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A arte nos permite entrever a verdade das coisas, o seu porquê; na arte se
transluz o mistério do ser.
Tem-se dito que arte e fé são irmãs, porque ambas estão buscando algo perdido:
a beleza, a infância, o encantamento, a inocência.
Dizia Goethe que “os homens tem o dom de criar poesia e arte, enquanto religiosos”.
Todas as religiões são sustentadas pela expressão artística de seus homens e
mulheres. São eles que registram em formas, movimentos e cores a simplicidade
e a ternura presentes na Criação; são eles os artistas, os co-participantes
divinos; são eles, quando pintam, transformam, cantam, poetizam,
desenham...que repetem o gesto amoroso de Deus no “fiat” (faça-se).
“E o material criado é religioso: tem o peso das vigas de convento” (Clarice Lispector).
Deus pensado como beleza nos faz desfrutar da paisagem formosa ou da obra
de arte bela. Por que esta experiência estética não pode ser interpretada como
uma antecipação da ‘visão beatífica” , da alegria para sempre? S. Inácio, na
“Contemplação para alcançar amor” (4º ponto) nos faz entrar na plena
familiaridade divina: “encontramos Deus em todas as criaturas e todas as criaturas em Deus”.
“Considerarei como todos os bens e dons descem do alto” (EE. 237).
Na oração: “As criaturas todas são milagre divino a serviço do homem! Por elas, há de louvar e
servir
ao Criador. Suas formosuras são degraus, convidando a subir até o nosso Deus.
E tu, cego e surdo, nelas te detens?” (F. Claúdio Van Balen).
- Você que sente beleza-encanto na diversidade do existir e na multiplicação da Criação,
saboreie a
dimensão da gratuidade nessa inesgotável generosidade, sintoma mais pleno do Amor.