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Esta monografia foi julgada e aprovada para a obtenção do grau de Bacharel em Economia
pelo Departamento de Economia da Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e
Ciência da Informação e Comunicação da Universidade de Brasília.
_______________________________________
Prof. Luciano Martins Costa Póvoa, Dr.
Professor Adjunto
BANCA EXAMINADORA
_______________________________________
Prof. Pedro Henrique Zuchi da Conceição, Dr.
MILANI, Daniele.
Identificação de Aglomerações Produtivas de Tecnologia da Informação e
Comunicação no Brasil e as Políticas de Incentivo a essas Estruturas Produtivas pelo
Governo Federal.
Brasília: UnB, 2011.
A tantos outros amigos e familiares que não foram citados nesse espaço, mas nem
por isso esquecidos ou menos parceiros ao longo da vida, o meu sincero agradecimento.
1 Introdução .........................................................................................................................1
3 Economias de Aglomeração.............................................................................................5
6 Metodologia.....................................................................................................................34
7 Resultados .......................................................................................................................40
LISTA DE TABELAS
GRÁFICO 1. Escolaridade do pessoal ocupado no Setor de TIC (em milhares). Período: 2000
- 2009........................................................................................................................................24
GRÁFICO 2. Exportações e Importações no Setor de TIC (em milhões). Período: 2000 -
2009. .........................................................................................................................................32
iv
RESUMO
The literature on industrial economics and regional economics is full of case studies
on agglomeration economies for the local ICT sector, which is a key segment for the insertion
of new dynamic local economies in the Knowledge Economy, being an ex post features of
these settlements and their contributions to local development. Few studies tried to identify
the emergence of such settlements. From the standpoint of public policy development to
promote industrial innovation systems, this gap is because it leads to favoring established
agglomerations to the detriment of those in training.
The aim of this study therefore is to identify these agglomerations in the country by
the method Industry Perception Method (IPM), formerly widely used for the identification of
manufacturing industries in the country. Still, this method require further adjustments to the
application in high-tech sectors, will identify the municipalities where the share of ICT sector
in the local economy is significant in terms of relative share of employment in the country and
the expertise of productive activity.
1 INTRODUÇÃO
resultados empíricos são utilizados para enriquecer o debate sobre as políticas públicas de
incentivo às estruturas de aglomeração e de ciência, tecnologia e inovação no Brasil, haja
vista que é condição para a elaboração dessas políticas a identificação de áreas ou regiões nas
quais existem esse tipo de estrutura ou potencialmente essa pode se desenvolver.
Esse trabalho está divido em sete partes, além dessa introdução. Na primeira delas é
apresentada uma breve discussão sobre o papel do setor de TIC como principal instrumento
na difusão do conhecimento na nova dinâmica econômica que se consolidou a partir dos anos
90. Já a segunda seção é dedicada a uma revisão bibliográfica sobre a conceituação e
características das economias de aglomeração e as particularidades daquelas em que o
enfoque tecnológico é o do setor de TIC. Na terceira, analisa-se o papel das políticas públicas
destinadas ao desenvolvimento de economias de aglomeração para o setor de TIC,
especialmente no que concerne à articulação entre as políticas de promoção dos arranjos
produtivos locais e Sistemas Nacionais de Inovação. Na quarta, apresenta-se uma análise
descritiva do setor de TIC brasileiro na última década (2000-2009), identificando-se as
principais tendências do setor no país. Na quinta parte, desenvolveu-se a metodologia
empregada na identificação de aglomerações produtivas do setor a ser estudado, focando
também na análise da base de dados empregada. A sexta seção dedica-se à apresentação dos
resultados e, por fim, na sétima e última parte faz-se as considerações finais.
Essa análise nos permite afirmar que, nesse novo contexto econômico, o
conhecimento constitui um insumo produtivo, assim como o trabalho e o capital, ainda que
constitua um recurso intangível. A partir desse entendimento do conhecimento, pode-se
definir “a economia do conhecimento como produção e serviços baseados em atividades
4
Essa variável difícil de mensurar, contudo, não está ainda incorporada como uma
variável na função de produção de uma empresa. Mas, seus efeitos podem ser observados em
termos das mudanças reais nos negócios das empresas. Segundo Atkeson e Kehoe (2007),
quando uma organização adota de forma eficaz novas tecnologias da informação, exige-se a
reformulação da organização empresarial. No entanto, as melhorias na concepção de práticas
de negócios não cessam com a introdução de capital de TIC, já o aumento da capacidade de
computação e redes leva a uma crescente variedade de novos tipos de práticas de negócios.
Ainda, é necessário ressaltar que esse processo de melhoria da estrutura de uma organização
pode envolver um período prolongado de aprendizagem antes que os pagamentos deste
investimento sejam plenamente realizados.
3 ECONOMIAS DE AGLOMERAÇÃO
O termo “Sistemas Produtivos Locais” (também conhecido pela sigla SPL) é usado
para nomear arranjos produtivos em que se observa a interdependência, articulação e vínculos
consistentes dos quais podem resultar interação, cooperação e aprendizagem, promovendo o
aumento da competitividade e do desenvolvimento local, segundo Cassiolato e Szapiro
(2002). Esses autores ainda identificam de forma mais restrita o que ficou conhecido como
Arranjos Produtivos Locais (APLs), que são estruturas produtivas em que essas articulações
entre os agentes ocorrem de forma sistemática, sendo essa a forma de organização da estrutura
produtiva de uma determinada indústria ou setor mais conhecida e comumente utilizada como
de economia de aglomeração.
localizada? Marshall (1890) definiu esse processo como o de concentração de uma indústria1
em determinada localidade, ao realizar a observação de distritos industriais ingleses. Esses
constituem um conjunto de indústrias que produzem bens finais e outras subsidiárias, e,
portanto, não estão associados ao aparecimento de uma indústria focada em um único setor
produtivo, que se estabelecem ao redor da indústria principal não só devido à presença de
fatores produtivos (condições físicas e presença de mão-de-obra) que favoreçam a produção,
mas também motivadas pela presença de mercado consumidor.
