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1 Introdução 5
2 Seqüências Numéricas 7
2.1 Definições . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
2.2 Operações com Seqüências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
2.3 Convergência de Seqüências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
2.3.1 Seqüências Monótonas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
2.3.2 Supremo e Ínfimo de Seqüências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
2.4 Seqüências Divergentes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
2.5 Subseqüências de uma Seqüência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
2.6 Seqüências de Cauchy . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
3 Séries Numéricas 33
3.1 Definições . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
3.2 Operações com Séries Numéricas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
3.3 Convergência de Séries Numéricas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
3.4 Resultados Gerais de Convergência de Séries Numéricas . . . . . . . . . . . 41
3.5 Critérios de Convergência para Séries Numéricas com Termos Não-negativos 44
3.6 Convergência de Séries Alternadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
3.7 Reagrupamento de Séries Numéricas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66
3.8 Séries Absolutamente Convergentes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68
3.9 Séries Condicionalmente Convergentes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70
4 Seqüências de Funções 73
4.1 Seqüências de Funções . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73
4.2 Convergência Pontual de Seqüências de Funções . . . . . . . . . . . . . . . 74
4.3 Convergência Uniforme de Seqüências de Funções . . . . . . . . . . . . . . 77
4.4 Seqüências de Funções de Cauchy . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83
4.5 Propriedades da Convergência Uniforme de Seqüências de Funções . . . . . 84
5 Séries de Funções 91
5.1 Séries de Funções . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91
5.2 Convergência Pontual de Séries de Funções . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93
5.3 Convergência Uniforme de Séries de Funções . . . . . . . . . . . . . . . . . 94
3
4 SUMÁRIO
Introdução
Este trabalho poderá servir como notas de aula para o cursos cuja ementa trata de
seqüências é séries numéricas, seqüências é séries de funções, em particular, série de
potências e de Fourier.
Aplicaremos séries de Fourier para a resolução de alguns problemas relacionados com
algumas Equações Diferenciais Parciais, a saber, as Equações do Calor, da Onda e de
Laplace, no caso periódico.
Serão exibidos todos os conceitos relacionados com o conteúdo acima, bem como pro-
priedades e aplicações dos mesmos.
As referências ao final das notas poderão servir como material importante para o
conteúdo aqui desenvolvido.
5
6 CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO
Capı́tulo 2
Seqüências Numéricas
2.1 Definições
Começaremos tratando das:
Definição 2.1.1 Uma seqüência de números reais (ou complexos) (ou seqüência numérica)
é uma aplicação
a : N → R (ou C)
n 7→ a(n)
isto é, uma lei que associa a cada número natural n um, único, número real (ou complexo)
a(n) que indicaremos por an .
Os elementos an serão ditos termos da seqüência.
O conjunto {an : n ∈ N} será dito conjunto dos valores da seqüência.
Denotaremos uma seqüência por: (an )n∈N , (an ), {an }n∈N , {an }.
Exemplo 2.1.1
. 1
1. (an ) onde an = , n = 1, 2, · · · .
n
Conjuntos dos valores da seqüência = {1, 12 , 13 , · · · }.
.
2. (an ) onde an = 0, n = 1, 2, · · · .
Conjuntos dos valores da seqüência = {0}.
(
. nπ 0, n par
3. (an ) onde an = sen( ) = n+3 , n = 1, 2, · · · .
2 (−1) 2 , n ı́mpar
Conjuntos dos valores da seqüência = {1, 0, −1}.
7
8 CAPÍTULO 2. SEQÜÊNCIAS NUMÉRICAS
.
4. (an ) onde an = n, n = 1, 2, · · · .
Conjuntos dos valores da seqüência = {1, 2, 3, 4, · · · }.
.
5. (an ) onde an = (−1)n , n = 1, 2, · · · .
Conjuntos dos valores da seqüência = {1, −1}.
n+1
6. (an ) onde an = n
, n = 1, 2, · · · .
Conjuntos dos valores da seqüência = {2, 32 , 43 , 54 , · · · }.
. 1+(−1)n
7. (an ) onde an = n
, n = 1, 2, · · · .
Conjuntos dos valores da seqüência = {0, 1, 0, 12 , 0, 31 , · · · }.
Definição 2.2.1 Dadas as seqüências (an )n∈N , (bn )n∈N e α ∈ R (ou C) definimos a
seqüência soma da seqüência (an )n∈N com a seqüência (bn )n∈N , denotada por (an )n∈N +
(bn )n∈N , como sendo:
.
(an )n∈N + (bn )n∈N = (an + bn )n∈N
ou seja, a seqüência soma é obtida somando-se os correspondentes termos de cada seqüência.
Definimos a seqüência produto do número real (ou complexo) α pela seqüência (an )n∈N ,
indicada por α(an )n∈N , como sendo:
.
α(an )n∈N = (αan )n∈N
. .
Exemplo 2.2.1 Se (an )n∈N e (bn )n∈N são dadas por an = n1 , bn = (−1)n , n ∈ N e α = 2
1 + (−1)n n) 2
então (an )n∈N + (bn )n∈N = ( )n∈N ; α(an )n∈N = ( )n∈N ; (an )n∈N .(bn )n∈N =
n n
(−1)n ) 1
( )n∈N e (an )n∈N /(bn )n∈N = ( )n∈N .
n (−1)n n
Observação 2.2.1 Como seqüências são funções a valores reais (ou complexos) pode-
mos representar seus gráficos. Na verdade, isto não tem muito interesse no estudo das
seqüências.
Exemplo 2.2.2
.
1. Se (an )n∈N é dada por an = n, n ∈ N então seu gráfico será:
6
3
2
1
-
1 2 3 n
.
2. Se (bn )n∈N é dada por bn = (−1)n , n ∈ N então seu gráfico será:
1
-
1 2 3 4 5 n
−1
.
3. Se (cn )n∈N é dada por an = n1 , n ∈ N então seu gráfico será:
1
1/2
1/4 -
1 2 3 4n
Definição 2.3.1 Diremos que uma seqüência (an )n∈N é convergente (ou converge, ou
tende) para l ∈ R (ou C) quando n vai para infinito, escrevendo-se lim an = l (ou
n→∞
n→∞
an → l, ou ainda simplesmente an → l) se, e somente se, dado ε > 0 existir N0 ∈ N tal
que se n ≥ N0 temos |an − l| < ε.
Observação 2.3.2
1. A definição acima nos diz, formalmente, que podemos ficar tão próximo de l quanto
se queira desde que o ı́ndice da seqüênica seja suficientemente grande.
2. Na linguagem dos intervalos a definição acima nos diz que dado o intervalo (l −
ε, l + ε) (ou seja ε > 0) , todos os termos da seqüênica caem dentro desse intervalo
excetuando-se, eventualmente, os N0 primeiros termos.
8.03 - 4.a
Proposição 2.3.1 Se o limite existe ele deve ser único, isto é, se lim an = l1 e lim an =
n→∞ n→∞
l2 então l1 = l2 .
