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O SERVIÇO LITÚRGICO-PASTORAL CONCEDIDO AO

MINISTRO EXTRAORDINÁRIO DA COMUNHÃO

A Distribuição da comunhão durante a Missa


O ministro extraordinário da distribuição da eucaristia pode distribuir a
comunhão durante a Missa quando o número de fiéis for de tal ordem que atrase
excessivamente a celebração, quando não haja outros sacerdotes e também falte o
diácono ou o acólito, ou então quando os mesmos estejam impedidos por causa de outro
ministério de carácter pastoral, por doença ou por idade avançada.
O critério a ter em consideração é o de que o ofício deve ser exercido antes
de mais pelo ministro Ordinário: só na sua ausência, por indisponibilidade ou por falta
de quantidade suficiente, é que se recorre ao ministro extraordinário.
A Instrução Immensae caritatis afirma claramente: “Dado que estas
faculdades foram concedidas unicamente em vista do bem espiritual dos fiéis e para os
casos em que se verifica verdadeira necessidade, tenham os sacerdotes presente que, em
virtude das mesmas, não ficam dispensados do dever de distribuir a Santíssima
Eucaristia aos fiéis que legitimamente a peçam e, de modo particular, de a levar e dar
aos doentes” (n. I, 6).

A distribuição da comunhão fora da Missa


O ministro extraordinário da distribuição da eucaristia pode distribuir a
comunhão fora da Missa nos casos contemplados, ou mais precisamente:
a) na igreja ou num oratório onde se conserve a eucaristia;
b) nas casas dos doentes e dos idosos impossibilitados de participar na Missa;
Relativamente ao primeiro caso é oportuno que a eucaristia seja distribuída
em horários estabelecidos e de modo comunitário.

A celebração dominical onde falta o presbítero e o diácono


Deve ser dada particular atenção à celebração dominical nos lugares onde
falta o presbítero, sempre que o ministro extraordinário da comunhão for encarregue de
a orientar.
Citamos as disposições dadas a 2 de Junho de 1988 pela Congregação do
Culto Divino, extraindo as partes que dizem respeito ao nosso caso.
“Tal comunidade poderá assim experimentar verdadeiramente o modo
como no dia do domingo se reuniu não ‘sem presbítero’, mas somente ‘na sua
ausência’, ou melhor, ‘na expectativa da sua vinda’” (n. 27).
“ A ordem a observar na reunião do dia dominical, quando não há Missa,
consta de duas partes, a saber, a celebração da palavra de Deus e a distribuição da
comunhão. Na celebração não deve ser inserido o que é próprio da Missa, sobretudo a
apresentação dos dons e a Oração Eucarística. O rito da celebração deve ser organizado
de tal modo que favoreça totalmente a oração e dê imagem duma assembleia litúrgica e
não duma simples reunião” (n. 35).
Em suma, trata-se de celebrar a Liturgia da Palavra do domingo, festa ou
solenidade recorrente à qual se seguirá o rito da comunhão.
“Os textos das orações e das leituras para cada domingo ou solenidade,
tomam-se habitualmente do Missal e do Leccionário. Desse modo os fiéis, seguindo o
curso do Ano Litúrgico, terão possibilidade de orar e de ouvir a palavra de Deus em
comunhão com as outras comunidades da Igreja” (n. 36).
“O pároco, ao preparar a celebração com os leigos designados, pode fazer
adaptações tendo em conta o número dos participantes e a capacidade dos animadores, e
relativamente aos instrumentos que servem ao canto e à execução musical” (n. 37).

