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Buraco negro com rotação extrema

A Teoria da Relatividade Geral de Einstein previu a existência de um dos objetos mais fascinantes
que os astrónomos hoje conhecem: os buracos negros. Quando um objecto com massa , por
exemplo uma estrela, se torna mais compacto que um certo limite, a sua própria gravidade é tão
forte que colapsa para um ponto singular, um buraco negro

Teoria da Relatividade Geral


A Teoria da Relatividade Geral foi formulada por Albert Einstein em 1916 como expansão da Teoria
da Relatividade Restrita (formulada em 1905) de forma a incluir o efeito da gravitação no espaço-
tempo. Esta teoria propõe que o espaço-tempo é uma estrutura quadri-dimensional cuja curvatura é
determinada pela presença de matéria. Neste sentido, a gravitação manifesta-se como curvatura do
espaço-tempo, e não como uma força entre duas massas.

Buraco negro
Um buraco negro é um objecto cuja gravidade é tão forte que a sua velocidade de escape é superior
à velocidade da luz. Em Astronomia, distinguem-se dois tipos de buraco negro: os buracos negros
estelares, que resultam da morte de uma estrela de massa elevada, e os buracos negros galácticos,
que existem no centro das galáxias ativas.

Massa
A massa é uma medida da quantidade de matéria de um dado corpo.

Estrela
Uma estrela é um objecto celeste gasoso que gera energia no seu núcleo através de reacções de
fusão nuclear. Para que tal possa suceder, é necessário que o objecto possua uma massa superior a
8% da massa do Sol. Existem vários tipos de estrelas, de acordo com as suas temperaturas efectivas,
cores, idades e composição química.

Visão artística dum buraco negro num


binário, alimentando-se da companheira.
Crédito: David A. Aguilar (Harvard-
Smithsonian Center for Astrophysics).
Para os astrónomos, um buraco negro é essencialmente descrito por dois parâmetros: um, que
especifica a massa do buraco negro, e o outro, que indica a sua velocidade de rotação. Enquanto que
a massa de buracos negros tem sido medida com algum sucesso, o mesmo não se passa em relação à
medição da velocidade de rotação. Só este ano é que se conseguiu medir, com alguma credibilidade,
este parâmetro

Dois astrofísicos do Centro Harvard-Smithsonian para a Astrofísica (EUA), J. McClintock e R.


Narayan, desenvolveram uma técnica para determinar a velocidade de rotação de buracos negros
utilizando dados da sonda Rossi X-ray Timing Explorer (NASA ). Trabalhando com investigadores
do Departamento de Física de Harvard (EUA), do MIT-Instituto Tecnológico de Massachusetts
( EUA), Universidade da Califórnia em Santa Bárbara (EUA) e do Instituto Max Planck para a
Astrofísica (Alemanha), esta equipa publicou recentemente os seus resultados na revista científica
Astrophysical Journ

Rossi X-ray Timing Explorer (RXTE)


O observatório espacial de raios-X RXTE, da NASA, é uma missão que teve início em 1995 e ainda
está a decorrer, e tem como objectivo observar, com extrema rapidez, buracos negros, estrelas de
neutrões, pulsares de raios-X e fulgurações de raios-X. Uma grande vantagem do RXTE é a sua
capacidade de observar alterações que ocorrem no brilho de fontes de raios-X, tanto num milésimo
de segundo, como ao longo de anos.

O resultado mais interessante diz respeito ao microquasar GRS1915+105, cuja velocidade de


rotação encontra-se entre os 82% e os 100% do valor máximo teórico. Este buraco negro faz parte
de um conjunto de 20 buracos negros de binários de raios-X para os quais se mediram as suas
massas. GRS 1915 é conhecido por ter propriedades únicas, tais como jactos de matéria quase à
velodade da luz e variações rápidas na sua emissão de raios-X. É também o buraco negro deste
conjunto com massa mais elevada, cerca de 14 vezes a massa do Sol.

Raios-X
A radiação X é a radiação electromagnética cujo comprimento de onda está compreendido entre o
ultravioleta e os raios gama, ou seja, pertence ao intervalo de aproximadamente 0,1 Å a 100 Å.
Descobertos em 1895, os raios-X tambêm são, por vezes, chamados de raios de Röntgen em
homenagem ao seu descobridor. A radiação X é altamente penetrante, o que a torna muito útil, por
exemplo, para obter radiografias.

Massa solar
Massa solar é a quantidade de massa existente no Sol e, simultaneamente, a unidade na qual os
astrónomos exprimem as massas das estrelas, nebulosas e galáxias. Uma massa solar é igual a
1,989x1030 kg.

