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Uberlândia
2009
Modelagem matemática e simulação numérica para
solução de problemas de interação fluido-estrutura
utilizando metodologia de fronteira imersa
Banca examinadora
Aos meus pais e minha famı́lia, pelo apoio incondicional ao longo de todo este caminho.
Ao Prof. Dr. Aristeu da Silveira Neto pela oportunidade, por ele acreditar, incentivar
e apoiar sempre os alunos a quem ele orienta com tanta dedicação.
Em especial, à Meire, minha namorada, pelo amor, pela compreensão, pela força e
confiança mas, principalmente, pelo incentivo.
Resumo
In this work, the combined multi-direct forcing and immersed boundary method
(IBM) were presented to simulate fluid-structure interaction problems. The multi-direct
forcing is used aim to satisfy well the no-slip condition in the immersed boundary. For the
numerical simulations was used a multi-purpose computer code that is being developed in
MFlab - Fluid Mechanical Lab of Federal University of Uberlândia. Tests are made to va-
lidate the numerical schemes and routines were implemented to simulate fluid-structures
interactions problems. Furthermore, computational tools are developed to construct and
manage and optimize the use of a Beowulf cluster where all the parallel simulations pre-
sented in this work were done. The Method of Manufactured Solutions has been used
for order-of-accuracy verification in the computational fluid dynamics code. Two fluid-
structure interaction problems were studied using this methodology. The first is a flow
over a sphere for some Reynolds numbers. The results were compared to empirical results,
obtaining well approximations. The second one is a immersed simple-pendulum. For this
problem the results are concordat to the physical problem. Indeed, these are initial results.
New tests should be done to make progress in the methodology. Is proposed improvements
in the IBM, in the fluid-structure math model, in the turbulence model, in the method
used to discretize the fluid domain, and is proposed to applies the methodology in real
problems as risers and valves.
2.1 Exemplos de topologias de malhas: (a) estruturada, Villar (2008); (b) não
estruturada, Masud; Bhanabhagvanwala; Khurram (2007). . . . . . . . . . 8
2.8 Modelo fı́sico proposto por Campregher (2005): (a) vista lateral do escoa-
mento; (b) vista transversal ao escoamento. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
iii
iv Lista de Figuras
5.6 Sinal temporal da pressão ao longo do tempo para o caso serial (¤) e
paralelo (◦) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84
5.29 Detalhe da esteira sendo desviada para baixo da esfera à medida que ela
desacelera, evidenciado pelos vetores velocidades traçados no plano perpen-
dicular a y, para x = 0, 186 m. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 109
5.52 Posição angular do pêndulo pelo tempo para diferentes valores de coeficiente
de viscosidade. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 125
Lista de Tabelas
xi
Índice
Lista de Tabelas x
1 Introdução 1
1.1 Objetivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
1.2 Metodologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
2 Revisão bibliográfica 7
xiii
xiv Índice
3 Modelagem matemática 43
4 Metodologia numérica 55
5 Resultados 75
7 Conclusões 129
Introdução
1
2 CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO
fluido e uma estrutura é de grande importância para se adotar medidas visando a melhoria
da performance de processos que envolvam esse tipo de interação. Modelos matemáticos
baseados na imposição da presença da estrutura via condição de contorno apresentam a
dificuldade de resolver as equações do fluido em um domı́nio complexo e variável no tempo,
seja pela forma geométrica e/ou pela movimentação da estrutura. Uma alternativa que
permite o uso de uma única malha cartesiana para a solução de problemas que envolvem
movimento ou deformação de estrutura que interagem com fluido, sem a necessidade do
processo de remalhagem, é dado pelo Método da Fronteira Imersa (MFI), proposto por
Peskin (1972). No MFI: (1) considera-se um domı́nio retangular fixo de solução das
equações do fluido que inclui a região ocupada pela estrutura imersa e, (2) modela-se um
termo forçante definido no contorno da estrutura e acrescido às equações do fluido para
impor a presença da estrutura.
1.1 Objetivos
Muitos são os esforços para a compreensão dos problemas de engenharia que envolvem
interação fluido-estrutura, que exigem competência tanto na área de fluido quanto de es-
trututa. Na maioria dos estudos de problemas desta natureza encontrados na literatura,
os autores ou estão mais interessados no comportamento da estrutura, ou estão direci-
onados ao estudo do comportamento do fluido, de forma que simplificam sobremaneira
o modelo matemático da estrutura ou o modelo matemático utlilizado para modelar o
comportamento do fluido. Dada a dificuldade para se obter a solução desta cateoria de
problemas, a presente dissertação propõe estudar o problema de interação fluido-estrutura
composto por um pêndulo simples imerso em um fluido. Trata-se de um problema simples
do ponto de vista geométrico e estrutural mas que resulta em um problema não linear,
complexo, que envolve número de Reynolds variável com o tempo, altos gradientes de
velocidade tanto no espaço quanto no tempo, além de inversões do campo de pressão.
1.2 Metodologia
Uberlândia. É uma ferramenta multi-propósito, que está sendo desenvolvida para solução
de problemas com fronteira imersa, interação fluido-estrutura, entre outros propósitos.
A malhas eulerianas utilizadas nas simulações são geradas pelo próprio programa com-
putacional, enquanto as malhas lagrangianas são geradas a partir de softwares comerciais.
O programa lê os dados geométricos da malha lagrangiana a partir do arquivo de nós e
conectividade fornecido pelo gerador de malha.
Revisão bibliográfica
Essa evolução é observada de forma mais evidente na mecânica dos fluidos computa-
cional, por estar intrinsecamente ligada às ferramentas e aos algoritimos computacionais.
O crescimento foi tal que os desenvolvimentos atravessaram a fronteira da academia e
possibitam hoje a utilização dessas ferramentas na solução de problemas complexos de en-
genharia. Essa área de estudo é, por natureza, multi disciplinar envolvendo engenheiros,
matemáticos, cientistas da computação, entre outros, para a compreensão dos fenôme-
nos fı́sicos e estudo das caracterı́sticas das equações matemáticas envolvidas - em geral,
equações diferenciais.
Como a solução analı́tica geralmente não é possı́vel de ser obtida, tais equações são
discretizadas no tempo e no espaço, gerando sistemas lineares de equações algébricas a ser
resolvidos. Sendo assim, toda simulação numérica prevê, na etapa de pré-processamento,
a geração da malha computacional -resultado da discretização espacial das equações ma-
temáticas. A tarefa de geração de malha não é nada trivial, sendo uma área de trabalho
que envolve muitos estudiosos. No estudo de escoamentos multi-fásicos, por exemplo, é
comum utilizar malhas adaptativas (body-fitted meshes). Esse nome é dado às malhas
7
8 CAPÍTULO 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
(a) (b)
Figura 2.1: Exemplos de topologias de malhas: (a) estruturada, Villar (2008); (b) não
estruturada, Masud; Bhanabhagvanwala; Khurram (2007).
São muitos os esforços para se realizar melhorias nas metodologias baseadas no método
da fronteira imersa. O presente trabalho se empenha no sentido de estudar este tipo de
metodologia e utilizá-la para resolver o problema de interação fluido-estrutura composto
por um pêndulo simples imerso em um fluido. É um problema simples do ponto de
vista geométrico e estrutural mas que resulta em um problema complexo, necessitando-se
resolver o escoamento e a estrutura, de forma concomitante. Desta forma, nesse capı́tulo
será feito um breve resumo do estado da arte a respeito das metodologias que usam
fronteira imersa, bem como do problema de interação fluido-estrutura e processamento
paralelo, com o intuito de fundamentar os assuntos discutidos no presente trabalho.
Considera-se um fluido que ocupa a região Ω, da Figura 2.2, e ω a região ocupada por
um corpo qualquer. Considera-se também as fronteiras Γ e γ como sendo o contorno das
respectivas regiões, Ω e ω. Para se estudar o escoamento do fluido ao redor deste corpo
imerso, usualmente seria criada uma malha compreendendo a região do fluido - de tal
forma a contornar a região do corpo imerso, figura 2.3, e seriam resolvidas as equações de
Navier-Stokes para cada ponto da malha.
10 CAPÍTULO 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Figura 2.2: Corpo qualquer imerso em fluido, representado por domı́nios fictı́cios.
(a) (b)
Figura 2.3: Domı́nio discretizado: (a) malha adaptada ao contorno da geometria; (b)
malha cartesiana.
Em seu trabalho, Glowinski; Pan; Périaux (1998), dizem que essas técnicas foram
inicialmente utilizadas por pesquisadores soviéticos para resolver equações diferenciais
parciais, há mais de quarenta anos atrás. As primeiras metodologias baseadas em FD
para solucionar problemas multi-fásicos ainda utilizavam a abordagem body-fitted meshes
- mencionada no inı́cio deste capı́tulo - e geralmente utilizavam o método dos elementos
finitos combinado com a aplicação de multiplicadores de Lagrange distribuı́dos na região
de interface para simular o corpo imerso, como pode ser visto no trabalho de Glowinski
et al. (1999) e discutido por Yu (2005).
Um dos trabalhos mais citados nesta área é o de Peskin (1972), onde o pesquisador
utiliza a teoria de domı́nio fictı́cio para a simulação de válvulas cardı́acas. Este trabalho
2.1. O MÉTODO DA FRONTEIRA IMERSA 11
é pioneiro, uma vez que em sua metodologia a malha não se adapta à geometria do es-
coamento e a interface fluido-sólido é simulada a partir de um termo de força elástica -
é imposto ao escoamento um campo de força proporcional ao deslocamento da interface.
Este trabalho é referência da origem do método da fronteira imersa (Imersed Boundary
Method - IBM). Tal metodologia faz uso de duas malhas, malha euleriana e malha la-
grangiana, Figura 2.4. Nesta metodologia o autor utiliza o próprio fluido para simular o
corpo imerso. Durante a solução do problema condições são impostas ao fluido na região
de interface de forma que o fluido simule a presença de um corpo imerso nesta região.
Desta forma, todos os cálculos para a solução do fluido são feitos utilizando-se a malha
euleriana; a malha lagrangiana tem a única função de armazenar a posição dos pontos
lagrangianos em relação às coordenadas da malha euleriana. Para o cálculo do campo da
força elástica, considera-se que os N pontos discretos da malha lagrangiana estão unidos
por forças elásticas, dadas por funções f(X1 ,...,XN ) , atuantes sobre os segmentos de retas
que unem dois pontos adjacentes da malha lagrangiana. As forças elásticas são impostas
através de termos forçantes nas equações de Navier Stokes. Após calcular as forças sobre
os pontos da malha lagrangiana, faz-se uma distribuição da amplitude de tais forças so-
bre a malha euleriana nos pontos mais próximos correspondentes à malha lagrangiana -
região onde foram estimadas as forças. Assim, cria-se sobre a malha euleriana um campo
de força que corresponde às forças pontualmente calculadas, de forma discreta, sobre a
malha lagrangiana.
São tantas as metolodogias que utilizam a idéia do método da fronteira imersa que
12 CAPÍTULO 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
fica difı́cil numerar os trabalhos em uma ordem cronológia, ou até mesmo citar todos
os trabalhos desenvolvidos durante os últimos anos. O mais fácil seria organizá-los pela
classe de problemas com os quais estão envolvidos como, por exemplo, problemas de
interação fluido-estrutura, escoamentos multifásicos, etc. O Método da Fronteira Imersa
pode também ser visto como um método de imposição da presença de um copo/interface
por intermédio de um termo forçante para representar uma fronteria através do uso de
malha “simples” como as malhas cartesianas.