Demonstração:
Mostremos que para todo ε > 0 temos |l1 − l2 | < ε, o que implica que l1 = l2 .
Para isto temos que dado ε > 0 como lim an = l1 então existe N1 ∈ N tal que se
n→∞
n ≥ N1 tem-se |an − l1 | < 2ε .
De modo análogo, como lim an = l2 existe N2 ∈ N tal que se n ≥ N2 tem-se |an −l2 | <
n→∞
ε
2
.
Logo se n ≥ max{N1 , N2 } temos
(n≥N1 e n≥N2 ) ε ε
|l1 − l2 | = |l1 − an + an − l2 | ≤ |l1 − an | + |an − l2 | < + =ε
2 2
completando a demosntração.
¤
Exemplo 2.3.1
2.3. CONVERGÊNCIA DE SEQÜÊNCIAS 11
1 1
1. Mostremos que a seqüênica ( )n∈N é convergente para zero, isto é, lim = 0.
n n→∞ n
Para isto observemos que dado ε > 0 se tomarmos N0 ∈ N tal que N0 > 1ε então,
para n ≥ N0 teremos
1 1 (n≥N0 ≥1) 1
|an − l| = | − 0| = ≤ <ε
n n N0
mostrando a afirmação.
2n 2n
2. Mostremos que a seqüência ( n+1 )n∈N é convergente para 2, isto é, lim
= 2.
n+1 n→∞
Para isto observemos que dado ε > 0 se tomarmos N0 ∈ N tal que N0 > 2ε então,
para n ≥ No teremos
Definição 2.3.2 Diremos que uma seqüência (an )n∈N é limitada se existir M ∈ R tal
que |an | ≤ M para todo n ∈ N.
12 CAPÍTULO 2. SEQÜÊNCIAS NUMÉRICAS
Como veremos a seguir existe uma relação entre seqüências convergentes e limitadas,
a saber
Proposição 2.3.2 Toda seqüência convergente é limitada, isto é, se a seqüência (an )n∈N
é convergente então ela será uma seqüência limitada.
Demonstração:
Como a seqüência (an )n∈N é convergente então existe l ∈ R tal que lim an = l, ou
n→∞
seja, dado ε > 0 existe N0 ∈ N tal que se n ≥ N0 temos |an − l| < ε.
.
Em particular se ε = 1 existe N0 ∈ N tal que se n ≥ N0 temos |an −l| < 1 o que implica
que, para n ≥ N0 temos que −1 < an − l < 1 ou, equivalentemente, l − 1 < an < 1 + l,
ou seja, −|l| − 1 < an < |l| + 1, isto é, |an | < |l| + 1 para n ≥ N0 .
.
Seja M = max{|a1 |, |a2 |, · · · , |aN0 −1 |, |l| + 1}.
Como isto temos que |an | ≤ M para todo n ∈ N, como querı́amos mostrar.
¤
Observação 2.3.3 A recı́proca do resultado acima é falsa, isto é, nem toda seqüência
limitada é convergente como mostra o item 3. do exemplo (2.3.1).
Teorema 2.3.1 Sejam (an )n∈N , (bn )n∈N e (cn )n∈N seqüências numéricas. Então:
(an )n∈N
Vale os análogos para (an )n∈N − (bn )n∈N , (an )n∈N .(bn )n∈N e (neste último
(bn )n∈N
caso bn 6= 0 para todo n ∈ N), ou seja, são seqüências convergentes para a − b, a.b
a
e , respectivamente, ou seja:
b
an lim an
n→∞
lim = . (2.4)
n→∞ bn lim bn
n→∞
3. Se a seqüência (an )n∈N é convergente para zero e a seqüência (bn )n∈N é limitada
então a seqüência (an )n∈N .(bn )n∈N é convergente para zero, isto é,
4. Suponhamos que as seqüências (an )n∈N e (bn )n∈N são convergentes para l e a seqüência
(cn )n∈N satisfaz: an ≤ cn ≤ bn para todo n ∈ N. Então a seqüência (cn )n∈N é con-
vergente para l.
Demonstração:
De 1.:
Para (2.1):
Como lim an = a e lim bn = b, dado ε > 0 existem N1 , N2 ∈ N tal que se n ≥ N1
n→∞ n→∞
ε ε
temos |an − a| < e se n ≥ N2 temos |bn − b| < .
2 . 2
Logo, tomando-se N0 = max{N1 , N2 } temos para n ≥ N0 que
(n≥N0 ≥N1 e n≥N0 ≥N2 ) ε ε
|(an +bn )−(a+b)| = |(an −a)+(bn −b)| ≤ |an −a|+|bn −b| < + = ε,
2 2
mostrando que lim (an + bn ) = a + b ou, equivalentemente, lim (an + bn ) = lim an +
n→∞ n→∞ n→∞
lim bn .
n→∞
A demonstração de (2.2) é análoga e será deixada como exercı́cio para para leitor.
Para (2.3):
Vamos supor que a 6= 0.
Como lim an = a e lim bn = b, são convergentes elas são limitadas, em particular,
n→∞ n→∞
(bn ) é limtada logo existe M > 0 tal que |bn | ≤ M , para todo n ∈ N.
Dado ε > 0 existem N1 , N2 ∈ N tal que se:
ε
n ≥ N1 temos |an − a| < ;
2M
ε
n ≥ N2 temos |bn − b| < .
2|a|
.
Seja N0 = max{N1 , N2 }. Observemos que se n ≥ N0 então n ≥ N1 e n ≥ N2 logo
|(an .bn )−(a.b)| = |(an −a)bn +(bn −b)a| ≤ |an −a||bn |+|bn −b||a| < |an −a|M +|bn −b||a| <
ε ε ε ε
M+ |a| = + = ε,
2M 2|a| 2 2
mostrando que lim (an .bn ) = a.b ou, equivalentemente, lim (an .bn ) = lim an . lim bn .
n→∞ n→∞ n→∞ n→∞
Se b 6= 0 podemos fazer uma demonstração semelhante.
Se a = b = 0 então temos
√ que dado ε > 0 existem N1 , N2 ∈ N tal que se:
n ≥ N1 temos |an − 0| < √ ε;
n ≥ N2 temos |bn − 0| < ε.
.
Seja N0 = max{N1 , N2 }. Observemos que se n ≥ N0 então n ≥ N1 e n ≥ N2 logo
√ √
|(an .bn ) − a.b| = |an .bn | = |an ||bn | < ε. ε = ε,
mostrando que lim (an .bn ) = 0 ou, equivalentemente, lim (an .bn ) = lim an . lim bn .
n→∞ n→∞ n→∞ n→∞
14 CAPÍTULO 2. SEQÜÊNCIAS NUMÉRICAS
ou seja −ε < cn − l < ε ou, equivalentemente, |cn − l| < ε, mostrando que lim cn = l.
n→∞
¤
Observação 2.3.4
2. Uma seqüência que tem limite zero é dita infinitésimo. Com isto o item 3. da
proposição acima pode ser resumido como: ”o produto de uma seqüência que é um
infinitésimo por uma seqüência limitada é um infinitésimo”.
