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RESPOSTA DE LOBÉLIA À APLICAÇÃO DE DOSES DE REDUTOR DE

CRESCIMENTO1

SCHWAB, Natalia Teixeira2; BACKES, Fernanda Alice Antonello Londero3;


BELLÉ, Rogério Antônio3; NEUHAUS, Mauricio2; GIRARDI, Leonita Beatriz2;
PEITER, Marcia Xavier3
1
Trabalho de Pesquisa _UFSM
2
Curso de Pós-Graduação em Engenharia Agrícola da Universidade Federal de Santa Maria(UFSM),
Santa Maria, RS, Brasil
3
Curso de Agronomia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Santa Maria, RS, Brasil
E-mail: natalia_schwab@hotmail.com; fernanda@backes.com.br; belle@smail.ufsm.br;
mcneuhaus@gmail.com; lbgirardi@hotmail.com; mpeiter@gmail.com

RESUMO

O objetivo do trabalho foi avaliar o desenvolvimento de Lobélia (Lobelia erinus L.)


submetida à aplicação de diferentes doses e número de aplicações de redutor de
crescimento B-Nine (daminozide). Para isso, foi desenvolvido um experimento no Setor de
Floricultura da UFSM, organizado em delineamento inteiramente casualizado, com sete
tratamentos e dez repetições cada. Foram avaliados o número de flores e altura de plantas
em duas datas após a aplicação dos tratamentos. Concluiu-se que o número de flores não é
influenciado pela aplicação de redutor de crescimento; já, a altura da planta variou conforme
a dose e o número de aplicações.

Palavras-chave: Lobelia erinus L.; daminozide; altura de planta; número de flores.

1. INTRODUÇÃO

Lobelia erinus L. é uma planta originária da África do Sul e pertence à família


Campanulacea; apresenta porte pequeno, flores com coloração azul, rosa-escuro ou branca
(TSUGAWA et al., 2004). A espécie é muito ramificada, formando tufos baixos e densos,
sendo indicada para bordaduras ou conjuntos em canteiros a pleno sol ou meia sombra. Nos
climas quentes comporta-se como anual, sendo semeada no outono para florescer na
primavera e verão (LORENZI e SOUZA, 1995). É uma planta ornamental popular em jardins
por ser muito florífera, apresenta estrutura prostrada ou rasteira, podendo ser cultivada em
vaso e floreiras.

Segundo Rademacher (2000), o termo “redutor de crescimento” é utilizado para


designar compostos sintéticos que apresentam como o propósito específico reduzir a altura
das plantas, promovendo efeitos diretos em hastes, pecíolos e pedúnculos através da
minimização tanto do alongamento quanto da divisão celular.

1
Os redutores de crescimento atuam na planta diminuindo a produção natural de
giberelina, modificando sua morfologia e, conseqüentemente, formando plantas compactas.
Tais redutores afetam a formação de células e a elongação do internódio abaixo do
meristema assim, plantas baixas são obtidas com o desenvolvimento de flores normais
(TOLOTTI et al., 2003).

Segundo Barret (1992), especificamente sobre o redutor de crescimento


daminozide, que pode ser encontrado comercialmente como os nomes de Sadh, Alar-85, B-
Nine e Kilar, descreve que tal composto deve ser aplicado somente por via foliar, sendo este
bastante móvel em todas as partes da planta após sua aplicação. A concentração em
pulverização geralmente indicada é de 1.250 a 5.000 mg.L-1 e seu efeito depende de alguns
fatores como idade da planta e temperatura no momento da aplicação.

O uso de redutores de crescimento representa uma importante ferramenta para a


manipulação da arquitetura das plantas, resultando em características comerciais
adequadas, sendo o controle químico do crescimento dos vegetais objetivo de pesquisa em
muitos países da Europa e da América do Norte. Entretanto, no Brasil, existem poucos
resultados envolvendo o uso dos redutores em plantas ornamentais envasadas (TINOCO,
2005).

A adequação do porte das plantas para o mercado exige, no entanto, alterações nas
técnicas de cultivo tradicionais. Nesse sentido, o uso de redutores de crescimento se faz
necessário, para induzir redução no comprimento dos entrenós e manter uma relação
harmoniosa entre altura da planta e altura do vaso (CARLUCCI et al., 1991).

Segundo Mainardi et al. (2004), mesmo em cultivares de porte baixo, especialmente


melhoradas para cultivo em vaso, o controle da altura através de redutores de crescimento
faz-se necessário para adequar a estética do seu porte em relação ao tamanho do vaso.

O presente trabalho teve como objetivo avaliar a qualidade de Lobélia (Lobelia erinus
L.) cultivada em vaso, sob diferentes doses e número de aplicações do redutor de
crescimento B-Nine (daminozide).

