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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA

FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO, CONTABILIDADE


E CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO
DEPARTAMENTO DE ECONOMIA
GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS ECONÔMICAS

DANIELE NOGUEIRA MILANI

IDENTIFICAÇÃO DE AGLOMERAÇÕES PRODUTIVAS DE


TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NO BRASIL E
AS POLÍTICAS DE INCENTIVO A ESSAS ESTRUTURAS
PRODUTIVAS PELO GOVERNO FEDERAL

BRASÍLIA, janeiro de 2011.


DANIELE NOGUEIRA MILANI

IDENTIFICAÇÃO DE AGLOMERAÇÕES PRODUTIVAS DE


TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NO BRASIL E
AS POLÍTICAS DE INCENTIVO A ESSAS ESTRUTURAS
PRODUTIVAS PELO GOVERNO FEDERAL

Monografia apresentada no Departamento


de Economia da Universidade de Brasília,
orientada pelo Prof. Luciano Martins Costa
Póvoa, Dr., como requisito parcial à
obtenção do grau de Bacharel em
Economia.

BRASÍLIA, janeiro de 2011.


TERMO DE APROVAÇÃO

DANIELE NOGUEIRA MILANI

IDENTIFICAÇÃO DE AGLOMERAÇÕES PRODUTIVAS DE


TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NO BRASIL E
AS POLÍTICAS DE INCENTIVO A ESSAS ESTRUTURAS
PRODUTIVAS PELO GOVERNO FEDERAL

Esta monografia foi julgada e aprovada para a obtenção do grau de Bacharel em Economia
pelo Departamento de Economia da Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e
Ciência da Informação e Comunicação da Universidade de Brasília.

Brasília - DF, 09 de fevereiro de 2011

_______________________________________
Prof. Luciano Martins Costa Póvoa, Dr.
Professor Adjunto

BANCA EXAMINADORA

_______________________________________
Prof. Pedro Henrique Zuchi da Conceição, Dr.
MILANI, Daniele.
Identificação de Aglomerações Produtivas de Tecnologia da Informação e
Comunicação no Brasil e as Políticas de Incentivo a essas Estruturas Produtivas pelo
Governo Federal.
Brasília: UnB, 2011.

Orientador: Prof. Dr. Luciano Martins Costa Póvoa


1. Economias de Aglomeração – 2. Economia do Conhecimento – 3. Setor de TIC – 4.
Sistemas de Inovação – 5. Política Setorial – 6. Política de Ciência e Tecnologia.
Minha inspiração:

“Se a norma fundamental do discurso teórico é a adequação descritiva ou representativa


– ou verdade – a norma fundamental do discurso prático é a consecução, realização ou
satisfação dos desejos, necessidades e propósitos humanos. Se há razões reais (causas) para
a crença ou ação, não devemos nos equivocar sobre elas, pois se fracassamos na verdade
podemos igualmente fracassar na satisfação.”
(Bhaskar)

A música da minha vida:

“Would you like to say something before you leave?


Perhaps you'd care to state exactly how you feel
We say goodbye before we've said hello
I hardly even like you
I shouldn't care at all”
(Summer 68, Atom Heart Mother, Pink Floyd)

O filme da minha vida:

"Je pense qu'il est temps de prendre le risque.”


(Dufayel, Le fabuleux destin d'Amelie Poulain)
Dedico cada letra, vírgula e todo o fôlego
desse trabalho a todos os familiares e
amigos que com uma dose de telepatia, com
seu “espírito KGB”, criatividade e atitudes
e palavras certas nas horas certas me
salvaram de todo o tédio e solidão que
residem sob o céu assustadoramente azul
dessa cidade perfeita e infernal. Ingratidão?
É, pode ser... (Pronto! Falei).
AGRADECIMENTOS

Agradeço a todo o pessoal da “Diretoria”. Meu muito obrigado pelas trocas de


fraldas, mamadeiras, educação, noites mal dormidas, almoços em família, brigas em família,
pelos empréstimos consignados, conversas fraternais e por tantas outras coisas que os
Nogueira Milani fizeram por mim; mas, especialmente, sou grata por terem aberto mão de
muitas coisas importantes pelo meu bem. Um abraço e um beijo especial ao “Diretor” e à
“Diretora” pelo ponta-pé inicial.

Agradeço aos “playboys” da Economia pelos devaneios teórico-experimentais nas


tardes e, muitas vezes, noites de “estudo” na biblioteca; pelas discussões quentíssimas e pelos
infinitos cafezinhos no intervalo entre as aulas; pelas domingueiras na casa da Paulinha; pelas
serestas no Pôr-do-Sol; pelas bebedeiras nas festinhas da UnB; pelos forrós de terça a
domingo; pelos cineminhas; pelos almoços “mazelas” no RU; pelas respostas das listas de
exercícios que rolaram por aí; enfim, por toda a companhia de primeira qualidade que me
proporcionaram, sem a qual teria sido muito difícil “chupar essa manga”.

Agradeço aos amigos (moradores, agregados e visitantes) do 109 B da Casa do


Estudante. Apesar de todas as nossas diferenças, essas pessoas foram cúmplices de muitas
experiências difíceis e de muitos dos momentos alegres que passei em Brasília, sendo uma
importante referência e um grande apoio que dificilmente se encontra fora da casa dos pais
(devo muito disso ao Paulinelly, à Ana e à Valéria). Em especial, agradeço à Let por toda sua
delicadeza e carinho inesgotável e ao Zé, o homem da casa, pelas “duras” no entregador de
pizza que sempre nos deixava esperando por mais de 40 minutos! Agradeço também, como
aluna residente na Universidade de Brasília, à Diretoria de Desenvolvimento Social pelo
apoio sem o qual teria sido muito difícil permanecer nessa cidade nos primeiros anos da
faculdade.

Agradeço a todos os docentes, em especial aos do Departamento de Economia da


Universidade de Brasília, que passaram pelo meu caminho. Com muita literatura e algumas
“pauladas”, ao longo desses quatro anos e meio, eles foram me ajudando a vestir essa roupa
apertadinha, mas que me cai tão bem, de economista. É com ela que, por muitos anos, espero
sair todas as manhãs da minha casa para ganhar o pão e fazer algum bem à sociedade. Em
particular, agradeço ao professor Luciano Martins Costa Póvoa, que com sua paciência
transcendental e método ajudou-me a organizar as idéias desse trabalho, atuando como um
verdadeiro obstetra nesse longo e doloroso parto.

Agradeço a todos os funcionários do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, na


pessoa do técnico em pesquisa e planejamento Luís Cláudio Kubota, pela oportunidade de
aprimorar meus conhecimentos teóricos e práticos no campo da economia, especialmente, no
que se refere ao despertar de interesse pelo tema desenvolvido nesse trabalho, atuando como
uma fonte inesgotável de inspiração para minha vida profissional e acadêmica. Um abraço
especial ao meu eterno companheiro da sala 927, Gabriel Gontijo, pelas dicas de como comer
bem na cidade, pelo apoio, pela companhia e pelos pastéis de queijo dos “Tribunais”...

A tantos outros amigos e familiares que não foram citados nesse espaço, mas nem
por isso esquecidos ou menos parceiros ao longo da vida, o meu sincero agradecimento.

Aqui se encerra o “Momento CARAS” dessa monografia. Vamos ao trabalho!


ÍNDICE

LISTA DE TABELAS .......................................................................................................ii


LISTA DE GRÁFICOS.....................................................................................................iii
RESUMO ..........................................................................................................................iv
ABSTRACT .......................................................................................................................v

1 Introdução .........................................................................................................................1

2 O setor de TIC como chave da Economia do Conhecimento .......................................2

3 Economias de Aglomeração.............................................................................................5

3.1 Conceituações de Economias de Aglomeração: dos Distritos Industriais aos


Sistemas Locais de Inovação..................................................................................................5

3.2 O setor de TIC como economia de aglomeração .......................................................8

4 O papel das políticas públicas destinadas ao desenvolvimento de economias de


aglomeração em uma economia de TICs globalizada .........................................................13

4.1 A articulação entre as políticas públicas de promoção aos APLs/SPLs e o Sistema


Nacional de Inovação...........................................................................................................15

5 Análise Descritiva: a evolução do setor de TIC no Brasil: 2000 – 2009 ....................18

6 Metodologia.....................................................................................................................34

6.1 A base de dados: Relação Anual de Informações Sociais do Ministério do Trabalho


- RAIS 34

6.2 Industry Perception Method (IPM) ..........................................................................36

7 Resultados .......................................................................................................................40

Considerações Finais ........................................................................................................50


Referências Bibliográficas................................................................................................54
Apêndice...........................................................................................................................58
ii

LISTA DE TABELAS

TABELA 1. Código de Classe de Atividade Econômica do Setor de Tecnologia da


Informação e Comunicação - CNAE 2.0..................................................................................18
TABELA 2. Faturamento¹ do Setor de TIC comparativamente ao total da economia brasileira
por atividade econômica (em milhões). Período: 2000 – 2008. ...............................................21
TABELA 3. Número de Empregos no Setor de TIC (em milhares). Período: 2000 - 2009. ...23
TABELA 4. Pessoal ocupado altamente qualificado no Setor de TIC comparativamente ao
total da economia brasileira por categoria (em milhares). Período: 2000 – 2009 (anos
selecionados). ...........................................................................................................................25
TABELA 5. Número de Empresas Inovadoras do Setor de TIC. Período: 2001 - 2008..........29
TABELA 6. Gastos em Atividades Inovativas de Empresas Inovadoras do Setor de TIC. (em
milhões). Período: 2000 – 2008 (anos selecionados). ..............................................................30
TABELA 7. Coeficientes de Gini Locacional (GL) para o valor da produção nas classes de
atividade econômica (4 dígitos) do setor de TIC no Brasil. Ano: 2009. ..................................40
TABELA 8. Estatística descritiva do Quociente Locacional para o emprego nas classes de
atividades econômicas do setor de TIC e municípios brasileiros. Ano: 2009..........................41
TABELA 9. Freqüência de casos para faixas de Quociente Locacional (QL) para o emprego
no setor de TIC e municípios brasileiros. Ano: 2009. ..............................................................42
TABELA 10. Número de municípios com classes de atividade econômica do setor de TIC
segundo número de estabelecimentos e participação no total do emprego do setor. Ano: 2009.
..................................................................................................................................................43
TABELA 11. Número de municípios de alta concentração e especialização no setor de TIC
segundo participação no total do emprego do setor. Ano: 2009. .............................................44
TABELA 12. Classes do setor de TIC nos municípios brasileiros identificados na categoria
núcleo de desenvolvimento setorial-regional. Ano: 2009. .......................................................45
TABELA 13. Classes do setor de TIC nos municípios brasileiros identificados na categoria
vetor de desenvolvimento local. Ano: 2009. ............................................................................46
TABELA 14. Classes do setor de TIC no município brasileiro identificado na categoria
vetores avançados. Ano: 2009. .................................................................................................48
TABELA 15. Classes do setor de TIC no município brasileiro identificado na categoria
embrião de arranjo produtivo. Ano: 2009. ...............................................................................49
iii
LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 1. Escolaridade do pessoal ocupado no Setor de TIC (em milhares). Período: 2000
- 2009........................................................................................................................................24
GRÁFICO 2. Exportações e Importações no Setor de TIC (em milhões). Período: 2000 -
2009. .........................................................................................................................................32
iv
RESUMO

A literatura contemporânea em economia industrial e economia regional é repleta de


estudos de casos sobre economias de aglomeração locais para o setor de TIC, que é um
segmento chave para a inserção de economias locais na nova dinâmica da Economia do
Conhecimento, constituindo uma avaliação ex post das características dessas aglomerações e
suas contribuições para o desenvolvimento local. Raros são os estudos que procuram
identificar o surgimento de tais aglomerações. Do ponto de vista da elaboração de políticas
industrial públicas para o fomento de sistemas de inovação, essa lacuna é grave, uma vez que
leva a privilegiar aglomerações já estabelecidas em detrimento daquelas em formação.

O objetivo desse trabalho, portanto, é identificar essas aglomerações no país por


meio do método Industry Perception Method (IPM), amplamente utilizado anteriormente para
a identificação de indústrias manufatureiras no país. Ainda, que esse método necessite de
maiores ajustes à aplicação em setores de alta tecnologia, permitirá identificar os municípios
brasileiros em que a participação do setor de TIC na economia local seja significativa em
termos da participação relativa do emprego no país e do nível de especialização da atividade
produtiva.

Palavras-chave: economias de aglomeração, Economia do Conhecimento, setor de TIC,


sistemas de inovação, política setorial, política de ciência e tecnologia.
v
ABSTRACT

The literature on industrial economics and regional economics is full of case studies
on agglomeration economies for the local ICT sector, which is a key segment for the insertion
of new dynamic local economies in the Knowledge Economy, being an ex post features of
these settlements and their contributions to local development. Few studies tried to identify
the emergence of such settlements. From the standpoint of public policy development to
promote industrial innovation systems, this gap is because it leads to favoring established
agglomerations to the detriment of those in training.

The aim of this study therefore is to identify these agglomerations in the country by
the method Industry Perception Method (IPM), formerly widely used for the identification of
manufacturing industries in the country. Still, this method require further adjustments to the
application in high-tech sectors, will identify the municipalities where the share of ICT sector
in the local economy is significant in terms of relative share of employment in the country and
the expertise of productive activity.

Keywords: agglomeration economies, Knowledge Economy, ICT sector, innovation systems,


sectoral policy, science and technology policies.

JEL Classification: R12, R15, L88, L78


1

1 INTRODUÇÃO

Uma questão relevante, no âmbito da economia regional, destaca as diversas


denominações e conceituações que as economias de aglomeração vêm assumindo ao longo
dos anos. Grande parte dessas mudanças está atrelada à formulação de políticas públicas cujos
objetivos evoluíram do aumento da competitividade por meio do aumento da produtividade de
empresas locais para o crescimento da inserção global dessas economias por intermédio do
desenvolvimento de capacidades inovativas locais, que contribuíram para a aproximação das
políticas de desenvolvimento regional com aquelas de ciência, tecnologia e inovação,
inserindo a dimensão local em uma nova estrutura econômica na qual a geração de
conhecimento constitui importante insumo produtivo. Visão essa a respeito de políticas
públicas que é confirmada pelo trecho a seguir:

As iniciativas de rede e de “clusters” continuam a emergir enquanto várias


ferramentas (ex. créditos fiscais) estão a ser utilizadas ao mesmo tempo para
promover a colaboração entre a indústria e a pesquisa. Com a globalização, o
apoio para grupos está igualmente a evoluir tendo em vista a criação de nós de
nível mundial para ligação de cadeias de valor globais de inovação em vez de
grupos circunscritos geograficamente. As ligações e cooperação entre regiões
tanto no interior como entre países estão a tornarem-se mais importantes.
(OCDE, 2008, p. 5).

Nesse novo contexto econômico, no qual se exige que as economias locais no


interior dos países estejam ligadas a níveis globais, torna-se indispensável o desenvolvimento
de tecnologias de informação a fim de ocorra de forma rápida a difusão de informações e
conhecimentos necessários à cooperação intra e inter aglomerações produtivas. Logo, o setor
de Tecnologia da Informação e Comunicação é a peça chave para o desenvolvimento de um
novo modelo econômico pautado em conhecimento, e devido à necessidade de economias de
escala e escopo, o próprio setor organiza-se sob a forma de economias locais especializadas,
sendo a caracterização das economias de aglomeração de TIC, as políticas públicas destinadas
a esse tipo de estrutura produtiva e a identificação de aglomerações produtivas no Brasil alvos
do nosso estudo.

A identificação dessas estruturas produtivas será realizada por meio da aplicação da


metodologia Industry Perception Method (IPM) empregada em Suzigan et all (2004). Esses
2

resultados empíricos são utilizados para enriquecer o debate sobre as políticas públicas de
incentivo às estruturas de aglomeração e de ciência, tecnologia e inovação no Brasil, haja
vista que é condição para a elaboração dessas políticas a identificação de áreas ou regiões nas
quais existem esse tipo de estrutura ou potencialmente essa pode se desenvolver.