A eucaristia dada aos doentes


A eucaristia levada aos doentes e aos idosos impossibilitados de participar
na Missa exige particular atenção pastoral.
No n. 40 da instrução Eucharisticum mysterium está escrito: “Convém que
aqueles que estão impedidos de tomar parte na celebração eucarística da comunidade
sejam zelosamente alimentados com a Eucaristia, e deste modo se sintam também
unidos à mesma comunidade e sustentados pelo amor de seus irmãos”.
Para que haja uma plena compreensão do significado da comunhão dada
aos doentes, e me vista de uma consequente e correcta estratégia relativa às iniciativas
pastorais neste sector, é imprescindível considerar a íntima ligação entre comunhão
sacramental, celebração eucarística, comunhão eclesiástica e comunhão existencial com
Cristo.
A comunhão com o Corpo de Cristo representa o momento-síntese de todo
o “sentido” da eucaristia. É a partir dela que se desenvolve a consciência da comunidade
como corpo de Cristo e é por meio dela que se cria a comunidade eclesiástica. São
Paulo afirma: “O pão que partimos não é comunhão com o corpo de Cristo? Já que há
um único pão, nós, embora muitos, somos um só corpo, visto que todos participamos
desse único pão” (1 Cor 10, 16-17).
Antes de “levar a eucaristia aos doentes” e importante “levar os doentes à
eucaristia”.
Há uma ordem de prioridades que se deve respeitar e cumprir, dentro do
possível, entre as três escolhas:
a) Em primeiro lugar, deve-se fazer, mediante uma organização inteligente, com
que todos os que não estão acamados – sobretudo as pessoas idosas e deficientes
– tenham a possibilidade de participar na Missa na igreja e juntamente com os
outros (serviço de motoristas e de acompanhantes, etc.).
b) Em segundo lugar, tenha-se em consideração a possibilidade e a oportunidade de
celebrar algumas vezes a eucaristia na casa dos fiéis doentes que estão sujeitos a
prolongada doença ou então estão impedidos de sair1.
1
Continua a valer o princípio da celebração da Missa num lugar sagrado, próprio e adequado a uma
celebração piedosa e oportunamente participada. Apesar disto, o Código de Direito Canónico acrescenta:
“… a não ser que a necessidade exija outra coisa” (cân. 932, 1).
E isto pode contribuir para o bem de um doente, como consta no Rito da Unção dos doentes, para o bem
de um grupo, na câmara ardente sempre que se verifiquem as devidas condições, etc. Deve tratar-se
sempre de casos excepcionais, motivados por causas transitórias (não habituais), e em que a celebração
decorra em lugares adequados e dignos. A autorização é dada pelo próprio direito, sem que seja preciso
a intervenção do Ordinário. Se, pelo contrário, se trata de situações habituais ou muito frequentes, é
necessário obter a autorização do Ordinário.
Durante a elaboração do código, um padre julgou excessivamente permissiva esta norma e pediu que
fosse obrigatório o consenso do Ordinário. Foi-lhe respondido: “Semelhante alteração parece tornar a
coisa demasiado complicada”. O clima de maior benignidade da nova legislação favorece o aumento da fé
e da piedade; o lugar, se bem preparado, deve permitir uma celebração digna, e as pessoas interessadas
devem desejar a santa Missa só por motivos religiosos. É preciso evitar que a concessão excepcional se
transforme em prática comum e, pior ainda, em emulação entre famílias. Normalmente, nestas
circunstâncias deve-se pensar num outro tipo de celebração. Muito razoavelmente quer-se impedir que
seja reconhecido de facto um privilégio a algumas famílias, em detrimento de outras, pelo simples facto
c) Finalmente – quando não são possíveis as duas anteriores soluções – levar-se-á a
comunhão àqueles que não podem ir à igreja para participar na Missa. Nesta
terceira hipótese, a relação da comunhão com o sacrifício eucarístico e com a
comunidade transparece em toda a sua evidência se houver a preocupação de
levar a eucaristia aos doentes, sobretudo nos dias festivos e em continuidade
com a Missa, como prolongamento da celebração que vê reunida a Igreja.

De facto, como lembram os nossos bispos, a comunhão dada aos doentes,


relativamente à Missa dominical, é expressão da tomada de consciência, por parte da
comunidade, de que os irmãos constrangidos a estarem ausentes por razões de saúde
também são incorporados em Cristo, e é uma profunda exigência de solidariedade que
os une à Igreja que celebra a eucaristia.
O serviço dos ministros extraordinários que leva o duplo dom da palavra e
da comunhão eucarística, se for preparado e levado a cabo baseando-se no diálogo de
amizade e de fraternidade, torna-se num claro testemunho da delicada atenção de Cristo
que tomou consigo as nossas enfermidades e as nossas dores.
As três hipóteses apresentadas constituem o modelo-base em que se deve
inspirar toda e qualquer iniciativa em mérito: parte-se do facto eclesiástico relativo à
assembleia dominical e festiva, passando pela dinâmica interna de graça e de caridade,
até acabar nos irmãos impossibilitados de participar nas celebrações. A lógica
sacramental da Igreja exige que se preste muita atenção a estes aspectos “exteriores” da
praxis eucarística, visto serem esses que determinam concretamente “a imagem” da
eucaristia aos olhos dos fiéis, e, portanto, facilitam (ou impedem) a respectiva correcta
compreensão vivida.