1 1 1
Exemplo 2.3.3 Mostremos que lim ( 2 + 2
+ ··· + ) = 0.
n→∞ n (n + 1) (2n)2
| {z }
(n+1)−parcelas
Para isto observemos que
n+1≥n
n+2≥n
...
1 1 1 2n ≥ n 1 1 1
.
an = 0 ≤ 2 + + · · · + ≤ + + · · · +
n (n + 1)2 (2n)2 |n
2 n2 {z n2}
| {z }
(n+1)−parcelas (n+1)−parcelas
n+1 1 1 .
= 2
= + 2 = bn , n ∈ N.
n n n
Como lim an = lim bn = 0 segue do teorema (4.5.2) item 4. (teorema do sanduiche)
n→∞ n→∞
1 1 1
que lim ( 2 + 2
+ ··· + ) = 0.
n→∞ n (n + 1) (2n)2
| {z }
(n+1)−parcelas
Observação 2.3.5 Vale observar que no exemplo acima não podemos aplicar a pro-
priedade de soma de limites, isto é, limite da soma é a soma dos limites pois o número
de parcelas aumenta quando n aumenta.
Observemos que para:
n = 1 (duas parcelas) ⇒ a1 = 112 + 212
n = 2 (três parcelas) ⇒ a2 = 212 + 312 + 412
n = 3 (quatro parcelas) ⇒ a3 = 312 + 412 + 1
52
+ 1
62
e assim por diante .
Observação 2.3.6 Observemos que NÃO podemos aplicar as regras de L’Hôpital para
seqüências.
Porém podemos utilizar o resultado acima para estudar o limite de funções de variável
real no infinito (utilizando, se possı́vel, a regra de L’Hôpital) e assim tirar conclusões para
o limite de seqüências como veremos em alguns exemplos a seguir.
16 CAPÍTULO 2. SEQÜÊNCIAS NUMÉRICAS
Exemplo 2.3.4
1
1. Calculemos lim .
n→∞ n2
. 1 1
Para isto observemos que se f (x) = x2
, x > 0 então lim f (x) = lim = 0. (visto
x→∞ x→∞ x2
no Cálculo I).
. 1 1
Sendo an = 2 = f (n), n ∈ N, segue, do teorema acima, que lim 2 = lim an =
n n→∞ n n→∞
1
lim f (x) = 0, ou seja lim 2 = 0.
x→∞ n→∞ n
n
2. Estudemos a convergência da seqüência ( n )n∈N .
e
. x x ( ∞ : L’Hôpital)
Se definirmos f (x) = x , x > 0 então temos que lim f (x) = lim x ∞ =
e x→∞ x→∞ e
d
x 1
lim dx = lim x = 0 (o último limite foi tratado em Cálculo I).
x→∞ d ex x→∞ e
dx
. n n
Sendo an = n = f (n), n ∈ N, segue, do teorema acima, que lim n = lim an =
e n→∞ e n→∞
n
lim f (x) = 0, ou seja lim n = 0.
x→∞ n→∞ e
1 n
3. A seqüência ((1 + ) )n∈N é convergente para e (número de Euler).
n
De fato, se considerarmos f (x) = (1 + x1 )x , x > 0 então segue, do 2.o limite funda-
mental, que lim f (x) = e.
x→∞
. 1
Sendo an = (1 + n1 )n = f (n), n ∈ N, segue, do teorema acima, que lim (1 + )n =
n→∞ n
1 n
lim an = lim f (x) = e, ou seja lim (1 + ) = e.
n→∞ x→∞ n→∞ n
4. A seqüência (rn )n∈N é convergente para 0 se 0 ≤ r < 1 e divergente se r ≥ 1.
De fato, se r = 0 nada temos a fazer.
Se r > 0 observamos que rn = en ln r , n ∈ N assim se 0 < r < 1 temos que ln r < 0,
logo a seqüência é convergente para zero (pois lim ex ln r = 0).
x→∞
Se r > 1 então ln r > 0 logo a seqüência será divergente (pois neste caso lim ex ln r =
x→∞
∞).
Observação 2.3.7
1. O resultado acima NÃO garante que se lim f (x) não existe então lim an não
x→∞ n→∞
.
existe, onde an = f (n), n ∈ N, como mostra o exemplo:
Se f (x) = sen(πx), x ∈ R então lim f (x) não existe. porém se an = f (n) =
x→∞
sen(πn) = 0, n ∈ N assim lim an = 0, ou seja (an )n∈N é convergente.
n→∞
2.3. CONVERGÊNCIA DE SEQÜÊNCIAS 17
12.03 - 5.a
Exemplo 2.3.5
Observação 2.3.9
18 CAPÍTULO 2. SEQÜÊNCIAS NUMÉRICAS
3. Pode ocorrer de a função f : R+ → R não ser monótona mas a seqüência (an )n∈N
dada por an = f (n), n ∈ N ser, como mostra o seguinte exemplo: se f (x) = sen(πx),
x ≥ 0 então f não é monótona mas a seqüência (an )n∈N dada por an = f (n) =
sen(nπ) = 0 para todo n ∈ N é monótona (pois an+1 ≥ an para todo n ∈ N).
Exemplo 2.3.6
−n
1. A seqüência (an )n∈N , onde an = , n ∈ N é estritamente decrescente.
n+1
−(n+1)
an+1 (n+1)+1 n+1n+1 n2 + 2n + 1 1
De fato, pois = −n = = 2
=1+ 2 > 1, para
an n+1
n+2 n n + 2n n +2
todo n ∈ N.
Como an < 0, n ∈ N temos que an+1 < an , para todo n ∈ N.
Logo a seqüência é estritamente decrescente, logo monótona.
2n
2. A seqüência (an )n∈N , onde an = , n ∈ N é estritamente crescente.
3n + 2
2(n+1)
an+1 3(n+1)+2 2n + 2 3n + 2 6n2 + 10n + 4 4
De fato, pois = 2n = = = 1+ >
an 3n+2
3n + 5 2n 6n2 + 10n 6n2 + 10n
1, para todo n ∈ N.
Como an > 0, n ∈ N temos que an+1 > an , para todo n ∈ N.
Logo a seqüência é estritamente crescente, logo monótona.
2.3. CONVERGÊNCIA DE SEQÜÊNCIAS 19
ln(n + 2)
3. A seqüência (an )n∈N dada por an = , n ∈ N é estritamente decrescente.
n+2
ln(x + 2)
De fato, se considerarmos f (x) = , x ≥ 1 então temos que f 0 (x) =
x+2
1
x+2
(x + 2) − ln(x + 2).1 1 − ln(x + 2)
= < 0 se x ≥ 1 (observemos que se x ≥ 1
(x + 2)2 (x + 2)2
então x + 2 > e assim ln(x + 2) > 1 ou 1 − ln(x + 2) < 0).
Logo, como f 0 (x) < 0 para x ≥ 1 temos que f é estritamente decrescente implicando
que (an )n∈N é estritamente decrescente (pois an = f (n), n ∈ N).