Mohd-Yusof (1997) propõe em seu trabalho que a força imposta pela fronteira fosse
calculada com base na equação da quantidade de movimento do fluido na iterface, sem a
interferência de parâmetros ajustáveis. Este método foi batizado de direct forcing method.
Esta metodologia requer algoritmos complexos para definir a posição da interface, além de
interpolar as propriedades fı́sicas das partı́culas de fluido vizinhas fazendo uso de B-splines.
Naturalmente, os cálculos adicionais devido a fronteira-imersa “encarecem” o código do
ponto de vista computacional, ou seja, demanda maiores tempos de processamento. En-
tretanto, para a metodologia proposta pelo autor este problema é atenuado devido ao fato
que o autor faz uso da metodologia pseudo-spectral para solução do problema do fluido.
Tais metodologias trabalham com transformações do tipo Fourrier aplicada ao espaco fı́sico
e são muito mais baratas se comparadas com as metodologias que trabalham aplicando
as equações diferenciais no espaço fı́sico. Em outro trabalho (Mohd-Yusof, 1998) mostra
14 CAPÍTULO 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Fadlun et al. (2000) fazem um breve histórico das metodologias mais conhecidas e que
se baseiam no método da fronteira imersa, comparando-as. Ele compara, por exemplo,
as metolologias propostas por Goldstein e Mohd-Yusof e chega à conclusão de que a
metodologia de Mohd-Yusof apresenta vantagem em relação a metodologia de Goldstein
devido ao menor custo computacional.
A metodologia de Mohd-Yusof foi empregada por Kim; Kim; Choi (2001) utilizando
o método dos volumes finitos para a discretização do domı́nio computacional. A forma
de interpolar os valores da velocidade na região da iterface é modificada para minimizar
os custos computacionais. A equação da continuidade bem como termos fonte/sumidouro
são incorporados para tornar a metodologia mais consistente do ponto de vista fı́sico. A
grande vantagem da metodologia apontada pelos pesquisadores é a maior independência
do número de pontos para a representação da geometria do corpo imerso.
Assim como Mohd-Yusof, Lima e Silva (2003) propuseram metodologias em cujas forças
envolvidas na fronteira imersa também são calculadas a partir do balanço de quantidade
de movimento, denominado Modelo Fı́sico Virtual - MFV. No entando este balanço é feito
sobre uma partı́cula de fluido na superfı́cie do corpo enquanto que na proposta de Mohd-
Yusof o balanço é feito sobre a célula vizinha. Além disso, a interpolação da velocidade
e a distribuição da força na interface são simplificadas a fim de minimizar os custos com-
putacionais. Desta forma, a condição de não-escorregamento é imposta de forma indireta
e não há a necessidade do uso de constantes ad hoc - a força na interface é calibrada por
si só a partir dos parâmetros fı́sicos do escoamento naquela região. O estudo é feito para
bolhas e cilindros circulares imersos, em diversos regimes. Campregher (2005) estende
a metodologia para três dimensões. Neste trabalho, propõe-se um modelo numérico que
permite simular escoamentos ao redor de uma esfera tridimensional ancorada por molas,
capaz de se movimentar sob a ação de forças induzidas pelo próprio escoamento. Vedo-
2.1. O MÉTODO DA FRONTEIRA IMERSA 15
Caracterı́sticas e desvantagens:
• Uso de uma função de distribuição suave para o delta de Dirac e isto implica
na representação enlarguecida da fronteira imersa.
Caracterı́sticas e vantagens:
Caracterı́sticas e desvantagens:
Caracterı́sticas e vantagens:
Caracterı́sticas e desvantagens:
Caracterı́sticas e vantagens:
• Não requer constantes a serem ajustadas para impor a rigidez do corpo. Passo
de tempo restrito pelo método utilizado.
Caracterı́sticas e desvantagens:
Caracterı́sticas e vantagens:
Caracterı́sticas e desvantagens:
2.1. O MÉTODO DA FRONTEIRA IMERSA 17
Caracterı́sticas e vantagens:
Caracterı́sticas e desvantagens:
Caracterı́sticas e vantagens:
Da engenharia mecânica são muitos os exemplos que podem ser citados. Um exem-
plo de problema estudado mundo a fora recentemente é a oscilação das estrutura petro-
quı́micas. Tais oscilações se dá devido às correntes marinhas sobre as estruturas submersas
o que, assim como no problema da ponte em Tacoma, causa o desprendimento de vórtices.
Durante a segunda guerra mundial, muitos foram os esforços empenhados por engenhei-
20 CAPÍTULO 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Figura 2.5: Ruı́na da ponte Tacoma Narrows, devido à condição de ventos constantes, em
1940, Campregher (2005).
ros aeronáuticos para estudar problemas encontrados para projetar aviões cuja velocidade
de cruzeiro eram cada vez maiores, superando a velocidade do som. Ao passar do regime
transônico para o regime super-sônico a estrutura dos jatos eram submetidas a situação
de vibrações tão intensas e severas que avariavam ou mesmo arruinavam a estrutura dos
mesmos. Tais efeitos foram denominados flutter. A Figura 2.6 mostra um ensaio em túnel
de vento de uma aeronave em escala submetida à condição referida. Além deste exemplo,
existem várias situações em que o estudo do problema de fluido-estrutura é imperativo
para a solução de problemas desta área da engenharia.
O que se nota é que uma grande parte dos problemas de interação fluido-estrutura de
engenharia listados acima são casos que envolvem a excitação de uma estrutura imersa
em fluido, excitação esta provocada pela variação de quantidade de movimento do fluido
ao interagir com a estrutura, a qual se movimenta de forma periódica, com a mesma
frequência de desprendimento dos vórtices. Tal classe problemas é denominada problemas
de vibração induzida por vórtices (Vibration Induced by Vortex - VIV ) e, de fato, tem
2.2. INTERAÇÃO FLUIDO-ESTRUTURA 21
.
Figura 2.6: Modelo em escala submetido à condição de flutter em ensaio de túnel de vento,
Campregher (2005)
recebido grandes investimentos a nı́vel mundial. Tal problema é complexo pois é altamente
não linear - devido a interdependência entre o comportamento do fluido e da estrutura.
Existem outros tipos de problemas de fluido-estrutura, tão complexos como estes, como o
estudo de problemas não lineares do tipo choque ou explosões em problemas limitados ou
ilimitados e problemas de vibração de estruturas flexı́veis acopladas a um meio acústico
linear, Morais (2000).
De forma mais generalista Pedroso (1998) apud Morais (2000) propõe classificar os
problemas de interação fluido-estrutura como sendo:
LeTallec, 1998). Para isto as equações matemáticas que modelam o fluido, a estrutura e a
interação entre eles devem ser resolvidas concomitantemente. Isto incorre em um grande
sistema linear e grandes esforços computacionais. No entanto, os resultados são fidedignos.
A segunda abordagem, também denominadas de métodos diretos ou métodos iterativos,
é mais simples do ponto de vista numérico e computacional, trata o problema de fluido
e da estrutura em separado e faz-se um acoplamento entre eles. Como mencionado no
inı́cio desta seção este acoplamento pode se dar na forma de condições de contorno, para
o fluido, ou um campo de forças externas, para a estrutura. Esta metodologia é vantajosa
quanto a sua implementação mas o fato de não resolver as equações de forma acoplada
incorre em alguns prejuı́sos: menor estabilidade do código numérico e menor acurácia dos
resultados obtidos. O problema de estabilidade é devido aos prováveis erros inseridos no
processo de cálculo ao se transitar entre um domı́nio e outro, gerando o que se denomina
de acumulação de energia. Em seu trabalho, Campregher (2005) propõe uma metodologia
baseada no Modelo Fı́sico Virtual para resolver o problema tridimensional composto por
uma esfera ancorada por três molas espaçadas ao longo da sua seção transversal, imersa
em um escoamento, Figura 2.8.
Figura 2.8: Modelo fı́sico proposto por Campregher (2005): (a) vista lateral do escoa-
mento; (b) vista transversal ao escoamento.
Para a solução deste problema o autor utiliza o método dos volumes finitos para a
discretização espacial, com aproximação de segunda ordem para os operadores diferenciais
temporais e espaciais. O acoplamento entre as formulações para o fluido e para o corpo
24 CAPÍTULO 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
imerso se dá de forma a representar a interação entre eles. Este acoplamento é avaliado
pela adição de um termo de força às equações para o domı́nio do fluido. O acoplamento
é feito usando a abordagem particionada. Embora seja uma aproximação, trás maior
liberdade de manuseio do código e possibilita o uso de malhas diferentes para discretizar
os diferenes domı́nios, cada um com as suas devidas caracterı́sticas. A Figura 2.9 mostra
um esquema com a evolução temporal da solução do problema de interação fluido estrutura
segundo a abordagem particionada.
Figura 2.9: Esquema com a evolução temporal da solução do problema de interação fluido
estrutura segundo a abordagem particionada.
Do ponto de vista fı́sico, segundo Soares Júnior (2004), quando dois ou mais sistemas
fı́sicos interagem entre si, a solução independente de qualquer um deles se torna impossı́-
vel. Estes sistemas são denominados acoplados e a intensidade do acoplamento é função
do grau de interação entre os sistemas componentes. Segundo Zienkiewicz e Taylor (2002)
apud Soares Júnior (2004), formulações e sistemas acoplados são aqueles que podem ser
aplicados a variáveis dependentes e domı́nios múltiplos, que usualmente descrevem fenô-
menos fı́sicos nos quais: (a) nenhum dos domı́nios pode ser resolvido de forma separada
2.2. INTERAÇÃO FLUIDO-ESTRUTURA 25
dos demais; (b) nenhum conjunto de variáveis pode ser explicitamente eliminado ao nı́vel
de equações diferenciais. Além disso, segundo os autores os sistemas acoplados podem ser
classificados segundo duas categorias:
a. Problemas nos quais o acoplamento ocorre nas interfaces dos domı́nios, via condições de
contorno. Geralmente estes domı́nios são representados por modelos matemáticos
diferentes sendo, contudo, possı́vel a hipótese de acoplamento entre eles e podem
também ser discretizados por diferentes métodos.
Figura 2.12: Campo de pressão e vetores velocidade para diferentes tempos de simulação
com µf = 0, 005[kg/m s], massa especı́fica do fluido ρ1 = 1, 1[kg/m3 ] e massa especı́fica
do pêndulo ρ2 = 5[kg/m3 ], Juarèz (2003).
d2 θ
+ α sin θ + β = 0, (2.1)
dt2
em que
( )
g ρg
α= 1− , (2.2)
l ρe
Cd ωe2 l Ap
β=± , (2.3)
2∀e l
28 CAPÍTULO 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Figura 2.13: História da posição angular dos pêndulos (superior esquerdo), velocidade
angular (superior direito) e distância de separação entre os pêndulos (abaixo) com µf =
0, 005[kg/m s], ρ1 = 1, 1[kg/m3 ] e ρ2 = 5[kg/m3 ], Juarèz (2003).
