You are on page 1of 13

POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

ESCOLA SUPERIOR DE POLÍCIA MILITAR


CURSO DE APERFEIÇOAMENTO DE OFICIAIS

Disciplina: Gestão do Conhecimento

Professora: Verônica Mattoso

Análise dos Filmes “Duplicidade”, “Razões para Guerra”, “Leões e Cordeiros”

Autores: Capitão PM Letícia Ferreira Rodrigues - RG 65.089

Capitão PM Bárbara Cristina Ondeza Motta Vianna - RG 65.105

Niterói-RJ

1. INTRODUÇÃO
O presente trabalho tem por objetivo realizar uma análise dos filmes
“Duplicidade”, “Razões para Guerra”, “Leões e Cordeiros”, buscando apontar
dentro de cada obra cinematográfica os seguintes conceitos apresentados em
artigos disponibilizados pela docente e explicados em sala de aula na disciplina de
Gestão do Conhecimento: dado, informação, conhecimento, sociedade da
informação, sociedade do conhecimento, agente do conhecimento, gestão do
conhecimento, solidão fundamental, ritual de passagem da comunicação e
transmutação social.
Após análise das obras supra mencionadas, será realizada uma
correlação entre os conceitos extraídos dos filmes e dos artigos e, ainda, será
estabelecido um paralelo com o momento atual da Polícia Militar do Estado do Rio
de Janeiro
Apresentaremos, neste momento, a definição de dados que
correspondem todas estruturas isoladas que principiam o fluxo de informação. A
informação é um fenômeno no qual fatos, ideias e imagens, ou seja, dados
transmutam-se da mente do autor para uma inscrição com determinada relevância,
bem como com a intenção de gerar conhecimento no indivíduo, no seu grupo e na
sociedade. O uso da informação só se efetiva quando se processa a assimilação da
informação e é aceita como tal.
O conhecimento é resultado da assimilação da informação na qual
ocorre um processo de interação entre o indivíduo e uma determinada estrutura de
informação que vem gerar uma modificação em seu estado cognitivo, produzindo o
conhecimento.
A sociedade da informação é caracterizada pela reunião de aparatos
tecnológicos, visando o gerenciamento e organização dos fluxos organizacionais,
tendo em vista a aceleração, veiculação e quantidade de informações na produção
de conhecimento
A sociedade do conhecimento compreende uma idealização que visa o
bem estar social através do conhecimento compartilhado, utilizando para tal o auxílio
dos agentes do conhecimento aliados as ferramentas tecnológicas.
A solidão fundamental, segundo Aldo de Albuquerque Barreto, se
caracteriza como um momento em que um indivíduo processa em seu âmago a
codificação da informação que, posteriormente, se fará conhecimento. Quanto ao
ritual de passagem da comunicação é demonstrada na transferência de uma
estrutura de informação entre agente emissor e o receptor, sendo um acontecimento
especial para este último, pois após recebida a informação será conduzido a solidão
fundamental.
A transmutação social ocorre quando há formação de nova espécie por
meio de mutações, provenientes da reconstrução de estruturas significantes.
Alcançada em sua plenitude quando muda o modo de pensar do indivíduo, seu
grupo ou uma sociedade através da difusão de um novo conhecimento.
Como considerações finais serão estabelecidos paralelos desses
conceitos com a atual realidade da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro.

2. DESENVOLVIMENTO

O filme “Duplicidade”, lançado em 2009, estrelado por Julia Roberts


(Claire) e Clive Owen (Ray Koval), retrata a típica sociedade da informação
aparelhada de ferramentas tecnológicas de última geração, objetivando a segurança
e controle ao acesso de informações que representam a lucratividade de uma
grande multinacional. Claire e Ray Koval são ex-agentes governamentais que foram
trabalhar no setor privado com intuito de praticar a espionagem para o alcance de
seus objetivos econômicos.

