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b o l e t i m i nfo r m ativo

#58
m a r ç o 20 08

ACIDI, I.P.

Ano Europeu do Diálogo Intercultural

Um convite para todos

Entrevista a Carlos Giménez

O papel do mediador
intercultural em Espanha
Estudo OCDE

Imigrantes
mais qualificados
# Edi tori al

Juntos na diversidade
É com muito gosto que me junto à
equipa ACIDI, neste ano tão especial
em que o Parlamento Europeu e o
Conselho da União Europeia decla-
raram 2008 “Ano Europeu do Diálogo
Intercultural” (AEDI) na perspectiva
de reforçar a construção de uma
identidade europeia comum.

Num mundo globalizado, caracterizado por conflitos de de promoção do diálogo intercultural, que levou a que, em
diversas origens, é urgente que as sociedades vivam num 2006, no âmbito do funcionamento de um grupo de trabalho
clima de entendimento e respeito mútuo. A nossa missão interministerial com o Ministério da Cultura, se determinas-
passa por promover o pluralismo, reconhecendo e conser- se o ACIDI como entidade coordenadora, em Portugal, das
vando a diversidade, apenas possível através do diálogo. actividades do Ano Europeu do Diálogo Intercultural.
A Europa há muito que deixou de ser um continente fechado, Com esta realidade, a opção portuguesa perante a diver-
e hoje congrega as mais diversas realidades culturais. sidade cultural passa pela afirmação do princípio da
Portugal, com uma longa história de país de emigrantes – um Interculturalidade. Num quadro de respeito mútuo dentro
terço da população de origem portuguesa vive emigrada e da Lei, promove-se a afirmação da riqueza da diversidade
espalhada pelo mundo – tornou-se também, no final do séc. em diálogo. Mais do que uma coexistência pacífica de dife-
XX, um país de acolhimento de imigrantes. Hoje, pessoas de rentes comunidades, o modelo intercultural afirma-se no
mais de 150 nacionalidades constituem já cerca de 5% da po- cruzamento e miscigenação cultural, sem aniquilamentos
pulação residente e 10% da população activa em Portugal. nem imposições.
Este novo contexto exigiu da sociedade portuguesa o desen- Fernando Pessoa escreveu “Sê plural como o Universo”. É
volvimento de uma política de acolhimento e integração de esta a mensagem que gostaria de deixar, a todos os que,
imigrantes mais consistente, que tem sido acompanhada juntamente connosco, partilham este ano em que o diálogo
pela consolidação de políticas de acolhimento e integração intercultural, de uma forma mais atenta, faz parte do nosso
que se reflectem quer em princípios políticos gerais, quer em quotidiano.
iniciativas legislativas, quer ainda em respostas operacionais
muito concretas. Acolhamos “o outro”!
A institucionalização do cargo de Alto Comissário para a Embora, na realidade, “o outro” já exista em nós.
Imigração e Minorias Étnicas (em 1996) e a sua evolução Em 2008 vamos festejar juntos a nossa diversidade!
posterior, em 2002, para uma estrutura mais alargada dota-
da com mais meios e capacidade de intervenção, evidencia a
atenção que, em Portugal, tem sido dada à temática do apoio
à imigração e minorias étnicas.
Em Maio de 2007, a componente do diálogo intercultural fi-
cou consagrada na designação do actual Alto Comissariado
para a Imigração e Diálogo Intercultural - Instituto Público
com o objectivo de promover os valores do diálogo intercul-
tural e do respeito e promoção da diversidade e da tolerância
na sociedade portuguesa.
Aliás, foi o reconhecimento do papel e trabalho realizado Rosário Farmhouse
pelo ACIDI, tendo em vista a concretização de uma política Alta Comissária para a Imigração e Diálogo Intercultural

BI.março.08#58 2
breves
Seminário

Mediação Sócio-Cultural para a Integração


Realizou-se no dia 21 de Fevereiro, no auditório do CNAI em Lisboa, uma sessão
de trabalho sobre Mediação Sócio-Cultural para a Integração dos Imigrantes. A
presidir à sessão esteve a Alta Comissária para a Imigração e Diálogo Intercultural,
Rosário Farmhouse. “A mediação sócio-cultural é um tema que sempre me acom-
panhou, desde que comecei, em 1992”, afirmou a Alta Comissária, esclarecendo
que “o mediador é muito mais que um tradutor. Tem de estar atento a toda a
comunicação”.
Para falar da sua experiência nesta área, foi convidado Carlos Giménez, profes-
sor da Universidade Autónoma de Madrid e director do programa “Migración e
Multiculturalidad” da universidade em que lecciona (Ver entrevista).
Os passos fundamentais deste projecto começaram na elaboração de um estudo, passando pela criação, em 1995, de uma
escola de mediadores sócio-culturais em Madrid, até à proposta, em 1997, por parte do Ayuntaminento de Madrid, para uma
intervenção activa na integração de imigrantes. Como frisou Giménez, o mediador “é uma figura que conhece muito bem a
situação dos imigrantes, a visão dos autóctones e as necessidades do município. É uma terceira parte”. Giménez terminou
o seminário, deixando uma recomendação: “a chave da mediação é a mediação comunitária com uma perspectiva sócio-
cultural”.
Em Portugal, a mediação em contextos multiculturais começou na década de 90, na sequência da entrada do nosso país na
então Comunidade Económica Europeia. Desde então, a figura do mediador e o conceito de mediação têm vindo a ganhar
significado e expressão social.

Programa Escolhas e Barclay’s Revista Escolhas

O Diálogo Intercultural como tema


Projecto ‘’Contas à Vida’’ A oitava edição da Revista
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No dia 22 de Fevereiro reali- Escolhas, produção trimes-


zou-se no Bairro do Armador, tral do Programa Escolhas,
em Chelas, o lançamento do foi distribuída gratuitamente
projecto “Contas à Vida”, um com a Revista Visão no dia
projecto de literacia financei- 28 de Fevereiro. Esta edição,
ra desenvolvido em parceria cujo tema é o Ano Europeu
entre o Programa Escolhas e do Diálogo Intercultural, apre-
o  Barclay’s Bank. O lançamento contou com a presença senta uma entrevista com a 3:cigZk^hiV$$6:hh„cX^V>ciZgXjaijgVaYZHVgVIVkVgZh
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da  Coordenadora  Nacional do Programa Escolhas, Rosário cantora Sara Tavares e repor- 3GZedgiV\Zch:heZX^V^h$$
9VgfjZ!DjijgZaV$EdgiZaVZBd^iV/AdXV^hYZ>ciZgkZcd

Farmhouse,  e  do Administrador do Barclay’s Bank, Peter tagens sobre algumas áreas


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Mottek. Com este projecto, o Barclay’s vai providenciar aos de intervenção do Programa
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projectos Escolhas que nisso manifestem interesse, sem Escolhas, como o Bairro da Outurela/Portela, em Lisboa, o
qualquer custo, uma acção de formação em literacia finan- Bairro da Quinta da Fonte da Prata, no concelho da Moita, e a
ceira,  composta por seis sessões ministradas por funcioná- freguesia de Darque, em Viana do Castelo. Nestas localidades
rios do Banco em regime de voluntariado, dirigidas a jovens desenvolvem-se diversos projectos que utilizam o diálogo
dos 14 aos 18 anos de idade. intercultural como “motor” das suas intervenções.
O projecto tem como objectivos ajudar os jovens a compre- A rubrica “Histórias de Vida” continua a mostrar histórias de
ender o papel e a importância do dinheiro nas suas vidas, destinatários que se têm destacado nos projectos Escolhas e a
a adquirir, compreender e utilizar competências básicas rubrica “Aconteceu” apresenta, nesta edição, um “Aconteceu
na área financeira e a reflectir sobre recursos e serviços – Especial de Natal” e o Encontro de Descendentes de
financeiros úteis para o seu futuro. Outros objectivos são Imigrantes que decorreu no ano passado, em Évora. Nesta
ainda o desenvolvimento de competências pessoais e sociais Revista poderá, ainda, saber mais sobre o que aconteceu no
relevantes para o seu projecto de vida e promoção de uma evento Escolhas de Portas Abertas - EPA, dinamizado tam-
reflexão sobre a dimensão financeira das suas escolhas em bém no ano passado pelo Programa Escolhas, bem como
matéria de educação, formação e emprego. ler diversos artigos de opinião sobre o tema do Diálogo
Intercultural.

3
Exposição Estudo

Por uma Vida Melhor A Situação de Irregularidade


As imagens de Gérald dos Estrangeiros
Bloncourt, em expo-
sição no Museu Foi recentemente publicado um working paper dedicado ao
Colecção Berardo, tra- tema “A Situação de Irregularidade dos Estrangeiros perante
zem-nos a memória a Lei Portuguesa”, de Paulo Manuel Costa, investigador do
dos portugueses que Centro de Estudos das Migrações e das Relações Interculturais
partiam para França à (CEMRI), professor do Departamento de Ciências Sociais e
procura de uma vida Políticas da Universidade Aberta e autor do livro Políticas de
melhor. Quando este fotógrafo olhava para os assustados Imigração e as Novas Dinâmicas da Cidadania em Portugal
emigrantes portugueses nos bairros de lata, nos anos 50, (2004). Neste estudo, Paulo Manuel Costa aborda a proble-
pensava: “ Ele vai conseguir porque é filho dos grandes des- mática da imigração irregular em Portugal com base numa
cobridores!”. Estes pensamentos aligeiravam a indignação análise do enquadramento legal da imigração, do estatuto
que sentia quando fotografava as miseráveis condições de dos imigrantes irregulares perante a lei portuguesa e da legis-
vida dos portugueses em França, ao longo de três décadas, lação e procedimentos de legalização.
imagens a preto e branco de grande intensidade que veio Em Portugal, o número de imigrantes com autorização de
mostrar a Portugal, pela primeira vez, no Museu Colecção residência passou de 54.414 em 1981, para 321.133 pessoas
Berardo. em 2006, segundo os números do SEF citados. Para além
Actualmente com 81 anos, o fotógrafo de origem haitiana disso, no período de 2001-2004, foram concedidas 183.833
olha para as fotografias dos anos 50 e 60 e identifica momen- autorizações de permanência. No entanto, o total de titulares
tos, pessoas, circunstâncias difíceis de uma época em que se de autorização de residência e de autorização de permanên-
encontravam em França milhares de emigrantes portugue- cia correspondeu, em 2006, a apenas cerca de 4% da popula-
ses. A trabalhar como freelancer, Bloncourt acompanhou a ção residente em Portugal. Em função do funcionamento de
chegada dos emigrantes, crianças, mulheres e homens “com redes sociais ou de redes de traficantes, existem sempre, em
a casa às costas”, que fugiam das más condições de vida em paralelo com os fluxos legais, fluxos irregulares de imigran-
Portugal para ir ao encontro de um futuro muito duro num tes, relativamente aos quais é difícil, e muito especulativo,
país estranho, onde se falava uma língua desconhecida. A avançar com dados quantitativos sobre a sua dimensão.
entrada nas fábricas de madrugada, as barracas feitas com Ainda assim, defende este investigador, é possível a partir da
restos de materiais, madeiras a desfazer-se, as crianças na fila informação estatística existente, que evidencia situações de
da água e a brincar nas ruas enlameadas, os homens a tra- entrada ou permanência irregulares detectadas pelas autori-
balhar nos estaleiros, ilustram uma realidade que Bloncourt dades de fronteira portuguesas, ter uma ideia da dimensão
testemunhou. que os fluxos irregulares poderão ter .
A exposição “Gérald Bloncourt - Por uma Vida Melhor” está Este trabalho está disponível na Internet em:
no Museu Colecção Berardo até 18 de Maio. http://pmcosta.com.sapo.pt/wp05.pdf 