2. METODOLOGIA

Conduziu-se um experimento em estufa, no Departamento de Fitotecnia da


Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, RS, no período de 28 de agosto de 2009
a 09 de novembro de 2009.

2
As mudas de Lobélia (Lobelia erinus L.) foram obtidas através de sementes da
empresa ISLA Sementes Ltda. A semeadura foi realizada no dia 20 de julho de 2009, em
bandejas de isopor com 288 células contendo substrato Plantmax HT. O transplante das
mudas ocorreu no dia 28 de agosto de 2009, sendo que foram utilizadas quatro mudas para
cada vaso.

Foram utilizados vasos número 11, preenchidos com a mistura de solo classificação
São Pedro, casca de arroz carbonizada e casca de pinus moída, na proporção de 1:1:1.

Os vasos foram irrigados sempre que necessário e receberam semanalmente


fertirrigação com 120 ppm de N, 20 ppm de P e 100 ppm de K.

O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado, com sete


tratamentos e dez repetições cada. Os tratamentos aplicados foram os seguintes: (i)
testemunha (sem aplicação do redutor de crescimento B-nine); (ii) tratamento 2 = com uma
aplicação de 1500mg/L B-Nine; (iii) tratamento 3 = com duas aplicações de 1500 mg/L B-
Nine; (iv) tratamento 4 = com uma aplicação de 3000 mg/L B-Nine; (v) tratamento 5 = com
duas aplicações de 3000 mg/L B-Nine; (vi) tratamento 6 = com uma aplicação de 4500 mg/L
B-Nine; (vii) tratamento 7 = com duas aplicações de 4500 mg/L B-Nine.

A primeira aplicação da solução com B-Nine (daminozide) foi realizada no dia 22 de


setembro de 2009, com pulverizador manual. Para os tratamentos com duas aplicações,
esta foi realizada 15 dias após, no dia 07 de outubro de 2009. Ambas foram realizadas no
final da tarde, aplicando-se 50 ml de solução para cada vaso. Foram avaliados o número de
flores e altura de plantas em duas datas: 03 de novembro e 09 de novembro de 2009.

A análise estatística dos dados obtidos foi realizada através do software


STATISTICA 6.0, seguindo o modelo de análise para o delineamento Inteiramente
casualizado, constando inicialmente da análise de variância e teste F. Quando o efeito
mostrou-se significativo, foi aplicado aos resultados o teste de Tukey em nível de 5% de
probabilidade de erro.

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Os parâmetros analisados são apresentados na Tabela 1. Observa-se que o


parâmetro número de flores não apresentou diferença entre os tratamentos aplicados, nas
duas datas em que foi analisado, corroborando com observações de Tolotti et al. (2003),

3
que não obtiveram alterações nas inflorescências de crisântemo após a aplicação dos
redutores de crescimento daminozide e paclobutrazol.

Verifica-se que o número de flores por vaso variou de 43,4 a 53,3 na primeira
avaliação enquanto que na segunda avaliação variou de 193,9 a 208,7 nos diferentes
tratamentos (Tabela 1). Esse aumento considerável em curto espaço de tempo no número
de flores por vaso se deve principalmente pela elevação da temperatura no período. Isso
demonstra que, provavelmente, o redutor B-Nine não foi capaz de modificar o de número de
flores por planta, comportando-se estatisticamente da mesma forma que nos casos onde
não houve aplicação do produto (testemunhas). Esse aspecto pode ser avaliado como
positivo, já que o que se busca com a aplicação de redutores é a diminuição na estatura da
planta e não na quantidade de flores.

Os redutores, no que se refere à produção de plantas ornamentais em vaso, afetam


a formação de células e a elongação do internódio abaixo do meristema. Ainda na Tabela 1,
quanto ao parâmetro altura de planta, nas duas datas avaliadas foi possível observar que
houve diferença significativa entre os tratamentos. Para a avaliação realizada dia 03/11/09 a
maior altura foi obtida com uma aplicação de 3000 mg/L B-Nine, seguida dos tratamentos
testemunha, uma aplicação de 1500mg/L B-Nine, duas aplicações de 1500 mg/L B-Nine,
duas aplicações de 3000 mg/L B-Nine e uma aplicação de 4500 mg/L B-Nine.

Já a menor altura da planta para a avaliação do dia 03/11/09 foi obtida para o
tratamento com duas aplicações de 4500 mg/L B-Nine, onde a concentração de Daminozide
e a quantidade de aplicações foi a maior dentre os tratamentos. Embora este tratamento
tenha resultado na menor altura de plantas, não diferiu estatisticamente dos tratamentos
testemunha, uma aplicação de 1500mg/L B-Nine, duas aplicações de 1500 mg/L B-Nine,
duas aplicações de 3000 mg/L B-Nine e uma aplicação de 4500 mg/L B-Nine.