A seguir vamos mostrar que se uma seqüência é monótona e limitada então ela será
convergente. Para isto precisamos introduzir alguns conceitos importantes que são:
Exemplo 2.3.7
1. Se A = (0, ∞) então A é limitado inferiormente pois, por exemplo, −1 é um limi-
tante inferior (−1 ≤ a , para todo a ∈ A).
A não é limitado superiormente.
Observação 2.3.10
1. Seja A ⊆ R, não vazio. A é limitado (isto é, existe M ∈ R tal que |a| ≤ M , para
todo a ∈ A) se, e somente se, A é limitado superiormente e inferiormente.
De fato, A é limitado então existe M ∈ R tal que |a| ≤ M , para todo a ∈ A, ou
seja, −M ≤ a ≤ M , para todo a ∈ A, assim −M é um limitante inferior e M é um
limitante superior, portanto A é limitado superiormente e inferiormente.
Reciprocamente, se A é limitado superiormente e inferiormenteentão existe c ∈ R e
d ∈ R tal que d ≤ a ≤ c, para todo a ∈ A.
20 CAPÍTULO 2. SEQÜÊNCIAS NUMÉRICAS
ii) l é maior (menor) com essa propriedade, isto é, se m é um limitante inferior (su-
perior) de A então m ≤ l (m ≥ l).
Observação 2.3.11
1. Podemos ver a definição acima da seguinte maneira: l = inf(A) se, e somente se, l
é o maior limitante inferior de A (analogamente, l = sup(A) se, e somente se, l é
o menor limitante superior de A).
a
?
b l−ε l
Exemplo 2.3.8
1. Se A = [a, b] então inf(A) = a e sup(A) = b. Observemos que neste caso inf(A) ∈ A
e sup(A) ∈ A.
Demonstração:
Vamos considerar o caso em que a seqüência (an )n∈N é crescente. Os outros casos serão
deixados como exercı́cio.
Como (an )n∈N é limitada o conjunto, A, dos valores da seqüência será limitado, logo
limitado superiomente, portanto admite supremo, isto é, existe l = sup(A).
Afirmamos que a seqüência (an )n∈N converge para l, isto é, lim an = l.
n→∞
De fato, como l = sup(A) = sup{an : n ∈ N} temos que, dado ε > 0, existe um
N0 ∈ N tal que l − ε < aN0 ≤ l.
Mas (an )n∈N é uma seqüência crescente, isto é, aN0 ≤ an para todo n ≥ N0 logo
l − ε < aN0 ≤ an ≤ l para todo n ≥ N0 (a última desigualdade segue do fato que l é o
supremo, portanto um limitante superior do conjunto A).
Logo, para n ≥ N0 temos l − ε < an ≤ l < l + ε, ou seja, l − ε < an < l + ε ou,
equivalentemente, |an − l| < ε.
Portanto lim an = l = sup(A) como querı́amos demonstrar.
n→∞
¤
Observação 2.3.12 O resultado acima nos dá uma condição suficiente (mas não necessária)
para que uma seqüência limitada seja convergente (ser monótona).
Exemplo 2.3.9
2n
1. Mostremos que a seqüência (an )n∈N , onde an = , n ∈ N é convergente para zero,
n!
2n
isto é, lim = 0.
n→∞ n!
Para isto mostremos, primeiramente, que (an )n∈N é monótona e limitada, portanto
convergente, e depois mostraremos que ela converge para zero.
22 CAPÍTULO 2. SEQÜÊNCIAS NUMÉRICAS
Como an > 0 para todo n ∈ N segue que an+1 ≤ an para todo n ∈ N, ou seja, a
seqüência é decrescente.
(ii) Mostremos que a seqüência (an )n∈N é limitada.
Como (an )n∈N é decrescente e an > 0 para todo n ∈ N seque que 0 < an ≤ a1 = 2,
para todo n ∈ N, ou seja |an | ≤ 2, para todo n ∈ N. Portanto limitada.
Logo, do teorema 4.5.1, segue que (an )n∈N é convergente e, como ela é decrescente,
2n
temos que lim an = inf{an : n ∈ N} = inf{ : n ∈ N} = 0.
n→∞ n!
Um outro modo de encotrarmos o limite da seqüência acima é o seguinte:
Seja l = lim an .
n→∞
2n 2 2n−1 2 2n−1
Então l = lim an = lim = lim = ( lim )( lim ) = 0.l = 0.
n→∞ n→∞ n! n→∞ n (n − 1)! n→∞ n n→∞ (n − 1)!
√ p √ √
2. Mostremos que a seqüência (an )n∈N , onde a1 = 2, a2 = 2 2, · · · , an = 2an−1 ,
n ∈ N é convergente para 2, isto é, lim an = 2.
n→∞
Para isto mostremos, primeiramente, que (an )n∈N é limitada e monótona , portanto
convergente, e depois mostraremos que ela converge para 2.
(i) Mostremos que a seqüência (an )n∈N é limitada. Na verdade mostraremos que
0 < an ≤ 2, para todo n ∈ N (o que implicará que |an | ≤ 2 , para todo n ∈ N, logo
é limitada).
Para isso usaremos indução matemática, isto é, precisaremos mostrar que:
(a) a propriedade é válida para n = 1;
(b) se a propriedade for válida para n = k − 1 será válida para n = k.
Mas
√
(a) a propriedade é válida para n = 1, pois 0 < a1 = 2 ≤ 2.
(b) se a propriedade for válida para n = k − 1, isto é, se 0 < ak−1 ≤ 2, então será
válida para n = k.
(def. ak ) √ (ak−1 ≤2) √
De fato, pois 0 < ak = 2ak−1 ≤ 2.2 = 2, mostrando que a propriedade
é válida para n = k.
Assim segue da indução matemática, que 0 < an ≤ 2 para todo n ∈ N, ou seja, a
seqüência é limitada.
(ii) Mostremos que a seqüência (an )n∈N é crescente.
2.3. CONVERGÊNCIA DE SEQÜÊNCIAS 23
Como an > 0 para todo n ∈ N segue que an+1 ≥ an para todo n ∈ N, ou seja, a
seqüência é crescente.
Logo, do teorema 4.5.1, segue que (an )n∈N é convergente.
Seja l = lim an . Então
n→∞
p q √
l = lim an = lim 2an−1 = 2 lim an−1 = 2l,
n→∞ n→∞ n→∞
Para isto mostremos, primeiramente, que (an )n∈N é monótona e limitada , portanto
convergente, e depois mostraremos que ela converge para 2.
(i) Mostremos que a seqüência (an )n∈N é crescente, isto é, an ≤ an+1 , para todo
n ∈ N.
Para isso usaremos indução matemática.
√ p √
(a) a propriedade é válida para n = 1, pois a1 = 2≤ 2+ 2 = a2 , portanto
a1 ≤ a2 .
(b) se a propriedade for válida para n = k −1, isto é, se ak−1 ≤ ak então será válida
para n = k.
