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MANEJO DE TRILHAS: ESTRATÉGIAS PARA A CONSERVAÇÃO

ECOLÓGICA EM ÁREAS NATURAIS PROTEGIDAS

Raquel Ferreira Simiqueli (raquelsimiqueli@gmail.com) 1; Leandro Martins Fontoura 2

1
Bióloga, mestranda do Programa de Pós-graduação em Ecologia Aplicada ao Manejo e Conservação dos Recursos
Naturais - PGECOL/UFJF; 2 Turismólogo, mestrando do Programa de Pós-graduação em Geografia - PPGEO/
UFPR

INTRODUÇÃO os lugares e paisagens, para Tamborim et al (2000)


representam uma das opções recreativas mais
Entende-se como unidades de conservação todas comumente oferecidas e utilizadas por visitantes
as áreas protegidas que possuem regras próprias em áreas naturais. No entanto, conforme destacam
de uso e de manejo, com a finalidade própria de Fontoura & Simiqueli (2006), o uso das trilhas pelos
preservação e proteção de espécies vegetais ou visitantes pode provocar alteração e destruição dos
animais, de tradições culturais, de belezas habitats da flora e fauna, fuga de algumas espécies
paisagísticas ou de fontes científicas, dependendo animais, erosão, alteração dos canais de drenagem
da categoria em que se enquadram (SCHENINI, da água, compactação do solo pelo pisoteio e a
2004). Os estudos sobre conservação nessas áreas redução da regeneração natural de espécies
naturais têm expandido suas preocupações, vegetais. Os autores propõem uma abordagem
sobretudo com relação ao manejo de trilhas. Seabra integrada de trilhas, que engloba todas as fases
(1999) destaca a escassez de trabalhos referentes essenciais do manejo, ajudando a garantir a
aos impactos ambientais em unidades de sustentabilidade dos recursos naturais e a
conservação no Brasil e ressalta igual deficiência satisfação daqueles que utilizam a trilha. Sugerem
no estudo dos impactos causados pela utilização a construção de tabelas de diagnóstico ambiental,
indiscriminada das trilhas. Portanto, torna-se com anotações de campo e o uso do GPS para
necessário analisar os possíveis impactos assinalar os trechos impactados, de maneira a
(negativos e positivos) ocasionados pelo uso público, mapear a situação em que se encontra a trilha.
visando propor medidas que atenuem os efeitos Lechner (2006) realiza um panorama geral do
negativos e garantam a conservação ecológica. estudo de trilhas e aborda itens sobre
planejamento, implantação e manejo. Nesse
OBJETIVO contexto, é importante que o planejamento esteja
adequado à destinação proposta, especialmente
O objetivo desse trabalho é apresentar e discutir
quando a trilha estiver localizada em uma área
estratégias de manejo, para a manutenção e
natural protegida, o autor apresenta a estratégia
conservação da biodiversidade e dos recursos
de zoneamento da área, com objetivos e usos
naturais nas trilhas, em unidades de conservação,
permitidos, de acordo com os possíveis tipos de
estratégias responsáveis em garantir a dinâmica
trilhas.
de processos ecológicos do ecossistema, com fins
de mínimo impacto. O método VIM (Visitor Impact Management)
proposto por Graefe et al. (1990) possibilita a
MATERIAL E MÉTODOS tabulação de dados e informações provenientes das
trilhas, pressupõe revisão dos objetivos da área
A pesquisa foi realizada através de buscas estudada, seleção de indicadores de impacto e
bibliográficas e leituras sobre o tema. Nessa elaboração de estratégias e implementação das
perspectiva, procedeu-se a investigação que mesmas.
possibilitou o levantamento das discussões. As várias propostas e metodologias no estudo de
manejo de trilhas engloba análise dos aspectos
RESULTADOS E DISCUSSÃO físicos e biológicos. A inclusão de aspectos e
variáveis sociais, vem criando destaque como
Segundo Andrade (2005) as trilhas são os únicos
métodos utilizados por Seabra (2005), o MPTD
meios de acesso às UCs, permitem o contato com
(Monitoramento Participativo do Turismo