Esse trabalho está divido em sete partes, além dessa introdução. Na primeira delas é
apresentada uma breve discussão sobre o papel do setor de TIC como principal instrumento
na difusão do conhecimento na nova dinâmica econômica que se consolidou a partir dos anos
90. Já a segunda seção é dedicada a uma revisão bibliográfica sobre a conceituação e
características das economias de aglomeração e as particularidades daquelas em que o
enfoque tecnológico é o do setor de TIC. Na terceira, analisa-se o papel das políticas públicas
destinadas ao desenvolvimento de economias de aglomeração para o setor de TIC,
especialmente no que concerne à articulação entre as políticas de promoção dos arranjos
produtivos locais e Sistemas Nacionais de Inovação. Na quarta, apresenta-se uma análise
descritiva do setor de TIC brasileiro na última década (2000-2009), identificando-se as
principais tendências do setor no país. Na quinta parte, desenvolveu-se a metodologia
empregada na identificação de aglomerações produtivas do setor a ser estudado, focando
também na análise da base de dados empregada. A sexta seção dedica-se à apresentação dos
resultados e, por fim, na sétima e última parte faz-se as considerações finais.

2 O SETOR DE TIC COMO CHAVE DA ECONOMIA DO


CONHECIMENTO

A estrutura do que hoje os economistas costumam chamar de Economia do


Conhecimento começou a ser desenhada entre 1980 e 1990. Verspagen (2004) define esse
status quo como "era da informação", baseada na aplicação das tecnologias da informação e
comunicação (TICs) na economia. Embora o processamento automático de dados tenha sido
inventado durante a fase anterior (neste caso, durante e logo após a segunda guerra mundial,
quando os Estados Unidos e o Reino Unido desenvolveram o "computador"), essa tecnologia
só veio a ter plena exploração na década de 1980 e 1990, após sua fusão com as
telecomunicações, permitindo a difusão dos conhecimentos processados.
3

Antes de definirmos o que se entende por Economia do Conhecimento, definiremos a


princípio o que é o conhecimento e a relação desse com o que comumente chamamos de
TICs. Braga e Natário (2003) afirmam que o conhecimento resulta da interpretação de
informações com base em objetivos pré-definidos e experiências passadas, podendo ser
dividido em duas categorias: (i) conhecimento explícito (ou informação), que está codificado,
formalizado e pode ser transmitido sem perda de integridade, sendo o tipo de conhecimento
que depende do aparato das TICs para ser repassado de foram mais ágil; e (ii) conhecimento
tácito, o qual só pode ser obtido por meio da experiência e prática em um determinado
segmento, dependendo da interação local entre os agentes.

Quanto ao conhecimento explícito, segundo essas autoras, o processo de acumulação


progressiva do conhecimento parte da coleta, sistematização e interpretação de dados e
informações que, utilizando-se da experiência e talento humanos, ao serem codificadas
transformam-se em conhecimento. Contudo, esse processo não pára por aí, exigindo a
transmissão dos mesmos por meios materiais (linguagem humana e textos que podem ou não
estarem apoiados em bases tecnológicas, por exemplo), que permitirá a produção de mais
conhecimento por meio da aprendizagem e partilha cuja utilização econômica afeta o
processo de mudança tecnológica, inovação e sua difusão.

A fim de que se promova o crescimento econômico, a inovação é atualmente é um


fator essencial ao sucesso das organizações nesse aspecto na medida em que a sobrevivência
em um ambiente de competição crescente exige a abertura constante de novos mercados ou,
ao menos, a redução da substituibilidade da demanda. Desta forma, supõe-se, que em um
mercado livre concorrencial, a geração de inovações deve ocorrer de forma cada vez mais
veloz para que as firmas mantenham suas posições e, para isso, é preciso que acelere também
a produção do conhecimento, sendo necessária a utilização de tecnologias da informação e
comunicação (TICs) tanto para a formação de redes de conhecimento quanto para o acesso
rápido ao mundo do conhecimento.

Essa análise nos permite afirmar que, nesse novo contexto econômico, o
conhecimento constitui um insumo produtivo, assim como o trabalho e o capital, ainda que
constitua um recurso intangível. A partir desse entendimento do conhecimento, pode-se
definir “a economia do conhecimento como produção e serviços baseados em atividades
4

intensivas em conhecimento que contribuem para um acelerado ritmo de avanço científico e


tecnológico, bem como a rápida obsolescência” (POWELL; SNELLMAN, 2004, p.199,
tradução nossa); a introdução desse novo elemento produtivo intangível pode ser evidenciada
pela reestruturação e realocação do capital – observou-se o aumento da importância do
investimento nas TICs pelas firmas –, migração de profissionais mais qualificados da força de
trabalho para esse setor, além do aumento dos investimentos em treinamento e pesquisa.

Essa variável difícil de mensurar, contudo, não está ainda incorporada como uma
variável na função de produção de uma empresa. Mas, seus efeitos podem ser observados em
termos das mudanças reais nos negócios das empresas. Segundo Atkeson e Kehoe (2007),
quando uma organização adota de forma eficaz novas tecnologias da informação, exige-se a
reformulação da organização empresarial. No entanto, as melhorias na concepção de práticas
de negócios não cessam com a introdução de capital de TIC, já o aumento da capacidade de
computação e redes leva a uma crescente variedade de novos tipos de práticas de negócios.
Ainda, é necessário ressaltar que esse processo de melhoria da estrutura de uma organização
pode envolver um período prolongado de aprendizagem antes que os pagamentos deste
investimento sejam plenamente realizados.

A despeito da reestruturação do ambiente microeconômico por meio da utilização de


TICs, esse insumo produtivo foi capaz de promover mudanças nas esferas social, política e,
sobretudo, macroeconômica, pois “acompanhando a difusão do novo padrão desenvolvem-se
novas práticas de produção, comercialização e consumo de variados bens e serviços, de
cooperação e competição entre os agentes, de circulação e de valorização do capital (...)”
(LASTRES; CASSIOLATO, 2003, p. 7), abarcando atividades produtivas com baixa
intensidade tecnológica. Essas mudanças na conformação da organização social promovidas
pelas TICs permitiram, segundo esses autores, a formação de comunidades e redes virtuais,
que acelerou o processo de globalização, revalorizando-se inclusive o espaço local na medida
em que se observa o aumento da diferenciação entre esses espaços.

Contrariando a visão de que em um mundo globalizado haveria a homogeneização


das organizações sociais, econômicas e políticas, os formatos organizacionais que privilegiam
a interação e atuação conjunta dos mais variados agentes no âmbito local – economias de
aglomeração, tais como arranjos e sistemas produtivos e inovativos cujas definições serão
5

apresentadas a seguir – são importantes com o intuito de mobilizar e proteger as capacitações,


principalmente os conhecimentos tácitos acumulados, gerando um diferencial competitivo
para essas economias e guiando as políticas de desenvolvimento regional, especialmente em
países considerados em desenvolvimento.

Sendo, portanto, as TICs fundamentais para o desenvolvimento da economia do


conhecimento, quais são as características desse setor em âmbito regional? O setor de TIC é
capaz de se apropriar de conhecimentos tácitos presentes no âmbito local? E como esse setor,
tão internacionalizado e de alto conteúdo tecnológico, pode integrar a estratégia de políticas
industriais, científicas e tecnológicas e desenvolvimentistas de países em desenvolvimento
como o Brasil com foco em conceitos de estruturas produtivas de dinâmica local? Esses
questionamentos serão discutidos nas seções seguintes, onde introduziremos os diversos
conceitos de economias de aglomeração e como esses são formulados para o setor de TIC.

3 ECONOMIAS DE AGLOMERAÇÃO

3.1 CONCEITUAÇÕES DE ECONOMIAS DE AGLOMERAÇÃO:


DOS DISTRITOS INDUSTRIAIS AOS SISTEMAS LOCAIS DE
INOVAÇÃO

O termo “Sistemas Produtivos Locais” (também conhecido pela sigla SPL) é usado
para nomear arranjos produtivos em que se observa a interdependência, articulação e vínculos
consistentes dos quais podem resultar interação, cooperação e aprendizagem, promovendo o
aumento da competitividade e do desenvolvimento local, segundo Cassiolato e Szapiro
(2002). Esses autores ainda identificam de forma mais restrita o que ficou conhecido como
Arranjos Produtivos Locais (APLs), que são estruturas produtivas em que essas articulações
entre os agentes ocorrem de forma sistemática, sendo essa a forma de organização da estrutura
produtiva de uma determinada indústria ou setor mais conhecida e comumente utilizada como
de economia de aglomeração.

Para melhor compreendermos esse tipo de organização, devemos, primeiramente,


responder à seguinte pergunta: quais são os condicionantes do aparecimento de uma atividade
6

localizada? Marshall (1890) definiu esse processo como o de concentração de uma indústria1
em determinada localidade, ao realizar a observação de distritos industriais ingleses. Esses
constituem um conjunto de indústrias que produzem bens finais e outras subsidiárias, e,
portanto, não estão associados ao aparecimento de uma indústria focada em um único setor
produtivo, que se estabelecem ao redor da indústria principal não só devido à presença de
fatores produtivos (condições físicas e presença de mão-de-obra) que favoreçam a produção,
mas também motivadas pela presença de mercado consumidor.

Essas competências locais são comumente denominadas na literatura sobre o assunto


como economias externas marshallianas. Belussi e Caldari (2009) afirmam que os distritos
industriais – denominação utilizada a princípio por Marshall para o que é conhecido mais
recentemente como APLs – se fixam em uma determinada região em função de uma série de
fatores locais que constituem vantagens à fixação das empresas naquela região e não em outra
qualquer. Essas são denominadas economias externas passivas e não foram criadas pela
interação entre os agentes produtivos e instituições locais, ou seja, elas já existiam em
determinada localidade ou foram introduzidas pelo governo a fim de estimular o
desenvolvimento econômico de uma determinada região.

No entanto, ao longo do tempo, as interações que ocorrem dentro dessa organização


produtiva geram diversas outras estruturas que fortalecem aquele grupo de empresas,
retroalimentando o sistema a fim de que essas permaneçam naquela região. Essas vantagens
comparativas adicionais, conhecidas como economias externas ativas, podem ser:
conhecimento técnico tácito difundido localmente, crescimento de empresas subsidiárias,
presença de uma liderança local e o desenvolvimento de um mercado de trabalhadores
especializados. Essas condicionantes permitem que uma determinada atividade produtiva
permaneça em uma região e são fruto da articulação entre os agentes locais.

Mais recentemente, introduziu-se um novo conceito de economia de aglomeração


com o intuito de evidenciar a relação entre o desenvolvimento de competências locais e o

1
O processo de concentração das atividades industriais foi desenvolvido na obra de Penrose (1959).
Segundo a autora, em uma economia em crescente expansão, haveria crescimento das firmas e,
consequentemente, aumento da concentração das atividades industriais, até o ponto em que a taxa de crescimento
dessas empresas torna-se igual a zero, ponto a partir do qual a produtividade dos fatores de produção tornar-se-ia
decrescente. Essa redução se manifestaria em um aumento do número de firmas grandes e diminuição da
importância delas e do reordenamento das firmas na economia.
7

aumento da competitividade por meio de práticas inovativas. Esse denominado como


Sistemas Inovativos Locais, segundo Johnson et all (2003), é caracterizado como o conjunto
de agentes econômicos e instituições políticas que estão interligados em âmbito local e que
por meio de ações conjuntas incentivam, promovem e financiam inovações. Assim como nos
SPLs e APLs, essa definição apresentada acima também está apoiada em uma dimensão
geográfica, que pode ser local, regional, nacional ou supranacional e presume coerência e
orientação interna para processos inovativos, e outra, setorial, que delimita campos
específicos de tecnologias e, consequentemente, processos inovativos e políticas de incentivo
e promoção próprios.

Dessas conceituações, pode-se aprofundar que a articulação entre os agentes


econômicos de uma economia de aglomeração ocorre basicamente por meio de três
movimentos: a troca de conhecimento e informação entre eles, a realização de ações conjuntas
que favoreçam o aumento da produtividade do grupo de empresários e a criação de um
ambiente cultural empresarial local, que favorece a difusão e transferência de conhecimento
tácito entre os agentes. Morosini (2004) caracterizou esses movimentos como capacidades
presentes em um arranjo produtivo local que mantém seus agentes unidos, denominadas como
common glue.

Esses movimentos ou capacidades presentes em uma economia de aglomeração que


mantém os agentes unidos dependem da coordenação que eles exercem sobre as inter-relações
produtivas, comerciais e tecnológicas, constituindo um sistema de governança local. Para
Suzigan et al. (2007), a forma que a governança local pode assumir influência no desempenho
econômico de um arranjo produtivo local, sendo os principais condicionantes de sua
organização:

i. A estrutura de produção, especialmente quanto ao número de empresas e sua


distribuição por tamanhos;

ii. A natureza do produto ou da atividade econômica e sua base tecnológica;

iii. A forma de organização da produção e divisão do trabalho na cadeia produtiva;


8

iv. A forma de inserção comercial das empresas locais nos mercados;

v. A existência ou não de empresas que dominem capacitações e ativos estratégicos;

vi. As instituições locais, seu grau de desenvolvimento e de interação com o setor


produtivo; e,

vii. O contexto social/cultural/ político e suas características quanto a associativismo,


solidariedade, coesão social, confiança e capacidade de gerar lideranças locais.

A identificação desses condicionantes à organização da governança local de


economias de aglomeração nos permite avaliar que essas estruturas produtivas podem ser
bastante diversas, podendo ser identificadas em muitos ramos de atividade econômica, com
empresas de variados portes, mercados de trabalho e consumidor e com grupos bastante
distintos de instituições locais de apoio, permitindo-nos afirmar que a existência dessa
estrutura produtiva depende primordialmente da interação mesmo que incipiente entre os
agentes em âmbito local.

3.2 O SETOR DE TIC COMO ECONOMIA DE AGLOMERAÇÃO

O setor de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) apresenta uma estrutura


verticalizada de interação entre seus diversos segmentos (ou subsetores). Esses subsetores
incorporam elementos de níveis que estão acima deles por meio de processos de compra de
infra-estrutura para agregarem aos seus processos produtivos, o que implica uma forte
dependência tecnológica entre as firmas que atuam em diferentes segmentos desse setor,
segundo Fransman2 (2007).

Esse tipo de interação no setor de TIC pode ser encontrado no arranjo produtivo de
Campinas, São Paulo. Porto et all (2000) observam que entre as empresas do arranjo existem
intensas relações comercias, englobando tanto as relações estritamente comerciais quanto às

2
Em Fransman (2007), desenvolveu-se o Modelo em Camada do Ecossistema de TIC (ICT Ecosystem
Layer Model – ELM), que representa o sistema global do setor e permite sua análise, pois conceitualiza esse
setor em termos de camadas independentes e com funções bem definidas. Cada uma delas comunica-se entre si,
permitindo a compreensão da estrutura de mercado e industrial, a dinâmica e regulação do setor.
9

de desenvolvimento entre clientes e fornecedores, identificadas como transferências


tecnológicas verticais, ou seja, via consumo de insumos produtivos.

Nesse arranjo produtivo, não são observadas transferências tecnológicas horizontais,


ou seja, entre empresas que atuam como concorrentes em um mesmo segmento. Os autores
salientam que existe um elevado grau de autonomia tecnológica no arranjo, em grande parte
decorrente do alto conteúdo tecnológico dos produtos; em parte, as iniciativas de cooperação
são inibidas em função da presença de corporações estrangeiras presentes no arranjo.

Em um setor altamente globalizado, dominado por grandes players internacionais,


grande parte do processo de compra e venda de componentes do setor de TIC ocorreria entre
empresas de diferentes países, posto que a “(...) logística global permite o acesso a fatores de
produção básicos, tais como capital e o mercado de mão-de-obra especializada em grande
parte são abertos a todos (...)” (MOROSINI, 2004, p.307, tradução nossa).

