Professional Documents
Culture Documents
Contemplar não é idealizar, mas ter uma sensibilidade que possa acolher a
novidade de Deus hoje, em nosso cotidiano. Isto requer um trabalho de
purificação daquilo que nos foi imposto e ao mesmo tempo uma educação
contemplativa na maneira de perceber o novo, o surpreendente... a partir da
contempla-ção dos “mistérios” de Jesus.
Este é o desafio: criar uma “nova sensibilidade contemplativa” em meio a
este mundo novo; devería-mos buscar, com regularidade, espaços não
contaminados, ecologicamente sadios , para desintoxicarmo-nos e entrarmos no
ritmo da contemplação.
Precisamos desalojar de nosso interior as presenças suspeitas que invadem
nossa privacidade e sequestram o espaço do coração, para, assim, encontrarmos
nossa própria solidão dentro da qual poderemos construir a consistência de nossa
identidade e originalidade únicas, irrepetíveis, recebidas de Deus a cada dia,
num diálogo sem fim.
Viver intensamente com Deus supõe entrar numa aventura sem fim. Precisamos de uma nova
“sensibili-
dade espiritual” para fazermos uma experiência nova de Deus; já não se pode continuar olhando, ouvin-
do, tocando, saboreando... de maneira antiga. “Eis que eu faço novas todas as coisas”. (Apoc.
21,5)
Este é o sentido da nossa existência : viver a relação “mística” com Deus, não
como algo pontual e esporádico, mas
como um encontro que se aprofunda cada vez mais e que
abarca a realidade cotidiana por inteira.
É questão de vida ou morte, de ser ou não ser, o despertar de uma vida de
oração intensa e contínua, onde o desejo de Deus e de seu reinado integre, no
centro de nossa afetividade, todas as dimensões de nosso ser e todos os
aspectos da nossa realidade cotidiana.
Nesse sentido, a “oração deixa de ser interpretação de texto para ser interpelação da vida”.
Por isso, faz-se necessário crescer nos diferentes modos de oração:
a) A contemplação pessoal para um encontro inesgotável com Deus vai crescendo e aprofundando cada dia.
b) A oração de discernimento para distinguir bem, dentro de nós e na realidade na qual vivemos, a presença do
Espírito com suas propostas e suas moções e a presença do “mau espírito” com suas seduções disfarçada.
c) A contemplação na ação, para descobrir Deus como a última dimensão de toda a realidade, e para unir-nos a
Ele no trabalho criador e criativo.
d) A celebração comunitária, para festejar na comunidade a certeza de que toda a história avança para a pleni-
tude definitiva da reconciliação em Cristo.