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FICHA TÉCNICA E ARTÍSTICA

Realizador | Fredi M. Murer


Produtores | Christian Davi \ Christof Neracher \ Fredi M. Murer
Argumento | Peter Luisi \ Fredi M. Murer \ Lukas B. Suter
Casting | Corinna Glaus
Câmara | Pio Corradi
Direcção Artística | Susanne Jauch
Guarda-roupa | Sabine Murer
Maquilhagem | Ronald Fahm \ Martine Felber
Som | Hugo Poletti
Luzes | Ernst Brunner
Montagem | Myriam Flury
Música | Mario Beretta
Production Manager | Marlis Stocker
Assistente de Realização | Marcel Just

Vitus (aos 6 anos) | Fabrizio Borsani


Vitus (aos 12 anos) |Teo Gheorghiu
Mãe | Julika Jenkins
Pai | Urs Jucker
Avô | Bruno Ganz
Luisa | Eleni Haupt
Isabel (aos 12) | Kristina Lykowa
Isabel (aos 19) | Tamara Scarpellini
Hoffmann jr. | Daniel Rohr
Hoffmann sen. | Norbert Schwientek
Gina Fois | Heidy Forster
Director do Conservatório | Daniel Fueter
Professora do Infantário | Livia S. Reinhard
Professora Primária | Susanne Kunz
Médico | Thomas Mathys
Neurologista | Ursula Reiter

2006
Suíça
120’
Cor
1.85 | Dolby Digital SR-D

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SINOPSE

Vitus é um rapaz que quase parece ser de outro planeta: tem um ouvido perfeito, toca

piano admiravelmente e aos cinco anos já devora enciclopédias.

Não admira que os seus pais comecem a antecipar-lhe um futuro brilhante.

Contudo, o pequeno génio prefere brincar na oficina excêntrica do avô. Sonha voar e ter

uma infância normal.

NOTA DE INTENÇÕES

VITUS é acima de tudo e antes de mais uma declaração de amor ao poder inspirador e

curativo da música. É também uma declaração de amor à vida, que se manifesta ainda de

forma mais pura na infância.

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CRÍTICAS
Uma obra-prima. Este filme testemunha o génio de Fredi M. Murer.

L’HEBDO

Um milagre de humor e de ternura pelo realizador suíço Fredi Murer.

O que era feito de Fredi Murer, nascido em 1940 e celebrado há já vinte anos, com

Hohenfeuer, um drama soberbo? Ora bem continua a fazer bom cinema. VITUS é a prova

viva, que já foi visto em Berlim e Montreal e que, ao que parece, está a fazer furor na

Suiça, é um conto irónico. O filme começa com uma criança com uma dúzia de anos,

vestido como um melhor da sua turma num pequeno avião. Vitus, já que é o nome desta

criança com um ar sossegado, instala-se nos comandos e, apesar dos protestos e das

gesticulações tresloucadas do mecânico do pequeno aeroporto, consegue fazer descolar o

seu calhambeque. Onde vai ele? Só o saberemos no final do filme. Antes teremos que

voltar atrás, oito anos para começar, quando Vitus tem quatro anos e os seus pais

descobrem siderados que não é uma criança como as outras. O filme conta essa

aprendizagem da mãe (Julika Jenkins), a forma como rapidamente, muito rapidamente, ela

se acostuma ao génio do seu filho e se torna exigente. O pai, um engenheiro brilhante, é

mais ausente. Apenas o avô Bruno Ganz, fabuloso de charme, continua a brincar com o seu

neto como se fosse um rapaz igual aos outros.

O miúdo cresce e torna-se num fenómeno, um pianista próximo da perfeição – é então

interpretado por Theo Gheorghiu, um autêntico virtuoso do piano – e um prodígio em tudo,

o que o obriga aconviver com adolescentes cinco anos mais velhos do que ele.

Ele é infeliz e vai revoltar-se… Apesar deste guião parecer realista, o filme não o é de todo.

Para falar do imperativo da performance, do ciúme, do mundo das finanças, Murer preferiu

jogar com os exageros, apostar na fábula. Facetado como o seu herói, sabe encadear as

piadas maravilhosamente, os reparos saborosos, as surpresas, criar esperanças,

suspensões. Vitus é um filme notável, recreativo, e bem mais profundo do que a maior

parte dos xaropes sentenciosos que pretendem evocar o mundo de hoje.

Edouard Waintrop, LIBÉRATION

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Esta fábula é uma delícia absoluta. Entra nela o pianista estrela Theo Gheorghui na pele da

personagem Vitus, um jovem prodígio à procura de uma vida normal.

O avô de Vitus (Bruno Ganz que interpretou brilhantemente Hitler) é aqui todo calor e

afecto, o que acrescenta uma luminosidade ao filme que se equilibra perfeitamente com os

pais sérios e preocupados com as pressões com que Vitus tem de lidar.

Este filme delicioso aquece o coração de alegria por várias razões. Uma porque gostámos

particularmente da forma como tudo aconteceu a Vitus, agora com 12. É uma daquelas

alturas em que vemos uma pessoa que não terá que dizer quando for mais velho, “se eu

soubesse o que sei agora, teria…” Vitus fez tudo no seu devido tempo.