Muito embora a comunicação virtual e tecnologias de informação e comunicação


gerem conhecimento tácito e relações pessoais próximas entre os agentes econômicos, sendo
determinantes para o sucesso competitivo das empresas, Morosini (2004) salienta que os
fluxos de conhecimento especializado e rica interação de conhecimentos que levam a
inovações valiosas continuam mais fortes entre os agentes do mesmo espaço geográfico.

Ainda, no longo prazo, as economias de aglomeração que tem acesso a mercados


estrangeiros adquirem competências tecnológicas que aumentam sua competitividade no
mercado local. Propis e Driffield (2006) afirmam que o IED (Investimento Estrangeiro
Direto) aumenta a produtividade dos fatores de produção apenas quando aplicados em
arranjos produtivos locais pré-existentes, sendo utilizado para o acesso das empresas dos
APLs – no caso estudado – a mercados externos, que são mais competitivos globalmente.

Entende-se, dessa forma, que essas organizações de alta tecnologia são favorecidas
pelo intercâmbio tanto entre os agentes locais, quanto com agentes externos ao arranjo
produtivo local, que podem ser acessados por meio do IED. No arranjo produtivo de alta
tecnologia de Oxfordshire, por exemplo, os empresários vêem nas redes de trabalho (network)
– que incluem tanto conferências quanto relações informais entre empresários – a principal
10

fonte de informações para o desenvolvimento de novos produtos e serviços, a despeito do


importante papel desempenhado pelas universidades e centros de pesquisas locais na
realização de pesquisa básica e treinamento.

Ainda, a abertura e o fortalecimento das redes de trabalho (network) afetam


positivamente o desempenho dos clusters. Eisingerich et all (2010) sugere que o mercado de
TIC constitui-se em um ambiente caracterizado por turbulências tecnológicas, que se refletem
nas constantes mudanças tecnológicas, a competição no mercado e as alterações repentinas
nas preferências dos consumidores, favorece a abertura das redes de trabalho (network), mas
reduz seu fortalecimento, o que faz com que os clusters devam adaptar suas estruturas de
redes de trabalho (network) ao ambiente de incertezas para obter bons desempenhos.

Segundo Lawton-Smith (2002), o empresário é o centro do ciclo virtuoso do


crescimento do distrito industrial de Oxfordshire, sendo ele o principal responsável pelo
desenvolvimento de novas tecnologias, uma vez que atua como articulador entre os setores
privado e público, que dá suporte a esse processo.

Nesse distrito industrial, o setor público promove políticas públicas locais de apoio à
transferência tecnológica por meio de agência de desenvolvimento econômico, criadas para
esse fim e cuja principal atividade é gerenciar os recursos das entidades públicas da região
para a promoção de pesquisa em nível mundial e treinamento de recursos humanos; enquanto
no nível nacional, as políticas públicas priorizam o alívio fiscal e dão subsídios às atividades
de P&D. Observa-se que o governo atua no arranjo produtivo local oferecendo meios à
realização de atividades pouco exploradas no âmbito dos empresários.

Um caso contrário ao do distrito industrial de Oxfordshire pode ser observado no


Pólo de Informática de Ilhéus, Bahia. Segundo Ferreira Júnior e Santos (2006), não existe
troca de conhecimento local entre as empresas, em grande parte montadoras de computadores,
que incorporam conhecimentos ao seu processo produtivo por meio de transferência
tecnológica do relacionamento com fornecedores externos ao arranjo produtivo local,
evidenciando o baixo comércio intra-regional. A própria natureza da indústria em Ilhéus,
constituídas por firmas montadoras de computadores e que, portanto, depende de
transferências externas de tecnologia, faz com que a cooperação entre as firmas locais seja
11

baixa, dificultando a criação de vantagens comparativas que garantiriam a fixação das


empresas e o desenvolvimento e crescimento do setor na localidade.

A despeito da importância da interação entre os empresários para o crescimento das


economias de aglomeração do setor de TIC, o desenvolvimento de pesquisa é essencial para a
geração de novos produtos com alto valor agregado. No entanto, a localização e a
proximidade geográfica entre as empresas desses tipos de organização não geram vantagens
discerníveis que incentivam a atividade de P&D nessas empresas. Para Lee (2009), a
proximidade geográfica é um fator limitador da transferência de novas oportunidades
promissoras de P&D devido ao alto nível de exclusão natural desse investimento.

O baixo investimento em P&D pode ter como causa o comportamento oportunista


por parte de algumas empresas aglomeradas, que se apropriariam dos transbordamentos
gerados pelo desenvolvimento desse tipo de atividade no ambiente local, sem que elas
próprias investissem em P&D. Esse comportamento poderia gerar uma espécie de seleção
adversa, ou seja, apenas as empresas menos eficientes e com menos investimentos em
atividades inovativas têm incentivos para se aglomerar, ao passo que as mais eficientes –
logo, as que investem em algum tipo de atividade inovativa – se isolam de suas semelhantes
por se sentirem desestimuladas em realizar esse tipo de investimento no ambiente do arranjo
produtivo local.

Pensamento semelhante pode ser desenvolvido com respeito ao investimento em


treinamento em arranjos produtivos locais, posto que as firmas mais eficientes – logo, as que
investem em algum tipo de treinamento – se isolam de suas semelhantes por medo de perder
os trabalhadores nos quais investiram. Lobo e Silva et al. (2010) afirmam que haverá
maximização do bem-estar quando houver a instalação de uma instituição de ensino
independente em uma economia em que há uma concentração industrial, permitindo que haja
investimento em treinamento localmente com custo compartilhado equitativamente entre as
empresas, evitando comportamentos oportunistas.

As mudanças no conteúdo tecnológico são fonte da forte cooperação entre as


empresas do setor de TIC e a Universidade de Waterloo, Canadá, inicialmente devido à
crescente necessidade de mão-de-obra qualificada para atender às empresas que se instalaram
12

na região. Wolfe (2002) relata que os estudantes têm contato com a indústria local e retorna
para a sala de aula para obter conhecimento regular; tem-se uma relação reflexiva entre o
currículo dos estudantes e a fronteira do conhecimento na indústria, permitindo aos estudantes
explorar inovações que são pouco usuais na academia.

Os investimentos em treinamento no arranjo produtivo local de TIC de Waterloo,


Canadá, não foram, contudo, iniciativa do setor privado em parceria com a universidade local,
mas também são fruto de políticas públicas. Segundo o autor, destacam-se aquelas que
financiam a educação secundária e a criação de fundos e subsídios de pesquisa inovadoras,
que repercutiu na criação de um Ministério de Pesquisa e Inovação em âmbito federal. Mais
recentemente, tem sido criadas estruturas para a promoção de comercialização de novas
tecnologias.

Em suma, nas mais diversas formas de organização de economias de aglomeração do


setor de TIC ocorrem interações tanto entre os empresários no mesmo espaço geográfico
quanto com empresas externas a essa estrutura produtiva, colocando esses produtores na
fronteira da produção desse setor. A difusão tecnológica no nível global é essencial para essas
empresas se mantenham competitivas localmente, uma vez que o mercado de TICs sofre
constantes turbulências tecnológicas e aceleradas mudanças nas preferências dos clientes
(caracterizando o ambiente com nível de incerteza elevado). No entanto, a competição por
mercados pode inibir a transferência tecnológica horizontal (entre empresas concorrentes) nas
economias locais do setor de TIC, o que faz com as empresas desse tipo de arranjo foquem na
interação e troca de conhecimento e inovações tecnológicas por meio de processos de compra
e venda de insumos.

A fim de estimular a realização de atividades inovativas cooperadas entre as


empresas desses tipos de economias de aglomeração, governo pode subsidiar e incentivar a
sua realização, fortalecendo as interações entre as empresas locais, e estímulos à realização de
atividades de ensino e treinamento local com o intuito de criar um contingente de mão-de-
obra especializada, o que contribuiria para a difusão do conhecimento tácito nesse tipo
arranjo. O governo pode ter um papel central nesse tipo de organização, pois gera
oportunidades que aproveitam potencialidades de criação de inovações e conhecimentos
locais, normalmente pouco exploradas pelas empresas de TIC organizadas localmente.
13

4 O PAPEL DAS POLÍTICAS PÚBLICAS DESTINADAS AO


DESENVOLVIMENTO DE ECONOMIAS DE AGLOMERAÇÃO EM
UMA ECONOMIA DE TICS GLOBALIZADA

O principal objetivo das políticas públicas voltadas para a promoção de qualquer tipo
de economia de aglomeração é o desenvolvimento regional. Segundo Eisenbith (2005), essas
podem desenhar vantagens que estão relacionadas a retornos políticos, ao atendimento das
prioridades nacionais ou para a construção de uma estratégia industrial própria independente
das políticas nacionais. Existem diversos caminhos para a promoção desses aglomerados,
dentre os quais: a política industrial e tecnológica, política de desenvolvimento regional ou de
promoção às MPEs (Micro e Pequenas Empresas).

No entanto, no que tange à integração dessas políticas no Brasil, a política industrial


voltada ao setor de TIC tradicionalmente é distinta de uma política setorial clássica cuja
principal característica é falta de coordenação entre os seus instrumentos e de outras políticas.
Bonelli e Veiga (2003) afirmam que, a partir dos meados da década de 1990, a política para as
tecnologias da informação passou a integrar instrumentos tradicionais de política industrial,
como os incentivos fiscais, com instrumentos típicos de uma política tecnológica, como o
financiamento e cooperação para o fomento de atividades inovativas que garantissem o
crescimento da competitividade, das exportações e das inovações.

Nesse novo modelo, houve o reordenamento institucional da política com a


integração de diversas instâncias do governo federal (Ministério da Ciência e Tecnologia;
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico; Ministério do
Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social), os agentes privados e de instituições de pesquisa e ensino, que passaram
a cooperar de forma mais efetiva sob a concepção de sociedade da informação, tornando-se
mais eficaz, inclusive, na promoção de economias de aglomeração também em âmbito local.

Essa política industrial e tecnológica sustenta ações voltadas ao treinamento de mão-


de-obra, na criação de centros de iniciação tecnológica, que requerem maiores esforços no
preparo das ações por trabalhar como o financiamento público, mas, normalmente, também
14

são capazes de captar financiamento externo. Essas medidas atraem mais empresas de setores
relacionados à atividade central dos arranjos produtivos locais; ainda que muito comumente,
nesse tipo de iniciativa, haja uma baixa participação do público alvo, os empresários que são
pouco motivados e participativos.

Para tanto, contudo, é preciso identificar e caracterizar essas estruturas produtivas


com o intuito de que o governo concentre esforços e evite o desperdício de recursos públicos
na construção de políticas voltadas a essas estruturas. Nesse estudo será utilizada a
metodologia3 desenvolvida por Suzigan et all (2004) cujo objetivo é a identificação
estatística, mapeamento geográfico e caracterização estrutural dos arranjos, propiciando a
estratificação desses em categorias relativamente homogêneas para as quais poderiam ser
identificados pacotes de estímulos e apoio a essas estruturas.

Nesse contexto, as políticas públicas dirigidas à promoção de aglomerações locais


para o setor de Tecnologia da Informação e Comunicação visam ao desenvolvimento regional.
Contudo, não estão desvinculadas da política industrial e tecnológica e de inovação, haja vista
ser esse um setor estratégico para o desenvolvimento tecnológico e econômico do país,
melhorando o posicionamento e sustentabilidade desse setor no mercado internacional.

3
Hasenclever e Zissimos (2006) fizeram análise crítica de algumas metodologias empregadas pelos
estudiosos brasileiros para a identificação dos níveis de agregação e especialização. A identificação de arranjos
produtivos locais pode ocorrer por meio da metodologia IPM, amplamente utilizadas por Suzigan et all (2004).
Existe também metodologia para avaliar a distribuição espacial da indústria por meio da análise da participação
no emprego e da produção industrial, presente no trabalho de Diniz e Cocco (1996); por fim, os atores analisam a
metodologia desenvolvida por Resende e Wyllie (2005), usam o que eles denominam medidas de aglomeração
para fazer um estudo empírico sobre a distribuição espacial da indústria no Brasil.
O estudo profundo de diversos casos permitiu aos autores brasileiros a criação de diversas tipologias
para enquadrar os arranjos produtivos locais em função de uma série de características empíricas apresentadas
por eles e por seus processos de aglomeração.
Os autores destacam que a maior parte das tipologias empregadas pelos autores apresentados é fruto de
fatos estilizados (generalizações de relações de hierarquia entre as instituições ou dos produtores com o
mercado) decorrente da observação de estruturas existentes. A evolução desse trabalho de caracterização,
destaca, deve envolver a criação de uma metodologia de classificação para a seleção de aglomerações de
empresas que possam ser o objeto de estudos de caso, fazendo-se o caminho inverso do que foi realizado até
então.
15

4.1 A ARTICULAÇÃO ENTRE AS POLÍTICAS PÚBLICAS DE


PROMOÇÃO AOS APLS/SPLS E O SISTEMA NACIONAL DE
INOVAÇÃO

Os moldes conceituais em que estão baseadas as políticas industrial e tecnológica


brasileira e o Sistema Nacional de Inovação são os mesmos que definem o conceito de arranjo
produtivo local em termos das políticas de desenvolvimento regional, permitindo sua
articulação. Cassiolato e Szapiro (2002) definem o conceito de arranjo produtivo local como
sendo um aglomerado de firmas e instituições com foco num conjunto específico de
atividades econômicas que possibilite e privilegie a análise de interações, particularmente
aquelas que levem à introdução de novos produtos e processos.

Reconhecendo que a competitividade está cada vez mais aliada à capacidade


inovativa, esses autores constroem uma conceituação para arranjos produtivos locais baseada
na idéia de competitividade, que é a capacidade de organizações formularem e implantarem
estratégias concorrenciais, permitindo as empresas ocupar uma posição sustentável no
mercado. A busca por maior competitividade depende da criação e renovação de vantagens
competitivas advindas da territorialização da atividade produtiva.

Na perspectiva da teoria econômica neo-Schumpeteriana, Faulkner et al. (2010)


afirmam que a dinâmica de inovação e mudanças tecnológicas ocorrem por meio de processos
de desequilíbrio que promovem a substituição tecnológica, alterando o desenvolvimento
econômico. Nesse sentido, a elaboração da política industrial, no caso brasileiro, está
identificada com a visão neo-Schumpeteriana. Suzigan e Furtado (2006) afirmam que esse
instrumento deve favorecer setores ou atividades econômicas que levem às mudanças
tecnológicas proporcionando a evolução da organização das empresas e, consequentemente, o
desenvolvimento econômico.

Ainda, para Pereira (2004), a política industrial atua como gerador de externalidades
positivas e fatores político-institucionais que aumentam a competitividade da indústria
nacional em nível macroeconômico; sendo que ao mesmo tempo, em nível microeconômico,
estimula a cooperação entre as empresas que atendem um mesmo segmento e na cadeia
16

produtiva, criando mecanismo que facilitem o aprendizado coletivo e, conseqüentemente, o


desenvolvimento de novos bens de alto valor agregado.

Contudo, no Brasil, as políticas industriais como instrumento de desenvolvimento


econômico foram mais bem estruturadas conforme a visão neo-Schumpeteriana a partir da
década de 1990. Batista (2010) mostra que, na verdade, existiam no país políticas de reserva
de mercado, adotadas entre os anos de 1960 e final da década de 1980, que dificultavam a
transferência tecnológica entre as empresas nacionais e estrangeiras, impedindo a inserção dos
produtos eletrônicos brasileiros no mercado externo com a abertura comercial no início da
década de 1990. A própria manutenção do mercado interno foi dificultada com o fim das
barreiras à importação.

Atualmente, as políticas públicas de desenvolvimento industrial (Política Industrial,


Tecnológica e de Comércio Exterior – PITCE e a Política de Desenvolvimento Produtivo –
PDP, mais especificamente) têm como objetivo de longo prazo a transformação da base
produtiva brasileira para elevá-la a um patamar de maior valor agregado por meio da inovação
e diferenciação de produtos. Essas políticas industriais têm um enfoque setorial privilegiando
os bens de capital, software e semicondutores que são pontos chaves da indústria de
transformação, pois apresentam alto potencial para o desenvolvimento tecnológico e de
inovações, além de representarem setores da indústria nacional fornecedora de suprimentos, o
que permite a difusão das inovações pretendidas a outros setores.