24µf 6
Cd = + √ + 0, 4, (2.4)
ωe lDe 1 + ReD
em que µf é a viscosidade dinâmica do fluido, De corresponde ao diâmetro da esfera e
ReD é o número de Reynolds, dado pela equação:
ρf ωe lDe
Red = . (2.5)
µf
d2 θ dθ
2
+ β∗ + α sin θ = 0, (2.6)
dt dt
em que ( )
g ρg
α= 1− , (2.7)
l ρe
C
β∗ = ± , (2.8)
me l
2.4. PROCESSAMENTO PARALELO 29
Figura 2.15: Evolução da velocidade de processamento ao longo dos anos segundo a contri-
buição relativa ao desenvolvimento dos algoritimos e ao aprimoramento dos computadores
- “hardwares”, U.S. Department of Energy, 2004, apud Vedovoto (2009).
Segundo Michael Flynn (1972) apud Campregher (2005), a teoria de processamento para-
lelo teve inı́cio muito antes da efetiva construção dos supercomputadores e clusters. Em
seu artigo, Flynn (1966) classifica os tipos de arquiteturas de processamento,ficando essa
classificação conhecida como Taxonomia de Flynn.
A terceira classificação feita por Flynn é a “Multiple Instruction / Single Data - MISD”,
processamento quando se realiza múltiplas instruções sobre um único dado.
Os algoritmos evoluı́ram de tal forma que não mais se pode classificar de forma simpló-
ria os tipos de processamento de dados, como proposto pela Taxonomia de Flynn, ficando
esta classficação apenas para exemplificar os tipos básicos de processamento.
Ainda dentro da classe de problemas que lidam com processos do tipo MIMD, pode-se
utilizar a memória do computador de duas formas: memória distribuı́da, onde cada proces-
sador possui sua própria memória e realiza operações sobre ela e memória compartilhada,
32 CAPÍTULO 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
processar as suas respectivas informações. Além destes fatos, deve-se levar em conside-
ração o poder computacional individual de cada unidade de processamento pois ao se
montar um cluster de computadores o mesmo pode ser feito com computadores de mesma
capacidade de processamento, ou seja um cluster homogêneo, ou com computadores de
capacidade computacional diferente, clusters não homogêneos. A distribuição de carga
em problemas paralelos não é uma tarefa trivial, principalmente quando se utiliza clusters
não-homogêneos.
cálculo. Por isto, cada tipo de problema exige a proposta de uma metodologia de parale-
lização. Assim, deve-se avaliar todos os efeitos fı́sicos, geométricos e numéricos e recurcos
computacionais disponı́veis antes de se propor uma metodologia de paralelização e, enfim,
a estrutura de dados de um código computacional para resolver um problema numérico
de forma paralela. Via de regra paralelizar um código serial sem que se tenha planejado a
versão paralela incorre em ter que refazer toda a estrutura de dados do código e reescrever
grande parte deste.
• local ou global,
• estática ou dinâmica,
Comunicação estática se dá quando as identidades dos dados a serem trocados não
variam ao longo da simulação, de outra forma quando estas variam, utiliza-se a nomencla-
1
Quando se deseja paralelizar uma série de instruções, geram-se processos, para os quais especificam-
se suas instruções e especificam-se qual(is) processo(s) cada processador irá receber. Desta forma, um
mesmo processador pode executar um ou mais processos e cada um destes processos tem os seus respectivos
vizinhos, que podem não ser os mesmos.
36 CAPÍTULO 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
TS
S(N ) = , (2.9)
TN
em que TS é o tempo gasto pelo programa quando utilizado apenas um processador e TN
o tempo gasto por N computadores/processadores.
S(N )
E(N ) = . (2.10)
N
tem a capacidade de aumentar o seu speedup à medida que mais processadores são adi-
cionados ao processo de cálculo. Esta caracterı́stica é muito importante, principalmente
para os códigos utilizados para resolver problemas que lidam com volume de dados muito
grandes, como é o caso em que se deseja executar uma simulação com a metodologia DNS
(Direct Numerical Simulation - Simulação Numérica Direta2 ). Caso contrário o tempo
computacional é inviável.
Vale lembrar que estes são apenas alguns exemplos clássicos da literatura de metodo-
logias de paralelização. Um tipo de paralelização que está em voga sendo explorada no
momento é a programação do tipo CUDA™/GPU. CUDA é um tipo de linguagem depro-
gramação utilizado para gerar programas computacionais a serem executados em unidades
de processamento gráficos (GPU), ou seja, a serem executadas nos processadores presentes
nas placas de vı́deo dos computadores. As unidades de processamento existentes nas placas
de vı́deo modernas tem performance extremamente elevadas se comparadas ao processa-
dor principal do computador. Além disso, estes hardwares são multi processados, chegam
a possuir 240 núcleos de processamento, enquanto os processadores comuns possuim até
2
DNS é a metodologia utilizada para resolver problemas que envolvem turbulência e que a malha e
o passo de tempo são tão pequenos que se calcula todos as freqências/escalas do escoamento - não é
necessário o emprego de modelo de turbulência.
38 CAPÍTULO 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
especı́ficos para cada empresa. Apesar disto, vendo a demenda por compuatação de alto
desempenho, estas empresas estão adequando as arquiteturas destes equipamentos a fim
de resolver problemas genéricos de forma que já é possı́vel se comercializar clusters que
utilizam processadores do tipo GPU para processamento paralelo.
O primeiro projeto de um cluster Beowulf teve inı́cio ao final de 1993 nos CESDIS (Center
of Excellence in Space Data and Information Science), Maryland, EUA. Foi financiado em
parte pela NASA. Foi projetado por Donald Becker e Tomas Sterling, para ser um cluster
de baixo custo e com componentes comuns. O primeiro protótipo foi construı́do em 1994
com 16 processadores DX4, conectados a uma rede Ethernet de 10MBits/s, a um custo
de 40.000 U$, atingindo a velocidade de processamento de 70 megaflops, algo substancial
em relação ao poder de cálculo dos computadores de alto desempenho da época. Beowulf
representa uma filosofia de clusters, atendendo as seguintes caracterı́sticas:
• Nenhum de seus componentes deve ser feito sob encomenda, todos devem ser adqui-
ridos no comércio convencional;
Modelagem matemática
43
44 CAPÍTULO 3. MODELAGEM MATEMÁTICA
∂ρ ∂ρui
+ = 0, (3.1)
∂t ∂xi
∂ρui ∂ρui uj ∂p ∂
+ =− + (τij ) + fi + ρgi , (3.2)
∂t ∂xj ∂xi ∂xj
em que, para fluidos newtonianos,
( )
2 ∂uk ∂ui ∂uj
τij = − µ δij + µ + , (3.3)
3 ∂xk ∂xj ∂xi
sendo as propriedades fı́sicas variáveis.
∫
f⃗(⃗x, t) = F⃗ (⃗x, t)δ(⃗x − x⃗k )d⃗xk , (3.4)
Ω
Figura 3.1: Posição dos pontos eulerianos e lagrangianos, ⃗x e ⃗xk , Campregher (2005).
Todo processo de filtragem se dá com a decomposição de uma variável em seu valor médio
e sua flutuação:
ρϕ
ϕ= . (3.6)
ρ
A partir da aplicação das equações 3.5 e 3.6 em 3.2 pode-se obter um sistema de equa-
ções de Navier-Stokes filtradas para a turbulência, utilizando-se as definições de filtragem
e filtragem ponderada pela massa especı́fica, resultando nas equações filtradas,
∂ρ ∂ρui
+ = 0, (3.7)
∂t ∂xi
46 CAPÍTULO 3. MODELAGEM MATEMÁTICA
( ( ) )
∂ρui ∂ρui uj ∂p ∂ ∂ui ∂uj ∂uk
+ =− + µ + +α δij + fi + ρgi . (3.8)
∂xj ∂xj ∂xi ∂xj ∂xj ∂xi ∂xk
( ( ) )
∂ρui ∂ρui uj ∂p ∂ ∂ui ∂uj ∂uk
+ =− + µ + +α δij − τij + fi + ρgi . (3.9)
∂t ∂xj ∂xi ∂xj ∂xj ∂xi ∂xk
Cabe notar que para que se possa revolver as equações filtradas necessita-se de um
modelo para o tensor τij , ou seja, resolver o clássico problema de fechamento da turbulên-
cia. De uma forma geral os métodos utilizados para o fechamento da turbulência podem
seguir duas abordagens: aqueles baseados na hipótese de Boussinesq e aqueles baseados
em equações de transporte para as componentes do tensor de Reynolds. As formulações
utilizadas para desenvolvimento deste trabalho são formulações baseadas no conceito de
viscosidade turbulenta, ou seja, modelos derivados da hipótese de Boussinesq.
Uma proposta de modelagem do tensor de Reynolds foi formulada por Boussinesq (Silveira
Neto, 2002). Tal modelo presupõe que as tensões turbulentas de Reynolds sejam propor-
cionais às taxas de deformação gerada pelo campo de velocidades filtrado e a energia
cinética turbulenta:
( )
∂ui ∂uj 2
τij = µt + − δij ρk, (3.10)
∂xj ∂xi 3
em que
1 ( ′ ′ ) 1 ( ′2 )
k≡ ui ui = u + v ′ 2 + w′ 2 . (3.11)
2 2
( ( ) )
∂ρui ∂ρui uj ∂p∗ ∂ ∂ui ∂uj ∂uk
+ =− + (µ + µt ) + +λ δij + fi + ρgi , (3.12)
∂t ∂xj ∂xi ∂xj ∂xj ∂xi ∂xk
2
p∗ = p + ρk. (3.13)
3
O modelo submalha escolhido para LES foi proposto por Smagorinsky (1963) e foi o
primeiro modelo para o tensor de Reynolds submalha. É um modelo de implementação
48 CAPÍTULO 3. MODELAGEM MATEMÁTICA
simples, porém é exigente quanto ao refinamento de malha, uma vez que ele se presta
à modelagem apenas das menores escalas da turbulência. O modelo de Smagorinsky é
um modelo submalha algébrico, baseado na hopótese de equilı́brio local para as pequenas
escalas, ou seja, que aprodução de tensões turbulentas sub-malha seja igual à taxa de dissi-
pação da energia turbulenta. Aviscosidade é calculada em função da taxa de deformação,
Sij , e da escala de comprimento l:
√
2
µt = (Cs l) 2 Sij Sij , (3.14)
1
em que l = (δxδyδz) 3 é a escala sub-malha, função da malha de discretização. Cs é
a constante de Smagorinsky, relacionada à transferência de energia das grandes para as
pequenas escalas. Por fim, a taxa de deformaçãoo Sij é calculada com base no campo de
velocidade filtrado:
( )
1 ∂ui ∂uj
Sij = + . (3.15)
2 ∂xj ∂xi
Para modelar o problema estrutural, figura 3.3(a), são feitas algumas considerações. A
esfera parte do repouso, de uma posição angular qualquer θ, medida a partir da referência
vertical, como mostrado na figura 3.3(b). O fio que sustenta a esfera é considerado como
rı́gido, ou seja, a distância R entre o centro de rotação O e o centro de massa da esfera M
é sempre constante (não há deslocamento na direção r). Os esforços externos aos quais a
esfera é submetida são: a força de contato T devido a força de tração no fio, a força de
50 CAPÍTULO 3. MODELAGEM MATEMÁTICA
(a) (b)
campo P que é a força peso devido ao efeito do campo gravitacional da terra e as forças
de superfı́cie E e Ff que são respectivamente a força de empuxo e a força fluidodinâmica.