(def. ak ) √ (ak−1 ≤ak ) √
De fato, pois ak = 2 + ak−1 ≤ 2 + ak = ak+1 , mostrando que a pro-
priedade é válida para n = k.
Assim segue da indução matemática que a seqüência é crescente.
(ii) Mostremos que a seqüência (an )n∈N satisfaz 0 < an ≤ 2 para todo n ∈ N
(implicando que ela é limitada).
Para isso usaremos indução matemática novamente.
√
(a) a propriedade é válida para n = 1, pois 0 < a1 = 2 ≤ 2.
24 CAPÍTULO 2. SEQÜÊNCIAS NUMÉRICAS
(b) se a propriedade for válida para n = k − 1, isto é, se 0 < ak−1 ≤ 2 então será
válida para n = k.
(def. ak ) √ (ak−1 ≤2) √
De fato, pois ak = 2 + ak−1 ≤ 2 + 2 = 2, mostrando que a propriedade
é válida para n = k.
Assim segue da indução matemática que a seqüência é limitada.
Logo, do teorema 4.5.1, segue que (an )n∈N é convergente.
Seja l = lim an . Então
n→∞
p q √
l = lim an = lim 2 + an−1 = 2 + lim an−1 = 2 + l,
n→∞ n→∞ n→∞
15.03 - 6.a
Alguns tipos de seqüências que são divergentes podem ser importantes como veremos
a seguir.
Exemplo 2.4.1
1. A seqüência (an )n∈N , onde an = n, n ∈ N é divergente para ∞, isto é, lim an = ∞.
n→∞
De fato, dado K > 0 seja N0 ∈ N tal que N0 > K. Se n ≥ N0 temos que an = n ≥
N0 ≥ K, mostrando que lim an = ∞.
n→∞
1 − n3
2. A seqüência (an )n∈N , onde an = , n ∈ N é divergente para −∞, isto é,
1 + n2
lim an = −∞.
n→∞
De fato, dado K > 0 seja N0 ∈ N tal que N0 > K + 1. Se n ≥ N0 temos que
1 − n3 (1≤n2 ) n2 − n3 (n2 +1≥n2 ) n2 − n3 (n≥N0 )
an = ≤ ≤ = 1 − n < 1 − N0 < −K,
1 + n2 1 + n2 n 2
Proposição 2.4.1 Suponhamos que f : (0, ∞) → R é tal que lim f (x) = ∞ (−∞).
x→∞
.
Então a seqüência (an )n∈N , onde an = f (n), n ∈ N é divergente para ∞ (−∞), isto é,
lim an = ∞ (−∞).
n→∞
Exemplo 2.4.2
. 1 − x3
1. No exercı́cio 2.4.1 item 2. se tomarmos f (x) = , x ≥ 0 então temos que
1 + x2
d
1 − x3 ( −∞
∞
: L’Hôpital)
dx
(1 − x3 ) −3x2 −3x2
lim f (x) = lim = lim = lim = lim =
x→∞ x→∞ 1 + x2 x→∞ d (1 + x2 ) x→∞ 2x x→∞ 2
dx
−∞.
Como an = f (n), n ∈ N temos, pela proposição acima, que lim an = lim f (x) =
n→∞ x→∞
−∞.
3n
2. A seqüência (an )n∈N , onde an = , n ∈ N é divergente para ∞, isto é, lim an = ∞.
n3 n→∞
x
. 3 3x ( ∞ : L’Hôpital)
De fato, se tomarmos f (x) = 3 , x ≥ 0 então temos que lim f (x) = lim 3 ∞ =
x x→∞ x→∞ x
d x x d x x
3 3 ln(3) (∞ : L’Hôpital) (3 ln(3)) 3 (ln 3)2 ( ∞ : L’Hôpital)
lim dx
d
= lim 2
∞
= lim dx
d
= lim ∞
=
x→∞
dx
x 3 x→∞ 3x x→∞
dx
(3x 2) x→∞ 6x
d x 2 x 3
(3 (ln 3) ) 3 (ln 3)
lim dx d = lim = ∞.
x→∞
dx
(6x) x→∞ 6
Como an = f (n), n ∈ N temos, pela proposição, que lim an = lim f (x) = ∞.
n→∞ x→∞
Observação 2.4.1
1. Se a seqüência (an )n∈N é crescente (decrescente) e não é limitada então ela diverge
para ∞ (−∞), isto é, lim an = ∞ (−∞).
n→∞
2. Outra classe de seqüências divergentes são as oscilatórias que são aquelas que são
divergentes mas não divergem nem para ∞ e nem para −∞, como por exemplo, a
seqüência (an )n∈N , onde an = (−1)n , n ∈ N.
Teorema 2.4.1 Suponhamos que as seqüências (an )n∈N , (bn )n∈N satisfazem: an ≤ bn ,
n ∈ N. Então:
Demonstração:
De 1.:
Como lim an = ∞ então dado K > 0 existe N0 ∈ N tal que se n ≥ N0 temos que
n→∞
an ≥ K.
Assim, se n ≥ N0 temos bn ≥ an > K, mostrando que lim bn = ∞.
n→∞
De modo análogo mostra-se 2 (exercı́cio para o leitor).
¤
1 1 1
Exemplo 2.4.3 Mostremos que a seqüência (bn )n∈N , onde bn = √ + √ + ··· + √ ,
n n+1 2n
| {z }
(n+1)−parcelas
1 1 1
n ∈ N é divergente para ∞, isto é, lim ( √ + √ + · · · + √ ) = ∞.
n→∞ n n+1 2n
| {z }
(n+1)−parcelas
Para isto, observemos que
n ≤ 2n
n + 1 ≤ 2n
..
.
1 1 1 2n − 1 ≤ 2n 1 1 1 n+1
bn = √ + √ + ··· + √ ≥ √ + √ + ··· + √ = √ =
n n+1 2n 2n 2n 2n 2n
| {z } | {z }
(n+1)−parcelas (n+1)−parcelas
√
n 1 .
√ + √ = an , para todo n ∈ N, isto é, an ≤ bn , n ∈ N.
2 2n
Mas lim an = ∞, logo, pela proposição acima item 1., segue que lim bn = ∞.
n→∞ n→∞
Exemplo 2.5.1
π
1. Consideremos a seqüência (an )n∈N , onde an = sen(n ), n ∈ N.
2
.
Então se considerarmos só os ı́ndices ı́mpares (ni = 2i + 1, i ∈ N) obteremos a
π
subseqüência (a2i+1 )i∈N da seqüência (an )n∈N : (sen(2i + 1) ))i∈N = ((−1)i )i∈N (=
2
−1, 1, −1, · · · ).
.
Se considerarmos só os ı́ndices pares (ni = 2i, i ∈ N) obteremos a subseqüência
(a2i )i∈N da seqüência (an )n∈N : (sen(2iπ))i∈N = (0)i∈N (= 0, 0, 0, · · · ).
2.5. SUBSEQÜÊNCIAS DE UMA SEQÜÊNCIA 27
Teorema 2.5.1
1. Se a seqüência (an )n∈N é convergente para a então toda subseqüência sua será con-
vergente para a. Em particular, se a seqüência (an )n∈N é convergente para a então
para todo k0 ∈ N, a subseqüência (an+k0 )n∈N será convergente para a.