No entanto, essas políticas enfrentam dificuldades em sua implantação devido a


problemas de governança. Suzigan e Furtado (2010) afirmam que para fazer política industrial
exige que se faça escolha em virtude do direcionamento estratégico setorial que o
planejamento dessas políticas impõe na atualidade. Dentro de uma perspectiva organizacional,
é necessário que os diversos órgãos governamentais coordenem e articulem suas ações sob
uma liderança forte que seja capaz de dinamizar o processo decisório.

Para que a indústria brasileira possa conquistar o objetivo dessas políticas e


solucionar o problema da governança, pretende-se o fortalecimento do Sistema Nacional de
Inovação (SNI), que é basicamente o fortalecimento das relações entre instituições públicas,
privadas e empresas em que há a análise de processos de produção, difusão e uso de CT&I,
17

considerando a influência simultânea de aspectos organizacionais, institucionais e


econômicos.

Ainda assim, a natureza do governo é fragmentada o que dificulta a coordenação dos


seus diversos organismos que compõem o Sistema Nacional de Inovação. Para Fransman
(2007), os burocratas do comércio e indústria, o regulador, a autoridade da concorrência,
finanças, ciência e tecnologia e educação têm perspectivas significativamente diferentes,
dificultando a identificação de objetivos comuns no âmbito do Sistema Nacional de Inovação,
quais são os problemas e o que deve ser feito. Basicamente, um SNI mais bem articulado
favorece a geração de variedades, tecnologias, formas de organização e de idéias, embora
muitas dessas não sobrevivam ao processo de seleção.

Em um mundo de incertezas gerado por grandes mudanças, a ação dos formuladores


de políticas públicas pode fornecer alguma salvaguarda para o futuro o que os levaria a
fortalecer o SNI pelas políticas de inovação que são construídas pelo cruzamento das políticas
de ciência e tecnologia e industrial.

Salermo e Kubota (2008) partem da premissa de que o conhecimento tem um papel


crucial no progresso econômico, gerando produtos e processos inovadores. A difusão de
conhecimento e informação tem ocorrido de forma mais acelerada com a emergência das
tecnologias de informação e comunicação, o que torna esse setor estratégico dentro da
iniciativa das políticas públicas de desenvolvimento econômico por meio do progresso
industrial.

Existe, desta forma, uma importante articulação entre as políticas voltadas às mais
diversas formas de economias de aglomeração cujo principal objetivo é o desenvolvimento
regional e a de Sistemas Nacionais de Inovação, voltadas para os setores de desenvolvimento
estratégico que são aqueles de alta tecnologia, como é o caso das TICs, uma vez que seu
objetivo final (o aumento da competitividade das empresas brasileiras por meio de introdução
de processos inovativos contínuos na firma) emerge de uma forte base conceitual, fruto do
diálogo entre os formuladores de políticas públicas e a academia, que direcionam suas
iniciativas que acabam por convergir e complementar-se.
18

5 ANÁLISE DESCRITIVA: A EVOLUÇÃO DO SETOR DE TIC NO


BRASIL: 2000 – 2009

Na última década, houve uma importante expansão do setor de TIC no Brasil. Esse
fenômeno pode ser evidenciado pela variação do número de firmas do setor e do faturamento
das empresas, por exemplo, quando comparados à totalidade da economia brasileira. No
entanto, mais do que o simples aumento da participação econômica do setor, seu crescimento
pode ser entendido como reflexo pelo aumento da demanda de produtos e serviços
tecnológicos que suportem o desenvolvimento de uma nova estrutura econômica pautada pelo
conhecimento, sendo, para isso, necessário compreender a estrutura desse segmento e sua
evolução.

Em termos práticos, para esse trabalho, a autora identificou o setor de Tecnologia da


Informação e Comunicação como aquele composto pelas seguintes classes de indústrias e
serviços a um nível de desagregação de 4 dígitos, que corresponde às classes de atividade
econômica conforme a CNAE 2.04, descritos na TABELA 1 a seguir:

TABELA 1. Código de Classe de Atividade Econômica do Setor de Tecnologia da


Informação e Comunicação - CNAE 2.0.
Código Classe de Atividade Econômica
2610-8 Fabricação de Componentes Eletrônicos
2621-3 Fabricação de Equipamentos de Informática
2622-1 Fabricação de Periféricos para Equipamentos de Informática
2631-1 Fabricação de Equipamentos Transmissores de Comunicação
2632-9 Fabricação de Aparelhos Telefônicos e de Outros Equipamentos de Comunicação
2651-5 Fabricação de Aparelhos e Equipamentos de Medida, Teste e Controle
3312-1 Manutenção e Reparação de Equipamentos Eletrônicos e Ópticos
9511-8 Reparação e Manutenção de Computadores e de Equipamentos Periféricos
9512-6 Reparação e Manutenção de Equipamentos de Comunicação
Fonte: Elaboração da autora a partir de dados CONCLA/MPOG e IBGE.

4
A CNAE 2.0 (Classificação Nacional de Atividades Econômicas, versão 2.0) é a classificação
oficialmente adotada pelo Sistema Estatístico Nacional e pelos órgãos federais, gestores de registros
administrativos, relativas às atividades econômicas. Esta versão da CNAE, definida pela Resolução CONCLA
01/2006 publicada no Diário Oficial em 05/09/2006, será empregada entre os anos de 2007 e 2012 para as
estatísticas oficiais; tendo sido precedida pela CNAE 1.0 (Diário Oficial da União de 09/10/2002) e CNAE
(Diário Oficial da União em 26/12/1994), conforme informações da Comissão Nacional de Classificação
(disponível em: http://www.ibge.gov.br/concla/cnae/cnae.php?sl=1. Acessado em 09 de janeiro de 2010,
11h51min).
19

Conforme o TABELA 1, o setor de TIC é composto tanto por classes de atividades


econômicas de indústria de transformação, ligadas à fabricação de equipamentos de
informática, produtos eletrônicos e ópticos e manutenção, reparação e instalação de máquinas
e equipamentos, quanto às atividades de serviços, mais especificamente àquelas de reparação
e manutenção de equipamentos de informática e comunicação e de objetos pessoais e
domésticos.

Ainda, é preciso ressaltar que as atividades econômicas descritas nas demais tabelas
abaixo, estão em conformidade com a classificação da CNAE 2.0 para os anos de 2007 e
2009. Para os anos de 2002 a 2005, as categorias de atividade econômica são definidas
conforme CNAE 1.0 e para os anos 2000 e 2001, conforme a CNAE, guardando-se as devidas
equivalências entre os grupos de atividades econômicas da CNAE 2.0 descritas no
APÊNDICE 1.

Em 2000, existiam no país 1.371 estabelecimentos produtivos dentre os setores


classificados como pertencentes ao setor de TIC, enquanto que em 2009, esses correspondiam
a 8.623, o que implica um aumento de 528,9% no período. O aumento do número de
estabelecimento não foi acompanhado pelo acrescimento da importância desse setor na
economia brasileira em termos da renda nacional, pois ainda que se observe o aumento do
faturamento do setor de R$ 48.897,5 milhões para R$ 55.423,5 milhões (o que corresponde a
um aumento de 13,3%) entre 2000 e 2008, a participação na composição da receita bruta de
todas as atividades econômicas do país caiu de 2,3% para 1,8%, devido ao crescimento mais
acelerado de outros setores que alavancaram o crescimento da economia brasileira em 49,3%
nesses 9 anos.

Para o setor de TIC, o grupo de maior participação é aquele relacionado às atividades


industriais, que engloba a fabricação de componentes eletrônicos, de equipamentos de
informática e periféricos, equipamentos de comunicação, e fabricação de aparelhos e
instrumentos de medida, teste e controle; cronômetros e relógios, cuja participação no total da
receita bruta da venda de produtos industriais foi superior a 94,2% no período. O outro
segmento que compõe o setor de TIC é o de serviços, que corresponde às atividades de
manutenção e reparação de equipamentos eletrônicos, ópticos, periféricos, comunicação e
20

computadores, mas não aparecem discriminados por classes de atividades econômicas na


Pesquisa Anual do Setor de Serviços.

Dentre as atividades econômicas do setor de TIC, aquela que tem uma maior
participação no total do setor foi a de fabricação de equipamentos de comunicação (que inclui
a fabricação de aparelhos transmissores e receptores de rádio e televisão e de
telecomunicações), que correspondeu no mínimo a 43,6% do total em 2008. No entanto, esse
segmento vem perdendo espaço no setor de TIC para outras atividades, como a fabricação de
equipamentos de informática e periféricos cuja participação cresceu de 23,1% para 31,6%; e,
também aquele de fabricação de aparelhos e instrumentos de medida, teste e controle,
cronômetros e relógios, que se expandiu de 5,6% para 10,6%, como se verifica na TABELA
2, que traz o faturamento do Setor de TIC comparativamente ao total das atividades da
economia brasileira por atividade econômica entre 2000 e 2008.
21

TABELA 2. Faturamento¹ do Setor de TIC comparativamente ao total da economia brasileira por atividade econômica (em
milhões). Período: 2000 – 2008.
Atividades Industriais do Setor de TIC
Anos
Atividade Econômica
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008
Fabricação de componentes
6.218,6 6.193,1 6.155,3 5.160,5 5.009,5 4.615,8 6.134,4 5.271,7 5.547,2
eletrônicos
Fabricação de equipamentos de
11.287,0 16.479,2 10.546,2 10.761,2 10.968,6 13.114,8 13.069,9 17.835,1 21.729,0
informática e periféricos
Fabricação de equipamentos de
28.663,3 34.750,4 23.707,6 20.053,2 34.126,6 28.964,3 30.437,3 24.605,7 18.721,7
comunicação
Fabricação de aparelhos e
instrumentos de medida, teste e 2.728,7 3.047,0 3.174,1 2.757,6 3.609,5 3.918,2 3.664,2 5.971,3 5.781,7
controle; cronômetros e relógios
Total das Atividades
48.897,5 60.469,6 43.583,3 38.732,4 53.714,2 50.613,0 53.305,8 53.683,8 51.779,6
Industriais do Setor de TIC
Atividades de Serviços do Setor de TIC
Anos
Atividade Econômica
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008
Manutenção e Reparação de
Equipamentos Eletrônicos e - - - - - - - - -
Ópticos
Reparação e Manutenção de
Computadores e de - - - - - - - - -
Equipamentos Periféricos
Reparação e Manutenção de
- - - - - - - - -
Equipamentos de Comunicação
Total das Atividades de
- - 2.685,8 2.263,8 2.495,1 2.517,9 2.445,3 2.692,3 3.643,9
Serviços do Setor de TIC
Setor de TIC 48.897,5 60.469,6 46.269,1 40.996,2 56.209,3 53.130,9 55.751,0 56.376,0 55.423,5
Total da Economia Brasileira 2.117.443,0 2.170.506,3 2.188.092,1 2.302.181,2 2.444.272,8 2.557.757,9 2.733.383,2 2.938.706,3 3.161.324,6
Fonte: Elaboração da autora a partir da base de dados da PIA Empresa (IBGE) e PAS Empresa (IBGE) - 2000 a 2009.
Notas: (1) O faturamento é entendido como a receita bruta de venda de produtos industriais e de prestação de serviços. Valores aos preços de 2009 pelo IPCA
(IBGE).
22

Quanto ao número de empregos no setor, em levantamento feito a partir da base de


dados Razão Anual de Informações Sociais do Ministério do Trabalho entre os anos 2000 e 2009,
o número de empregos criados cresceu de 41,8 mil para 172,22 mil, o que corresponde a uma
variação de 312,0%. Esse aumento significativo na criação de postos de trabalho no setor no foi
acompanhada por um aumento muito significativo da participação do setor em termos da mão-de-
obra empregada, que ficou entre 0,1% e 0,4% em todo o período.

Entre 2000 e 2009, a indústria de TIC teve maior participação em termos de emprego
relativa ao total do setor de TIC, comparativamente ao segmento de serviços, que cresceu no
período de 66,0% para 72,0%. Dentre as classes de atividade econômica selecionadas, houve uma
redução acentuada da participação em termos de número de empregos na indústria de fabricação
de componentes eletrônicos, diminuindo de 31,7% em 2001 para 21,5% em 2009, ao passo que o
segmento de reparação e manutenção de computadores e de equipamentos periféricos cresceu de
18,5% para 22,6% no período, tornando-se a classe de atividade econômica mais importante no
setor em termos do número de empregos criados.

A maior parte dos empregos criados no setor de TIC concentra-se nos estados das
regiões Sudeste e Sul, o que pode indicar uma forte concentração geográfica dessa atividade
nessas regiões que, mesmo de forma mais acentuada, acompanha a distribuição do número de
empregos em termos relativos da economia brasileira como um todo. No entanto, ao longo do
período estudado, ocorreu uma diminuição relativa da participação das regiões Sudeste no
número de empregos, reduzindo de 73,3% para 62,8%; a participação do emprego na região Sul
sempre foi ascendente, com aumento bastante expressivo de 10,9% para 21,1%, sendo
acompanhada pela região Norte, que teve uma elevação da participação, passando de 6,0% para
9,3%, como pode ser observado na TABELA 3, a seguir:
23

TABELA 3. Número de Empregos no Setor de TIC (em milhares). Período: 2000 - 2009.
Setor de TIC
Anos
Regiões
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009
Norte 2,5 7,3 9,6 11,5 16,6 22,2 26,5 23,5 21,2 16,0
Nordeste 3,8 8,8 4,8 3,8 3,9 4,3 5,5 7,2 8,4 8,5
Sudeste 30,7 67,4 60,4 62,6 68,4 70,5 87,2 95,9 112,7 108,2
Sul 4,5 10,3 12,7 13,2 13,4 14,3 22,7 29,0 35,2 36,4
Centro-Oeste 0,3 1,4 1,5 1,4 1,4 4,2 1,6 2,0 2,6 3,2
Total 41,8 95,2 89,0 92,5 103,8 115,4 143,4 157,6 180,1 172,2
Fonte: Elaboração da autora a partir da base de dados da RAIS Empresa (Ministério do Trabalho) - 2000 a 2009.

Ao longo desses anos, pode-se observar um aumento do pessoal ocupado no setor de


TIC com ensino médio e superior completos, com uma elevação da participação no total de
pessoas empregadas, respectivamente, de 49,2% para 66,8% e, de 18,5% para 23,1%, o implica
em uma redução expressiva do número de pessoas somente com o ensino fundamental
empregadas. Comportamento similar também foi observado na economia brasileira, contudo, a
participação do pessoal ocupado que possuía ensino médio e superior completo sempre foi
inferior àquela observada no setor de TIC, passando, respectivamente, de 33,2% para 47,4% e, de
16,3% para 20,5%. Em ambos os casos observou-se um aumento do pessoal ocupado, que, para o
setor de TIC, pode ser visto no GRÁFICO 1 a seguir.
24

GRÁFICO 1. Escolaridade do pessoal ocupado no Setor de TIC (em milhares). Período:


2000 - 2009.
140,0
Pessoal Ocupado (em Milhares)

120,0

100,0

80,0

60,0

40,0

20,0

0,0
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009

Anos

Ensino Fundamental Ensino Médio Ensino Superior

Fonte: Elaboração da autora a partir da base de dados da RAIS Empresa (Ministério do Trabalho) - 2000 a 2009.