1
O processo de concentração das atividades industriais foi desenvolvido na obra de Penrose (1959).
Segundo a autora, em uma economia em crescente expansão, haveria crescimento das firmas e,
consequentemente, aumento da concentração das atividades industriais, até o ponto em que a taxa de crescimento
dessas empresas torna-se igual a zero, ponto a partir do qual a produtividade dos fatores de produção tornar-se-ia
decrescente. Essa redução se manifestaria em um aumento do número de firmas grandes e diminuição da
importância delas e do reordenamento das firmas na economia.
7
Esse tipo de interação no setor de TIC pode ser encontrado no arranjo produtivo de
Campinas, São Paulo. Porto et all (2000) observam que entre as empresas do arranjo existem
intensas relações comercias, englobando tanto as relações estritamente comerciais quanto às
2
Em Fransman (2007), desenvolveu-se o Modelo em Camada do Ecossistema de TIC (ICT Ecosystem
Layer Model – ELM), que representa o sistema global do setor e permite sua análise, pois conceitualiza esse
setor em termos de camadas independentes e com funções bem definidas. Cada uma delas comunica-se entre si,
permitindo a compreensão da estrutura de mercado e industrial, a dinâmica e regulação do setor.
9
Entende-se, dessa forma, que essas organizações de alta tecnologia são favorecidas
pelo intercâmbio tanto entre os agentes locais, quanto com agentes externos ao arranjo
produtivo local, que podem ser acessados por meio do IED. No arranjo produtivo de alta
tecnologia de Oxfordshire, por exemplo, os empresários vêem nas redes de trabalho (network)
– que incluem tanto conferências quanto relações informais entre empresários – a principal
10
Nesse distrito industrial, o setor público promove políticas públicas locais de apoio à
transferência tecnológica por meio de agência de desenvolvimento econômico, criadas para
esse fim e cuja principal atividade é gerenciar os recursos das entidades públicas da região
para a promoção de pesquisa em nível mundial e treinamento de recursos humanos; enquanto
no nível nacional, as políticas públicas priorizam o alívio fiscal e dão subsídios às atividades
de P&D. Observa-se que o governo atua no arranjo produtivo local oferecendo meios à
realização de atividades pouco exploradas no âmbito dos empresários.
na região. Wolfe (2002) relata que os estudantes têm contato com a indústria local e retorna
para a sala de aula para obter conhecimento regular; tem-se uma relação reflexiva entre o
currículo dos estudantes e a fronteira do conhecimento na indústria, permitindo aos estudantes
explorar inovações que são pouco usuais na academia.
O principal objetivo das políticas públicas voltadas para a promoção de qualquer tipo
de economia de aglomeração é o desenvolvimento regional. Segundo Eisenbith (2005), essas
podem desenhar vantagens que estão relacionadas a retornos políticos, ao atendimento das
prioridades nacionais ou para a construção de uma estratégia industrial própria independente
das políticas nacionais. Existem diversos caminhos para a promoção desses aglomerados,
dentre os quais: a política industrial e tecnológica, política de desenvolvimento regional ou de
promoção às MPEs (Micro e Pequenas Empresas).
são capazes de captar financiamento externo. Essas medidas atraem mais empresas de setores
relacionados à atividade central dos arranjos produtivos locais; ainda que muito comumente,
nesse tipo de iniciativa, haja uma baixa participação do público alvo, os empresários que são
pouco motivados e participativos.
3
Hasenclever e Zissimos (2006) fizeram análise crítica de algumas metodologias empregadas pelos
estudiosos brasileiros para a identificação dos níveis de agregação e especialização. A identificação de arranjos
produtivos locais pode ocorrer por meio da metodologia IPM, amplamente utilizadas por Suzigan et all (2004).
Existe também metodologia para avaliar a distribuição espacial da indústria por meio da análise da participação
no emprego e da produção industrial, presente no trabalho de Diniz e Cocco (1996); por fim, os atores analisam a
metodologia desenvolvida por Resende e Wyllie (2005), usam o que eles denominam medidas de aglomeração
para fazer um estudo empírico sobre a distribuição espacial da indústria no Brasil.
O estudo profundo de diversos casos permitiu aos autores brasileiros a criação de diversas tipologias
para enquadrar os arranjos produtivos locais em função de uma série de características empíricas apresentadas
por eles e por seus processos de aglomeração.
Os autores destacam que a maior parte das tipologias empregadas pelos autores apresentados é fruto de
fatos estilizados (generalizações de relações de hierarquia entre as instituições ou dos produtores com o
mercado) decorrente da observação de estruturas existentes. A evolução desse trabalho de caracterização,
destaca, deve envolver a criação de uma metodologia de classificação para a seleção de aglomerações de
empresas que possam ser o objeto de estudos de caso, fazendo-se o caminho inverso do que foi realizado até
então.
