), na África
continuamente, de tal maneira, que a quantidade de do Sul, em chaminés verticais cheias de uma rocha
diamantes equivalentes ao preço de 12 toneladas de ultrabásica, rica em olivina, e denominada kimberlita,
ouro poderia se ocultar numa só pessoa. na que os diamantes estão disseminados; em jazidas
O diamante cristaliza no sistema regular, existindo secundárias, em forma de parcéis diamantíferos, de
opiniões dispares sobre a classe cristalina a que grande difusão, acompanhados de quartzo e de outras
pertence, já que os dados experimentais favorecem, pedras preciosas.
tanto a sua inclusão na holoedria como na hemiedria Os diamantes antigos procediam principalmente da
hemimórfica. índia, até que com o descobrimento das minas
Na sua estrutura existem dois tipos de átomos de sudafricanas, que acrescentaram grandemente a
carbono (fig. 1), marcados A e B. Os primeiros, produção de diamantes, a Costa de Ouro, e
dispõem-se nos vértices e centros das faces de um posteriormente, a União Sudafricana passaram a serem
cubo, fornecendo uma rede cúbica de faces os primeiros países produtores. Calcula-se que a
centralizadas, e os segundos, acham-se entre 4 átomos metade da produção anual de diamantes é bort; uma
de carbono em coordenação tetraédrica com eles. A quarta parte deles tem imperfeições e não tem a cor
união verifica-se entre os átomos de carbono A e B, adequada, porém podem se lapidar, e somente a quarta
que estão separados por 1,54 Å , e formam um ângulo parte é material precioso, embora pequeno a maior
de 108º 54', que é exatamente a distância e o ângulo de parte do mesmo. Só um 5 por 100 são pedras preciosas
enlace dos compostos alifáticos. de 2 quilates (1 quilate = 0,2 gramas) em bruto, que,
Apresenta-se em cristais octaédricos, algumas vezes lapidadas, dão brilhantes de 1 quilate.
dodecaédricos, muito raro cúbicos, de grande No preço dos diamantes intervêm grande número
perfeição, desenvolvidos em todo seu contorno e de fatores; assim, entre duas pedras do mesmo peso,
isolados ou em cristais deformados, irregulares, com sendo uma delas de um branco puríssimo e a outra
fenômenos de corrosão e arredondamento de suas ligeiramente amarelenta, existe grande diferença de
faces. valor.
Tem esfoliação perfeita segundo as faces do As pedras mais famosas procedem das Índias
octaedro, propriedades que são aproveitadas para a sua Orientais, o antigo país dos diamantes, hoje esgotado,
talha ou lapidação; é muito frágil, rompendo-se por entre as que merecem ser destacadas: o Koh-i-noor,
percusão e podendo ser reduzido a pó no morteiro de pertencente à Coroa Inglesa, de 106 q.; o Florentino
aço. ou Toscano, de 139 q.; o Grande Mogol, que pesava
Tem brilho adamantino característico, forte refração 793 q., hoje em dia dividido. Da África do Sul tem se
e elevada dispersão, podendo ser transparente e claro, extraído pedras enormes, como o Excelsior, de 971,75
como a água, ou bem turvo e opaco. Incolor, q., e o Cullinan, que pesou 3.024,75 q., presenteado ao
apresenta-se em tonalidades difíceis de serem rei Eduardo de Inglaterra, e que foi dividido em 105
observadas e raras vezes de cor intensa e azul. Ao o peças, duas das quais, de 516 e 309 quilates, são os
lapidar, aproveitam-se suas propriedades ópticas para maiores diamantes lapidados que se conservam.
produzir no seu interior o fenômeno da
Classe II. — SULFURETOS Grupo Blenda-Wurtzita
Reunem-se nesta classe aqueles minerais cuja Este grupo, igual ao do grupo anterior, apresenta-
composição é a combinação não oxigenada de metais nos um exemplo bem patente de dimorfismo: a blenda
e metalóides com S, As, Sb, Bi, Se e Te; compreende e a wurtzita têm idêntica composição química, SZn,
os sulfuretos simples e duplos e os sulfosais. porém, a primeira cristaliza no sistema regular, e a
Fisicamente, caracterizam-se por seu aspecto segunda, no hexagonal.
metálico, peso específico elevado e pela sua A blenda possui estrutura tipo diamante, na que os
opacidade. Economicamente, é muito importante, pois átomos de Zn estão ordenados segundo uma rede
nesta classe encontram-se os minérios metálicos mais cúbica de faces centralizadas, posições A do diamante
úteis. (Lâmina B/3, fig. 1), e os S, dispostos segundo uma
outra rede idêntica, estão situados entre 4 átomos de
Grupo Argentita-Calcosina Zn, em coordenação tetraédrica com eles, posições B
do diamante. Cada átomo Zn, em relação com os S,
Os minerais deste grupo são sulfuretos, teluretos e está no centro de um tetraedro cujos vértices ocupam
seleniuretos de prata e cobre. Todos eles são dimorfos, estes últimos, e cada átomo de S está, por sua vez, no
com uma forma cúbica de alta temperatura, estável centro de outro tetraedro em cujos vértices estão os Zn
acima dos 180º-200ºC, de estrutura simples, e uma (fig. 3). Esta estrutura é tipicamente hemiédrica, de
outra rômbica, estável a temperatura ambiente, de modo que os cristais de blenda apresentam-se em
estrutura muito complexa e não conhecida muito tetraedros ou em formas tetraédricas, como o
perfeitamente. Os cristais cúbicos formados acima dos tritetraedro e hexatetraedro, ou na combinação deles
200°C, passam a rômbicos ao descer a temperatura, com o cubo.
conservando a forma cúbica. Esta propriedade tem
A wurtzita, forma polimorfa mais rara, tem uma
motivado que se tenha descrito estes minerais como
estrutura (fig. 4) na que se conserva a disposição
pertencentes ao sistema cúbico, embora com marcada
relativa dos átomos de Zn com respeito aos de S.
anisotropia óptica.
estando relacionada com a blenda, ao igual de como o
ARGENTITA, SAg2. — Apresenta-se em estão os empacotamentos cúbico e hexagonal
octaedros ou em grupos de agregados holoaxiais; compactos (Lâmina B/1), um dos eixos ternários da
também pode encontrar-se em formas reticuladas, blenda tem passado a senário, desaparecendo os
arborescentes, etc. Cor cinzenta de chumbo escuro e restantes eixos e ficando os planos. Do mesmo modo,
brilho metálico, que passa a mate ao oxidar-se; risco os raríssimos cristais de wurtzita são hemiédricos.
das mesmas características. Os cristais rômbicos, de BLENDA. — Apresenta-se em cristais deformados
ângulos muito semelhantes aos cúbicos, formam a e em macias de tipo espinela; em agregados
acantita. É o mineral primário mais importante da granulosos e como material fossilizante. Geralmente,
prata, encontrando-se-lhe principalmente no México, de cor parda escura a negra, brilho adamantino, opaco,
e, belamente cristalizado, na Saxônia (fig. 1). com risco pardo de fígado a branco amarelento (fig.
CALCOSINA ou CALCOCITA. SCu2. — 5). Em cristais bem conformados, de cor amarela do
Reunem-se sob este nome uma série de minerais que mel, brilho adamantino e translúcido ou mesmo
respondem a fórmula anterior, podendo agrupar-se em transparente, dando a variedade de blenda
três tipos claramente definidos; I) Calcocita rômbica, acaramelada ou melada. É isótropa, algumas vezes
formada por baixo de 103ºC; II) Calcocita formada com anomalias devido à conter wurtzita. Apresenta os
acima de 103ºC, como a SCu2-a e invertida à forma fenômenos da triboluminiscência e fluorescência,
rômbica ao cair a temperatura; e III) Calcocita cúbica, sendo piroelétrica e diatérmica. Minério muito
formada por SCu2, estabilizada devido à ter em importante de Zn, encontra-se em inumeráveis
suspensão SCu, opticamente isótropa e de cor azul localidades e em jazidas as mais diversas, quase
típica. A mais freqüente é a calcocita rômbica que sempre acompanhando a galena, da que é separada
apresenta-se em forma de cristais pseudohexagonais, mediante o método de flutuação. É muito abundante
formando uma macia múltipla de 3 cristais, muito na Espanha, onde, nos Picos de Europa, acham-se
típica. É minério de cobre, achando-se entre outros magníficos cristais de blenda acaramelada (fig. 6). 67
minerais de cobre, nas minas de Rio Tinto (Espanha) por 100 da produção mundial de Zn procede da
(fig. 2). blenda.
Grupo Calcopirita essencialmente minerais de cobre de grande difusão e
de origem hidrotermal; os cobres cinzentos são
Minerais de composição química complexa e
minérios importantes de cobre e prata.
estrutura quase idêntica a da blenda, da que se
diferenciam pelo fato de que os átomos de Zn estão
substituídos por átomos de Fe e Cu, no caso da Grupo da Niquelita
calcopirita, e de Cu, Ag, Fe, Zn ou Hg, no caso da
série das tetraedritas. Na calcopirita, os átomos de Fe Os minerais deste grupo se caracterizam pelas suas
e Cu alternam em suas posições, de forma que a cela estruturas semelhantes, caráter fortemente metálico,
fundamental é dupla e tem uma de suas arestas maior peso específico elevado e a inconstância em sua
do que as outras duas, possuindo simetria tetragonal; composição química, que, por sua vez, é simples.
na tetraedrita, os átomos de metal estão distribuídos ao A estrutura de tipo para todos eles é a da niquelita,
azar, produzindo-se toda uma série de substituições e AsNi; nela, os átomos de As acham-se ordenados em
sendo, a cela fundamental, do mesmo tamanho duas redes hexagonais, que lembram o
aproximado do que a da blenda, o que motiva a empacotamento compacto, con seis átomos de Ni
simetria cúbica do mineral. coordenados com cada um deles. Pela sua vez, os
CALCOPIRITA, S2FeCu. — Cristais tetragonais, átomos de Ni estão rodeados por seis átomos de As,
pequenos, deformados, do tipo esfenoédrico e reunidos porém têm dois de Ni à distâncias tão próximas, que
em drusas; em agregados massivos e compactos. O deve considerar-se que coordenam com eles.
esfenoedro deste mineral é quase um tetraedro regular, Na pirrotita, SFe, também denominada pirita
motivo este pelo qual, durante muito tempo, pensou-se magnética, existe sempre uma quantidade de S
que a calcopirita fosse de simetria regular. Apresenta superior à relação S:Fe=l:l, sendo a verdadeira de 7:6
macias de compenetração de dois esfenoedros. Cor ou de 12:11. Não obstante, sua estrutura é idêntica à
amarela latão, com tintura esverdeada, a miúdo descrita, substituindo-se o As por S e o Ni por Fe. Esta
iridiscente e algumas vezes heterogênea e negra por variação da relação S/Fe deve-se a que existem na
alteração superficial. Brilho metálico e risco negro estrutura da pirrotita uma série de posições
esverdeado. Constitui um dos minerais mais freqüentes correspondentes à átomos metálicos que estão vazias;
e é minério de cobre dos mais difundidos, embora não isto é, existe uma falta ou ausência de Fe no mineral,
o mais importante; apresenta-se em mui diversos tipos apesar do qual a estrutura é perfeitamente estável.
de jazidas. Acha-se em grandes quantidades no
complexo cuprífero de Arizona (U.S.A.) e no do Chile; NIQUELITA, AsNi. — Cristais raros, de cor
em Espanha não existem jazidas de calcopirita vermelha de cobre claro, que passa a cinzenta por
propriamente ditas, porém é abundante acompanhando alteração. Brilho metálico em fratura recente; risco
outros minerais, principalmente a pirita. Em negro azulado. À luz reflexa, é fortemente anisótropo
Cornualles (Inglaterra) são encontrados belíssimos e pleocróico. E minério de Ni, existindo em grandes
cristais sobre quartzo. quantidades em Ontário (U.S.A.); na Espanha,
encontra-se nos Pirineus aragoneses é em Málaga.
TETRAEDRITA,S6(Sb,As,Bi)2(Cu2,Ag2,Fe,Zn,Hg)3,
— Cristais de bela conformação, grande número de MILLERITA, SNi. — Apresenta-se em cristais
faces e tipicamente hemiédricos; seu nome deriva-se aciculados, pertencentes ao sistema romboédrico,
da forma tetraédrica em que se apresentam. Grande formando agrupamentos alongados e radiados que têm
número de macias de compenetração, via de regra do a aparência de um filtro capilar.
tipo espinela. Cor que varia segundo a sua
composição do mesmo modo que as restantes Cor amarela latão e brilho metálico, os cristais
propriedades físicas; cinzenta de aço, com tintura muito finos são cinzento-esverdeados, pardos e
olivácea, nas variedades com Sb e Cu; com tendência mesmo negros. Não é encontrado em grandes
ao negro do ferro, naquelas que contém Fe e Zn; quantidades e quase sempre provém de outros
branca amarela, se há Hg e Bi; e azulada, se existe As. minerais de níquel, achando-se-lhe nas jazidas de
Brilho metálico em superfícies recentes, que passam a níquel das mais variadas espécies.
cor mate ao se oxidarem. Risco negro, que se
transforma em pardo avermelhado por fricção. Toda a
série são
Grupo Galeno Na Europa, existe a província mediterrânea com as
ricas jazidas espanholas, exploradas pelos romanos
A galena, SPb, cristaliza no sistema regular, com faz 3.000 anos, sendo as mais importantes as de Serra
estrutura tipo cloreto de sódio, em cristais de Morena, no distrito de Linares-Carolina (Espanha).
magnífica conformação, quase sempre implantados e Na península Ibérica, na região de Cartagena e
de considerável magnitude, integrados principalmente Almeria extrairam-se durante o século XIX, grandes
pelo cubo e o octaedro, sozinhos ou em combinação. quantidades de galena argentífera que proporcionaram
Algumas vezes estão deformados na direção do eixo grande prosperidade ao país e que atualmente
quaternário, ou apresentam faces curvas e dispostas encontram-se praticamente esgotadas.
em forma de escalões de bordos dentados. Macias
freqüentes, semelhantes à da espinela. Tem esfolição
perfeita e característica, segundo as faces do cubo; Grupo Cinábrio
fratura subconcóide; dureza, 2 1/2; ponto de fusão, O cinábrio, SHg, tem a mesma simetria que o
1.115°C. quartzo, cristalizando na classe enantiomórfica
Cor cinzenta de chumbo claro, forte brilho romboédrica, com estrutura tipo ClNa deformada
metálico, sobretudo, nas superfícies de esfoliação, homogeneamente, de maneira que o cubo que
que se torna mate por oxidação. Risco negro cinzento, constitui a cela fundamental do cloreto de sódio, se
mate. O mineral é opaco e isótropo à luz reflexa. transforma num romboedro com átomos de Hg nos
vértices e na metade das faces, e de S na metade das
De composição química muito constante, sempre arestas; a distorção é de tal natureza que produzem-se
contém uma pequena quantidade de prata (entre 0,01 formas enantiomórficas opticamente ativas.
e 0,03 por 100) que pode chegar a ser um 1 por 100,
ou mais, nas galenas argentíferas. Devido à produção Apresenta-se em cristais pouco freqüentes, de
mundial de galena, a pequena quantidade de prata que hábito tabular ou cubóide, formados pelo romboedro,
leva é um dos minérios mais importantes deste metal de ângulos muito próximos ao cubo, e pelo pinacóide
precioso. básico; via de regra informe, em agregados
granulosos, disseminado e em eflorescência. Cor e
As jazidas deste mineral caracterizam-se por terem risco vermelho tirando a carmin, variando, nos
em sua superfície numerosos produtos de agregados, do vermelho escarlate ao vermelho escuro;
meteorização, belamente cristalizados, tais como a brilho adamantino. Opaco, embora transparente em
cerusita, anglesita e piromorfita. São de origem seção delgada. Opticamente uniaxial positivo, notável
hidrotermal, as de maior difusão, embora também pelo alto valor de seus índices de refração, grande
existam jazidas de origem metasomática e sedimentar. birrefringência, e forte dispersão; tem poder rotatório
Neles, a galena vai sempre acompanhada de blenda, quinze vezes superior ao do quartzo.
em íntima concreção com ela, e quartzo como ganga,
com algo de carbonatos e de baritita. Mineral de grande importância econômica, é
minério do mercúrio. Suas jazidas são de origem
A produção mundial de chumbo procede de três hidrotermal e tem se formado a baixas temperaturas,
minerais: galena, cerusita (SO3Pb) e anglesita bem seja por reemprazamento (Almadén), ou bem por
(SO4Pb), sendo os dois últimos, produtos de reenchimento de fissuras (Itália).
transformação da galena e achando-se associados às
jazidas deste mineral. Apesar da grande difusão da As minas de Almadén, em exploração há mais de
galena, o mineral produtor do chumbo procede de 2.000 anos, são as mais ricas do mundo. Esta jazida
poucas regiões, devendo ser citada em primeiro lugar acha-se situada sobre piçarras e quartzitos silúricos,
a do vale do Mississípi, centralizada em Tri-State, que sendo sua riqueza média de 5 a 8 por 100 de mercúrio
é onde existe a maior concentração mundial de e, em alguns lugares, até de 20 por 100. Jazidas de
minerais de zinco-chumbo; no México, existe, no importância são as de Toscana e Trieste (Itália) e as
centro do país, uma rica região que estende-se por de Califórnia (U.S.A.), embora a riqueza média seja
Chihuahua e Coahuila; também América do Sul bem inferior à de Almadén. Depósitos de menor
contém importantes depósitos deste mineral. Quase importância existem no México e no Peru.
que a metade do chumbo e zinco do mundo procede
do continente americano.
Grupo Antimonita escarlate, na primeira, e vermelho cereja, na segunda.
São minério de prata importante e muito freqüente,
Os minerais deste grupo, antimonita ou estibinita,
podendo ser achadas associadas com outros minerais
S3Sb2 e bismutina, S3Bi2, caracterizam-se por sua
de prata e galena. São importantes as jazidas de
estrutura formada por cadeias de átomos de S e Sb ou
Zacatecas e Guanajuato (México), Chañarcillo
Bi, estreitamente unidos por meio de enlace
(Chile), Colquijirca (Peru) e Huanchaca (Bolívia). Em
covalente, situadas paralelamente ao eixo c; as
Espanha encontram-se em Hiendelaencina
cadeias unem-se entre si mediante junções residuais.
(Guadalajara).
Esta estrutura determina a perfeita esfoliação e o
hábito comprido paralelamente à direção das cadeias.
Os cristais rômbicos, ricos em facetas, apresentam- Grupo Realgar - Orpimento
se freqüentemente ondulados e ainda curvos, com boa Minerais de aspecto marcadamente não metálico,
conformação nas suas extremidades. Mineral brando constituem um grupo bastante heterogêneo.
(D=2), é o primeiro da escala de fusibilidade,
fundindo-se somente com a chama de um fósforo. Cor REALGAR. — Cristais monoclínicos bem
cinzenta de chumbo e brilho metálico que se torna formados, via de regra pequenos, prismáticos, com
mate. estrias verticais, de cor vermelha (o chamado
É o minério mais importante de antimônio, sendo a vermelho aurora) e risco amarelo alaranjado, brilho
China, com seus depósitos de Hunán, o principal país adamantino, e brandos (D = 1'5 — 2). Opticamente
produtor. México, Bolívia, e sobretudo o Peru, numa biaxiais negativos, com forte dispersão. Encontra-se-
região que se estende desde o lago Titicaca até lhe em magníficos cristais em Binnental, Nagyág,
Atocha, possuem grandes reservas deste mineral. Felsobánya e Nevada; quase sempre como mineral
subordinado na jazida.
Grupo das Pratas Vermelhas ORPIMENTO, S3As2. — Cristais monoclínicos
Formam um grupo muito homogêneo, integrado raros e pequenos, freqüentemente lenticulados. Cor
essencialmente pela proustita, S3AsAg3, e a pirargita, amarela de limão, translúcida, com risco amarelo e
S3SbAg3. Cristalizam na classe hemimórfica brilho grasso semelhante ao da blenda. Opticamente
romboédrica, em cristais de numerosas facetas. Nas biaxial positivo, pleocróico e forte birrefringência.
fendas apresenta-se informe, disseminado e como Encontra-se-lhe nas mesmas localizações que o
eflorescência. realgar, do qual procede por alteração. São dignos de
Cor vermelha escarlate tirando a vermelha cinábrio, serem citados os cristais de Tajowa (Hungria) e de
na proustita, e vermelha escura para cinzenta de Anatólia (Turquia). Na Espanha, acha-se em Pola de
chumbo, na pirargirita. A distinção entre ambas Lena, em Almadén e em Serra Almagrera.
efetua-se melhor com o risco: vermelho
Grupo Pirita - Marcassita É paramagnético, bom condutor e termoelétrico.
Os minerais que integram este grupo respondem a Algumas vezes contem calcopirita interposta,
fórmula X2A, sendo A → Fe, Co ou Ni, e X2 → S2, proporcionando as mal denominadas piritas
cupríferas. É o mais universal e abundante de todos os
AS2, ou SAs. Podem diferenciar-se em duas séries: a sulfuretos; apresenta-se sob todas as condições de
daqueles que tem simetria cúbica, série da pirita, e a deposição mineralógica, sendo um exemplo de
daqueles que possuem simetria diagonal, série da mineral persistente. Na província de Huelva
marcassita. Dentro dos primeiros, são paramórficos (Espanha), onde existem as massas de pirita mais
os bissulfuretos, pirita, S2Fe, e os biarsenietos, importantes do mundo (Rio Tinto e Tharsis), são de
sperrylita, As2Pt, enquanto que os sulfoarsenietos, origem hidrotermal; como segregação magmática, em
cobaltina, SAsCo, são tetartoédricos; do mesmo Sulitjelma; em Clifton (Arizona), acham-se grandes
modo, entre os segundos, é holoédrica rômbica a núcleos produzidos por metasomatismo de contacto;
marcassita, S2Fe, enquanto o mispiquel, SAsFe, é no Vesúvio, tem se achado como produto de
holoédrico monoclínico. Esta diminuição de simetria sublimação; é constituinte comum de leitos
deve-se à perda do centro de simetria ao não serem sedimentares, dos cristais disseminados em margas e
iguais os dois átomos do grupo X2. Não existe neles dos depósitos fossilíferos. É praticamente impossível
mais caso de dimorfismo do que o que apresentam a citar todas as formas de apresentação da pirita;
pirita e a marcassita. somente insistiremos em que aparece em quase que
todos os tipos de jazida conhecidos.
PIRITA, S2Fe. — A estrutura deste mineral tem
Os agentes atmosféricos meteorizam-na
como característica o aparecimento de grupos
rapidamente, convertendo-a em limonita; nas jazidas
moleculares perfeitamente definidos e que atuam
deste mineral, acha-se quase que sempre hematita
como se fossem um ionte simples. Os dois átomos de
parda em sua parte superior, constituindo a carapuça
S que formam o grupo X» acham-se unidos por
ou capacete de ferro do depósito. A pirita é matéria
enlace covalente muito forte, sendo verdadeiras
prima para a obtenção do ácido sulfúrico.
moléculas, coordenando cada uma delas com seis
átomos de Fe, de maneira que cada S é tangente à
três Fe. A ordenação das partículas na estrutura é MARCASSITA, S2Fe. — Cristais rômbicos, não
exatamente a do cloreto de sódio, estando os Fe nos muito freqüentes, de formas variadas ; apresenta-se
vértices e metade das faces de um cubo e os S2 em mais a miúdo em macias múltiplas, muito
metade das arestas. A direção do eixo das moléculas características, denominadas cristas de galo, que,
S2 com respeito às arestas do cubo é constante e quando se reúnem em associação cíclica, produzem o
determina o aparecimento da série de estrias que ferro em forma de lança. Algumas vezes se apresenta
apresentam as faces do cubo em alguns cristais de em forma compacta (pirita hepática), e em multidão de
pirita, e é a causa do paramorfismo deste mineral. formas variadíssimas. Propriedades iguais às da pirita,
com cor ligeiramente esverdeada e menos amarela;
Magnifícamente cristalizado em cubos ou em
alteram-se com maior facilidade do que a pirita, sendo
dodecaedros pentagonais, denominados piritoedros
este o motivo pelo que com freqüência se apresenta
devido à abundância ou freqüência de seu
com cortiça de meteorição cor de ferrugem.
aparecimento; algumas vezes, cristais com grande
número de faces, outras, apresentando fortes Mineral muito abundante, quase sempre apresenta-
deformações; também, em agregados granulosos ou se acompanhando a pirita.
fibrosorradiados, informe, em massas, etc. Macias de
complemento características, denominadas cruz de MISPIQUEL, SAsFe. — Cristais monoclínicos,
ferro, formadas pelos piritoedros que se compenetram. pseudorrômbicos, que se unem dando uma macia de
Freqüentemente nos encontramos com agregados compenetração de dois indivíduos. Cor branca, de
heterogêneos, de pirita e marcassita. estanho a cinzenta de aço, freqüentemente com
Cor amarela latão, algumas vezes com superfície alteração superficial; risco negro e brilho metálico. É
heterogênea, ou bem parda por alteração superficial mineral comum, embora não tenha tanta difusão como
em limonita. Brilho metálico. Risco negro os dois anteriores. Emprega-se para a obtenção do
esverdeado. Opaco, à luz reflexa tem coloração anidrido arsenioso, e, algumas variedades, pelo seu
branca creme. Dureza entre 6 e 6'5; por percussão conteúdo em metais preciosos.
produz faíscas e odor a enxofre.
Classe III. —SAIS HALÓIDES Diferencia-se do sal comum pelo seu sabor salgado
amargo, intermédio entre o dos sais sódicos e o dos
Minerais na sua maioria, de composição química sais magnésicos. Facilmente solúvel na água, aumenta
simples, incoloros ou tintos acidentalmente, de pouca a sua solubilidade com a temperatura, o que aproveita-
dureza, quase sempre solúveis na água e de aspecto se para o separar industrialmente do sal gema.
salino característico. Formados por cristalização em
mares ou lagos salgados, como formações secundárias CARNALITA, Cl2Mg.ClK.6H20 — Apresenta-se
modernas ou como produtos de sublimação dos disseminado juntamente com o sal gema e a silvita ou
vulcões. em cristais holoédricos rômbicos raros, de hábito
SAL GEMA, ClNa. — A estrutura deste mineral hexagonal, incoloros, ou de cor vermelha por
tem sido amplamente descrita nas primeiras lâminas interposição de grande quantidade de escamas de
deste manual. Cristaliza na holoedria regular, oligisto que lhe comunicam brilho metálico.
principalmente em cubos que, excepcionalmente, Opticamente biáxico positivo, tem brilho vítreo, que
podem chegar a serem de um metro de aresta (Allertal se apaga rapidamente devido à higroscopicidade deste
superior e Detroit, U.S.A.), e raras vezes em mineral. Possui forte fosforescência.
octaedros. Se apresenta em agregados granulosos e Estes dois últimos minerais são as principais fontes
fibrosos e em eflorescências formando estalactites. Os naturais a partir das quais obtêm-se os sais potássicos,
cristais são incoloros e transparentes, deformados ou de tão grande aplicação na agricultura como
arredondados por dissolução, algumas vezes com fertilizantes e na moderna indústria química. A
colorações vermelhas ou amarelas por conter óxido de produção mundial é aproximadamente de 3 a 4
ferro, ou irregularmente tintos de azul, devido ao milhões de toneladas, expressados em OK»,
sódio metálico coloidal interposto na rede, segundo o anualmente; Alemanha, Espanha e os Estados Unidos
parecer de alguns autores; de brilho vítreo; com da América do Norte são os principais países
esfoliação facilíssima, conforme as faces do cubo. produtores; este último país, a partir da primeira
Muito solúvel na água (35'91 % a 12ºC), não varia sua guerra mundial.
solubilidade ao aumentar a temperatura; não é
JAZIDAS SALINAS. Os minerais salinos tem se
higroscópico, e tem sabor salgado típico. Costuma
formado pela evaporação, em climas cálidos e áridos,
conter inclusões de água mãe, motivo pelo qual ao
de grandes massas de água marinha que ficaram
esquentá-lo crepita; funde a 800º sem decomposição.
aprisionadas nos continentes por fenômenos
Opticamente isótropo, pode apresentar anomalias
orogênicos ou transgressivos. O mecanismo foi
ópticas (birrefringência) por pressão; é fortemente
exatamente igual ao que se emprega atualmente nas
diatérmico.
salinas, grandes lagos artificiais de água salgada, dos
É o mineral mais universalmente conhecido e que procede a maior parte do sal que utilizamos como
empregado. Devido à que é de necessidade básica para alimento. A deposição dos compostos dissolvidos nas
o homem, já desde os inícios da humanidade sua águas mães opera-se de acordo com a sua
possessão tem sido motivo de intercâmbios comerciais solubilidade. Ao iniciar-se a evaporação, deposita-se,
e de guerras. De todos é conhecido o imposto do sal, numa primeira fase, o sulfato de cálcio em forma de
que durante a Idade Média foi causa de opressão e de gesso e de anidrita; em seguida o sal comum em quase
revoluções na maioria dos países europeus. Apesar de a sua totalidade, e na última fase, quando a evaporação
sua importância como alimento, a principal demanda é quase total, assentam-se os sais de potássio e
deste mineral é para usos industriais, como matéria magnésio, misturados sempre com o sal gema.
prima básica da moderna indústria química. As jazidas de sal comum estão formadas por
Produzem-se uns 35 milhões de toneladas de sal camadas lenticulares, de espessuras que podem variar
anualmente, sendo os Estados Unidos da América do entre uns centímetros e chegarem até vários metros,
Norte o maior país produtor. podendo mesmo chegar a alcançar potências
superiores aos 400 metros. Nos grandes depósitos
SILVITA, ClK.— Mineral com a maioria das
salinos existem os chamados «domos de sal», em
características descritas para o sal gema, parece que
forma de cúpula (fig. 5), que são camadas profundas,
em lugar de cristalizar na holoedria regular o faz na
aplanadas e impelidas para cima, e que, devido à
hemiedria enantiomórfica, de acordo com a inclinação
elasticidade do mineral, tem se fundido numa massa
que apresentam as figuras de corrosão sobre a face do
homogênea. Exemplo deste fenômeno e a montanha
cubo.
de sal de Cardona (Espanha). As maiores jazidas
salinas do mundo em que se beneficiam sais de
potássio são as existentes na bacia de Stassfurt
(Alemanha) e a navarro-catalã (Espanha), com as
jazidas da Catalunha em exploração: de Súria,
Cardona, Balsareny e Sallent. A imensa maioria do
mineral é sal gema, e dentro dela existem zonas com
grandes concentrações de carnalita, na primeira, e
silvita, na segunda.
FLUORITA, F2Ca. — Apresenta-se em cristais CRIOLITA, F6AlNa3. — Cristais de hábito
perfeitos pertencentes a holoedria regular, quase cubóide, pertencentes à holoedria monoclínica;
sempre com combinações de cubo e octaedro o algumas vezes, maclados polissintéticamente. Em
rombododecaedro. Mineral de estrutura simples dentro agregados informes terminados em cristais aplanados.
dos compostos X2A, os iontes cálcio dispõem-se De cor branca de neve, pode ser também pardacento,
segundo uma rede cúbica de faces centralizadas, tirante a vermelho e mesmo negro; brilho nacarino em
enquanto que os iontes flúor situam-se no centro dos alguma de suas faces, apresentá-lo vítreo, via de regra.
oito pequenos cubos em que pode dividir-se a cela Opticamente, biáxico positivo, apresenta uma forma
fundamental (fig. 1); cada flúor está rodeado por polimorfa aos 570", pertencente ao sistema regular, o
quatro cálcios em disposição tetraédrica, e cada cálcio que faz com que possa tomar-se como termômetro
o está por oito flúor, sendo a coordenação de 4:8. geológico, dado que os cristais claros, transparentes e
Freqüentemente, apresenta macias de compenetração bem desenvolvidos formam-se abaixo desta
integradas por dois cubos, podendo também temperatura, enquanto que as massas turvas e
apresentar-se informe em agregados granulosos. informes o fazem sempre acima dela.
Esfolia-se perfeitamente segundo as faces do cubo; Muito puro quimicamente, emprega-se como
poucas vezes é incolor, senão que, via de regra, está fundente da bauxita na metalurgia do alumínio. É
tinto com as colorações mais diversas, prevalecendo a mineral tipicamente pegmatítico, encontrando-se em
cor violeta; transparente a translúcido e de brilho Sallent de Gállego (Huesca, Espanha) acompanhando
vítreo. a fluorita.
Opticamente é isótropo com índice de refração
baixo e pouca dispersão, motivo pelo qual emprega-se ATACAMITA, Cl2Cu.3Cu(OH)2. — Cristais
para fabricação de objetivas apocromáticas de rômbico-holoédricos, quase sempre prismáticos e de
microscópio. Os cristais coloridos apresentam estriação vertical. Apresenta-se em agregados
algumas vezes birrefringência anômala, enquanto que bacilares, foliados, granulosos e em areias soltas.
os fortemente tintos de Cumberland (Inglaterra) são Esfoliação perfeita segundo a face do 2.º pinacóide.
muito fluorescentes; não é condutor da eletricidade. Cor verde erva tirando a verde escuro; risco verde
Mineral de extensão mundial, acha-se, geralmente, maçã; brilho vítreo; transparente a translúcido.
em quantidade explorável. em filões hidrotermais de Opticamente biáxico negativo.
alta e baixa temperatura; a miúdo, como ganga nos
É mineral que se forma em zonas de oxidação,
filões metalíferos. São dignos de citação os magníficos
quase sempre em regiões desertas, sendo nelas
cristais de Cumberland (Inglaterra) e os das fendas
minério importante de Cu. Seu nome deriva-se do que
alpinas (Goschener Alp.); na Espanha acha-se na
leva o deserto de Atacama (Chile), onde foi
maioria das províncias; assim: em Carabia (Astúrias),
encontrado pela primeira vez; abundante em muitas
Gistaín (Aragão), Papiol (Catalunha), etc.
minas de Chile setentrional, Bolívia e no Peru.
Utiliza-se industrialmente em metalurgia como Também pode ser encontrado em grandes quantidades
fundente, e em óptica. na Austrália.
Classe IV. — ÓXIDOS granulosas e dolomitas, também em pequenos grãos,
porém, obtêm-se, geralmente, de areias fluviais e
Compreende todas as combinações oxigenadas do parcéis. Existem diferentes variedades, das que
reino mineral que não tem caráter propriamente destacamos como a mais importante, por ser muito
salino. Os óxidos minerais têm poucas características apreciada em joalheria como pedra preciosa, a
comuns, a eles pertencendo muitas combinações de espinela nobre, transparente e vermelha, em diversas
importância técnica. tonalidades.