Fundação Calouste Gulbenkian

Seminário Ensino Bilingue e Línguas Maternas


O Instituto de Linguística Teórica e Computacional (ILTEC) Na sua intervenção, James Crawford apoiou-se na sua expe-
promoveu no dia 21 de Fevereiro  um seminário no âmbito riência nos Estados Unidos, referindo que os modelos bilin-
do projecto “Turmas Bilingues na Escola Portuguesa”. Trata- gues são consistentemente mais eficazes do que outros
se de um projecto pioneiro em Portugal, ainda em fase de modelos “all-english” no ensino do Inglês às minorias. No
preparação, que tem como primeiro objectivo fazer uma entanto, acrescentou, isso não é conseguido em menos de
experiência de ensino bilingue em duas turmas do primeiro quatro ou seis anos, sem o respeito pelas duas línguas, sem
ciclo: uma em português e cabo-verdiano e outra em portu- formação adequada dos professores e sem o envolvimento
guês e mandarim. dos pais. Referindo-se aos benefícios de ser bilingue, este
Os intervenientes no Seminário deram conta das suas expe- autor do livro “English Learners in American Classrooms: 101
riências noutros países e das perspectivas teóricas e políticas Questions, 101 Answers” salientou as vantagens cognitivas,
que as fundamentaram. Entre os participantes estiveram tais como a melhor memória para o trabalho, as melhores
James Crawford, do Institute for Language and Education oportunidades de carreira, uma melhor adaptação e ajuste
Policy, com o tema “Education: Conserving and Developing social e a melhoria das relações familiares, ao minimizar os
Language Resources”, e Joana Duarte, da Universidade de conflitos.
Hamburgo, que abordou a experiência do ensino bilingue de Mais informações na Internet em:
alemão e português. www.iltec.pt
breves
Publicação em Diário da República

Contingente global indicativo


de oportunidades de emprego
Foi publicada, no Diário da República do dia 12 de Fevereiro, uma Resolução do Conselho de Ministros (RCM n.º 28/2008,
de 15 de Fevereiro) que aprova o contingente global indicativo de oportunidades de emprego para a admissão em território
nacional de trabalhadores de Estados Terceiros que não residam legalmente no país. Esta Resolução fixa um limite de 8.500 vis-
tos de residência para o exercício de actividade profissional subordinada, no qual está incluído um limite de 200 para a Região
Autónoma dos Açores e de 130 para a Região Autónoma da Madeira, aplicando-se desde 15 de Fevereiro até 31 de Dezembro
de 2008.
A Resolução vem concretizar o disposto na Lei da Imigração, que obriga à definição anual de um contingente global indicativo
de oportunidades de emprego. A Lei faz depender a concessão de vistos de residência para exercício de actividade profissional
subordinada da existência de oportunidades de emprego presumivelmente não preenchidas por cidadãos nacionais, cidadãos
comunitários ou estrangeiros residentes em Portugal.

www.netemprego.imigrante.gov.pt

Apresentação do portal Net-Emprego Imigrante


O Ministro da Presidência, Pedro
Silva Pereira, acompanhado dos
Secretários de Estado do Emprego
e Formação Profissional, Fernando
Medina, e Adjunto e da Administração
Interna, José Magalhães, participaram
no dia 19 de Fevereiro na cerimónia de
apresentação do portal Net-Emprego
Imigrante, realizada na Fundação
Portuguesa das Comunicações. A
iniciativa do Instituto do Emprego
e Formação Profissional permitirá
a publicitação de ofertas de empre-
go não satisfeitas por trabalhadores
nacionais ou da União Europeia e,
simultaneamente, a candidatura de
cidadãos de Estados Terceiros a essas
mesmas ofertas de emprego, bem
como o acompanhamento do trata-
mento das mesmas até à sua satisfa-
ção.

No portal www.netemprego.imigrante.gov.pt ficam disponíveis as ofertas de emprego apresentadas por empresas sedeadas
em Portugal, permitindo, por um lado, que entidades empregadoras divulguem as suas ofertas de emprego, e por outro, que
os cidadãos de Países não pertencentes à União Europeia tenham informações sobre as ofertas de emprego disponíveis em
Portugal. Esta iniciativa surge na sequência da fixação do contingente para a concessão de vistos de residência para cidadãos
de Países não pertencentes à União Europeia, no quadro da nova Lei que regula a entrada e permanência em Portugal de
cidadãos estrangeiros.

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Instituto Nacional de Estatística

Imigrantes asseguram Mais casamentos entre


crescimento populacional portugueses e outras
nacionalidades
Os casamentos entre
brasileiros e portugueses
cresceram quase 50 por
cento num ano, tendo-se
realizado 2.917 em 2006,
o que mantém esta nacio-
nalidade no topo da tabe-
la dos estrangeiros que se
unem a portugueses. Em 2006, 2.315 mulheres e 602 homens
brasileiros casaram com portugueses, números que repre-
sentam um crescimento de 46,6 por cento em relação ao ano
De acordo com os indicadores demográficos disponí- anterior, em que se tinham registado 1.533 casamentos de
veis relativos a 2006, divulgados pelo Diário Económico brasileiras com portugueses e 453 de portuguesas com bra-
no dia 25 de Fevereiro, o Instituto Nacional de Estatística sileiros, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística
(INE) revelou que a população portuguesa registou em (INE) divulgados em Janeiro.
2006 uma taxa de crescimento efectivo de 0,28%, devi- Os dados do INE revelam ainda que o número total de casa-
do ao aumento do número de imigrantes que passaram mentos em Portugal diminuiu para 47.857 em 2006 (menos
a residir no território nacional. Segundo os números do 814 que em 2005), enquanto que os casamentos com estran-
INE, em 2006 verificaram-se 105.449 nados vivos e 101.990 geiros aumentaram no mesmo período para 5.696 (mais
óbitos de indivíduos residentes em Portugal, valores que 1.364). Os cabo-verdianos surgem em segundo lugar na lista
se traduzem numa taxa de crescimento natural de 0,03%. dos estrangeiros que mais matrimónios contraíram com
Assim, o INE precisa que a taxa de crescimento efectivo da portugueses (249), seguindo-se os angolanos (180), os ucra-
população foi induzida sobretudo pela taxa de crescimento nianos (117), os romenos(131) e os russos (92).
migratório, que se situou em 0,25%. Entre cidadãos oriundos de países da União Europeia que
A mesma fonte afirma que em 2006 se registou o agravamen- não Portugal, os portugueses casaram principalmente com
to do índice de envelhecimento da população, que se situou espanhóis (98), ingleses (96), alemães (63) e franceses (63).
em 112 idosos por cada 100 jovens, em resultado do declínio Os dados do INE revelam também que são principalmente
da fecundidade e do aumento da longevidade. os homens que escolhem cônjuges estrangeiros. No total, em
2005 realizaram-se em Portugal 48.671 matrimónios, 4.332
dos quais com cidadãos estrangeiros.

Simpósio Internacional

Interculturalidade no Mediterrâneo
O Mediterrâneo foi formado historicamente através de migrações e movimentos populacionais de todo o tipo, identidades
transnacionais diversas e múltiplos intercâmbios culturais e económicos. Na actualidade, a par dos imigrantes que procuram
uma vida melhor, os turistas procuram as praias e os europeus do norte mudam as suas residências em busca de um clima
mais ameno e um outro estilo de vida: o modo de vida “mediterrânico”.
De 23 a 25 de Abril, a Universidade Miguel Hernández organiza em Elche (Alicante, Espanha) um Simpósio Internacional
sobre Interculturalidade no Mediterrâneo dedicado ao tema “Mobilidades num mundo transcultural: imigrantes, turistas e
residentes europeus”. A comissão organizadora convidou os investigadores que trabalham sobre a temática do encontro a
participar com a identificação de um problema teórico e o delineamento de respostas e soluções com base num trabalho etno-
gráfico sobre um dos quatro workshops do simpósio: mobilidade transcultural no Mediterrâneo, novos residentes europeus no
Mediterrâneo, identidades transnacionais e imigração no Mediterrâneo e processos interculturais na Costa Branca.
Mais informações na Internet em:
http://antropologia.umh.es/ISIM/index.htm
breves
Lagos Santa Casa da Misericórdia