Demonstração:
De 1.:
Se lim an = a então dado ε > 0 existe No ∈ N tal que se n ≥ N0 temos que |an −a| < ε.
n→∞
Logo se ni ≥ N0 tenos que |ani − a| < ε mostrando que lim ani = a.
i→∞
Observemos que para todo k0 ∈ N, (an+k0 )n∈N será subseqüência (an )n∈N logo conver-
gente para a.
De 2.:
Dada subseqüência (an )n∈N , daremos a seguir um processo para construção de uma
subsubseqüência (ani )i∈N de (an )n∈N que seja monótona.
Consideremos os subconjuntos dos números naturais {m1 < m2 < m3 < · · · } e {k1 <
k2 < k3 < · · · } construı́dos da seguinte maneira:
.
m1 = 1;
2 se a2 ≥ a1
. 3 se a2 < a1 e a3 ≥ a1
m2 =
4 se a2 < a1 , a3 < a1 e a4 ≥ a1
e assim por diante
m2 + 1 se am2 +1 ≥ am2
. m2 + 2 se am2 +1 < am2 e am2 +2 ≥ am2
m3 =
m2 + 3 se am2 +1 < am2 , am2 +2 < am2 e am2 +3 ≥ am2
e assim por diante
De modo semelhante construı́mos m4 , m5 ,...
e
.
k1 = 1;
28 CAPÍTULO 2. SEQÜÊNCIAS NUMÉRICAS
2 se a2 ≤ a1
. 3 se a2 > a1 e a3 ≤ a1
k2 =
4 se a2 > a1 , a3 > a1 e a4 ≤ a1
e assim por diante
k2 + 1 se ak2 +1 ≤ ak2
. k2 + 2 se ak2 +1 > ak2 e ak2 +2 ≤ ak2
k3 =
k2 + 3 se ak2 +1 > ak2 , ak2 +2 > ak2 e ak2 +3 ≤ ak2
e assim por diante
De modo semelhante construı́mos k4 , k5 ,...
Afirmamos que um dos dois subconjuntos acima é infinito.
De fato, se {m1 < m2 < m3 < · · · } é finito, isto é, {m1 < m2 < m3 < · · · < mM },
M ∈ N isto implicará que amM +n+1 < amM +n para todo n ∈ N, ou seja amM +n ∈ {k1 <
k2 < k3 < · · · } para todo n ∈ N, mostrando que este será infinito.
Tendo os ı́ndices podemos construir a subseqüência que será crescente se {m1 < m2 <
m3 < · · · } for infinito ou será decrescente se {k1 < k2 < k3 < · · · } for inifinito. De
qualquer modo conseguimos construir uma subseqüência monótona.
De 3.:
Como toda subseqüência de uma seqüência limitada é limitada e toda seqüência pos-
sui uma subseqüência monótona esta subseqüência será monótona e limitada portanto
convergente.
De 4.:
Observemos que para todo k0 ∈ N, (an+k0 )n∈N será subseqüência da seqüência (an )n∈N
logo, por hipótese, convergente para a, ou seja dado ε > 0 existe N1 ∈ N talque se n ≥ N1
.
temos que |an+k0 − a| < ε que é equivalente a escrever |an − a| < ε para n ≥ N0 = N1 + k0 ,
mostrando que (an )n∈N é convergente para a.
¤
Definição 2.6.1 Diremos que uma seqüência numérica (an )n∈N é uma seqüência de
Cauchy se dado ε > 0 existir N0 ∈ N tal que para n, m ≥ N0 temos |an − am | < ε.
Observação 2.6.1 Uma seqüência numérica (an )n∈N é uma seqüência de Cauchy se a
diferença, em módulo, entre dois termos da mesma é arbitrariamente pequena para ı́ndices
suficientemente grandes.
1
, n ∈ N é uma seqüência de Cauchy
Exemplo 2.6.1 A seqüência (an )n∈N , onde an =
n
pois dado ε > 0 se tomarmos N0 ∈ N tal que N0 > 2ε temos, para n, m ≥ N0 temos
1 1 1 1 1 1 2
|an − am | = | − | < + ≤ + = < ε.
n m n m N0 N0 n
Observemos que a seqüência acima é convergente. Isto é, no caso acima, a seqüência
é convergente e é de Cauchy. Isto ocorre em geral, como mostra o:
2.6. SEQÜÊNCIAS DE CAUCHY 29
Demonstração:
Se a seqüência (an )n∈N é convergente para a então dado ε > 0 existir N0 ∈ N tal que
para n, ≥ N0 temos |an − a| < 2ε .
ε ε
Logo se n, m ≥ N0 temos que |an − am | ≤ |an − a| + |a − am | ≤ + = ε, mostrando
2 2
que ela é uma seqüência de Cauchy.
¤
Observação 2.6.2 Com isto surge a pergunta: ”vale a recı́proca do resultado acima? ”.
A resposta será positiva se considerarmos a seqüência tomando valores sobre os números
reais.
Para mostrar isso precisaremos de alguns resultados que serão exibidos a seguir.
Demonstração:
Se a seqüência (an )n∈N é seqüência de Cauchy então dado ε = 1, existe N0 ∈ N tal que
se n, m ≥ N0 temos que |an − am | < 1.
Em particular, |an −aN0 | < 1. Mas |an |−|aN0 | ≤ |an −aN0 | < 1, ou seja |an | ≤ |aN0 |+1
para todo n ≥ N0 .
.
Seja M = max{|a1 |, |a2 |, · · · , |aN0 −1 |, |aN0 | + 1}.
Então temos que |an | ≤ M para todo n ∈ N, mostrando que a seqüência é limitada.
¤
Observação 2.6.3 A recı́proca do resultado acima não é verdadeira, isto é, nem toda
seqüência limitada é uma seqüência de Cauchy, como mostra o seguinte exemplo: seja
(an )n∈N onde an = (−1)n , n ∈ N.
Então a seqüência (an )n∈N é limitada mas não é uma seqüência de Cauchy, pois se
1
ε = 21 > 0 temos que |an − an+1 | = 2 > = ε, para todo n ∈ N.
2
Proposição 2.6.3 Se uma seqüência de Cauchy possui uma subseqüência convergente
para a então a seqüência será convergente para a.
Demonstração: Seja (an )n∈N uma seqüência de Cauchy tal que (ani )i∈N seja convergente
para a.
Como (ani )i∈N seja convergente para a, dado ε > 0 existe N1 ∈ N tal que se ni ≥ N1
ε
temos |ani − a| < .
2
Sendo (an )n∈N uma seqüência de Cauchy, existe N2 ∈ N tal que |an − an | < 2ε , para
n, m ≥ N2 .