O Viático
O fiel, ao passar desta vida, fortalecido pelo Viático do Corpo e Sangue de
Cristo, mune-se do penhor da ressurreição, de acordo com as palavras do Senhor:
“Quem come a minha Carne e bebe o meu Sangue, tem a vida eterna e Eu ressuscitá-lo-
ei no último dia” (Jo 6, 54).
O Viático, se for possível, deve receber-se no contexto da Missa, a fim de
que o doente possa comungar sob as duas espécies, uma vez que a Comunhão recebida
como Viático deve ser considerado como sinal peculiar da participação no mistério que
se celebra no Sacrifício da Missa, ou seja, da morte do Senhor e da sua passagem ao
Pai.
Devem receber o Viático todos os fiéis baptizados, capazes de receber a
sagrada comunhão. Com efeito, todos os fiéis em perigo de vida, seja qual for a origem
desse perigo, são obrigados, por preceito, a receber a sagrada comunhão. Assim
recomenda o can. 921, 2, do Direito Canónico.
Os pastores, porém, devem vigiar para que não se adie a administração
deste sacramento e para que os fiéis o recebam em plena consciência.
Além disso, convém que o fiel, ao receber o Viático, renove a profissão de
fé do Baptismo, pelo qual recebeu a adopção dos filhos de Deus e se tornou herdeiro da
promessa de vida eterna.
São ministros ordinários do Viático: o pároco e seus cooperadores, o
sacerdote que tem a seu cargo o cuidado dos doentes nos hospitais e o superior da
comunidade religiosa clerical.

de um privilégio a algumas famílias, em detrimento de outras, pelo simples facto de disporem de locais
amplos e dignos; com isto renasceriam aqueles privilégios que o Concílio Vaticano II quis abolir.
Em caso de necessidade, administre o Viático qualquer sacerdote com a
licença, pelo menos presumida, do ministro competente.
Na falta, porém, de sacerdote, pode levar o Viático aos doentes o diácono
ou outro fiel, homem ou mulher, que por autoridade da Sé Apostólica tenha sido
devidamente escolhido pelo Bispo para distribuir a Eucaristia aos fiéis. Neste caso, o
diácono use o rito descrito no Ritual; os restantes, porém, sigam o rito que
ordinariamente usam na distribuição da sagrada comunhão, mas com a fórmula proposta
no Ritual para a administração do Viático por um ministro extraordinário2.

A Unção dos Doentes


O ministro extraordinário da comunhão também se deve aperceber da
gravidade da doença, de modo que o doente possa ser oportunamente preparado para
pedir, e também receber com fé e devoção, o sacramento da Unção dos doentes sem
cair no péssimo hábito de adiar a administração deste sacramento.
Neste caso, o pároco deve estar informado do estado de saúde do doente,
visto que “o ministro próprio da Unção dos doentes é apenas o sacerdote”3.
A quem se deve administrada a Unção dos doentes?
a) A Epístola de S. Tiago recomenda que se administre a Unção aos doentes para
os aliviar e salvar. Deve, por isso, com todo o empenho e diligência, aplicar-se
aos fiéis gravemente doentes, quer em razão da própria enfermidade, quer em
razão da idade avançada. Para julgar a gravidade da doença, basta o juízo
prudente ou provável acerca da mesma, ou, sem cair em estado de excessiva
ansiedade, pedir o conselho ao médico, caso seja necessário.
b) O Sacramento da Unção pode receber-se de novo se o doente convalescer depois
de o ter recebido, ou se, no decurso da mesma doença, o seu estado se tornar
mais grave.
c) Pode também dar-se a santa Unção antes de uma intervenção cirúrgica grave,
quando o motivo é uma doença perigosa.
d) Pode igualmente administrar-se às pessoas idosas cujas forças estejam já muito
debilitadas, embora não sofram de doença grave.
e) Pode também dar-se às crianças gravemente doentes, mas suficientemente
dotadas do uso da razão para poderem ser confortadas por este sacramento.
f) Aos enfermos que tiverem perdido o uso da razão, ou se encontrem
inconscientes, pode dar-se-lhes a santa Unção, se se julgar com probabilidade
que a teriam pedido, como crentes, caso estivessem no uso das faculdades.
g) O sacerdote, chamado por um doente que entretanto faleceu, ore por ele ao
Senhor, para que lhe perdoe os pecados e o receba misericordiosamente no seu
reino, mas não lhe administre a Unção. Quando se duvida se o enfermo já está
realmente morto, pode administrar-se-lhe condicionalmente este sacramento (n.
159)4.