Seminário ‘’Imigração: Unidade Móvel


um desafio regional’’ de Saúde mais próxima
No dia 21 de dos imigrantes
Fevereiro, diversos As Unidades Móveis de Saúde da Santa Casa da Misericórdia
Centros Locais de têm por finalidade assegurar, na cidade de Lisboa, maior
Apoio  à Integração acessibilidade aos cuidados de saúde primários. Neste âmbi-
de  Imigrantes to a Unidade Móvel de Saúde que desenvolve a sua actividade
(CLAII) do Algarve nos períodos diurno e nocturno tem dado especial atenção à
promoveram um população imigrante, deslocando-se a zonas específicas  de
Seminário sobre imi- Lisboa para uma maior proximidade a diversas comunida-
gração na região do des. As Unidades Móveis têm como objectivo melhorar o
Algarve, que contou acesso aos cuidados de saúde, através de informação acerca
com a presença da dos direitos legais no acesso à saúde, encaminhar os utentes
Governadora Civil do para as Unidades de Saúde da Santa Casa da Misericórdia
Distrito de Faro, da de Lisboa e outras entidades de saúde e sensibilizar para
Alta Comissária para a importância da vigilância da saúde e dos hábitos de vida
a Imigração e Diálogo saudáveis.
Intercultural e do Os profissionais de saúde prestam, gratuitamente, consultas
Presidente da Câmara Municipal de Lagos.  Os objectivos de Enfermagem, Psicologia e Nutrição, pequenos tratamen-
deste encontro foram a reflexão sobre os desafios decorren- tos, rastreios cardiovasculares e de higiene oral e ainda escla-
tes da problemática da imigração e o debate quanto às res- recimentos para a prevenção de comportamentos de risco
postas sociais existentes e a criar para a efectiva integração em áreas como a droga, sexualidade, tabaco e álcool. São
dos imigrantes e a promoção da coesão sócio-económica. realizados encaminhamentos para as consultas de especiali-
Os destinatários foram profissionais que desempenham dade e outras respostas de saúde e também de acção social.
funções na área da integração de imigrantes, profissionais No acompanhamento da população imigrante, a Unidade
da educação, da saúde, da administração pública, represen- Móvel percorre durante o mês de Março as zonas de Almirante
tantes de Associações de Imigrantes, representantes de enti- Reis, Portas de Benfica, Av. D. Carlos I, Av. António Augusto de
dades patronais, estudantes e o público em geral. Os painéis Aguiar, Largo de Santos e Rua Victor Santos.
que se sucederam ao longo deste dia foram  “A imigração:
a conjuntura e as respostas regionais”, “Saúde, Educação e
Solidariedade Social: Novos Desafios, Novas Fronteiras” e “Os
reptos ao Mercado Laboral”.

VI Congresso Português
de Sociologia
Mundos Sociais
Saberes e Práticas
De 25 a 28 de Junho de 2008 a Associação Portuguesa de Sociologia (APS) organiza em Lisboa o VI Congresso Português de
Sociologia, nesta edição  dedicado ao tema “Mundos Sociais: Saberes e Práticas”. O congresso, que decorrerá Faculdade de
Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, procurará reunir perspectivas sociológicas em torno de repre-
sentações, condições e experiências na configuração de  mundos sociais. Uma das áreas temáticas previstas é Migrações,
etnicidade e racismo.
A organização do VI Congresso prevê, por um lado, um conjunto de sessões plenárias e de conferências em que, a par de rele-
vantes contributos nacionais, é conferida uma maior expressão internacional. Por outro lado, este evento proporciona inter-
câmbios e aproximações entre sociólogos que se encontram em diferentes fases do seu percurso profissional e se repartem por
diversos contextos de trabalho.
Mais informações em:
www.aps.pt/cms/imagens/ficheiros/FCH477e4f4fcd153.pdf

7
Padre António Vieira Comunicação Intercultural

Os mesmos desafios Perspectivas,


quatro séculos depois
Realizou-se no dia 9 de Fevereiro, no
Dilemas e Desafios
auditório do Colégio São João de Brito,
em Lisboa, o encontro Fé e Justiça No dia 4 de Abril,
XVI. Subordinado ao tema “Padre realiza-se na
António Vieira: os mesmos desafios Universidade do
quatro séculos depois”, este evento Minho uma confe-
inseriu-se nas comemorações dos rência internacional
400 anos do nascimento do missio- dedicada ao tema
nário, escritor e orador português da “Comunicação
Companhia de Jesus. A conferência, Intercultural:
organizada pelo Centro Universitário Perspectivas,
Padre António Vieira (CUPAV), pelo Círculo Vieira e pelo Dilemas e Desafios”. A iniciativa é coordenada por Rosa
Instituto Padre António Vieira, dividiu-se em quatro painéis: Cabecinhas (Departamento de Ciências da Comunicação
“Os Direitos Humanos”, “O Diálogo Inter-Cultural e Inter- da Universidade do Minho) e Luís Cunha (Secção de
Religioso”, “Um Desígnio para Portugal” e “O Serviço da Fé”, Antropologia da Universidade do Minho), sendo organizada
e contou com a presença de Diogo Freitas do Amaral, do pre- pelo Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade (CECS),
sidente do Tribunal de Contas, Guilherme Oliveira Martins, Núcleo de Estudos em Antropologia (NEA) e Instituto de
da vice-presidente da Comunidade Israelita de Lisboa, Esther Ciências Sociais da Universidade do Minho.
Mucznik, de Roberto Carneiro, do Padre António Vaz Pinto, A conferência, organizada no âmbito do Ano Europeu do
de António Vitorino, das jornalistas Paula Moura Pinheiro e Diálogo Intercultural, que se assinala ao longo de 2008,
Laurinda Alves e de Marcelo Rebelo de Sousa, entre outros. reunirá investigadores de diferentes domínios disciplinares
Neste dia dedicado a recordar a actualidade da palavra de em torno das questões levantadas pela comunicação entre
António Vieira, foram citadas várias partes dos seus sermões culturas na actualidade. Representações e comunicação
e discutidas, paralelamente, várias questões relacionadas entre espanhóis e imigrantes, pós-colonialismo e  processos
com a actualidade, tais como a situação actual de Portugal identitários, memórias coloniais e pós-colonialidade, direi-
face ao futuro e a situação do diálogo entre culturas e entre tos humanos, políticas de imigração e interculturalidade na
religiões. Focando a singularidade da sua obra, nomeada- Europa, comunicação intercultural e produção de sentido,
mente na defesa dos índios brasileiros, Guilherme Oliveira diversidade  cultural entre o local e o global, construção do
Martins classificou Vieira como profeta à frente do seu lugar, pertenças e configurações espaciais, imagens e narra-
tempo. Esther Mucznik, ao iniciar a sua intervenção, afirmou tivas, o papel dos meios de comunicação e inclusão cultural
que os judeus guardam uma memória importante do Padre são algumas das questões em debate.
António Vieira e lembrou outra das vertentes da sua obra,         
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a defesa dos judeus e dos cristãos-novos, que o levou a ser   
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preso pela Inquisição.   
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Portugal Intercultural: Razão e Projecto


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



No âmbito das actividades comemorativas dos 25 anos identidade no contexto da interculturalidade.
        Os temas dos

      
do Centro de Estudos dos Povos e Culturas de Expressão volumes são: Multiculturalidade:
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Raízes e Estruturas (Volume
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Portuguesa, e decorrendo em 2008 o Ano Europeu do Diálogo I); Multiculturalidade: Contextos
     




e Dinâmicas (Volume II);
Intercultural, esta instituição, em colaboração com o ACIDI, Multiculturalidade: Matrizes e Configurações (Volume III);


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 
irá publicar uma obra em 4 volumes, subordinada ao tema e Interculturalidade: Transformações
  da identidade  (Volume

“Portugal Intercultural: Razão e Projecto”, em que se pretende IV). A obra é coordenada por Mário Lages e Artur Teodoro
estudar as raízes, contextos, dinâmicas, matrizes e configura- de Matos.
ções da multiculturalidade, bem como as transformações da

BI.MARÇO.08#58 8
Serviço de Estrangeiros e Fronteiras

Director eleito vice-presidente do Frontex


O director do Serviço de Tratando-se de um cargo não-executivo, uma vez que o órgão
Estrangeiros e Fronteiras decisor da Frontex apenas reúne esporadicamente, Jarmela
(SEF), Manuel Jarmela Palos acumulará o novo cargo com a direcção do Serviço de
Palos, foi eleito no dia 14 de Estrangeiros e Fronteiras.
Fevereiro vice-presidente do A continuidade como director do SEF não está em causa,
conselho de administração sublinhou o responsável, lembrando que todas as grandes
da Agência para o Controlo decisões que dizem respeito às fronteiras no espaço europeu
das Fronteiras Externas da são tomadas por este organismo internacional. A Frontex foi
União Europeia (Frontex), criada para reforçar a segurança nas fronteiras, assegurando
onde têm assento os directo- a coordenação das acções dos Estados-membros na aplica-
res dos Serviços de Fronteira ção de medidas comunitárias relacionadas com a gestão das
dos Estados que compõem fronteiras externas. Este organismo tem vindo a desenvolver
a União Europeia, o espaço diversas actividades e operações conjuntas com o objectivo
Schengen e a Suíça. Jarmela principal de coordenar as actividades dos 27, no âmbito da
Palos referiu que esta nome- gestão integrada da fronteira externa europeia e no desen-
ação é importante para Portugal, uma vez que o país tem volvimento concertado do combate à imigração ilegal por
vindo a assumir um lugar cada vez mais importante na via marítima. O SEF é o ponto de contacto nacional para o
Frontex. Assim, acrescentou, Portugal terá um outro peso relacionamento com a Frontex e desempenha um papel con-
na Frontex e a sua voz será ouvida de maneira diferente. siderado fundamental nessas actividades e operações.