Dentre os níveis de escolaridade do pessoal ocupado no setor de TIC, aquele em que se


obteve um aumento mais acentuado o crescimento foi o que corresponde ao do ensino médio, que
19,2 mil indivíduos em 2000 para 115 mil em 2009, o que corresponde a uma variação de
498,9%, o que contribuiu para o aumento da participação relativa desse segmento em detrimento
do ensino fundamental. Os demais níveis de escolaridade também sofreram variações positivas,
embora menos expressivas do que a representada pelo aumento do ensino médio; o número de
pessoas com ensino superior cresceu de 7,2 mil para 59,8 mil, o que corresponde a um aumento
de 452,7% (acompanhado o aumento do pessoal ocupado que possui ensino médio completo), e
um aumento menos expressivo do ensino fundamental cuja elevação foi de 12,5 mil para 16,8
mil, com crescimento de 34,4% no período.

Embora os profissionais com pós-graduação não tenham sido incluídos nessa pesquisa,
entre os anos de 2006 e 2009, eles perfizeram um total de 500 profissionais empregados por ano
no setor. Esse número mostrou-se pouco relevante e ao longo dessa série de anos variou pouco,
dificultando a análise da evolução do emprego de profissionais altamente qualificados no setor,
que estariam envolvidos com atividades potencialmente inovativas.
25

Para fazermos essa avaliação, levantaremos o número de profissionais envolvidos por


cargos ocupados nas empresas de TIC, dentre os quais selecionamos os profissionais
pesquisadores, engenheiros e cientistas, comparativamente ao total do pessoal ocupado nas
empresas do setor

Os profissionais definidos acima como altamente qualificados correspondem a


aumentaram no setor de TIC de 1,5 mil para 9,5 mil entre anos de 2000 e 2009. O aumento desse
grupo de profissionais foi maior que a média do crescimento de pessoas ocupadas no setor, uma
vez que foi acompanhado por um aumento da participação relativa deles de 3,8% para 5,5%
nesses 10 anos. Os dados referentes à evolução das categorias profissionais identificadas como
altamente qualificadas entre os anos 2000 e 2009 está descrito na TABELA 4 a diante.

TABELA 4. Pessoal ocupado altamente qualificado no Setor de TIC comparativamente ao


total da economia brasileira por categoria (em milhares). Período: 2000 – 2009 (anos
selecionados).
Setor de TIC
Anos
Qualificações 2000 2004 2006 2008 2009
Valor % Valor % Valor % Valor % Valor %
Pesquisadores 0,1 7,9% 0,1 2,3% 0,2 2,1% 0,3 3,0% 0,4 3,7%
Engenheiros 1,0 70,1% 2,4 45,9% 3,7 50,4% 3,8 38,3% 3,7 39,0%
Cientistas 0,3 22,0% 2,7 51,8% 3,4 47,4% 5,9 58,7% 5,4 57,3%
PO altamente
qualificados do 1,5 3,8% 5,2 5,0% 7,2 5,1% 10,0 5,6% 9,5 5,5%
Setor de TIC
PO Total do
38,9 103,7 143,3 180,0 172,1
Setor de TIC
Economia Brasileira
Anos
Qualificações 2000 2004 2006 2008 2009
Valor % Valor % Valor % Valor % Valor %
Pesquisadores 15,2 6,3% 10,2 3,5% 12,3 3,5% 16,6 3,8% 17,6 3,7%
Engenheiros 113,4 46,9% 129,2 44,7% 148,1 42,2% 176,4 40,6% 185,8 39,6%
Cientistas 113,0 46,8% 149,5 51,8% 190,7 54,3% 241,0 55,5% 265,6 56,6%
PO altamente
241,6 0,9% 288,9 0,9% 351,1 1,0% 434,0 1,1% 468,9 1,1%
qualificados
PO Total 26.002,3 31.371,1 35.268,6 40.027,4 41.191,7
Fonte: Elaboração da autora a partir da base de dados da RAIS Empresa (Ministério do Trabalho) - 2000 a 2009.
26

Quanto aos profissionais altamente qualificados, observa-se mudança no perfil da


categoria profissional predominante no setor de TIC. Enquanto em 2000 existiam uma maior
participação de engenheiros, que correspondiam a 70% dos profissionais considerados altamente
qualificados; em 2009, predominavam os cientistas, com 57,3% de participação. Essa
modificação, entrementes, pode não predizer uma alteração do papel predominantes das
atividades inovativas dentro da empresa, que passariam de desenvolvedoras de produtos e
serviços melhorados, como um papel mais característico do engenheiro, para a criação de
produtos e serviços inovadores, envolvendo a atuação de cientistas em pesquisa básica.

Muito desses profissionais considerados cientistas podem ter também a formação de


engenheiros, tendo em vista que essas categorias não são auto-exclusivas e que os profissionais
de engenharia são os mais requisitados para realizar atividades de P&D nas empresas,
universidades e centros de pesquisa. O que pode ter ocorrido é o aumento do número de
engenheiros vinculados justamente às universidades e centros de pesquisa, pois não se pode
observar um crescimento do número de pós-graduados ao longo do período analisado no pessoal
ocupado das firmas, que, normalmente, estão atrelados a essas categorias de profissionais
envolvidos com pesquisa e atividades inovativas.

Movimento semelhante pode ser observado na economia brasileira. Em 2000, a


participação de engenheiros, com 46,9% de participação entre os profissionais altamente
qualificados, era a mesma dos cientistas, com 46,8%; ao passo que em 2009, observa-se um
crescimento do número de cientistas, que chegaram a 56,6%, percentual bastante próximo ao das
empresas de TIC. Entrementes, a participação do pessoal ocupado altamente qualificado é bem
inferior àquela registrada pelo setor de TIC, não ultrapassando 1,1%, percentual alcançado em
2008, do total do pessoal ocupado na economia brasileira, ainda que tenha ocorrido a expansão
dessa participação.

O aumento dos profissionais envolvidos em atividades inovativas indica um aumento da


preocupação das empresas do setor de TIC com o desenvolvimento de inovações e,
consequentemente, com o aumento do número de empresas inovadoras. No triênio 2001-2003,
foram identificadas cerca de 1.660 empresas inovadoras no setor industrial de TIC – que
27

conforme a CNAE 1.0, também inclui manutenção, reparação e instalação de máquinas e


equipamentos –, ao passo que no triênio 2006-2008, contabilizamos 3.089 nessa categoria, o que
corresponde a um crescimento de 86,1% no total de empresas nesse grupo. Esses dados estão
disponíveis na TABELA 5, que apresenta o número de empresas inovadoras por categoria de
inovação implantada e por classe de atividade econômica.

Segundo metodologia da Pesquisa de Inovação Tecnológica (PINTEC), “a maioria das


variáveis qualitativas, entendidas como aquelas que não envolvem registro de valor, se refere a
um período de três anos consecutivos” (IBGE, 2008, p. 3), ou seja, corresponde à soma delas;
cabe lembrar que como variável qualitativa, as inovações implantadas nas firmas correspondem à
soma do número de inovações realizadas por essas ao longo dos três anos, podendo uma empresa
ter registrado mais de um tipo de inovação, uma vez que essas podem enquadrarem-se em mais
de uma categoria, o que implica afirmar que os dados apresentados quanto ao número de
empresas inovadoras está superestimado.

Tendo em vista esses esclarecimentos, as inovações que essas empresas implantaram


foram identificadas em três categorias pela pesquisa: inovação de produto e/ou processo;
desenvolvimento de projetos inovadores incompletos e/ou abandonados; e, inovações
organizacionais e/ou de marketing. Entre 2001 e 2003, a maior parte das inovações era realizada
em termos de produtos e/ou processos, que tinha uma participação de 52,7%; essa, porém, foi
reduzida para 37,7% do total das inovações realizadas pelas empresas do setor de TIC no triênio
2006-2008 devido ao aumento das inovações organizacionais e/ou de marketing, que passaram de
28,7% para 33,3% entre esses triênios.

Também observamos mudanças quanto à presença de empresas inovadoras no grupo de


atividades econômicas classificadas como pertencentes ao setor de TIC. Entre 2001 e 2003,
predominavam as empresas inovadoras na área industrial de fabricação de outros produtos
eletrônicos e ópticos, que contava com participação de 50,9%; porém, a partir do triênio 2006-
2008, quando se passou a contabilizar as atividades de manutenção, reparação e instalação de
máquinas e equipamentos – posteriormente identificadas pela CNAE 2.0 como atividades de
28

serviços –, percebeu-se que essa atividade reunia o maior número de empresas inovadoras, com
participação de 75,8%.

No que tange aos setores com maior taxa de inovação (percentual de empresas que
implantaram algum tipo de inovação em relação ao total de empresas inovadoras), no triênio
2001-2003, a fabricação de equipamentos de informática e periféricos era o que apresentava a
maior taxa de inovação em produto e/ou processo (71,19%), sendo superado no triênio de 2006-
2008 pela fabricação de outros produtos eletrônicos e ópticos com 63,51% das empresas do setor
inovando ao menos nesse segmento.

Quanto ao segmento de inovações organizacionais e/ou de marketing, no primeiro


triênio, o setor que apresentava a maior taxa de inovação nessa área era o de fabricação de outros
produtos eletrônicos e ópticos (36,77%); ao passo que no triênio 2006-2008, observa-se que o
setor de TIC com maior taxa de inovação organizacional e/ou de marketing foi o de manutenção,
reparação e instalação de máquinas e equipamentos com 37,90% das firmas envolvidas. Esse
setor de serviços não havia sido computado na pesquisa realizada anteriormente, dificultando
qualquer comparação; contudo, é previsível que pela própria natureza da atividade, haja um
maior número de empresas inovadoras nessa área no setor classificação como de serviços do que
no setores industriais.

No triênio de 2006-2008, comparativamente ao de 2001-2003, houve uma redução da


taxa geral de inovação nas empresas, com diminuição de 83,80% para 73,62%. No que se refere
aos tipos de inovação existentes, pode-se observar uma redução da taxa de empresas inovadoras
em produto e/ou processos, ocorrendo redução de 52,72% para 37,67% das firmas que ao menos
inovam nesse quesito. Em contrapartida, ocorreu um pequeno aumento, porém significativo,
dessa taxa na área de inovação e/ou marketing, com crescimento de 28,74% para 33,30%.
29

TABELA 5. Número de Empresas Inovadoras do Setor de TIC. Período: 2001 - 2008.


2001-2003 2006-2008
Que implantaram¹ Que implantaram¹
Apenas Apenas
Atividade Inovação de Apenas projetos inovações Inovação de Apenas projetos inovações
Econômica produto e/ou incompletos e/ou organizacionais produto e/ou incompletos e/ou organizacionais
Total processo abandonados e/ou de Total processo abandonados e/ou de
marketing marketing

Número (%) Número (%) Número (%) Número (%) Número (%) Número (%)
Fabricação de
componentes 308 190 61,66% 12 3,84% 76 24,59% 372 182 49,00% 21 5,72% 87 23,25%
eletrônicos
Fabricação de
equipamentos de
201 143 71,19% 13 6,58% 18 9,18% 222 119 53,82% 6 2,70% 70 31,38%
informática e
periféricos
Fabricação de
equipamentos de 306 158 51,79% 4 1,46% 72 23,59% 317 173 54,64% 3 0,84% 81 25,69%
comunicação
Fabricação de
outros produtos
845 384 45,40% 10 1,16% 311 36,77% 555 352 63,51% 18 3,17% 143 25,70%
eletrônicos e
ópticos
Manutenção,
reparação e
instalação de - - - - - - - 2.343 608 25,94% 53 2,27% 888 37,90%
máquinas e
equipamentos
Total das
Atividades do 1.660 875 52,72% 39 2,37% 477 28,74% 3.809 1.435 37,67% 101 2,65% 1.268 33,30%
Setor de TIC
Fonte: Elaboração da autora a partir da base de dados da PINTEC (IBGE) - 2001 a 2008.
Nota: (1) Nos períodos pesquisados, foram consideradas as empresas que implantaram produto e/ou processo tecnologicamente novo ou substancialmente
aprimorado, que desenvolveram projetos que foram abandonados ou ficaram incompletos, e que realizaram mudanças organizacionais.
30

A redução da taxa de inovação nas empresas e a diminuição da participação das


inovações em produto e/ou processo, que são mais custosas para as empresas do que as
organizacionais e/ou de marketing, que cresceram, pode ser causa do decréscimo dos gastos em
atividades inovativas, que incluem investimentos em P&D externo e interno, aquisição de ativos,
treinamentos, introdução de inovações tecnológicas no mercado, e projetos industriais e outras
preparações técnicas. Entre 2000 e 2008, houve uma significativa redução desses gastos, que
caíram de R$ 2.926,6 milhões para R$ 2.245,9 milhões, implicando em uma redução de 23,3%.
Essas informações podem ser encontradas na TABELA 6, a seguir, na qual encontramos os gatos
em atividades inovativas de empresas inovadoras do setor de TIC entre 2000 e 2008.

TABELA 6. Gastos em Atividades Inovativas de Empresas Inovadoras do Setor de TIC.


(em milhões). Período: 2000 – 2008 (anos selecionados).
Anos
Atividade Econômica 2000 2003 2005 2008
Valor % Valor % Valor % Valor %
Fabricação de
componentes 233,2 8,0% 252,7 10,7% 125,0 3,8% 96,0 4,3%
eletrônicos
Fabricação de
equipamentos de
469,0 16,0% 693,5 29,4% 474,0 14,5% 558,7 24,9%
informática e
periféricos
Fabricação de
equipamentos de 1.865,1 63,7% 1.169,8 49,6% 2.201,5 67,2% 1.188,8 52,9%
comunicação
Fabricação de outros
produtos eletrônicos e 359,3 12,3% 242,5 10,3% 474,4 14,5% 225,4 10,0%
ópticos
Manutenção, reparação
e instalação de
- - - - - - 177,0 7,9%
máquinas e
equipamentos
Total das Atividades
Industriais do Setor de 2.926,6 2.358,5 3.274,9 2.245,9
TIC
Fonte: Elaboração da autora a partir da base de dados da PINTEC (IBGE) - 2001 a 2008.
Nota: Valores aos preços de 2009 pelo IPCA (IBGE).

Esses dados de gastos em atividades inovativas ainda surpreendem, pois, embora o


maior número de empresas inovadoras no primeiro triênio anteriormente analisado (2001-2003)
esteja contemplado na classe de fabricação de outros produtos eletrônicos e ópticos, o maior
gasto em atividades inovativas foi verificado no setor de fabricação de equipamentos de
31

comunicação, que, ainda, tendo sua participação reduzida no período, contou uma participação
mínima de 49,6% no total dos gastos, verificada em 2003. Como outro fato importante de
ressaltar ainda, destacamos o crescimento dos investimentos em atividades inovativas realizados
na fabricação de equipamentos de informática e periféricos, que cresceu no período de 2000 a
2008 em 19,1%, aumentando, inclusive, sua participação no total dos gastos de 16,0% para
24,9%.

Acredita-se que o aumento dos gastos em inovações pode gerar elevação produtos
inovadores no mercado tanto no mercado interno, quanto no mercado externo, promovendo o
crescimento das exportações e, conseqüentemente, das exportações líquidas. No GRÁFICO 2, a
seguir, apresenta-se a evolução do comércio externo no setor de TIC para o período de 2000 a
2009 no Brasil, no qual observamos um baixo crescimento nas exportações de R$ 1.531,1
milhões para R$ 2.868,0 milhões, variando 87,3%, comparativamente às importações cuja
variação foi de 139,3%, passando de R$ 3.837,5 milhões para R$ 9.181,4 milhões no período,
fato que pode ser resultado dos baixos investimentos em atividades inovativas, especialmente
naquelas relativas a produtos e/ou processos que possuem maior circulação no mercado externo.
32

GRÁFICO 2. Exportações e Importações no Setor de TIC (em milhões). Período: 2000 -


2009.

15.000,0

10.000,0
R$ (em Milhões)

5.000,0

0,0
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009

-5.000,0

-10.000,0
Anos

Exportações Líquidas Importações Exportações

Fonte: Elaboração da autora a partir da base de dados da SECEX Empresa (Ministério do Desenvolvimento,
Indústria e Comércio Exterior) - 2000 a 2009.
Nota: Valores aos preços de 2009 pelo IPCA (IBGE).