→ ∑ ⃗
N
−
Ff = −Fk ∆Vk , (3.18)
k=1
Da teoria da dinâmica dos corpos rı́gidos pode-se obter as relações entre as forças e
momentos aplicados a um corpo rı́gido e o movimento resultante (expresso em termos
da aceleraçaão do centro de massa e da aceleração angular do corpo). Visando esses
resultados, aplica-se a segunda lei de Newton sobre a esfera. Para isso, o somatório das
forças exercidas sobre a esfera é aplicado sobre o seu centro de massa, decompondo-as
segundo as direções radial r e tangencial τ , conforme mostrado na figura 3.3(b).
dessas forças decompostas segundo a direção τ , representado por (Fres )τ , são responsáveis
pelo momento resultante em torno do eixo perpendicular ao plano x′ z ′ e que passa pelo
ponto O. Esse momento resultante é calculado da seguinte maneira:
2 2
Iy′ = mesf ( resf + R2 ), (3.22)
5
em que resf é o raio da esfera.
dωy′
= αy′ . (3.23)
dt
dθ
= ωy′ . (3.24)
dt
3.5. EQUACIONAMENTO PARA O MODELO ESTRUTURAL 53
Metodologia numérica
55
56 CAPÍTULO 4. METODOLOGIA NUMÉRICA
Figura 4.1: Arranjo de variáveis na malha computacional: (a) arranjo deslocado; (b)
arranjo co-localizado. As variáveis escalares são representadas por ◦ e as vetorias por ↑ e
→.
A escolha mais simples a ser feita é o arranjo co-localizado, uma vez que a imple-
mentação computacional é simplificada, especialmente no caso de malhas não-ortogonais
(FERZIGER E PERIC, 2002), e nos casos de processamento distribuı́do (VEDOVOTO,
2007). No entanto, se as componentes da velocidade e a pressão forem calculadas na
mesma posição, devido a dificuldades com o acoplamento-pressão velocidade, pode-se ter
oscilações no campo de pressão. Estas oscilações são conhecidas como tabuleiro de xadrez
ou “checkerboard”.
Dentre as vantagens de se empregar o arranjo deslocado, podem ser citadas como mais
importantes o forte acoplamento entre pressão e velocidade, pois os gradientes da primeira
propriedade coincidem com a posição da segunda, sendo que estas já estão armazenadas
nas faces do volume de controle, Vedovoto (2009). Outra importante qualidade apon-
4.2. DISCRETIZAÇÃO TEMPORAL 57
[( ) ( ) ]
1 1 1
γ+ u n+1
− 2γu + γ +
n
u n−1
= (γ + 1)f(un ) − γf(un−1 ) +
k 2 2
[( c) c ]
ν γ+ g(un+1 ) + (1 − γ − c)g(un ) + g(un−1 ) , (4.1)
2 2
(1 )
• Crank-Nicolson - Adams-Bashfort (CNAB), (γ, c) = 2
,0 ;
(1 1
)
• Modified Crank-Nicolson - Adams-Bashfort (MCNAB), (γ, c) = ,
2 8
;
[( ) ( ) ]
1 1 1
γ+ u n+1
− 2γu + γ +
n
u n−1
=
2 k 2
( c) c
γ+ (h(un+1 ) + j(un+1 ) ) + (1 − γ − c)(h(un ) + j(un ) ) + (h(un−1 ) + j(un−1 ) ), (4.2)
2 2
(( ) ) ) (
1 1
ρ u
γ+ + 2γρ u + γ −
n+1 n+1 n n
n−1 n−1
ρ u
2 2 ∂pn+1
=−
∆t ∂xi
( ( ( ) ) )
n+1 n+1 n+1 n+1 n+1 n+1
∂ ∂ui ∂uj ∂uI ∂ρ ui uj
+(γ − c/2) n+1
µef + +λ δij −
∂xj ∂xj ∂xi ∂xi ∂xj
( ( ( n ) ) )
∂ ∂ui ∂unj ∂uni ∂ρn−1 uin−1 un−1
j
+(1 − γ − c) n
µef + λ δij −
∂xj ∂xj xi ∂xi ∂xj
+fin+1 + ρn+1 gi . (4.3)
Assumindo
( ( ( ) ) )
∂ ∂un+1 ∂un+1
j ∂un+1 ∂ρn+1 un+1
i un+1
j
h2 = µn+1
ef
i
+ +λ I
δij − , (4.4)
∂xj ∂xj ∂xi ∂xi ∂xj
( ( ( ) ) )
∂ ∂uni ∂unj ∂unI ∂ρn uni unj
h1 = µnef + +λ δij − , (4.5)
∂xj ∂xj ∂xi ∂xi ∂xj
e
4.3. O MÉTODO DE PROJEÇÃO 59
( ( ( ) ) )
∂ ∂un−1 ∂un−1
j ∂un−1 ∂ρn−1 un−1
i ujn+−1
h0 = µn−1
ef
i
+ + λ I δij − . (4.6)
∂xj ∂xj ∂xi ∂xi ∂xj
(( ) ( ) )
1 1
γ+ n+1 n+1
ρ u + 2γρ un + γ −
n
ρ un − 1
n−1
2 2 ∂pn+1
=− (4.7)
∆t ∂xi
+(γ − c/2)g2 + (1 − γ − c)g1 + (c/2)g0 + fi + ρ gi .
n+1 n+1
(4.8)
( )
• Crank-Nicolson (CN), para (γ, c)= 12 , 0 ;
O método de projeção utilizado nesta metodologia é baseado nos trabalhos de Choi e Moin
(1994), onde os autores propõem um método preditor-corretor totalmente implı́cito, e no
trabalho de Lessani e Papalexandris (2006), onde o autor utiliza um método preditor-
corretor aplicado a escoamentos com massa especı́fica variável. A seguir é apresentado,
de forma sucinta, tal algorı́timo de acoplamento de pressão-velocidade.
∆t ∂ n+1
ũn+1
i = un+1
i + (q ), (4.9)
ρn+1 ∂xi
em que o termo q n+1 surge devido a estimativa da pressão no tempo preditor,
∂
ρn+1 ũn+1
i = ρn+1 un+1
i + ∆t (q). (4.11)
∂xi
(( ) ) ( )
1 1
γ+ ρn+1 ũn+1 + 2γρn un + γ − ρn−1 un−1
2 2 ∂pn
=
∆t ∂xi
+ (γ − c/2) g2 + (1 − γ − c) g1 + (c/2) g0 + fi + ρ gi .
n+1 n+1
(4.12)
( ) ( )
1 1
γ+ ρn+1 ũn+1
i γ+ ρn+1 un+1
i
2 2 ∂pn+1 ∂pn
+ = − . (4.13)
∆t ∆t ∂xi ∂xi
( )
1
γ+
2 ( ) ∂q
ρn+1 ũn+1
i − ρn+1 un+1
i = . (4.14)
∆t ∂xi
( )
1
γ+ ( ) ( )
2 ∂(ρn+1 ũn+1 ) ∂(ρn+1 un+1 ) ∂ ∂q
− = . (4.15)
∆t ∂xi ∂xi ∂xi ∂xi
( )
1
γ+ ( )
2 ∂(ρn+1 ũn+1 ) ∂ρ ∂ ∂q
+ = ( ), (4.16)
∆t ∂xi ∂t ∂xi ∂xi
podendo ser reescrita da forma,
( )
1
γ+ ( )
∂2q 2 ∂(ρn+1 ũn+1 )
= . (4.17)
∂x2i ∆t ∂xi
1( )
2 n+1
∂ q γ+ n+1 n+1
= 2 ∂(ρ ũi ) . (4.18)
∂x2i ∆t ∂xi
2. com o campo de pressão estimado, resolve-se o sistema linear para a pressão esti-
mada, equação 4.18;
Há dois pontos de vista diferentes na análise de problemas em mecânica dos fluidos: a
abordagem lagrangiana e a euleriana. No método euleriano calcula-se o campo de pressão
62 CAPÍTULO 4. METODOLOGIA NUMÉRICA
p(x, y, z, t), e não as variações de pressão p(t) que uma partı́cula individual experimenta
quado ela se move pelo espaço. O segundo método, que segue a partı́cula individual
movendo-se no fluido, é a chamada descrição lagrangiana. Toda formulação baseada no
método da fronteira imersa utiliza a abrodagem lagrangiana. Portanto, todas as infor-
mações de acoplamento entre o fluido e a estrutura imersa são calculadas sobre pontos
discretos dispersos no domı́nio computacional euleriano, na região de fornteira entre o
fluido e a estrutura. Para caracterização geométrica da estrutura imersa o código compu-
tacional faz uso de uma malha, chamada malha lagrangiana. Esta malha pode ser gerada
a partir de softwares geradores de malha e exportados para um arquivo texto que é lido
na inicialização do programa, Vedovoto (2007).
A malha pode ser composta por elementos triangulares ou por quadriláteros, como
mostrdo na figura 4.2. Uma vista detalhada de um elemento triangular pode ser vista na
figura 4.3. Os lados dos elementos são formados por segmentos designados por S1 , S2 e
S3 entre os vértices P1 , P2 e P3 . Desta forma, os lados do triângulos são definidos por
S1 = P1 P2 , S2 = P3 P2 e S3 = P3 P1 . No caso de elementos do tipo quadrilátero segue-se
a mesma lógica, tendo o acréscimo do vértice P4 , logo os segmentos serão: S1 = P1 P2 ,
S2 = P3 P2 , S3 = P3 P4 e S4 = P4 P1 .
Pode-se deduzir que a área definida pelos elementos triangulares é dada por,
√
∆AK = Sk (S − S1 )(S − S2 )(S − S3 ), (4.19)
em que
1
Sk = (S1 + S2 + S3 ) (4.20)
2
é o comprimento médio dos lados do triângulo. Para o caso de elementos quadriláteros
divide-se este elemento em dois, através da criação de um seguimento ligando os vértice
P1 e P3 , definindo o seguimento S5 = P3 P1 . Desta forma, a área do quadrilátero é dada
pela soma da área dos dois triângulos resultantes:
√
∆Ak1 = (Sk1 (S − S1 )(S − S2 )(S − S5 )) (4.21)
4.4. REPRESENTAÇÃO DO DOMÍNIO LAGRANGIANO 63
Figura 4.2: Malhas lagrangianas: composta por elementos triangulares e por elementos
do tipo quadriláteros, Vedovoto (2009).
√
∆Ak2 = (Sk2 (S − S5 )(S − S3 )(S − S4 )). (4.22)
1
Sk1 = (S1 + S2 + S5 ) (4.23)
2
1
Sk2 = (S3 + S4 + S5 ). (4.24)
2
Figura 4.3: Detalhe dos parametros geométricos de um elemento de malhar do tipo trian-
gular, Vedovoto (2007).
∫
f⃗(⃗x) = δ(⃗x − ⃗xk )F⃗ (⃗xk )dn⃗xk . (4.25)
Rn
∫
f⃗(⃗x) = F⃗ (⃗xk )δ(⃗x − ⃗xk )d⃗xk , (4.26)
Ωk
∫ 1, se ⃗x ∈ Ω
k k
δ(⃗x − ⃗xk )d⃗x = .