Grupo Espinela-Magnetita MAGNETITA, Fe3O4.— Cristais, a miúdo


incluídos ou sobrepostos, de forma octaédrica,
Formam um grupo de minerais isomorfos que raramente cúbica; macias do mesmo tipo que as
respondem à fórmula geral A2O4B, na qual A e B espinelas. Apresenta-se em massas compactas e em
podem ser, respectivamente: Al, Fe3 ou Cr e Mg, Fe2, grãos soltos nas areias magnetíferas. De cor negra de
Zn ou Mn, dando origem a grande número de termos ferro e brilho metálico apagado ou mate, tem aspecto
difíceis de processar entre si. Cristalizam na holoedria de escória quando está incluído nos basaltos. Opaco,
regular, numa estrutura complexa na qual os possui boa reflexão e é isótropo à luz reflexa. Tem
oxigênios dispõem-se segundo um empacotamento magnetismo forte, que desaparece ao esquentá-lo ao
cúbico compacto e os átomos metálicos enchem os rubro, reaparecendo ao esfriar-se. É dificilmente
espaços octaédricos e tetraédricos, respectivamente. fusível ao maçarico (ponto de fusão, 1.527").
Assim, na espinela, cada Al está rodeado por seis
oxigênios situados nos vértices de um octaedro, É minério de ferro muito importante e estendido,
enquanto que os Mg o estão por quatro oxigênios apresentando-se em algumas jazidas em forma de
colocados nos vértices de um tetraedro. Se massas potentes. Geralmente, encontra-se muito
consideramos a espinela e a magnetita como pontos disseminado nas rochas eruptivas, sendo matéria
extremos da série, todos os termos afins à primeira se básica da maior parte dos minérios metalíferos
diferenciam dos afins à segunda pelo seu menor peso sedimentares.
específico, carência de brilho metálico, dureza
elevada e risco pálido. Os termos mais importantes CRISOBERILO, Al2O4Be. — Cristalizado na
deste grupo são: espinela, Al2O4Mg; franklinita, holoedria rômbica, tem estrutura idêntica à da olivina,
Fe2O4(Fe,Mn,Zn); cromita, (Cr, Fe, Al)2O4 (Fe, Mg, substituindo os átomos de Si pelos de Al, e os de Mg
Zn); magnetita, Fe3O4. pelos de Be. Cristais incluídos de hábito tabular,
formando macias de compenetração de três
ESPINELA, Al2O4Mg. — Cristais pequenos e indivíduos, fornecendo um conjunto semelhante a
bem conformados, quase sempre em forma de uma bipirâmide hexagonal, sendo muito freqüentes na
octaedros, algumas vezes de rombododecaedros e, variedade denominada alexandrita. De cor amarela
muito raro, de cubo. Macias de justaposição e de esverdeada a verde esmeralda; com freqüência,
compenetração, sendo o plano de macia uma face de pleocróico; brilho vítreo; transparente a translúcido.
octaedro. Apresenta-se em quase todas as colorações, Opticamente biáxico positivo.
sendo a vermelha a mais comum; risco branco; brilho
As variedades puras constituem gemas muito
vítreo ; transparente a quase opaco. Opticamente
apreciadas, sendo dignas de menção a chamada olho
isótropo e de índice de refração elevado. Apresenta-se
de gato que é achada principalmente no Brasil e no
em caliças
Ceilão, nos aluviões de pedras preciosas.
Grupo Coríndon misturadas com safiras. O coríndon nobre é também
encontrado no Sião, Madagascar e no Brasil.
Minerais que respondem à fórmula A2O3, podendo
ser, os dois átomos A, iguais ou distintos. São
essencialmente iônicos, con estrutura de coordenação Os cristais turvos e de coloração impura são
4:6, na que os oxigênios acham-se em empacotamento reconhecidos com o nome de coríndon comum, e a
hexagonal compacto e os cationtes ocupam as 2/3 macia de grãos de coríndon, magnetita, oligisto e
partes das posições octaédricas que existem entre eles; quartzo denomina-se esmeril; tanto os uns como os
cada A está rodeado de seis oxigênios situados nos outros são empregados, devido à sua grande dureza,
vértices de um octaedro. Cristalizam na holoedria para cortar e polir superfícies.
paramórfica romboédrica aqueles que têm os cationtes
iguais, e na hemiedria paramórfica romboédrica OLIGISTO, Fe2O3. — Cristais com grande
aqueles que possuem duas classes de cationtes. Os abundância de formas, de hábito que depende da
principais elementos do grupo são: coríndon, Al2O3; temperatura de formação; os formados a temperaturas
oligisto, Fe2O3; ilmenita, FeTiQ3. elevadas são bipiramidais, enquanto que os origina
dos a temperaturas inferiores são lenticulares, e os das
fendas alpinas são tabulares. Macias de diferentes
CORÍNDON, Al2O3. — Cristais de hábito tipos; as mais freqüentes são de complemento segundo
prismático, algumas vezes de tamanho considerável, o pinacóide básico por compenetração de dois
coroados por bipirâmides ou romboedros; macias de romboedros. De cor cinzenta de aço a negro de ferro,
justaposição, em finíssimas lâminas polissintéticas. às vezes com belas irisações na superfície; risco
Incolor ou tinto com as cores mais diversas, vermelho cereja a pardo avermelhado; brilho metálico.
fornecendo variedades enormemente apreciadas em Opticamente uniáxico com luz reflexa, e bom poder de
joalheria; com freqüência, oferece colorações zonais reflexão.
devidas à inclusões de outros minerais, como as
safiras que apresentam belo asterismo. Transparente a Minério de ferro importante e muito abundante;
turvo, brilho vítreo, com pleocroísmo nas variedades encontra-se-lhe em jazidas independentes e como
fortemente coloridas. De grande dureza, é o mineral elemento constitutivo de rochas diversas,
número 9 da escala de dureza de Mohs. Opticamente especialmente em piçarras cristalinas, sendo sua
uniáxico negativo, às vezes com anomalia biáxica. origem muito diversa. Pelo aspecto e a cor podem se
Infusível ao maçarico, funde no forno elétrico a distinguir o oligisto e a hematita vermelha. O
2.050ºC. primeiro, também denominado especularita,
aprensenta-se em bons cristais e agregados irregulares
As variedades perfeitamente transparentes e de em forma de roseta, as rosas de oligisto, das que são
coloração muito pura, denominadas coríndon nobre, encontrados magníficos exemplares na ilha de Elba e
são pedras preciosas ; as mais apreciadas são a safira em Minas Gerais (Brasil). O segundo, em agregados
oriental, de coloração azul profunda, e o rubi oriental, informes, compactos ou terrosos, sem aspecto
belíssima gema de cor vermelha «sangue de pombo». metálico e de cor avermelhada. O oligisto apresenta-se
Os rubis mais belos procedem de Mogok (Birmânia), também como agregado foliado, de aspecto de mica
jazidas exploradas pelos reis birmanos durante ou grafite, o oligisto micáceo, associado à zonas de
séculos, até que em 1889 foram abertas ao tráfego forte metamorfismo. Na Espanha encontra-se-lhe com
comercial e exploradas em grande escala; também se relativa abundância, sendo de grande importância as
encontram muito boas gemas no Ceilão, nos minas de Morro e Ollargan, El Pedroso, a zona de
lavadouros de pedras preciosas, Somorrostro, etc.
Grupo do Rutilo abundante, existindo nas areias das «Rias galegas», no
Espinar, etc.
Formam um grupo de minerais muito homogêneo,
tanto pela sua composição química (bióxidos de Sn, CASSITERITA, SnO2. — Cristais de hábito muito
Ti e Pb), como pelas suas propriedades cristalinas. De diverso. Segundo a sua origem, são bipiramidais, os
tipo estrutural igual, apresentam-se em formas incluídos em pegmatitos; prismáticos, os filonianos; e
holoédricas tetragonais muito parecidas, apesar de não aceticulares, os formados a baixas temperaturas.
fornecerem misturas isomorfas. Apresentam macias típicas denominadas pontas de
Sua estrutura, característica de grande número de estanho (fig. 4) (vide lâmina A/6), e encontram-se
compostos X2A, é simples, dispondo-se os iontes também como pedras rodadas em grãos soltos. Cor
metálicos segundo uma rede tetragonal, enquanto que parda de colofonita ou negra de ferro, raramente com
os oxigênios estão sobre as diagonais das bases. É outra coloração ou incolor. Risco amarelo de couro a
tipicamente uma estrutura de coordenação 6:3, na que branco; brilho de blenda, nas faces lisas, e grasso, nas
cada ionte metálico está rodeado por seis oxigênios fraturas. Opaco, é uniáxico positivo com
situados nos vértices de um octaedro, e cada oxigênio, birrefringência e refração fortes.
por três iontes metálicos dispostos nos vértices de um É minério de estanho, um dos primeiros metais que
triângulo eqüilátero. o homem empregou ao fabricar utensílios de bronze.
A produção mundial de estanho oscila entre 150.000 e
Os termos mais importantes da série são: rutilo, 250.000 toneladas anuais, sendo os primeiros países
TiO2; cassiterita, SnO2; plattnerita, PbO2. produtores os Estados Malaios Federados, as índias
Orientais Holandesas e a Bolívia. A cassiterita acha-se
RUTILO, TiO2. — Cristais prismáticos alongados, associada à pegmatitos ou à filões neumatolíticos no
coroados por bipirâmides tetragonais, algumas vezes chamado estanho de mina, cujo exemplo nos o dá a
finamente radiados e até em forma de tênues agulhas «Mina Fabulosa» em Araca (Bolívia), ou encontra-se
incluídas em grandes cristais de quartzo (figs. 1 e 2). em lavadouros formados por acumulação de aluviões
A miúdo forma macias múltiplas, em ziguezague ou minerais, como ocorre na zona de parcéis que abrange
centralizadas, dando estas últimas o cotovelo do uma franja de terreno de 1.600 Km. de longitude e 190
rutilo, quando constam de poucos indivíduos, e a Km. de largura ao longo da península malaia,
coroa do rutilo, quando se fecham em forma de anel incluindo as índias Orientais Holandesas, pelo Sul, e a
(vide lâmina A/6). Esfoliação perfeita segundo as Birmânia e Tailândia, pelo Norte, oferecendo assim a
faces do prisma, frágil, dureza média (6 a 6'5) e maior província estanífera do mundo. Na Espanha
fratura desigual. existe uma zona estanífera importante, que estende-se
Cor vermelha sangue a vermelha parda, raras vezes desde Pontevedra a Cáceres.
vermelha amarelenta; e quando negra, constitui a Polimorfismo do TiO2
variedade denominada nigrita; risco pardo-
amarelento; brilho adamantino metalóide; translúcido Apresenta-se na Natureza em três formas
a opaco. Opticamente, uniáxico com birrefringência polimorfas: duas tetragonais, rutilo e anatásio, e uma
muito forte; índices de refração elevados. rômbica, brookita. Suas estruturas têm de comum a
coordenação senária de cada átomo metálico, com seis
Costuma conter Fe, chegando, em algumas nigritas, oxigênios em redor, dispostos nos vértices de um
até 30 por 100 em Fe2O3. De exploração mineira, octaedro; em cada uma delas a distribuição destes
apresenta-se em filões de tipo alpino, em finíssimas octaedros é diferente.
agulhas nas rochas sedimentares, ou solto e rodado em A estrutura do rutilo foi descrita ao estudar o
areias e parcéis. As maiores jazidas do mundo acham- mineral. O anatásio tem uma cela fundamental
se em Nelson e Amherst (Virgínia); também existem centralizada no interior, na que os O estão rodeados
jazidas notáveis em Binnental e Disentis (Suíça) e na por três Ti, sendo a coordenação 6:3, como nas
região de Kragerö (Noruega). Em Espanha é restantes formas polimorfas. Nas três formas, a
relativamente distância TiO, de 1'9 a 2'0 Å, e a distância O-O, de 2'5
a 3'0 Å permanecem constantes.
HIDRÓXIDOS E HIDRATOS apresenta-se em finíssimas lâminas de aparência
Conjunto de minerais dispares, principalmente de hexagonal. Incolor, ou branco em diversas
alumínio e de ferro, que se transformam nos óxidos tonalidades, tem brilho nacarino nas superfícies de
respectivos ao aquecê-los; alguns são verdadeiros esfoliação. Sua estrutura (fig. 4) acha-se formada por
hidróxidos por possuírem em suas estruturas grupos uma série de estratos constituídos por duas camadas
OH marcadamente definidos (brucita, hidrargirita); de OH em disposição senária, que aprisionam uma
outros têm hidrogeniontes ocupando posições de camada de átomos de alumínio; cada Al está en meio
cationtes e atuando como tais (diásporo), enquanto em de seis OH, em coordenação octaédrica com eles (fig.
alguns deles existem duas classes cristaloquímicas de 4). Esta disposição faz com que apareça também uma
átomos de oxigênio (lepidocrocita e bohemita). esfoliação patente e paralela aos estratos.

COMPOSIÇÃO E JAZIDAS DE BAUXITA DIÁSPORO, AlOOH. — Cristaliza na holoedria


A bauxita, constituída por uma mistura de óxidos rômbica, em cristais pequenos e pouco freqüentes;
de alumínio hidratados e que tem sido considerada geralmente apresenta-se em agregados foliosos.
como espécie mineral até faz relativamente poucos Esfoliação muito perfeita segundo o 2.º pinacóide;
anos, é a única matéria prima para a metalurgia do incolor, ou em tonalidades diversas, tem brilho
alumínio, sendo, por outra parte, o mais abundante na nacarado nas superfícies de esfoliação; pleocroísmo
crosta terrestre. forte e birrefringência positiva. Em sua estrutura (fig.
A bauxita é um material resultante da meteorização 5), os oxigênios dispõem-se segundo um
do feldspato e feldspatóides, sob condições ambientais empacotamento hexagonal compacto e nos espaços
excepcionais. Os silicatos aluminico-potássicos vazios se dispõem os átomos de alumínio; apresenta a
perdem numa primeira fase o potássio, e a continuação particularidade dos hidrogeniontes situados entre dois
sofrem uma desilificação, precipitando-se os oxigênios, atuando como verdadeiros cationtes.
hidróxidos alumínico e férrico. Este processo, que se
produz nos trópicos, conhece-se como «laterização», e
ALUMOGEL, Al2O8 x H2O. — É o gel do
denominam-se lateritas as terras ou terrenos
hidróxido alumínico; freqüentemente se apresenta em
resultantes; quando as rochas originárias não contém
forma oolítica ou deixando ver na sua estrutura a do
ferro ou, por outra parte, este se movimenta como
material originário. Quando puro, completamente
resultado das reações adicionais, fica somente
isótropo, porém, via de regra, com grande quantidade
hidróxido alumínico que, ao consolidar-se, forma
de impurezas que lhe comunicam cor de ladrilho.
bauxita. As reações químicas que intervém na
formação do mineral não são ainda conhecidas por
completo, sendo indispensável, para que ocorram, que Hidróxidos de Ferro
exista na zona um clima tropical ou subtropical úmido.
De acordo com os diferentes graus de hidratação,
Os depósitos de bauxita apresentam-se: 1) Em
antigamente se distinguiam um grande número de
camadas superficiais e aproximadamente horizontais
hidróxidos de ferro. Atualmente, a análise
(Guiana britânica; Costa do Ouro, na África; Surinã,
roentgenográfica tem demonstrado que somente
na Guiana Holandesa (fig. 1); 2) Em camadas
existem dois hidróxidos de ferro bem cristalizados e
interestratificadas sob a forma de grandes lentilhas no
definidos: ferro acicular, FeOOH, e mica rubi,
seno de formações sedimentares (Arkansas, nos
FeOOH. Ambos cristalizam na holoedria rômbica,
Estados Unidos da América do Norte, e na França)
apresentando-se o primeiro em cristais aciculados,
(fig. 2); 3) Em bolsas ou em massas irregulares, como
prismáticos de cor diversa e brilho variável, e o
em Ístria (Iugoslávia) (fig. 3), e também em Hungria e
segundo, em pastilhas delgadas, agrupadas em rosetas.
na Itália.
De índice de retração elevado, o segundo tem uma
A composição mineralógica da bauxita é hoje
birrefringência enorme.
conhecida perfeitamente, estando constituída por três
minerais: hidrargilita, Al(OH)3 diásporo, AlOOH e Além destes dois minerais, temos a considerar a
alumogel, Al2O3 x H2O. limonita que, na maioria dos casos é gel de ferro do
mesmo tipo que o alumogel, porém que tende a passar
Hidróxidos de Alumínio a um dos dois minerais anteriores, principalmente a
HIDRARGILITA, Al (OH)3. — Mineral ferro acicular. Apresenta-se em formas
cristalizado na holoedria monoclínica; pseudomórficas (fig. 6), botrioidais (fig. 7), etc.
Classe V. — OXISAIS COM OXIGÊNIO a Sassolina italiana tem sido a fonte do ácido bórico
EM COORDENAÇÃO TERNÁRIA europeu durante vários anos.
Os principais minerais de boro são: bórax,
Os elementos B, C, N, formam grupos discretos
B4O7Na2. 10 H2O: colemanita, B6O11Ca2.5H2O;
BO3, CO3, NO3, nos quais os oxigênios ocupam os
kernita, B4O7Na2.4H2O e a boracita, B14O26Cl2Mg6.
vértices de um triângulo eqüilátero, e acham-se
unidos fortemente ao elemento que atua com três e
até cinco valências positivas, respectivamente. A
SUBCLASSE NITRATOS
forma similar de tais grupos determina semelhanças
entre compostos quimicamente muito diferentes, Contém grupos NO3 em sua estrutura: são sais do
apresentando-se nesta classe casos notáveis de ácido nítrico. Minerais muito similares aos carbonatos,
isomorfismo e isotipismo. embora menos estáveis devido ao acréscimo de
polaridade dos átomos de oxigênio que rodeiam o N
pentavalentes; solúveis na água encontram-se poucas
SUBCLASSE BORATOS espécies como compostos naturais, sendo estas muito
raras, exceto o nitrato de sódio que é muito abundante
Minerais com grupos BO3 em sua estrutura, são
nas regiões áridas do Norte' do Chile.
sais do ácido bórico. Uma mínima parte procedem de
jazidas formadas a temperaturas elevadas, e são
boratos anidros; a grande maioria tem se originado NITRATO DE SÓDIO, NO3Na. — Cristaliza na
por deposição em lagos salinos, sendo os depósitos holoedria romboédrica, tem estrutura completamente
economicamente beneficiáveis aqueles que produzem- análoga à da calcita; em estado natural somente se
se devido à deposição nas margens e fundo dos lagos apresenta em agregados cristalinos e em grãos. Tem
de boratos, como sejam os de Searles e Owens e Borx exfoliação perfeita segundo a face do romboedro.
Lake, na Califórnia. As crostas de boratos, resultado Incolor ou levemente tinto, tem brilho vítreo.
da total evaporação de lago, tem seu exemplo mais Opticamente é uniáxico negativo. É algo higroscópio
típico e evidente no Vale da Morte, na Califórnia, e muito solúvel na água.
cujas jazidas foram exploradas durante muitos anos, Apresenta-se em depósitos originados pela
porém, hoje em dia encontram-se completamente evaporação de lagos salinos de nitratos. A única jazida
abandonadas. Existem também crostas de boratos no beneficiável de nitro encontra-se na parte setentrional
Chile, na Bolívia e na Argentina. As jazidas destes do Chile, nos desertos de Atacama, Tarapacá e
minerais, ao igual das de todos os sais solúveis, se Antofagasta, formando uma franja que corre
produzem em condições climáticas extremas, ficando paralelamente com a cordilheira dos Andes ao longo
localizadas em zonas desabitadas ou muito áridas. de 600 km., e penetrando até o interior entre 20 e 150
A produção mundial anual de boro eleva-se a km. de profundidade.
400.000 toneladas, e o primeiro país produtor, os O material que contém até 25-30%< de nitro puro,
Estados Unidos da América do Norte, quase que denomina-se caliche e os depósitos que afloram na
produz 93 por 100 do total. As principais jazidas de superfície, calicheras. Encontra-se misturado com sal
boratos são os depósitos estratificados próximos a gema, gesso e thenardita. A origem destes depósitos
Kraemer e ao lago Searles na Califórnia; os primeiros, não está ainda bem definida, acreditando-se, porém,
situados perto do deserto Mojave, constituem uma que estejam intimamente relacionados com as rochas
bacia de 1,5 km. de largo e 6,15 km. de comprimento, vulcânicas que se encontram a níveis superiores.
onde o mineral acha-se a profundidades que oscilam Os estratos são muito importantes como
entre os 110 metros e os 300 m, em camadas de 25 a fertilizantes, empregando-se na Agricultura o 85 % da
35 m. de espessura, misturado com argila ou greda e produção total, e somente um 15 % restante é
xistos, encontrando-se dentro da massa, grandes destinado à indústria química. Atualmente obtêm-se
lentilhões de kernita ou bórax completamente puros. uma parte muito elevada de nitratos por meios
No Itália, na região Toscana, as emanações vulcânicas sintéticos e a partir do N atmosférico, porém, e até faz
levam uma grande quantidade de ácido bórico e de poucos anos, a totalidade procedia das jazidas
boratos de cálcio e magnésio que se depositam em chilenas.
redor das fumarolas e termas minerais;
SUBCLASSE CARBONATOS A cela múltipla de faces paralelas aos planos de
esfoliação é igual a uma rede tipo cloreto de sódio na
Minerais de aspecto lapídeo, sem coloração que se tivesse situado un eixo ternário vertical e se
própria, apresentando-se brancos, incoloros ou tivesse deformado homogeneamente até que o ângulo
levemente tintos, exceto se contem Co e Cu. Dureza de 90º conseguisse passar a 101° 55'. Os iontes de
inferior a 5; facilmente reconhecíveis pois cálcio substituiriam os de sódio e os grupos CO3= os
desprendem CO2 com efervescência quando tratados de Cl-, fornecendo duas redes de faces centralizadas
com um ácido forte. com a sua origem deslocada para a metade da aresta.
A cela fundamental é um romboedro agudo com
Grupo Calcita - Aragonito iontes cálcio nos vértices e dois grupos CO3= situados
Respondem à fórmula CO3R, sendo R um elemento no interior, de maneira que o plano que contém os
metálico divalente, Ca, Mg, Zn, Fe, Co, Sr, Ba, Pb. oxigênios corte perpendicularmente o eixo ternário
Formam duas séries isomorfas: a da calcita, (fig. 1).
cristalizada no sistema romboédrico, e a do aragonito, O grupo CO3= consiste em um átomo de carbono
que o faz na singonia rômbica, sendo curioso observar que tem três oxigênios tangentes a ele, situados nos
que somente se apresenta polimorfismo para o vértices de um triângulo eqüilátero, e descansando
CO3Ca. Nos restantes, o cationte determina a estrutura todos eles sobre um mesmo plano.
do mineral, sendo romboédricos e isomorfos da
calcita os que têm cationte pequeno (Fe, Mg, Zn, Mn, CALCITA, CO3Ca. — Apresenta-se em
Co). O tamanho do ionte cálcio satisfaz magníficos cristais implantados, muito ricos em
simultaneamente nas condições ambientais dos dois facetas, chegando a formar mais de mil combinações.
tipos estruturais, motivo pelo qual aparece o Via de regra, de hábito claramente romboédrico (fig.
dimorfismo indicado. 2), algumas vezes escalenoédrico (figs. 3 e 4), embora
Ambas as séries reconhecem-se pela sua também encontrada em forma de prismas e de cristais
morfologia e peso específico, porém nos agregados de aspecto lenticular. Forma macias de leis muito
granulosos ou irregulares podem ser identificadas diversas (fig. 5), sendo as mais freqüentes as de
pelo ensaio de Meigen que consiste em ferver o pó complemento cujo plano de macia é o pinacóide
com dissolução de nitrato cobaltoso, tingindo-se os básico, e a de romboedros segundo uma de suas faces,
rômbicos de cor lilás, enquanto os romboédricos que pode chegai a ser polissintética se os cristais são
permanecem brancos. laminares.