O aumento das importações do setor de TIC pode estar atrelado a um déficit tecnológico
desse setor, o que, consequentemente, provocou o déficit comercial crescente em todo o período
estudado. No período, as exportações líquidas diminuíram de um saldo negativo R$ 2.306,4
milhões para um saldo negativo de R$ 6.313,4 milhões. Contudo, na economia brasileira, entre
esses anos, pudemos observar um movimento inverso, no qual ocorreu um aumento das
exportações maior do que o das importações, o que garantiu um superávit da balança comercial
no período que em 2009 superou R$ 36.890,0 milhões.

Quanto às classes de atividade econômicas identificadas como sendo do setor de TIC,


aquela que se destaca em termos das importações é a fabricação de aparelhos telefônicos e de
outros equipamentos de comunicação cujas importações evoluíram de R$ 2.794,6 milhões em
33

2000, ano no qual o segmento tinha participação de 72,8% nas importações do setor, para R$
3.828,9 milhões em 2009 com participação diminuída em 41,7%, embora ainda represente a
maior parcela das importações do setor de TIC.

Embora a classe de atividade econômica fabricação de aparelhos telefônicos e de outros


equipamentos de comunicação tenha representado a maior parcela das importações no período,
também foi o segmento que mais exportou no setor de TIC, ainda que suas exportações não
tenham superado as importações. Suas exportações variaram de R$ 1.133,8 milhões para R$
1.891,7, com crescimento de 66,8% entre 2000 e 2009.

Com base nessas informações apresentadas, podem-se identificar as principais


características do setor de TIC no Brasil entre 2000 e 2009:

i. Aumento significativo do número de empresas abertas do setor no país e,


consequentemente, o aumento do faturamento, muito embora sua participação tenha
diminuído no período;

ii. Predominância, em termos do faturamento, das atividades industriais sobre as de


serviço, com destaque para o segmento de fabricação de equipamentos de comunicação
cuja participação mínima do total do setor foi superior a 40% em todo o período;

iii. Aumento do número de postos de trabalho, com o aumento da participação do segmento


industrial e expansão nas regiões Sul e Norte;

iv. Elevação da qualificação do pessoal ocupado, aumento do número de empregados com


nível médio e superior completos comparativamente ao total do pessoal do setor;

v. Embora não tenha ocorrido um aumento significativo de pós-graduados no setor, houve


um crescimento do número de profissionais envolvidos com atividades inovativas, sendo
designados sob a alcunha de cientistas, pesquisadores e engenheiros;
34

vi. Crescimento do número de empresas inovadoras em processos organizacionais e/ou de


marketing, superando a participação daquelas que produzem inovações em produto e/ou
processos, entre 2001 e 2008;

vii. Redução dos gastos em atividades inovativas pelas empresas classificadas como
inovadoras pela PINTEC/IBGE entre 2001 e 2008, podendo estar atrelado ao
decréscimo das inovações em produto e/ou processo;

viii. Aumento do déficit das exportações líquidas, com um crescimento expressivo de


importações comparativamente às exportações.

6 METODOLOGIA

6.1 A BASE DE DADOS: RELAÇÃO ANUAL DE INFORMAÇÕES


SOCIAIS DO MINISTÉRIO DO TRABALHO - RAIS

Conforme identificado anteriormente, o setor de TIC é composto tanto por classes de


atividades econômicas de indústria de transformação, ligadas à fabricação de equipamentos de
informática, produtos eletrônicos e ópticos e manutenção, reparação e instalação de máquinas e
equipamentos, quanto às atividades de serviços, mais especificamente aquelas de reparação e
manutenção de equipamentos de informática e comunicação e de objetos pessoais e domésticos.

Passemos agora à base de dados e informações que possibilita a elaboração dos dois
indicadores, de concentração geográfica da atividade econômica, Gini Locacional (GL), e de
especialização produtiva, Quociente Local (QL), serão elaborados a partir da base de dados RAIS
(Relação Anual de Informações Sociais) do Ministério do Trabalho para o ano de 2009.

A RAIS (Relação Anual de Informações Sociais) constitui base de dados bastante


detalhada sobre o volume de emprego e número de estabelecimentos por atividade econômica e
por município, que permitirá a identificação e análise de aglomerações de empresas. A coleta e a
35

tabulação dessas informações são realizadas anualmente pelo Ministério do Trabalho e do


Emprego. Essa pesquisa coleta com relação às seguintes informações: número de contratos (ou
vínculos estabelecidos); pessoal ocupado com nível de ensino fundamental, médio, superior e
pós-graduação; número de filiais; número de pesquisadores, engenheiros e cientistas; idade da
empresa; número médio de horas pagas; código do município em que o estabelecimento está
sediado e código da classe da atividade econômica.

É preciso salientar que a RAIS estabelece como unidade de pesquisa padrão o número
de estabelecimentos industriais ou de serviços e não, a empresa, o que pode implicar a dupla
contagem de uma empresa em termos do número de unidades produtivas, uma vez que uma
empresa pode ser multiplanta; no entanto, isso não provoca esse tipo de viés em relação à
variável que se pretende empregar na construção dos índices: número de contratos ou número de
vínculos empregatícios para uma determinada classe de atividade econômica identificada pela
classificação CNAE 2.0 a 4 dígitos e região, no caso desse estudo os municípios brasileiros em
relação ao país como um todo. Essa pesquisa cobre 90% do mercado de trabalho brasileiro,
identificando somente os vínculos empregatícios formais.

Para melhor compreendermos os índices que iremos criar, precisamos compreender o


que significa a variável número de empregos, que é dado em termos do número de contratos
empregatícios estabelecidos, no âmbito da RAIS. Em trecho apresentado em manual divulgado
pelo IPEA, faz-se uma breve distinção entre o número de pessoas empregadas e o número de
empregos (ou de contratos):

O número de empregos em determinado período de referência corresponde ao total


de vínculos empregatícios efetivados. O número de empregos difere do número de
pessoas empregadas, uma vez que o indivíduo pode estar acumulando, na data de
referência, mais de um emprego. Consideradas as informações disponíveis sobre
vínculos empregatícios, são facultadas duas opções para mensurar a evolução do
nível de emprego. A primeira refere-se à comparação de estoques (número de
empregos) em determinado período. (IPEA, 2008, p. 3).
36

Portanto, pode-se concluir que indicador irá mensurar o nível de emprego gerado pelo
setor de TIC em termos do número de postos de trabalho que esse setor cria em um determinado
período e não em termos da mão-de-obra efetivamente empregada por esse. Conhecendo-se as
bases de dados utilizadas para a elaboração dos indicadores. A seguir, explanaremos as
metodologias a serem comparadas.

6.2 INDUSTRY PERCEPTION METHOD (IPM)

A metodologia denominada Industry Perception Method (IPM) de identificação de


arranjos produtivos locais foi utilizada no âmbito do projeto de pesquisa “Sistemas Produtivos
Locais na Indústria Calçadista Brasileira: avaliação e sugestões de políticas” de Suzigan et all
(2004). Esta consiste na elaboração, a partir da base de dados da RAIS/MTE, de dois índices: um
de concentração, o índice de Gini Locacional (GL), e outro de especialização, o Quociente
Locacional (QL).

Bastos e Almeida (2008) classificam os diversos métodos existentes no Brasil de


identificação de indústria em dois grandes grupos: o primeiro, tendo em vista o fenômeno da
desconcentração industrial brasileira, avalia as tendências da localização geográfica dos setores
das indústrias, enquanto o segundo, conhecido como Industry Perception Method (IPM), busca
identificar e caracterizar aglomerações geográficas de empresas de menor porte. Esse teve origem
em Krugman (1991), onde este autor sugere o uso do coeficiente de Gini para identificação de
áreas geográficas com concentração de emprego.

A elaboração de indicadores e medidas de concentração e de especialização regional de


atividades econômicas tem sido objeto de estudo da economia regional, pois permitem observar a
distribuição geográfica da produção e identificar especializações regionais; muito embora, não
sejam suficientes para identificar as relações entre os agentes locais que são características
fundamentais das economias de aglomeração, o que exigiria a elaboração de estudos de caso com
o intuito de analisar esse fator. Seria necessário também que se adequassem esse indicador
criando variáveis que captassem esse fenômeno; no entanto, esse não é objetivo desse estudo.
37

A partir da base de dados da RAIS/MTE é possível elaborar esses indicadores de


concentração geográfica (Gini Locacional – GL) e de especialização (Quociente Locacional –
QL). No caso em estudo, os coeficientes serão calculados em termos das atividades econômicas
definidas como aquelas que compõem o setor de TIC; enquanto, a unidade territorial em estudo
será o país para o primeiro indicador e o município para o segundo relativo à totalidade dos
municípios brasileiros.

O coeficiente de Gini Locacional (GL) é um indicador de grau de concentração


geográfica de uma determinada indústria e um espaço geográfico específico. Esse coeficiente
varia entre zero e um e, quanto mais concentrada for uma determinada indústria em uma região
específica, mais próximo da unidade será o índice. Se a indústria for uniformemente distribuída
na região, o indicador será próximo de zero.

Nesse estudo, calcularemos o índice de Gini Locacional para cada uma das classes de
atividade econômica do setor de TIC no Brasil comparativamente ao total da Indústria de
Transformação (conjunto de atividades econômicas relacionadas à de fabricação, impressão,
manutenção, reparação e instalação de bens industriais e que compõem a divisão C na CNAE 2.0,
da qual faz parte as classes de atividade econômica ligadas aos setores industriais de TIC) e
Outras Atividades de Serviços (que é o conjunto de atividades econômicas relativas às
organizações associativas; reparação e manutenção de equipamentos de informática e
comunicação e de objetos pessoais e domésticos, na qual se inclui as atividades de serviços do
setor de TIC; e, outras atividades de serviços pessoais, compondo a divisão S na CNAE 2.0) no
país.

Esse coeficiente será a relação entre o percentual acumulado de contratos da classe de


atividade econômica industrial identificada como do setor Tecnologia da Informação e
Comunicação no Brasil em relação à Indústria de Transformação brasileira (representado por α) e
o percentual acumulado de contatos da Indústria de Transformação no Brasil (representado por
β); sendo que para as classes de atividades econômicas do setor de serviços em TIC, a referência
para o cálculo do percentual acumulado será a divisão Outras Atividades de Serviços.
38

Dessa forma, α está compreendido entre 0 ≤ α ≤ 1,0 e β está compreendido entre α ≤ β ≤


1,0 e sabendo-se que a representação de índice de Gini Locacional é dada por:

GL = α/β

Para o cálculo do índice de Gini Locacional para o setor de TIC como um todo, iremos
fazer a média ponderada de cada um dos indicadores calculados para as classes de atividade
econômica, sendo que o termo de ponderação será a participação relativa de cada uma dessas
classes no número de contratos do setor de TIC (representado por c):

GL = ∑ (ci . αi/βi), sendo i = classe de atividade econômica do setor de TIC

A aplicação desse indicador permitirá identificar o grau de importância do setor de TIC


no país em termos da concentração geográfica, sendo um critério do corte para o cálculo do
Quociente Locacional. Portanto, tem-se que o índice de Gini Locacional está compreendido entre
0 ≤ GL ≤ 1. Quanto mais próximo de 1 for esse índice, mais concentrado territorialmente é esse
setor. Para o caso do setor de TIC, identificaremos que um GL≥ 0,5, nos permite afirmar que a
concentração geográfica desse setor é elevada um espaço geográfico do município e que pode
existir um nível especialização do setor nessa área.

O Quociente Locacional (QL) indica a concentração relativa de uma determinada


indústria num estado, distrito ou município comparativamente à participação dessa mesma
indústria no espaço definido como base. Assim, a verificação de um QL elevado em determinada
indústria numa região (ou município, como é o caso) indica a especialização da estrutura de
produção local naquela indústria para aquele município.

Esse é indicado por:

QLij = Eij : Ei● Quociente Locacional do setor i na região j


E●j : E●●
39

 Eij = emprego no setor i da região j;


 Ei● = emprego no setor i do somatório de todas as regiões;
 E●j = somatório do emprego em todos os setores na região j;
 E●● = somatório do emprego do somatório de todos os setores de todas as regiões.

O Quociente Locacional permitirá a classificação dos aglomerados de empresas de um


determinado setor em quatro categorias:

i. Núcleos de Desenvolvimento Setorial: QL > 2, aglomeração de elevada importância para


a região, e participação > 2,5% no total do emprego da classe industrial, indicando
elevada importância para a classe de indústria da região;

ii. Vetores de Desenvolvimento Local: QL > 2, aglomeração de elevada importância para a


região, e participação < 2,5% no total do emprego da classe industrial, indicando pouca
importância para a classe de indústria da região;

iii. Vetores Avançados: QL < 2, aglomeração de baixa importância para a região, e


participação > 2,5% no total do emprego da classe industrial, indicando elevada
importância para a classe de indústria da região;

iv. Embriões de Sistemas Locais de Produção: QL < 2, aglomeração de baixa importância


para a região, e participação < 2,5% no total do emprego da classe industrial, indicando
pouca importância para a classe de indústria da região.

A aplicação dessa metodologia permitirá a identificação de aglomerações produtivas do


setor de TIC no país. Ainda não podemos dizer que de fato essas correspondem de fato as
categorias que identificamos como economias de aglomeração, haja vista que isso exige a
elaboração de estudos de casos específicos para cada uma das regiões, como foi exposto
anteriormente. Mas, os resultados darão indícios de quais são as regiões onde podem existir essas
40

estruturas consolidadas, ainda incipientes ou com potencial para desenvolvimento, exigindo a


implantação de políticas públicas para o seu desenvolvimento.

7 RESULTADOS

Os resultados da aplicação da metodologia IPM aos dados de emprego da RAIS/2009


referentes ao Brasil, segundo as 9 classes de atividade econômica da CNAE 2.0 a 4 dígitos que
compõem o setor de TIC, são resumidos nessa seção. Primeiramente, iremos calcular o
coeficiente de Gini Locacional (GL) para as 9 classes de atividade econômica que formam o setor
de TIC e para esse como um todo, a fim de identificar estatisticamente se a concentração
geográfica é verificada nessas. Para que uma atividade econômica seja considerada
geograficamente concentrada o GL deve ser superior a 0,5. Na TABELA 7, a seguir, serão
apresentados os coeficientes de Gini Locacional das classes econômicas identificadas como
sendo do setor de TIC em termos do valor da produção para o ano de 2009.

TABELA 7. Coeficientes de Gini Locacional (GL) para o valor da produção nas classes de
atividade econômica (4 dígitos) do setor de TIC no Brasil. Ano: 2009.

Classes de Atividade Econômica do Setor de TIC (CNAE 2.0 - 4 dígitos) GL

2610-8 Fabricação de Componentes Eletrônicos 0,51


2621-3 Fabricação de Equipamentos de Informática 0,29
2622-1 Fabricação de Periféricos e Equipamentos de Informática 0,40
2631-1 Fabricação de Equipamentos Transmissores de Comunicação 0,19
2632-9 Fabricação de Aparelhos Telefônicos e Outros Equipamentos de Comunicação 0,33
2651-5 Fabricação de Aparelhos e Equipamentos de Medida, Teste e Controle 0,38
3312-1 Manutenção e Reparação de Equipamentos Eletrônicos e Ópticos 0,46
9511-8 Reparação e Manutenção de Computadores e Equipamentos Periféricos 0,87
9512-6 Reparação e Manutenção de Equipamentos de Comunicação 0,43
Total do Setor de TIC 0,50
Fonte: Elaboração da autora a partir da base de dados da RAIS Empresa (Ministério do Trabalho) - 2009.

Uma vez identificado que o setor de TIC apresenta importante concentração geográfica
(> 0,5) no total das atividades econômicas do Brasil em termos do número de empregos para o
ano de 2009, analisaremos a seguir o grau de especialização do setor de TIC, calculando o
Quociente Locacional (QL) relativos aos municípios brasileiros. Na TABELA 8, na qual se
41

mostram as estatísticas descritivas das informações que foram utilizadas para a elaboração do
QL, observa-se que dos 5565 municípios brasileiros, apenas 955 deles apresentam ao menos uma
empresa classificada dentro de uma das 9 classes de atividades econômicas enquadradas como
pertencentes ao setor de TIC, sendo essa a amostra estudada.