Anais do VIII Congresso de Ecologia do Brasil, 23 a 28 de Setembro de 2007, Caxambu - MG 1


Desejável) e estudos de impactos da visitação e framework. Washington D. C.: National Paerks
perfil do turista, aliados à analises de capacidade and Conservation Association, 1990.
de carga, em Ladeira (2005).
LADEIRA, A. S. Avaliação de impactos da
Observa-se, entretanto, nas diversas propostas de visitação, capacidade de carga turística e
estudos de manejo em trilhas, haver a necessidade perfil dois visitantes do Parque Estadual
de investigativas ecológicas, não apenas do Ibitipoca, Lima Duarte -MG. Tese
levantamentos dos impactos físicos e biológicos da (doutorado). Universidade Federal de Viçosa,
área, indicadores biofísicos, mas um levantamento MG. 2005.
e entendimento das relações que os seres vivos
LECHNER, L. Planejamento, implantação e
estabelecem no ambiente natural, com isso
manejo de trilhas em unidades de
aumentam-se as possibilidades de investigativas
conservação. Fundação O Boticário de
ecológicas, responsáveis por indicar estratégias
Proteção à Natureza. Cadernos de Conservação,
efetivas de manejo à necessidade de minimização
ano 3, n.3, junho 2006.
de impactos negativos e conservação do local.
SCHENINI, P. C.; COSTA, A. M. & CASARIN, V.
CONCLUSÃO W. Unidades de conservação: aspectos
históricos e sua evolução. Congresso
Estudos em ecologia e manejo dos recursos Brasileiro de Cadastro Técnico Multifinalitário,
naturais são capazes de gerar diretrizes e propor COBRAC. Universidade Federal de Santa
estratégias para conservação. Com um Catarina. Florianópolis, SC. 2004.
planejamento e monitoramento adequados das SEABRA, L. S. Determinação da Capacidade
trilhas em unidades de conservação, o uso público de Carga Turística para a Trilha Principal
e a preservação da biodiversidade e dos recursos de Acesso à Cachoeira de Deus - Parque
naturais tornam-se possíveis concomitantemente, Municipal Turístico-Ecológico de Penedo,
aliados a um manejo efetivo (dinâmico e periódico), RJ. Dissertação (mestrado). Universidade
estabelecido pela gestão do parque. No entanto, os Federal Fluminense. Niterói, RJ. 1999.
dados encontrados mostraram que as discussões
sobre o manejo de trilhas, visando a conservação _____________. Monitoramento participativo
ecológica, vem ocorrendo de maneira gradativa e desejável: proposta metodológica para os
com ênfase em novas metodologias, embora ainda estudos de capacidade de suporte turístico
não seja realidade na maioria das unidades de no Sana - Macaé - RJ. Tese de Doutorado.
conservação. Observa-se que o manejo efetivo, com Programa de Pós graduação em Geografia.
fins de mínimo impacto e contemplando estratégias Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ.
responsáveis em garantir a manutenção e dinâmica Rio de Janeiro, RJ. 2005.
de processos ecológicos, está em construção, por TAMBORIM., S. R.; MAGRO, T.C. Capacidade de
vezes distante de ser alcançado com o devido Carga de uma Trilha no Parque Estadual
sucesso pelos gestores das unidades de conservação, da Serra do Mar- Núcleo Picinguaba. In: 2º
como os parques abertos à visitação. Congresso Brasileiro de Unidades de
Conservação, Campo Grande, 2000. Anais.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Curitiba: IAP; UNILIVRE; Rede nacional Pró-
Unidades de Conservação, 2000.
ANDRADE, W. J. Manejo de trilhas para o
ecoturismo. In: NEIMAN, Z. & MENDONÇA,
R. Ecoturismo no Brasil. São Paulo: Manole.
2005.
FONTOURA, L. M. & SIMIQUELI, R. F. Análise
da capacidade de carga antrópica nas
trilhas do Circuito das Águas do Parque
Estadual do Ibitipoca - MG. Monografia
(especialização). Universidade Federal de Juiz
de Fora, MG. 2006.
GRAEFE, A. R.; KUSS, F. R.; VASKE, J. J. Visitor
Impact maaagement - the planning

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