No foco do filme, há duas grandes multinacionais, chamadas Burkett


& Randle e Equikrom que disputam o mercado de cosméticos e fraldas, utilizando
como estrutura organizacional a inteligência corporativa, sendo a Claire uma
funcionária do setor de inteligência da B&R.

Destaca-se nesta obra o tratamento que é dispensado às


informações, bem como o controle no acesso a estas na defesa de uma fórmula de
um novo produto rentável que significa lucratividade. Numa das cenas verifica-se a
reunião de alguns dados pela a agência de inteligência da Equikrom, são eles: a
unidade de pesquisa da B&R não cria um produto novo desde 1997, o volume de
entrada e saída de veículos da empresa, o rastreamento das carteiras de valores e
pagamento de hipotecas de empregados, a frequência de compras pela internet e
acesso a sites pornográficos. Após a análise dos dados acima, eles criam uma
informação de que o produto novo não fora produzido na B&R, mas sim por uma
terceira companhia. A partir da assimilação dessa informação, eles partem para a
busca de novos dados, verificando as aquisições da concorrente nos últimos 18
meses e buscando invadir o departamento de viagens.

É imenso o fluxo de informações que são apresentados no filme,


estando demonstrada a dificuldade de armazenamento destas de forma segura.
Durante todo o filme, a duplicidade encontra-se na seguinte pergunta: quem trabalha
para quem? Ao final do filme, o Presidente da B&R surpreende a todos quando
descreve todo o seu plano de contra inteligência no qual usou os ex-agentes
governamentais, Claire e Koval, para transmitir as informações que ele desejou que
chegasse até sua concorrente, influenciando equivocadamente sobremaneira as
decisões tomadas pelo Presidente da Equikrom.

O filme “Razões para Guerra” é um documentário que apresenta os


interesses econômicos dos Estados Unidos nas intervenções a outros países. O
ponto vital deste documentário não está na gama de dados e informações que nos
traz, mas sim na visível transmutação social pela qual está passando os norte-
americanos no que diz respeito aos motivos que os levam a uma guerra.

No início do documentário, o Presidente Dwight D. Eisenhower faz


um alerta aos norte-americanos sobre o aumento crescente do complexo industrial
militar, pois tal fato poderia acarretar implicações maiores. O Presidente Eisenhower,
realmente, fez uma previsão do que estaria por vir já que possuía conhecimento
tendo em vista ter atuado como Comandante das Forças Aliadas na Segunda
Guerra Mundial.

Em seguida, o documentário apresenta vários cidadãos norte-


americanos respondendo a seguinte pergunta: “Porque nós lutamos?” e o que
impressiona é a resposta quase padrão de todos, sendo ela: “Lutamos pela
liberdade”. Essa resposta pronta é sinônimo de uma cultura americana que tentou
justificar as guerras pelos melhores motivos. Lutam como nação porque consideram
o lutar o melhor para a defesa dos seus interesses. Contudo, depois alegam que é
pela liberdade quando na verdade muito mais está acontecendo nos bastidores dos
gabinetes governamentais.
O policial reformado de Nova Iorque, Sr. Wilton Sekzer narra como o
dia 11 de setembro de 2001 impactou sua vida. Ele conta que estava no metrô com
destino a Nova Iorque quando todos passageiros levantaram assustados ao
perceber o seguinte dado: as torres do World Trade Center estavam em chamas.
Neste momento, Sr. Wilton processa esse dado e cria a informação de que seu filho
que trabalhava lá poderia estar morto. Infelizmente, a informação criada pelo policial
estava correta.

Porém, à medida que o documentário avança esse policial


demonstra a mudança de sua postura diante dos fatos pertinentes a essa catástrofe
já que num primeiro momento ele requer que seja feita justiça e que seus “inimigos”
sejam mortos. Numa segunda cena, ele relata que é reformado e vive de pensão,
mas gostaria de fazer algo em memória de seu filho. Em seguida, ele está com
algumas fotos suas, quando foi para a Guerra do Vietnã, em 1965, com a missão de
atirador de um helicóptero. Ele reflete sobre sua missão de estar envolvido em tirar
vidas de pessoas que pareciam objetos vistos lá do alto do helicóptero e, ainda, sem
contar que a Guerra do Vietnã foi baseada em informações falsas criadas pelo
governo norte americano que manipulou a população e a mídia. Logo após, ele
relata que conseguiu que o nome de seu filho fosse inscrito num míssil que foi
lançado sobre terras iraquianas, em abril de 2003.