Seja N0 = max{N1 , N2 }. Se n ≥ N0 temos que
N0 ≥ N2
N0 ≥ N1 ε ε
|an − a| ≤ |an − aN0 | + |aN0 − a| < + = ε,
2 2
30 CAPÍTULO 2. SEQÜÊNCIAS NUMÉRICAS
Observação 2.6.4 O resultado acima não diz para que valor a seqüência de Cauchy
converge na reta.
Exemplo 2.6.2
1 1 1
1. A seqüência (sn )n∈N onde s1 = 1, s2 = 1 + , s3 = 1 + + , em geral sn =
2 2 3
1 1 1
1 + + + · · · + , n ∈ N, é divergente (para ∞, como veremos).
2 3 n
Para isto mostraremos que ela não é uma seqüência de Cauchy.
De fato, para qualquer k ∈ N temos que
1 1 1 1 1 1 1 1
|s2k − sk | = |(1 + + + · · · + + + · · · + ) − (1 + + + · · · + )|
23 k k + 1 2k 2 3 k
k + 1 ≤ 2k
k + 2 ≤ 2k
..
.
1 1 2k − 1 ≤ 2k 1 1 1 1
= + ··· + ≥ + ··· + =k = ,
|k + 1 {z 2k} |2k {z 2k} 2k 2
k−parcelas k−parcelas
1
ou seja, |s2k − sk | ≥ , para todo k ∈ N.
2
1
Logo dado, ε = > 0 (por exemplo) segue que não existe N0 ∈ N tal que para
3
1
n, m ∈ N temos |sn − sm | < ε = .
3
.
De fato pois para todo N0 ∈ N se tomarmos m ≥ N0 então para n = 2m ≥ N0 (ou
seja, n, m ≥ N0 ) e neste caso
1 1
|sn − sm | = |s2m − sm | ≥ > = ε.
2 3
2.6. SEQÜÊNCIAS DE CAUCHY 31
Mas se (sn )n∈N não é uma seqüência de Cauchy ela não poderá ser convergente na
reta.
Observemos que (sn )n∈N é (estritamente) crescente. Como não é convergente de-
veremos ter lim sn = ∞ (pois ela não pode ser limitada, pois se fosse, como ela
n→∞
monótona deveria ser convergente, o que seria um absurdo!).
19.03 - 7.a
1
|an+1 − an | ≤ , n ∈ N.
2n
1 1
|an − am | ≤ ≤ <ε
2n−1 2N0 −1
mostrando que a seqüência é uma seqüência de Cauchy, logo convergente na reta.
|an+1 − an | ≤ rn , n ∈ N,
1 1 1 1
4. Mostre que a seqüência (an )n∈N , onde a1 = 1, a2 = , · · · , an = + +· · ·+ n−1 , · · ·
3 3 9 3
é convergente.
1 1 1 1 1 1 1 1
De fato, pois |an+1 −an | = |( + +· · ·+ n + n )−( + +· · ·+ n )| = n−1 = rn ,
3 9 3 3 3 9 3 3
1
para todo n ∈ N, onde r = .
3
Logo do exemplo acima segue que a seqüência (an )n∈N é convergente.
Séries Numéricas
3.1 Definições
A seguir trataremos de uma classe especial de seqüência numéricas denominadas séries
numéricas, a saber,
Definição 3.1.1 Dada a seqüência (an )n∈N podemos considerar uma outra seqüência, que
indicaremos por (Sn )n∈N , cujos termos são definidos da seguinte forma:
.
S1 = a1 ;
.
S2 = a1 + a2 ;
.
S3 = a1 + a2 + a3
..
. n
. X
Sn = a1 + a2 + · · · + an = ai ;
i=1
..
.
que será denominada de série numérica definida pela seqüência (an )n∈N (ou simples-
mente série dos an ).
Os an serão ditos termos da série (Sn )n∈N .
Os termos Sn da série (Sn )n∈N serão denominados n-ésima soma parcial (ou soma
parcial de ordem n, ou reduzida de ordem n).
X∞ ∞
X
P
Denotaremos a série numérica acima por an ou an ou ainda an .
n=1 1
A seqüência (Sn )n∈N também é chamada de seqüência das somas parciais.
Exemplo 3.1.1
33
34 CAPÍTULO 3. SÉRIES NUMÉRICAS
Xn
. −1 + (−1)n
Sn = a1 + a2 + · · · + an = ai = ;
i=1
2
..
.
Observe que (Sn )n∈N é divergente (pois a subseqüência com ı́ndices pares converge
para 0 e a subseqüência de ı́ndices ı́mpares converge para −1).
2. Consideremos a seqüência (an )n∈N onde a1 = 1, a2 = −1, a3 = 12 , a4 = − 12 , a5 = 13 ,
a6 = − 13 , · · · .
A série associada a esta seqüência, (Sn )n∈N , terá como termos:
.
S1 = a1 = 1;
.
S2 = a1 + a2 = 1 − 1 = 0;
.
S3 = a1 + a2 + a3 = −1 + 1 + 12 = 12
.
S4 = a1 + a2 + a3 + a4 = −1 + 1 + 12 − 21 = 0
..
. n ½
. X 0, né par
Sn = a1 + a2 + · · · + an = ai = 2 ;
n+1
né ı́mpar
i=1
..
.
Observe que (Sn )n∈N é convergente para zero, isto é lim Sn = 0.
n→∞
∞
X ∞
X
i. A soma das séries, indicada por an + bn , como sendo a série numérica:
n=1 n=1
∞
X ∞
X ∞
. X
an + bn = (an + bn );
n=1 n=1 n=1
∞
X
ii. A multiplicação da série por um número real, indicada por α an , como
n=1
sendo a série numérica: ∞ ∞
X . X
α an = (αan ).
n=1 n=1
∞
X ∞
X
Observação 3.2.1 O produto de séries numéricas an . bn e o quociente das séries
n=1 n=1
∞
X ∞
X
an / bn podem também serem definidos porém isto é um pouco mais delicado e será
n=1 n=1
deixado para outra ocasião.
Os interessados em ver como são definidas as operações acima ver o Livro [R] página
73.
X∞ ∞
1 X 1
Exemplo 3.2.1 Considerando as seguintes séries numéricas: e então:
n=1
n n=1 n2
∞
X ∞
X X∞ ∞
X ∞
X ∞
X ∞
X X∞
1 1 10 1 1
an + bn = ( + 2 ); 10 an = e an − bn = ( − 2 );
n=1 n=1 n=1
n n n=1 n=1
n n=1 n=1 n=1
n n
Observação 3.3.1
∞
X
1. Observemos que se série numérica é convergente então an = S = lim Sn =
n→∞
n=1
n
X ∞
X n
X
lim ai , ou seja, an = lim ai .
n→∞ n→∞
i=1 n=1 i=1
∞
X
2. Vale observar que sı́mbolo an denota duas coisas diferentes, a saber: a série
n=1
numérica (a seqüência das somas parciais (Sn )n∈N ) e sua soma S (que é o limite da
seqüência (Sn )n∈N , se existir).
Exemplo 3.3.1
∞
X
1. A série numérica (−1)n é divergente pois a seqüência das somas parciais (Sn )n∈N
n=1
é divergente. Ver Exemplo 3.1.1 item 1..