15
Ainda, para Pereira (2004), a política industrial atua como gerador de externalidades
positivas e fatores político-institucionais que aumentam a competitividade da indústria
nacional em nível macroeconômico; sendo que ao mesmo tempo, em nível microeconômico,
estimula a cooperação entre as empresas que atendem um mesmo segmento e na cadeia
16
Existe, desta forma, uma importante articulação entre as políticas voltadas às mais
diversas formas de economias de aglomeração cujo principal objetivo é o desenvolvimento
regional e a de Sistemas Nacionais de Inovação, voltadas para os setores de desenvolvimento
estratégico que são aqueles de alta tecnologia, como é o caso das TICs, uma vez que seu
objetivo final (o aumento da competitividade das empresas brasileiras por meio de introdução
de processos inovativos contínuos na firma) emerge de uma forte base conceitual, fruto do
diálogo entre os formuladores de políticas públicas e a academia, que direcionam suas
iniciativas que acabam por convergir e complementar-se.
18
Na última década, houve uma importante expansão do setor de TIC no Brasil. Esse
fenômeno pode ser evidenciado pela variação do número de firmas do setor e do faturamento
das empresas, por exemplo, quando comparados à totalidade da economia brasileira. No
entanto, mais do que o simples aumento da participação econômica do setor, seu crescimento
pode ser entendido como reflexo pelo aumento da demanda de produtos e serviços
tecnológicos que suportem o desenvolvimento de uma nova estrutura econômica pautada pelo
conhecimento, sendo, para isso, necessário compreender a estrutura desse segmento e sua
evolução.
4
A CNAE 2.0 (Classificação Nacional de Atividades Econômicas, versão 2.0) é a classificação
oficialmente adotada pelo Sistema Estatístico Nacional e pelos órgãos federais, gestores de registros
administrativos, relativas às atividades econômicas. Esta versão da CNAE, definida pela Resolução CONCLA
01/2006 publicada no Diário Oficial em 05/09/2006, será empregada entre os anos de 2007 e 2012 para as
estatísticas oficiais; tendo sido precedida pela CNAE 1.0 (Diário Oficial da União de 09/10/2002) e CNAE
(Diário Oficial da União em 26/12/1994), conforme informações da Comissão Nacional de Classificação
(disponível em: http://www.ibge.gov.br/concla/cnae/cnae.php?sl=1. Acessado em 09 de janeiro de 2010,
11h51min).
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Ainda, é preciso ressaltar que as atividades econômicas descritas nas demais tabelas
abaixo, estão em conformidade com a classificação da CNAE 2.0 para os anos de 2007 e
2009. Para os anos de 2002 a 2005, as categorias de atividade econômica são definidas
conforme CNAE 1.0 e para os anos 2000 e 2001, conforme a CNAE, guardando-se as devidas
equivalências entre os grupos de atividades econômicas da CNAE 2.0 descritas no
APÊNDICE 1.
Dentre as atividades econômicas do setor de TIC, aquela que tem uma maior
participação no total do setor foi a de fabricação de equipamentos de comunicação (que inclui
a fabricação de aparelhos transmissores e receptores de rádio e televisão e de
telecomunicações), que correspondeu no mínimo a 43,6% do total em 2008. No entanto, esse
segmento vem perdendo espaço no setor de TIC para outras atividades, como a fabricação de
equipamentos de informática e periféricos cuja participação cresceu de 23,1% para 31,6%; e,
também aquele de fabricação de aparelhos e instrumentos de medida, teste e controle,
cronômetros e relógios, que se expandiu de 5,6% para 10,6%, como se verifica na TABELA
2, que traz o faturamento do Setor de TIC comparativamente ao total das atividades da
economia brasileira por atividade econômica entre 2000 e 2008.
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TABELA 2. Faturamento¹ do Setor de TIC comparativamente ao total da economia brasileira por atividade econômica (em
milhões). Período: 2000 – 2008.
Atividades Industriais do Setor de TIC
Anos
Atividade Econômica
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008
Fabricação de componentes
6.218,6 6.193,1 6.155,3 5.160,5 5.009,5 4.615,8 6.134,4 5.271,7 5.547,2
eletrônicos
Fabricação de equipamentos de
11.287,0 16.479,2 10.546,2 10.761,2 10.968,6 13.114,8 13.069,9 17.835,1 21.729,0
informática e periféricos
Fabricação de equipamentos de
28.663,3 34.750,4 23.707,6 20.053,2 34.126,6 28.964,3 30.437,3 24.605,7 18.721,7
comunicação
Fabricação de aparelhos e
instrumentos de medida, teste e 2.728,7 3.047,0 3.174,1 2.757,6 3.609,5 3.918,2 3.664,2 5.971,3 5.781,7
controle; cronômetros e relógios
Total das Atividades
48.897,5 60.469,6 43.583,3 38.732,4 53.714,2 50.613,0 53.305,8 53.683,8 51.779,6
Industriais do Setor de TIC
Atividades de Serviços do Setor de TIC
Anos
Atividade Econômica
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008
Manutenção e Reparação de
Equipamentos Eletrônicos e - - - - - - - - -
Ópticos
Reparação e Manutenção de
Computadores e de - - - - - - - - -
Equipamentos Periféricos
Reparação e Manutenção de
- - - - - - - - -
Equipamentos de Comunicação
Total das Atividades de
- - 2.685,8 2.263,8 2.495,1 2.517,9 2.445,3 2.692,3 3.643,9
Serviços do Setor de TIC
Setor de TIC 48.897,5 60.469,6 46.269,1 40.996,2 56.209,3 53.130,9 55.751,0 56.376,0 55.423,5
Total da Economia Brasileira 2.117.443,0 2.170.506,3 2.188.092,1 2.302.181,2 2.444.272,8 2.557.757,9 2.733.383,2 2.938.706,3 3.161.324,6
Fonte: Elaboração da autora a partir da base de dados da PIA Empresa (IBGE) e PAS Empresa (IBGE) - 2000 a 2009.