TABELA 8. Estatística descritiva do Quociente Locacional para o emprego nas classes de


atividades econômicas do setor de TIC e municípios brasileiros. Ano: 2009.
Estatística
Amostra 955
Média 0,8390
Desvio Padrão 2,9239
Variância 8,5494
Amplitude 41,2769
Mínimo 0,0010
Máximo 41,2779
Fonte: Elaboração da autora a partir da base de dados da RAIS Empresa (Ministério do Trabalho) - 2009.

Os resultados apontam um largo campo de variação dos resultados dos Quocientes


Locacionais, que vai de 0,001 até 41,2779. A partir dessas informações, um primeiro filtro é
aplicado aos dados, baseados nos municípios cujos índices de especialização produtiva sejam
elevados. Nesse sentido, foram eliminadas as classes que apresentavam QL menor do que 0,5,
indicando baixo nível de especialização. A TABELA 8 mostra a freqüência de municípios e seus
respectivos Quocientes Locacionais.
42

TABELA 9. Freqüência de casos para faixas de Quociente Locacional (QL) para o emprego
no setor de TIC e municípios brasileiros. Ano: 2009.
Faixa de Quociente Freqüência
Nº de Municípios (%) (%)
Locacional Acumulada
QL≤0,30 618 64,7% 618 64,7%
0,30<QL≤0,40 61 6,4% 679 71,1%
0,40<QL≤0,50 43 4,5% 722 75,6%
0,50<QL≤0,60 32 3,4% 754 79,0%
0,60<QL≤0,70 15 1,6% 769 80,5%
0,70<QL≤0,80 26 2,7% 795 83,2%
0,80<QL≤0,90 14 1,5% 809 84,7%
0,90<QL≤1,00 8 0,8% 817 85,5%
1,00<QL≤2,00 61 6,4% 878 91,9%
2,00<QL≤3,00 27 2,8% 905 94,8%
3,00<QL≤4,00 10 1,0% 915 95,8%
4,00<QL≤5,00 8 0,8% 923 96,6%
5,00<QL≤6,00 5 0,5% 928 97,2%
6,00<QL≤10,00 15 1,6% 943 98,7%
10,00<QL≤15,00 6 0,6% 949 99,4%
15,00<QL 6 0,6% 955 100,0%
Total 955 100,0%
Fonte: Elaboração da autora a partir da base de dados da RAIS Empresa (Ministério do Trabalho) - 2009.

Pelos dados da TABELA 9, percebe-se que, dos 955 municípios brasileiros que
apresentam ao menos uma empresa classificada dentro de uma das 9 classes CNAE identificadas
como pertencentes ao setor de TIC, 233 municípios (24,4% do total somente) apresentam
Quociente Locacional superior a 0,5, o que indica algum grau de especialização produtiva.

Contudo, com o intuito de focalizar a análise em concentrações que potencialmente


possam se enquadrar em algumas das tipologias identificadas como sendo economias de
aglomeração, foram utilizados alguns filtros, que são variáveis de controle aplicadas ao nível do
município. Justifica-se a utilização desses filtros para que seja possível verificar se tais
concentrações apresentam a densidade industrial e a importância econômica que permita
enquadrá-los na conceituação de economias de aglomeração. Nesse sentido, pretende-se aqui
estabelecer um critério rigoroso para a definição de um aglomerado econômico, que é composto
pela utilização de três variáveis de modo combinado:

i. O índice de especialização, ou Quociente Locacional (QL), que mostra o nível de


especialização relativa do município;
43

ii. A participação relativa do emprego do setor de TIC no município comparativamente ao


total do emprego nesse setor no Brasil;

iii. O número de estabelecimentos no município classificadas em uma das 9 classes de


atividade econômica que constituem o setor de TIC.

O resultado da aplicação desses filtros resulta em um conjunto de possibilidades, de


maior ou menor rigor, no que se refere ao número de aglomerações de empresas pelas classes de
atividade econômica do setor de TIC nos municípios brasileiros (TABELA 10).

TABELA 10. Número de municípios com classes de atividade econômica do setor de TIC
segundo número de estabelecimentos e participação no total do emprego do setor. Ano:
2009.
Participação do setor de TIC do Município no total
Nº de Nº de
QL do emprego desse setor (maior ou igual)
Estabelecimentos Municípios
0,5% 1,0% 2,5% 5,0%
Maior do que 0,5 233 13 8 0 0
Maior do que 1 138 13 8 0 0
Maior do que 2 77 11 8 0 0
Maior do que 0,5 27 19 13 5 3
Maior ou igual a 5 Maior do que 1 22 17 12 5 3
Maior do que 2 17 13 9 4 2
Maior do que 0,5 11 10 6 3 3
Maior ou igual a 10 Maior do que 1 8 8 5 3 3
Maior do que 2 6 6 4 2 2
Maior do que 0,5 6 6 4 4 3
Maior ou igual a 20 Maior do que 1 4 4 3 3 3
Maior do que 2 3 3 2 2 2
Fonte: Elaboração da autora a partir da base de dados da RAIS Empresa (Ministério do Trabalho) - 2009.

Para os propósitos desse trabalho, em que pretende utilizar um critério mais rigoroso, a
caracterização de uma economia de aglomeração requer que o índice de especialização,
mensurado pelo QL, seja superior a 1, o que reduz o número de municípios considerados para
138 (o que corresponde a 59,2% dos municípios que apresentam algum grau de especialização
produtiva nesse setor).
44

Quantos aos outros critérios analisados, o emprego no setor de TIC no município deve
corresponder a pelo menos 0,5% do total do emprego nesse setor no Brasil, enquanto que o
número de estabelecimentos nesse espaço geográfico deve ser maior ou igual a 10. O resultado
dessa combinação de critérios foi a identificação de 8 municípios que potencialmente podem
constituir algum tipo de economia de aglomeração. A seguir, na TABELA 11, esses municípios
são divididos em categorias conforme o nível de especialização e o peso da estrutura produtiva do
setor no Brasil.

TABELA 11. Número de municípios de alta concentração e especialização no setor de TIC


segundo participação no total do emprego do setor. Ano: 2009.
Participação do setor de TIC do Município no total do emprego desse setor
QL (CNAE 4 dígitos)
P≤2,5% P>2,5% Total
>2 4 2 6
1<QL≤2 1 1 2
Total 5 3 8
Fonte: Elaboração da autora a partir da base de dados da RAIS Empresa (Ministério do Trabalho) - 2009.

Porém, para verificar se essas aglomerações se configuram como economias de


aglomeração, é preciso verificar quais são os municípios que compõem cada categoria da
classificação acima proposta. O primeiro caso é o que pode ser chamado de núcleos de
desenvolvimento setorial-regional, que engloba dois municípios cuja atividade econômica é
fortemente concentrada e especializada, ou seja, o QL é maior que 2 e a participação do
município no total do emprego do setor é maior que 2,5%. Essas aglomerações caracterizam-se
pela elevada importância para a região e, ao mesmo tempo, para a estrutura do setor de TIC
brasileiro, como se pode observar, a seguir, na TABELA 12.
45

TABELA 12. Classes do setor de TIC nos municípios brasileiros identificados na categoria
núcleo de desenvolvimento setorial-regional. Ano: 2009.
Código Classes de Atividade Econômica do Setor de TIC Nº de
Municípios
Município (CNAE 2.0 - 4 dígitos) Estabelecimentos
2610-8 Fabricação de Componentes Eletrônicos 33
2621-3 Fabricação de Equipamentos de Informática 6
2622-1 Fabricação de Periféricos e Equipamentos de Informática 20
Fabricação de Equipamentos Transmissores de
2631-1 7
Comunicação
Fabricação de Aparelhos Telefônicos e Outros
2632-9 5
Equipamentos de Comunicação
Manaus Fabricação de Aparelhos e Equipamentos de Medida,
130260 2651-5 5
(AM) Teste e Controle
Manutenção e Reparação de Equipamentos Eletrônicos e
3312-1 4
Ópticos
Reparação e Manutenção de Computadores e
9511-8 22
Equipamentos Periféricos
Reparação e Manutenção de Equipamentos de
9512-6 6
Comunicação
Total dos Estabelecimentos do Setor de TIC 108
2610-8 Fabricação de Componentes Eletrônicos 34
2621-3 Fabricação de Equipamentos de Informática 8
2622-1 Fabricação de Periféricos e Equipamentos de Informática 5
Fabricação de Equipamentos Transmissores de
2631-1 5
Comunicação
Fabricação de Aparelhos Telefônicos e Outros
2632-9 4
Equipamentos de Comunicação
Curitiba Fabricação de Aparelhos e Equipamentos de Medida,
410690 2651-5 15
(PR) Teste e Controle
Manutenção e Reparação de Equipamentos Eletrônicos e
3312-1 15
Ópticos
Reparação e Manutenção de Computadores e
9511-8 101
Equipamentos Periféricos
Reparação e Manutenção de Equipamentos de
9512-6 9
Comunicação
Total dos Estabelecimentos do Setor de TIC 196
Fonte: Elaboração da autora a partir da base de dados da RAIS Empresa (Ministério do Trabalho) - 2009.

Embora ambos os municípios acima sejam identificados como núcleos de


desenvolvimento setorial-regional, Manaus e Curitiba são cidades com estruturas produtivas
bastante distintas. Enquanto em Manaus, a participação relativa elevada de estabelecimentos de
fabricação de componentes eletrônicos (30,6%), reparação e manutenção de periféricos (20,4%) e
fabricação de periféricos e equipamentos de informática (18,5%) no total do setor de TIC, tendo
uma estrutura produtiva bastante diversificada voltada à produção de eletroeletrônicos, ainda que
a maior parte das firmas existentes nessa cidades sejam multinacionais, que realizam
transferência tecnológica com suas sedes no exterior, não desenvolvendo, portanto, P&D e
46

inovações no país; agora, em Curitiba, a classe econômica com maior participação de


estabelecimentos do setor de TIC é a de reparação e manutenção de computadores e
equipamentos periféricos (51,5%), assemelhando-se à estrutura produtiva do setor existente na
cidade de São Paulo, muito embora, a importância no nível de especialização e no total do
emprego dessa área seja maior.

Foram também encontradas 4 aglomerações produtivas muito importantes para as


respectivas regiões em que situam – microrregião e estado, por exemplo – em função do elevado
índice de especialização (QL>2); no entanto, são menos importantes para a estrutura produtiva
brasileira, uma vez que a participação relativa ao emprego no município é menor que 2,5% para o
Brasil. Essas aglomerações foram chamadas de vetores de desenvolvimento local, e são
mostradas na TABELA 13.

TABELA 13. Classes do setor de TIC nos municípios brasileiros identificados na categoria
vetor de desenvolvimento local. Ano: 2009.
Código Classes de Atividade Econômica do Setor de TIC Nº de
Municípios
Município (CNAE 2.0 - 4 dígitos) Estabelecimentos
2610-8 Fabricação de Componentes Eletrônicos 4
2621-3 Fabricação de Equipamentos de Informática 27
2622-1 Fabricação de Periféricos e Equipamentos de Informática 6
Fabricação de Equipamentos Transmissores de
2631-1 2
Comunicação
Fabricação de Aparelhos Telefônicos e Outros
2632-9 1
Equipamentos de Comunicação
291360 Ilhéus (BA) 2651-5 Fabricação de Aparelhos e Equipamentos de Medida, 1
Teste e Controle
Manutenção e Reparação de Equipamentos Eletrônicos e
3312-1 1
Ópticos
Reparação e Manutenção de Computadores e
9511-8 5
Equipamentos Periféricos
Reparação e Manutenção de Equipamentos de
9512-6 2
Comunicação
Total dos Estabelecimentos do Setor de TIC 49
315960 Santa Rita do 2610-8 Fabricação de Componentes Eletrônicos 66
Sapucaí 2621-3 Fabricação de Equipamentos de Informática 8
(MG) 2622-1 Fabricação de Periféricos e Equipamentos de Informática 5
Fabricação de Equipamentos Transmissores de
2631-1 13
Comunicação
Fabricação de Aparelhos Telefônicos e Outros
2632-9 9
Equipamentos de Comunicação
Fabricação de Aparelhos e Equipamentos de Medida,
2651-5 6
Teste e Controle
47

Reparação e Manutenção de Computadores e


9511-8 2
Equipamentos Periféricos
Reparação e Manutenção de Equipamentos de
9512-6 1
Comunicação
Total dos Estabelecimentos do Setor de TIC 110
2610-8 Fabricação de Componentes Eletrônicos 7
2622-1 Fabricação de Periféricos e Equipamentos de Informática 2
Fabricação de Equipamentos Transmissores de
2631-1 3
Comunicação
Fabricação de Aparelhos Telefônicos e Outros
2632-9 6
Equipamentos de Comunicação
353440 Osasco (SP) Fabricação de Aparelhos e Equipamentos de Medida,
2651-5 5
Teste e Controle
Reparação e Manutenção de Computadores e
9511-8 18
Equipamentos Periféricos
Reparação e Manutenção de Equipamentos de
9512-6 3
Comunicação
Total dos Estabelecimentos do Setor de TIC 44
2610-8 Fabricação de Componentes Eletrônicos 9
2622-1 Fabricação de Periféricos e Equipamentos de Informática 2
Fabricação de Aparelhos e Equipamentos de Medida,
2651-5 5
Teste e Controle
Gravataí Manutenção e Reparação de Equipamentos Eletrônicos e
430920 3312-1 1
(RS) Ópticos
Reparação e Manutenção de Computadores e
9511-8 2
Equipamentos Periféricos
Reparação e Manutenção de Equipamentos de
9512-6 1
Comunicação
Total dos Estabelecimentos do Setor de TIC 20
Fonte: Elaboração da autora a partir da base de dados da RAIS Empresa (Ministério do Trabalho) - 2009.

Dentre quatro municípios identificados na categoria vetor de desenvolvimento local, três


deles são municípios com forte vocação industrial: em Ilhéus, destaca-se a fabricação de
equipamentos de informática, o que corresponde a 55,1% dos estabelecimentos do setor de TIC
do município, ainda que esse município seja considerado responsável apenas pela montagem de
equipamentos eletrônicos; em Santa Rita do Sapucaí, temos 60% dos estabelecimentos do setor
de TIC são de fabricação de componentes eletrônicos; por fim, em Gravataí, 45% dos
estabelecimentos do setor de TIC são de fabricação de componentes eletrônicos. Essas indústrias
são altamente dependentes de outras atividades econômicas, como aquelas relativas à
manutenção e reparação para esses setores. Diferentemente dos demais, em Osasco, encontramos
a maior parte dos estabelecimentos envolvidos com a reparação e manutenção de computadores e
equipamentos periféricos.
48

Foi encontrado um município que possui elevado peso na participação do emprego no


setor de TIC para o Brasil, ou seja, a participação relativa é maior que 2,5%; entrementes, a
estrutura produtiva não apresenta grau de especialização tão elevado (1<QL≤2). Nessa categoria,
que foi denominada como vetores avançados, encontramos uma importante região metropolitana
brasileira, em que se verifica elevada densidade industrial e pequeno grau de especialização
produtiva, como mostra a TABELA 14.

TABELA 14. Classes do setor de TIC no município brasileiro identificado na categoria


vetores avançados. Ano: 2009.
Código Classes de Atividade Econômica do Setor de TIC Nº de
Municípios
Município (CNAE 2.0 - 4 dígitos) Estabelecimentos
2610-8 Fabricação de Componentes Eletrônicos 191
2621-3 Fabricação de Equipamentos de Informática 26
2622-1 Fabricação de Periféricos e Equipamentos de Informática 73
Fabricação de Equipamentos Transmissores de
2631-1 33
Comunicação
Fabricação de Aparelhos Telefônicos e Outros
2632-9 34
Equipamentos de Comunicação
São Paulo Fabricação de Aparelhos e Equipamentos de Medida,
355030 2651-5 149
(SP) Teste e Controle
Manutenção e Reparação de Equipamentos Eletrônicos e
3312-1 45
Ópticos
Reparação e Manutenção de Computadores e
9511-8 665
Equipamentos Periféricos
Reparação e Manutenção de Equipamentos de
9512-6 43
Comunicação
Total dos Estabelecimentos do Setor de TIC 1259
Fonte: Elaboração da autora a partir da base de dados da RAIS Empresa (Ministério do Trabalho) - 2009.

