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CRECHE

Gosto da Creche
Porque cá posso brincar
Fazer lindas construções
Depois tudo desmanchar
Ouvir histórias e canções
Depois ser eu a contar...
Correr, saltar e jogar
Conversar e partilhar...
Gosto da Creche
Porque cá posso pintar
Das cores que me apetecer
Posso cortar e colar
Fazer prendas para oferecer
Dar passeios, fazer rodas
E dançar ate querer
Ensaiar quando há festas
Para correr tudo bem...
Nesse dia sou artista
Para o pai e para a mãe...
Gosto da Creche...
E difícil de entender?
Tenho cá os meus amigos,
Muitas coisas para fazer.
INTRODUÇÃO

“... O educador e o construtor, o gestor do currículo no âmbito do projecto


educativo... deve construir esse currículo com a equipa pedagógica, escutando
os saberes das crianças e suas famílias, os desejos da comunidade....”
Teresa Vasconcelos

O termo projecto e, actualmente, muito utilizado no quotidiano


para designar intenções individuais ou colectivas, falamos de projectos
de férias, de projectos de sociedade, de projectos de lei, entre outros,
falamos também de projectos Pedagógicos.
A palavra projecto, entre os vários significados, que pode
apresentar denomina, geralmente, uma previsão de algo que se
pretende realizar num espaço de tempo. Ao elaborá-lo devemos ter em
conta os seus intervenientes, a forma como estão organizados, as
estratégias de acção a desenvolver, os recursos disponíveis e os
necessários e atender a realização das actividades de acordo com a
calendarização do projecto.
O projecto pedagógico deve espelhar a importância que o acto de
reflectir, pesquisar e elaborar um plano de trabalho tem na educação
dos mais novos. Por norma o projecto pedagógico deve surgir da
iniciativa e curiosidade das crianças contudo, tendo em conta variantes
como a faixa etária do grupo que varia a sua faixa.
Cabe ao educador estabelecer e delimitar as estratégias/actividades
que irão ao encontro dos interesses e necessidades do mesmo. Para o
desenvolvimento global da criança situada num contexto social, toda a
acção pedagógica deve exercer uma função estrutural e construtiva
funcionando como produto e agente de transformação do meio.
Um projecto tem sempre por detrás uma ideia de transformação
holística, global, concretizável no real. É uma visão antecipadora, que
parte de uma perspectiva sistémica de continuidade e de aprendizagem
ao longo da vida, tendo por base uma dialéctica permanente entre
intenção e acção.
O Projecto Pedagógico de Sala é um documento que deverá ser
visto como uma proposta, passando da teoria curricular à prática
educativa, surgindo como uma forma de orientar a educação dentro de
uma perspectiva aberta e flexível, de modo a que a intervenção
educativa se reflicta numa metodologia activa e participada.
O Projecto Pedagógico é o instrumento que garante o princípio de
igualdade de tratamento baseado no respeito pelas diferenças e um
instrumento de política curricular decisivo para a consecução de um
autêntico sucesso educativo de todas as crianças.
Assim sendo, Projecto Pedagógico de Sala de uma determinada
turma não pode ser modelo ou padrão para outras.
É um instrumento de gestão curricular que parte das decisões
constantes do Projecto Pedagógico, do que é e o que deve ser comum à
escola, ao ciclo de estudos e ao ano de escolaridade a que a turma
pertence.
Cada Projecto Pedagógico de Sala é um instrumento de
diferenciação, diferenciação essa que é exigível pela necessidade de
adequação às diferentes turmas e aos diferentes alunos de cada turma.
Este Projecto Pedagógico terá uma validade de um ano, ano lectivo
2009/2010, para a sala dois do Infantário de Recarei, para um grupo de
crianças de dois anos e terá como intervenientes todos os elementos do
grupo, educadora e auxiliares.
O processo educativo assume características de incessante
adaptação ao meio.
Este busca as transformações do contexto como ponto de partida
para as suas próprias transformações. É então inerente à mudança que
também o educador adopte e actualize o seu “modus operandi” para
que desta forma a sua prática pedagógica não crie um fosso entre as
necessidades reais e o Projecto Educativo de Instituição.
O Projecto Educativo do Social de Leça do Balio é três anos,
2007/2010 e tem como preocupação ” Educar para a Vida no séc.
XXI,” sendo o seu principal objectivo a complementaridade com a
família e outros grupos e instituições, procurar conhecer e respeitar as
características individuais de cada criança, ajudá-la a descobrir-se a si
própria e aos outros, com vista ao pleno desenvolvimento das suas
potencialidades e da sua auto-realização dentro dos grupos sociais em
que se integra. O objectivo deste dois projectos é o de criar condições
para que todos se desenvolvam de forma harmoniosa e de uma certa
forma igualitária, ou seja, que lhes permita caminhar para um novo
caminho e indo cada vez mais longe.
A tentativa de que todos tenham as mesmas oportunidades é idílica
mas não o poderá ser só dentro de uma sala de actividades da Creche. É
esse o trabalho que o Centro Social de Leça do Balio defende e no qual
todos têm de dar o seu melhor e que isso será recompensado.
Em suma, posso concluir que o trabalho do educador, sobretudo na
creche, e complexo e desafiante e termino com uma citação que traduz
em traços gerais o seu perfil:

“O educador deve ser alguém que permite o desenvolvimento de relações de


confiança e de prazer através da atenção, gestos, palavras e atitudes. Deve
ser alguém que estabeleça limites claros e seguros que permitam à criança
sentir-se protegida de decisões e escolhas para as quais ela ainda não tem
suficiente maturidade, mas que ao mesmo tempo permitam o
desenvolvimento da autonomia e autoconfiança sempre que possível. Deve ser
alguém verbalmente estimulante, com capacidade de empatia e de
responsabilidade, promovendo a linguagem da criança através de interacções
recíprocas e o seu desenvolvimento sócio-emocional.
(in “Crianças, Famílias e Creches, uma abordagem ecológica da adaptação do
bebe a creche”, p.198)
Ao elaborar este projecto pedagógico da Sala 2 do Infantário de
Recarei, para o presente ano lectivo terei que ter em linha de conta o
nível de desenvolvimento do grupo em geral e de cada criança em
particular, bem como o envolvimento das famílias e o interesse das
criança.
Para traçar e levar a cabo um projecto com sucesso é necessário e
fundamental conhecer todas as variáveis organizativas e estruturais que
o influenciam e determinam.
Por isso começou-se por fazer um estudo acerca da Instituição, da
sua história, opções educativas e curriculares, comunidade educativa,
espaços, rotinas, famílias, necessidades e interesses das crianças, …,
bem como do meio que o envolve.
Só a partir deste conhecimento é possível conhecer e compreender
toda a realidade educativa como um todo, reflectir nos verdadeiros
interesses e necessidades de toda a comunidade e de cada um,
permitindo respostas adequadas à realidade das crianças.