REELMOVIECRITIC.COM

Como prodígio do piano, génio matemático, e precoce em todos os aspectos excepto na

maturidade, Vitus, de 12 anos foi identificado como um jovem dotado e teve de viver com

esse fardo a partir desse momento. Enquanto a sua mãe ambiciosa Helen (Julika Jenkins)

se dedica ao seu desenvolvimento com ferocidade obsessiva, o pequeno rapaz sacode-se

debaixo da pressão de ser diferente. As decisões que o matreiro rapaz toma para resolver

a pressão são a força motora desta importação suíça envolvente, um drama agradável para

toda a família.

Como o avô de Vitus, o seu afecto pela personagem é palpável. A história transforma-se

num conto de fadas cómico, balizado pelo sentido de humor brincalhão de Murer, assim

como devido ao seu olhar perspicaz sobre a maneira como os miúdos se comportam. É o

primeiro papel do prodígio real Theo Gheorghiu, enquanto o sempre maravilhoso Ganz

acrescenta à diversão a sua química calorosa.

É o raro filme de família que oferece uma história que entretém tanto os pais como os

filhos.

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FREDI M. MURER
O mais subestimado dos grandes cineastas

Quem é Fredi M. Murer? Talvez o mais subestimado dos grandes cineastas vivos.

Certamente o segredo mais bem guardado do cinema suíço. Murer, de facto, não tem a

reputação dos seus grandes compatriotas: Tanner, Soutter, Achmid ou Goretta. Portanto, a

sua obra inspiradora em nada é afectada ao ser comparada a esses grandes nomes da

cinematografia. Pelo contrário, seremos levados a afirmar que nenhum desses grandes

nomes terá assinado um filme da envergadura de L’ Âme soeur (1985), essa esplêndida

tragédia, um filme em que a amplitude, o rigor e o arrebatamento espirituais forçam à

comparação com os maiores, de Andrei Tarkovski a Victor Erice.

Se a sua obra atinge tal nível porque é que Murer permaneceu um cineasta secreto cuja

filmografia é tão confidencial? Provavelmente por causa do carácter atípico do seu

trabalho – tocou em todos os géneros, em todos os formatos – e também por causa da

raridade da sua presença nos ecrãs. Porque desde 1962, Murer assinou várias curtas e

médias metragens, três documentários, e quatro longas-metragens de ficção, o que não é

muito. Pelo menos não o suficiente para manter uma relação sustentada com o público, a

crítica e os grandes festivais.

Ainda que a sua obra seja à primeira vista atípica, os primeiros filmes do cineasta são

exercícios de estilo brilhantes, realizados com uma grande diversidade de aproximações. A

sua primeira curta-metragem, Marcel (1962), filmada em super 8 e montada sobre uma

música de Edgar Varèse, evoca a vanguarda russa dos anos 1920, Sylvan (1964) refere-se

claramente ao expressionismo alemão, enquanto que Chicorée (1966) joga com os

processos surrealistas. Visivelmente o artista procura-se mostrando, nessa procura, um

conhecimento digno de respeito. Seguem-se outras curtas-metragens com as quais ele

continua a enriquecer a sua obra: Bernhard Luginbühl (1966), Sad-is-Fiction (1969) e H.R.

Giger – Passagen, nas quais ele refina a sua arte do retrato, enquanto que com Swiss Made

2069 (1969) ele realiza uma incursão surpreendente na narração de antecipação que

anuncia a sua primeira longa-metragem de ficção, Zone (1999).

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Em 1974, depois de ter passado seis meses com os camponeses do cantão de Uri a

preparar a adaptação de cinco lendas montanhesas, Murer transforma o seu projecto num

documentário no qual ele dá a palavra a essas gentes um pouco indiscretas. Ce n’est pas

notre faute si nous sommes des montagnards (também conhecido como Nous,

montagnards dans nos montagnes) é, portanto, o seu primeiro grande filme, documentário

maior cujas propostas e cenário anunciam L’ Âme Soeur. Há, neste filme, uma espantosa

correspondência entre o documentário e a ficção referidos, Murer utiliza o conhecimento

íntimo da população das montanhas para dar densidade e consistência ao destino trágico

de uma família que vive isolada no coração de uma paisagem majestosa.

Encontramos o mesmo género de ligações entre o documentário seguinte de Murer, La

Montagne verte (1990), no qual ele aborda a questão dos resíduos nucleares, e a sua

terceira longa-metragem de ficção, Full Moon (1998). Ao dedicar o seu documentário

ecologista às crianças, Murer imagina uma ficção na qual 12 crianças desaparecem

misteriosamente, como se eles desejassem, com o seu gesto, acordar as consciências dos

seus pais.

O cinema de ficção de Murer alimenta-se de real, ainda que, frequentemente, se abra ao

fantástico, um fantástico que é, no fundo, uma espécie de prospectiva espiritualista.

O cinema de Murer está virado para o futuro (Vitus, o seu mais recente filme, também

conta a história de uma criança) como se se tratasse de um apelo à consciência.

Marcel Jean
www.cinematheque.qc.ca/affiche/retrospective2.html

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