Rn 0, se ⃗x ∈/ Ω
k k
Esta função age como o núcleo de uma transformada integral (centrada em ⃗xk ), que
promove a transposição entre os domı́nios lagrangiano e euleriano (GRIFFITH; PESKIN,
2005 apud CAMPREGHER, 2005). A tansferência de informações entre as malhas é feita
4.4. REPRESENTAÇÃO DO DOMÍNIO LAGRANGIANO 65
∑
fi = Fik Di ∆Ak ∆Sk . (4.27)
k
∏ { φ[(xk − xi )/∆xi ] }
Di (xk ) = , (4.28)
i
∆xi
em que φ é uma função peso, definida como:
φ̃(r) se ∥ r ∥< 1
1
φ(r) = − φ̃(2−r) se 1 <∥ r ∥< 2 , (4.29)
2
0 se ∥ r ∥> 2
√
3 − 2 ∥ r ∥ + 1 − 4 ∥ r ∥ +4 ∥ r ∥2
φ̃(r) = . (4.30)
8
A função φ(r) é exemplificada na figura 4.4. Tem a forma similar de uma gaussiana e
atende à propriedade de intergral unitária quando integrada no intervalo [−∞, ∞].
Figura 4.4: Função distribuição do tipo gaussiana proposta por Unverdi e Tryggvason
(1992) apud Campregher (2005).
Outras funções distribuição são propostas neste trabalho. São diferenciadas segundo
66 CAPÍTULO 4. METODOLOGIA NUMÉRICA
a forma de propor a função peso. A função denominda cúbica, é proposta por Tornberg
e Engquist (2005) apud Griffith e Peskin (2005) da seguinte forma:
1 1
1− | r | − | r |2 + | r |3 se 0 ≤| r |< 1
2 2
11 1
φc (r) =
1− | r | − | r | + | r |3 se 1 ≤| r |< 2
2 (4.31)
6 6
0 se 2 ≤| r |
As equações aqui apresentadas são resultado da proposta de Wang; Fan; Luo (2008), uma
metodologia baseada no método de imposição direta de forças para representação de um
corpo imerso em um escoamento, metodologia exposta com maiores detalhes em seção
posterior.
Partindo das equações que modelam o fluido, equação 3.2, e isolando o termo de forças
externas atuantes sobre esse domı́nio, resulta em:
∂ρui ∂ρui uj ∂p ∂
fi = + + − (τij ) − ρgi . (4.32)
∂t ∂xj ∂xl ∂xj
Como a equação 4.32 foi desenvolvida a partir da hipótese do contı́nuo e que o domı́nio
da fronteira imersa está contido no domı́nio do fluido (Ωk ⊂ Ω), pode-se definir a força
lagrangiana através da equação 4.33.
∂ρUi ∂ρk Ui Uj ∂P ∂
Fi(X,t)
⃗ = + + − (τij ) − ρk gi , (4.33)
∂t ∂xj ∂xl ∂xj
ρk Uit+∆t − ρk Uit
Fi(X,t)
⃗ = + RHSit , (4.34)
∆t
4.4. REPRESENTAÇÃO DO DOMÍNIO LAGRANGIANO 67
onde o termo RHS, “Right Hand Side”, chamado lado direito da equação, é dado por:
∂(ρk Ui Uj ) ∂p ∂
RHS l = + − (τij ) − ρk gi , (4.35)
∂xj ∂xi ∂xj
Wang; Fan; Luo (2007) propõem somar e subtrair um parâmetro temporário, Ui∗ ao
termo forçante, equação 4.34, resultando em,
t+∆t
⃗ t) = Ui − Ui∗ + Ui∗ − Uit
Fi (X, + RHSit . (4.36)
∆t
Ui∗ − Uit
+ RHSit = 0, (4.37)
∆t
∑
U∗ = u∗l Dh (Xi − xi )h2 . (4.39)
Ω
Esta operação pode ser interpretada como a operação inversa à operação de distribui-
ção. Enquanto que no processo de distribuição a informação de um ponto lagrangiano é
transmitida para os vizinhos eulerianos, na função interpolação transfere-se a informação
68 CAPÍTULO 4. METODOLOGIA NUMÉRICA
dos pontos eulerianos vizinhos para um ponto lagrangiano. Estas transferências de infor-
mações são ponderadas pela distância entre o ponto lagrangiano e os respectivos pontos
eulerianos vizinhos envolvidos no cálculo, através da função peso Di . Esta função pode
ser calculada pelas equações 4.29 e 4.31.
Nesta seção é descrita a metodologia proposta por Wang; Fan e Luo (2007), uma mo-
dificação da metodologia de imposição direta de forças através de um termo temporal,
proposto por Uhlmann (2005), e cuja força é modelada tendo como base o modelo de
Silva; Silveira-Neto; Damasceno(2003). O método proposto pelos autores, denominado
“Multi-Direct Forcing”, propõem resolver o termo forçante de forma iterativa com o intuito
de garantir a condição de não escorregamento na região da fronteira imersa. Foi escolhido
para a aplicação em problemas de interção fluido-estrutura pois ao mesmo tempo que leva
em consideração os efeitos fı́sicos que ocorrem sobre a fronteira sólido-fluido ao utilizar o
modelo proposto por Silva; Silveira-Neto; Damasceno(2003), utiliza a idéia da imposição
direta da força através de um termo temporal, proposto por Uhlmann (2005), e inclui um
processo iterativo para o cálculo da força lagrangiana com o intuito de garantir a condição
de não escorregamento na interface. Tem vantagem sobre a metodologia de Uhlmann por
modelar o termo forçante com maior rigor fı́sico e tem vantagem em relação à metodologia
de Silva; Silveira-Neto; Damasceno(2003) pois garante com maior rigor a condição de não
escorregamento em todo passo de tempo, enquanto a metodologia de Silva; Silveira-Neto;
Damasceno(2003) necessita de alguns passos de tempo para representar o corpo imerso
no escoamento e utiliza para isso passos de tempo muito pequenos, da ordem de 10−6 [s].
Quase sempre, ao final deste processo, Ult+∆t ̸= ULn+1 , ou seja a condição de não escor-
regamento não é satisfeita. Por este motivo, Wang; Fan; Luo (2007) propõem utilizar de
forma iterativa o algorı́timo do método de forçagem direta, fazendo com que a velocidade
nos pontos lagrangianos convirjam para a velocidade da fornteira imersa. Para isso, com
o novo valor da velocidade obtida pelo método da forçagem direta (Ult+∆t ), calcula-se uma
nova força lagrangiana e, por fim, estima-se novamente a velocidade na fronteira, Ult+∆t .
Como a nova força é calculada com base na diferença entre a velocidade obtida ao final
da iteração corrente e a velocidade real da fronteira, sua magnitude é menor que a obtida
na primeira iteração, pois a velocidade é mair próxima da velocidade da fronteira. Assim,
ao longo das iterações a magnitude da força decai, tendendo a 0 (zero) quando a veloci-
dade estimada se aproxima da velocidade da fronteira calculada pelo modelo estrutural
ULn+1 . Ao final do processo iterativo, assume-se o valor da força lagrangiana, como sendo
o somatório das parcelas de forças obtidas ao longo das iterações.
4 3
mesf = Vesf ρesf = π r ρesf , (4.40)
3 esf
em que Vesf é o volume da esfera. Consequentemente, pode-se determinar a força peso da
esfera, através da equação 3.16, e o valor da força de empuxo, equação 3.17.
Da mesma forma, com os valores dos dados de entrada, aplicando-os na equação 3.22,
obtém-se o valor do momento de inércia.
70 CAPÍTULO 4. METODOLOGIA NUMÉRICA
Como a força lagrangiana é obtida através das equações de Navier-Stokes para as dire-
ções x, y, z, a força fluido-dinâmica F⃗fn+1 também é calculada segundo as três componentes
x, y, e z, da seguinte forma:
∑
N
(Ffn+1 )x = (Fkn+1 )x ∆Vk , (4.41)
k=1
∑N
(Ffn+1 )y = (Fkn+1 )y ∆Vk , (4.42)
k=1
∑N
(Ffn+1 )z = (Fkn+1 )z ∆Vk , (4.43)
k=1
em que (Fkn+1 )x é a parcela de força lagrangiana, em [N ], que atua sobre uma dada
partı́cula de fluido k, na direção x, ∆Vk é o volume elementar dessa partı́cula de fluido,
em [m3 ], e, consequentemente, (Ffn+1 )x é a força total na direção x que atua sobre toda
a superfı́cie da esfera. Analogamente, (Fkn+1 )y é a parcela de força lagrangiana que atua
sobre uma partı́cula de fluido k na direção y, (Ffn+1 )y é a força total em y que atua sobre
a esfera, (Fkn+1 )z é a força sobre uma partı́cula de fluido k na direção z e (Ffn+1 )z a força
total em z que atua sobre a superfı́cie da esfera. Todas estas forças são calculadas no
tempo n + 1.
(Ffn+1 )y = 0. (4.44)
M − xO ),
MPn+1 = (P )τ R = P sin(θ) R = P (xn+1 (4.45)
Da mesma forma, o momento causado pela força de empuxo no tempo n+1 é calculado
da seguinte forma:
M − x0 ).
MEn+1 = (E)τ R = E sin(θ) R = E(xn+1 (4.46)
n+1
M(F f)
n+1 x
x = (Ff ) cos(θ) R = (Ffn+1 )x (zM
n+1
− z0 ), (4.47)
M − x0 ),
n+1 n+1 z
M(F f)
z = (Ff ) sin(θ) R = (Ffn+1 )z (xn+1 (4.48)
n+1
em que zM é a coordenada z do centro de massa da esfera M e zO é a coordenada z do
centro de rotação do pêndulo, ponto O mostrado na figura 3.4.
∑
n+1 n+1 n+1
n+1
Mres = MO = M(F f)
x + M(F )z + MP
f
+ MEn+1 . (4.49)
n+1
Mres
αy′ = . (4.50)
Iy ′
ωyn+1
′ = ωyn′ + αyn+1
′ ∆t, (4.51)
Para obter a nova posição angular da esfera discretiza-se a equação 3.24. Para melhor
se estimar a posição angular em t = n + 1 admite-se que uma velocidade angular média
ω y′ ao longo do passo de tempo entre t = n e t = n + 1, dada por:
ωyn′ + ωyn+1
′
ω y′ = . (4.52)
2
n+1 n
ωyn′ + ωyn+1
′
θ = θ + ∆t . (4.53)
2
Calculado deslocamento angular sofrido pelo pêndulo, pode-se calcular a nova posição
para cada ponto lagrangiano, da seguinte forma:
xn+1
k = xnk + ∆x = xnk + [(xnk − xO ) cos(∆θ) − (zkn − zcn ) sin(∆θ)], (4.54)
∆θ = θn+1 − θn . (4.56)
cada ponto lagrangiano, da mesma forma como calculado para o centro de massa da esfera,
equação 3.25. Desta forma, a velocidade para um determinado ponto lagrangiano é dada
por:
Vkn+1 = 0, (4.58)
em que ⃗xk é o vetor posição do ponto lagrangiano em relação ao eixo de coordenadas não
inercial e ⃗xO é o vetor posição do centro do eixo de coordenadas inerciais, coincidente com
o centro de rotação do pêndulo.