Série da calcita: Incolor, geralmente branco, tem brilho vítreo


Calcita, CO3Ca; Magnesita, CO3Mg; Dolomita, característico; opaco nas variedades de espato
CO3 (Ca, MG) (fig. 7); Smithsonita, CO3Zn; Siderita, calcário, é perfeitamente transparente nos cristais de
Co3Fe (fig. 8); Dialogita (Rodocrocita), CO3Mn (fig. espato de Islândia. Relativamente brando, risca-se
9): Esferocobaltita, CO3Co. com o canivete, porém não com a unha. Opticamente
é uniáxico negativo, com birrefringência muito forte
(fig. 6). Decompõe-se a temperatura de 900° C,
Série do aragonito:
libertando-se Co2 e ficando OCa.
Aragonito, CO3Ca; Witherita, CO3Ba;
É mineral universalmente difundido, formando
Estroncianita, CO3Sr; Cerustta, CO3Pb.
rochas sedimentares que cobrem grandes extensões da
crosta terrestre, apresentando variedades diversas:
Série da Calcita espato duplo de Islândia, em cristais belíssimos e
Minerais miscíveis em todas proporções, geodes ou drusas alpinas ou filonianas; caliça,
apresentam um exemplo típico de isomorfismo. variedades finamente cristalizada e de textura
Cristalizam na holoedria romboédrica e sua estrutura granulosa, dando o mármore; caliça fibrosa, em
tem como cela fundamental um romboedro agudo de agregados fibrosos raros, como seja o espato
ângulo igual a 46º 07'. Possuem esfoliação perfeita satinado; caliça compacta, de toda sorte de
segundo as faces de um romboedro obtuso de ângulo colorações, empregada como pedra ornamental; etc.
101" 55'; as arestas deste poliedro de esfoliação foram Abunda extraordinariamente em Espanha, em todas
consideradas durante muito tempo como eixos suas variedades.
cristalográficos, referindo a orientação dos cristais de
calcita à eles.
Série do Aragonito Incolor ou branco, embora tinto de diferentes cores;
brilho vítreo; transparente a turvo. Opticamente
Minerais cristalizados na holoedria rômbica, com
biáxico negativo com birrefringência forte e refração
formas pseudohexagonais devido à sua estrutura. Nela
média.
dispõem-se os iontes cálcio segundo um
empacotamento hexagonal compacto, deformado por Mineral menos abundante do que a calcita, embora
compressão ao longo do eixo senário; entre eles e em de difusão mundial, não forma rochas, e muito raro
coordenação senária situam-se os grupos CO,, de encontra-se-lhe nos filões metalíferos.
modo que cada oxigênio é tangente a três iontes cálcio WITERITA, CO3Ba. — Mineral em todo
(fig. 1). semelhante ao aragonito, forma uma macia múltipla
Sua estrutura tem um estreito parentesco com a da de três indivíduos que parecem uma bipirâmide
calcita, já que, sendo esta um empacotamento cúbico hexagonal. É encontrado nos filões de galena das
compacto de iontes cálcio deformado segundo o eixo caliças carbonosas da Inglaterra (fig. 8).
ternário, as relações entre ambas serão quase as
mesmas existentes entre os empacotamentos CERUSITA, CO3Pb. Geralmente, cristais de hábito
compactos cúbico e hexagonal. Porém, além disso, piramidal ou tabular, em macias cíclicas de três
existe uma outra diferença entre eles: na calcita, cada indivíduos, dando um conjunto em forma de estrela,
oxigênio do grupo CO3 é tangente a dois iontes cálcio típico deste mineral. Encontra-se na zona de
situados em um plano superior e inferior, enquanto meteorização das jazidas de galena, sendo, em
que no aragonito o é a três iontes cálcio, dois deles algumas localidades, minério importante do chumbo
dispostos em um plano superior e um em plano (fig, 9).
inferior (fig. 2). Pode observar-se que as posições dos
cationtes têm maior espaço no caso do aragonito do Grupo de Carbonatos; Básicos
que no da calcita, o que explica que os carbonatos de AZURITA, (CO3)2(OH)2,Cu3. — Apresenta-se em
metais de raio iônico grande cristalizem na estrutura belíssimos cristais de cor azul de anil típico, ricos em
do aragonito (alcalino-térreos), enquanto que as de facetas, de hábito prismático, pertencentes à holoedria
raio iônico mediano e pequeno o façam na da calcita. monoclínica. Também pode ser encontrado em massas
Os minerais desta série, principalmente o aragonito, informes, compactas e a miúdo em eflorescências de
apresentam-se em macias múltiplas que adquirem cor azul mais clara. Risco azul claro. Brilho vítreo,
pseudosimetria hexagonal, as denominadas «torrinhas translúcido. Opticamente, biáxico positivo, com
de Aragão». Esta falsa simetria é devida à que os birrefringência média e refração alta (fig. 10).
ângulos que formam as faces do prisma vertical são Mineral mais raro do que a malaquita, transforma-
quase de 120", e, quando se maclam três indivíduos, se nela por adição de uma molécula de água e perda de
fornecem um contorno quase hexagonal; a explicação uma de CO2. Citaremos a mina de Burra-burra, perto
desta macia a proporciona a estrutura do mineral (fig. de Adeláida (Austrália) e Cressy, próximo a Lyon
3). (França), como localidades produtoras de excelentes
ARAGONITO, CO3Ca. — É a forma rômbica do cristais. É fato curioso que na Idade Média fosse
carbonato cálcico. Os cristais não maclados deste utilizado como pigmento.
mineral são raros, apresentando-se com hábito
MALAQUITA, (CO3)/(OH)2)Cu2. — Via de regra
prismático alongado ou tabular, com combinação do
mal cristalizada, apresenta-se em formas prismáticas
prisma vertical, o da primeira espécie, e o 2.°
ou tabulares pertencentes à holoedria monoclínica, ou
pinacóide oferecendo, via de regra, formas
em massas informes, estalactíticas, reniformes, etc.
pseudohexagonais (fig. 4). Macias múltiplas muito
Com freqüência, pseudomórfico de minerais de cobre
freqüentes, ora de entrecruzamento, ora de
sulfurados ou oxidados. Cor verde de esmeralda e
justaposição, podendo estar em ziguezague ou cíclicas
brilho sedoso ou mate; risco verde claro. Translúcido e
(vide lâmina de agregados cristalinos) (figs. 5 e 6).
opaco. Opticamente, biáxico negativo, com
Encontra-se em massas informes, em agregados
pleocroísmo intenso. É minério freqüente de cobre e
bacilares, radiados, fibrosos e em formas esferoidais
indica a zona de oxidação das jazidas de minerais de
do tamanho de ervilhas (pisolitas); é o material
cobre. Belíssimos cristais são encontrados na
constituinte das estruturas estalactíticas e
«Copper-Queen Mine» de Arizona (Estados Unidos da
estalagmíticas (fig. 7). Às vezes, pseudomórfico de
América do Norte) e nas localidades citadas quando
gesso e de calcita.
descrevemos a azurita.
Classe VI. — OXISAIS COM O tem a particularidade de que o cationte está em
OXIGÊNIO EM COORDENAÇÃO coordenação dodecaédrica, ou seja, rodeado de doze
oxigênios pertencentes a sete grupos diferentes de SO4
QUATERNÁRIA (fig. 2).
Minerais de aspecto não metálico, escassa
densidade e birrefringência baixa; têm pouca dureza BARITINA, SO4Ba. — Cristais belíssimos e ricos
que é menor nas espécies que contém oxidrilos ou em facetas, isolados ou implantados em drusas, de
água. O anionte está formado por um tetraedro de hábito tabular embora este possa variar amplamente
oxigênios com um átomo de S, Cr. Mo ou W no seu (fig. 3). É típico deste mineral o agregado holoáxico
interior; têm disposição tipicamente tetraédrica que se em forma de livro aberto (figs. 4 e 5) (vide lâmina
mantém em todos os sais inorgânicos deste tipo, tanto A/6).
naturais como artificiais. Se agrupam atendendo ao Esfoliação perfeita segundo o 3.° pinacóide,
tamanho do cationte e à quantidade de água que observam-se as linhas de esfoliação nos cristais.
levam. Incolor ou branco, pode estar colorido por impurezas;
tem brilho vítreo e é transparente. Opticamente
SUBCLASSE SULFATOS ANIDROS
biáxico positivo.
ANIDRITA, SO4Ca. —A diferença do carbonato Ê mineral de grande difusão, sobretudo nos filões
cálcico que cristaliza em duas formas polimorfas, o acompanhando os sulfuros metálicos. Também se
sulfato cálcico o faz numa única forma estrutural acha em depósitos de concreções e nodosos, como
pertencente à holoedria rômbica e que é diferente dos «rosa de baritina», de formação sedimentar. É muito
sulfatos dos restantes metais alcalino-térreos. Em sua abundante em Espanha, sendo famosos os cristais de
estrutura, cada ionte cálcio está rodeado por oito Bellmunt (Tarragona) e de Caldas de Malavella
oxigênios vizinhos pertencentes a seis grupos SO4 (Gerona).
distintos, enquanto cada oxigênio coordena
simultaneamente com dois iontes cálcio (fig. 1). CELESTINA, SO4Sr. — Cristais muito ricos em
Cristais muito raros com hábito cubóide devido ao facetas, de hábito geralmente prismático, quase
predomínio dos três pinacóides, como aqueles que sempre implantados, dispostos em grupos e drusas;
encontram-se incluídos em Stassfurt. Geralmente são de grande beleza os que são encontrados em
apresenta-se em agregados granulosos, compactos e, Girgentis (Sicília) (fig. 6). Muito raro em macias,
às vezes, fibrosos. Esfolia-se com facilidade segundo apresentam-se em forma de agregados granulosos,
os três planos pinacóides, fornecendo um sólido espáticos e em fossilizações.
semelhante ao cubo. Incoloros ou brancos, podem colorir-se de amarelo,
Incolor ou branco quando puro, pode tingir-se de azul e mesmo vermelho ou de verde. Brilho vítreo e
azul claro, cinzento azulado ou azul obscuro. Tem nacarino, tem propriedades ópticas iguais às da
brilho vítreo e é transparente. Opticamente é biáxico baritina. Esfoliação perfeita segundo o 3." pinacóide.
positivo, podendo observar-se a figura de Encontra-se em filões hidrotermais e mais
interferência em lâminas de esfoliação paralelas ao freqüentemente acompanhando o enxofre, gesso e a
primeiro pinacóide. calcita. Em Espanha é achado em forma de cristais,
Formam-se em bacias salinas por precipitação, semelhantes aos de Girgentis, em Montellano
alternando com as camadas de sal comum, como (Sevilha).
acontece na bacia potássica de Stassfurt; às vezes, nos
ANGLESITA, SO4Pb. — Magníficos cristais bem
filões hidrotermais, como em Bradenmine (Chile). Em
desenvolvidos com numerosas facetas, de hábito
Espanha é bastante abundante, encontrando-se um
prismático ou piramidal; freqüentemente, em forma de
banco de grande espessura na «Sierra de los Angeles»
crostas sobre a galena (fig. 7). Incolor e transparente,
(Huelva).
pode apresentar-se turvo e com diferentes colorações.
Grupo da Baritina Brilho adamantino ou crasso. Esfoliação manifesta
Série isomorfa formada pelos sulfatos de bário, segundo o 3.° pinacóide e o prisma vertical.
estrôncio e chumbo como termos destacados, Forma-se por oxidação da galena e é encontrado
existindo praticamente todas as combinações como minério nos tetos de muitas jazidas deste
intermédias. Sua estrutura, na que cristalizam um mineral. Pode beneficiar-se como minério de chumbo
grande número de minerais e compostos inorgânicos, quando está em suficiente abundância.
pertence à holoedria rômbica e
SUBCLASSE SULFATOS HIDRATADOS Grupo de Gesso
A estrutura do gesso, SO4Ca.2H2O, segundo
Grupo dos Vitríolos Wooster, explica claramente as propriedades deste
Reunem-se neste grupo um conjunto de minerais mineral; é, em essência, uma estrutura em camadas,
que antigamente recebiam o nome de vitríolos e que paralelas ao 2.º pinacóide, isto é, perpendiculares ao
são sulfatos de Mg, Fe, Cu, Zn, Ni, Co e Mn. Podem eixo binário. Duas camadas de grupos SO4 estão
separar-se em três subgrupos: os triclínicos com 5 unidas entre si fortemente por iontes cálcio formando
moléculas de água, como a calcantita; os rômbicos um estrato, e estes estratos estão, pela sua vez,
com 7 moléculas de água, como a epsomita; e os devidamente unidos por uma camada de moléculas de
monoclínicos, com a mesma quantidade de H2O, água, cada uma das quais une um ionte cálcio com um
como a melanterita. oxigênio de seu mesmo estrato e com um outro
oxigênio do estrato vizinho. Estes últimos enlaces são
muito débeis e são os responsáveis da fácil esfoliação
CALCANTITA, SO4Cu.5H2O.. — Apresenta-se
do gesso segundo o 2." pinacóide (fig. 3).
raramente em cristais pequenos e mal conformados;
quase sempre estalactíticos e em eflorescências. De Apresenta-se em cristais de hábito mui diverso,
cor azul, se descora, por perda das moléculas de água, geralmente prismáticos, grossos, tabulares ou
tornando-se azul novamente ao se hidratar. Brilho lenticulares, com forte curvatura de faces e arestas
vítreo, translúcido. É solúvel na água e tem sabor (fig. 4). Macias muito freqüentes segundo duas leis
repulsivo. Produto de alteração da calcopirita. principais, a macia em forma de flecha (figuras 5 e 6)
e a macia em forma de lança, nas que os gêmeos
EPSOMITA, SO4Mg.7H2O. — Também podem estar unidos por um plano (macia de
denominada sal amargo ou sal da figueira, utilizado justaposição) ou bem penetrarem um dentro do outro
durante longos anos em Medicina como purgativo, (macia de entrecruzamento). Veja-se a lâmina de
tendo sido abandonado devido seu sabor amargo, agregados cristalinos. Informe, em agregados fibrosos
atualmente emprega-se em Veterinária. Cristaliza na (gesso fibroso) (fig. 7), em escamas (gesso espumoso),
classe enantiomórfica rômbica, em cristais ou finamente granulado (alabastro).
tipicamente biesfenoidais que, por causa do ângulo Incolor ou branco com brilho nacarino, no 2.º
que formam as faces de prisma vertical, quase de 90", pinacóide, e vítreo, nas restantes faces; pode ser
parecem tetragonais, Apresenta-se em finas agulhas transparente ou opaco. Opticamente biáxico positivo.
(fig. 1), em eflorescências e terroso. Mal conductor do calor. É mineral brando, sendo
possível riscá-lo com a unha.
Incolor ou branco, não é higroscópico ao contrário
de outros sais de Mg. Opticamente biáxico negativo. Forma-se a partir de sua dissolução aquosa e por
Tem esfoliação perfeita segundo o 2.° pinacóide. hidratação da anidrita com um aumento do 60 % no
volume. A temperaturas superiores aos 60º C, se
Produto de hidratação da kieserita, SO4Mg.H2O, separa gesso da dissolução e a temperaturas inferiores
nas jazidas salinas. É muito abundante nas regiões das anidrita. Acha-se em quase todas as jazidas salinas, já
estepes, cabendo citar aqui a localidade de Epsom que é produto precipitado na fase inicial da
(Inglaterra) donde deriva o nome. concentração.
MELANTERITA, SO4Fe27H2O. — Cristais Em Espanha encontra-se em quase todos os
naturais raros, a miúdo de hábito romboédrico, de cor terrenos, sendo abundante nas mangas avermelhadas
verde clara que passa a amarela por oxidação; brilho do Triásico. É inacavável a lista de localidades, sendo
vítreo, transparente a translúcido. Forma-se nas minas como a calcita e o quartzo, um mineral de difusão
sobre pirita e magnetita (fig. 2). mundial.
associado às rochas graníticas, junto com o quartzo,
SUBCLASSE CROMATOS
apatita, turmalina, fluorita, etc. Encontra-se em muitas
Minerais cujo anionte é o CrO4, de forma
minas de Bolívia em forma de finas agulhas, nas
tetraédrica semelhante à dos sulfatos; podem ser
jazidas estaníferas dos Estados Malaios, no Brasil, etc;
considerados como sais do ácido crômico.
é de caráter extraordinário a jazida de wolframita com
CROCOÍTA, CrO4Pb. —Cristais pertencentes à galena de Neudorf, no Harz. Em Espanha existe, em
holoedria monoclínica, de bela cor vermelha com tons maior ou menor proporção, em muitas localidades,
amarelentos, reunidos em drusas, formados por sendo digna de nota a zona que parte de Galiza e
agulhas ou prismas alongados com abundantes formas penetra em Portugal.
simples. Apresenta-se informe e em patinas.
Série da Scheelita
De brilho grasso semiadamantino, é translúcido,
com risco alaranjado. Opticamente biáxico positivo, Minerais cristalizados na classe paramórfica
tem birrefringência muito forte. Se esfolia bastante tetragonal, formam uma série isomorfa notável na sua
bem segundo o prisma vertical; é brando, riscando-se morfologia pelas faces de prisma é bipirâmides de
com a unha facilmente. terceira ordem que apresentam; sua estrutura (fig. 3)
tem grupos WO4 tetraédricos semelhantes ao dos
É mineral raro, que se forma devido ao encontro de
sulfatos.
dissoluções cromíferas com produtos de oxidação da
galena. Encontram-se magníficos e belos exemplares SCHEELITA, WO4Ca. — Cristais de hábito
em Congonhas do Campo e em Goiabeira (Brasil) e piramidal, quase sempre isolados, incluídos ou
em Dundas-District (Tasmânia) (fig. 1). implantados. Algumas vezes macias de complemento
que, ao serem de entrecruzamento, parecem um cristal
SUBCLASSE MOLIBDATOS E simples. Como crostas cristalinas sobre o quartzo e
WOLFRAMATOS pseudomórfico de wolframita.
Cor branca cinzenta em tons amarelo e pardo,
Nesta classe se reúnem uma série de minerais que brilho grasso, translúcido. Opticamente uniáxico
quimicamente são sais anídridros dos ácidos positivo, Esfolia-se com facilidade segundo a face de
molíbdico e wolfrâmico. Compreendem duas séries: a bipirâmide de segunda ordem; não se risca com a
da wolframita, monoclínica e formada pelos sais de unha, porém sim com um canivete.
Fe e Mn, e a da scheelita, tetragonal, com os sais de Forma-se em condições semelhantes às da
Ca e Pb. wolframita quando existe um excesso de cálcio.
Encontram-se cristais de grande peso em Natas-Mina
Série da Wolframita
e em Omaruro (África). Em Espanha é achado nas
Forma uma série isomorfa com todos os termos mesmas localizações em que a wolframita (fig. 4).
intermédios entre a ferberita, WO4Fe, e a hubnerita,
WO4Mn. termos extremos que raramente se WULFEMITA, MoO4Pb. — Cristaliza na
tetraedria tetragonal, em cristais piramidais,
encontram puros. Os minerais desta série denominam-
prismáticos curtos ou em finas pastilhas; o
se de wolframita, podendo conter quantidades de
ferro que oscilam desde 0% até 100 % e de manganês desenvolvimento de alguns cristais é tipicamente
que, inversamente, podem oscilar de 100 % a 0 %. tetraédrico com pirâmides e formas de terceira ordem.
Encontra-se-lhe em massas, crostas cristalinas e
Cristaliza, na holoedria monoclínica, em grandes pseudomórfico da galena.
cristais de hábito tabular ou prismático; macias Bela cor amarela de mel ou de cera, com brilho
freqüentes segundo o 1.º pinacóide, apresentando-se adamantino, é transparente ou translúcido; em casos
em massas e agregados radiados, a miúdo excepcionais tem uma bela cor alaranjada.
pseudomórfico de scheelita. Opticamente uniáxico negativo, com índices de
De cor parda obscura a negra e brilho metálico, refração elevados e birrefringência meia. Esfoliação
com risco pardo amarelento ou pardo obscuro, tem segundo a face de pirâmide de segunda ordem, mais
esfoliação perfeita segundo o 2.º pinacóide. Quanta brando do que a scheelita pode ser riscado facilmente
maior quantidade de Fe contém, tanto mais obscura é com a unha.
e mais opaca. Em pó fino têm se determinado as Forma-se na zona de oxidação das jazidas de
propriedades ópticas, sendo biáxido positivo, com galena, substituindo à calcita. Em Hamburg-Mine
refração elevada. Às vezes é debilmente magnético. (Arizona) encontram-se cristais tabulares muito tênues
É um minério importante de wolframio e (fig. 5).
apresenta-se universalmente
Classe VII. — FOSFATOS, ARSENIATOS Mineral muito abundante entre jazidas de origem
E VANADATOS diversa, é importante, tanto geológica como
tecnicamente devido à ser o principal portador de
Classe na que se reúnem numerosos minerais de
ácido fosfórico no reino mineral. Ocorre em duas
constituição química análoga e formas cristalinas
variedades: 1) Como apatito propriamente dito, em
semelhantes, fornecendo séries isomorfas.
formas claramente cristalizadas e agregados
Estruturalmente estão constituídos por tetraedros
cristalinos, associados à rochas eruptivas, como nos
(P, As, V)O4, ao modo dos silicatos, e contém, na sua
filões de cassiterita de Bolívia e nas pegmáticas de
maioria, água que pode aparecer como oxidrilas ou
Quebec (Canadá) (fig. 2), ou também nos minerais de
como água de cristalização, de embebição, ou
ferro, como os de Durango (México); 2) Como
simplesmente de absorção. Pouco e, relativamente, o
forforita, variedade amorfo-coloidal, criptocristalina,
que conhecemos destes minerais, existindo uma
de natureza pulverosa, formada em virtude de
grande confusão, tanto no que se refere à nomes de
processos sedimentares no seu sentido mais amplo.
espécies, como à composição e natureza dos mesmos.
Esta última variedade tem composição química muito
SUBCLASSE MINERAIS ANÍDRIDOS variável e algumas fosforitas afastam-se francamente
MONAZITA, PO4Ce. — Cristais monoclínicos de do apatito, porém, são extraordinariamente importantes
hábito tabular ou primário, que geralmente como matéria prima dos adubos fosfatados.
apresentam-se formando areias. Cor amarela clara e PIROMORFITA, (PO4)3ClPb5 — Também
parda obscura, com forte brilho resinoso. Opticamente denominado pó verde, apresenta-se em cristais
biáxico positivo. Contém até 70 % de terras raras, com prismáticos em forma de tonei. De cor, via de regra,
o 19% de tório, elemento radioativo importante como verde e brilho grasso ou semiadamantino, tem risco
matéria prima para os mecheiros de incandescência. branco. Encontra-se nos afloramentos de galena,
Este mineral é encontrado em granitos e gnaiss como devendo sua origem, em parte, ao ácido fosfórico
elemento disperso. As jazidas secundárias formadas orgânico que ataca o mineral de chumbo. Magníficos
por areias fluviais e costeiras procedentes da cristais verde-amarelentos são achados na mina de
decomposição de granitos e gnaiss são as únicas Horcajo (Ciudad Real, Espanha).
utilizáveis economicamente e cabe citar aqui as jazidas
de Antígua, Bahia, Minas Gerais e Caravellos, todas SUBCLASSE MINERAIS HIDRATADOS
elas localizadas no Brasil. Em Espanha encontra-se Grupo da Vivianita
nas areias das «Rias Galegas». Minerais monoclínicos holoédricos, formando uma
série isomorfa de fosfatos e arseniatos com 8
Grupo do Apatito
moléculas de água. Apresentam-se em cristais
Cristalizados na classe paramórfica hexagonal, os prismáticos ou aciculares, ou em agregados
minerais deste grupo constituem um exemplo claro de fibrosorradiados, fortemente pleocróicos.
série isomorfa. A vivianita, (PO4)2Fe3.8H2O, denominada também
APATITO, (PO4)3(F,CL)Ca5. Cristais de tamanho ferro azul devido à bela cor que toma em contato com
que pode variar desde os de enorme peso de New- o ar, e a eritrina, (ASO4)2CO3.8H2O, também chamada
York e Canadá, até outros que são finas agulhas. Os flores de cobalto, de bonita cor vermelha de flor de
cristais incluídos têm hábito prismático curto, rnelocotão, são os dois minerais típicos representantes
enquanto que os implantados nas fissuras dos granitos desta série.
(Alpes), são grossos e tabulares. Quando informes, em TURQUESA, ((PO4)4/(OH)8)CuAl6.5H2O).
agregados compactos, granulosos, fibrosos, etc. Apresenta-se quase sempre em forma de gel
Desde completamente incolor e transparente até arracimoreniforme, ou em diminutos cristais
turvo opaco, passando pelas colorações mais diversas, triclínicos. Geralmente opaco, às vezes turvo e
de entre as quais convém salientar a verde amarelenta, transparente reduzido a pó. De cor azul celeste, verde
fornecendo a variedade esparraguina (fig. 3), e a azulado ou verde maçã, tem brilho débil céreo e risco
verde azulada que dá a moroxita. Brilho vítreo e risco branco. É muito pleocróico. Desde muito antigo é
branco. Opticamente uniáxico negativo, com apreciado como pedra preciosa e de enfeite, tendo sido
birrefringência débil e, às vezes, pleocróico, embora extraído de Novo México pelos Aztecas, assim como
costume apresentar anomalias ópticas. da península do Sinai por todos os povos que lá
convergiram; especialmente digna de nota, pela sua
rara e excepcional beleza, é a de Nishapur (Pérsia)
denominada turquesa oriental.
Classe VIII. — SILICATOS permitido: por uma parte, compreender o mecanismo
fundamental sobre o que se baseia a sua grande
Minerais formados essencialmente por grupos homogeneidade e, ao mesmo tempo, a sua
tetraédricos SiO4, que estão unidos entre si heterogeneidade e por outra, marcar o caminho para
diretamente ou por meio de cationtes. São os uma classificação racional dos silicatos. Atualmente, e
componentes mais importantes das rochas e apesar de sua complexidade, poucos são os silicatos
constituem, com o quartzo, 95 % da parte conhecida que não podem ser identificados estruturalmente com
da crosta terrestre; é a parte mais rica cm espécies, e um dos esquemas básicos existentes.
devido à facilidade de sua investigação óptica,
constitui uma das melhor conhecidas. Fisicamente As propriedades cristaloquímicas dos minerais da
reconhecem-se com muita facilidade pela sua falta de classe devem-se, essencialmente, às especiais
cor própria, brilho não metálico, risco branco, elevado características do grupo SiO, e ao tipo de arcabouço
índice de dureza e pelo seu aspecto geral bastante que resulta de suas uniões ou junções. Sintetizando,
característico. podemos considerar todo silicato como sendo um
esqueleto de tetraedros SiO,, cheio de cationtes, em
A maioria dos silicatos os encontramos como
alguns casos, com cationtes e água, em outros; ou
constituintes das rochas eruptivas, formados a
finalmente, sem nada, como acontece no quartzo.
temperaturas e pressões elevadas, via de regra, em
amplas zonas de variação de ambas, com estruturas O enlace de Si com os O é de natureza quase que
densas e carentes de água; o quartzo, os feldspatos e totalmente covalente, apresentando-se os oxigênios
as micas, elementos fundamentais do granito, dispostos nas direções de valência do silício, ou seja,
constituem exemplo típico e latente do anteriormente nos vértices de um tetraedro de 2'6 Å de aresta em cujo
exposto. Nas condições de formação das rochas centro encontra-se este último a 1'6 Å. Esta disposição
metamórficas originam-se uma série de silicatos, coincide com a que apresentaria se o enlace fosse
alguns deles com estruturas menos densas e com inteiramente polar, já que a relação de raios Si/O
hidroxilas, como sejam as serpentinas, o talco, etc. corresponde precisamente à coordenação tetraédrica;
porém, da resistência à destruição que tem o quartzo, a
Pelo contrário, nas rochas sedimentares e devido à
presença desta configuração em 95% dos minerais da
ação do ácido carbônico que, nas condições
crosta terrestre, e das suas propriedades físico-
ambientais, destrói os silicatos, não existe formação
químicas (insolubilidade na água e nos ácidos,
destes minerais, senão que há fases de transformação
temperatura de fusão, etc), deduz-se que o tipo de
dos mesmos, de estruturas geralmente em camadas,
enlace Si-O é quase que totalmente covalente. Estes
com grande quantidade de água de constituição e
tetraedros unem-se entre si pelos vértices, de maneira
embebição. Exemplo disto o encontramos nas argilas.
semelhante ao que acontece na polimerização, para
Durante muito tempo tentou-se interpretar darem os vários tipos de estruturas de silicatos que
quimicamente os silicatos, da mesma forma como se conhecemos.
tinha feito com os sulfatos, carbonatos, etc. Idearam-se
uma série de hipotéticos ácidos silícicos que, partindo A disposição dos grupos SiO, pode se referir à
do ortossilícico, SiO4H4, pela união de n moléculas cinco esquemas gerais:
com perda de n+1 de água, fornecia os ácidos: I. Os SiO, acham-se individualmente dispostos na
metassilícico, SiO3H2, trissilícico, Si3O8H4, etc. Os estrutura, unidos entre si unicamente através de
sais destes ácidos constituíram os silicatos. Assim, a cationtes. Formam os nesossilicatos, e correspondem
olivina, SiO4 (Mg, Fe)» seria o ortossilicato com os antigos ortossilicatos. O zircão, SiO4Zr
magnésico ou ferroso, a enstatita, SiO3Mg, o constitui um exemplo deste tipo.
metassilicato magnésico, e a ortosa, Si3O8AlK, o
trissilicato alumínico potássico. A partir desta II. Unem-se dois, três, quatro ou seis SiO, pelos
interpretação, Groth ordenou estes minerais dentro de vértices fornecendo os três últimos anéis fechados, e
uma classificação eminentemente química que ainda estes complexos de tetraedros formam unidades
pode observar-se em alguns livros. individuais entrelaçadas entre si Cinicamente por
cationtes. Os oxigênios dos vértices de enlace não têm
Os estudos de Bragg, Goldschmidt, Machatshki, carga alguma, possuindo o complexo a soma de cargas
Schiebold e tantos outros sobre a estrutura destes dos oxigênios dos vértices restantes.
minerais têm
Denominam-se sorossilicatos, sendo exemplo deles a anéis de três SiO4 e o berilo, Si6O18Al2Be3, com anéis
benitoita, Si3O9BaTi, com de seis SiO4.