Notas: (1) O faturamento é entendido como a receita bruta de venda de produtos industriais e de prestação de serviços. Valores aos preços de 2009 pelo IPCA
(IBGE).
22
Entre 2000 e 2009, a indústria de TIC teve maior participação em termos de emprego
relativa ao total do setor de TIC, comparativamente ao segmento de serviços, que cresceu no
período de 66,0% para 72,0%. Dentre as classes de atividade econômica selecionadas, houve uma
redução acentuada da participação em termos de número de empregos na indústria de fabricação
de componentes eletrônicos, diminuindo de 31,7% em 2001 para 21,5% em 2009, ao passo que o
segmento de reparação e manutenção de computadores e de equipamentos periféricos cresceu de
18,5% para 22,6% no período, tornando-se a classe de atividade econômica mais importante no
setor em termos do número de empregos criados.
A maior parte dos empregos criados no setor de TIC concentra-se nos estados das
regiões Sudeste e Sul, o que pode indicar uma forte concentração geográfica dessa atividade
nessas regiões que, mesmo de forma mais acentuada, acompanha a distribuição do número de
empregos em termos relativos da economia brasileira como um todo. No entanto, ao longo do
período estudado, ocorreu uma diminuição relativa da participação das regiões Sudeste no
número de empregos, reduzindo de 73,3% para 62,8%; a participação do emprego na região Sul
sempre foi ascendente, com aumento bastante expressivo de 10,9% para 21,1%, sendo
acompanhada pela região Norte, que teve uma elevação da participação, passando de 6,0% para
9,3%, como pode ser observado na TABELA 3, a seguir:
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TABELA 3. Número de Empregos no Setor de TIC (em milhares). Período: 2000 - 2009.
Setor de TIC
Anos
Regiões
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009
Norte 2,5 7,3 9,6 11,5 16,6 22,2 26,5 23,5 21,2 16,0
Nordeste 3,8 8,8 4,8 3,8 3,9 4,3 5,5 7,2 8,4 8,5
Sudeste 30,7 67,4 60,4 62,6 68,4 70,5 87,2 95,9 112,7 108,2
Sul 4,5 10,3 12,7 13,2 13,4 14,3 22,7 29,0 35,2 36,4
Centro-Oeste 0,3 1,4 1,5 1,4 1,4 4,2 1,6 2,0 2,6 3,2
Total 41,8 95,2 89,0 92,5 103,8 115,4 143,4 157,6 180,1 172,2
Fonte: Elaboração da autora a partir da base de dados da RAIS Empresa (Ministério do Trabalho) - 2000 a 2009.
120,0
100,0
80,0
60,0
40,0
20,0
0,0
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009
Anos
Fonte: Elaboração da autora a partir da base de dados da RAIS Empresa (Ministério do Trabalho) - 2000 a 2009.
Embora os profissionais com pós-graduação não tenham sido incluídos nessa pesquisa,
entre os anos de 2006 e 2009, eles perfizeram um total de 500 profissionais empregados por ano
no setor. Esse número mostrou-se pouco relevante e ao longo dessa série de anos variou pouco,
dificultando a análise da evolução do emprego de profissionais altamente qualificados no setor,
que estariam envolvidos com atividades potencialmente inovativas.
25
serviços –, percebeu-se que essa atividade reunia o maior número de empresas inovadoras, com
participação de 75,8%.
No que tange aos setores com maior taxa de inovação (percentual de empresas que
implantaram algum tipo de inovação em relação ao total de empresas inovadoras), no triênio
2001-2003, a fabricação de equipamentos de informática e periféricos era o que apresentava a
maior taxa de inovação em produto e/ou processo (71,19%), sendo superado no triênio de 2006-
2008 pela fabricação de outros produtos eletrônicos e ópticos com 63,51% das empresas do setor
inovando ao menos nesse segmento.
Número (%) Número (%) Número (%) Número (%) Número (%) Número (%)
Fabricação de
componentes 308 190 61,66% 12 3,84% 76 24,59% 372 182 49,00% 21 5,72% 87 23,25%
eletrônicos
Fabricação de
equipamentos de
201 143 71,19% 13 6,58% 18 9,18% 222 119 53,82% 6 2,70% 70 31,38%
informática e
periféricos
Fabricação de
equipamentos de 306 158 51,79% 4 1,46% 72 23,59% 317 173 54,64% 3 0,84% 81 25,69%
comunicação
Fabricação de
outros produtos
845 384 45,40% 10 1,16% 311 36,77% 555 352 63,51% 18 3,17% 143 25,70%
eletrônicos e
ópticos
Manutenção,
reparação e
instalação de - - - - - - - 2.343 608 25,94% 53 2,27% 888 37,90%
máquinas e
equipamentos
Total das
Atividades do 1.660 875 52,72% 39 2,37% 477 28,74% 3.809 1.435 37,67% 101 2,65% 1.268 33,30%
Setor de TIC
Fonte: Elaboração da autora a partir da base de dados da PINTEC (IBGE) - 2001 a 2008.