Reboleira Pedidos de asilo

SEF divulga números de 2007


Posto do SEF com sistema
pioneiro A maior parte dos
estrangeiros que pedi-
ram asilo a Portugal em
O novo posto de atendimento do Serviço de Estrangeiros e 2007 foram homens,
Fronteiras (SEF) da Estação da Reboleira, na Amadora, inau- jovens, em situação
gurado no dia 25 de Fevereiro, é o primeiro do país a dispor de irregular, oriundos da
um sistema informático que permite a redução de três meses Colômbia, e invocaram
para uma semana do tempo de espera para obter uma renova- razões económicas ou
ção ou pedido de autorização de residência, segundo refere o fuga de situações de
Jornal de Notícias de 26 de Fevereiro. insegurança, segundo os números do Serviço de Estrangeiros
Situado na estação de comboios da Reboleira, o posto do SEF e Fronteiras do país, divulgados no dia 12 de Fevereiro pela
fica mais próximo da população e tem boas acessibilidades, Agência Lusa. De acordo com os dados do SEF, a maioria dos
tendo um tempo de espera muito reduzido para os utentes pedidos de asilo foram apresentados nos aeroportos portu-
que o procura, sobretudo moradores da Amadora e de Sintra. gueses por cidadãos que não tinham documentos Depois da
Por enquanto, o posto da Reboleira funciona entre as 8h00 e as Colômbia, a Guiné foi a principal origem dos requerentes. De
14h00, mas Manuel Jarmela Palos, Director do SEF, referiu que acordo com o SEF, no ano passado pediram asilo a Portugal
logo que o aumento da procura o justifique haverá a possibi- 224 pessoas, tendo os pedidos de asilo em Portugal aumen-
lidade de alargar o horário de atendimento. Este responsável, tado 41% em relação ao ano anterior. Em 2006, tinham sido
citado pela mesma notícia, referiu que poderão ser criados concedidas 28 autorizações de residência por razões huma-
mais postos de atendimento nas principais estações de com- nitárias e um estatuto de refugiado. A autorização de residên-
boio da periferia da capital. Para já, acrescentou, decorrem cia por razões humanitárias é um regime de protecção con-
negociações com a Câmara de Sintra, mas no futuro poderão cedido aos requerentes de asilo que, não sendo reconhecidos
abrir outros postos na Linha de Cascais, Linha do Norte e como refugiados, se encontram impossibilitados de regressar
Margem Sul do Tejo. ao país de origem devido a conflitos armados ou à sistemáti-
ca violação dos direitos humanos.
Alemanha

Jovens imigrantes criam própria maneira de falar alemão


Nas áreas urbanas multiculturais da Alemanha jovens imigrantes de várias origens desenvolveram os “etnolets”, novas manei-
ras de falar que misturam o alemão com outras línguas e cujas variantes têm o seu próprio ritmo e “gramática”. Os “etnolets”
são cada vez mais falados por crianças e jovens imigrantes de várias origens étnicas e já por alemães da mesma faixa etária,
essencialmente em grandes áreas urbanas como em Berlim ou Mannheim, onde existe uma grande diversidade cultural.
Conforme explica Inken Keim, sociolinguista da Universidade alemã de Mannheim, estas novas formas de falar baseiam-se
no alemão corrente mas são fortemente influenciadas por uma língua de mistura, sobretudo o turco, falado pela maior comu-
nidade imigrante na Alemanha. Os “etnolets” apareceram em zonas específicas e a maneira como são falados depende das
respectivas áreas e da origem étnica dos seus falantes. Sobre os “etnolets” falados na Alemanha, a especialista explicou que,
apesar de não poderem ser consideradas línguas mistas mas sim dialectos ou “slangs”, os seus falantes dominam e respeitam,
em grande parte, as regras do alemão padrão e do idioma de mistura. Os jovens mudam de um registo para o outro com grande
facilidade e sabem tanto falar de uma maneira como da outra, tudo acontecendo naturalmente, sublinhou Inken Keim.
De acordo com Inken Keim, a utilização dos “etnolets” está relacionada com um sentimento de pertença, e os jovens utilizam-
nos instintivamente para destacar que são uma mistura de ambas as culturas. A especialista não acredita, no entanto, que estas
novas maneiras de falar se enraízem na Alemanha ao ponto de ameaçar a língua alemã.

Tráfico humano

2,5 milhões de vítimas por ano


Cerca de 2,5 milhões de pes- dólares anuais (mais de 21 mil milhões de euros). O crime
soas, em todo o Mundo, são em causa - que inclui o aliciamento, o transporte e o alo-
vítimas anualmente de tráfico jamento de pessoas sob o uso da força ou outras formas de
humano e das suas várias for- coacção - afecta, sobretudo, pessoas com idades entre os 18 e
mas de exploração, trabalho os 24 anos, embora as estimativas apontem também que 1,2
forçado ou prostituição. Estas milhões de menores sejam traficados. A organização interna-
são as estimativas, referidas cional adiantou que 95% das vítimas sofrem violência física
pelo Jornal de Notícias de 14 ou sexual e que 43%, na sua grande maioria mulheres, são
de Fevereiro e divulgadas no forçadas à prostituição.
Fórum Global Contra o Tráfico Segundo a ONU, citada pela mesma notícia, cerca de 32 %
de Pessoas das Nações Unidas das vítimas, principalmente raparigas e mulheres, são alvo
(ONU), que decorreu em de exploração laboral, sobretudo nos sectores têxtil, indus-
Fevereiro em Viena. O evento trial e agrícola. Das 2,5 milhões de pessoas que anualmente
reuniu mais de mil especialis- são traficadas em todo o Mundo, cerca de 250 mil (10%) são
tas, políticos, organizações não governamentais e vítimas oriundas da América Latina, e 1,4 milhões (56%) são origi-
de tráfico humano, com o objectivo de encontrar formas nárias da Ásia. Um total de 161 países são afectados por este
de combater este fenómeno que, segundo estimativas da tipo de crime, seja como países de origem, trânsito ou desti-
ONU, produz lucros que ultrapassam os 31 mil milhões de no do tráfico de seres humanos.

Mutilação Genital

Comissão Europeia condena prática da excisão


A Comissão Europeia condenou a prática da excisão num comunicado divulgado em Bruxelas no dia 5 de Fevereiro, véspe-
ra do dia internacional da tolerância zero contra as mutilações genitais femininas. A comissária europeia para as Relações
Externas, Benita Ferrero-Waldner, lembrou que a ONU adoptou uma resolução contra a mutilação genital das mulheres, que
considera um desrespeito inaceitável pelos direitos humanos. Por seu lado, o comissário europeu para o Desenvolvimento,
Louis Michel, lembrou que esta prática causa um enorme sofrimento e é um sério atentado à saúde das mulheres e jovens,
sublinhando ser encorajador que alguns países tenham já adoptado legislação contra a mutilação genital.
O Fundo das Nações para a População estima em 130 milhões o número de mulheres e raparigas mutiladas em 28 países
africanos e ainda em alguns asiáticos e árabes, estando anualmente em risco mais cerca de dois milhões de jovens, o que
corresponde a 5.500 mutilações diárias. Com o fenómeno da imigração, a mutilação genital feminina, também conhecida por
excisão, já chegou aos Estados Unidos e à Europa.
O dia internacional da tolerância zero contra as mutilações genitais femininas foi lançado em 2003 pelo Comité Inter-Africano
sobre as Práticas que Afectam Mulheres e Crianças, uma rede não-governamental que já levou à adopção de legislação contra
as excisões em alguns países, tendo a ONU patrocinado a iniciativa no mesmo ano.
breves
Montijo

“ASSIM” em prol dos imigrantes


Em 2007, iniciou-se o Projecto “Tu Kontas”, no âmbito do Programa Escolhas, tendo
a Câmara Municipal do Montijo como Entidade Promotora. Um dos pilares deste pro-
jecto é a promoção de uma cultura de convivência e diálogo intercultural, no sentido
da criação de um Centro de Recursos Multicultural e de uma Associação de Imigrantes
no Concelho de Montijo. O Projecto “Tu Kontas” dinamizou um grupo de cidadãos
imigrantes do concelho, que desde o primeiro momento se mobilizaram com o objec-
tivo de constituir uma associação de imigrantes.
É de salientar o empenho e o envolvimento da Câmara Municipal do Montijo, em con-
junto com este grupo, na organização conjunta de diversas actividades. O esforço até
agora desenvolvido permitiu criar a primeira associação intercultural de imigrantes no
município de Montijo, a “ASSIM” (Associação de Imigrantes de Montijo), constituída
formalmente no dia 15 de Janeiro. Esta Associação tem como objectivo geral, defender e promover os direitos e os interesses dos
imigrantes e seus descendentes, de modo a permitir a sua plena integração e inserção na comunidade de acolhimento. A ASSIM
irá desenvolver, numa primeira fase, as suas actividades num espaço do Projecto “Tu Kontas”.

Contactos:
Centro Cívico do Esteval (Loja Azul)
Rua Professor Rui Luís Gomes – Bairro do Esteval – Montijo Telefone e Fax - 21 232 78 58.

Cova da Moura

ASSAMC comemora 28 anos


A Associação de Solidariedade Social do Alto da Cova da
Moura (ASSACM) celebrou, no dia 17 de Fevereiro, 28 anos
de uma existência dedicada a ajudar a população daquele
bairro da Amadora. Conforme refere o Jornal de Notícias
de 18 de Fevereiro, começou por ser um clube desportivo
e recreativo, mas, em 2001, houve a necessidade de prestar
apoio na área social.
Ilídio Carmo, presidente da ASSACM, referiu que a Associação
presta apoio às famílias necessitadas através, nomeadamen-
te, de uma assistente social que ali trabalha no âmbito do
programa Sistema de Atendimento e Acompanhamento
Integrado (SAAI), que conta com a parceria das instituições
locais, Segurança Social, Cruz Vermelha, Junta de Freguesia
da Buraca e Câmara Municipal da Amadora. Diversas famí-
lias recebem o apoio da ASSACM. Ao todo há 30 crianças que
estão na creche e mais 50 que frequentam as Actividades de
Tempos Livres, tais como capoeira, dança, patinagem, apoio
escolar e Informática.
A ASSACM comemorou 28 anos de existência com uma
festa no salão desportivo, que misturou música, dança e
espectáculos realizados pelas crianças da Associação. A tra-
balhar com a população do bairro, o antigo Clube Desportivo
tornou-se uma Instituição Particular de Solidariedade Social
(IPSS) em 2001.