A Confirmação em perigo da vida

2
Ritual Romano. Unção e Pastoral dos Doentes, CEP, Gráfica de Coimbra, 1975, Preliminares, nn. 26-
29.
3
Idem, nn. 16 e 18
4
Ibidem, nn. 8-12 e 14-15.
Quando um doente grave ainda não recebeu o sacramento da
Confirmação, o ministro extraordinário da comunhão, ainda que não tenha qualquer tipo
de competência ou encargo, deve conhecer as prescrições da Igreja relativas a este caso.
Ajudará o pároco a preparar bem o doente para receber dignamente o segundo
sacramento da iniciação cristã.
Eis as disposições às quais se deve adequar:
“É justo e de dever que a iniciação cristã de todos os baptizados seja
realizada com os sacramentos da confirmação e da eucaristia. Portanto, deve-se
convidar o fiel doente em perigo de morte e dotado de razão, se ainda não tiver recebido
o sacramento da confirmação e lhe for possível receber a possível e necessária
catequese, a receber, antes do Viático, a força e o apoio da confirmação”5.
O sacramento da confirmação, aquando de uma situação de perigo de
morte, e o sacramento da Unção dos doentes não devem ser conferidos com rito
contínuo, para evitar que se faça confusão entre dois sacramentos diferentes, conferidos
que são ambos com o sinal da unção.
Porém, ser for necessário, confira-se o sacramento da confirmação
imediatamente antes da bênção do óleo dos enfermos, omitindo a imposição das mãos
indicada no rito da unção6.
No caso de perigo de morte, o pároco, ou melhor, qualquer sacerdote, tem
a faculdade de administrar o sacramento da confirmação7.

A visita aos doentes


Para “levar os doentes à eucaristia” antes de “levar a eucaristia aos
doentes”, é importante visitar essas pessoas doentes e idosas.
Todos os fiéis, animados da caridade e da solicitude de Cristo e da Igreja
para com os doentes, cada um segundo a sua condição, cuidem deles com empenho,
visitando-os, confortando-os no Senhor e auxiliando-os fraternalmente nas suas
necessidades.
Mas, sobretudo os párocos e todos os que cuidam dos doentes, ajudem-nos
com palavras de fé que os levem a conhecer o significado da doença no mistério da
salvação; exortem-nos, além disso, a que, iluminados pela fé, saibam unir-se a Cristo
sofredor e possam por fim santificar a doença com a oração, da qual aprenderão a haurir
a fortaleza de ânimo para suportar as dores.
Procurarão, no entanto, levar a pouco e pouco os doentes a participarem
dos sacramentos da Penitência e da Eucaristia, recebendo-os com a devida preparação e
frequência, segundo a condição de cada um, e particularmente a receberem em devido
tempo a Santa Unção e o Viático.
Convém que os doentes sejam levados a rezar, quer sozinhos, quer em
reunião com os seus familiares ou com aqueles que os assistem ou deles cuidam,
utilizando sobretudo as orações da Sagrada Escritura, meditando naquilo que em Cristo
e nas suas acções ilumina o mistério da doença humana, ou utilizando as fórmulas e os
sentimentos dos Salmos e de outros textos.
Mas para fazer devidamente esta oração devem ser ajudados com meios
adequados; e os sacerdotes devem fazer essas orações com eles de vez em quando e de
boa vontade.

5
Ritual romano. Rito da Confirmação, CEP, Gráfica de Coimbra, 1975, n. 60.
6
Ritual romano. Unção e Pastoral dos Doentes, ed. Cit., n. 161.
7
Ritual romano. Rito da Confirmação, ed. Cit., n. 7c.
Ao visitar os doentes, o sacerdote poderá organizar com elementos
próprios uma oração comunitária, à maneira de breve celebração da Palavra de Deus,
que deve ser preparada por um diálogo fraterno. Mas à leitura da Palavra de Deus,
junte-se oportunamente a oração, que deve ser tirada dos Salmos, de outras orações ou
das ladainhas8.
Porém, tudo isto deve ser feito com grande atenção ao estado do doente,
com muito espírito de fé, mas ao mesmo tempo com discrição, fruto do bom senso e da
caridade.

8
Ritual romano. Unção e Pastoral dos Doentes, CEP, Gráfica de Coimbra, 1975, nn. 42-45.

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