74 CAPÍTULO 4. METODOLOGIA NUMÉRICA
Resultados
Foram feitas análises a respeito do método multi-forçagem. Nestes testes fica evidente
a capacidade da metodologia de se resolver problemas que envolvem escoamento ao redor
de geometrias não deformáveis, garantindo a condição de não escorregamento. Foi exposta
também a necessidade da análise prévia do número de interações utilizadas pelo método,
o que influencia, além da condição de não escorregamento, nos parâmetros fı́sicos deste
escoamento.
feito. Através deste estudo pode-se demonstrar que a ferramenta numérica é capaz de
simular este tipo de escoamento para diferentes números de Reynolds e cujos resultados
numércos se aproximam dos dados encontrados na literatura
Nesta seção são mostrados alguns resultados relativos à validação do código computacio-
nal, no que se refere ao método da fronteira imersa. A proposta é resolver as equações de
Navier-Stokes para um problema que tenha solução analı́tica.
O método das soluções manufaturadas foi proposto por Chorin (1968). Em seu trabalho
o autor utiliza o método das soluções manufaturadas para a validação e verificação de
ordem para o método preditor-corretor.
• tais soluções são substituidas nos termos das equações de Navier-Stokes e admite-se
um termo fonte para estas equações. Estas equações são resolvidas analiticamente;
posse dos dois resultados, pode-se fazer análise de acurácia do procedimento numérico,
bem como determinar a ordem de convergência da metodologia utilizada.
onde µ e ρ são constantes, ou seja, esta solução é válida somente para escoamentos in-
compressı́veis.
UL = ut+∆t
a . (5.9)
Todas as soluções numéricas das equações de Navier-Stokes, com os termos fonte acima
apresentados foram obtidas para um domı́nio de cálculo com dimensões 4π ×2π ×2π. Esse
domı́nio foi discretizado com malhas uniformes, para diferentes nı́veis de refinamento. O
objeto imerso utilizado é uma esfera de diâmetro π, com 98 nós lagrangianos, figura 5.1.
4
Z
6 0
4
10
Y
2
5
0 0 X
Z
Y
X
Figura 5.1: Malha lagrangiana utilizada para simulações envolvendo soluções manufatu-
radas com fronteira imersa.
5.1. MÉTODO DAS SOLUÇÕES MANUFATURADAS 79
Para a solução deste problema foram utilizados 3 (três) computadores, sendo que cada
um resolveu uma das partições do domı́nio. Os resultados obtidos do processamento em
paralelo são apresentados na figura 5.3. Nessa figura são apresentadas as distribuições das
componentes de velocidade, u, v, w e da pressão p. Essas distribuições são apresentadas
na forma de isovalores: (-0,3, 0, 0,3) para a componente de velocidade u; (-0,35, 0, 0,35)
para a componente de velocidade v; (-0,7, 0, 0,7) para a componente de velocidade w;
(-0,3, 0, 0,3) para a pressão p.
2
É a solução obtida utilizando-se somente um computador/processador
80 CAPÍTULO 5. RESULTADOS
4
Z
0
6
Z 0
2 4
4
Y 6 2 Y
8
X 10 0
X 12
U V
0.6 0.6
0.5 0.5
0.4 0.4
0.3 0.3
0.2 6 0.2 6
0.1 0.1
0 4
0 4
-0.1 -0.1
Z
-0.2 -0.2
-0.3 2 -0.3 2
-0.4 -0.4
-0.5 0
-0.5 0
0 0
-0.6 2 -0.6 2
4 6 4 6
6 4 6 4
Z Z
X 8 X 8
10 2 Y 10 2 Y
Y Y
12 0 12 0
X X
(a) (b)
W P
1.2 0.5
1 0.4
0.8 0.3
0.6 0.2
0.4 6 0.1 6
0.2 0
0 4
-0.1 4
-0.2 -0.2
Z
Z
-0.4 -0.3
-0.6 2 -0.4 2
-0.8 -0.5
-1 0 0
0 0
-1.2 2 2
4 6 4 6
6 4 6 4
Z Z
X 8 X 8
10 2 Y 10 2 Y
Y Y
12 0 12 0
X X
(c) (d)
Figura 5.3: Solução manufaturada, solução em paralelo utilizando três computadores: (a)
isovalores (0,3, 0, -0,3) para a componente de velocidade u, na direção x; (b) isovalores
(0,35, 0, -0,35) para a componente de velocidade v, na direção y; (c) isovalores (0,7, 0,
-0,7) para a componente de velocidade w, na direção z; (d) isovalores (0,3, 0, -0,3) para a
a pressão.
errU
0.055
0.05
0.045
0.04
6
0.035
0.03
0.025 4
0.02
Z
0.015
0.01 2
0.005
0 0
2
4 6
6 4
Z X 8
10 2 Y
Y
12 0
X
(a)
errP
0.035
0.03
0.025
0.02
6
0.015
0.01
0.005 4
Z
2
0 0
2
4 6
6 4
Z X 8
10 2 Y
Y
12 0
X
(b)
Figura 5.4: Erros absolutos no cálculo da solução numérica em paralelo utilizando três
processadores: (a) componente de velocidade u; (b) pressão.
√∑
(ϕana − ϕnum )2
L2 = , (5.10)
N
em que N é o número total de volumes elementares que compõem o domı́nio de cálculo dis-
cretizado; ϕana e ϕnum reprensentam a variável analı́tica e a respectiva variável numérica.
5.1. MÉTODO DAS SOLUÇÕES MANUFATURADAS 83
3 processadores
0.3
1 processador
0.2
0.1
u(t)
-0.1
-0.2
0.5 1 1.5 2 2.5 3
Tempo [s]
( π π)
Figura 5.5: Sinal temporal da componente u ao longo do tempo, na posição π, , ,
2 2
para o caso serial (•) e paralelo (–) .
Este critério foi utilizado para as variáveis u, v, w e p. A figura 5.7 faz um comparativo
da norma L2 para a componente de velocidade u entre os resultados obtidos para a malha
de 20 × 10 × 10 volumes e a malha de 40 × 20 × 20 volumes. Para esses resultados pode-se
notar uma queda acentuada no valor da norma L2 para o resultado obtido com a malha
de 40 × 20 × 20 volumes, se comparada com o resultado obtido para a malha 20 × 10 × 10,
o que acontece devido ao refinamento da malha.
( )
∥ϕ2h −ϕe ∥
log ∥ϕh −ϕe ∥
q= , (5.11)
log(2)
84 CAPÍTULO 5. RESULTADOS
15
1 processo
3 processos
10
5
Erro p
-5
-10
0 1 2 3
t [s]
Figura 5.6: Sinal temporal da pressão ao longo do tempo para o caso serial (¤) e paralelo
(◦) .
Através da figura 5.8 pode-se dizer que a ordem de convergência conseguida para a
5.1. MÉTODO DAS SOLUÇÕES MANUFATURADAS 85
6.0E-04
malha 20 pontos
malha 40 pontos
L2 LAGRANGIANA 4.0E-04
2.0E-04
0 0.5 1 1.5
Tempo
Com o auxiı́lio do método das soluções manufaturadas foi possı́vel fazer análises sobre
o método multi-forçagem ou “Multi-Direct Forcing” (WAN; FAN; LUO, 2007) e serão
apreentadas nesta seção.
Como foi dito no capı́tulo 4.5, o método multi-forçagem consiste de um método itera-
tivo para estimativa da força lagrangiana. Desta forma, deve-se analisar o efeito no número
de interações utilizadas pelo método multi-forçagem. Para isto, com o auxı́lio do método
da solução manufaturada foi obtido o resultado numérico para um domı́nio 4π × 2π × 2π,
π π
discretizado com 40 × 20 × 20 volumes. No centro do domı́nio ( , 2π, ) foi posicionada
2 2
uma esfera com diâmetro π. A figura 5.9 mostra o resultado da curva da norma L2 , obtido
86 CAPÍTULO 5. RESULTADOS
Presente trabalho
O(2)
10-2
L2 LAGRANGIANA
-3
10
para diferentes números de ciclos utilizados: Nciclos = 1 (N), 2 (¥), 4 (•) e 8 (¨)).
A partir da figura 5.9 pode-se verificar a queda do valor da norma L2 à medida que se
aumenta o número de ciclos do método multi-forçagem. Esse método permite um controle
sobre o L2 à medida que se aumenta o número de ciclos.
1.2x10
-03 n_ciclo=1
n_ciclo=2
n_ciclo=4
n_ciclo=8
1.0x10-03
L2 lagrangiano
8.0x10-04
-04
6.0x10
-04
4.0x10
2.0x10-04
0.0x10+00
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2
T [s]
Figura 5.9: Norma L2 para solução manufaturada para diferentes número de cilcos utili-
zados pelo método multi-forçagem.
Como exposto na seção anterior, o número de ciclos utilizados pelo método de forçagem
direta influencia nos resultados obtidos. Desta forma, antes de se resolver o problema
do pêndulo foi feita uma análise do efeito do número de ciclos utilizados pelo método de
forçagem direta sob o escoamento ao redor de uma esfera. Como os resultados são feitos
de forma comparativa, optou-se por utilizar neste estudo uma malha computacional pouco
refinada, visando minimizar o custo computacional. A malha possui 64.800 volumes e o
domı́nio possui dimensões 72D × 30D × 30D, onde D é o diâmetro da esfera. O número
de Reynolds utilizado foi ReD = 1, 0, o tempo total de simulação é de 20 segundos. Os
números de ciclos do método de multi-forçagem utilizados para o teste são: 1, 5, 10, 30,
80, 120, 200, 500 e 1000. As condições de contorno utilizadas são: velocidade imposta na
entrada do domı́nio, paredes (condição de não escorregamento) nas direções paralelas ao
escoamento e condição de contorno advectiva na saı́da, equação 5.12:
88 CAPÍTULO 5. RESULTADOS
∂ui ∂ui
+ U∞ = 0, (5.12)
∂t ∂xi
em que U∞ é a velocidade do escoamento na entrada do domı́nio, também denominada
velocidade do meio infinito. É importante ressaltar que em simulações de escoamento sobre
geometrias imersas, a condição de contorno a ser imposta na fronteira da saı́da do fluido é
algo crı́tico. O caso ideal é quando se faz o domı́nio suficientemente alongado no sentido
do escoamento, de forma que na saı́da do domı́nio os vórtices (formados devido a presença
do corpo imerso) sejam dissipados pelos efeitos viscosos. Caso contrário o código numérico
apresentará comportamento instável, podendo até mesmo causar divergência numérica do
problema. A condição de contorno advectiva é uma alternativa a este problema. Este tipo
de condição de contorno é apropriado para esta condição. Pode-se dizer que este tipo de
condição de contorno propicia o transporte dos vórtices para fora do domı́nio de cálculo.
Um segundo teste foi feito, variando-se o número de Reynolds. Para este teste foram
feitas simulaçõs com a mesma malha do teste anterior, as mesmas condições de contorno,
para o seguintes números de Reynolds: 1, 10, 100, 500 e 1000. O tempo total de simulação
foi de 20 segundos e o número de ciclos utilizados foi de Nciclos = 20. O coeficiente
de arrasto médio obtido para cada uma destas simulações foi calculado e o resultado
comparado com o coeficiente de arrasto deste teste com as curvas geradas a partir das
equações de Shiller; Naumman (1933), Langmuir; Blodgett(1948), de Lapple(1951), apud
Mark; Wachem (2008). A equação de Shiller; Naumman (1933), equação 5.13, é válida
para Re < 800, a de Langmuir; Blodgett(1948), equação 5.14, é válida pra 1 < Re < 100
e a equação de Lapple, equação 5.15, é válida pra Re < 1000,
Re
Cd = (1 + 0, 15Re0,687 ) (5.13)
24
Re
Cd = (1 + 0, 197Re0,63 + 2, 6 × 10−4 Re1,38 ) (5.14)
24
Re
Cd = (1 + 0, 125Re0,72 ). (5.15)
24
A figura 5.12 mostra a comparação dos resultados para o coeficiente de arrasto. Pode-
se notar através desta comparação que ao variar o número de Reynolds, o coeficiente de
arrasto é alterado e esta variação segue a mesma tendência que as curvas propostas pelas
equações 5.13, 5.14 e 5.15. No entanto, os valores do coeficiente de arrasto possuem grande
desvio do valor semi-empı́rico calculado. O desvio máximo obtido foi de aproximadamente
60% para o Re = 1, 0 e o mı́nimo foi de 39% para o Re = 1000. Este fato se deve ao
refinamento da malha computacional e ao baixo número de ciclos no método de multi-
forçagem N = 20. Da mesma forma que para o caso anterior a pouca resolução da malha
é justificada pela necessidade de se minimizar o custo computacional.