Em relação ao policial supra, é possível perceber sua transmutação


social após a análise dos fatos e informações que são assimiladas, lhe permitindo
criar um novo conhecimento e enxergar que nem sempre houve os motivos
alegados pelo governo americano para uma guerra. Ele tem essa percepção de que
não passavam de informações criadas para justificar a guerra contra o Iraque, após
uma entrevista do Presidente George Bush. Tal fenômeno está atingindo muitos
americanos que ao serem questionados por que lutam, não utilizam mais aquela
resposta pronta de que é para garantir liberdade e paz mundial. Eles estão
adquirindo a visão crítica com relação ao assunto.

O Sr. Joseph Cirincione, Diretor da Carnegie Endowment for Peace,


traz dados importantes sobre as ações adotadas após o ataque do dia 11 de
setembro, são eles: no início todos apoiavam a ofensiva americana, posteriormente,
viu-se jovens morrendo, bilhões sendo gastos com a guerra e a animosidade contra
os EUA aumentando. Sendo assim, em sua opinião era necessária uma reavaliação
dos motivos da Guerra, tendo por base as informações acima.

O ex-agente da CIA, no período de 1967-1973, Sr. Chalmers


Johnson traz à tona o termo “blowback”, constituindo-se em nova informação. Ele
explica que blowback é consequência involuntária de uma operação externa, quer
dizer, um efeito não intencional da operação externa mantido deliberadamente em
segredo público americano. Concluindo, ainda, que os americanos nunca se
perguntam por que são odiados, eles se esquecem que as retaliações sofridas
podem ser decorrentes das suas atitudes de dominação sobre os demais países.

Aborda-se no documentário, o estabelecimento de conexões entre


empresas bélicas e o governo americano que lucram fortunas com a manutenção de
um verdadeiro ambiente de guerra que nunca foi apaziguado após a Segunda
Guerra Mundial. Fala-se em um sistema composto pelo Congresso americano,
Exército, Indústria bélico-militar e os estrategistas.

São apresentadas, no documentário, todas as intervenções


americanas desde 1954 até os dias atuais, sendo algumas delas: Guatemala (1954),
Líbano (1958), Vietnã (1965), Panamá (1964), Camboja (1975), Irã (1980), Ilha de
Granada (1983), Iraque (1990/1993/2003), Somália (1992), Haiti (1994), Afeganistão
(2001). Logo, são dados que representam a permanência dos EUA num ambiente
de guerra. Pergunta-se: até onde isso é interessante para eles? Qual o custo-
benefício? Para as mães e pais de jovens conduzidos a guerra não há custo-
benefício, embora para o congresso exista por conta dos contratos bilionários e a
geração e manutenção dos empregos nas indústrias bélicas.

É possível perceber a transmutação social ocorrida com os


iraquianos, que no início, apoiavam a investida americana com vistas a libertação do
seu povo do braço forte de Sadam e, posteriormente, se revoltaram com os ataques
aéreos americanos que vitimaram centenas de civis. Destacando que o governo
americano insistia em manipular as informações quando afirmava que todos os
ataques aéreos atingiram somente os alvos desejados.

Observa-se ainda a evolução da sociedade da informação com


todos seus apetrechos tecnológicos que permitem o encurtamento dos espaços e
melhor aproveitamento do tempo, bem como o desenvolvimento ininterrupto de
equipamentos de guerras mais sofisticados no que se refere a precisão de alvos e
cada vez mais letais. Definitivamente, neste ambiente de guerra o capitalismo está
superando a democracia.