11
# ent revi sta

Carlos Giménez:

“A integração é um processo
que nos afecta a todos”
No dia 21 de Fevereiro de 2008 o ACIDI relação ao protagonismo dos outros. E isto é fundamental
organizou um seminário sobre a mediação que já se tenha. O que acontece é que estas qualidades se
no âmbito dos processos de integração de podem também desenvolver. No caso de Espanha, o pro-
imigrantes com a participação de Carlos cesso de formação realizou-se tanto na universidade como
fora dela, o que é positivo, pois ambas as experiências
Giménez, director do “Instituto Universitario
são importantes. No caso da universidade, o que temos é
de Investigación sobre Migraciones, uma formação de pós-graduação, com a exigência de uma
Etnicidad y Desarrollo Social” (IMEDES) e do licenciatura para o acesso. Contudo, em relação a algumas
programa “Migración y Multiculturalidad” pessoas, o requisito da licenciatura pode ser substituído por
da Universidade Autónoma de Madrid. experiências formativas ou sociais nos seus países de origem.
Catedrático de Antropología Social, Carlos No nosso programa, é muito importante, em primeiro lugar,
que quem pretenda ser mediador intercultural conheça bem
Giménez é autor e editor de diversos livros,
os princípios, modelos, métodos e técnicas da mediação em
entre os quais “Inmigrantes Extranjeros en la general, mas que, para além disso, conheça também as parti-
Comunidad de Madrid”, “Guía de conceptos cularidades deste sector.
sobre migraciones”, racismo e intercultura-
lidad”, “Antropología más allá de la acade- Afirmou que o mediador intercultural não tem necessaria-
mia”, “Guía de Interculturalidad” e “Qué es mente de pertencer a uma comunidade específica...
Há um debate, e há diferentes posições, sobre a questão
la inmigración”.
da bagagem cultural, étnica, religiosa, linguística, que deve
ter o mediador intercultural, dado que realiza a mediação
Como surgiu a figura do mediador entre pessoas, instituições ou grupos
intercultural em Espanha? de diferentes culturas. A nossa posição
A figura do mediador intercultural No processo da teórica, mas também prática, é que
em Espanha surgiu em meados dos formação do mediador não é imprescindível que o mediador
anos 90, patrocinada por alguns pro- intercultural pertença a uma das cultu-
jectos europeus em diversos lugares, intercultural, é muito ras presentes na relação de mediação.
em especial a Catalunha, Madrid e a importante, em primeiro O essencial é que essa pessoa saiba
Andaluzia. É interessante verificar que mediar bem. Poderá ser um não-profis-
é uma figura que surge a partir de dife-
lugar, seleccionar bem sional mas, no caso dos profissionais, é
rentes grupos. No caso da Catalunha, as pessoas. fundamental que seja alguém que este-
alguns eram profissionais que traba- ja habituado a este tipo de conflitos, a
lhavam em empresas cooperativas, na este tipo de dificuldades de comunica-
Andaluzia eram pessoas que trabalhavam em organizações ção, e saiba manejar muito bem as chaves culturais – os pre-
de solidariedade com os imigrantes e no nosso caso, em conceitos, os estereótipos, os medos, etc.. Nesta perspectiva,
Madrid, surgem de um programa universitário, o programa é importante que o profissional envolvido tenha qualidade
“Migración e Multiculturalidad”, da Universidade Autónoma e trabalhe no meio comunitário, por forma a conhecer o
de Madrid. É um programa teórico, académico, mas também contexto social do bairro, do quotidiano das pessoas. Deste
prático, que fomentou desde o início a mediação intercul- modo, estará qualificado para dar atenção não apenas às cul-
tural. turas presentes, mas também a outros elementos. Quando
algum elemento linguístico, religioso, étnico ou cultural seja
Qual é a formação destes mediadores interculturais? muito relevante, e o mediador veja que não o conhece bem,
No processo da formação do mediador intercultural, é muito pode informar-se, perguntar a outros profissionais e, em últi-
importante, em primeiro lugar, seleccionar bem as pessoas, mo caso, pode realizar uma co-mediação ou mesmo entregar
porque nem toda a gente tem características pessoais que o caso a uma outra pessoa mais preparada. Mas não nos
apontem para essa actividade. São precisas pessoas que parece que o mediador tenha necessariamente de pertencer
tenham capacidade de comunicação, de empatia em relação a uma das culturas envolvidas.
a pontos de vista diferentes, e uma atitude de respeito em

BI.março.08#58 12
Em situação de conflito, o trabalho do medidor resulta mais negativas que existem numa comunidade para, analisando-
dos conhecimentos adquiridos ou de um “senso comum” as, poderem desenvolver actividades informativas, de conví-
que lhe é próprio? vio das pessoas, de criação de um tecido social, etc..
Aquilo que faz parte da técnica e do método são coisas que
o mediador tem na sua bagagem. Mas, no acto de mediação, Tem defendido que a integração é um caminho bi-direc-
quando está a ajudar as partes, o mediador reage de uma cional. Como é possível dizer às populações dos países de
forma automática e o que predomina é um grande sentido acolhimento que terão também de se adaptar?
comum, uma grande intuição e uma grande capacidade de Fiquei muito satisfeito com a definição europeia actual, defi-
empatia com as partes envolvidas. Quando o mediador ouve nindo por fim a integração como bi-direccional. Há muitos
atentamente as partes, de uma forma activa, actua sobretudo anos que insisto na necessidade de encarar o processo de
com humanismo e intuição. O que acontece é que a técnica, integração como um processo que afecta todos e que requer
apesar de não dominar o processo, está sempre presente. o esforço e a responsabilidade de todos, para criar uma
coesão social para todos. Nesse sentido, como será possível
Referiu a existência de “link workers” nos países anglo- fazer com que a maioria autóctone veja que é necessária
saxónicos. Qual é a diferença entre estes profissionais e os essa adaptação? Essencialmente, argumentando que isso é
mediadores interculturais? não só necessário como também muito positivo, não apenas
Poderíamos designar os “link workers” como “trabalhadores para os imigrantes mas também para a sociedade em geral. A
de ligação”. A própria palavra indica a diferença em relação maioria autóctone deveria receber a mensagem de que tem
à mediação. Trata-se de pessoas, geralmente pertencentes a um direito absoluto à sua própria identidade nacional, mas
uma comunidade minoritária, que actuam na ligação entre que essa identidade nacional tem constantemente evoluído
essa comunidade e o mundo exterior. ao longo da História. Agora, trata-se de
Mas não são, necessariamente, media- aproveitar a oportunidade da presença
dores entre as partes, porque actuam dos novos cidadãos para continuar a
em representação das necessidades da enriquecer essa identidade. Isto não
sua comunidade e devem ser leais ao deve ser visto como uma imposição
seu grupo. O mediador não é leal a ou como um recuo, deve garantir-se à
nenhum grupo em particular, é leal a maioria autóctone que não vai perder
todas as partes envolvidas no conflito. qualidade de vida, não se vai destruir
a nação. Pelo contrário, vai-se enrique-
Na sua intervenção, afirmou que o me- cer devido ao contributo extraordinário
diador perde eficácia quando toma de- que traz a imigração.
cisões. Porquê?
Quando afirmamos que a tomada deci-
Não é imprescindível O interculturalismo é um comple-
sões não é uma atribuição do mediador, que o mediador mento do multiculturalismo?
e que inclusivamente isso pode tirar intercultural pertença Há duas formas de ver a relação entre
força ao seu trabalho, é porque a filoso- multiculturalismo e interculturalismo.
fia e a metodologia da mediação assen- a uma das culturas Uma é vê-los como opostos, como
tam no protagonismo dos envolvidos, presentes na relação de defende Giovanni Sartori, e outra é vê-
denominado “o co-protagonismo dos los, como eu defendo, como um com-
outros”. A mediadora, ou o mediador,
mediação. plemento crítico. As políticas públicas
são apenas protagonistas do método, da técnica, do proces- multiculturais típicas dos anos 60 e 70, canadianas, britâ-
so. Se toma decisões, envolvendo-se demasiado, o mediador nicas, etc., foram logicamente sendo complementadas com
corre o perigo de perder a sua posição de parte terceira e uma outra série de ideias, no sentido de que não basta colo-
neutral. Isso não significa que não possa sugerir soluções às car ênfase na igualdade dos cidadãos, na necessidade de res-
partes, que não possa trabalhar com elas algumas alternati- peitar as diferenças dos diversos grupos da sociedade, mas há
vas. Mas o mediador não é um profissional que gere recursos, também que incorporar a convergência. Li um ensaio sobre
que toma decisões, e muito menos que impõe uma ou outra o caso canadiano, de um dos teóricos estudiosos do modelo
linha de conduta. multiculturalista canadiano, que defende a existência de
três etapas. Uma etapa étnica, em que se coloca a tónica no
O que é a mediação preventiva? respeito por todos os grupos socioculturais canadianos. Isso
A mediação preventiva consiste nas acções de mediação que manteve-se, mas surgiu uma segunda etapa cívica, em que
se orientam no sentido de, em primeiro lugar, evitar que o a tónica está na necessidade de respeitar todos os direitos,
conflito se manifeste ou que, quando se manifesta, o faça de reforçar a igualdade de direitos, etc.. Finalmente, fala-se de
uma forma regulada, dentro de parâmetros democráticos. uma terceira etapa, denominada “living together”, que pode-
Que tipo de actividades podem levar a cabo os mediadores ríamos traduzir como convivência. Isto é, não são apenas
interculturais para prevenir conflitos? Devem identificar necessários a igualdade e o respeito pela diferença, mas há
quais as tensões, preconceitos, estereótipos e percepções que ir mais longe, para uma terceira plataforma complemen-
tar das anteriores, que é a convivência num espaço comum.