CONTEXTUALIZAÇÃO
Tendo em conta a faixa etária do grupo procurei elaborar um plano
de actividades que contemple o tempo de concentração, a necessidade
de movimento, da autonomia, de experimentação e a realização de
actividades simples e lúdicas. A actividade lúdica faz parte da vida, tal
como dormir, comer, rir e chorar. Brincar e um fim em si próprio e não
apenas um meio para se atingir qualquer outro objectivo.
Brincasse porque se brinca! Brinca-se a vida toda!
No Principio VII da Declaração dos Direitos da Criança, aprovada
pela Assembleia Geral das Nações Unidas, em 1959, pode ler-se: “A
criança deve desfrutar plenamente de jogos e recriações...”. A
actividade lúdica, muito associada ao prazer, a tranquilidade, a
criatividade e a descoberta, para alem dos elementos de partilha de
aprendizagem democrática, de exercício de tolerância, e cada vez mais
um bem necessário para enfrentar as dificuldades e as contrariedades
do dia-a-dia, para alem de que, quando brinca, a criança aprende e
começa a formar-se o seu carácter.
Segundo Gabriel D’Annunzio, devemos colocar nas mãos das
crianças todos os objectos necessários para activar o seu
desenvolvimento intelectual e emocional. Uma actividade lúdica
fisicamente equilibrada e variada, estimulante e desafiante, deve
constituir um repto a imaginação, a criatividade e a exploração dos
limites do corpo e da mente, um hino a estética e a defesa.
E a brincar que as crianças crescem, exprimem sentimentos e
resolvem conflitos. O jogo acompanha a criança desde o seu
nascimento, desde o simples observar e ouvir, ao aprender a levar os
brinquedos a boca, apalpa-los, bater-lhes e dar-lhes a volta, tudo e um
jogo.
Cada objecto, com a sua própria textura, cores, forma e tamanho,
da a criança uma valiosíssima informação. Para além de a divertir, o
jogo estimula o seu crescimento integral, levando-a a descobrir o que a
rodeia, e ensinando-a a relacionar-se com os outros. Muito antes de
surgirem os amigos, as crianças já brincaram muito, com o pai, com a
mãe e, também, sozinhas.
Uma criança que não saiba ou não consiga brincar sozinha,
necessitando de constante atenção de uma pessoa, terá grandes
dificuldades em se adaptar, mais tarde, a um grupo de brincadeiras com
outras crianças. Por volta dos 2 anos – idade esta até a qual a criança se
limitava a ficar sentada ao lado das outras, aceitando mais ou menos
pacificamente a sua companhia, começa a demonstrar uma maior
capacidade de brincar com as outras de uma forma mais activa e
participante.
As crianças necessitam de brincar, quase tanto como de comer: o
brinquedo e o seu alimento espiritual. Através do brincar, a criança
aprende a conhecer-se a si própria e a compreender os outros. A
brincadeira infantil e uma espécie de miniatura, da vida futura em
comunidade, com todas as suas esperanças, as suas alegrias, as suas
frustrações. Através do jogo, a criança conhece as suas possibilidades
reais, as suas limitações, o seu grau de altruísmo e a sua capacidade de
acção individual ou de equipa. Acima de tudo, aprende a desenvolver
estratégias para contornar obstáculos e superar/ultrapassar dificuldades,
aprendizagens estas que serão tomadas com exemplo ao longo da vida.
Segundo Winnicott, o acto de brincar desenvolve-se numa área
intermédia entre o mundo real e imaginário, num estado de suprema
concentração entre o sonho e a realidade.
A Creche deve ser um espaço onde a criança se sinta integrada e se
reveja e um elo de ligação com o exterior.
Não nos podemos esquecer como refere Gabriela Portugal os
princípios Educativos da Creche que são os seguintes:
• Princípio 1 – envolver as crianças nas coisas que lhes dizem
respeito
• Princípio 2 – investir em tempos de qualidade procurando-se estar
completamente disponível para as crianças
• Princípio 3 – aprender a não subestimar as formas de
comunicação únicas de cada criança e ensinar-lhe as suas
• Princípio 4 – investir tempo e energia para construir uma pessoa
“total”
• Princípio 5 – respeitar as crianças enquanto pessoas de valor e
ajudá-las a reconhecer e a lidar com os seus sentimentos
• Princípio 6 - ser verdadeiro nos nossos sentimentos relativamente
às crianças
• Princípio 7 – modelar os comportamentos que se pretende ensinar
• Princípio 8 – reconhecer os problemas como oportunidades de
aprendizagem e deixar as crianças tentarem resolver as suas próprias
dificuldades
• Princípio 9 – construir segurança ensinando a confiança princípio
• Princípio10 – procurar promover a qualidade do desenvolvimento
em cada fase etária, mas não apressar a criança para atingir
determinados níveis desenvolvimentais
Uma das principais metas deste projecto tem como finalidade
responder aos projectos da instituição, e necessidades levantadas,
preparando as crianças para a integração plena na sociedade e
desenvolvendo de competências de vida que as ajudam a responder
adequadamente aos diversos problemas com que se deparam e a
articulação com o exterior, na partilha de experiências e vivências entre
crianças e educadores.
Neste contexto é fundamental proporcionar aos alunos experiências
e actividades que constituam aprendizagens significativas e que partam
das suas vivências e interesses imediatos.
Também propomo-nos dar ênfase ao trabalho cooperativo e
colaborativo, não só em contexto de sala de aula mas também fora da
mesma, envolvendo não só as crianças como os educadores e todos os
elementos da comunidade educativa e famílias das crianças.
O Projecto Pedagógico assume, assim, docentes, não docentes e
discentes como protagonistas de toda a acção educativa, assumindo o
educador um papel orientador no processo de conhecimento, tendo
sempre presente as competências a desenvolver em cada momento,
conhecimentos e atitudes a serem trabalhadas, gerindo da melhor forma
as necessidades de todos os intervenientes.
Esta gestão de interesses, não passa somente pelos elementos
educativos presentes na sala de actividades mas os de toda a
instituição, pelo que este Projecto foi delineado tendo em atenção a
participação de toda a comunidade escolar, para a concepção de um
objectivo comum.
A partilha de experiências com as diversas salas e entre ciclos
permite um crescimento conjunto e contribui substancialmente para a
melhoria do clima organizativo de toda a instituição.
Esta partilha de experiências ocorre com frequência entre todas as
salas, permitindo desta forma um enriquecimento mútuo.
Por todas as razões apontadas pensamos que este Projecto
Curricular contempla e tem como prioridade as exigências de uma
educação para todos.

MODELO PEDAGÓGICO ADOPTADO


A prática educativa do quotidiano e a reflexão sobre a mesma são
muito ajudadas pelo conhecimento que possuímos de modelos
curriculares concretos.
Os modelos curriculares integram uma visão dos fins da educação,
das fontes do currículo, dos objectivos, dos métodos e da organização do
espaço e tempo escolar, sendo um instrumento valioso para mediação
da teoria e prática.
A adopção de um modelo curricular, segundo nos diz a investigação,
é um factor de qualidade na nossa prática.
Adoptar um modelo curricular para um grupo de crianças requer um
prévio conhecimento desse mesmo grupo de forma a sabermos quais as
suas características e necessidades, para podermos actuar de acordo
com as mesmas.
O modelo curricular adoptado não se baseia num único modelo,
seguindo uma abordagem construtivista e desenvolvimentista, a
Pedagogia de Projecto e o Movimento da Escola Moderna, e uma
abordagem mais naturalista, a Pedagogia de Situação.
De acordo com a Pedagogia de Projecto desenvolve uma
metodologia de trabalho pedagógico que valoriza a participação do
educando e do educador no processo de ensino -aprendizagem,
tornando-os responsáveis pela elaboração e desenvolvimento de cada
Projecto de Trabalho.
Através da observação da realidade são levantadas situações
-problema e reflectindo-se sobre estas, são definidos os conteúdos e a
maneira como estes deverão ser desenvolvidos.
As crianças decidem, opinam, debatem, constroem e avaliam,
sendo membros activos e participantes em todas as fases do projecto,
cabendo ao educador auxiliá-las e ajudá-las na identificação, reflexão e
concretização do respectivo problema/projecto.
De acordo com o Modelo da Escola Moderna, o espaço da sala foi
organizado tendo em vista a criação de oportunidades para as crianças
aprenderem, interagirem e cooperarem, estando todo material ao seu
alcance.
As crianças sentem-se independentes, livres na escolha e livres na
sua criatividade.
Tem-se em conta também a participação de todos, educadora,
auxiliar, crianças, pais, elementos da comunidade, através de momentos
formais e informais.
Relativamente à Pedagogia de Situação, esta é mais visível na
liberdade absoluta dada às crianças, “deixando-as livremente” em
actividades espontâneas que tem a ver com a sua própria iniciativa, no
momento, e pela atitude acolhedora do adulto, servindo de mediador e
de organizador do material necessário no decorrer da actividade.
O conhecimento do grupo com que vamos intervir, passa pelo
conhecimento prévio do mesmo, de forma a sabermos quais as suas
características e necessidades.
É pertinente a informação sobre onde a criança vive, do seu meio,
da sua família, pois toda esta estrutura tem forte influência nas suas
atitudes, valores, comportamentos, saberes e desenvolvimento.
Ao planificar temos que ter em conta que as crianças não possuem
todos o mesmo ritmo, os mesmos valores, atitudes e conhecimentos,
tornando-se muito importante não só o conhecimento individual de cada
criança e suas famílias, mas também as expectativas destas e todo o
meio que a rodeia e onde se desenvolve.
Cabe ao educador observar, planear, agir, avaliar, comunicar e
articular tudo, de maneira a que consiga obter os melhores resultados
no processo de desenvolvimento de todas e cada uma das crianças,
levando-as a ser sujeitos activos do seu próprio desenvolvimento.
Deve-se, pois, proporcionar ambientes ricos em interacções e
relações de modo a proporcionar um desenvolvimento cognitivo,
intelectual, motor, linguístico, autónomo, livre, criativo, responsável,
solidário, criando-se também espaços para o envolvimento familiar.
Para além disto, o educador deverá ter constantemente uma
postura crítica, reflexiva, investigadora.
Constatamos que centrando-nos numa perspectiva construtivista e
desenvolvimentista o modelo educativo para o grupo de crianças com
que estamos e vamos trabalhar não se vai basear num único modelo
puro, seguindo quer o modelo curricular de Pedagogia de Projecto, quer
o do Movimento da Escola Moderna.
A metodologia de Trabalho de Projecto, baseando-se na pesquisa
temática e na resolução de problemas pretende introduzir uma dinâmica
entre o saber e o saber fazer, integrando conhecimentos adquiridos com
novos conhecimentos e experiências.
Um currículo fundamentado na função educativa da experiência e
centrado na criança e nas suas naturais necessidades de pesquisa, torna
o sujeito elemento activo na construção do seu próprio conhecimento.
A organização das actividades e sua planificação nasce dos
interesses e necessidades do grupo observado e analisado pela equipa
educativa que orientará e estimulará, sem nunca substituir a criança na
sua acção.
A metodologia do Movimento da Escola Moderna privilegiando a
descoberta, a criatividade, projectos negociados cooperativamente,
contratos entre educador e alunos, a partir dos saberes extra-escolares,
radicados na vida dos educandos e das suas famílias, valoriza o ensino
mútuo e cooperativo como estratégia para as aprendizagens e para
reforçar o sentido de cooperação de todos no desenvolvimento
educativo e social das crianças.
A sala deve ser um espaço acolhedor e as suas aprendizagens
significativas para cada criança, de modo a que estas aprendam com o
desenvolvimento das suas próprias acções.
A estruturação desta por áreas estimula vivências diversificadas e
leva a que as crianças se movimentem por diferentes espaços,
escolham, criem, construam, experimentem, analisem, trabalhem e
interajam.
A organização dos materiais de forma acessível promove a
autonomia e a escolha sem a dependência do adulto.
A existência de rotinas ajuda a criança a organizar-se e a melhor
compreender o tempo e as noções temporais.
Cabe ao educador para além de valorizar, estimular, incentivar as
vivências das crianças e fomentar momentos e espaços de
aprendizagem, promover a cooperação e participação das famílias no
projecto educativo dos seus educandos