Nota: (1) Nos períodos pesquisados, foram consideradas as empresas que implantaram produto e/ou processo tecnologicamente novo ou substancialmente
aprimorado, que desenvolveram projetos que foram abandonados ou ficaram incompletos, e que realizaram mudanças organizacionais.
30
comunicação, que, ainda, tendo sua participação reduzida no período, contou uma participação
mínima de 49,6% no total dos gastos, verificada em 2003. Como outro fato importante de
ressaltar ainda, destacamos o crescimento dos investimentos em atividades inovativas realizados
na fabricação de equipamentos de informática e periféricos, que cresceu no período de 2000 a
2008 em 19,1%, aumentando, inclusive, sua participação no total dos gastos de 16,0% para
24,9%.
Acredita-se que o aumento dos gastos em inovações pode gerar elevação produtos
inovadores no mercado tanto no mercado interno, quanto no mercado externo, promovendo o
crescimento das exportações e, conseqüentemente, das exportações líquidas. No GRÁFICO 2, a
seguir, apresenta-se a evolução do comércio externo no setor de TIC para o período de 2000 a
2009 no Brasil, no qual observamos um baixo crescimento nas exportações de R$ 1.531,1
milhões para R$ 2.868,0 milhões, variando 87,3%, comparativamente às importações cuja
variação foi de 139,3%, passando de R$ 3.837,5 milhões para R$ 9.181,4 milhões no período,
fato que pode ser resultado dos baixos investimentos em atividades inovativas, especialmente
naquelas relativas a produtos e/ou processos que possuem maior circulação no mercado externo.
32
15.000,0
10.000,0
R$ (em Milhões)
5.000,0
0,0
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009
-5.000,0
-10.000,0
Anos
Fonte: Elaboração da autora a partir da base de dados da SECEX Empresa (Ministério do Desenvolvimento,
Indústria e Comércio Exterior) - 2000 a 2009.
Nota: Valores aos preços de 2009 pelo IPCA (IBGE).
O aumento das importações do setor de TIC pode estar atrelado a um déficit tecnológico
desse setor, o que, consequentemente, provocou o déficit comercial crescente em todo o período
estudado. No período, as exportações líquidas diminuíram de um saldo negativo R$ 2.306,4
milhões para um saldo negativo de R$ 6.313,4 milhões. Contudo, na economia brasileira, entre
esses anos, pudemos observar um movimento inverso, no qual ocorreu um aumento das
exportações maior do que o das importações, o que garantiu um superávit da balança comercial
no período que em 2009 superou R$ 36.890,0 milhões.
2000, ano no qual o segmento tinha participação de 72,8% nas importações do setor, para R$
3.828,9 milhões em 2009 com participação diminuída em 41,7%, embora ainda represente a
maior parcela das importações do setor de TIC.
vii. Redução dos gastos em atividades inovativas pelas empresas classificadas como
inovadoras pela PINTEC/IBGE entre 2001 e 2008, podendo estar atrelado ao
decréscimo das inovações em produto e/ou processo;
6 METODOLOGIA
Passemos agora à base de dados e informações que possibilita a elaboração dos dois
indicadores, de concentração geográfica da atividade econômica, Gini Locacional (GL), e de
especialização produtiva, Quociente Local (QL), serão elaborados a partir da base de dados RAIS
(Relação Anual de Informações Sociais) do Ministério do Trabalho para o ano de 2009.
É preciso salientar que a RAIS estabelece como unidade de pesquisa padrão o número
de estabelecimentos industriais ou de serviços e não, a empresa, o que pode implicar a dupla
contagem de uma empresa em termos do número de unidades produtivas, uma vez que uma
empresa pode ser multiplanta; no entanto, isso não provoca esse tipo de viés em relação à
variável que se pretende empregar na construção dos índices: número de contratos ou número de
vínculos empregatícios para uma determinada classe de atividade econômica identificada pela
classificação CNAE 2.0 a 4 dígitos e região, no caso desse estudo os municípios brasileiros em
relação ao país como um todo. Essa pesquisa cobre 90% do mercado de trabalho brasileiro,
identificando somente os vínculos empregatícios formais.
Portanto, pode-se concluir que indicador irá mensurar o nível de emprego gerado pelo
setor de TIC em termos do número de postos de trabalho que esse setor cria em um determinado
período e não em termos da mão-de-obra efetivamente empregada por esse. Conhecendo-se as
bases de dados utilizadas para a elaboração dos indicadores. A seguir, explanaremos as
metodologias a serem comparadas.
Nesse estudo, calcularemos o índice de Gini Locacional para cada uma das classes de
atividade econômica do setor de TIC no Brasil comparativamente ao total da Indústria de
Transformação (conjunto de atividades econômicas relacionadas à de fabricação, impressão,
manutenção, reparação e instalação de bens industriais e que compõem a divisão C na CNAE 2.0,
da qual faz parte as classes de atividade econômica ligadas aos setores industriais de TIC) e
Outras Atividades de Serviços (que é o conjunto de atividades econômicas relativas às
organizações associativas; reparação e manutenção de equipamentos de informática e
comunicação e de objetos pessoais e domésticos, na qual se inclui as atividades de serviços do
setor de TIC; e, outras atividades de serviços pessoais, compondo a divisão S na CNAE 2.0) no
país.
