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“O SER HUMANO É CRIADO...

E É CRIATIVO”
“Eu respiro o Infinito. Olhando para o céu, fico tonta de mim mesma.
O Absoluto é de uma beleza indescritível e inimaginável pela mente humana.
Nós aspiramos essa Beleza.
O sentimento de beleza é o nosso elo com o Infinito” (Clarice Lispector)

Criar não é o mesmo que fazer. Pode-se fazer uma mesa, mas é preciso criar
um jardim.
Fazer é obra dos fabricantes. Criar é obra dos poetas e amantes. Pode-se fazer
alguma coisa sem investir nada de si. Por outro lado, nada jamais foi criado sem
que tivesse em si um pedaço do criador. A criação começa no coração; é uma
obra de amor. A criação leva tempo. É o começo de toda espiritualidade.
Quando a semente do amor se refugia no coração e cria raízes nele,
começa a crescer para cima e
para fora. O amor não é amor até que tenha se expressado de alguma
maneira.
A criação é expressão de amor. A parte mais importante da criatividade é o amor. Se alguém quiser
criar algo que tenha vida, em primeiro lugar precisa decidir ceder parte de sua própria vida.
Há um custo inevitável em ser um criador. Oferece-se uma parte da própria vida ao domínio público.

O universo foi feito de Amor. Esse é o seu segredo mais profundo.


Como ele foi criado por amor ele nos chama. Convoca-nos a fazermos parte da
aventura contínua da Criação; ele pede que unamos nossa criatividade à vasta
corrente que já está fluindo.
Somos criados e somos criadores. É nossa essência extrair do poço profundo da imaginação e
forjar
a novidade a partir do nada. Fomos feitos para ser artistas.

Criar é uma simples questão de abrir o canal para que a corrente possa fluir.
Qualquer pessoa que cria compartilha a Vida de Deus. Se alguém tiver a
experiência da Vida de Deus, criará.
O ser humano é habitado por um potencial fantástico de criatividade e de
capacidades que querem se expressar em todos os campos: na linguagem, na
arte plástica, na criação literária, na invenção científica, na produção simbólica
da cultura, da filosofia e da religião...
Nesses e noutros campos realiza sua liberdade criadora. Essa liberdade se
exerce no diálogo com o Supremo, com Aquele que é identificado e venerado
como “Criador do céu e da terra”.
Ao exercitar suas capacidades, o ser humano demonstra que foi “criado
criador”. Ele é um co-criador, um colaborador de Deus; ele coloca sua marca
registrada , de arte e beleza, em todas as coisas que toca e com as quais se
relaciona.
Este é o sonho que está sendo gestado, onde se integra a luta com a festa, a produção com a poesia,
a eficácia com a beleza, a criação com a espiritualidade.
“O ser humano está à mercê de duas fomes: da fome de pão que é saciável e da fome de beleza que é
insaciável” (José Fernández Retamar, poeta cubano)

Vivemos hoje um momento em que todas as atividades devem produzir algo que
seja mensurável, coisas de utilidade. Mas, vale lembrar a sabedoria de Guimarães
Rosa:
“Tudo é real porque tudo é inventado”.
É assim a obra de arte, toda criação, toda manifestação artística. Ela não tem
propósitos em si mesma.
Transcende a normalidade, ultrapassa o cotidiano e é fruto da liberdade.
A obra de arte desprende-se de seu criador e é soberana na sua existência.
As expressões artísticas não estão subordinadas aos critérios científicos, nem
aos propósitos utilitaristas.
Elas tem o seu próprio mundo. Não se esgotam e as suas repetições são sempre
singulares. Como expressão de vida elas estão presentes nos diversos momentos
da existência.
“Todos discutem (minha arte) e dizem que compreendem.
Como se fosse preciso compreender, quando basta gostar”. (Monet)

Texto bíblico: Eclo. 38,27-34

Na oração: pintar, escrever, rir, esculpir, gritar,


agir, falar, dançar, projetar, moldar,
compor, imaginar, construir, ouvir, esboçar,
crescer, cantar, juntar, transformar, acreditar,
demonstrar, conceber...
Há coisas dentro de você tentando sair...

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