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Visita à Rolf Benz

Nagold, Alemanha

A minha visita à Rolf Benz decorreu entre 7 e 12 de Novembro. Cheguei num


Domingo e fui de Sttutgart para Nagold. Dei um passeio pela vila de Nagold – é um
lugar calmo e simpático. Infelizmente não havia muito para ver por estar tudo fechado.

Na segunda-feira, o dia começou cedo. Pelas 9h já estava na Rolf Benz, onde


comecei o meu dia com uma apresentação da história da companhia. Quem ma
mostrou foi Martin Kreudler, gestor de vendas, responsável também pelas vendas de
Portugal. Após a apresentação, fomos para o gabinete de Bettina Herrmann, onde fui
de imediato muito bem recebida e apresentada aos colegas que trabalhavam no
mesmo local.
Bettina falou comigo sobre um projecto que queria que eu desenvolvesse
durante aquela semana, que culminaria numa apresentação final. Pus mãos à obra e
comecei de imediato a trabalhar no projecto. Tive total liberdade de passear pelo
showroom, a fim de tirar medidas, experimentar materiais e ganhar ideias.
À noite, eu e Bettina jantámos com um dos designers que trabalha com a Rolf
Benz – Cuno Frommherz, de momento, um dos mais importantes para a companhia
(no presente, são três, no total). É autor do sofá Cosmo, um dos meus preferidos.
Gostei muito da oportunidade de conhecer mais pessoalmente um designer bem
sucedido e perceber de onde vem a sua maneira de ver o mundo e as suas
inspirações.

No dia seguinte, Terça-feira, eu e Bettina dirigimo-nos, logo pela manhã, ao


local de produção. Mais especificamente, ao Departamento de Desenvolvimento.
Houve uma reunião com Cuno e engenheiros da produção. Cuno trouxe um modelo à
escala real do seu próximo sofá a ser produzido pela Rolf Benz, de forma a ser
experimentado, para que eventuais problemas pudessem ser detectados. Sendo uma
parte bastante importante do processo de design de um produto, achei bastante
interessante ver uma ideia já fora do papel, materializada e numa fase de
experimentação. Tudo foi discutido ao mais ínfimo pormenor.
Logo a seguir, literalmente de uma sala para outra, tivemos uma reunião com
outro dos designers mais importantes para a Rolf Benz, Norbert Beck. É autor de um
dos sofás da Rolf Benz que mais vende de momento, o Plura. Pessoalmente, prefiro o
Centro, outro dos meus preferidos.
Nessa reunião discutiu-se o próximo projecto de Norbert, com a ajuda de um
modelo à escala, que serviu para ilustrar as principais funções do objecto. Esta
reunião foi bastante diferente e permitiu-me ver como ambos os designers com quem
tinha contactado trabalham e apresentam os seus projectos de forma diferente. Apesar
de apenas ter visto Norbert na reunião e de ele ter falado apenas em alemão, foi fácil
perceber a sua “assinatura” e reconhecer os seus sofás quando visitei o showroom
num outro dia.
Depois de almoço, iria haver duas apresentações de dois designers: Cuno
Frommherz e Christian Werner. Assim, houve um almoço para vários convidados de
outras empresas que tinham vindo de outros locais na Alemanha ou até da Áustria e
da Suíça, inclusive.
A primeira apresentação foi de Cuno. Perante uma plateia sentada numa das
suas peças, falou sobre o seu trabalho e de como este se desenvolve. Mencionou
todos os passos do seu processo de design e ilustrou-os com cartões com fotos e
desenhos das várias fases. No final, houve uma espécie de debate em que os
espectadores fizeram perguntas e discutiram pontos de vista com o designer.
De seguida, fomos todos para uma sala onde Christian (o último designer que
completa o trio dos designers mais importantes do momento para a companhia)
apresentou o seu trabalho para a Rolf Benz por ordem cronológica no formato de
Power Point. O seu sofá mais conhecido é o Dono; o meu preferido da sua autoria é o
Onda. Foi uma apresentação descontraída e repleta de bom humor, em que Christian
mostrou bem a sua personalidade e a sua maneira de criar. Para mim, foi bastante
curioso comparar os três designers entre si.
Depois de uma tarde deveras entusiasmante, continuei o meu projecto.