III. Os grupos SiO4 unem-se dando cadeias simples enquanto os dois restantes ficam com uma carga cada
ou duplas que correm ao longo de todo o mineral, um; nos segundos, duas cadeias simples se unem entre
unidas umas com as outras unicamente por cationtes. si formando uma dupla. O esquema primeiro é
São os inossilicatos. Nos primeiros, dois oxigênios de característico dos piroxênios, enquanto que o segundo
cada tetraedro servem como união deles na cadeia, é apresentado pelos anfibólios.
sendo inertes,

IV. Unindo três vértices de cada tetraedro com os modo que fiquem fortemente entrelaçadas formando
vértices dos vizinhos se forma uma camada de SiO4, um estrato, os quais unem-se, por sua vez, por outros
dando como resultado os inossilicatos. Na forma mais cationtes, como ocorre na mica, ou simplesmente por
simples de enlace deste tipo produz-se uma rede plana moléculas de água, como observamos nos minerais da
hexagonal de SiO4; duas destas camadas podem unir- argila. As camadas podem adotar configuração
se entre si por meio de cationtes de tetragonal, como podemos comprovar na apofilita.

V. Os tetraedros de SiO4 se unem entre si formando livres, e ficando pontos débeis por onde se produz a
um arcabouço tridimensional que pode ou não ter ruptura inicial da rede quando o mineral se destrói e
valências livres. Formam os tectossilicatos. O quartzo decompõe.
é estrutura deste tipo de valências, enquanto que os
feldspatos têm cargas repartidas em sua estrutura
devido à substituição do Si por Al em alguns
tetraedros.
Como final, indicaremos que, em algumas
estruturas, o Si está parcialmente substituído por Al,
deixando cargas
SUBCLASSE TECTOSSILICATOS natureza das faces trapezóides.
Mineral duro e frágil, é piezoelétrico, fenômeno que
Grupo do Quartzo
somente apresentam os cristais não centralizados, por
Incluem-se neste grupo as diferentes modificações cujo motivo tem grande importância técnica no ultra-
do anidrido silícico, tanto as polimorfas cristalinas som. Quimicamente é SiO2 puro, algumas vezes com
como as amorfas. Na Natureza existem quatro formas pequeníssimas quantidades de impurezas que lhe
de SiO4: quartzo- tridimita-, cristobalita-e o gel de comunicam a cor; somente é atacado pelo FH e por
sílex. As três primeiras: quartzo, tridimita- e a meio da fusão com KOH.
cristobalita-, são formas polimorfas de temperatura
superior, inestáveis nas condições ambientais. É o mineral mais abundante e freqüente da crosta
terrestre; elemento fundamental das rochas eruptivas,
QUARTZO, SiO2. — Cristais enantiomórficos sedimentares e metamórficas, forma também a ganga
romboédricos, de conformação variada segundo o tipo da maioria de filões, o denominado quartzo filoniano.
de jazida. O quartzo comum apresenta-se em cristais Entre as variedades criptocristalinas do quartzo
de hábito prismático hexagonal, com dois romboedros devem ser citadas a Calcedônia (fig. 6), agregados
de igual desenvolvimento que se parecem com uma duros e homogêneos com estrutura fibrosa
pirâmide hexagonal (jacinto de Compostela) (fig. 1), microscópica, translúcido, freqüentemente com belas
enquanto que as variedades de cristal de rocha (fig. 2) colorações que, quando reveste vazios amigdalóides
e quartzo defumado (fig. 3), por exemplo, os cristais de recebe o nome de ágata; o ônix e a carnéola (coralina),
quartzo de São Gottard, são ricos em facetas de hábito esta última de cor vermelha sangue, emprega-se em
claramente romboédrico, com faces de trapezoedro joalheria. O jaspe (fig. 7) é Calcedônia opaca,
trigonal, direito ou esquerdo, e que comunicam ao intensamente colorida; quando tem cor verde com
cristal o seu caráter dextrógiro ou levógiro. manchas vermelhas muito intensas forma o
A maioria dos cristais de quartzo são macias de heliotrópio. Finalmente, a variedade mais abundante
complemento de sutura irregular e de compenetração em Espanha é a pederneira ou sílex.
íntima, de modo que parecem cristais simples e
somente podem ser reconhecidos pelas faces de OPALA, SiO2+água (1 a 21%).— Hidrogel de anidrido
trapezoedros ou por meios físicos (piezoeletricidade, silícico, apresenta-se em massas reniformes, em
atividade óptica, etc). Os cristais se unem nestas pseudomorfose e como fossilizante. Tem fratura
macias segundo quatro leis importantes que são: notavelmente concóide, brilho vítreo e pode ser
transparente ou translúcido. Origina-se na
I. Lei do Delfinado: a macia tem atividade óptica decomposição térmica dos silicatos. Existem diversas
e apresenta-se nos quartzos alpinos, em Zinkenslock, variedades: opala nobre (fig. 8), cor cinzenta azulada a
maciço de Aare (Suíça). branca do leite e muito apreciada em joalheria; opala
II. Lei do Brasil: o conjunto tem o centro de comum, em massas de aspecto opalino típico; opala
simetria e não tem atividade óptica. É macia típica do prasia, de bonita cor verde; etc.
quartzo ametista (fig. 4) que encontra-se no Brasil e
cujos exemplares são muito apreciados em joalheria.
Variedades polimorfos do SiO2
III. Em alguns cristais observa-se a existência
simultânea das duas leis descritas anteriormente. O SiO2 cristaliza como quartzo abaixo de 870ºC.; como
tridimita entre os 870º e os 1470ºC; e como cristobalita,
IV. Lei do Japão on da Gardeta (figura 5);
a partir desta temperatura. As duas últimas fases são
apresenta-se com freqüência nos quartzos japoneses.
metais estáveis nas condições ambientais, encontrando-
Muitos quartzos alpinos encontram-se en forma de se exemplares naturais das mesmas. Distinguem-se na
agregado uniplanar, fornecendo os quartzos disposição dos SiO4 unidos pelos vérti ces (fig. 9),
helicoidais, em que dois cristais com os eixos ternários dando esquemas diversos para cada mineral; o quartzo
girados um certo ângulo, unem-se pela face de prisma, é romboédrico; a tridimita hexagonal; e a cristobalita,
tomando aspecto helicoidal. cúbica. Isto explica que sejam metais estáveis já que
Apresenta-se em grupos e drusas, principalmente para passar de uma fase a outra é necessária a ruptura
nos geodes alpinos, em magníficos cristais, ou bem do enlace entre tetraedros, e estes enlaces são muito
como elemento fundamental das rochas ácidas fortes (resistência do quartzo à erosão). Além destas
(granito, pegmatito, etc). É incolor e completamente fases, cada uma delas têm formas de alta e baixa
transparente, embora possa oferecer variadíssimas temperatura, perfeitamente reversíveis com pontos de
colorações e tornar-se translúcido e mesmo opaco inversão a 574º, 140º e 240º C. Isto obedeceria a um
(quartzo leitoso). Brilho vítreo. O quartzo rosado não movimento dos tetraedros (fig. 10) que não implica na
apresenta faces cristalinas e provém dos pegmatitos ruptura dos enlaces tetraedro-tetraedro, o que vem
(Brasil, Bolívia, etc). explicar, por outro lado, a reversibilidade do fenômeno.