GL = α/β
Para o cálculo do índice de Gini Locacional para o setor de TIC como um todo, iremos
fazer a média ponderada de cada um dos indicadores calculados para as classes de atividade
econômica, sendo que o termo de ponderação será a participação relativa de cada uma dessas
classes no número de contratos do setor de TIC (representado por c):
7 RESULTADOS
TABELA 7. Coeficientes de Gini Locacional (GL) para o valor da produção nas classes de
atividade econômica (4 dígitos) do setor de TIC no Brasil. Ano: 2009.
Uma vez identificado que o setor de TIC apresenta importante concentração geográfica
(> 0,5) no total das atividades econômicas do Brasil em termos do número de empregos para o
ano de 2009, analisaremos a seguir o grau de especialização do setor de TIC, calculando o
Quociente Locacional (QL) relativos aos municípios brasileiros. Na TABELA 8, na qual se
41
mostram as estatísticas descritivas das informações que foram utilizadas para a elaboração do
QL, observa-se que dos 5565 municípios brasileiros, apenas 955 deles apresentam ao menos uma
empresa classificada dentro de uma das 9 classes de atividades econômicas enquadradas como
pertencentes ao setor de TIC, sendo essa a amostra estudada.
TABELA 9. Freqüência de casos para faixas de Quociente Locacional (QL) para o emprego
no setor de TIC e municípios brasileiros. Ano: 2009.
Faixa de Quociente Freqüência
Nº de Municípios (%) (%)
Locacional Acumulada
QL≤0,30 618 64,7% 618 64,7%
0,30<QL≤0,40 61 6,4% 679 71,1%
0,40<QL≤0,50 43 4,5% 722 75,6%
0,50<QL≤0,60 32 3,4% 754 79,0%
0,60<QL≤0,70 15 1,6% 769 80,5%
0,70<QL≤0,80 26 2,7% 795 83,2%
0,80<QL≤0,90 14 1,5% 809 84,7%
0,90<QL≤1,00 8 0,8% 817 85,5%
1,00<QL≤2,00 61 6,4% 878 91,9%
2,00<QL≤3,00 27 2,8% 905 94,8%
3,00<QL≤4,00 10 1,0% 915 95,8%
4,00<QL≤5,00 8 0,8% 923 96,6%
5,00<QL≤6,00 5 0,5% 928 97,2%
6,00<QL≤10,00 15 1,6% 943 98,7%
10,00<QL≤15,00 6 0,6% 949 99,4%
15,00<QL 6 0,6% 955 100,0%
Total 955 100,0%
Fonte: Elaboração da autora a partir da base de dados da RAIS Empresa (Ministério do Trabalho) - 2009.
Pelos dados da TABELA 9, percebe-se que, dos 955 municípios brasileiros que
apresentam ao menos uma empresa classificada dentro de uma das 9 classes CNAE identificadas
como pertencentes ao setor de TIC, 233 municípios (24,4% do total somente) apresentam
Quociente Locacional superior a 0,5, o que indica algum grau de especialização produtiva.
TABELA 10. Número de municípios com classes de atividade econômica do setor de TIC
segundo número de estabelecimentos e participação no total do emprego do setor. Ano:
2009.
Participação do setor de TIC do Município no total
Nº de Nº de
QL do emprego desse setor (maior ou igual)
Estabelecimentos Municípios
0,5% 1,0% 2,5% 5,0%
Maior do que 0,5 233 13 8 0 0
Maior do que 1 138 13 8 0 0
Maior do que 2 77 11 8 0 0
Maior do que 0,5 27 19 13 5 3
Maior ou igual a 5 Maior do que 1 22 17 12 5 3
Maior do que 2 17 13 9 4 2
Maior do que 0,5 11 10 6 3 3
Maior ou igual a 10 Maior do que 1 8 8 5 3 3
Maior do que 2 6 6 4 2 2
Maior do que 0,5 6 6 4 4 3
Maior ou igual a 20 Maior do que 1 4 4 3 3 3
Maior do que 2 3 3 2 2 2
Fonte: Elaboração da autora a partir da base de dados da RAIS Empresa (Ministério do Trabalho) - 2009.
Para os propósitos desse trabalho, em que pretende utilizar um critério mais rigoroso, a
caracterização de uma economia de aglomeração requer que o índice de especialização,
mensurado pelo QL, seja superior a 1, o que reduz o número de municípios considerados para
138 (o que corresponde a 59,2% dos municípios que apresentam algum grau de especialização
produtiva nesse setor).
44
Quantos aos outros critérios analisados, o emprego no setor de TIC no município deve
corresponder a pelo menos 0,5% do total do emprego nesse setor no Brasil, enquanto que o
número de estabelecimentos nesse espaço geográfico deve ser maior ou igual a 10. O resultado
dessa combinação de critérios foi a identificação de 8 municípios que potencialmente podem
constituir algum tipo de economia de aglomeração. A seguir, na TABELA 11, esses municípios
são divididos em categorias conforme o nível de especialização e o peso da estrutura produtiva do
setor no Brasil.
TABELA 12. Classes do setor de TIC nos municípios brasileiros identificados na categoria
núcleo de desenvolvimento setorial-regional. Ano: 2009.