Para resolver o problema de escomento sobre esfera parada com maior acurácia foi
realizado um terceiro teste. Para este teste as mesmas condições de contorno foram
utilizadas. No entanto, a malha utilizada possui 4,5 milhões de volumes. O número de
Reynolds utilizado foi de Re = 500. Para este teste foi utilizado o modelo de turbulência
90 CAPÍTULO 5. RESULTADOS
Referência Cd
Shiller; Naumman 0,563
Lapple 0,575
presente trabalho 0,588
Nota-se que o coeficiente de arrasto obtido pela simulação numérica está bem próximo
dos resultados obtidos através das equações empı́ricas (desvio de aproximadamente 4%),
mesmo utilizando-se apenas 20 ciclos no processo iterativo do método multi-forçagem.
sem ciclo
0.6 5 pontos
10 pontos
30 pontos
0.5 80 pontos
120 pontos
200 pontos
Norma L2
0.4
500 pontos
1000 pontos
0.3
0.2
0.1
0
0 5 10 15
Tempo [s]
(a)
20
sem ciclo
19 5 pontos
10 pontos
18 30 pontos
80 pontos
17 120 pontos
200 pontos
Cd
16 500 pontos
1000 pontos
15
14
13
12
0 5 10 15
Tempo [s]
(b)
Figura 5.10: Análise do efeito do número de ciclos utilizados pelo método multi-forçagem,
Nciclos : (a) comportamento da norma L2 ; (b) comportamento do coeficiente de arrasto Cd .
92 CAPÍTULO 5. RESULTADOS
sem ciclo
5 pontos
0.00015 10 pontos
30 pontos
80 pontos
120 pontos
0.0001 200 pontos
500 pontos
1000 pontos
Cl
5E-05
-5E-05
0 5 10 15 20
Tempo [s]
(a)
sem ciclo
5 pontos
0.00015 10 pontos
30 pontos
80 pontos
120 pontos
0.0001
200 pontos
500 pontos
1000 pontos
Cs
5E-05
-5E-05
0 5 10 15
Tempo [s]
(b)
Figura 5.11: Coeficientes Cl e Cs para escomento sobre esfera, para diferentes números de
ciclos utilizados no método multi-forçagem.
5.2. ESCOAMENTO AO REDOR DE ESFERAS PARADAS 93
0.05
0
Cd x 10 ,Cl,Cs
-0.05
-1
-0.1
-0.15
Cl
-0.2 Cs
Cd
-0.25
20 40 60
Tempo[s]
Z Z
Y Y
X Wx: -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 X Wx: -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4
(a) (b)
Tempo = 20,0s Tempo = 30,0s
Z Z
Y Y
X Wx: -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 X Wx: -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4
(c) (d)
Tempo = 50,0s Tempo = 70,0s
Z Z
Y Y
X Wx: -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 X Wx: -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4
(e) (f)
Um dos objetivos do presente trabalho é estudar a metodologia proposta por Wang; Fan;
Luo (2007), para problemas transientes e que envolvem a presença de um corpo imerso,
situação em que a condição de não deslizamento dever ser obedecida com rigor. Desta
forma, propõe-se estudar o sistema composto por um pêndulo simples (esfera ancorada
por um cabo), imerso em um fluido. O pêndulo parte do repouso, de uma posição angular
inicial, fica oscilando em torno da sua posição de equilı́brio, até parar. A atenuação do
movimento do pêndulo ocorre devido à interação entre a esfera e o fluido, dada pela força de
arrasto, cuja intensidade e direção variam com o tempo, e que é estimada segundo o modelo
exposto no capı́tulo 4.6. Trata-se de um problema de interação fluido-estrutura, altamente
dependente do tempo. Nesta seção serão apresentados os resultados preliminares para a
solução deste problema de interação fluido-estrutura.
Para a simulação numérica foi utilizada uma malha com espaçamento uniforme (∆x =
∆y = ∆z = ∆ = 1, 7 10−3 m) próximo à esfera e não uniforme (“stretching”3 de 3%) no
entorno, como mostado na figura 5.15(a). Essa malha possui 1.127.850 volumes. Para esta
solução, a malha lagrangiana utilizada é composta por elementos do tipo quadriláteros,
como mostrado na figura 5.15(b). A malha lagrangiana foi criada a partir de gerador de
malha comercial. O tamanho médio do lado dos quadriláteros é de 1, 0 10−3 m, resultando
em 864 nós lagrangianos.
3
Técnica de discretização espacial onde se alonga (de forma progressiva) os elementos da malha, visando
diminuir o número total de elementos no domı́nio.
96 CAPÍTULO 5. RESULTADOS
figura 5.15(a), se acelera devido a ação da força peso e inicia seu deslocamento no sentido
anti-horário. Seu movimento é acelerado, até chegar no ponto inferior (θ = 0rad) onde
ela atinge velocidade máxima. A partir deste ponto seu movimento é desacelerado pela
própria força peso, até parar em uma dada posição angular. A partir daı́ o seu movimento
é acelerado novamente, se movimentando no sentido horário. Ao passar novamente pelo
ponto inferior seu movimento é desacelerado, parando em uma posição angular de menor
amplitude que a inicial θ0 . Assim se completa um ciclo do pêndulo. Esse ciclo se repete:
o pêndulo parte do primeiro quadrante (θ < 0), com movimento acelerado, até o ponto
inferior (θ = 0), com a velocidade máxima deste ciclo. Ao adentrar o segundo quadrante
(θ > 0), seu movimento é desacelerado até parar. Neste momento o pêndulo completa
meio ciclo. A partir daı́ seu movimento é acelerado, passando por θ = 0 e parando mais
uma vez. Estes ciclos são repetidos e cada vez que o pêndulo completa meio ciclo sua
amplitude (em termos de θ[rad]) é menor que a do ciclo anterior. Isto se deve às forças
fluidodinâmicas. A força de arrasto é calculada através do modelo matemático do fluido.
Diz-se então que o movimento do pêndulo é amortecido pelas forças de interação com o
fluido.
Pode-se dizer que o pêndulo descreve um movimento oscilante em torno da sua posição
de equilı́brio (θ = 0°). Quando o pêndulo descreve um movimento de ida e volta, diz-se
que descreveu um ciclo completo e o tempo em que a esfera demora para percorrer este
trajeto é denominado perı́odo de ocilação. A frequência do movimento do pêndulo é dada
pelo inverso do perı́odo. Caso não existissem forças dissipativas como arito e força de
arrasto, o pêndulo ficaria ocilando por tempo infinito, o perı́odo e a frequência seriam
constantes e as amplitudes máximas do deslocamento do pêndulo seriam θm ax e −θm ax.
Como a força de arrasto é computada, o perı́odo do movimento do pêndulo diminui ao
longo do tempo enquanto a freqência aumenta, na mesma proporção e as amplitudes
máximas no deslocamento angular que a esfera atinge são menores ao longo do tempo, o
que caracteriza um sistema amortecido.
Para o problema do pêndulo, o número de Reynolds varia com o tempo. Desta forma,
é obtido na etapa de pós-processamento, utilizando a equação 5.16:
5.3. RESULTADOS PRELIMINARES DE INTERAÇÃO FLUIDO-ESTRUTURA 97
ρf Vtan Desf
ReD = , (5.16)
µf
em que a massa especı́fica do fluido é ρf = 1000 kg/m3 , o diâmetro da esfera é Desf =
0, 02 m, a viscosidade dinâmica do fluido vale µf = 10−3 [N.s/m2 ], e a velocidade tangencial
(Vtan ) do centro de massa da esfera é calculada pela equação 5.17:
A seguir são feitas algumas análises para o escoamento gerado a partir do movimento da
esfera. Para estas análises foram escolhidos os pontos 1, 2, 3, 4 e 5, conforme ilustrados
na figura 5.17(a).
Estes instantes foram escolhidos de forma conveniente, tal que representassem as con-
figurações:
1 → 2 → 3 → 4 → 5.
Paras esses instantes a seguir são feitas avaliações sobre a distribuição das variáveis
do escoamento segundo planos, que passam pelo centro da esfera. Todas as figuras pos-
suem uma legenda mostrando a posição angular do pêndulo ao longo do tempo e o ponto
vermelho indica o instante de análise.
Variável Valor
Tempo (t) 0, 05 s
Posição angular (θ) −0, 4579 rad
Velocidade angular (ω) 2, 5628 rad/s
Aceleração angular (α) 42, 9600 rad/s2
Velocidade tangencial (Vtan ) 0, 2563 m/s
Variável Valor
Tempo (t) 0, 20 s
Posição angular (θ) 0, 2000 rad
Velocidade angular (ω) 4, 56359, rad/s
Aceleração angular (α) −19, 5664 rad/s2
Velocidade tangencial (Vtan ) 0, 4636 m/s
Y X
(a)
(b)
10000
5000
Re
-5000
-10000
0 1 2 3 4 5
Tempo[s]
(a)
1.5E-03
1.0E-03
L2
5.0E-04
(b)
Figura 5.16: Resultados da avaliação prévia do modelo estrutural: (a) número de Reynolds
função do tempo; (b) norma L2 função do tempo.
5.3. RESULTADOS PRELIMINARES DE INTERAÇÃO FLUIDO-ESTRUTURA 103
5
0.4
2
0.2
θ
-0.2
-0.4
1 3
4
0.5 1 1.5
Tempo [s]
(a)
4 2
5
Y X
(b)
Figura 5.17: instantes de tempo escolhidos para análise do escoamento gerado a partir do
movimento do pêndulo: (a) linha do tempo; (b) respectivas posições angulares.
104 CAPÍTULO 5. RESULTADOS
0.2
θ
0
Y X -0.2
-0.4
0 1 2 3
0.2
θ
Y X -0.2
-0.4
0 1 2 3
0.2
θ
0
Y X -0.2
-0.4
0 1 2 3
0.2
θ
Y X -0.2
-0.4
0 1 2 3
0.2
θ
0
Y X -0.2
-0.4
0 1 2 3
0.2
θ
Y X -0.2
-0.4
0 1 2 3
0.2
θ
0
-0.2
7000 -0.4
0 1 2 3
6000 T
5000
4000
3000
2000
1000
0
-1000
-2000
-3000
-4000
-5000
-6000
-7000
-8000 Z
-9000
X
Y
0.2
θ
-0.2
-0.4
Y X
U: -0.05 0.05 0.15 0.25 0.35 0.45 0.55
0.2
θ
0
-0.2
-0.4
0.2
θ
-0.2
-0.4
0.4
Tempo = 0.20s
0.2
θ
0
-0.2
-0.4
Y
X U: -0.05 0.05 0.15 0.25 0.35 0.45 0.55
Figura 5.28: Detalhe da esteira formada à esquerda da esfera evidenciado pelos vetores
velocidades traçados segundo um plano à jusante da esfera.