Em São Paulo, município em que encontramos a participação as classes de atividade


econômica identificadas como pertencentes ao setor de TIC e identificado como vetor avançado,
aquela que conta com maior participação no total de estabelecimentos é a de reparação e
manutenção de computadores e equipamentos periféricos com 665, o que corresponde a 52,8%
do total. A grande quantidade de empreendimentos desse tipo pode estar relacionada à existência
de um setor de TIC como atividade de suporte a outras atividades econômicas de maior
importância para a cidade, como aquelas relativas ao comércio e de serviços bancários.

Nesse município, apesar da baixa participação relativa dos estabelecimentos de


fabricação de componentes eletrônicos e fabricação de aparelhos e equipamentos de medida, teste
49

e controle no total do setor de TIC, respectivamente, 15,2% e 11,8%, existe uma grande
quantidade de estabelecimentos dessas classes de atividade econômica, o que mostra ainda a
vocação desse município como importante pólo industrial brasileiro, apesar da estrutura
produtiva em transação.

Por fim, uma última categoria é a que foi chamada de embrião de arranjo produtivo, que
envolve aglomerações de empresas, diga-se, em fase embrionária ou decadente. Em ambos os
casos, o município identificado apresenta baixos indicadores de importância na estrutura local e
também para o Brasil; dessa forma, a participação no total do emprego do setor de TIC . Em
virtude do elevado rigor dos filtros utilizados, essa categoria ficou pouco numerosa em termos de
quantidade de casos. Com uma pequena atenuação nos filtros, por exemplo, redução do filtro de
QL de 1 para 0,5 e do número de estabelecimentos de 10 para 5, certamente contribuiria para a
elevação do número de casos nessa categoria (aumentando de 1 para 19 casos). Na TABELA 15,
a seguir, é apresentado o município identificado na categoria embrião de arranjo produtivo.

TABELA 15. Classes do setor de TIC no município brasileiro identificado na categoria


embrião de arranjo produtivo. Ano: 2009.
Código Classes de Atividade Econômica do Setor de TIC Nº de
Municípios
Município (CNAE 2.0 - 4 dígitos) Estabelecimentos
2610-8 Fabricação de Componentes Eletrônicos 8
2622-1 Fabricação de Periféricos e Equipamentos de Informática 2
Fabricação de Aparelhos e Equipamentos de Medida,
2651-5 3
Teste e Controle
Contagem 3312-1 Manutenção e Reparação de Equipamentos Eletrônicos e 7
311860 Ópticos
(MG)
Reparação e Manutenção de Computadores e
9511-8 20
Equipamentos Periféricos
Reparação e Manutenção de Equipamentos de
9512-6 5
Comunicação
Total dos Estabelecimentos do Setor de TIC 45
Fonte: Elaboração da autora a partir da base de dados da RAIS Empresa (Ministério do Trabalho) - 2009.

Na cidade de Contagem, em Minas Gerais, identificada como embrião de arranjo


produtivo, dentre as classes de atividade econômica de maior interesse para a região encontra-se a
reparação e manutenção de computadores e equipamentos periféricos que corresponde a 44,4%
dos estabelecimentos do município envolvidos com essa atividade, que é uma atividade com
baixo potencial inovativo e relacionada normalmente à atividade de serviços varejista, o que pode
50

nos levar a supor a presença de um baixo potencial de crescimento para o setor de TIC nessa
região.

Com esses resultados alcançados, na seção seguinte faremos as considerações finais, na


qual analisaremos os resultados obtidos e problemas metodológicos envolvidos na utilização
desse indicador para a identificação das economias de aglomeração ou, ao menos a princípio, de
aglomerações produtivas importantes para o setor de TIC.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

As TICs são o principal instrumento de difusão da informação e conhecimento na nova


dinâmica econômica que se convencionou chamar de Economia do Conhecimento, na qual a
produção e os serviços são baseados em atividades intensivas em conhecimento que contribuem
para o aumento da capacidade inovativa das firmas, tornando-as mais competitivas nos mercados
em que atuam. Esse diferencial competitivo, contudo, também pode ser estimulado, mesmo em
setores de alto conteúdo tecnológico como o de TIC, por meio do conhecimento tácito, que não
podem ser codificados e, por isso, exigem que existam interações entre os agentes produtivos de
uma mesma localidade, mobilizando e protegendo capacitações específicas, permitindo-se que
essas estruturas se organizem sob a forma de arranjos e sistemas produtivos e/ou inovativos
locais.

A principal característica desses tipos de organização, que nesse trabalho são


classificadas como economias de aglomeração, é que essas estruturas possuem tanto uma
dimensão geográfica quanto, uma setorial. A primeira permite a interação entre os agentes em
âmbito local em diversos níveis – podendo evoluir desde a relação entre compradores e
vendedores em uma cadeia produtiva até a organização de governanças de produtores locais –; ao
passo que a segunda é responsável pelo grau de especialização setorial da atividade desenvolvida,
orientando a tomada de decisão desses produtores. Para o caso do setor de TIC, que apresenta
uma estrutura verticalizada de interação entre os seus diversos segmentos, levando-nos a
presumir, que apesar da elevada dependência tecnológica entre as partes, a transferência
51

tecnológica se dá por meio de processos de compra e venda, o que contraria a idéia de


cooperação entre os agentes em âmbito local, especialmente a interação horizontal – que ocorre
entre os concorrentes –, que é tão difundida entre os diversos estudos sobre aglomerações
produtivas.

Embora seja possível identificar economias de aglomeração para o setor de TIC – o que
foi evidenciado pelos resultados da pesquisa que foram apresentados –, essas se organizam em
função da presença de infra-estrutura e incentivos governamentais a conformação desse tipo de
estrutura produtiva localizada. A troca de conhecimento tácito ocorre normalmente por
intermédio do intercâmbio de profissionais especializados existentes nessas localidades em
função da presença, muitas vezes, de instituições de ensino de excelência, nas quais nascem
muitas dessas empresas – fruto das incubadoras de empresas – e com as quais estabelecem
principalmente parcerias em P&D.

Essas peculiaridades das economias de aglomeração incentivaram à promoção de


políticas de desenvolvimento no Brasil a partir dos anos de 1990. No entanto, para o setor de TIC
brasileiro no qual, conforme dados apresentados na análise descritiva, observa-se a expansão do
número de firmas inovativas, do seu faturamento e do número de profissionais qualificados, a
despeito da redução dos gastos em atividades inovativas, dentre as quais se inclui P&D, que pode
estar atrelado ao baixo grau de investimento em projetos de inovação em produto e/ou processo,
que está sendo substituído pelo investimento em inovação organizacional e/ou de marketing – o
que pode ser causa do déficit das exportações líquidas devido à perda de mercado para economias
mais inovativas no setor em termos de produtos e/ou processos e, consequentemente, mais
competitivas internacionalmente – é necessário que essas políticas estejam voltadas às estratégias
de desenvolvimento industrial, científico e tecnológico com um enfoque setorial e que haja um
melhor controle na concessão de incentivos às empresas.

No âmbito das políticas do Governo Federal, as políticas destinadas a esse tipo de


organização produtiva enquadram-se nos Sistemas Nacionais de Inovação, que se materializa sob
a forma justamente de instrumentos de incentivo fiscal e financiamento público à geração de
atividades inovativas e estímulos às parcerias entre universidades e empresas.
52

A fim de que se aperfeiçoem os esforços na elaboração de políticas públicas com


enfoque regional no país e, não somente nacional, esse estudo esforçou-se em realizar um estudo
empírico de identificação de economias de aglomeração para o setor de TIC. Por falta de um
instrumento de identificação próprio aos setores de alta tecnologia, empregou-se nesse estudo o
Industry Prospection Method (IPM), que busca identificar e caracterizar aglomerações
geográficas de empresas de menor porte por meio do Gini Locacional (GL), que indica a
concentração relativa de um determinado setor em uma área geográfica, e o Quociente
Locacional (QL), que mede o grau de especialização de um setor, para a identificação e limitação
geográfica de aglomerações produtivas, aplicando-se filtros de controle que envolve
requerimentos sobre o número de empresas e sobre a participação relativa do emprego da
atividade econômica por municípios em relação ao país.

É preciso considerar que ainda não podemos dizer que de fato essas correspondem de
fato as categorias que identificamos como economias de aglomeração, haja vista que isso exige a
elaboração de estudos de casos específicos para cada uma das regiões. Apesar disso, os resultados
darão indícios de quais são os municípios onde podem existir essas estruturas consolidadas, ainda
incipientes ou com potencial para desenvolvimento, o que, nessa última situação, exigiria a
implantação de políticas públicas para o seu desenvolvimento.

Nesse estudo, foi possível identificar oito municípios, nos quais potencialmente podem
se originar sistemas nacionais de inovação, sendo classificados conforme tipologia empregada
por Suzigan et all (2004), estão listados a seguir: Manaus e Curitiba (núcleos de desenvolvimento
setorial-regional, em que QL é maior que 2 e a participação do município no total do emprego do
setor é maior que 2,5%, indicando elevado nível de especialização e emprego na região); Ilhéus,
Santa Rita do Sapucaí, Osasco e Gravataí (vetores de desenvolvimento local, nos quais existem
elevados índices de especialização (QL>2); no entanto, são menos importantes para a estrutura
produtiva brasileira, uma vez que a participação relativa ao emprego no município é menor que
2,5% para o Brasil); São Paulo (vetor avançado, a participação relativa no total do emprego no
país é elevada, sendo maior que 2,5%; entrementes, a estrutura produtiva não apresenta grau de
especialização tão elevado, 1<QL≤2); e, Contagem (embrião de arranjo produtivo, no qual a
53

participação do emprego do município em relação ao país é menor que 2,5%, caracterizando


pequena participação no total do emprego, e incipiente especialização produtiva, 1<QL≤2).

Dentre os resultados apresentados, devemos relativizar o caso de São Paulo, enquadrado


na categoria de vetor avançado. Nessa cidade, embora o setor de TIC nessa cidade seja
importante para o país em termos do número de empregos gerados, não existe um nível elevado
de especialização produtiva nesse tipo de atividade. A grande dimensão espacial do território do
município e o posicionamento de São Paulo como economia global pode inviabilizar a
cooperação entre as firmas em nível local, até mesmo no que concerne as trocas de experiência
entre os profissionais empregados, já que profissionais do mundo todo são atraídos para atuar
nesse município e, consequentemente, o papel de instituições de ensino e pesquisa no município
no fornecimento de profissionais qualificados torna-se menos relevante. Poderíamos considerar,
portanto, essa tipologia de vetor avançado como uma categoria antitética dentro da conceituação
de economias de aglomeração.

Outro problema dessa metodologia, encontra-se na classificação das atividades


econômicas do banco de dados. Embora Manaus tenha sido identificado como núcleo de
desenvolvimento setorial-regional e Ilhéus, como vetor de desenvolvimento local, essas regiões
são pólo conhecidamente de indústrias maquiladoras, ou seja, áreas nas quais empresas
multinacionais instalam-se para montar seus produtos e comercializar no mercado nacional a
custos menores do que aqueles de importação de produtos. Essas empresas fazem uso de mão-de-
obra pouco qualificada e implantando no país uma atividade baseada em baixo conteúdo
tecnológico, que não identificado pela classe de atividade econômica da CNAE 2.0 que as
enquadram como fabricantes de produtos industriais e, não como montadoras, o que pode
deturpar a percepção que se tem da atividade do setor de TIC na região.

Mesmo assim, esses resultados, ainda que preliminares, pois essa metodologia exige
maiores ajustes à aplicação em setores de alta tecnologia, pode inspirar a realização de estudos de
casos que caracterizem melhor os municípios identificados, apresentando as principais lacunas ao
desenvolvimento econômico dessas áreas dentro da concepção de sistemas de inovação, o que
pode contribuir positivamente para a formulação de políticas públicas.
54

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58

APÊNDICE

APÊNDICE 1

Equivalências entre CNAE, CNAE 1.0 e CNAE 2.0

A tabela de correspondência, a seguir, indica, para cada classe da CNAE e CNAE 1.0, o
correspondente código (ou códigos) na estrutura da CNAE 2.0. O asterisco (*) precedendo o
código na CNAE 2.0 (segunda coluna) indica que somente uma parte do seu conteúdo está
presente nesta específica correspondência, ou seja, as atividades compreendidas na classe com
asterisco (*) distribuem-se por mais de uma classe nas versões CNAE e 1.0. Na coluna
Observações é descrito o conteúdo da parte envolvida na correspondência.

CNAE CNAE 1.0 CNAE 2.0


Observações
Código Denominação Código Denominação Código Denominação

Fabricação de Fabricação de
- Não existia 32.10-7 material eletrônico 26.10-8 componentes
básico eletrônicos
Fabricação de
Fabricação de Fabricação de
- Não existia 30.21-0 26.21-3* equipamentos de
computadores computadores.
informática
Fabricação de
equipamentos
Fabricação de Fabricação de
periféricos para
periféricos para periféricos para
- Não existia 30.22-8 máquinas 26.22-1*
equipamentos de equipamentos de
eletrônicas para
informática informática.
tratamento de
informações
Exceto manutenção e
Fabricação de
reparação de
equipamentos
equipamentos
transmissores de
transmissores de rádio
rádio e televisão e
e
de equipamentos Fabricação de
televisão e de
para estações equipamentos
32.21-2* 32.21-2 26.31-1 equipamentos para
telefônicas, para transmissores de
estações telefônicas,
radiotelefonia e comunicação
para radiotelefonia e
radiotelegrafia -
radiotelegrafia -
inclusive de
inclusive de
microondas e
microondas e
repetidoras
repetidoras.
59

*Exceto a manutenção
Fabricação de Fabricação de
de telefones; ** Exceto
aparelhos aparelhos
manutenção e
32.22- telefônicos, telefônicos e de
32.22-0 26.32-9* reparação de aparelhos
0** sistemas de outros
telefônicos, sistemas
intercomunicação e equipamentos de
de intercomunicação e
semelhantes comunicação
semelhantes.
*Exceto a fabricação
Fabricação de de termômetros
aparelhos e médicos; ** Exceto
instrumentos de Fabricação de manutenção e
medida, teste e aparelhos e reparação de aparelhos
33.20-
33.20-0 controle - exceto 26.51-5* equipamentos de e instrumentos de
0**
equipamentos para medida, teste e medida, teste e
controle de controle controle - exceto
processos equipamentos para
industriais controle de processos
industriais.
*Manutenção e
reparação de
equipamentos
eletrônicos para uso
Manutenção e médico-hospitalares,
reparação de Manutenção e odontológicos e de
equipamentos reparação de laboratório; **
33.10-
33.91-0 médico- 33.12-1* equipamentos Manutenção e
3**
hospitalares, eletrônicos e reparação de aparelhos
odontológicos e de ópticos e instrumentos para
laboratório usos médico-
hospitalares,
odontológicos e de
laboratórios e
aparelhos ortopédicos.
Manutenção e Reparação e
reparação de manutenção de
- Não existia 72.50-8 máquinas de 95.11-8 computadores e
escritório e de de equipamentos
informática periféricos

Manutenção e
reparação de
*Exceto a manutenção
aparelhos e
Reparação e de telefones; **
equipamentos de
32.22- manutenção de Manutenção e
32.90-5 telefonia e 95.12-6*
0** equipamentos de reparação de sistemas
radiotelefonia e de
comunicação de intercomunicação e
transmissores de
semelhantes.
televisão e rádio -
exceto telefones
Fonte: Elaborado pela própria autora a partir de informações da CONCLA/MPOG e IBGE.

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