Código Classes de Atividade Econômica do Setor de TIC Nº de
Municípios
Município (CNAE 2.0 - 4 dígitos) Estabelecimentos
2610-8 Fabricação de Componentes Eletrônicos 33
2621-3 Fabricação de Equipamentos de Informática 6
2622-1 Fabricação de Periféricos e Equipamentos de Informática 20
Fabricação de Equipamentos Transmissores de
2631-1 7
Comunicação
Fabricação de Aparelhos Telefônicos e Outros
2632-9 5
Equipamentos de Comunicação
Manaus Fabricação de Aparelhos e Equipamentos de Medida,
130260 2651-5 5
(AM) Teste e Controle
Manutenção e Reparação de Equipamentos Eletrônicos e
3312-1 4
Ópticos
Reparação e Manutenção de Computadores e
9511-8 22
Equipamentos Periféricos
Reparação e Manutenção de Equipamentos de
9512-6 6
Comunicação
Total dos Estabelecimentos do Setor de TIC 108
2610-8 Fabricação de Componentes Eletrônicos 34
2621-3 Fabricação de Equipamentos de Informática 8
2622-1 Fabricação de Periféricos e Equipamentos de Informática 5
Fabricação de Equipamentos Transmissores de
2631-1 5
Comunicação
Fabricação de Aparelhos Telefônicos e Outros
2632-9 4
Equipamentos de Comunicação
Curitiba Fabricação de Aparelhos e Equipamentos de Medida,
410690 2651-5 15
(PR) Teste e Controle
Manutenção e Reparação de Equipamentos Eletrônicos e
3312-1 15
Ópticos
Reparação e Manutenção de Computadores e
9511-8 101
Equipamentos Periféricos
Reparação e Manutenção de Equipamentos de
9512-6 9
Comunicação
Total dos Estabelecimentos do Setor de TIC 196
Fonte: Elaboração da autora a partir da base de dados da RAIS Empresa (Ministério do Trabalho) - 2009.
TABELA 13. Classes do setor de TIC nos municípios brasileiros identificados na categoria
vetor de desenvolvimento local. Ano: 2009.
Código Classes de Atividade Econômica do Setor de TIC Nº de
Municípios
Município (CNAE 2.0 - 4 dígitos) Estabelecimentos
2610-8 Fabricação de Componentes Eletrônicos 4
2621-3 Fabricação de Equipamentos de Informática 27
2622-1 Fabricação de Periféricos e Equipamentos de Informática 6
Fabricação de Equipamentos Transmissores de
2631-1 2
Comunicação
Fabricação de Aparelhos Telefônicos e Outros
2632-9 1
Equipamentos de Comunicação
291360 Ilhéus (BA) 2651-5 Fabricação de Aparelhos e Equipamentos de Medida, 1
Teste e Controle
Manutenção e Reparação de Equipamentos Eletrônicos e
3312-1 1
Ópticos
Reparação e Manutenção de Computadores e
9511-8 5
Equipamentos Periféricos
Reparação e Manutenção de Equipamentos de
9512-6 2
Comunicação
Total dos Estabelecimentos do Setor de TIC 49
315960 Santa Rita do 2610-8 Fabricação de Componentes Eletrônicos 66
Sapucaí 2621-3 Fabricação de Equipamentos de Informática 8
(MG) 2622-1 Fabricação de Periféricos e Equipamentos de Informática 5
Fabricação de Equipamentos Transmissores de
2631-1 13
Comunicação
Fabricação de Aparelhos Telefônicos e Outros
2632-9 9
Equipamentos de Comunicação
Fabricação de Aparelhos e Equipamentos de Medida,
2651-5 6
Teste e Controle
47
e controle no total do setor de TIC, respectivamente, 15,2% e 11,8%, existe uma grande
quantidade de estabelecimentos dessas classes de atividade econômica, o que mostra ainda a
vocação desse município como importante pólo industrial brasileiro, apesar da estrutura
produtiva em transação.
Por fim, uma última categoria é a que foi chamada de embrião de arranjo produtivo, que
envolve aglomerações de empresas, diga-se, em fase embrionária ou decadente. Em ambos os
casos, o município identificado apresenta baixos indicadores de importância na estrutura local e
também para o Brasil; dessa forma, a participação no total do emprego do setor de TIC . Em
virtude do elevado rigor dos filtros utilizados, essa categoria ficou pouco numerosa em termos de
quantidade de casos. Com uma pequena atenuação nos filtros, por exemplo, redução do filtro de
QL de 1 para 0,5 e do número de estabelecimentos de 10 para 5, certamente contribuiria para a
elevação do número de casos nessa categoria (aumentando de 1 para 19 casos). Na TABELA 15,
a seguir, é apresentado o município identificado na categoria embrião de arranjo produtivo.
nos levar a supor a presença de um baixo potencial de crescimento para o setor de TIC nessa
região.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Embora seja possível identificar economias de aglomeração para o setor de TIC – o que
foi evidenciado pelos resultados da pesquisa que foram apresentados –, essas se organizam em
função da presença de infra-estrutura e incentivos governamentais a conformação desse tipo de
estrutura produtiva localizada. A troca de conhecimento tácito ocorre normalmente por
intermédio do intercâmbio de profissionais especializados existentes nessas localidades em
função da presença, muitas vezes, de instituições de ensino de excelência, nas quais nascem
muitas dessas empresas – fruto das incubadoras de empresas – e com as quais estabelecem
principalmente parcerias em P&D.