CARACTERIZAÇÃO DA SALA DE ACTIVIDADES E


ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO E MATERIAIS

“Necessitamos de um ambiente sadio e seguro que encoraje interacções


positivas e que desperte nas crianças o desejo de explorar...
“ (Cryer, 1996)

Há diferentes factores que influenciam o modo próprio de


funcionamento de um grupo, tais como as características de cada
criança, o maior ou menor número de crianças de cada sexo, a
diversidade de idades, a dimensão do grupo e para além destes factores
podemos, igualmente, apontar a organização do tempo e do espaço.
Os espaços podem ser diversos, mas o equipamento, os materiais
existentes e a forma como estão dispostos condicionam, em grande
medida, o que as crianças podem fazer e aprender. Perante este factor
cabe ao educador questionar-se sobre a função e finalidades educativas
dos materiais, de modo a planear e fundamentar as razões dessa
organização. Deve ter em vista a satisfação das necessidades
educativas do grupo de acordo com os recursos presentes na sala
evitando esta reflexão espaços estereotipados e padronizados, que não
são desafiadores para as crianças.
O processo de aprendizagem implica também que as crianças
compreendam como o espaço esta organizado e como pode ser
utilizado. O conhecimento do espaço, dos materiais e das actividades
possíveis e também condição de autonomia da criança e do grupo.
Assim sendo, se ao chegarem a sala e encontrarem os móveis e os
materiais arrumados de forma agradável, bem organizados e
convidativos, as crianças sentem-se motivadas, sabem escolher o que
desejam e colaboram com a organização geral.
Por outro lado, se as áreas não estiverem bem definidas e os
materiais colocados no sítio correcto, as crianças não sabem o que
podem fazer e ficam desorientadas, incapazes de assumir a atitude de
autonomia que se deseja estimular.
Para que as actividades diversificadas aconteçam num clima
harmonioso e de forma organizada e desejável que na sala se
encontrem algumas “áreas”, isto e, espaços lúdicos que convidam a
brincadeira livre e a realização de actividades orientadas.
A sala com cerca de 50m2 alberga quinze crianças, uma educadora,
uma auxiliar de acção educativa e uma auxiliar polivalente.
Esta sala foi organizada pela Educadora titular do grupo, no início do
ano lectivo, sem a ajuda das crianças.
Apesar de existirem várias e múltiplas formas de organizar uma sala
de actividades, a equipa educativa deve ter sempre em atenção o
espaço físico existente, o Projecto Educativo de Centro, o Projecto
Curricular de Sala e as necessidades e interesses do grupo.
Embora os espaços, possam ser os mais diversos, não devemos
nunca esquecer que o tipo de equipamento, os materiais existentes e a
forma como estão dispostos, condicionam em grande medida o que as
crianças podem fazer e aprender.
O espaço é fundamental para uma aprendizagem activa. As salas
devem estar organizadas para que as crianças possam escolher
diferentes tipos de actividades, que para além de promoverem
aprendizagens adequadas para o seu desenvolvimento integrado
proporcionem bem-estar e prazer de estar no Jardim-de-Infância.
A sala, de forma rectangular, tem entrada directa do sol, uma boa
iluminação e arejamento, e encontra-se acessível a visibilidade das
crianças para o exterior, é possível o seu escurecimento.
As tomadas encontram-se fora do alcance das crianças dificultando
a ocorrência de acidentes.
A sala comunica facilmente com o exterior proporcionando acesso
fácil ao polivalente, casas de banho, recreio, refeitório e outros espaços.
" Para além da organização do espaço é necessário também ter em
atenção o equipamento existente, se é ou não suficiente para o
desenvolvimento da actividade proposta".
(Mary Hohmann, Bernard Banet, David Weikart, Criança em Acção,
1995).

Em relação ao material existente, este é rico, variado e suficiente


para todas as crianças, encontrando-se em bom estado, sendo
resistente, estimulante e agradável à vista e ao tacto, polivalente,
servindo para mais do que um objectivo e permitindo a utilização de
vários níveis de dificuldade.
Contudo a este nível pensamos que se pode dizer que existe falta
de algum material.
A disposição dos móveis, para além de permitir a movimentação
das crianças, possibilita por parte da educadora, uma visão completa
sobre qualquer área.
Existe ainda um armário para a educadora e auxiliar guardarem
diversos materiais, necessários a possíveis reposições.
Todas as prateleiras, móveis, estantes, sofás, mesas e cadeiras,
com excepção do banco, estão dimensionados para a altura das
crianças.
A sala possui ainda umas caixas com as pastas das crianças, onde
elas guardam os trabalhos realizados, três placares, dentro da sala,
onde se colocam trabalhos.
Os placares servem como expositores para serem colocados os
trabalhos das crianças, registos, mensagens, desenhos, pinturas,
projectos, etc.
As diversas áreas estão colocadas em redor da sala deixando um
espaço central bastante amplo, para os movimentos/actividades das
crianças.
Todo o equipamento e material existente são pertença da sala e à
medida que as crianças evoluem para outra faixa etária vão mudando
de sala.
Para além de dividida por áreas a sala é um espaço bem definido e
identificado, e facilmente alterável, quando necessário. Aspecto muito
importante pois ajuda a aumentar a autonomia e independência das
crianças.
O espaço educativo como já foi referido não se limita à sala de
actividades. As crianças dispõem também de um parque e o polivalente,
um refeitório.
A sala de actividades está organizada em quatro áreas:

Área da Biblioteca e do Acolhimento:


É um espaço de comunicação, onde as crianças contam as
novidades, cantam os “Bom Dias” e onde muitas vezes os agrupo para a
realização de tarefas mais dirigidas e transmissão de informação.
Este é também um espaço em que as crianças aprendem a ouvir os
outros, a respeitar as opiniões, assim como a esperar pela sua vez para
falar. Aqui encontramos um tapete com “minhocas”, para as crianças se
sentarem.
Esta área é um espaço acolhedor, confortável e sossegado,
organizado de forma que as crianças possam manusear e explorar os
livros que mais lhes agradam sem serem perturbadas.
Os livros estão colocados numa estante e estão adequados à idade
etária deste grupo.
As temáticas dos mesmos vão desde fábulas, lendas, contos
tradicionais, lengalengas, livros de cultura geral, livros de histórias...
Para além de livros de compra é necessário a introdução de livros
realizados com as crianças.
A construção de um livro para além de facilitar a exploração e o
desenvolvimento de uma temática, leva a que as crianças estejam mais
motivadas e interessadas, pois é um trabalho que vai ser realizado por
elas. Além, de criar ambientes criativos e de bem-estar, na medida em
que se consideram pequenos escritores fomenta a auto-estima, a
valorização da escrita…
Segundo Bettelheim B.(1976) os contos têm um grande êxito no
enriquecimento da vida interior das crianças, pois abordam alguns dos
mais importantes dramas e conflitos da sua vida, proporcionando
exemplos de soluções para as tensões interiores das crianças.
“Ler, contar e ouvir histórias com personagens ou outros seres da
natureza, são excelente meio para estimular a imaginação da criança,
promover projecções do inconsciente, clarificar valores e atitudes que
podem posteriormente, ser transferidas para a vida real.”
(Bruno Bettehein, Psicanálise dos Contos de Fadas, 1976).
As histórias despertam na mente das crianças imagens agradáveis,
com a atmosfera que se cria, tão parecida com a realidade vivida,
fazendo disparar emoções que se pensavam esquecidas e trazendo à
memória um sem fim de agradáveis recordações e sensações.
O benefício de ouvir contar uma história é que com ela pode fazer-
se algo mais do que simplesmente ouvi-la.
O prestar atenção a pequenos detalhes, o nomear objectos que
aparecem, a criança vai incorporando vocabulário, associando os nomes
aos desenhos das coisas que vê e alargando progressivamente a sua
linguagem.