Leões e Cordeiros narra um drama humano de 2007 contado sob a


perspectiva de um filme de guerra, um retrato arrebatador de várias pessoas
envolvidas em diferentes aspectos da guerra no Afeganistão. Os personagens
principais são: o Senador Jasper Irving (Tom Cruise), a repórter Janine Roth (Meryl
Streep), o professor Stephen Malley (Robert Redford), os jovens oficiais do Exército
americano Ernest (Michael Peña) e Arian (Derek Luke), um mexicano e o outro
negro e o universitário Todd (Andrew Garfield).

O filme apresenta três estórias simultaneamente, no primeiro


segmento o Senador Irving, aspirante a Presidente, tenta vender sua nova estratégia
de tomada de lugares específicos para observação através de pontos avançados e
não mais bases, à repórter Janine que há 8 anos publicara uma matéria sobre Irving
o tratando como a esperança do partido, o que ajudou a lhe render 77% dos votos.
Janine é uma profissional crítica, inteligente e insatisfeita com a Guerra e percebe
que sua conduta a 8 anos atrás ajudou a eleger um político manipulador que joga
com vidas americanas na guerra para se promover, quando se dá conta que foi
usada e que está sendo manipulada novamente para atrair a aprovação pública.

Atuam no segundo segmento o professor Stephen, agente do


conhecimento, profissional comprometido em identificar estudantes promissores
capazes de fazer algo para transformar o futuro, tentando resgatar o aluno Todd, um
talento desacreditado da política de seu país, sofre de cegueira social e preferiu
viver de forma alienada e egoísta, como a grande maioria, diante do sistema
imposto.

Através do exemplo de dois de seus alunos, o professor tenta


convencer Todd de que os soldados da guerra são aqueles cidadãos idealistas mais
maltratados da sociedade – estudaram em escolas ruins, não tem perspectiva de
futuro, e que esse sistema vai continuar se as pessoas com potencial que realmente
pensam nas soluções decidirem se calar e comprar a idéia de que as coisas devem
permanecer como são.
No terceiro segmento, Ernest e Arian foram alunos medianos de
Stephen. Um mexicano e um negro, ambos de família pobre, conseguiram estudar
com bolsa esportiva, mas preferiram alistar-se para o exército, na esperança de
voltarem e então cursarem o nível superior e serem reconhecidos por terem um
diferencial, a entrar para uma universidade em que teriam que se endividar para
pagar os estudos. Quando Stephen tenta fazê-los desistir, percebe que os dois
sabiam exatamente como funcionava o sistema político-econômico do seu país,
porém tinham razões pessoais muito fortes e estavam determinados.

O filme tem início com o Senador Irving a observar as estatísticas


(conhecimento) de aprovação do Presidente dos EUA em relação à guerra contra o
terror, 6 anos depois do seu início após os ataques do 11 de setembro de 2001. Tem
um momento de solidão fundamental e manda o exército implementar nova
estratégia de guerra no Afeganistão e simultaneamente chama a repórter Janine
para uma exclusiva para noticiá-la numa tentativa de inserir a mídia no processo
para conquistar aprovação pública, interferindo no fluxo da informação.

Enquanto tenta manipular a repórter para que ela divulgasse sua


“estratégia completa” durante “uma hora inteira”, a ação militar era realizada e
fracassava. “Uma hora inteira” para a repórter significava em seu conhecimento
tácito o desespero do político, enquanto que para o redator-chefe dela, confiança
depositada na repórter. O Senador ao perceber, pelas discussões de pontos de vista
diferentes, que a repórter não está comprando sua ideia rechaçando a continuidade
da guerra, ataca a responsabilidade moral da mídia, em especial do canal dela,
quando fizeram propaganda da guerra estimulando o alistamento anos atrás, o que
contribuiu para o fim de muitas vidas americanas.

O professor Stephen ao examinar sua pauta colhe informações de


que o aluno mais talentoso estava ausente frequentemente. Num momento de
solidão fundamental decide chamá-lo para uma conversa, quando pretende trazer de
volta aquele aluno brilhante com as palavras. O professor faz uma proposta
irrecusável e Todd após breve momento de solidão fundamental decide aceitar.
Stephen fala da trajetória (informação) dos alunos Ernest e Arian.