É preciso considerar que ainda não podemos dizer que de fato essas correspondem de
fato as categorias que identificamos como economias de aglomeração, haja vista que isso exige a
elaboração de estudos de casos específicos para cada uma das regiões. Apesar disso, os resultados
darão indícios de quais são os municípios onde podem existir essas estruturas consolidadas, ainda
incipientes ou com potencial para desenvolvimento, o que, nessa última situação, exigiria a
implantação de políticas públicas para o seu desenvolvimento.
Nesse estudo, foi possível identificar oito municípios, nos quais potencialmente podem
se originar sistemas nacionais de inovação, sendo classificados conforme tipologia empregada
por Suzigan et all (2004), estão listados a seguir: Manaus e Curitiba (núcleos de desenvolvimento
setorial-regional, em que QL é maior que 2 e a participação do município no total do emprego do
setor é maior que 2,5%, indicando elevado nível de especialização e emprego na região); Ilhéus,
Santa Rita do Sapucaí, Osasco e Gravataí (vetores de desenvolvimento local, nos quais existem
elevados índices de especialização (QL>2); no entanto, são menos importantes para a estrutura
produtiva brasileira, uma vez que a participação relativa ao emprego no município é menor que
2,5% para o Brasil); São Paulo (vetor avançado, a participação relativa no total do emprego no
país é elevada, sendo maior que 2,5%; entrementes, a estrutura produtiva não apresenta grau de
especialização tão elevado, 1<QL≤2); e, Contagem (embrião de arranjo produtivo, no qual a
53
Mesmo assim, esses resultados, ainda que preliminares, pois essa metodologia exige
maiores ajustes à aplicação em setores de alta tecnologia, pode inspirar a realização de estudos de
casos que caracterizem melhor os municípios identificados, apresentando as principais lacunas ao
desenvolvimento econômico dessas áreas dentro da concepção de sistemas de inovação, o que
pode contribuir positivamente para a formulação de políticas públicas.
54
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55
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193-216.
58
APÊNDICE
APÊNDICE 1
A tabela de correspondência, a seguir, indica, para cada classe da CNAE e CNAE 1.0, o
correspondente código (ou códigos) na estrutura da CNAE 2.0. O asterisco (*) precedendo o
código na CNAE 2.0 (segunda coluna) indica que somente uma parte do seu conteúdo está
presente nesta específica correspondência, ou seja, as atividades compreendidas na classe com
asterisco (*) distribuem-se por mais de uma classe nas versões CNAE e 1.0. Na coluna
Observações é descrito o conteúdo da parte envolvida na correspondência.
Fabricação de Fabricação de
- Não existia 32.10-7 material eletrônico 26.10-8 componentes
básico eletrônicos
Fabricação de
Fabricação de Fabricação de
- Não existia 30.21-0 26.21-3* equipamentos de
computadores computadores.
informática
Fabricação de
equipamentos
Fabricação de Fabricação de
periféricos para
periféricos para periféricos para
- Não existia 30.22-8 máquinas 26.22-1*
equipamentos de equipamentos de
eletrônicas para
informática informática.
tratamento de
informações
Exceto manutenção e
Fabricação de
reparação de
equipamentos
equipamentos
transmissores de
transmissores de rádio
rádio e televisão e
e
de equipamentos Fabricação de
televisão e de
para estações equipamentos
32.21-2* 32.21-2 26.31-1 equipamentos para
telefônicas, para transmissores de
estações telefônicas,
radiotelefonia e comunicação
para radiotelefonia e
radiotelegrafia -
radiotelegrafia -
inclusive de
inclusive de
microondas e
microondas e
repetidoras
repetidoras.
59
*Exceto a manutenção
Fabricação de Fabricação de
de telefones; ** Exceto
aparelhos aparelhos
manutenção e
32.22- telefônicos, telefônicos e de
32.22-0 26.32-9* reparação de aparelhos
0** sistemas de outros
telefônicos, sistemas
intercomunicação e equipamentos de
de intercomunicação e
semelhantes comunicação
semelhantes.
*Exceto a fabricação
Fabricação de de termômetros
aparelhos e médicos; ** Exceto
instrumentos de Fabricação de manutenção e
medida, teste e aparelhos e reparação de aparelhos
33.20-
33.20-0 controle - exceto 26.51-5* equipamentos de e instrumentos de
0**
equipamentos para medida, teste e medida, teste e
controle de controle controle - exceto
processos equipamentos para
industriais controle de processos
industriais.
*Manutenção e
reparação de
equipamentos
eletrônicos para uso
Manutenção e médico-hospitalares,
reparação de Manutenção e odontológicos e de
equipamentos reparação de laboratório; **
33.10-
33.91-0 médico- 33.12-1* equipamentos Manutenção e
3**
hospitalares, eletrônicos e reparação de aparelhos
odontológicos e de ópticos e instrumentos para
laboratório usos médico-
hospitalares,
odontológicos e de
laboratórios e
aparelhos ortopédicos.
Manutenção e Reparação e
reparação de manutenção de
- Não existia 72.50-8 máquinas de 95.11-8 computadores e
escritório e de de equipamentos
informática periféricos
Manutenção e
reparação de
*Exceto a manutenção
aparelhos e
Reparação e de telefones; **
equipamentos de
32.22- manutenção de Manutenção e
32.90-5 telefonia e 95.12-6*
0** equipamentos de reparação de sistemas
radiotelefonia e de
comunicação de intercomunicação e
transmissores de
semelhantes.
televisão e rádio -
exceto telefones
Fonte: Elaborado pela própria autora a partir de informações da CONCLA/MPOG e IBGE.