Opticamente é uniáxico com birrefringência débil e


positiva. Tem a propriedade de girar o plano de
vibração da luz polarizada (polarização rotatória),
quando o raio luminoso segue a direção do eixo de
simetria que é eixo óptico do cristal (vide lâmina A/8);
este giro realiza-se para a direita ou para a esquerda
(cristais dextrógiros e levógiros) coincidindo com a
Grupo Feldspatos II. Adularia: silicato alumínico potássico muito
puro, de origem hidrotermal, de aspecto vítreo, claro e
Conjunto de minerais estreitamente relacionados transparente ou translúcido; muito freqüente e carac
pela sua morfologia e pelas suas propriedades físicas, terístico das fendas alpinas (fig. 5).
cristalizados nas singonias monoclínica ou triclínica,
formando dois subgrupos: a série dos feldspatos III. Sanidina: existente em rochas vulcânicas
monoclínicos e a série dos feldspatos triclínicos. jovens como cristais inclusos; contém grande
Todos eles possuem esfoliação perfeita segundo o 2.º quantidade de Na que não se separa por causa do
e 3.º pinacóides, que formam entre si um ângulo de rápido esfriamento; aspecto vítreo, claro e
90", nos de simetria monoclínica e de 86", nos de transparente.
simetria triclínica.
Série dos Feldspatos triclínicos
Os feldspatos têm o mesmo esquema estrutural. Os minerais desta série são: microclina,
Quatro tetraedros de SiO4 unem-se formando um anel plagioclásios e anortoclasita. Não formam séries
que, por sua vez, se enlaça com outros formando uma isomorfas entre si, porém cada um deles, exceto a
cadeia (fig. 1) que corre paralela ao primeiro eixo microclina são séries isomorfas com grande número
cristalográfico e que é paralela aos pinacóides 2." e de termos intermédios. As anortoclasitas são
3.", o que vem explicar a sua esfoliação. Por sua vez, feldspatos sodicopotássicos estáveis somente a
estas cadeias se unem entre si por meio dos oxigênios temperaturas elevadas e encontram-se em algumas
marcados A e B (figuras 2 e 3), ficando os cationtes rochas vulcânicas.
nos interstícios, porém em posições mais ou menos
fixas. Nos feldspatos triclínicos os cationes Na e Ca MICROCLINA, Si2AlO8K. — Forma triclínica de
são mais pequenos do que nos monoclínicos K e Ba, o feldspato potássico, apresenta estreita relação
que motiva uma distorção do esquema estrutural morfológica com a ortosia da que é muito difícil de se
descrito, sendo esta a causa do triclinismo (fig. 3). distinguir. Via de regra, os cristais acham-se
constituídos por um entrecruzamento de finíssimas
Na estrutura destes minerais, uma parte do Si pode
lâminas unidas segundo a lei da albita e da periclina,
estar substituída por Al.
fornecendo uma macia polissintética que, ao ser
observada através da luz polarizada, apresenta uma
Série dos Feldspatos monoclínicos
estrutura reticular característica. É muito notável uma
ORTOSIA Si3AlO8K. — Cristais incluídos ou variedade de microclina de cor verde intensa: a
implantados e de proporções muito variadas; os amazonita (fig. 8).
ângulos entre faces variam algo por efeito das
misturas isomorfas. Hábito diverso, muito grosso e PLAGIOCLÁSIOS. — Série isomorfa cujos
tabular ou prismático nos cristais inclusos; muito termos extremos são a albita, Si3AlO8Na (fig. 9) e a
ricos em facetas, os implantados nas drusas e fendas anortita, Si2Al2O8Ca, e cujas propriedades
do granito, e grosseiramente romboédricos, na geométricas e físicas variam continuamente entre as
adulária. destes minerais. Os termos intermédios têm recebido
Macias de entrecruzamento muito freqüentes, com diversos nomes, segundo a proporção de albita e
os indivíduos compenetrados parcialmente (fig. 4), anortita, indicando-se esta proporção por ab5an5, que é
denominadas de Carlsbad; de Manebach (fig. 6); e a andesita. Apresentam-se sempre em macias
macias de justaposição de Baveno (fig. 7). polissintéticas, segundo a lei da albita em que as
finíssimas lâminas se unem pelo 2.º pinacóide, ou
De incolor e transparente como a água a branco
segundo a da periclina em que o eixo de macia é o
turvo e completamente opaco. A temperaturas
segundo eixo cristalográfico; estas podem, por sua
elevadas é miscível em todas proporções com a albita,
vez, maclar-se com algumas das leis da ortosia,
porém, ao esfriar-se lentamente a mistura é instável e
fornecendo macias múltiplas.
produz-se a separação das duas fases denominada
demistura pertítica, que consiste na formação de Minerais incoloros ou brancos, freqüentemente
cordões de corpúsculos de albita dentro do cristal de acinzentados verdosos, com brilho vítreo; a
ortosia. Neste caso, os cristais são brancos, labradorita apresenta reflexos tornasolados
amarelentos ou de cor de carne e opacos. (labradorização). É típica de alguns plagioclásios a
Opticamente biáxico negativo, com refringência e estrutura zonal de seus grãos.
birrefringência débeis, as constantes deste mineral
variam dentro de certos limites segundo a composição Os termos da série podem ser identificados pelas
química. suas propriedades ópticas, principalmente pelo ângulo
Entre as principais variedades da ortosia ou de extinção, índices de refração, posição do elipsóide
ortoclasita podemos citar: óptico e largura das lâminas da macia polissintética. O
estudo óptico dos plagioclásios das rochas se efetua
I. Feldspato comum: cor avermelha da a branca,
com exatidão por intermédio da platina de Fedorow.
opaco exceto em lâminas muito finas, é a variedade
mais freqüentemente encontrada, achando-se
magníficos cristais com a macia de Carlsbad em
Zarzalejo (Madrid).
Grupo Nefelino O lápis-lazúli (fig. 4), empregado como pedra de
Minerais cuja estrutura pode ser considerada como ornamentação desde a antigüidade, possui uma
derivada da -tridimita substituindo-se belíssima cor azul obscura intensa, não uniforme;
aproximadamente a metade de Si por Al, e entrando translúcido em camadas delgadas, apresenta-se em
nela iontes de sódio para equilibrar a carga da agregados de grãos pequenos ou muito finos. Mineral
estrutura. de contacto, intimamente ligado às caliças, encontra-
A nefelina, SiAlO4Na, cristaliza na tetartoedria se-lhe em Badakschan (Afeganistão) e,
hexagonal em prismas curtos associados ao pinacóide esporadicamente, no Chile.
básico, constituindo o grupo de maior importância.
Quase sempre de cor branca, apresenta-se também Grupo das Ceolitas
incolor e transparente, com brilho vítreo; nas fraturas
tem brilho grasso intenso característico. Opticamente Minerais com estruturas formadas por um
uniáxico negativo com refração e birefringência arcabouço tridimensional de tetraedros (Si,Al)O4, com
débeis. Mineral petrográfico de grande importância, amplos canais que percorrem todo o cristal e onde
contém uma quantidade variável de K que produz alojam-se moléculas de água e cationtes ou aniontes.
fenômenos de demistura similares aos dos feldspatos, Caracterizam-se pelo seu conteúdo variável de água, o
dando cristais turvos e coloridos, denominados qual ao aquecer o cristal desaparece sem que este varie
eleolita. em absoluto de forma, e que colocado ou exposto a
uma atmosfera úmida recupera, dependendo a
Grupo Leucita quantidade de água que absorve da tensão de vapor
desta última. No cristal desidratado, o lugar da água
Podem considerar-se derivados da cristobalita pelo pode ser ocupado por moléculas neutras (NH3, Co2,
mesmo fenômeno que o tratado no grupo anterior. álcool, etc). Uma outra característica é a facilidade
São dimorfos com uma forma cúbica de temperatura com que intercambiam os iontes ou aniontes; é
alta e uma outra forma rôrnbica de baixa temperatura. suficiente colocar uma ceolita bárica, a edingtonita,
A leucita, Si2AlO6K, apresenta-se em cristais em contato com dissoluções que contenham iontes K,
incluídos, isolados, com formas geométricas perfeitas Ag, Na, etc, para que estes substituam o Ba, enquanto
de trapezoedro regular (fig. 2), integradas por que este último passa, parte, à dissolução, sem que
finíssimas lâminas macladas segundo a face do durante o fenômeno se observe o menor câmbio
rombododecaedro em macia polissintética que afeta morfológico no cristal. Isto se deve à que os canais
todo o cristal. Estas lâminas são rômbicas, porém ao onde se acham os cationtes ou aniontes são
submeter o cristal a uma temperatura de 600" C. suficientemente amplos para permitirem a livre
homogenizam-se e o cristal torna-se isótropo; ao cair circulação destes últimos, e ao mesmo tempo, a
a temperatura reproduz-se o fenômeno. Branco com estrutura tridimensional de tetraedros é o
tonalidades acinzentadas e brilho vítreo, é translúcido, suficientemente rígida para não sofrer modificação
sendo muito raros os cristais transparentes. Refração e alguma durante o câmbio.
birrefringência débeis; é biáxico positivo, formando
parte das rochas vulcânicas como elemento Podemos sub-agrupar as ceolitas em: 1) Ceolitas
constitutivo (basaltos leucíticos). cúbicas ou pseudocúbicas, com edifício ou estrutura
tridimensional na que existem anéis de quatro e seis
Grupo da Sodalita (Ultramarinas) tetraedros alternativamente, semelhante aos das
ultramarinas, como, por exemplo, a analema,
A estrutura destes minerais baseia-se no arcabouço Si2AlO6Na.H2O, cúbica (fig. 5) e a chabasita,
tridimensional de tetraedros (Si,Al)O4, tal e como se Si4Al2O12(Ca,Na2).6H2O (fig. 6), romboédrica; 2)
observa na lâmina E/l, com grupos Cl, SO4, S ou S2 Ceolitas fibrosas, com cadeias de tetraedros unidas
que dispõem-se nos vértices e centros das faces da lateralmente entre si a intervalos irregulares e pouco
cela fundamental (fig. 3); cada grupo encontra-se freqüentes (fig. 7 e 8), como a natrolina,
rodeado por quatro oxigênios em disposição Si3Al2O10Na2.2H2O ; 3) Ceolitas foliadas ou
tetraédrica. As faces negativas neutralizam-se por Na laminares, formadas provavelmente por camadas de
ou Ca, que estão tangentes a três oxigênios do tetraedros unidas entre si debilmente e todavia, em
arcabouço e a um grupo negativo. Os termos alguns casos, estas uniões verificam-se através de
principais são: sodalita, Si6Al6O24Na8Cl2, haüynita, moléculas de água ou de cationtes, como a heulandita,
Si6Al6O24(Na,Ca)4 - 8 (SO4)4 - 2 e lápis-lazúli ou Si7Al2O18 Ca. 6H2O.
lazurita, Si6Al6O24Na8S.
SUBCLASSE FILOSSILICATOS cristais de hábito romboédrico, cor verde azulada,
brilho nacarino e forte pleocroísmo. Encontra-se-lhe,
Nesta classe se reúnem um grande número de
principalmente, nas piçarras cloríticas.
minerais com uma propriedade comum derivada da
presença de camadas de tetraedros SiO4, em sua Os minerais agrupados sob a denominação de
estrutura: todas possuem esfoliação perfeita segundo o «minerais da argila», estudam-se na lâmina seguinte.
pinacóide básico. Como já se indicou na lâmina E/l, a Finalmente, as serpentinas, Si2O9Mg3H4, formam
disposição dos tetraedros nas camadas pode ser um grupo heterogêneo no qual as camadas de SiO4
tetragonal, como ocorre com a apofilita (fig. 1), ou podem ficar reduzidas a estreitas faixas
bem hexagonal, mais apropriadamente proporcionando minerais fibrosos como seja o
pseudohexagonal, como acontece nas micas e na crisotilo (figura 8) muito próximo aos anfibólios e de
maioria dos filossilicatos. grande importância técnica, ou bem se manterem
como na antigorita, denominada também de
Filossilicatos com camadas hexaganais «serpentina foliada».