Área dos Jogos:


Esta área está no que se refere aos materiais comprados, bem
equipada.
Nela podemos encontrar jogos de encaixe, legos, dominó, puzzles e
jogos de encaixe, jogos de sons, etc
Todos os objectos estão arrumados em caixas de plástico incolor ou
caixas de cartão.
Foi-me possível observar o gosto que as crianças demonstram por
esta área, sendo uma das mais procuradas por todo o grupo,
assentando-se nos rapazes.
Aqui as crianças desenvolvem para além da atenção e
concentração, a criatividade, imaginação, espírito crítico e inventivo,
assim como a motricidade fina, criando os seus próprios jogos
simbólicos.
Nesta área a criança aprende fazendo, mexendo, explorando os
diferentes materiais que tem à sua disposição, o que possibilita e
fomenta a sua curiosidade natural, o seu poder de iniciativa, exploração
essa que lhe vai permitir apreender o mundo que a rodeia tornando-se
actor do mesmo.
Jogando, as crianças trabalham vários conceitos de forma lúdica,
tais como classificação, seriação, formação de conjuntos, raciocínio
lógico –matemático, motricidade fina, criatividade e imaginação, assim
como, a interacção e partilha com outras crianças, proporcionando
experiências de ordem cognitiva e social.

Área da Plástica/Mesa de actividades:


Esta área ocupa um espaço relativamente grande, possibilitando
uma ampla liberdade de movimentos e permitindo que várias crianças
trabalhem lado a lado.
Esta área tem mesas, cadeiras e um armário com lápis de cor, lápis
de cera grossos, marcadores de várias espessuras e cores, lápis de
carvão, papel de fotocópia A4, papel almaço A4 e A3, de cartolina de
várias cores, tintas para vários fins, pincéis, plasticina de várias cores e
tamanhos, bem como material para modelagem.
Aqui realizam-se todas as actividades de expressão plástica,
pintura, desenho, colagem, recorte, modelagem, dobragem, etc.
É nesta área que estão as pastas individuais de cada aluno com os
seus trabalhos.
Pensamos que nesta zona é pois necessário mais material, maior
diversidade de tipos de papéis, materiais de desperdício, revistas,
jornais, lãs, botões, pedaços de tecido, caixas vazias, rolos do papel
higiénico, copos de iogurte etc.
Este espaço para além de permitir à criança a exploração de
diferentes materiais, possibilita-lhe dar asas à sua imaginação,
criatividade e sentido estético, de forma a poderem comunicar, criar,
expressar e representar.
É uma área de grande importância em termos de desenvolvimento
global.

Área da Casinha:
Aqui as crianças desenvolvem progressivamente a sua socialização,
comunicação e autonomia, através da simulação e desempenho de
diferentes papéis, onde fazem representações do que vêem no dia-a-dia,
onde brincam aos pais, às mães, aos médicos…
Esta área é também propícia ao desenvolvimento da linguagem,
mesmo que por vezes os diálogos sejam monólogos e da socialização,
quando brincam em conjunto/pares.
É na área do faz de conta que a criança ao “ Imitar as pessoas nas
situações que vivem …. dá-lhes a possibilidade de trabalharem em
conjunto, de exprimirem sentimentos e ideias…” (Hohmann, M,
Weikart,, Criança em Acção, 1995).
Após o período de adaptação esta área vai ser ampliada com mais
material, tal como, uma cozinha com frigorífico, fogão, lava-loiça, pratos,
panelas, copos, talheres, canecas, etc; um quarto com berço, um ferro,
uma tábua de engomar e três bonecas.
Tem ainda uma pequena mesa redonda com toalha e três cadeiras.

Área dos carros:


Situa-se debaixo da banca é um espaço que a maioria dos rapazes
do grupo gostam. Lá podemos encontrar carros de diversos tamanhos e
outros tipos de transportes tais como aviões, camiões, motas.

Área do parque
Fica situada ao lado da casinha, e tem um escorrega, e vários
cavalinhos balances. É a área mais procurada do grupo e onde brincam
em conjunto.
No decorrer do ano lectivo, novas áreas puderam surgem e outras
puderam desaparecer de acordo com os interesses e necessidades do
grupo.

ROTINAS DIÁRIAS
“O tempo educativo contempla de forma equilibrada diversos ritmos e
tipos de actividades, em diferentes situações... e permite oportunidades de
aprendizagem diversificadas...”
(in “Orientações curriculares para a educação pré-escolar”)

O tempo educativo tem, regra geral, uma distribuição flexível,


embora corresponda a momentos que se repetem com uma certa
periodicidade. A sucessão de cada dia tem um determinado ritmo
existindo uma rotina que e educativa porque e intencionalmente
planeada pelo educador e é conhecida pelas crianças que sabem o que
podem fazer nos vários momentos e prever a sua sucessão. As
referências temporais estabelecidas pela rotina transmitem segurança a
criança e servem como fundamento para a compreensão do tempo, e
simultaneamente, fomentam a sua autonomia e iniciativa.
A rotina diária determina o funcionamento da sala, do grupo e dos
adultos e deve estar intimamente relacionada com a organização do
espaço, pois a utilização do tempo depende das experiências e
oportunidades educativas que se podem retirar dos espaços; a
articulação entre tempo e espaço deve ser planeada pelo educador e ter
em conta as características do grupo e as necessidades das crianças.
A rotina, segundo Zabalza, e um instrumento que enquanto
estrutura organizacional pedagógica permite ao educador promover
actividades educativas diferenciadas de acordo com as experiências que
pretende promover. Uma rotina diária consistente permite a criança a
realização dos seus interesses, fazer escolhas, tomar decisões e resolver
problemas a sua dimensão no contexto dos acontecimentos que vão
surgindo.
Ainda para o referido autor a rotina baseia-se na repetição de
actividades e ritmos, na organização espácio-temporal da sala e
desempenha importantes funções na configuração do contexto
educativo. Vejamos o papel importante desempenhado pelas rotinas no
quotidiano de um infantário.
No decorrer do dia o tempo é organizado segundo a planificação
mensal, delineada pela educadora tendo sempre em conta o
calendarização comum de actividades e a calendarização de sala, de
modo a conseguir-se o envolvimento, interacção, interesse e
participação das crianças nas diversas actividades, permitindo-lhes
realizar aprendizagens significativas e sólidas.
É de salientar que estar rotinas vão sendo trabalhadas e
introduzidas, pois não podemos deixar de referir que a maioria do grupo
é a primeira vez que frequenta um jardim-de-infância.
Os diferentes momentos da sequência diária deverão ser planeados
de acordo com os interesses e ritmos das crianças, alternando-se
actividades de movimento com actividades mais calmas.
O facto da planificação mensal prever a realização de diversas
actividades e rotinas, actividades planificadas e actividades
espontâneas, isso não significa que as mesmas sejam rígidas e não se
possam alterar de acordo com os interesses que surjam, desde que
devidamente explicadas e negociadas com as crianças.
“Embora a planificação e a rotinização das actividades seja
importante para que as crianças comecem a adquirir hábitos e normas
que serão essenciais para o resto da vida, convém não esquecer que os
diferentes momentos e sequências diárias tem que ser planeados de
acordo com os interesses e ritmos das várias crianças” (Helena Cardoso
de Menezes, Cadernos de Educação de Infância, nº 24).
O tempo educativo contempla, ou deverá contemplar, de forma
equilibrada os diversos tipos de actividade em diferentes situações,
rotinas diárias (o lavar as mãos, o almoço, o lanche, o arrumar, ir a casa
de banho, etc.), actividades espontâneas realizadas informalmente e
actividades dirigidas de trabalho em grande grupo, individual ou em
pequeno grupo.
Não é possível planificar sem anteriormente se observar toda a
dinâmica inerente ao grupo, seus interesses, características,
necessidades, desejos e preferências.
Horário Rotina7:00
Para além de todas as actividades dirigidas que se realizam
diariamente na sala teremos às terças-feiras Expressão Motora, às
quartas-feiras será realizada a hora do conto na biblioteca. Uma vez por
mês vamos dar importância a culinária.
Normalmente as actividades que requerem uma maior
concentração por parte das crianças decorrem na parte da manhã. À
tarde as crianças estão mais cansadas não estando tão despertas e
predispostas para a realização destas tarefas.
O infantário abre ás 7.00h da manhã e encerra ás 19:00h. O período
das 7:00h às 9:00h e das 17:00h até ás 19:00h é assegurado por
auxiliares que recebem as crianças e as entregam aos seus familiares.
A actividade extracurriculares decorrem a partir das 17.00h, e é
realizada nas nossas instalações: Música
A rotina diária oferece pois, uma estrutura para os acontecimentos
do dia, definindo a maneira como as crianças utilizam as áreas, o tipo de
interacções que estabelecem com estas, com os colegas e com os
adultos.
A rotina facilita a transição de casa para a Creche, criando o sentido
de pertença a uma comunidade e permitindo às crianças construírem o
seu conhecimento através da escolha de actividades e de projectos
negociados cooperativamente, valorizando assim o ensino mútuo e
cooperativo.
Sendo compostas por uma série de experiências previsíveis e
variadas no seu conteúdo e escolhidas com as crianças vão permitir pôr
em prática valores do currículo e uma filosofia educacional.
“Família é uma rede complexa de relações e emoções na qual se
passam sentimentos e comportamentos que não são passíveis de ser
pensados com os instrumentos criados para o estudo dos indivíduos
isolados.”.
(Gameiro, Voando sobre a Psiquiatria, 1992)
Apesar das profundas transformações ocorridas na família, quer
quanto à sua natureza e composição social, quer quanto às suas funções
e papéis, esta continua a ser espaço natural de realização e de
desenvolvimento da pessoa humana, o primeiro local de experiência de
vida relacional, afectiva e de transmissão de valores ético-sociais,
sociais e culturais, portanto de educação.
Tomando em linha de conta que a família é uma entidade dinâmica,
alterando constantemente a sua estrutura interna e sofrendo as
alterações da sociedade que a engloba, é importante termos presente
que as suas funções estão sujeitas a este processo de alteração.
A família é o primeiro espaço de realização, de desenvolvimento e
de consolidação da personalidade humana, no qual o indivíduo se afirma
como pessoa, o habitat natural de convivência solidária e
desinteressada entre diferentes gerações, o veículo mais estável de
transmissão e aprofundamento de princípios éticos, sociais, espirituais,
cívicos e educacionais, o elo de ligação entre a tradição e as exigências
actuais.
Para Murdock, (Parson e Bales, 1956, 3 -34), a família possui quatro
funções que são fundamentais para a vida, para a cultura e para a
sociedade: a sexual, a económica, a reprodutiva e a da socialização.
É evidente que qualquer uma das funções mencionadas não é, nas
sociedades actuais, exclusivamente da família.
Na transmissão da informação e de valores e na expressão de
comportamentos, a família reparte o seu papel com a escola, com a
imprensa e com os meios audiovisuais.
É à escola que atribui a função de garantir a preparação dos seus
educandos, preocupando-se com a educação dos seus filhos, com o
interesse pelo quotidiano destes, pela compreensão dos seus anseios,
aspirações, dificuldades e angústias.