Na Quarta-feira de manhã, visitei a fábrica de produção da Rolf Benz, em


Mötzingen. Vi tudo, desde o armazém das matérias-primas ao armazém com todos os
produtos empacotados e prontos a serem transportados até ao seu consumidor final.
Foi sem dúvida espantoso ver todo o processo. Como já tinha visto os esboços e
protótipos de vários designers, assistir ao processo de os tirar do papel e torná-los
produtos reais prontos a serem utilizados foi impressionante. No fim da visita, estive a
ver um trabalhador da fábrica a finalizar uma cadeira, ou seja, a pô-la dentro da capa
de pele. Demorou menos de 15 minutos e no final estava perfeita.
Para almoçar, eu, Martin e um colega dele, Paul, fomos até Nagold. Não
tínhamos chegado há muito tempo quando entrou um senhor de idade que Paul me
disse para observar com muita atenção. Fiquei logo desconfiada e como o senhor se
sentou ao meu lado, Paul apresentou-nos. Não era nada mais, nada menos que o Sr.
Rolf Benz, criador e fundador da empresa. Fui apanhada de surpresa e fiquei um
bocado sem jeito por ter tamanha figura a partilhar um banco comigo! Durante o
almoço, o Sr. Benz iniciou uma conversa muito interessante e perspicaz sobre como
gerir uma empresa e, depois de almoço, Paul deu-me a ler um artigo sobre a
companhia Rolf Benz e a sua evolução.
De tarde, Martin levou-me a Sttutgart, onde visitámos o museu Mercedes-Benz.
Gostei muito do museu, desde a arquitectura à maneira como estava concebido.
Apesar de ser um museu de automóveis, contextualiza cada momento da história da
companhia na História do Mundo, de uma forma muito bem conseguida. Depois de
uma refeição tipicamente alemã, era altura de regressar a Nagold.

Na Quinta-feira, passei a manhã a trabalhar no meu projecto. Depois de


almoço, Martin deu-me a conhecer o showroom: cada sofá, cada criador, a evolução
de cada um no cenário de vendas, etc. Experimentei praticamente todos os produtos e
achei importante perceber – na prática – a que tipo de clientes apelava mais certo sofá
e o que a maioria das pessoas procurava num produto da Rolf Benz. Martin também
me explicou que os gostos e costumes variam bastante de país para país, sobretudo
em termos de conforto.
Depois de mais umas horas a trabalhar no meu projecto, Bettina levou-me a
jantar fora de Nagold, num local tipicamente alemão e muito acolhedor,com comida
deliciosa e um ambiente muito convidativo.
Infelizmente, a semana passou a correr e já era Sexta-feira, dia de voltar para
Portugal. Passei a manhã a preparar a apresentação do meu projecto, em cartões com
imagens e propostas de materiais a serem utilizados. Almoçámos fora – eu, Bettina e
Martin – e depois de almoço continuei o meu trabalho. Como tinha de sair bastante
cedo de Nagold para ir para o aeroporto, não consegui terminar. Assim, finalizei o
projecto em Lisboa e enviei a minha apresentação, juntamente com fotos, por email
para Bettina. As despedidas custam sempre mas fiquei convidada a voltar e a
encontrarmo-nos em Portugal na próxima visita de Bettina a Lisboa.

No geral, foi sem dúvida uma oportunidade única, pela qual estou muito grata.
Sendo uma designer acabadinha de formar, foi importante e muito enriquecedor
perceber como uma empresa chega a atingir um estatuto como o da Rolf Benz. Para
além disso, tive a sorte de conhecer os três designers mais importantes do momento
para a companhia e compreender como estes traduzem a sua personalidade e as
suas ideias na “linguagem Rolf Benz”. Para não falar em conhecer pessoalmente o
fundador da companhia, que foi a cereja no topo do bolo.
Esta experiência provou a importância de iniciativas como a da Interforma com
o projecto “Make It Real”. É indispensável apostar numa formação – neste caso extra-
faculdade – que proporcione experiências com exemplos reais de empresas e
designers bem-sucedidos cujo percurso sirva de inspiração aos finalistas e recém-
licenciados do nosso país.

Rita Trindade

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