A base estrutural destes minerais são as camadas de Grupo das Micas


SiO4, em disposição hexagonal, permanecendo em
cada um dos tetraedros um oxigênio livre, e dirigidos Formam um conjunto de minerais com uma série
todos eles no mesmo sentido (fig. 2). Estas camadas de propriedades comuns. Todos eles têm simetria
unem-se entre si, de diferentes maneiras, por meio de monoclínica, com hábito pseudohexagonal tabular, e
cationtes, fornecendo os tipos estruturais destes apresentam um curioso polimorfismo estrutural
minerais. devido à ordenação dos estratos em sua estrutura.
No talco, Si8O20(OH),Mg6, duas camadas de Estes estratos são monoclínicos de por si, associados
tetraedros se enlaçam através de ioetes de magnésio, de modo que o conjunto é, por sua vez, monoclínico.
de modo que cada Mg coordena com os dois Se dois destes estratos se unem de maneira que
oxigênios livres de cada camada e com dois grupos estejam virados num ângulo de 180", o efeito é corno
OH (fig. 3). O mineral é monoclínico, apresentando-se se houvessem maclado dois cristais monoclínicos,
em agregados escamosos, a esteatita, cuja esfoliação fornecendo simetria rômbica; se são três ou seis os
oferece escamas finíssimas e de brilho nacarado e que se unem com giros de 120" ou de 60", o conjunto
muito flexíveis. Em Espanha são numerosas as adquire simetria ternária ou senária, respectivamente.
pedreiras (canteiras) em exploração, radicando a A especial estrutura destes minerais nos permite
maioria na Catalunha (fig. 4). interpretar a sua composição química, ponto difícil no
Quando os Si dos tetraedros acham-se parcialmente estudo das micas. Sob este esquema produzem-se uma
substituídos por Al, os estratos anteriores não ficam série de substituições isomorfas, cujos principais
equilibrados eletricamente, senão que estão termos são: os ricos em K e Al, de grande importância
carregados negativamente, se unindo entre si por meio petrográfica, reunidos da família da moscovita, e
de cationtes alcalinos ou alcalinoterrosos, aqueles que possuem Mg ou Fe, e que formam a
principalmente K e Ca (figura 5). O edifício continua família da biotita ou micas negras. Todos eles são
oferecendo esfoliação fácil paralela à os estratos, biáxicos negativos, sendo suas folhas de esfoliação,
porém a sua rigidez é muito maior. É a estrutura das excelente material para observar as figuras de
micas, entre elas a moscovita, Si6Al2O20(OH)4Al4K2 e interferência.
a biotita, Si6Al2O20 (OH)4. (Mg, Fe)6K2. MOSCOVITA, Si6Al2O20(OH,F)4Al2K2. —
As cloritas, minerais muito parecidos às micas, Cristais monoclínicos, de hábito tabular e de contorno
acham-se formadas por estratos iguais aos do talco, hexagonal. Apresenta-se em agregados foliáceos,
com camadas de brucita e de hidrargilita intercaladas escamosos ou compactos, estcs últimos com aspecto
(fig. 6). Sua composição química é de esteatita, denominando-se sericita. Incolor ou com
extraordinariamente variável, formando-se às tonalidades diversas, porém nunca obscuras,
expensas das micas a temperaturas baixas. Podemos transparente a translúcido, de brilho nacarado e suave.
distinguir as ortocloritas e as leptocloritas; estas É muito freqüente, embora não tanto como a biotita
últimas sempre em agregados compactos, desprendem (fig. 9).
água a pouca temperatura. BIOTITA, Si6Al2O20(OH)4(Mg,Fe)6K2. — Muito
Entre as primeiras, citaremos a penni-na, semelhante à anterior, diferencia-se dela pelas suas
Si6Al2O20(OH)l6Mg10Al2 (fig. 7), com cores sempre obscuras e mesmo negras. Tem
birrefringência forte e pleocroísmo muito elevado que
vai desde uma tonalidade pálida até quase resultar
opaca. É a mais abundante de todas as micas, sendo
elemento essencial dos granitos junto com a ortosia e
o quartzo e dos gneisses e micacitas. Altera-se com
muita mais facilidade do que a moscovita, motivo pelo
qual não é freqüente nos sedimentos.
Minerais da Argila Grupo da Haloisita
Conjunto de silicatos alumínicos hidratados, alguns A estrutura da haloisita está formada por estratos
deles com magnésio ou ferro substituindo o alumínio, similares aos que tem a da caulinita, existindo entre
inteira ou parcialmente, e com metais alcalinos ou eles uma quantidade variável de moléculas que
alealinoterrosos, como constituintes essenciais em correspondem aproximadamente à fórmula
alguns casos. Sempre em particular muito finos, Si4O10(OH)8Al4.4H2O, quando o mineral está
formam a fração argilosa dos terrenos e são os completamente hidratado.
componentes das jazidas argilosas, bentonitas, A haloisita desidrata-se a temperaturas
vermiculitas industriais, etc. Todos eles pertencem aos relativamente baixas, perdendo toda a água de
filossilicatos, agrupando-se de acordo com o tipo de maneira irreversível e passando a metahaloisita, de
estratos e o modo de se unirem estes na estrutura. estrutura similar à caulinita. Os cristais são de aspecto
Suas propriedades estão ligadas ao esquema estrutural tubular (fig. 6), cedendo e absorvendo facilmente
de cada grupo. água, enquanto não cheguem à desidratação
completa. Forma parte de algumas jazidas de bauxitas
Grupo do Caulim impurificando a hidrargilita.
Minerais cuja estrutura está integrada por estratos
formados por uma camada de tetraedros SiO4, e uma
outra de octaedros AlO6, de maneira que os oxigênios Grupo da Montmorillonita
livres da primeira formam parte da segunda ocupando Estes minerais, que somente existem formando
dois vértices de cada octaedro e existindo nos outros partículas extremamente pequenas, acham-se
vértices grupos OH (fig. 1). Os estratos não permitem formados por estratos de duas camadas de tetraedros
com facilidade a entrada de cationtes, nem de SiO4, unidas por Al, de modo que cada alumínio
moléculas de água entre eles, estando enlaçados por coordena com dois oxigênios libres de cada camada e
pontes hidrogênio, motivo pelo qual a capacidade de com dois grupos OH (figura 7). Entre os estratos
mudança da caulinita é muito reduzida. situam-se cationtes e moléculas de água, podendo
Cristalizam na singonia monoclínica, em massas separar-se ou aproximar-se de maneira reversível, ao
terrosas, soltas ou compactas, formadas por escamas aumentar ou diminuir, tanto a quantidade de
pequeníssimas, de contorno pseudohexagonal. cationtes, como o seu tamanho, ou bem a quantidade
Existem três espécies minerais que se distinguem, de água absorvida.
sobretudo, pelas suas diferentes condições de Apresenta-se em massas suaves, escorregadiças, e
formação: caulinita, Si4O10(OH)8Al4 (figs. 2 e 3), que incham-se com a água, porém não chegam a
formada a temperatura ambiente por meteorização de serem plásticas, a diferença da caulinita. O seu nome
feldspatos, e principal componente dos caulins de provém das jazidas deste mineral existentes em
importância técnica; dickita (fig. 4) de igual Montmorillon, em Vienne (França).
composição que o anterior e formado em condições
hidrotermais; e nacrita, originado a temperaturas
superiores. Grupo da Ilita
O caulim ou terra de porcelana é uma mistura
Minerais que podem ser incluídos no grupo das
destes minerais com alofana, fornecendo massas
micas, delas se diferenciando por se apresentarem
incoerentes, de aspecto terroso, plásticos quando se
sempre em partículas muito reduzidas e não tão bem
lhes agrega água, que se formam em quantidades
cristalizadas (fig. 8). A sua estrutura é muito
exploráveis às expensas de rochas ricas em feldspatos
semelhante à da moscovita.
(fig. 5). As jazidas de caulim não são freqüentes e
onde se encontram têm surgido centros cerâmicos de
fama mundial; a China, com seus famosos depósitos Grupo da Vermiculita
da província de Kiangsi é o primeiro pais produtor. Os
Denominam-se vermiculitas os minerais
depósitos de Cornualles e Devon (Inglaterra), os
procedentes, por perda de álcalis e enriquecimento de
caulins franceses com os quais produzem-se as
água, de micas das mais variadas espécies. Todas elas
porcelanas de Limoges e Sévres, os alemães, etc,
têm a propriedade de folhar-se e curvar-se em forma
proporcionam o material para as indústrias cerâmicas
de verme pela calor (fig. 9). As vermiculitas assim
e as do papel.
expansionadas empregam-se como isolante do frio e
da calor nas modernas construções e têm grande
aplicação como substratos em cultivos agrícolas
artificiais.
SUBCLASSE INOSILICATOS delgadas. Biáxico positivo ou negativo, tem
Acha-se integrada por um conjunto bem definido pleocroismo débil, porém perfeitamente perceptível e
de minerais que, apesar de variar amplamente em forte dispersão nas extinções (fig. 4).
composição química, guardam relações muito A proporção de Al2O3 oscila entre 4 e 12 por 100, e
concretas em suas propriedades ópticas, morfológicas a de Fe2O3, entre 4 e 16 por 100. Mineral muito
e em sua esfoliação. difundido e comum, é elemento essencial de muitas
A estrutura destes minerais contém infinitas cadeias rochas, magmáticas, especialmente nas vulcânicas
de tetraedros SiO4, unidos entre si pelos vértices, básicas.
permanecendo os oxigênios de cada tetraedro livres Série dos Piroxênios rômbicos
para enlaçarem com cationtes. As cadeias podem ser Com somente cationtes de raio pequeno, podem ser
simples ou duplas (vide lâmina E/l), sendo esta a considerados como termos da série isomorfa
diferença essencial entre os dois grupos de minerais SiO3Mg-SiO3Fe. A sua estrutura é quase idêntica à do
desta subclasse: piroxênios e anfibólios. As cadeias diopsídio (fig. 5). As propriedades ópticas variam com
dispõem-se paralelamente ao terceiro eixo a relação Mg/Fe, sendo biáxicos positivos e pouco
cristalográfico, ficando unidas entre si por cationtes; pleocróicos, os pobres em Fe, e negativos e com
isto determina o aparecimento de uma esfoliação pleocroismo forte, os ricos em Fe. Têm extinção reta e
perfeita segundo as faces do prisma vertical, cujas birrefrigência débil. Cor verde clara a negra de piche,
linhas de cruzeiro formam ângulos distintos em ambos com brilho vítreo. Os componentes mais importantes
os grupos, devido à diferente largura em ambas as são; enstatito, SiO3Mg (fig. 6), bronzita, SiO3(Mg,Fe)
cadeias (fig. 1); este ângulo é de 87", nos piroxênios) e o hiperstênio, SiO3 (Fe,Mg).
e de 124", nos anfibólios, observando-se
perfeitamente no pinacóide básico ou uma seção Grupo dos Anfibólios (Antibólios)
paralela a ele. Similarmente aos piroxênios, cristalizam nas
singonias monoclínica e rômbica, dando as séries de
Grupo dos Piroxênios
anfibólios monoclínicos e rômbicos. Não
Minerais petrograficamente muito importantes, correspondem pela sua fórmula química a
cristalizados nas singonias monoclínica e rômbica, em metassilicatos, contendo em sua molécula grupos
formas mui similares, constituindo as séries dos hidroxilas, expressando-se (Si,Al)8O22X2Y5 (OH,F)2,
piroxênios monoclínicos e dos piroxênios rômbicos. com Y = Mg, Fe, Al, Mn, e X = Ca, Na, K.
Todos eles possuem refração bastante elevada,
birrefringência mediana e pleocroismo quase sempre Série dos Anfibólios monoclínicos
débil. Distinguem-se dos piroxênios, essencialmente, no
Série dos Piroxênios monoclínicos intenso pleocroismo, no ângulo das linhas de
esfoliação e na extinção que forma um ângulo
Contém dois grupos de cationtes de raio algo
pequeno com o eixo vertical.
diferente, pelo que formulam-se Si2O6XY com Y= Ca,
Mn, Na, K, e X = Mg, Fe, Al. ACTIONITA. — Mineral característico das
piçarras cristalinas, apresenta-se em cristais
DIOPSÍDIO, Si2O6MgCa. — Cristais prismáticos,
prismáticos alongados, com o prisma vertical bem
com predomínio do 1" e 2" pinacóides, dando uma
desenvolvido. Podemos distinguir duas variedades: a
seção reta quase quadrada; macias polissintéticas
tremolita, Si8O22Ca2Mg5(OH)2, cuja estrutura (fig. 7)
segundo o 1." pinacóide. Também se apresenta em
demostra a semelhança com o diopsídio; é de cor
agregados granulosos e fragmentos informes. Via de
branca acinzentada ou verde muito clara, facilmente
regra, de cor verde a verde escura, às vezes incolor,
confundível com a wollastonita, apresentando-se em
amarela ou cinzenta. Brilho vítreo e transparente ou
agregados radiados; uma outra variedade é a
translúcido. Biáxico positivo, apresenta dispersão nas
actinolita, com grandes quantidades de FeO, de cor
extinções.
verde obscura, em cristais prismáticos alongados
AUGITA, Si2O6MgCa, com Al2O3 e Fe2O3. Cristais incluídos. Por sua vez, a actinolita tem uma variedade
incluídos ou implantados, de hábito diverso segundo a denominada amianto, de grande interesse industrial, e
temperatura de formação, geralmente prismáticos que se apresenta em agregados fibrosos, de estrias
curtos e de contorno octagonal. Agregados muito flexíveis; algumas vezes, os agregados tornam-
granulosos, ou informe e disseminado. Cor negra de se compactos, perdendo a sua flexibilidade e
piche a negra esverdeada e mesmo verde de alho- constituindo o couro de montanha.
porro, dependendo a tonalidade da quantidade de ferro
que contém. Risco verde acinzentado. Opaco, porém,
translúcido em lâminas
HORBLENDA, Si8O22Ca2Mg5(OH)2, com Al2O3 e Creus, Salamanca, Tibidabo, etc. As variedades se
Fe2O3. Cristais de contorno hexagonal devido à distinguem umas das outras pela sua cor: acroita,
existência do prima vertical e o 2." pinacóide, com incolor; rubelita. vermelha (fig. 2); indigolita, azul,
poucas faces, de hábito prismático curto, e terminados etc.
por três faces que lhe dão aspecto de romboedro. Grupo do Berilo
Macias segundo o 1." pinacóide. Em agregados
O berilo, Si6O18Al2Be3, é um sorossilicato com
fibrosos, muito raro granulosos. Cor negra a negra
anéis de seis tetraedros sobrepostos em direção
esverdeada, com risco verde. Brilho vítreo. Forte
vertical de modo a formarem um cilindro com eixo
pleocroísmo e extinção, formando ângulo algo maior,
senário; os anéis acham-se unidos entre si, vertical e
com o eixo vertical, do que o da actinota; biáxico
lateralmente, por átomos de Al e Be, em coordenação
negativo, via de regra.
senária e quaternária, respectivamente. A estrutura
Mineral muito difundido e comum, é elemento
possui canais verticais onde podem ficar retidos iontes
essencial e acessório de muitas rochas eruptivas,
estranhos.
encontrando-se-lhe também nas piçarras cristalinas,
Cristais holoédricos hexagonais, incluídos ou
principalmente nas anfibolitas.
implantados, de hábito prismático, que podem ser de
SUBCLASSE SOROSILICATOS tamanho enorme. Macias muito raras. Esfoliação
Grupo da Turmalina perfeita segundo o pinacóide básico; frágil. Cor
Minerais de fórmula complicada, com grande branca com matiz esverdeado a diversas tonalidades
variação na sua composição química, formando uma de verde, amarelento, azulado, etc; transparente como
série isomorfa com todos os termos de trânsito; o seu a água a turvo e opaco. Brilho vítreo. Opticamente
aspecto geral e propriedades físicas variam uniáxico negativo, com refração e birrefringência
marcadamente com a composição química e a jazida. médias, costuma apresentar anomalias ópticas devido
Podem referir-se à fórmula aproximada (Si6O27B3) à tensões.
(OH,F)4 XY.Y8 na que X representa cationtes grandes É o mais freqüente dos minerais de berilo,
e o Y cationtes medianos. formando-se nos pegmatitos, ou por ação hidrotermal,
Cristalizam na hemiedria hemimórfica como as esmeraldas colombianas. Devemos distinguir
romboédrica, com hábito prismático devido à duas variedades: o berilo nobre e o berilo comum.
existência de um ou de mais prismas trigonais, que a O primeiro, transparente e de belas colorações,
miúdo apresentam curvaturas e estriação, coroados constitui uma das pedras preciosas mais estimadas; a
por pirâmides trigonais. Algumas vezes adquirem esmeralda, de cor verde intensa, sendo especialmente
aspecto romboédrico ao desenvolver-se as faces de belas as da mina Muzo (Colômbia); a água-marinha,
pirâmide numa e noutra extremidade do cristal de cor amarela, verde-mar e azul, sendo famosas as
(turmalina parda de Gouverneur, New York). Muito encontradas em Minas Gerais (Brasil) (fig. 5), com
raro, cristalizam em macias. Não tem esfoliação. exemplares de 48 cm. de longitude e 110 kg. de peso;
As variedades férricas são negras, apresentando as a morganita, de cor rosada, etc.
restantes as cores mais diversas, alguma vez com
coloração zonal. Pleocroísmo muito forte, absorvendo Grupo da Vesubiana
o raio ordinário totalmente, motivo pelo qual A vesubiana ou idocrasa Si9O34(OH)4
empregam-se como instrumento para polarizar a luz. (Mg,Fe)2Al4Ca10, possui uma estrutura estreitamente
O seu hemimorfismo é patente nas propriedades relacionada com a das granadas, de grande
físicas, sendo fortemente piroelétricas. complexidade com grupos Si2O7 e SiO4 independentes
Mineral tipicamente de contacto, de formação e que enlaçam-se através do Mg e do Fe em
neumatolítica, presença de boro, acha-se ligado às coordenação octaédrica.
rochas profundas e filonianas, especialmente com o Cristaliza na holoedria tetragonal, em prismas
granito. Atualmente tem se demonstrado que o B pode curtos de magnífico desenvolvimento, ou em
provir das rochas sedimentares. Abundante em agregados granulosos: a colofonita de Arendal. Cor
paragênesis com quartzo nos pegmatitos. É parda e verde de várias tonalidades, a miúdo com cor
encontrado en numerosas localidades, entre as que de groselha e colofônia; transparente a translúcida
destacaremos o estado de Minas Gerais (Brasil) (fig. resinosa. Uniáxica negativa, com birrefringência
1), nos filões bolivianos, ao que parece de origem muito débil. Mineral metamórfico característico,
hidrotermal, e na Califórnia (fig. 3). Em Espanha é encontra-se-lhe nas piçarras cristalinas de numerosos
muito abundante, encontrando-se-lhe em Cabo lugares; no rio Wilui (Sibéria Oriental) existe uma
variedade denominada wiluita (fig. 6).
SUBCLASSE NESOSSlLICATOS vermelha jacinto ou amarela de âmbar (fig. 4);
Grupo da Olivina andradita, Si3O12Fe2Ca3, parda e mesmo negra, brilho
Minerais pseudohexagonais, cuja estrutura é grasso ou resinoso intenso; mineral típico de contacto,
aproximadamente um empacotamento hexagonal é encontrado disseminado e nas fendas das piçarras
compacto de oxigênios, no qual os Si acham-se em cristalinas; melanita, igual fórmula que a anterior,
espaços de simetria tetraédrica independi/ando grupos porém com elevado conteúdo de titano, de forte cor
tetraédricos SiO4, e os Mg ou Fe em espaços de negra, é elemento primário das rochas eruptivas;
simetria octaédrica coordenados com os oxigênios por piropo, Si3O12Al2Mg3 (fig. 5), cor vermelha de sangue,
enlace polar (fig. 1). Esta disposição comunica ao em grãos arredondados; é apreciado em joalheria,
mineral forte birrefringência, grande dureza e peso sobretudo os exemplares procedentes das serpentinas
específico elevado. de Merowitz denominados granadas de Bohemia;
A olivina pode ser considerada como uma mistura almandina, Si3O12Al2Fe3 (fig. 6), cor vermelha ou
isomorfa da forsterita, SiO4Mg2, da fayalita, SiO4Fe2 parda, algumas vezes com reflexos azulados, incluído
e da tefroita, SiO4Mn2, sendo o mais freqüente a em gneisses e micacitas; espessartita, Si3O12Al2Mn3,
mistura isomorfa equimolecular das duas primeiras. cor amarela a parda avermelhada, encontra-se
Cristais soltos ou incluídos da holoedria rômbica, principalmente em pegmatitos, embora possa também
com numerosas facetas. Macias de compenetração em ser encontrada intercalada como verdadeira rocha: a
cristais granulosos. Esfoliação boa segundo o 2." espessartinita, entre as piçarras cristalinas de Minas
pinacóide. Cor verde de garrafa a verde obscura, às Gerais (Brasil).
vezes, amarelenta, parda e até incolor. Biáxica
negativa, apresentando freqüentemente estrutura Grupo do Epídoto
zonal. Conjunto de minerais de fórmula geral (SiO4)3(OH)
É elemento essencial das rochas eruptivas básicas, (Al,Fe)3 Ca2, na que uma parte do Ca pode estar
formando por si só uma rocha denominada peridotito substituído por terras raras.
(fig. 2); é encontrado como mineral metamórfico ' em
piçarras cristalinas. Em Espanha abunda, O epídoto cristaliza na holoedria monoclínica, em
especialmente na província de Gerona. cristais com grande número de formas, alongadas ou
compridas, segundo a direção do eixo de simetria,
Grupo das Granadas acumulando-se as facetas em ambas as extremidades e
Minerais de composição química muito variável, dando magníficos desenvolvimentos zonais (figs. 7 e
respondendo à fórmula (SiO4)3X3Y2, com Y = Fe, Al, 8). Macias freqüentes segundo o 1." pinacóide.
Cr, Ti (trivalentes) e X=Ca, Mg, Fe, Mn (divalentes). Apresenta-se em cristais em forma de lança, reunidos
A sua estrutura, bastante complicada, está formada em feixes, e também em massas informes em
por uma rede de tetraedros de SiO4 e de octaedros agregados radiados que, quando são verdes,
AlO6 unidos entre si pelos vértices, com átomos de constituem a pistacita.
Ca nos interstícios, coordenando com oito oxigênios Esfoliação perfeita segundo o 3." pinacóide. Via de
(fig. 3). regra, de cor verde escura e brilho vítreo, é raras vezes
Cristalizam em rombododecaedros da holoedria transparente, podendo, porém, com freqüência, ser
regular, combinados com o trapezoedro, e menos translúcido. Risco cinzento. Opticamente biáxico
freqüentemente, com o trioctaedro. Cristais isolados, negativo, tem dispersão forte e marcado pleocroísmo.