CARACTERIZAÇÃO SOCIOLÓGICA DAS CRIANÇAS


“ A família e a instituição de educação Pré-escolar são dois
contextos sociais que contribuem para a educação da mesma criança;
importa por isso que haja uma relação entre estes dois sistemas.”
(Orientações Curriculares, 1997:43)
Cada vez mais existe preocupação e consenso quanto às vantagens
das relações entre a escola e a família para uma correcta educação das
crianças.
As famílias são um elemento “chave” para a melhor compreensão
das crianças.
Desta forma, é necessário conhecê-las, de modo a podermos actuar
junto delas, caso seja preciso, assim como junto das crianças com quem
trabalhamos.
Perante a importância da família no desenvolvimento e crescimento
das crianças cabe à equipa educativa conhecer o meio social em que
esta se insere, a sua cultura e as suas expectativas.
Para que qualquer intervenção educativa seja adequada e
significativa, o educador para além de conhecer o grupo e as crianças
que o constituem deve ter informações sobre as suas famílias e o meio
em que estas se desenvolvem, quer a nível sócio-económico, quer a
nível cultural.
Só assim poderá perceber atitudes, comportamentos,
características, padrões sociais, interesses, expectativas e necessidades,
que lhe trarão elementos para promover aprendizagens adequadas ao
grupo e a cada elemento que o compõe.
Para além disso a escola deve apoiar-se nas experiências das
crianças, já vividas no meio familiar, continuá-las e alargá-las.

“As crianças aprendem a valorizar as suas experiências familiares e


a dos outros quando os professores constroem relações fortes com os
pais e incorporam os materiais e as actividades da vida familiar no
contexto escolar”
(Mary Hohmann, Bernard Banet, David Weikart, Educar a Criança,
1997, 99)
.
Também será através de um melhor conhecimento sociológico das
crianças e suas famílias que poderemos envolver os pais e famílias na
vida escolar e no crescimento saudável dos seus filhos, partilhando
papéis e responsabilidades.
Este conhecimento é ainda mais significativo e necessário se o
educador não viver no mesmo meio cultural das crianças, tendo mais
dificuldade em perceber os factores que as influenciam e os padrões
sociais nos quais estas se inserem.
Para ter este conhecimento é necessário recorrer a meios e
instrumentos de análise que permitam ao educador recolher dados
significativos, os quais levarão a uma melhor informação, eficácia e
clareza para o seu projecto de trabalho.
É com o intuito de aprofundar o conhecimento do grupo, com o qual
me encontro a desenvolver a Prática Pedagógica que elaborei esta
caracterização sociológica que me irá permitir melhorar as respostas a
atitudes, comportamentos, necessidades, de todas as crianças e de cada
uma.
Para isso recorri às fichas individuais de inscrição de cada criança e
as entrevistas de diagnóstico, a conversas com os pais e com equipa
educativa, a registos diários, a observação informal da criança e suas
famílias e a bibliografia relacionada com o tema.
O grupo é significativamente equilibrado quanto à sua composição,
sendo constituído por oito rapazes e oito raparigas. Estamos assim, na
presença de um grupo misto. Quinze crianças nasceram no ano de 2007
e uma em 2008.
Esta estrutura dificulta numa primeira face o conhecimento mais
aprofundado, das crianças e suas famílias e das crianças entre si,
permitindo que se tenha que criar e desenvolvam laços mais profundos
e interacções mais estáveis.
Constata-se pois, alguma heterogeneidade no grupo, notando-se
nas crianças mais velhas uma maior maturidade, maior
desenvolvimento quer a nível da autonomia e motricidade.
A maioria das crianças que constituem o grupo encontram-se a
frequentar a Creche pela primeira vez, excepto dois que já frequentaram
amas e uma criança que já frequentava o infantário. Os restantes
estiveram aos cuidados dos avós, das mães ou familiares.
Todas as crianças têm como encarregado de educação a mãe.
No entanto as crianças são acompanhadas quer pela mãe, quer pelo
pai e pelos avós nas suas deslocações diárias.
Isto permite-nos referir que são pais participativos e que ocupam
muito tempo na sua relação com as suas crianças, acompanhando-as
sempre mostrando a maioria disponibilidade.
Relativamente à idade dos progenitores podemos verificar que esta
se situa entre os dezanove e três e os quarenta de idade.
As mães na sua maioria, apresentam idades compreendidas entre
os dezanove e os trinta e seis. Os pais apresentam idades
compreendidas entre os vinte e os quarenta anos.
Relativamente às profissões das mães podemos verificar que são
diversas: operária de loja, empregada doméstica, recepcionista,
funcionária pública; assistente de produção; arquivista, auxiliar médica.
A maior parte das profissões dos pais também são diversas:
motorista, mecânico, funcionário público, empregado de armazém,
vigilante de transportes de valores, engenheiro informático, pintor,
projectista.
Temos também cinco pais que são desempregados.
A maior parte das crianças, são filas únicas e sete tem um único
irmão, sempre mais velho.
A sua zona de residência situa-se em Leça do Balio, dez crianças,
excepto seis que residem noutras freguesias nomeadamente em
Custóias, São Mamede de Infesta e Senhora da Hora.