13
Ano Europeu do Diálogo Intercultural

Juntos na Diversidade
O ACIDI apresentou no dia 27 de Fevereiro o programa do
Ano Europeu do Diálogo Intercultural 2008 (AEDI) no Mu-
seu Nacional de Etnologia, em Lisboa. O evento, que contou
com a presença dos Ministros da Presidência e da Cultura,
assinalou a abertura oficial do Ano Europeu do Diálogo In-
tercultural 2008, com a apresentação do website nacional
- www.aedi2008.pt - e a divulgação do Programa Nacional, de
que fazem parte mais de 500 eventos e projectos promovidos
por entidades públicas e privadas de todo o país. Seguiu-se
ainda um momento de animação intercultural com a partici-
pação de grupos de música e dança que aderiram ao Progra-
ma Nacional de Comemoração do Ano.
Desde 1983 que a União Europeia procura, todos os anos,
sensibilizar e chamar a atenção dos cidadãos europeus e dos
governos nacionais para um tema de acção. 2008 foi escolhi-
do, pelo Parlamento Europeu e pelo Conselho da UE, como
Ano Europeu do Diálogo Intercultural (AEDI). O desafio da
construção de uma sociedade que saiba valorizar mais e me-
lhor a diversidade cultural torna imperativa a participação
activa de toda a sociedade civil e das instituições públicas e
privadas, muitas das quais têm já desenvolvido, em Portugal,
inúmeras actividades que se inserem em boas práticas na
área do diálogo intercultural.
O Ano do Diálogo Intercultural é assim um convite feito a
todos para participarem activamente nos eventos propostos
pelo país e pela Europa, no sentido de nos consciencializar-
mos, racional e emocionalmente, que o diálogo intercultural
é uma forma de apaziguarmos os nossos receios face ao des-
conhecido e de tecermos redes para nos aproximarmos no
respeito e na aceitação mútua. Neste âmbito, o lema esco-
lhido foi ‘Juntos na Diversidade’, apelando à importância do
diálogo intercultural na construção de uma sociedade mais
justa e inclusiva, que saiba acolher os frutos da diversidade.
Mais do que a simples aceitação do “outro”, o Ano Europeu
do Diálogo Intercultural, propõe o acolhimento do “outro” e
a transformação de ambos com esse encontro.
O Ano Europeu do Diálogo Intercultural 2008 foi estabelecido
pela Decisão N.º 1983/2006/CE do Parlamento Europeu e do
Conselho da Europa, a 18 de Dezembro de 2006. Em Portugal,
o ACIDI foi nomeado, segundo a Resolução do Conselho de
Ministros n.º 92/2007, o organismo nacional de coordenação
do Ano, apoiado por uma Comissão Nacional de Acompa-
nhamento.

BI.MARÇO.08#58 14
Conhecer melhor os imigrantes
A Alta Comissária para a Imigração e Diálogo
Intercultural, Rosário Farmhouse, apelou no
dia 26 de Fevereiro aos portugueses para que
conheçam melhor os imigrantes que vivem no
país e encarem a diversidade cultural como
uma grande oportunidade.

Em vésperas da abertura em Portugal do Ano Europeu do Di-


álogo Intercultural (AEDI), a Alta Comissária disse que atra-
vés desta iniciativa do Parlamento Europeu os portugueses
vão ter oportunidade de dialogar mais e identificar-se com
as diferentes culturas e perder o medo do desconhecido. O
AEDI, coordenado pelo ACIDI, decorre até ao final do ano e
tem como objectivo promover o diálogo intercultural a nível Espelho Meu”, que visa promover o museu como espaço de
nacional, regional e local, com a realização de 504 eventos representação identitária, social e multicultural; o “Ciclo Ou-
que envolvem mais de 300 instituições. O diálogo intercul- tras Lisboas”, no Teatro S. Luiz, em Lisboa, onde estarão em
tural existe em Portugal e a realização das mais de 500 ini- exibição peças de teatro de todo o mundo e um concurso de
ciativas a nível nacional comprova que os portugueses estão fotografia europeu para promover a interculturalidade.
cada vez mais atentos a esta área, disse Rosário Farmhouse. No âmbito do AEDI, que envolve 42 bibliotecas e 97 projectos
No entanto, considerou que este diálogo pode ser melhorado com escolas, estão já programados cinco festivais de cinema,
através da sensibilização da opinião pública para a riqueza da 33 espectáculos de dança e artes, 41 exposições, 75 feiras te-
interculturalidade e pluralidade, que vai permitir um conhe- máticas, 22 espectáculos de música, 46 peças de teatro e 63
cimento mútuo. colóquios.
A Alta Comissária afirmou que, em vez de olharmos a diversi- Mais informações em:
dade cultural pela negativa, temos que a encarar como uma www.aedi2008.pt
grande oportunidade para a construção de uma sociedade
mais coesa, onde as pessoas se possam sentir bem, indepen-
dentemente da sua origem, religião, classe social ou cultura.
Assim, apesar de Portugal ser um país pequeno, com fluxos
migratórios relativamente recentes, os imigrantes sentem-se
bem no país.

Um diálogo interactivo
Rosário Farmhouse considerou que actualmente não se deve
falar apenas em tolerância, mas também em diálogo intercul-
tural. Na sua opinião, a tolerância é um passo fundamental
para que se consiga estabelecer o diálogo, mas este tem que
ser muito mais interactivo, tem que ir mais além, ser mais au-
daz para que realmente se consiga integrar os imigrantes e
construir algo em conjunto. Para isso, acrescentou, é funda-
mental o papel das autarquias, pois a integração dos imigran-
tes faz-se em primeiro lugar a nível local.
De entre as actividades que integram o Ano Europeu do Diá-
logo Intercultural e que englobam a sociedade civil e diversos
ministérios, Rosário Farmhouse destacou o projecto “Museu,

15
# OCD E

Imigrantes são mais qualificados


do que os que ficam
As pessoas originárias de países não membros da Organização para a Cooperação e o
Desenvolvimento Económico (OCDE) que imigraram para aquele espaço têm qualificações
superiores à média da população dos seus países de origem, revelou um relatório daquela
organização divulgado no dia 20 de Fevereiro.

De acordo com o relatório sobre os perfis das populações


de imigrantes no século XXI, apesar de 23,6 por cento dos
imigrantes não originários da OCDE terem registado em 2000
um nível de qualificação superior à media dos conterrâneos
que ficaram no seu país (19,1 por cento) tal não significa
que exista uma fuga de cérebros generalizada para o mundo
desenvolvido. A OCDE adianta que, apesar de existirem dife-
renças significativas entre os países, a maior percentagem
de universitários entre os imigrantes em comparação com à
população que ficou no país de origem é generalizada.
De acordo com os autores do relatório, o “êxodo de cérebros”
a partir das nações em desenvolvimento para os 30 Estados-
membros da OCDE, na sua maioria ricos e industrializados,
é apenas significativo no caso de alguns pequenos países
da África e do Caribe. O documento indica que não há fuga
de cérebros generalizada para a OCDE, já que a taxa de
emigração de quem possui qualificações superiores geral-
mente é baixa em grandes países como o Brasil, Indonésia,
Bangladesh, Índia e China. No entanto, o documento admite
que existem excepções em alguns países, particularmente
nos casos das Ilhas Fíji, Haiti, Jamaica, Trindade e Tobago
e Ilhas Maurícias, nações em que mais de 40 por cento da
população altamente instruída vive no exterior.

Fluxos migratórios “internos”


De acordo com os autores, o fenómeno das migrações alta-
mente qualificadas é significativo no próprio seio da OCDE,
sobretudo porque os Estados Unidos são o único país que
apresenta um equilíbrio amplamente positivo. Assim, em
1995, segundo o relatório, os EUA tinham um excesso de 19,3 por cento no Canadá, contra os 0,5 por cento no México
cerca de um milhão de pessoas altamente qualificadas, oriun- e 1,9 por cento na Coreia do Sul e Turquia.
das dos quinze Estados-membros que formavam a União O documento sublinha que as pessoas altamente qualifi-
Europeia (UE), e de aproximadamente 180 mil de outros cados que imigram para a OCDE tendem a ter resultados
países que entraram na comunidade europeia nessa década. relativamente menos favoráveis no mercado de trabalho,
Ainda relativamente aos fluxos migratórios “internos” entre quando comparados com os nativos com o mesmo nível de
os membros da OCDE, o documento adianta que os países escolaridade que permanecem nos seus países. A mão-de-
que mais mão-de-obra altamente qualificada exportaram obra imigrante no mesmo campo profissional varia bastante
foram o Reino Unido (1,1 milhões) e a Alemanha (860 mil), de um país para outro, sendo uma característica bastante
estados que estão no “clube” dos países desenvolvidos. generalizada a sua forte implantação nos sectores de servi-
Em termos globais, a população nascida no estrangeiro ços muito pouco ou muito qualificados. A taxa de actividade
representava no início da década 7,5 por cento do total de dos imigrantes que vivem nos países da OCDE é inferior à da
habitantes da OCDE, com grandes variações internas: 32,6 população em geral, mas a diferença é, segundo os autores
por cento das pessoas nascidas no Luxemburgo eram imi- do relatório, menor do que a geralmente percebida: 62,3 por
grantes, 23 por cento na Austrália, 22,4 por cento na Suíça e cento contra 66 por cento, respectivamente.

BI.MARÇO.08#58 16
# opin i ão

A cara e a coroa Corsino Tolentino

Há mais de meia dúzia de anos que sou leitor do BI, que colecciono, talvez por ter sido
migrante, talvez por ter pensado no assunto. Independentemente dos motivos do meu
interesse, o certo é que graças à sugestão dos então Alto Comissário para a Imigração e Diálogo
Intercultural e Coordenador do Observatório da Imigração, o Carlos Rocha, a Nancy Tolentino
e eu tivemos a oportunidade de fazer o Estudo da Importância e do Impacto das Remessas dos
Imigrantes no Desenvolvimento de Cabo Verde, doravante o Estudo 27.