incluídos ou implantados, às vezes, de grande Mineral muito difundido, é o principal elemento de
tamanho; soltos em pedras iodadas e nas areias. contacto metamórfico, como componente das caliças
Esfoliação muito imperfeita. De todas as cores, granulosas; forma-se também na decomposição
exceto a azul, com maior freqüência são vermelhos térmica dos feldspatos, sendo encontrado em cristais
tirando a pardacentos, transparentes a opacos, com implantados nas drusas e fendas dos granitos; são
brilho vítreo. Refração elevada e, às vezes anômalos magníficos, pela sua beleza, os cristais de Zermatt
opticamente. Apresentam estrutura zonal. (Suíça). Em Espanha é mineral muito comum.
Minerais petrográficos de grande importância e
muito freqüentes, jazem em rochas diversas, segundo Grupo dos Aluminissilicatos
as suas variedades. As mais importantes são: Série Andaluzita - Distênio - Sillimanita
grossulária, Si3O12Al2Ca3, incolor, Minerais de igual composição química, SiO5Al2,
formam um caso notável de polimorfismo. A
estrutura destas três
formas polimorfas contém cadeias de grupos AlO6, riscado transversalmente. Apresenta-se em macias
nos que os oxigênios ocupam os vértices de um segundo numerosas leis, uma delas com o 1."
octaedro algo deformado, unidos entre si por uma pinacóide como plano de macia, sendo, a miúdo,
aresta. polissintético. Abundante em agregados radiais, tem
Na sillimanita, estas cadeias se enlaçam por meio esfoliação perfeita segundo o 1." pinacóide, e patente,
de átomos de silício que estão entre quatro oxigênios segundo o 2." pinacóide. É típica deste mineral a
em disposição tetraédrica, formando grupos SiO4, diferença de dureza na direção vertical (paralelamente
independentes, e por átomos de alumínio exatamente ao prisma), de 2 a 4 1/2 e na transversal, de 6 a 7. Via
na mesma disposição. Os átomos de Si e de Al estão de regra, de cor azul, pode também apresentar-se com
colocados em disposição, alterna (fig. 1). outras cores; brilho nacarado, na superfície de
Na andaluzita, estas cadeias encontram-se unidas esfoliação, e vítreo, no resto. Mineral metamórfico e
lateralmente por átomos de Si que, situados entre característico das piçarras cristalinas, é componente
quatro oxigênios, formam grupos SiO4, do mesmo dos gneisses e das micacitas. São encontrados belos
modo que na sillimanita, porém, os Al estão cristais nas piçarras de Monte Campione, em Tessino
coordenando com cinco oxigênios. Este é o único (Suíça) (fig. 6).
caso conhecido em que o Al apresenta uma
coordenação deste tipo (figura 2). Grupo Topázio - Estaurolita
No distênio as cadeias se unem por meio de átomos TOPÁZIO, (SiO4/F2) Al2. — Mineral cristalizado
de Si fornecendo o grupo SiO4, e por átomos de Al, na holoedria rômbica, tem uma estrutura composta de
embora em coordenação senária, de modo que os grupos octaédricos, em redor do Al, e tetraédricos, em
oxigênios estão assim mesmo nos vértices de um redor do Si, como nos restantes minerais deste grupo.
octaedro (fig. 3). O conjunto de oxigênios acha-se Quatro dos seis átomos que rodeiam o Al são
disposto de modo similar ao de um empacotamento oxigênios pertencentes a grupos SiO4, enquanto que os
compacto. dois restantes são F. Estes últimos podem estar
A diferença essencial entre os três minerais parcialmente substituídos por OH (figura 7).
consiste no tipo de coordenação de um dos Al da Apresenta-se em cristais implantados muito ricos
fórmula, que é de ordem quatro, na sillimanita; cinco, em formas, quase sempre prismáticos curtos, podendo
na andaluzita; e seis, no distênio. Apesar da existência também ser encontrado em massas informes, em
de cadeias de AlO6, os grupos SiO4 encontram-se grandes pedaços semelhantes ao feldspato. Esfoliação
isolados na estrutura, devendo ser incluídos entre os perfeita segundo o 3." pinacóide, com linhas de
nesossilicatos. cruzeiro muito patentes. Dureza elevada e peso
específico semelhante ao do diamante. Quase sempre
ANDALUZITA, SiO5Al2 — Cristais muito de cor amarela do vinho, também incolor, azul
simples da holoedria rômbica, em forma de prismas marinho, rosado, etc; os cristais de coloração intensa
grossos, de seção quase quadrada (fig. 4), podendo ser costumam palidecer por efeito da luz diurna. Brilho
encontrados também prismas compridos e delgados vítreo; transparente a translúcido. Opticamente biáxico
que contém um núcleo obscuro, geralmente de forma positivo, com refração e birrefringência médias;
cruciforme, formado por resíduos de matéria alguns topázios têm inclusões líquidas microscópicas.
carbonosa interpostos no cristal; esta variedade A substituição parcial do F por OH é a causa da
denomina-se quiastolita, e os cristais acham-se variabilidade no seu comportamento óptico.
incluídos em piçarras argilosas (fig. 5). Via de regra, Este mineral é tipicamente neumatolítico,
de cor cinzenta avermelhada, pode apresentar-se em especialmente ligado à granitos, associado com a
diversas colorações. Brilho vítreo e translúcido; muito cassiterita. Magníficos, cristais de topázio são
raro, transparente. Opticamente biáxico negativo. É encontrados no Brasil, onde existe uma variedade
um mineral tipicamente metamórfico, muito original denominada pingos d'água, notável pela
difundido, encontrando-se em massas consideráveis grande quantidade de inclusões líquidas que contém
naqueles lugares onde as piçarras estão em contacto (figs. 8, 9 e 10).
íntimo com o granito.
DISTÊNIO ou CIANITA, SiO5Al2 — Cristais
triclínicos holoédricos, incluídos, lineares, de hábito
prismático-tabular, com o 1.º pinacóide ligeiramente
ondulado e
ESTAUROLITA, 2SiO5Al2Fe(OH)2 — Cristais Grupo do Titanita
pertencentes à holoedria rômbica, de hábito A titanita, SiO5TiCa, apresenta-se em cristais de
prismático, muito simples de formas; macias de tipo muito diverso, pertencentes à holoedria
compenetração muito freqüentes, com os dois monoclínica; os cristais contidos nas rochas eruptivas
individuos formando ângulo reto: cruz de Bretanha, têm forma de envelope, variedade denominada
ou bem um ângulo aproximado de 60": cruz de Santo grothita, e os implantados nas fendas alpinas são
André (fig. 1). Sua estrutura, parecida com a do tabulares ou fortemente prismáticos. Macias de
distênio, é um empacotamento cúbico compacto de compenetração freqüentes com o 1.º pinacóide como
oxigênios, situando-se os Si e Al em espaços plano de macia.
tetraédricos e octaédricos, respectivamente; de fato, Esfoliação manifesta segundo as faces de prisma
podemos considerá-lo como sendo um mineral vertical; dureza média e peso elevado. Cor amarela
composto de camadas alternadas de distênio e esverdeada ou parda tirando a vermelha e negra;
hidróxido ferroso, coordenadas entre si. Tem brilho resinoso imenso; transparente a opaco.
esfoliação patente segundo o 2.º pinacóide, é duro, de Opticamente biáxico positivo, com refração e
brilho vítreo, de parda avermelhada a parda tirando a birrefringência fortes.
negra e translúcido ou opaco. Opticamente biáxico Sua estrutura acha-se composta por grupos de SiO4
positivo e muito pleocróico. É mineral metamórfico, a unidos através de átomos de Ti em coordenação
miúdo associado com distênio em algumas piçarras. É octaédrica com seis oxigênios, e de Ca, rodeado por
famosa a estaurolita de Santiago de Compostela sete oxigênios, dando um grupo difícil de ser
(Espanha), sendo muito abundante nas areias das rias encontrado em outros minerais (figura 5).
de Galíza. Quimicamente, contém terras substituindo o
Grupo Zircão titânio; e nas variedades em que o ítrio substitui
parcialmente o cálcio, o titânio é, por sua vez,
Mineral cristalizado na holoedria tetragonal, substituído por Al ou Fe para compensar as cargas
formado estruturalmente por grupos tetraédricos SiO4 elétricas.
unidos através de iontes Zr, de modo que cada Os cristais implantados, amarelos ou verdes, que
cationte está rodeado de oito oxigênios dispostos a jazem em lendas de rochas eruptivas, denominam-se
distâncias iguais quatro a quatro (fig. 3). O zircão esfênio (fig. 7). A titanita comum das rochas eruptivas
SiO4Zr, apresenta-se em cristais incluídos e e piçarras cristalinas é sempre de cor parda
desenvolvidos em lodo o seu contorno, com hábito avermelhada. Nas caliças granulosas de Greenville e
prismático ou piramidal (fig. 4). Freqüentemente, em Elmsley (no Canadá), existem bons cristais. Em
cristais rodeados e soltos em grãos, nunca em massas Espanha, em Roca Negra, perto de Olot.
informes.
Via de regra, de cor parda e vermelha pardacenta, Grupo dos Borossilicatos
às vezes, amarela, cinzenta, verde e incolor. Brilho Minerais de estrutura pouco conhecida, porém com
vítreo, quase adamantino. Transparente e translúcido dureza, peso específico e índices de refração próprios
(zircão nobre) ou turvo a opaco. Opticamente de uma estrutura em tetraedros SiO4 isolados.
uniáxico positivo, com refringência forte e
birrefringência média. As variedades do zircão, muito AXINITE, (SiO4)4Al2BHCa2(Fe, Mg Mn). Cristais
apreciadas em joalheria, constituem o jacinto, de cor triclínicos, de hábito mais ou menos tabular e de
vermelha amarelenta, e o jargão de Ceilão, incolor ou arestas geralmente cortantes. Apresenta-se em massas
ligeiramente amarelento. informes e em agregados testáceos. Esfoliação
Quimicamente contém até 4% de hafnio e algo de bastante marcada segundo o 2." pinacóide. De cor
tório substituindo o zircônio; é elemento radioativo parda, tirando a cinzenta e violeta, azul ou
das rochas que o contém. A decomposição radioativa esverdeada, vermelha, muito raro; brilho vítreo forte;
do tório transforma a rede do mineral, observando-se transparente a translúcido. Opticamente biáxico
pouca dureza, coloração turva e grande diminuição da negativo, com refração e birrefringência médias; à
refringência e birrefringência. luz, ultra-violeta, apresenta pleocroísmo muito forte.
Nas rochas eruptivas acha-se muito difundido ao É piroelétrico (fig. 6).
estado microscópico. Devido à sua dureza, encontra- Mineral pertencente à zona de contacto das rochas
se-lhe como pedra rodada em parcéis gemíferos e nas eruptivas, encontram-se belos cristais nas jazidas de
areias de rios e mares, juntamente com a espinela e o magnetita da Saxônia. Em Espanha podemos citar a
coríndon. Distingue-se das pedras preciosas com as localidade de Montmany.
que jaz nos parcéis, pelo seu elevado peso específico,
superior ao de todas elas. Em Espanha é encontrado,
principalmente, nas areias das rias de Galíza.
Classe MINERAIS RADIOATIVOS Cor negra de piche a parda ou verde; risco verde
obscuro a negro pardo; brilho pardo, nas fraturas
A principal fonte de minerais radioativos, recentes, e, via de regra, mate. Opticamente, isótropo
economicamente beneficiáveis, são os óxidos e sais e opaco.
de urânio. Nos últimos anos têm se descrito uma série
de elementos radioativos, porém, a sua quantidade e Encontram-se ricos depósitos de uranita no Congo
as condições de jazer, fazem com que se os deva Belga, no Canadá (fig. 3) e na Tchecoslováquia.
considerar como etapas de transição, ou bem como Atualmente tem se descoberto jazidas uraníferas perto
formações muito raras que se apresentam de Ciudad Rodrigo, em Salamanca e em Cáceres
extraordinariamente localizadas. (Espanha).
Apesar de o urânio ser um elemento raro na crosta
terrestre, devido a se encontrar muito disseminado em Grupos da Torbernita e da Metatorbernita
rochas intrusivas, principalmente pegmatitos, são
escassas as jazidas exploráveis que se encontram. Minerais que respondem aproximadamente à
fórmula (PO4)-(UO2)2A.nH2O, sendo A=Cu, Ca, Ba
Os minerais de urânio mais importantes são os ou Mg. Ambos os grupos possuem estruturas
óxidos, anídridos ou hidratados, que podem reunir-se estreitamente relacionadas. Contém camadas de
no grupo da uranita e os fosfatos duplos, de radical tetraedros PO4, junto com octaedros distorcidos nos
uranilo e de um cationte divalente, que se congregam que o urânio está no centro, e nos vértices há
nos grupos da tobernita e da metatorbernita. oxigênios, porém, de maneira que dois deles estão a
distância menor, isolando o grupo uranilo UO2. Estas
camadas acham-se unidas pelos cationtes divalentes e
Grupo da Uranita
por moléculas de água que possuem bastante
Compreende os óxidos de zircônio, urânio e tório, mobilidade, apresentando analogias com as ceolitas
badeleita (brasilita), ZrO2, uranita, UO2 e torianita, folhosas.
ThO2, e urna série de produtos de alteração da A diferença entre os dois grupos se estriba na
uranita, alguns deles não cristalinos, com conteúdo de posição relativa das camadas, deslocadas uma metade
água variável, brilhantemente coloridos de laranja e da aresta fundamental num grupo respectivo do outro.
de amarelo e com esfoliação perfeita segundo o plano
basal, cujos princípios representantes são a gumita,
UO3.nH2O (fig. 1) e a curita, 2PbO.5UO3. 4H2O (fig. TORBERNITA, (PO4)2(UO2)2Cu.8-12H2O.
2). Estas últimas fórmulas são aproximadas, já que a Cristais holoédricos tetragonais com poucas facetas e
quantidade de chumbo existente nestes minerais, no hábito tabular grosso ou piramidal. Esfoliação perfeita
suposto que todo ele é radiogênico, fornece a idade de segundo o pinacóide básico. De cor verde esmeralda a
sua formação com bastante aproximação. Por este verde erva, com brilho adamantino e transparente ou
método conhece-se que as jazidas de Joachimstal têm translúcido, tem um aspecto belo e magnífico.
207 milhões de anos, as de Katanga, 665, e as de É um produto de oxidação da uranita; portanto, é
Dakota do Sul, 1667. mineral secundário. Encontra-se em abundância en
Kasolo, Chinkolobwe, e em todo o distrito de Katanga
URANINITA, UO2 — Cristais cúbicos, nas jazidas (fig. 4).
encravadas em pegmatitos; nos filões, apresenta-se
em massas informes e compactas. Quase sempre
alterado fortemente por decomposição radioativa. ANTUNITA, (PO4)2(UO2)2Ca.10-12H2O. — De
Estrutura tipo fluorita, igual à da torianita, com o U propriedades morfológicas e físicas muito
ou o Th em posição do Ca, e os O na posição do F. A semelhantes à torbernita, possui cor amarela limão a
badeleita tem o mesmo tipo estrutural, ligeiramente verde amarelenta ou verde pálida. À luz ultra-violeta é
distorcido. extraordinariamente fluorescente, com cor amarela
esverdeada (fig. 5).
ÍNDICE ALFABÉTICO
Acroíta ........................... E/8 Diamante ....................... B/3 Moroxita ....................... D/7
Actinolita ....................... E/7 Diáspora ........................ C/6 Moscovita ..................... E/5
Adularia ......................... E/3 Dickita ..................... E/6 Nacrita .......................... E/6
Ágata .............................. E/2 Diopsídio ...................... E/7 Natrolita ........................ E/4
Aguamarinha ................ E/8 Distênio ......................... E/10 Nefelina ........................ E/4
Albita ............................ E/3 Edingtonita ................... E/4 Nigrina .......................... C/5
Alexandrita ..................... C/3 Eleolita .......................... E/4 Niquelina ...................... B/5
Almandina ..................... E/9 Enxofre .......................... B/2 Nitrato sódico ... D/l
Alumogel ...................... C/6 Enstatita ........................ E/7 Oligisto .......................... C/4
Amazonita .................... E/3 Epídoto ......................... E/9 Olivina ........................... E/9
Amianto ......................... E/7 Epsomita ....................... D/5 Ônix ............................... E/2
Analcina ........................ E/4 Eritrina .......................... D/7 Opala ............................. E/2
Andaluzita ..................... E/10 Esfênio ......................... E/11 Opala, variedades
Andesita ........................ E/3 Esmeralda ..................... E/8 da ............................... E/2
Andradita ............... E/9 Esparraguima ... D/7 Orpimento .................... B/7
Anglesita ....................... D/4 Espato de Islândia. D/2 Ortosa ............................ E/3
Anidrita ......................... D/4 Espessartita ................... E/9 Ouro............................... B/l
Anortita ........................ E/3 Espinela ........................ C/3 Pennina ......................... E/5
Antigorita ..................... E/5 Estaurolita ..................... E/10 Pirargirita ...................... B/7
Antimonita ..................... B/7 Esteatita ...................... E/5 Pirita ............................. B/8
Apatito .......................... D/7 Estibinita ....................... B/7 Piromorfita ................... D/7
Apofilita......................... E/5 Fayalita ......................... E/9 Piropo ........................... E/9
Aragonito ...................... D/3 Ferberita ................. D/6 Pirrotina ........ B/5
Argentita ....................... B/4 Fluorita ......................... C/2 Pistacita ........................ E/9
Atacamita ...................... C/2 Forsterita ....................... E/9 Prata ............................. B/l
Autunita ......................... F/l Fosforita ....................... D/7 Proustita ........................ B/7
Axinita .......................... E/11 Caiena ........................... B/6 Quartzo........................... E/2
Azurita .......................... D/3 Gesso ............................ D/5 Quartzo, variedades
Baddeleyita.................... F/l Grafito ........................... B/2 do .............................. E/2
Baritina.......................... D/4 Granada ........................ E/9 Realgar .......................... B/7
Bauxita .......................... C/6 Grosulária ..................... E/9 Rubelita ........................ E/8
Berilo ............................ E/8 Grothita ......................... E/11 Rubi oriental ................. C/4
Biotita ........................... E/5 Gummita ...................... F/1 Rutilo ...................... ... C/5
Bismutita ...................... B/7 Halloysita ..................... E/6 Safira oriental ... C/4
Blenda ........................... B/4 Haüynita ....................... E/4 Sal gema ........................ C/l
Boracita ........................ D/l Heliotrópio..................... E/2 Sanidina ... .................... E/3
Bórax ............................. D/l Henlandita..................... E/4 Scheelita ........................ D/6
Bronzita ........................ E/7 Hidrargilita ................... C/6 Sílex .............................. E/2
Calcanita ....................... D/5 Hiperstênio ................... E/7 Sillimanita ..................... E/10
Calcedônia ..................... E/2 Horblenda ..................... E/8 Silvina ........................... C/l
Calcita .......................... D/2 Hübnerita ...................... D/6 Sodalita ......................... E/4
Calcopirita .................... B/5 Idocrasa.......................... E/8 Sperrylita ....................... B/8
Calcosina ...................... B/4 Illita .............................. E/6 Talco .............................. E/5
Caolinita .................. E/6 Indigolita ...................... E/8 Tefroíta ......................... E/9
Carnalita ....................... D/l Jacinto ..................... E/11 Tetraedrita ..................... B/5
Carneola......................... E/2 Jargão de Ceilão ... E/11 Tiranita .......................... E/11
Casiterita ................. C/5 Jaspe ............................. E/2 Topázio ......................... E/10
Caulim ........................... E/6 Kernita .......................... D/l Torbernita ...................... F/l
Celestina ....................... D/4 Labradorita ... E/3 Torianita ........................ F/l
Cerusita ........................ D/3 Lápis-lazúli .................. E/4 Tremolita ....................... E/7
Cinábrio.......................... B/6 Leucita .......................... E/4 Turmalina....................... E/8
Clorita ........................... E/5 Limonita ........................ C/6 Turquesa ....................... D/7
Cobaltina ...................... B/8 Magnetita ...................... C/3 Uraninita ........................ F/l
Cobre ............................. B/l Malaquita ...................... D/3 Vermiculita ................... E/6
Colemanita .................... D/l Marcassita ..................... B/8 Vesubiana ..................... E/8
Colofonita ..................... E/8 Melanita ........................ E/9 Vivianita ....................... D/7
Coríndon ........................ C/4 Melanterita..................... D/5 Wiluita .......................... E/8
Criolita ........................... C/2 Metatorbernita ... F/l Witerita ......................... D/3
Crisoberilo ..................... C/3 Microclina .................... E/3 Wolframita ..................... D/6
Crisotilo......................... E/5 Millerita ........................ B/5 Wulfenita ...................... D/6
Cristal de rocha E/2 Mispíquel ...................... B/8 Wurtzita ......................... B/4
Crocoíta ... ..................... D/6 Monazita ................ D/7 Zircão ........................... E/11
Curita ............................. F/l Montmorillonita ... E/6
Chabasita ....................... E/4 Morganita ..................... E/8
QUADRO DAS MATÉRIAS