O oficial responsável pela operação no Afeganistão dá as ordens da


nova estratégia aos oficiais Ernest e Arian e seus soldados. O setor da Inteligência
havia passado informações sobre o lugar que deveria ser ocupado e que estava
vazio e sobre o local de passagem das tropas iraquianas aliadas da guerrilha afegã.
Uma cena reveladora do ritual de passagem da comunicação é quando o Coronel
ainda brifando com a equipe – repassando as informações, aponta (agir
comunicativo) o Irã no mapa, como resposta à pergunta do Tenente Ernest sobre o
local de passagem das tropas sunitas após dizer que não responderia à pergunta,
pois já queriam saber demais. O tenente exprime seu conhecimento tácito ao
indagar sobre como é esquisito a passagem de patrulhas sunitas por território xiita.

Janine questiona bastante Irving e quando ele aponta o Irã como o


novo inimigo americano aliado dos sunitas permitindo a passagem pelo lugar mais
rápido, a repórter também expressa seu conhecimento tácito revelando ser esta uma
informação interessante se confirmada, afinal são 1300 anos de conflitos entre
sunitas e xiitas deixados de lado.

Os militares são mandados para tomar uma montanha afegã,


escolhida como ponto de observação por helicóptero. Do alto o piloto aponta uma
arma antiaérea enferrujada e velha que não funciona, já identificada por fotos
anteriores e diz para não se preocuparem. Quando os pilotos a viram pela primeira
vez, era um dado, quando identificaram o não funcionamento, gerou conhecimento e
quando repassou para os tenentes era uma informação. Para o Tenente Arian
significava uma emboscada, diante de seu conhecimento tácito. Para Ernest era
uma simples informação, a única relevância era que não funcionava. A antiaérea de
fato não funcionava, mas a aeronave foi abatida por armas menores.

Ao término da exclusiva algumas cenas revelam a solidão


fundamental de Janine antes de decidir não ser usada novamente e não publicar as
informações de Irving até porque não havia nada confirmado era somente a palavra
dele e ele disse que faria qualquer coisa. Ela vive um conflito interno ao detectar que
as aparências não correspondem à realidade: a continuidade da guerra é vital para
os interesses pessoais de Irving.

No final percebe-se que houve uma mudança (transmutação social)


em Todd, pois sua atitude, da cena inicial para a final do filme, mudara em relação
às notícias de americanos mortos na guerra, revelando ter entendido o real contexto
social americano diante da Guerra, uma opção política de uns poucos poderosos
com consequências drásticas para os jovens do povo, ao passo que não responde
às perguntas fúteis do seu colega.

A mídia acaba por anunciar a nova estratégia ofensiva, mas não


divulga o fracasso da operação com todos mortos.

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Primeiramente, abordaremos a importância da análise dos dados no


desenvolvimento das políticas de combate a criminalidade. Os dados extraídos das
estatísticas de incidência criminal, após analisados e processados, transformam-se
em informações que permitem que o gestor de segurança pública aplique e distribua
da melhor maneira possível o policiamento ostensivo, bem como possibilita a
implementação de policiamento preventivo em determinado local. Tal medida é
efetivamente adotada na Corporação.

Uma dificuldade encontrada pela Corporação está na disseminação


dos fluxos de informações devido não só a grande quantidade existente, mas
também pela falta de confiança em quem receberá os fluxos. Lamentavelmente,
como vimos bem representado no filme “Duplicidade”, existem pessoas que
trabalham em prol de seus interesses, aproveitando-se da posição que ocupam para
terem acesso a informações privilegiadas que lhes trarão retorno financeiro.