CARACTERIZAÇÃO DO GRUPO
E essencial conhecer as características próprias das crianças desta
faixa etária que vária entre os 2 anos e 3 anos, para que se possa ir ao
encontro das suas necessidades, antes de os caracterizar.
Segundo o psicólogo suíço Jean Piaget o desenvolvimento mental da
criança divide-se em quatro estádios: sensório-motor (0 aos 2 anos),
pré-operacional (2 aos 6 anos), fase das operações concretas (7 aos 11
anos) e a fase das operações formais (acima dos 12 anos). Assim, o
grupo da Sala 2 encontra-se na maioria no estádio pré-operacional
existido ainda algumas características do estádio anterior.
Desde o início desta etapa a criança já faz uso da capacidade
simbólica, não dependendo somente das sensações. Embora não seja
capaz de fazer operações lógicas e de se situar no tempo, ela já
relaciona significantes e significados: a linguagem será a habilidade que
mais se vai desenvolver. São características principais desta fase:
egocentrismo, a criança não se consegue colocar no lugar do outro,
centralização do interesse e a sua atenção fixa-se num só assunto de
cada vez, incapacidade de perceber as relações de causa e efeito (ela
não consegue associar transformações, fixando-se nos seus estados
separados), desequilíbrio emocional (a sua estrutura psicológica não
acompanha a grande quantidade de estímulos do meio ambiente e a
criança defende-se por meio de crises de choro, etc.), irreversibilidade
de pensamento (ela e incapaz de raciocinar em “ida e volta”) e
raciocínio transdutível (parte do particular para chegar ao particular).
Ao nível do desenvolvimento físico, a criança possui uma intensa
necessidade de exploração sensorial e motora. Imita facilmente os
movimentos que observa nos outros, e desembaraçada e revela
espontaneidade. O senso de equilíbrio desenvolve-se.
Aos 3 anos, a criança pode andar de triciclo, jogar a bola, correr,
virar-se, saltar.
E capaz de executar jogos de encaixe, construir torres, fazer
rasgagem e manipular massas plásticas. Os lápis atraem-na: rabisca em
todos os sentidos. Esta experiência livre permite a descoberta das
possibilidades dos materiais e das mãos.
Quanto ao desenvolvimento social e visível que a criança realiza
mais contactos sociais e passa menos tempo em jogos solitários. Já não
e indiferente a presença do companheiro. Consegue explicar-se e contar
o que esta a fazer. O interesse em conversar já caracteriza uma tomada
de consciência do companheiro, do “outro...”.
Mas a colaboração e pequena, pois a criança ainda não ultrapassou
a fase egocêntrica.
Há na verdade uma “pseudo colaboração”, evidenciada pela
diluição da atenção em actividades paralelas e simultâneas. Apesar
disso, a criança começa a aceitar brincadeiras que envolvem pequenos
grupos. Estes relacionamentos com outras crianças permitem-lhes a
descoberta de si própria e a sensação de se sentir uma entre muitas. E a
fase em que surge o espírito de competição.
Relativamente ao desenvolvimento intelectual, a criança percebe
claramente a existência da realidade exterior independente dela. A sua
atitude e mais realista e objectiva. Revela grande interesse pelo mundo
que a rodeia, quer saber o “como” e o “porque” das coisas – e por isso
esta sempre a perguntar.
O vocabulário e muito abundante e a comunicação verbal aprimora-
se bastante. A palavra “eu” e uma das mais frequentes nas suas longas
conversas.
As tarefas já são desempenhadas com mais atenção e cuidado. O
pensamento nesta fase e mais consecutivo e combinatório do que
sintético. E capaz de contar histórias entremeando ficção e realidade;
gosta de usar a fantasia, inventando pretextos com muita facilidade.
A caracterização de competências próprias de uma criança em
determinada idade é decorrente de uma análise fundamentada do vivido
em situação educativa, familiar e institucional, influenciada por
contributos da psicologia e da pedagogia, aliando a prática à teoria,
numa perspectiva de intervenção psico-pedagógica.
Há que salientar que está análise não deverá ser um “ etiquetar” de
comportamentos desligados mas uma referência em que se procura
conhecer pela acção e reflexão a criança no seu todo, como um ser
global, ao nível afectivo, cognitivo, psicomotor e social.
O grupo é composto por 16 crianças, 8 do sexo masculino e 8 do
sexo feminino, quinze crianças nasceram em 2007 e uma nasceu em
2008. Das quinze crianças sete nasceram na primeira quinzena oito e
nasceram na segunda quinzena
A maioria do grupo usa fralda, aqueles que não usam o control-
esfincteriano ainda não está totalmente adquirido. Excepto de três
crianças.
A nível dos hábitos de higiene ainda não lavam nem secam as mãos
sozinhos necessitando a ajuda do adulto, e usam o lenço para limpar o
nariz ou a boca com a ajuda do adulto.
A nível da alimentação comem algumas vezes com as mãos, não
comem sozinhos necessitando ajuda do adulto para comem
principalmente a sopa.
São crianças que gostam de experimentar alimentos novos sem
qualquer receio, tendo alguns deles dificuldade em comer
principalmente legumes.
Algumas crianças já usam um discurso verbal razoável, sabendo
manifestar desejos, interesses e necessidades, constatando-se o
desenvolvimento gradual da fala e da linguagem. Tendo ainda algumas
crianças que só comunicam com gesto, utilizando pouco o discurso
verbal.
A maioria do grupo, é capazes, de formar frases simples, de dizer o
seu nome, de compreender os nomes de objectos comuns e de
responder a perguntas simples.
Constata-se que estão numa fase que vão lentamente compreender
o mundo à sua volta, e a aprender que neste mundo há regras que
precisam ser obedecidas, embora ainda seja bastante egocêntrica.
Uma parte do grupo brinca sem a intervenção do adulto outra parte
do grupo não sabe brincar sozinha, não sabendo utilizar os brinquedos
adequadamente.
A nível da interacção com os seus pares preferem ainda brincar
sozinha a brincar com outras crianças, explorando pouco o espaço, as
áreas e os diversos brinquedos da sala.
A nível da motricidade global andam para trás, apanham a bola em
movimento, sobem e descem escadas sem alternância dos pés, correm,
chutam uma bola.
As crianças são muito curiosas, querem apanhar, explorar e
experimentar tudo…, obrigando os adultos a ter imensos cuidados, no
entanto, esta curiosidade ajuda-os a progredir na aprendizagem. O
grupo apresenta ainda como é normal, nestas idades, comportamentos
egocêntricos, o que provoca conflitos entre elas, devido à posse de
brinquedos ou na realização de actividades.
É um grupo activo e comunicativo, gosta de ouvir canções, dançar
ao som de música, não gosta de ouvir pequenas histórias…
As crianças gostam de imitar o adulto, imitam tudo o que vêem,
gostam de varrer, esfregar, limpar o pó etc.
A prática pedagógica, para além de desenvolver capacidades de
observação e compreensão da realidade educativa, permite uma análise
reflexiva de situações observadas em contexto escolar, vindo muitas
vezes levantar algumas questões.
Educar é intervir através da prática educativa no desenvolvimento e
crescimento do ser humano como pessoa, como profissional e como
elemento actuante de uma comunidade, fomentando para além da
transmissão de saberes, o desenvolvimento de valores, de atitudes, de
um espírito crítico e reflexivo, no sentido de cada pessoa se ajustar ao
meio onde está inserido de forma produtiva e interventiva, procurando
com a sua acção e envolvimento que se encontre uma sociedade mais
justa e onde todos façam parte de uma maioria global.
Ao planear e definir objectivos tivemos em conta a colaboração
mútua e a co – responsabilização dos membros de toda a equipa
educativa, as necessidades interesses do grupo em geral e de cada
criança em particular, optando-se por fazer a sua definição mediante as
áreas de conteúdo, presentes nas Orientações Curriculares para a
Educação Pré-Escolar.
Os objectivos foram traçados depois de análise e reflexão crítica da
realidade educativa e das necessidades e interesses de todas as
crianças do grupo.
Estes objectivos pretendem ser as metas a alcançar, procurando
proporcionar ambientes educativos que propiciem o desenvolvimento
integrado de todas as crianças e de cada uma, podendo ser alterados e
reestruturados mediante a evolução das crianças e das suas
necessidades e interesses.

OBJECTIVOS GERAIS DE DESENVOLVIMENTO


Os grandes objectos traçados para este ano lectivo são:
• Proporcionar à criança um ambiente seguro, a nível físico e
emocional;
• Respeitar o ritmo de desenvolvimento de cada criança;
• Respeitar as necessidades de higiene, alimentação, sono e
estimulação;
• Fomentar a aquisição de hábitos de alimentação e de higiene,
nomeadamente o controlo dos esfíncteres;
• Tornar a sala um espaço de segurança e um espaço privilegiado
de comunicação;
• Promover a socialização da criança;
• Promover actividades de motricidade grossa e fina;
• Criar situações capazes de responder às suas necessidades
psicomotoras, verbais, afectivas e sociais;
• Proporcionar actividades atraentes e estimulantes;
• Criar condições para que a criança se possa expressar livremente
consoante várias técnicas de expressão musical, psicomotora e
dramática;
• Alargar o campo de conhecimentos e vocabulário da criança;
• Desenvolver a autonomia;
• Incentivar o desejo de conhecer o mundo que a rodeia;
• Favorecer a coordenação óculo-motora;
• Incentivar a participação da família no processo educativo;
• Identificar os próprios sentimentos, emoções e necessidades de
comunicá-los aos outros, assim como identificar e respeitar os dos
outros;
• Aumentar a capacidade de resistência à frustração e manifestar
uma atitude de superação perante as dificuldades;
• Potenciar as vivências afectivas pessoais: os sentimentos de
plenitude, de gozo, felicidade, etc.
• Estimular as relações interpessoais valorizando o outro e a sua
história de vida;
• Desenvolver a comunicação afectiva com os outros;
• Articular as diferentes áreas de conteúdo, de acordo com a
temática do projecto.