0.2
θ
-0.2
-0.4
Y
X
Figura 5.29: Detalhe da esteira sendo desviada para baixo da esfera à medida que ela
desacelera, evidenciado pelos vetores velocidades traçados no plano perpendicular a y,
para x = 0, 186 m.
110 CAPÍTULO 5. RESULTADOS
0.2
θ
0
-0.2
-0.4
Y X
P: -0.08 -0.06 -0.04 -0.02 0 0.02 0.04 0.06
Para o terceiro instante (t = 0, 60 s) a tabela 5.3 faz um resumo das condições cine-
máticas em que a esfera se encontra.
Variável Valor
Tempo (t) 0, 60 s
Posição angular (θ) −0, 4680 rad
Velocidade angular (ω) −2, 003, rad/s
Aceleração angular (α) 43, 9670 rad/s2
Velocidade tangencial (Vtan ) −0, 2000 m/s
0.2
θ
0
-0.2
-0.4
0.2
θ
0
-0.2
-0.4
Y X MI: 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 1.4 1.6 1.8 2 2.2 2.4 2.6 2.8
turas do tipo grampo de cabelo. São estruturas coerentes4 , comuns em escoamento sobre
esfera em repouso. Este tipo de estruturas foram mostradas nos resultados da simulação
numérica do escoamento sobre uma esfera em repouso a número de Reynolds Re = 500,
figura 5.14. A direfença é que neste caso as duas estruturas contra-rotativas que formam o
grampo de cabelo tem uma deformação em formato curvo, devido ao movimento circular
do pêndulo. Pode-se notar também uma estrutura rotacional, no formato de anel, que se
desprende da esfera quando a mesma inverte o seu movimento. Para geração destas figuras
foi utilizado o critério Q = 300 e as isosuprefı́cies de Q foram coloridas com a componente
de vorticidade Wx , para evidenciar o movimento contra-rotativo das estruturas formadas
na esteira da esfera.
4
Estruturas coerentes são aquelas que permanecem bem definidas no espaço e no tempo, por um tempo
maior que o seu tempo caracterı́stico.
5.3. RESULTADOS PRELIMINARES DE INTERAÇÃO FLUIDO-ESTRUTURA 113
Z
Tempo = 0,60s 0.4
0.2
θ
0
Y X -0.2
-0.4
0 1 2 3
encontra-se ainda mais instável ao longo de todo o espaço, cada vez mais complexo. Na
figura da distribuição do campo de pressão, figura (5.45), pode-se observar a presença
de pontos de baixa pressão, relativos aos centros de estruturas rotacionais. Pode-se notar
valores mais elevados da viscosidade turbulenta normalizada nas regiões de maior gradiente
de velocidade (nos limites entre as regiões com vetores velocidade de grande e de pequenas
amplitudes), figura 5.47. A distribuição do campo da componente de vorticidade wy pode
ser visto na figura 5.46. As figuras 5.48 e 5.49 mostram com mais detalhes os vetores
velocidades no entorno da esfera, para planos em z = 0, 099 e z = 0, 11, respectivamente.
Variável Valor
Tempo (t) 0, 65 s
Posição angular (θ) −0, 5162 rad
Velocidade angular (ω) 0, 3477, rad/s
Aceleração angular (α) 48, 0080 rad/s2
Velocidade tangencial (Vtan ) 3, 4767 × 10−2 m/s
À medida que o tempo passa e o pêndulo oscila, o escoamento é cada vez mais instável,
114 CAPÍTULO 5. RESULTADOS
Z
Tempo = 0,60s 0.4
0.2
θ
0
Y X -0.2
-0.4
0 1 2 3
U: -0.5 -0.45 -0.4 -0.35 -0.3 -0.25 -0.2 -0.15 -0.1 -0.05 0 0.05 0.1 0.15 0.2
tornando-se cada vez mais complexo. Com o movimento acelerado para baixo, gera-se um
escoamento no sentido do deslocamento da esfera e no sentido negativo de z. Quando
o pêndulo sobe (movimento é desacelerado), provoca deslocamento de fluido no sentido
positivo de z, com menor intensidade se comparado com os deslocamentos de fluido devido
a descida. Devido a este efeito, para cada meio ciclo do pêndulo as estruturas contra-
rotativas são geradas e são transportadas no sentido negativo de z. A figura 5.50, gerada
no instante de análise 5, t = 1, 00 s, mostra essas estruturas. Para este instante, as
variáveis calculadas pelo modelo estrutural são mostradas pela tabela 5.6. As letras A,
B e C, figura 5.50, assinalam as estruturas geradas para um perı́odo e meio de ciclo. As
estruturas indicadas pela letra A são formadas quando o pêndulo se desloca por meio
perı́odo. As estruturas indicadas por B são formadas quando ele retorna para o primeiro
quadrante, completando um ciclo e as estruturas indicadas por C são formadas quando
este se desloca para o terceiro meio-perı́odo subsequente. Os instantes correspondentes
a estes meios perı́odos estão marcados com pontos amarelos na legenda da figura 5.50.
Na figura 5.51 os vetores velocidades são plotados para plano z = 0, 094 m. Nesta figura
pode-se notar os vórtices formados na região a jusante da esfera, no lado direito da mesma.
5.3. RESULTADOS PRELIMINARES DE INTERAÇÃO FLUIDO-ESTRUTURA 115
Z
Tempo = 0,60s 0.4
0.2
θ
0
Y X -0.2
-0.4
0 1 2 3
Variável Valor
Tempo (t) 1, 00 s
Posição angular (θ) −0, 49 rad
Velocidade angular (ω) −1, 57, rad/s
Aceleração angular (α) −45, 84 rad/s2
Velocidade tangencial (Vtan ) −0, 16 m/s
Z
Tempo = 0,60s 0.4
0.2
θ
0
Y X -0.2
-0.4
0 1 2 3
W: -0.18 -0.14 -0.1 -0.06 -0.02 0.02 0.06 0.1 0.14 0.18 0.22
Z
Tempo = 0,60s 0.4
0.2
θ
Y X -0.2
-0.4
0 1 2 3
Z
Tempo = 0,60s 0.4
0.2
θ
0
Y X -0.2
-0.4
0 1 2 3
MI: 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 1.8 1.9 2 2.1
Z
Tempo = 0,60s 0.4
0.2
θ
Y X -0.2
-0.4
0 1 2 3
0.2
θ
0
-0.2
-0.4
0 1 2 3
Y X
Figura 5.40: Detalhe do escoamento ao redor da esfera que compõe o pêndulo no instante
t = 0, 60 s.
Z Tempo = 0,60s
0.4
0.2
X
θ
Y 0
-0.2
-0.4
0 1 2 3
Z
Tempo = 0,65s 0.4
0.2
θ
0
Y X -0.2
-0.4
0 1 2 3
Z
Tempo = 0,65s 0.4
0.2
θ
Y X -0.2
-0.4
0 1 2 3
Z
Tempo = 0,65s 0.4
0.2
θ
0
Y X -0.2
-0.4
0 1 2 3
Z
Tempo = 0.65s 0.4
0.2
θ
Y X -0.2
-0.4
0 1 2 3
P: -0.03 -0.02 -0.01 0 0.01 0.02 0.03 0.04 0.05 0.06 0.07
Z
Tempo = 0,65s 0.4
0.2
θ
0
Y X -0.2
-0.4
0 1 2 3
Z
Tempo = 0,65s 0.4
0.2
θ
Y X -0.2
-0.4
0 1 2 3
MI: 0.1 0.4 0.7 1 1.3 1.6 1.9 2.2 2.5 2.8
0.2
θ
0
-0.2
-0.4
0 1 2 3
X
Y
0.2
θ
-0.2
-0.4
0 1 2 3
X
Y
0.4
A C Tempo = 1,00s Z
0.2 X
Y
θ
-0.2
-0.4
B
0 1 2 3
T
C
B A
0.2
θ
0
-0.2
-0.4
0 1 2 3
X
Y
0.5
0.4 mi10-6
0.3 mi_10-3
0.2
0.1
0
θ
-0.1
-0.2
-0.3
-0.4
-0.5
0 5 10
t[s]
Figura 5.52: Posição angular do pêndulo pelo tempo para diferentes valores de coeficiente
de viscosidade.
126 CAPÍTULO 5. RESULTADOS
Foi visto no capı́tulo anterior que o método da solução manufaturada é muito im-
portante para análise de códigos computacionais. Por isso, trata-se de uma ferramenta
indı́spensável para validação de códigos computacionais e que permite determinar a ordem
de convergência do código compuacional. Somente de posse destes resultados que se pode
avaliar quanto uma metodologia ou um código computacional é preciso e como a precisão
aumenta com o refinamento da malha. Permite ainda estimar o refinamento de malha
necessário para se resolver um dado problema, com a devida acurácia.
127
128 CAPÍTULO 6. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
utilizando Nciclos > 20. Esta comparação indicada que o número de ciclos ideal também
depende do refinamento da malha.
De forma geral, pode-se dizer que este é um problema altamente dependente do tempo:
pequenas discordâncias iniciais na amplitude do deslocamento entre os resultados aqui
obtidos e os dados experimentais evoluem no tempo para grandes diferanças. Os gradientes
das propriedades ao longo do tempo são elevados, o pêndulo parte do repouso, frações de
segundo depois sua velocidade é elevada de forma que em milisegundos o número de
Reynolds passa de 0 (zero) para aproximadamente 10.000.
Conclusões
Foi mostrado que o número de ciclos utilizado pelo método multi-forçagem influencia
nos resultados da norma L2 , bem como dos coeficientes Cd , Cl e Cs . Além disso, foi
mostrado que este parâmetro também depende do grau de refinamento da malha. Pode-se
então concluir que este parâmetro deve ser avaliado de forma dinâmica, para cada passo
de tempo, estabelecendo-se um critério de convergência e não o critério pelo número de
ciclos. O parâmetro de referência para análise da número de ciclos ideal (em cada passo
de tempo) pode ser a variação da velocidade estimada para os pontos lagrangianos, uma
vez que o propósito do método é garantir a condição de não deslizamento na interface
fluido-sólido.
129
130 CAPÍTULO 7. CONCLUSÕES
O presente trabalho foi parte de um projeto maior sobre o grande e desafiante tema:
interação fluido-estrutura. Esse tema está sendo estudado e desenvolvido pelo grupo a
mais de 6 (seis) anos, devido aos interesses da indústria nacional, sobretudo no que se
refere ao setor de petróleo, setor aeronáutico e de compressores. Muito já se avançou no
projeto, tendo-se atualmente reais condições de modelar de forma completamente acoplada
esse complexo problema. Nem mesmo os códigos comerciais fornecem a possibilidade e a
flexibilidade para a análise totalmente acoplada do fluido e da estrutura como foi abordado
no presente trabalho. No entanto, muitos são ainda os desafios que devem ser enfrentados.
Nesse sentido, lista-se abaixo os principais pontos a serem tocados como sequência do
presente trabalho:
131
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Dependent Partial Differential Equations. SIAM Journal on Numerical Analysis
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133
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