Surge a necessidade da Polícia Militar analisar adequadamente os


fluxos de informações informais decorrentes de seus integrantes, da população
fluminense e da mídia, separando o relevante do residual. O policial militar, durante
a execução do seu serviço, é receptor de inúmeros dados e, até mesmo
informações, que devidamente processados, após o momento de solidão
fundamental, podem ser importantes para a prevenção de um delito.

Cabe destacar que a Polícia Militar não pode priorizar o foco nas
tarefas em detrimento ao foco nas pessoas, pois os agentes do conhecimento mais
valiosos são também os mais prováveis de sair da Corporação devido a falta de
valorização profissional e ausência de reconhecimento do seu capital intelectual, por
conseguinte, buscarão em outras instituições espaço para exporem suas ideias e
aplicarem seus talentos. É preciso minimizar as tarefas irracionais, mecanizadas, o
trabalho burocrático e as competições internas, pois na sociedade da informação
não podemos usar o capital humano de maneira tão ineficiente.

A Corporação, após a criação do conhecimento sobre policiamento


comunitário, estudado e aperfeiçoado desde a década de 90, experimentou a
implantação das Unidades de Polícia Pacificadora (UPP), no ano de 2008, que
revela-se um misto de conhecimento tácito (habilidades pessoais) e conhecimento
explícito (formalizado em textos, fácil de codificar, transferir). A interação do policial
militar com a comunidade permite que haja uma quebra de paradigmas ao passo
que a comunidade percebe que a força policial não significa violência, mas sim
mediadora de conflitos que anteriormente chegariam a consequências extremas,
além do que facilita a entrada dos serviços públicos àquela localidade, tornando a
vida de seus moradores mais digna. Desta forma, verifica-se que a Polícia Militar
está experimentando a transmutação social que busca sempre a evolução de
determinado grupo na difusão de um novo conhecimento.

As tecnologias de informação modificaram a qualificação de tempo e


espaço. Os avanços tecnológicos garantiram ao policial militar a possibilidade de
realizar cursos à distância, tais quais os coordenados pela Secretaria Nacional de
Segurança Pública (SENASP), que podem alterar o seu estado de conhecimento ou
porque aumenta o seu estoque de saber acumulado, ou porque sedimenta saber já
estocado, ou porque reformula saber anteriormente estocado.

Por fim, é importante ressaltar que a gestão do conhecimento significa


cada vez mais gerir pessoas e gerir a própria instituição, valorizando o processo de
aprendizado, tendo como início o Alto Comando da Corporação porque neles é que
se formam os valores da organização e se estabelecem as políticas que serão
adotadas. É papel fundamental do Alto Comando valorizar o aprendizado individual
e coletivo, estimulando o compartilhamento de conhecimento e, consequentemente,
alcançando a prestação de um serviço de melhor qualidade para a população
fluminense.
REFERÊNCIAS

BARRETO, Aldo de Albuquerque. A condição da informação. São Paulo em


perspectiva, 16(3), 2002.

BARRETO, Aldo de Albuquerque. As tecnoutopias do saber: redes interligando o


conhecimento. Revista de ciência da Informação. v.6,n.6, dez/nov/05. Artigo 01.

CAPURRO, Rafael; HJORLAND, Birger. O conceito da informação. Perspectivas em


ciência da informação, v.12, n.1, p. 148-207, jan./abr. 2007.

Filme: “Duplicidade”, dirigido por Tony Gilroy, EUA – 2009.

Filme: “Leões e Cordeiros”, dirigido por Robert Redford, EUA – 2007.

Filme: “Razões para Guerra”, dirigido por Eugene Jarecki , EUA, França, Inglaterra,
Canadá e Dinamarca – 2006.

REZENDE, Yara. Informação para negócios: os novos agentes do conhecimento e a


gestão do capital intelectual. Ci. Inf, Brasília, v.31, n.2, p.120-128, mai/ago. 2002.
SILVA, Luiz Sergio da. Gestão do conhecimento: uma revisão crítica orientada pela
abordagem da criação do conhecimento. Ci. Inf. Brasília, v.33, n.2, p.143-151,
maio/ago. 2004

You might also like