Áreas de conteúdo
Área de Formação Pessoal e Social
Integrada nas restantes esta área deve favorecer a aquisição do
espírito crítico e interiorização de valores de forma a promover atitudes
conscientes e adequadas à resolução de problemas de vida como seres
autónomos, livres, solidários e membros integrantes de uma sociedade.
É através das diferentes relações com os outros que a criança vai
interiorizando e construindo referências sólidas, que lhe permite
compreender e agir perante a diversidade de experiências que a vida
lhe apresenta.
Assim a área do desenvolvimento social e pessoal “assenta na
constituição de um ambiente relacional securizante, em que a criança é
valorizada e escutada, o que contribui para o bem-estar e auto – estima.
(” Orientações Curriculares”, 1997:52)
Objectivos gerais:
• Promover uma educação para os valores;
• Levar a criança a interagir com outras crianças e resolver conflitos
entre elas;
• Promover a independência, a curiosidade e a iniciativa própria;
• Incentivar o respeito pelas regras;
• Desenvolver hábitos de alimentação e fomentar o gosto pela
autonomia alimentar (comer e beber sozinhos e com um mínimo de
limpeza);
• Criar atitudes positivas face aos alimentos e à alimentação;
• Tomar consciência de si próprio;
• Tomar consciência do outro;
• Fomentar o desenvolvimento progressivo da autonomia pessoal;
• Adquirir hábitos de higiene, asseio, segurança e saúde;
• Promover o desenvolvimento de atitudes de respeito, colaboração
cooperação, partilha e solidariedade quer com as outras crianças quer
com os adultos;
• Estimular a capacidade de expressão de sentimentos, desejos e
emoções de forma compreensiva;
• Promover atitudes adequadas em situações sociais e de
relacionamento interpessoal;
• Desenvolver a resolução de pequenos problemas de vida
quotidiana através de interacções e procura de ajuda necessária;
• Promover a aceitação de uma alimentação saudável e
diversificada;
• Estimular o desenvolvimento da auto-estima e auto-confiança e
do autoconceito;
• Estimular a capacidades de limpeza, arrumação e adequação do
uso do material da sala;
• Ajudar os Pais e Familiares na integração da criança;
• Realizar uma Transição gradual para um ambiente de suporte
extra-familiar;
• Promover o diálogo e a interacção família/creche;

Área de Expressão e Comunicação


Domínio das Expressões
Nesta área inclui-se o domínio das várias expressões: Motora,
Dramática; Plástica e Musical, o domínio Linguagem Oral e Abordagem à
Escrita e o domínio da Matemática.
Expressão Motora
A expressão motora tem como objectivo proporcionar à criança
aprendizagens para melhor utilizar o seu corpo, ganhar consciência das
suas potencialidades, ajudar a interiorizar a imagem do mundo que a
rodeia e a adquirir competências de coordenação motora cada vez mais
elaboradas.
É através da manipulação de diferentes objectos que a criança
aprende a agir, com as suas limitações vai ganhando consciência do seu
corpo em relação ao exterior.
Objectivos gerais:
• Fomentar o desenvolvimento de padrões motores básicos (andar,
movimentar-se em diversas superfícies, percorrer espaços tendo que
ultrapassar obstáculos, agarrar, segurar e lançar vários objectos, correr.
saltar em espaços em diferentes dimensões, trepar, rastejar…;
• Fomentar o desenvolvimento de competências de motricidade
ampla, tendo em conta o equilíbrio dinâmico (coordenação geral,
equilíbrio dinâmico, coordenação Psicomotora) e estático (Respiração,
dinâmico, coordenação Psicomotora);
• Fomentar o desenvolvimento da descoberta e tomada de
consciência do seu corpo;
• Estimular os cinco sentidos
• Estimular a interiorização de valores e regras nas crianças;
• Favorecer o desenvolvimento da identificação e interiorização do
esquema corporal;
• Desenvolver a coordenação espacial;
• Promover e desenvolver o equilibro;

Expressão Dramática
A Expressão Dramática é um meio de descoberta de si e do outro,
de afirmação, de relação com os outros e de resolução de conflitos e
frustrações.
Nesta área as crianças realizam diferentes teatros, dramatizações e
jogos de faz-de-conta, onde cada criança pode desempenhar diferentes
papéis contribuindo quer para a compreensão do que a rodeia, como
para a exteriorização dos seus medos, necessidades e preocupações.
Dramatizar situações vividas nas histórias permite à criança
extravasar sentimentos e angústias e ou mesmo tempo exprimir as suas
vivências e os seus sentimentos.

Objectivos gerais:
• Promover o reconhecimento de si mesmo e dos outros através da
exploração do corpo, da voz, do espaço, de objectos…, recorrendo a
situações e vivências do quotidiano;
• Favorecer a capacidade de improviso e espontaneidade através
do jogo simbólico e do faz-de-conta;
• Fomentar a capacidade de mimar e dramatizar vivências,
experiências, sentimentos, emoções e necessidades;
• Favorecer o desenvolvimento da capacidade de comunicação e
expressão;

Expressão Plástica
Através da Expressão plástica a criança explora diversos materiais
criando livremente.
O desenho, pintura, recorte, colagem, modelagem, são meios
utilizados para explorar a imaginação das crianças, sendo
representações e comunicações das suas vivências e dos seus
sentimentos.
Realizar criações estéticas facilita à criança a representação do
exterior e da sua vida interior, ao mesmo tempo que mobiliza
habilidades motoras
Estas manifestações artísticas para além de contribuírem para um
melhor conhecimento de si próprio e progressivo crescimento da criança
como pessoa, ajudam a manter a identidade pessoal e fazem com que a
criança transmita o que vivência e o que a preocupa.

Objectivos gerais:
• Estimular o desenvolvimento da motricidade fina;
• Promover o contacto e manipulação com diferentes materiais;
• Favorecer o desenvolvimento da capacidade imaginativa e criativa
explorando diferentes técnicas e materiais;
• Fomentar o desenvolvimento da criatividade e sentido estético;
• Proporcionar o desenvolvimento da coordenação óculo-manual;
• Estimular o desenvolvimento da destreza manual; ® Desenvolver
a motricidade grossa e fina;
• Desenvolver a coordenação motora (ao nível do desenho,
rasgagem, colagem, modelagem);

Expressão Musical
O desenvolvimento da música em idades precoces estimula a
musicalidade, sendo parte integrante da cultura de cada criança.
“A expressão musical assenta num trabalho de exploração de sons
e ritmos, que a criança produz e explora espontaneamente e que vai
aprendendo a identificar e a produzir, com base no trabalho sob os
diversos aspectos que caracterizam os sons: intensidade (fortes e
fracos), altura (graves e agudos), timbre (modo de produção), duração
(sons longos e curtos), chegando depois à audição interior, ou seja, a
capacidade de reproduzir mentalmente fragmentos sonoros. “
(Orientações Curriculares, 1997:63)
Para além desta exploração de sons a criança é também capaz de
estar em silêncio, o que lhe permite escutar e identificar sons e criar
ritmos, cantar,...
A relação que se estabelece entre a música e a letra tem forte
ligação com o domínio da linguagem e da capacidade de atenção e
concentração.

Objectivos gerais:
• Estimular a capacidade de atenção e concentração;
• Promover a estimulação auditiva;
• Promover a interacção musical criança/adulto;
• Promover experiências de escuta musical de aquisição e
exploração do vocabulário musical;
• Proporcionar um ambiente rico musicalmente.
• Fomentar o desenvolvimento da capacidade de escutar, cantar,
dançar, minar;
• Estimular o desenvolvimento da capacidade de imitar e produzir
sons com o corpo e voz;
• Proporcionar o desenvolvimento de capacidades de discriminação
e memória auditiva;
• Estimular o desenvolvimento da sensibilidade musical e o gosto
pela música;
• Promover o contacto com instrumentos musicais convencionais e
não convencionais;

Linguagem Oral e Abordagem à Escrita


A valorização da língua materna como matriz de identidade e
suporte de aquisições múltiplas é fundamental.
A capacidade de compreensão e produção deverá ser alargada
através da interacção com as crianças e o meio.
Deve ser criado um bom clima de relacionamento entre educador,
pais e criança através de uma linguagem acessível facilitando a
comunicação.
Contar, ouvir e ler histórias é um excelente meio para estimular a
imaginação da criança, promover projecções do inconsciente, clarificar
valores e atitudes que podem posteriormente, ser transferidas para a
vida real.
Através da linguagem a criança comunica os seus sentimentos e
desejos interage com os outros, pergunta coisas, pensa sobre elas e fala
sobre situações reais ou imaginárias.

Objectivos gerais:
• Estimular a capacidade de comunicar oralmente com progressiva
autonomia e clareza;
• Estimular a utilização da linguagem de forma correcta como meio
de comunicação, expressão, relacionamento e desenvolvimento criativo;
• Estimular aquisição de novo vocabulário de forma a enriquecer o
campo lexical e semântico
• Promover o desenvolvimento da capacidade de expressão oral e
transmissão de ideias, opiniões, necessidades e sentimentos;
• Promover a descodificação de mensagens;
• Desenvolver a capacidade de retenção de informação oral;
• Promover o desenvolvimento progressivo da construção frásica e
elaborada a nível morfo-sintáctico;
• Promover o desenvolvimento da linguagem não-verbal;
• Fomentar o gosto e o interesse pelos livros;
• Fomentar o interesse em comunicar;
• Incentivar a aquisição de novos vocábulos;
• Promover o desenvolvimento da linguagem oral;
• Fomentar a correcta articulação das palavras e construção de
frases;
• Exercitar a capacidade de concentração e a capacidade de
memória;
• Explorar o carácter lúdico da linguagem;

Matemática
Nas vivências diárias a criança vai criando noções matemáticas que
lhe vão permitir estruturar o seu pensamento.
Desenvolver o raciocínio lógico matemático, formar conjuntos,
ordenar, seriar, são algumas das noções a explorar na realização de
actividades, considerando também as noções de tempo e de espaço.
Através dos sucessivos ritmos diários, tais como antes e depois, do
almoço, da sucessão dos dias a criança adquirirá a noção de tempo.
Deslocando-se nos diferentes espaços e manipulando objectos que
ocupam cada espaço a criança aprenderá as noções de dentro e fora,
longe e perto, nomeando, diferenciando e classificando.

