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DISCIPLINA – Homem e Sociedade.

“As origens do Antropos” – In


GUERRIERO, Silas (Org.). Antropos e
Psique. O Outro e sua subjetividade.
São Paulo: Olho d’água, 2004.

Evolucionismo e Criacionismo

Evolucionismo e Criacionismo
apresentavam discrepâncias quanto ao
surgimento do Homem na Terra.

Isto se deve em razão do criacionismo


(baseado no livro de Gênesis – Antigo
Testamento), propor que o Homem foi
criado à imagem e semelhança de Deus
e, por isto era superior aos outros
animais.

Já o evolucionismo, teoria proposta


pelo naturalista inglês Charles Darwin,
postula que o mundo não foi criado por
ninguém, nem é imutável.
Darwin (1809-1882) explica as espécies
atuais e sua adaptação ao meio em que
vivem através do mecanismo da seleção
natural.

As espécies não se criam


independentemente umas das outras. A
origem das espécies (1859) refere-se à
transformação de uma espécie em outra.

Essas espécies teriam evoluído por um


processo de seleção no interior de uma
variação biológica abundante.

O número de descendentes é muito


grande em relação aos que os geram,
apesar de cada geração manter um n.º
estável de indivíduos.

A competição das espécies umas com


as outras submete os descendentes que
possuem diferentes condições de
sobrevivência, sob dadas condições
ambientais, a um processo de seleção
natural.

A diversidade e variação orgânicas nos


seres de uma espécie são aspectos
marcantes da mudança evolucionária.

Segundo Darwin, a seleção é um


processo em que há preservação de
variáveis favoráveis e rejeição de variáveis
prejudiciais. Esse processo faz com que os
seres mais aptos sobrevivam, adaptem-se
ao meio, tendo assim melhor possibilidade
de reproduzir-se.
(BANACO, 2005: p. 42)

De acordo com a teoria evolutiva de


Darwin:

O evolucionismo explica as diferentes


possibilidades de evolução das
espécies, considerando a relação entre
a espécie e o ambiente.

O ambiente é indispensável na
análise da evolução.

A adaptação ao ambiente é
fundamental na teoria da evolução
proposta por Darwin.
Quanto à possibilidade do evolucionismo
ter prevalecido como teoria aplicável à
explicação do surgimento e manutenção da
humanidade na Terra:

• Podemos afirmar que existiram,


simultaneamente, vários grupos de
hominídeos de diversas sub-espécies
anteriores ao Homo sapiens sapiens.

• A evolução se deu lenta e


gradativamente, tendo o aspecto
biológico acompanhado o
desenvolvimento dos grupos diversos

• que povoaram a Terra, em diferentes


graus de evolução.

• A evolução foi um processo gradativo,


com referência fundamental no
desenvolvimento biológico e sua
interação com o ambiente.

• A evolução deu-se em várias espécies,


não somente na espécie humana, que é
apenas uma a fazer parte do processo
evolutivo como um todo.

PARA REFLETIR:
ANALISE A CHARGE ABAIXO SOBRE A TEORIA
DA EVOLUÇÃO DESENVOLVIDA POR DARWIN
LARAIA, Roque de Barros. Cultura – um
conceito antropológico. Rio de Janeiro:
Jorge Zahar, 2004.

DETERMINISMO BIOLÓGICO E
DETERMINISMO GEOGRÁFICO

Determinismo Biológico – o autor


demonstra que os antropólogos estão
totalmente convencidos de que as
diferenças genéticas não são
determinantes das diferenças culturais.

Determinismo Geográfico, o autor ele


demonstra que os povos não se
diferenciam por natureza, mas por
necessidades de sobrevivência diferentes,
o que gera o desenvolvimento de certas
atividades mais do que outras, por
limitação ou necessidade ambiental.

Nesta mesma passagem, cita o exemplo


em que os esquimós e os lapões vivem
ambos em latitudes semelhantes, mesma
região do globo (norte) – mas em
continentes diferentes, o primeiro na
América e o segundo na Europa - porém
demonstram ter culturas totalmente
diferentes, ao notar critérios básicos como
alimentação, caça e construção de suas
moradias.

Assim, para LARAIA, se houvesse


realmente uma diferença ou igualdade
genética referente à posição de
estabelecimento de certa cultura no globo
terrestre, haveria como conseqüência a
similaridade ou diferença de
comportamentos, utilização do meio-
ambiente (que no caso dos esquimós e dos
lapões é parecido) e desenvolvimento de
atividades.
O cidadão norte-americano
Ralph Linton, antropólogo.