CRISTALOGRAFIA Classe V. Oxisais com oxigênio


em coordenação ternária
A1. — Que é um mineral? — Estrutura interna
da matéria cristalina. D1. — Subclasse Boratos, e Subclasse Nitratos.
A2. — Simetria cristalina. — Sistemas D2. — Subclasse Carbonates: Série da Calcita.
cristalinos. — Constantes cristalográficas.
D3. — Subclasse Carbonatos: Série do
— Formas cristalinas.
Aragonito.
A3. — Sistema cúbico o regular.
A4. — Sistema tetragonal e sistema hexagonal.
A5. — Sistema romboédrico, sistema digonal e Classe VI. Oxisais com o oxigênio
sistema triclínico. em coordenação quaternária
A6. — Agregados cristalinos.
A7. — Propriedades ópticas dos cristais.— D4. — Subclasse Sulfatos anidros.
Sinal óptico. D5. — Subclasse Sulfatos hidratados.
A8. — Microscópio polarizante. — Polarização D6. — Subclasse Cromatos, e Subclasse
rotatória. Molibdatos e Wolframatos.

Classe VII. Fosfatos, Arseniatos e


MINERALOGIA Vanadatos
Classe I. Elementos D7. — Subclasse Minerais anídridos, e
Subclasse Minerais hidratados.
B1. — Metais.
B2. — Não metais: Enxofre e grafita
B3. — Não metais: Diamante. Classe VIII. Silicatos
E1. — Silicatos (Generalidades).
Classe II. Sulfuretos
E2. — Subclasse Tectossilicatos: Grupo do
B4. — Grupos: Argentita-Calcosina, Blenda- Quartzo
Wurtzita. E3. — Subclasse Tectossilicatos: Grupo
B5. — Grupos: Calcopirita, e da Niquelita. Feldspatos: Séries dos monoclínicos e dos
B6. — Grupos: Caiena, e do Cinábrio. triclínicos.
B7. — Grupos: Antimonita, das Pratas
E4. — Subclasse Tectossilicatos: Grupos
Vermelhas, e Realgar-Orpimento.
Nefelina, Leucita, da Sodalita
B8. — Grupo Pirita-Marcassita. (Ultramarinas) e das Ceolitas.
E5. — Subclasse Filossilicatos: Grupo das
Classe III. Sais halóides Micas. E6. — Subclasse Filossilicatos:
Minerais da
C1. — Sal gema, Silvita, e Carnalita. Argila.
C2. — Fluorita, Criolita, e Atacamita. E7. — Subclasse Inosilicatos.
E8. — Subclasse Sorosilicatos.
E9. — Subclasse Nesossilicatos: Grupos da
Olivina, das Granadas, do Epídoto
Classe IV. Óxidos e dos Aluminossilicatos.
C3. — Grupo Espinela-Magnetita. E10. — Subclasse Nesossilicatos: Grupo
C4. — Grupo Coríndon. Topázio-Estaurolita.
C5. — Grupo do Rutilo. E11. — Subclasse Nesossilicatos: Grupos
C6. — Hidróxidos e Hidratos: Hidróxidos de Zircão, da Titanita e dos Borossilicatos.
Alumínio, e de Ferro. Classe Minerais radioativos
F1. — Minerais radioativos.
COLEÇÃO ATLAS
[C] Ciências
ATLAS DE ANATOMIA HUMANA
ATLAS DE ANATOMIA ANIMAL
ATLAS DE MINERALOGIA
ATLAS DE ASTRONOMIA
ATLAS DE BOTÂNICA
ATLAS DAS RAÇAS HUMANAS
ATLAS DE GEOLOGIA
ATLAS DE BIOLOGIA
ATLAS DE FÍSICA
ATLAS DE QUÍMICA
ATLAS DE ZOOLOGIA (INVERTEBRADOS)
ATLAS DE ZOOLOGIA (VERTEBRADOS)
ATLAS DE PARASITOLOGIA
ATLAS DE MICROSCOPIA
ATLAS DO ÁTOMO
ATLAS DO CORPO HUMANO
ATLAS DA NATUREZA
ATLAS DE METEOROLOGIA
ATLAS ANATÔMICO DO CORPO HUMANO
[A] Ciências Aplicadas
ATLAS DE CIRURGIA ELEMENTAR
ATLAS DA ENFERMAGEM
ATLAS DE GINÁSTICA
ATLAS DE PUERICULTURA
ATLAS DE TÉCNICA DE EDIFICAÇÕES
ATLAS DE ARTE CULINÁRIA
ATLAS DE CORTE E CONFECÇÃO
[L] Letras
ATLAS DE HISTÓRIA UNIVERSAL
ATLAS DE HISTÓRIA DA ARTE
ATLAS DE ARQUEOLOGIA
ATLAS DOS ESTILOS ARTÍSTICOS
ATLAS DE LITERATURA UNIVERSAL
ATLAS DE LITERATURA ESPANHOLA
ATLAS DE GEOGRAFIA DE ESPANHA
ATLAS DE LITERATURA LATINO-AMERICANA
[E] Elementares
ATLAS ELEMENTAR DO CORPO HUMANO
ATLAS ELEMENTAR DA TERRA
ATLAS ELEMENTAR DAS PLANTAS
ATLAS ELEMENTAR DOS VERTEBRADOS

EDIÇÕES JOVER. S. A. - BARCELONA

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