Objectivos gerais:
• Fomentar o conhecimento e compreensão de conceitos básicos de
espaço, tempo, quantidade, ligados à acção;
• Estimular a capacidade de seriar e classificar através de
diferentes objectos, animais, …;
• Favorecer a aquisição de noções temporais simples (antes,
depois…);
• Favorecer a aquisição de noções espaciais simples (dentro,
fora…);
• Promover o desenvolvimento de raciocínio lógico matemático
através da resolução de problemas;

Área do Conhecimento do Mundo


Esta área proporciona aprendizagens significativas para a crianças
que podem não estar obrigatoriamente relacionadas com a sua
experiência imediata.
Mesmo que a criança não domine inteiramente os conteúdos, a
introdução de diferentes domínios científicos cria uma sensibilização que
desperta a curiosidade e o desejo de saber e aprender.
É portanto essencial o desenvolvimento de competências que se
relacionem com os processos de aprendizagem, capacidade de
observar, desejo de experimentar, curiosidade de saber e uma atitude
crítica.

Objectivos gerais:
• Fomentar a curiosidade e o espírito de descoberta;
• Promover o desenvolvimento de interacções com o meio
envolvente exterior;
• Fomentar a aquisição progressiva de conhecimentos relacionados
com o meio, a nossa cultura e diversidade de culturas;
• Fomentar o desejo natural da criança de explorar, descobrir e
saber,
• Proporcionar o contacto com épocas festivas;
• Promover comportamentos de segurança;
• Fomentar o gosto de estar em grande grupo;
• Fomentar a Educação para a Saúde;
• Distinguir o ambiente familiar do ambiente escolar;
• Proporcionar momentos de magia, animação e surpresa;
• Vivenciar as épocas festivas.

PLANO DE ACTIVIDADES
 Adaptação das crianças

Setembr  Chegada do Outono;


o  Criação da Horta Pedagógica;
 Reunião de País (Dia 2);
 Celebração do Dia da Infância: Inauguração da
Biblioteca; Hora do Conto (Dia 2);
 Celebração do Dia do Animal (Dia 5);
 Semana Saudável: Início das Sessões de Motricidade de
Outubro
cada sala (3ªfeira-Sala 2; 4ªfeira-Sala 4-5 e 6ªfeira- Sala
3-4)
 Actividades em parceria com a ULS; Confecção de um
prato gastronómico;
 Actividade com um profissional de motricidade ( De 12 a
16 )
 Reunião de Direcção ( Dia 26);
 Dia Mundial da Terceira Idade: Lanche convívio no
Centro de Convívio de Recarei ( Dia 28);
 Dia das Bruxas: Passeio pelo Aglomerado Habitacional de
Recarei em busca de docinhos (Dia 30);
 Exploração da temática os Transportes;
 5ª Edição da Feira do Outono: a realizar no hall da
Novembr entrada (Dia 23 a 28);

o  Magusto (Dia 11);


 Início do Concurso de Natal;
 Exploração da temática o Corpo Humano;
 Decoração da sala para o Natal;

Dezembr  Elaboração de Presentes;


o  Exposição e Votação dos trabalhos realizados pelas
famílias para o Concurso de Natal (Dia 14 a 18);
 Chegado do Inverno;
 Festa de Natal (Dia 19 de manhã);
 Exploração da temática: os Animais;
 Dia dos Reis: anúncio do vencedor do Concurso de Natal

Janeiro (Dia 6);


 Visita de estudo ao Sae Life( Dia 13);
 Dia dos Namorados (Dia 14);
Exploração dos cinco Sentidos;

Fevereiro Recolha de sementes para a Horta;


Visita de estudo a uma Biblioteca (Dia 10);
Decoração da sala para o Carnaval;
Desfile de Carnaval (Dia 12);
 Exploração da temática: as Cores;
 Dia do Pai: Jogos Surpresa (Dia19);

Março  Chegada da Primavera;


 Comemoração do Dia Mundial da Terra;
 Comemoração Dia da Poesia;
 Dia Mundial do Teatro – Convite a uma Companhia de
Teatro (Dia 26);
 Decoração Da sala para a Páscoa;
 Celebração da Páscoa com elaboração do folar para

Abril oferecer aos padrinhos;


 Dia Europeu da Segurança Rodoviária – Convite à PSP
para abordar este tema (Dia 27);
 Dia Mundial da Dança – Aula livre de Dança (Dia 29);
Dia da Mãe: Jogos Surpresa (Dia3);

Maio Semana da Família (Dia 10 a 14);


Visita ao Núcleo Rural do Parque da Cidade (Dia 12);
Chegada da Primavera;
Dia Mundial da Criança: Festa da Criança (Dia 1);

Junho Montagens da Cascata dos Santos Populares (Dia 7);


Passeio Final de Ano da Creche: Jardim Zoológico da Maia
(Dia16);
Passeio de Final do Ano (Dia 26);
Julho  Quinzena diferente: passeios, piscina no parque; ida as
compras para realizar actividades;

Para além desta calendarização será realizada uma planificação


mensal, esta será um orientador para a realização das actividades de
sala, esta estará no início de cada mês afixada no placar da sala.
Para além destas actividades serão realizadas outras tendo em
conta os objectivos traçados anteriormente.
É sabido que a avaliação de um projecto destina-se
fundamentalmente a induzir mecanismos de reflexão que permitam a
todos os actores reavaliar a acção e introduzir as mudanças que vão
sendo necessárias.
Desta forma, a avaliação desempenha um importante papel na
verificação da eficácia e sentido da acção educativa e contribui para a
sua inovação, com o intuito de optimizar, cada vez mais, os processos
de desenvolvimento de todas as crianças.
A avaliação do projecto curricular terá dois momentos, a avaliação
inicial e a avaliação final.
AVALIAÇÃO
Avaliar consiste em recolher, ao longo do processo de
aprendizagem, dados que permitam obter informação acerca da forma
como se está a desenvolver o processo, de modo a poder ajustar a
intervenção educativa. Ou seja, avaliar é uma atitude que supõe a
capacidade de pôr em causa o modo de trabalhar e de agir, os nossos
comportamentos e até mesmo as propostas. É necessário reflectir sobre
o grau de aprendizagem que se pretende que as crianças obtenham e,
para isso, deve-se transformar os objectivos gerais e específicos em
indicadores a avaliar. Estes indicadores, que são como uma
especificação dos objectivos, ajudam a ajustar o processo de
aprendizagem e melhor dar resposta a ritmos pessoais. Eles têm a
função de nos fornecer a informação que nos permite reconduzir o
processo.

Critérios de Avaliação:
 Relação criança/educadora/adulto
 Relação criança/criança
 Autonomia
 Habilidades motoras básicas
 Interesse pelas aprendizagens
 Concentração e participação nas actividades

BIBLIOGRAFIA
 AVÔ, A.B. (1996), “O Desenvolvimento da Criança”, Texto
Editora, Lisboa
 BETTELHEIM, Bruno (1976), “Psicanálise dos Contos de Fadas”,
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 BORGES, Maria Isolina Pinto, (1987);“Psicologia do
Desenvolvimento”, Jornal de Psicologia;
 DELMINE, R. Et al. (1983), " O Desenvolvimento Psicológico
da Criança”, Edições Asa, Lisboa;
 DEPARTAMENTO DA EDUCAÇÃO BÁSICA (1997), “Orientações
Curriculares Para a Educação Pré-Escolar”, Gabinete para a
Expansão e Desenvolvimento da Educação Pré-Escolar, Ministério
da Educação, Lisboa
 HOHMANN, Mary, BANET, Bernard, WEIKART, David P., (1995), “A
criança em Acção, 4º edição, Fundação Calouste Gulbenkian
 LEITE, Carnelinda; FERNANDES, Preciosa; (2002); “ Avaliação
das Aprendizagens dos Alunos”; 1º Edição, Edições ASA
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cognitivo”; Edições Almedina;
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McGrawHill de Portugal, Amadora;
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infantil”; CEACeducacuión Infantil
 RIGOLET, Sylviane Angèle Neves, (1998), “Para uma Aquisição
precoce e Optimizada da Linguagem”; Porto editora
 SPODEK, Bernard, BROWN, Patricia Clark, LINO, Dalila, NIZA,
 Sérgio, “Modelos Curriculares para a Educação de
Infância”, Colecção Infância, 2ª edição, Porto Editora
 MENDONÇA, Marília; (2002), “ Ensinar e Aprender por
Projectos”; Edições ASA; 1º edição
 VASCONCELOS, Teresa Maria Sena, (1997); “ Ao redor da Mesa
Grande”; Porto Editora;

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