“O cidadão norte-americano desperta num leito construído segundo padrão


originário do Oriente Próximo, mas modificado na Europa Setentrional, antes
de ser transmitido à América. Sai debaixo de cobertas feitas de algodão, cuja
planta se tornou doméstica na Índia; ou de linho ou de lã de carneiro, um e
outro domesticados no Oriente Próximo; ou de seda, cujo emprego foi
descoberto na China. Todos esses materiais foram fiados e tecidos por
processos inventados no Oriente Próximo. Ao levantar da cama faz uso dos
“mocassins” que foram inventados pelos índios das florestas do Leste dos
Estados Unidos e entra no quarto de banho cujos aparelhos são uma mistura
de invenções européias e norte-americanas, umas e outras recentes. Tira o
pijama, que é vestiário inventado na Índia e lava-se com sabão que foi
inventado pelos antigos gauleses, faz a barba que é um rito masoquístico que
parece provir dos sumerianos ou do antigo Egito.
Voltando ao quarto, o cidadão toma as roupas que estão sobre uma cadeira
do tipo europeu meridional e veste-se. As peças de seu vestuário tem a forma
das vestes de pele originais dos nômades das estepes asiáticas; seus sapatos
são feitos de peles curtidas por um processo inventado no antigo Egito e
cortadas segundo um padrão proveniente das civilizações clássicas do
Mediterrâneo; a tira de pano de cores vivas que amarra ao pescoço é
sobrevivência dos xales usados aos ombros pelos croatas do séc. XVII. Antes
de ir tomar o seu breakfast, ele olha ele olha a rua através da vidraça feita de
vidro inventado no Egito; e, se estiver chovendo, calça galochas de borracha
descoberta pelos índios da América Central e toma um guarda-chuva inventado
no sudoeste da Ásia. Seu chapéu é feito de feltro, material inventado nas
estepes asiáticas.
De caminho para o breakfast, pára para comprar um jornal, pagando-o com
moedas, invenção da Líbia antiga. No restaurante, toda uma série de
elementos tomados de empréstimo o espera. O prato é feito de uma espécie de
cerâmica inventada na China. A faca é de aço, liga feita pela primeira vez na
Índia do Sul; o garfo é inventado na Itália medieval; a colher vem de um original
romano. Começa o seu breakfast, com uma laranja vinda do Mediterrâneo
Oriental, melão da Pérsia, ou talvez uma fatia de melancia africana. Toma café,
planta abssínia, com nata e açúcar. A domesticação do gado bovino e a idéia
de aproveitar o seu leite são originárias do Oriente Próximo, ao passo que o
açúcar foi feito pela primeira vez na Índia. Depois das frutas e do café vêm
waffles, os quais são bolinhos fabricados segundo uma técnica escandinava,
empregando como matéria prima o trigo, que se tornou planta doméstica na
Ásia Menor. Rega-se com xarope de maple inventado pelos índios das
florestas do leste dos Estados Unidos. Como prato adicional talvez coma o ovo
de alguma espécie de ave domesticada na Indochina ou delgadas fatias de
carne de um animal domesticado na Ásia Oriental, salgada e defumada por um
processo desenvolvido no norte da Europa.
Acabando de comer, nosso amigo se recosta para fumar, hábito implantado
pelos índios americanos e que consome uma planta originária do Brasil; fuma
cachimbo, que procede dos índios da Virgínia, ou cigarro, proveniente do
México. Se for fumante valente, pode ser que fume mesmo um charuto,
transmitido à América do Norte pelas Antilhas, por intermédio da Espanha.
Enquanto fuma, lê notícias do dia, impressas em caracteres inventados pelos
antigos semitas, em material inventado na China e por um processo inventado
na Alemanha. Ao inteirar-se das narrativas dos problemas estrangeiros, se for
bom cidadão conservador, agradecerá a uma divindade hebraica, numa língua
indo-européia, o fato de ser cem por cento americano.”

[LINTON, Ralph. O homem: Uma introdução à antropologia. 3ed., São


Paulo, Livraria Martins Editora, 1959. Citado em LARAIA, Roque de
Barros. Cultura: um conceito antropológico. 16ed., Rio de Janeiro,
Jorge Zahar Editor,2003,p.106-108]

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