A coincidência da publicação do trabalho no ano da gradua- sobrevivência, afirmação do Estado e financiamento da eco-
ção de Cabo Verde de País Menos Avançado (PMA) a País de nomia familiar e nacional. Actualmente, as remessas situam-
Desenvolvimento Médio (PDM) é muito feliz. Efectivamente, se entre o investimento estrangeiro e a ajuda pública, repre-
os que já estavam e os que chegaram são indissociáveis como sentando o dobro desta.
a cara e a coroa da mesma moeda. As remessas apresentam-se como os mais estáveis entre os flu-
O estudo consiste numa introdução geral, três capítulos e um xos de financiamento externo e são factores eficazes de trans-
conjunto de conclusões e recomendações de políticas para formação social. A mobilidade acelera a mudança material e
ambos os países. simbólica na família, no sentido da igualdade entre os géneros.
O 1.º capítulo discute as migrações na regulação da globali- A emigração feminina e o papel preponderante da mulher nas
zação, a situação peculiar dos PMA, as causas da mudança de redes de comércio informal internacional têm função acelera-
perspectiva que puxou o fenómeno migratório para o primeiro dora da mudança social horizontal e ascendente.
plano das políticas públicas nas últimas três décadas e o esta- A análise das relações entre Portugal e Cabo Verde sugere a
do das remessas e do seu impacto no desenvolvimento. existência de um modelo misto com predomínio do altruísmo
O 2.º capítulo é praticamente um esboço de manual para sobre o auto-interesse.
ajudar na construção de um quadro de referência, permitindo Ao estabelecer a paridade fixa entre o escudo cabo-verdiano
avaliar o défice de informação e definir estratégias para o pre- e o euro, o Acordo de Cooperação Cambial entre Portugal e
enchimento das lacunas e o aprimoramento dos mecanismos Cabo Verde desde 1998 criou confiança geradora de remessas.
de recolha, tratamento e registo de dados.
O 3.º capítulo é dedicado às remessas dos imigrantes cabo-ver- E recomendações práticas
dianos. Também conta como o inquérito em Portugal e Cabo – Interacção das autoridades portuguesas e cabo-verdianas no
Verde contribuiu para a redução do défice de informação. sentido da clarificação definitiva da situação jurídico-legal dos
O estudo termina com um conjunto de conclusões e recomen- descendentes dos imigrantes cabo-verdianos.
dações como contributo dos Autores ao conhecimento da rea- – Institucionalização do direito do imigrante eleger e ser eleito
lidade e aprimoramento das políticas públicas e da acção das a todos os níveis do poder político, com excepção dos cargos
entidades não estatais ao serviço dos três grandes beneficiá- que a Constituição da República reservar a cidadãos de nas-
rios que são o migrante e a sua família, o país de acolhimento cimento.
e o país de origem. – Apoio a instituições universitárias para a realização de estu-
dos sobre as migrações e remessas, para facilitar a sua integra-
Conclusões da análise … ção nas estratégias de desenvolvimento.
A pesquisa levou a equipa a resultados que podem ser pontos – Legalização, educação e formação profissional como vias de
de partida para novas indagações e práticas. Como exemplos, integração.
apresento conclusões para justificar recomendações. – Instalação em Portugal e em Cabo Verde de sistemas de
Cerca de 90.000, os cabo-verdianos formam a maior comuni- recolha, análise e processamento de informação relativa às
dade estrangeira em Portugal. migrações e às remessas, sua utilização e impacto na socieda-
Para Cabo Verde, a emigração é um fenómeno estrutural com de de origem.
grande impacto quer ao nível do equilíbrio físico-social, quer – A Comissão Consultiva Conjunta para as Migrações, criada
no económico, quer na transformação sociocultural do país. em 2006, deverá desempenhar um papel de relevo no acom-
Basta olhar para a lista dos países que são simultaneamente panhamento e monitorização de um programa inovador pela
os maiores parceiros do desenvolvimento de Cabo Verde e as qualidade das suas propostas e capacidade de influenciar o
principais origens das remessas para verificar a sobreposição futuro.
dos respectivos mapas, com poucas excepções. – Concepção de políticas estimuladoras da articulação das
O mapa das embaixadas e dos consulados de Cabo Verde coin- remessas com projectos de desenvolvimento local e nacional.
cide com o mapa das maiores comunidades cabo-verdianas – Introdução de informação sobre as migrações no currículo
no estrangeiro. escolar.
Apesar da dificuldade na obtenção de números exactos, O leitor do BI dirá que muito ficou por dizer e explicar e eu
existem dados para sustentar a tese de que os emigrantes e responderei que o Estudo 27 vai ajudar.
as remessas desempenham um papel vital nas estratégias de

17
# ent revi sta

Alcestina Tolentino:

“O diálogo intercultural tem marcado


todas as nossas acções”
Como surgiu a Associação Caboverdeana? futuro realojamento. Em consequência, a nossa comunidade
A Associação Caboverdeana é herdeira da primeira associa- tem hoje condições de habitação muito melhores do que
ção de imigrantes em Portugal, a Casa de Cabo Verde, criada aquelas que tinha no início dos anos 90. Ainda assim, temos
nos finais da década de 6 0por um grupo de cabo-verdianos alguma população a viver em barracas, e temos problemas
residentes em Portugal que eram profissionais liberais ou da que resultam do facto de o recenseamento ter sido feito em
Administração do Quadro Comum do Ultramar. Na altura, a 1993 e ter decorrido muito tempo até ao realojamento efec-
associação surgiu com os objectivos de congregar os cabo- tivo das famílias, que entretanto tinham crescido e sofrido
verdianos residentes em Portugal e criar um espaço de vivên- transformações, o que resulta em agregados familiares muito
cia da cultura de Cabo Verde. Essa associação foi transforma- sobre-utilizados.
da, pelos trabalhadores cabo-verdianos que então estavam a
imigrar em força para Portugal, e também pelos estudantes, As realidades dos imigrantes têm evoluído. De que formas
num espaço onde se travou toda a luta política que antece- é que esta Associação tem dado resposta às novas questões
deu a independência. Assim viveu os primeiros anos, que que surgem?
coincidiram no tempo com um forte movimento de rea- A certa altura, nas nossas jornadas de reflexão, os dirigentes
grupamento familiar, e com a instalação dessas famílias ao da Associação chegaram à conclusão de que seria necessário
longo das áreas periféricas de Lisboa. Como as pessoas não um trabalho de sensibilização, no sentido não só de pro-
tinham outra alternativa, tiveram de criar os seus próprios curar criar associações nos bairros onde as pessoas viviam,
alojamentos, construindo habitações com estruturas frágeis, para tornar mais eficaz a intervenção junto das populações,
principalmente barracas, em terrenos baldios ou abando- mas também para facilitar o diálogo com as instituições
nados. Surgiu assim uma espécie de cintura de barracas à portuguesas que davam respostas directas aos problemas
volta de Lisboa. Deste modo a Associação Caboverdeana, nos das populações, como as câmaras municipais, as juntas
finais da década de 70, viu-se a braços com a necessidade de de freguesia e os serviços de saúde, educação e segurança
transformar os seus objectivos, virando-se para a questão das social. Foi assim que da Associação Caboverdeana saíram os
condições de vida da comunidade cabo-verdiana residente membros mais dinâmicos de novas associações, cada um na
em Portugal. sua zona, com o objectivo de criar uma associação local. É
por isso que, actualmente, muitas associações nos bairros se
Uma das intervenções importantes tem sido na questão do designam “Associação Caboverdeana de...”. São associações
realojamento... perfeitamente autónomas, com os seus estatutos próprios,
Houve muitos projectos em que a Associação esteve envolvi- mas herdaram o nome da Associação Caboverdeana.
da, sobretudo através da sensibilização
das populações para a melhoria das Como é que a Associação Caboverdeana
Alcestina Tolentino nasceu em S.
suas próprias condições de vida. Nos se articula com essas associações
Vicente, Cabo Verde, tendo feito o
finais dos anos 80, as pessoas continu- curso de Serviço Social em Coimbra regionais e locais?
avam a viver nas mesmas zonas, mas já na década de 60. Regressando a Uma vez criadas associações junto
com construções em alvenaria, e não Cabo Verde em 1970, trabalhou na das várias comunidades, a Associação
em barracas de materiais precários, área da Saúde durante cinco anos. Caboverdeana passou a ser uma espé-
embora fossem muitas vezes habita- Depois da independência, em 1975, cie de casa-mãe dessas associações. Há
ções sem grandes condições. exerceu funções no Ministério da uma franja da população que procura-
Em 1993, o governo português lançou Saúde e Assuntos Sociais, pri- va e continua a procurar a Associação
um programa de recenseamento das meiro como técnica do Gabinete Caboverdeana sempre que tem qual-
de Estudos e Planeamento e mais
populações residentes em habitações quer problema ou preocupação, mas
tarde como Directora Geral dos
precárias, no sentido de elaborar um Assuntos Sociais. Em 1984 regres- esta Associação foi-se tornando cada
programa nacional de realojamento. sou a Portugal como conselheira vez mais um interlocutor, a entidade
Como a comunidade cabo-verdiana era da Embaixada para os assuntos da que faz a interligação entre a nossa
uma das que em Portugal vivia em pio- imigração. Desde 1995, tem estado comunidade e as diversas instituições
res condições de habitação, uma larga ligada à Associação Caboverdeana, portuguesas, principalmente a nível
percentagem dessa comunidade foi da qual é actualmente presidente da central. A ida para os bairros ajudou a
alvo desse recenseamento com vista ao direcção. conhecer melhor a realidade de cada