Para a avaliação realizada dia 09/11/09 as maiores alturas das plantas foram obtidas
com uma aplicação de 3000 mg/L B-Nine; duas aplicações de 3000 mg/L B-Nine e duas
aplicações de 1500 mg/L B-Nine, sendo seguidos dos tratamentos testemunha, uma
aplicação de 1500mg/L B-Nine e uma aplicação de 4500 mg/L B-Nine, embora estes não
tenham diferido estatisticamente.

Da mesma forma como o obtido para a primeira data de avaliação, a menor altura de
planta na segunda data de avaliação foi obtida com duas aplicações de 4500 mg/L B-Nine,
porém este resultado não apresentou diferença estatística dos resultados obtidos com os

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tratamentos testemunha, uma aplicação de 1500mg/L B-Nine e uma aplicação de 4500 mg/L
B-Nine.

Tabela 1 - Valores observados para número de flores (NF) e altura de planta (AP) em centímetros,
em duas datas de avaliação, para diferentes doses de redutor de crescimento. Santa Maria, 2009.

Tratamentos NF (03/11/09) NF (09/11/09) AP (03/11/09) AP (09/11/09)


Testemunha 48,60 a 201,60 a 19,40 ab 19,90 ab
1x 1500mg/L B-Nine 46,80 a 201,60 a 19,10 ab 19,85 ab
2x 1500 mg/L B-Nine 49,30 a 193,90 a 18,63 ab 20,55 a
1x 3000 mg/L B-Nine 53,30 a 198,80 a 20,23 a 21,85 a
2x 3000 mg/L B-Nine 43,40 a 198,00 a 18,33 ab 20,65 a
1x 4500 mg/L B-Nine 52,10 a 200,60 a 19,05 ab 19,75 ab
2x 4500 mg/L B-Nine 47,40 a 208,70 a 16,46 b 16,80 b
*Médias da mesma coluna seguidas de uma mesma letra não diferem entre si, em nível de 5% de probabilidade pelo teste de
Tukey.

No cultivo de plantas ornamentais em vaso, como é o caso da Lobélia, a obtenção de


plantas de copa mais compacta é uma característica desejável, já que nesse segmento de
mercado a qualidade visual é requisito imprescindível no momento da comercialização dos
produtos.

4. CONCLUSÃO

Conclui-se que, para a Lobélia, a aplicação de redutor de crescimento não é capaz


de alterar o número de flores desenvolvidas por planta, porém a altura da planta varia
conforme a dose e a quantidade de aplicações.

REFERÊNCIAS

BARRET, J.E. Mecanisms of action. In: Tips on the use of chemical growth regulators on
floriculture crops. Ohio Florists Association, p.12-18, 1992.

CARLUCCI, M. V.; FAHL, J. I.; MATTHES, L. A. F. Efeito de retardantes de crescimento em


Ruellia colorata. Revista Brasileira de Fisiololgia Vegetal, v.3, n.2, p.103-106, 1991.

LORENZI, H.; SOUZA, H. M. Plantas ornamentais do Brasil: arbustivas, herbáceas e


trepadeiras. Nova Odessa: Plantarum, 1995. 720 p.

MAINARDI, J. C. C. T.; BELLÉ, R. A.; MAINARDI, L. Produção de crisântemos


(Dendranthema grandiflora Tvzelev.) "Snowdon" em vaso II: Ciclo da cultivar, comprimento,
largura e área da folha. Ciência Rural, v.34, n.6, p.1709-1714, 2004.

RADEMACHER, W. Growth retardants: effects on gibberellin biosynthesis and other

5
metabolic pathways. Annual Review of Plant Physiology and Plant Molecular Biology, v.51,
p. 501-531, 2000.

TINOCO, S. A. Doses e formas de aplicação dos retardantes de crescimento clormequat,


daminozide e placoblotrazol na cultura do gerânio (Pelargonium x hortorum L.H. Bailey).
Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Viçosa, 2005.

TOLOTTI, J. C. C.; BELLÉ, R. A.; MAINARDI, L. Produção de crisântemo (Dendranthema


grandiflora Tzvelev.) Snowdon. em vaso I: doses e freqüências de aplicação de daminozide.
Ciência Rural, v.33, n.6, p.1045-1051, 2003.

TSUGAWA, H.; KAGAMI, T.; SUZUKI, M. High-frequency transformation of Lobelia erinus L.


by Agrobacterium-mediated gene transfer. Plant Cell Reports, v. 22, n. 10, p. 759-764,
2004.

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