Nas últimas décadas descobriram-se dezenas de buracos negros que pertencem a binários de raios-
X. São sistemas nos quais um objecto, que pode ser uma estrela normal, como o Sol, vai
transferindo gás de uma forma constante para o outro objecto, um buraco negro. Este gás forma um
disco de acreção à volta do buraco negro e, ao cair em espiral para o seu centro, aquece até milhões
de graus emitindo raios

Sol
O Sol é a estrela nossa vizinha, que se encontra no centro do Sistema Solar. Trata-se de uma estrela
anã adulta (dita da sequência principal) de classe espectral G. A temperatura na sua superfície é
aproximadamente 5800 graus centígrados e o seu raio atinge os 700 mil quilômetros.
Acreção
Designa-se por acreção a acumulação de matéria (gás e poeira) para um astro central, como por
exemplo um buraco negro, uma estrela, uma galáxia, ou um planeta.

Neste estudo, as velocidades de rotação dos buracos negros foram determinadas pela análise do
espectro de raios-X dos respectivos discos de acreção. A técnica baseia-se numa previsão da Teoria
da Relatividade: o gás do disco de acreção só emite radiação até um certo raio à volta do buraco
negro, o chamado horizonte dos acontecimentos. Quando o gás ultrapassa este raio, cai rapidamente
para o buraco, não emitindo muita radiação. O raio crítico depende da velocidade de rotação do
buraco negro, de forma que, se se medir este raio, tem-se uma estimativa direta da velocidade de
rotação do buraco negro. Quanto menor for o raio, mais quentes são os raios-X emitidos a partir do
disco de acreção. A temperatura dos raios-X, juntamente com o seu brilho, dá-nos o raio, que por
sua vez, permite determinar a velocidade de rotação do buraco negro.

Disco de acreção

Disco composto por gás e poeira interestelares que pode circundar buracos negros, estrelas de
neutrões, variáveis cataclísmicas, ou estrelas em formação.

eadiação electromagnética

A radiação electromagnética, ou luz, pode ser considerada como composta por partículas (os fotões)
ou ondas. As suas propriedades dependem do comprimento de onda: ondas ou fotões com
comprimentos de onda mais longos traduzem radiação menos energética. A radiação
electromagnética, ou luz, é usualmente descrita como um conjunto de bandas de radiação, como por
exemplo o infravermelho, o rádio ou os raios-X.

Brilho
O brilho de um astro refere-se à quantidade de luz que dele provém, ou seja, a quantidade de
energia por ele emitida por unidade de área por unidade de tempo. Dado que o brilho observado, ou
medido, depende da distância ao objecto, distingue-se o brilho aparente (quando medido a uma
determinada distância), do brilho intrínseco (conceptualmente medido na supefície do próprio
astro).

O resultado obtido para GRS 1915 pode ser importante para explicar a emissão de jactos pelos
buracos negros, para modelar fontes de fulgurações de raios gama e para a detecção de ondas
gravitacionais.

Fulguração de raios gama


Uma fulguração de raios gama é uma potentíssima explosão, com consequente libertação de fotões
gama, que ocorre em direções aleatórias no céu. Descobertas acidentalmente nos anos 1960, sabe-se
que algumas delas estão associadas a um tipo particular de supernovas, as explosões que marcam o
fim da vida de uma estrela de massa elevada.

Por exemplo, um modelo teórico de fulgurações de raios gama baseado no colapso de uma estrela
de massa elevada depende da existência de buracos negros com velocidades de rotação muito
elevadas. Até agora, não havia confirmação da existência de buracos negros com esta característica.
Fulguração
Uma fulguração é uma libertação de energia de forma explosiva da qual resulta um aumento rápido
do brilho do astro no qual ocorre. São exemplo deste tipo de fenómenos as fulgurações solares,
associadas às manchas solares, bem como as fulgurações de raios-X, que ocorrem em estrelas de
neutrões, e de raios gama, que se sabe estarem relacionadas com as explosões de supernova.

Raios gama
Os raios gama são a componente mais energética e mais penetrante de toda a radiação
electromagnética. Os fotões gama possuem energias elevadíssimas, tipicamente superiores a 10
keV, às quais correspondem comprimentos de onda inferiores a umas décimas do Ångstrom. Este
tipo de radiação é, por exemplo, emitido espontaneamente por núcleos atômicos de algumas
substâncias radioativas.

Os investigadores concluem ainda que os três buracos negros deste estudo possuem velocidades de
rotação elevadas desde que se formaram. Isto quer dizer que o núcleo colapsado da estrela de massa
elevada passou o seu momento angular para o buraco negro quando este se formou.

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