BI.MARÇO.08#58 18
comunidade e fez-nos chegar à conclusão de que era neces- é preciso dotá-la de instrumentos de adaptação ao tecido
sário um trabalho político de pressão junto das autoridades social e de um espírito de empreendedorismo. Isto aplica-
portuguesas, no sentido de resolver a situação daquelas se principalmente às nossas mulheres, que acabam por ser
populações. Havia uma área cinzenta na legislação portu- uma franja mais esquecida, apesar de terem um peso cada
guesa, porque as pessoas estavam em Portugal, trabalhavam, vez maior no total dos imigrantes presentes em Portugal.
viviam, tinham filhos na escola, necessidades de saúde, etc., Há cada vez mais mulheres que vêm de Cabo Verde com o
mas para as autoridades não existiam, porque não tinham seu projecto individual de imigração, o que faz com que as
direitos. Isso gerava um acumular de problemas sociais, que questões de género nos mereçam cada vez mais atenção.
só se poderiam resolver se as pessoas passassem a ter uma Neste momento, estamos a trabalhar no sentido de fazer sur-
existência legal que a maioria não tinha. Esse movimento de gir uma organização de mulheres, com estatutos próprios e
pressão, que teve o apoio, nomeadamente, de estruturas da capacidade para assumir determinadas tarefas.
Igreja Católica e outras que trabalhavam directamente com A Associação tem também uma vertente de desenvolvimen-
as populações, partiu da Associação Caboverdeana. to cultural muito importante. Assumimo-nos sempre como
um pólo de divulgação da cultura cabo-verdiana no seio da
Um ano após a entrada em vigor da Lei da Nacionalidade, sociedade portuguesa, de ligação dos descendentes dos cabo-
que balanço é possível fazer? verdianos à cultura de origem dos seus pais, mas também de
O que temos observado para já é um ligação entre os nossos povos e cultu-
movimento grande das pessoas no ras. Não somos um núcleo de cabo-
sentido de utilizarem os mecanismos verdianos que se reúne, somos um
para o acesso à nacionalidade que a lei espaço aberto à sociedade. Este ano de
confere, principalmente no que respei- 2008 é o ano do Diálogo Intercultural,
ta às crianças. Ainda é muito cedo para um pensamento que tem marcado
se poder medir os efeitos deste novo todas as nossas acções.
regime jurídico. Até aqui, estávamos
habituados a lidar com as barreiras Que papel tem tido a Associação
que o não ter acesso à nacionalidade Caboverdeana na Plataforma das
trazia às nossas crianças. Agora, com o Estruturas Representativas das
acesso à nacionalidade de uma grande Comunidades de Imigrantes em
franja da nossa população, há cami- Portugal (PERCIP)?
nhos que estão livres, embora a nova A Associação Caboverdeana está liga-
lei preveja um compasso de espera da à PERCIP desde os primórdios. So-
para alguns de entre nós, nomeada- mos parte da direcção e temos estado
mente os da chamada “segunda gera- sempre ligados às reflexões que têm
ção”. Serão necessários três ou quatro Estamos a trabalhar no sido feitas. A PERCIP deve ter uma pre-
anos para ser possível fazer um balan- sentido de criar uma ocupação imediata com o direito de
ço. organização de mulheres, participação política dos imigrantes.
Participação política “tout court”, mas
Quais são actualmente os principais
com estatutos próprios e sobretudo participação política dos
projectos da Associação Caboverdea- capacidade para assumir imigrantes a nível autárquico. É uma
na? determinadas tarefas. conquista que os cabo-verdianos já
Esta Associação tem um caminho já têm, mas é preciso pensar nas outras
percorrido desde há alguns anos, no comunidades imigrantes, que não têm
qual há ainda muito a fazer, que é esse direito. A lei está limitada pela
a área da educação e da formação da nossa comunidade, questão da reciprocidade, mas pensamos que, uma vez que
sobretudo junto dos nossos adolescentes no ensino obriga- os imigrantes trabalham e vivem no espaço português, e é
tório, quer os que estão quer os que deveriam estar. É um aqui que eles são activos e contributivos, a questão da sua
trabalho que queremos fazer de uma forma cada vez mais participação não deveria estar condicionada dessa forma.
sistemática, e que nos fez estar atentos às oportunidades Julgamos que a PERCIP deve lutar activamente e mobilizar as
que o Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN) associações para que isso seja uma realidade. Para além disso,
oferece no sentido de combater o insucesso escolar. Para deve também realizar a mobilização dos imigrantes para que
além disso, pretendemos promover o aumento do tempo de beneficiem dos seus direitos, principalmente junto daqueles
ligação à escola da nossa comunidade, que normalmente que já têm esse direito adquirido, como é o caso dos cabo-
abandona a escola muito cedo. Outra preocupação que a verdianos e de uma grande comunidade brasileira, mas tam-
Associação Caboverdeana tem é a promoção do aumento do bém de cidadãos de outros países do Continente Americano.
nível de formação para a inserção no mercado de trabalho e A comunidade cabo-verdiana tem trabalhado nesse sentido,
do aproveitamento das competências dos adultos. A nossa mas a percentagem de cabo-verdianos que beneficiam desse
comunidade está habituada a lutar pela sobrevivência, mas direito é ainda relativamente baixa.

19
# c u lt u ra

Migration,
pour l’Afrique de l’Ouest et du centre
et l’Organisation internationale pour les migrations (OIM) Development
and Poverty Reduction
renforcement des capacités en Afrique (ACBF)
Organisé conjointement par la Fondation africaine pour le

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et réduction de la pauvreté Organized jointly by the African Capacity Building
Foundation (ACBF)
développement and the International Organization for Migration (IOM)
for West and Central Africa

Migration,
Sintrenses Ciganos
Edição: Câmara Muni c i pa l de S i nt r a “Nós”, aos domingos,
Au t or : Jo sé G abri el Pe r e i r a B a st o s na RTP2
Migration, Develop- Domingos: RTP2 às 9h50
“Sintrenses Ciganos Uma abordagem estrutural-dinâmica” resul- ment and Poverty Segunda a Sexta: RTP1 às 8h05
ta de um estudo sobre as comunidades ciganas residentes neste
concelho, realizado por investigadores do Centro de Estudos de Reducti on
E d içã o : O I M , 2 0 07 Parabéns a... NÓS!
Migrações e Minorias Étnicas. O livro começa por abordar o “es-
tado da arte” dos portugueses ciganos e o seu percurso histórico, Em Março, o programa NÓS atinge as 200 emissões! 200 pro-
traçando um panorama dos sintrenses ciganos. Esta comunidade A OIM e a African Capacity-building Foundation (ACBF) organi- gramas de uma hora que durante quatro anos tem levado até si a
é então abordada numa perspectiva mais aprofundada, que inclui zaram um workshop em Dakar sobre Migrações, Desenvolvimento riqueza deste Portugal Multicultural. E, para agradecer o apoio dos
a sua história migratória e características demográficas. Os ca- e Redução da Pobreza, participado por representantes de vinte nossos telespectadores, a festa será com a qualidade de sempre...
pítulos seguintes analisam os agregados familiares, a situação países. Os debates centraram-se na contribuição potencial dos Haverá um programa especial dedicado ao lançamento do Ano
habitacional, os modos de vida e estratégias de subsistência, imigrantes para o desenvolvimento de diversas estratégias no Europeu do Diálogo Intercultural, onde poderá saber tudo sobre
assim como as experiências escolares. Finalmente são abordados, sentido de aproveitar as oportunidades criadas pela imigração. a preenchida agenda de eventos de 2008. O Sheik Munir estará
entre outras questões, aspectos relevantes da cultura/lei cigana Estes debates resultaram numa série de propostas para o Diálogo presente para falar sobre o Islão em Portugal, havendo ainda re-
e a religiosidade cigana. de Alto Nível realizado na sede da ONU, em Nova Iorque, em Se- portagens e histórias de vida de muçulmanos em Portugal. Na Pás-
tembro de 2006. Esta publicação poderá ser encomendada na sua coa, o NÓS descansa e não haverá emissão, mas prepare-se para
versão em papel, encontrando-se também disponível na Internet o Programa de Aniversário, um especialíssimo programa a emitir no
Migration and the em www.iom.int. dia 30 de Março com o melhor do Diálogo Intercultural na TV!
Right to Health
Edição: OIM, 2 007
Revi sta Sociolog ia,
O artigo “Migration and the Right to Health: A Review of European Problemas
Community Law and Council of Europe Instruments”, publicado e Práticas
N° 12 no n.º 12 da revista Interna-
International
Migration E d içã o : C e n tro d e I n v e s tig a ç ã o e Es tu d o s d e
tional Migration Law, pretende
Law
S o c i o l o g ia
dar uma perspectiva jurídica do
acesso dos migrantes à saúde
Migration and O número 53 da revista Sociologia, Problemas e Práticas inclui
the Right to Health: na União Europeia. Este estudo ACIDI, I.P.
A Review of European o artigo “Tráfico, contrabando e imigração irregular: os novos
Community Law and Council demonstra que existem diversos Alto Comissariado para a Imigração
of Europe Instruments contornos da imigração brasileira em Portugal”, de João Peixoto, e Diálogo Intercultural
instrumentos ao nível europeu
Compiled and edited by Paola Pace
professor do Instituto Superior
que reconhecem o direito à saúde O ACIDI, I.P. prossegue atribuições da Presidência
de Economia e Gestão da Uni- do Conselho de Ministros, regulado pelo D.L. nº.
como um direito fundamental tan-
versidade Técnica de Lisboa. 167/2007, de 3 Maio
to para cidadãos nacionais como
O artigo pretende estabelecer
estrangeiros. Contudo, como é
uma clarificação conceptual
sabido, essa não é a realidade
entre o tráfico de pessoas e o
efectiva nos países da UE. Assim, o principal objectivo é identi-
contrabando de migrantes, en-
ficar os desafios, a nível europeu, na área da protecção da saúde
trando em linha de conta facto-
dos migrantes. Esta publicação poderá ser encomendada na sua
res como o grau de exploração
versão em papel, encontrando-se também disponível na Internet
económica, os níveis de engano
em www.iom.int.
e a violência envolvida, os ob- Lisboa
Rua Álvaro Coutinho, nº 14-16 1150-025 Lisboa
jectivos da migração, a idade e Tel.: 218 106 100 Fax: 218 106 117

o género dos migrantes. São analisadas em particular as redes de acidi@acidi.gov.pt


auxílio à imigração económica e as redes de tráfico de mulheres do www.acidi.gov.pt
Brasil para Portugal. www.oi.acidi.gov.pt

Revista Antropológicas BOLETIM INFORMATIVO

Direcção
Rosário Farmhouse
Alta Comissária para a Imigração e Diálogo Intercultural
E d içã o : U ni ve r si da de Fe r na ndo Pe s s o a Coordenação da edição
Elisa Luis

O último número da revista Antropológicas é dedicado ao tema das migrações, com uma apresentação Redacção
João van Zeller
de trabalhos desenvolvidos no âmbito de dois projectos de investigação: um projecto sobre processos (joao.zeller@acidi.gov.pt)

de integração social e económica de imigrantes, coordenado por Alcinda Cabral, e um projecto sobre Design
Jorge Vicente (druida@mac.com)
o impacto das migrações entre os meios rural e urbano no processo de transição demográfica em
Portugal, coordenado por Rui Leandro Maia. Algumas das restantes questões abordadas nos artigos Colaboraram nesta edição
Marta Gonçalves Pereira
deste número da revista são a emigração mexicana para os EUA, dinâmicas migratórias e racismo em Catarina Reis Oliveira
Maria Helena Torres
adolescentes espanhóis e portugueses e educação intercultural em Portugal e Espanha. Julie Scheier
Kattia Hernandez
Corsino Tolentino

Fotografia da capa
Joost De Raeymaeker

Pré-impressão e Impressão

BI.MARÇO.08#58
Tipografia Peres

Tiragem
7.000 Exemplares

Depósito legal
23.456/99

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