∞
X
2. A série numérica an , onde a2n+1 = − n1 e a2n = 1
n
, n ∈ N é convergente para
n=1
zero, pois a seqüência das somas parciais (Sn )n∈N é convergente para zero . Ver
Exemplo 3.1.1 item 2. .
∞
X
3. A série numérica an , 0nde an = c para todo n ∈ N é divergente para c 6= 0
n=1
é convergente para zero, se c = 0, pois a seqüência das somas parciais (Sn )n∈N é
divergente se c 6= 0 e convergente para zero se c = 0. Ver 3. do Exemplo 3.1.1.
X∞
1
4. A série numérica é divergente, pois a seqüência das somas parciais (Sn )n∈N é
n=1
n
divergente.
exibiremos a seguir um outro modo de mostrar que essa seqüência é divergente.
Mostraremos que ela não é limitada, logo não poderá ser convergente.
Observemos que
. 1 1
S1 = a1 = 1 = (2 + 0) , isto é, S20 ≥ (2 + 0) ;
2 2
. 1 1 1
S2 = a1 + a2 = 1 + = (2 + 1) , isto é, S21 ≥ (2 + 1)
2 2 2
. 1 1 1 13 1 1
S4 = a1 + a2 + a3 + a4 = 1 + + + = 1 + > (2 + 2) , isto é, S22 ≥ (2 + 2)
2 3 4 12 2 2
Pode-se mostrar que (exercı́cio: por indução):
. 1
S2n = a1 + a2 + · · · + a2n ≥ (2 + n) .
2
Logo a subseqüência (S2n )n∈N não será limitada (pois lim S2n = ∞ pelo teorema
n→∞
(2.4.1) item 1.) portanto a seqüência (Sn )n∈N não poderá ser limitada.
3.3. CONVERGÊNCIA DE SÉRIES NUMÉRICAS 37
∞
X 1
5. Mostre a série numérica é convergente com soma 1.
n=1
n(n + 1)
1 1 1 1 1 1
De fato, observemos que Sn = + + + ··· + = (1 − ) + ( −
1.2 2.3 3.4 n(n + 1) 2 2
1 1 1 1 1 1 1 1
) + ( − ) + ··· + ( + )+( − )=1− .
3 3 4 n−1 n n n+1 n+1
X∞
1 1
Logo, lim Sn = lim (1 − ) = 1, ou seja, a série numérica é
n→∞ n→∞ n+1 n=1
n(n + 1)
X ∞
1
convergente com soma 1, isto é, = 1.
n=1
n(n + 1)
∞
X c
6. A série numérica cn é convergente (com soma ) se 0 ≤ c < 1 e divergente
n=1
1−c
(para ∞) se c ≥ 1.
X∞
c
Além disso, no caso convergente (0 ≤ c < 1) ela terá soma , isto é, cn =
1−c n=1
c
.
1−c
De fato, observemos primeiramente que para todo r ≥ 0 e k ∈ N temos
1 − rk+1
1 + r + r2 · · · + rk = .
1−r
Para mostrar isto basta ver que (1 − r)(1 + r + r2 · · · + rk ) = 1 − rk+1 (exercı́cio).
Assim, temos que
.
S1 = a1 = c;
.
S2 = a1 + a2 = c + c2 ;
.
S3 = a1 + a2 + a3 = c + c3 + c3
..
.
. 2 n n−1 1 − cn
Sn = a1 + a2 + · · · + an = c + c + · · · + c = c(1 + c + · · · + c ) = c .
1−c
Se 0 ≤ c < 1 temos que lim cn = 0 (lembremos que cn = en ln c ).
n→∞
X∞
1 − cn c
Logo lim Sn = lim c = , mostrando que a série numérica cn é
n→∞ n→∞ 1 − c 1−c n=1
c
convergente se 0 ≤ c < 1 e sua soma é .
1−c
Por outro lado se c = 1 ela será divergente (ver o Exemplo 3.3.1 item 3.).
1 − cn
Se c > 1 então lim cn = ∞ (exercı́cio) assim lim Sn = lim c = ∞, portanto
n→∞ n→∞ n→∞ 1 − c
∞
X
a série numérica cn será divergente (para ∞).
n=1
23.03 - 8.a
38 CAPÍTULO 3. SÉRIES NUMÉRICAS
p
7. Expressar o número real 0, 333 · · · na forma de um número racional, isto é, , onde
q
p, q ∈ Z, q 6= 0.
Para isto observemos que tomando-se a seqüência (an )n∈N , onde
a1 = 0, 3 = 3.10−1 ;
a2 = 0, 03 = 3.10−2 ;
a3 = 0, 003 = 3.10−3 ;
..
. ∞
X
−n
an = 0,00 · ·
| {z } · 3 = 3.10 , n ∈ N, temos que a série Sn associada a essa seqüência
n−posições n=1
terá como termos:
S1 = 0, 3 = 3.10−1 ;
S2 = a1 + a2 = 0, 33 = 3.10−1 + 3.10−2 ;
S3 = a1 + a2 + a3 = 0, 333 = 3.10−1 + 3.10−2 + 3.10−3 ;
..
.
Sn = a1 + a2 + · · · + an = 0,33 · · · 3} = 3.10−1 + 3.10−2 + 3.10−3 + · · · + 3.10−n
| {z
n−posições
Xn
1
=3 ( )i , n ∈ N.
i=1
10
∞
X
Logo a série numérica an é convergente para 0, 333 · · · .
n=1
∞
X ∞
X X∞ 1
1 (Exemplo 5.:0<c= 101 <1) 3 1
Mas an = 3.10n = 3 n
= 3 10
1 = = , que
n=1 n=1 n=1
10 1 − 10
9 3
mostra como surge a fórmula aprendida no colégio que diz que para transformar um
número que é uma dı́zima periódica para forma de fração basta colocar no numerador
o perı́odo e no denominador tantos 9 quantos formem os dı́gitos do perı́odo (no caso
o perı́odo é 3, logo um dı́gito, assim na forma de fração teremos 39 = 13 ).
p
8. Expressar o número real 0, 272727 · · · na forma de um número racional, isto é ,
q
onde p, q ∈ Z, q 6= 0.
Para isto observemos que tomando-se a seqüência (an )n∈N , onde
a1 = 0, 27 = 27.10−2 ;
a2 = 0, 0027 = 27.10−4 ;
a3 = 0, 000027 = 27.10−6 ;
..
. ∞
X
−2n
an = 0,00 · ·
| {z } · 27 = 27.10 , n ∈ N, temos que a série Sn associada a essa
(2n−2)−posições n=1
seqüência terá como termos
S1 = 0, 27 = 27.10−2 ;
S2 = a1 + a2 = 0, 2727 = 27.10−2 + 273.10−4 ;
S3 = a1 + a2 + a3 = 0, 272727 = 27.10−2 + 27.10−4 + 27.10−6 ;
3.3. CONVERGÊNCIA DE SÉRIES NUMÉRICAS 39
..
.
Sn = a1 + a2 + · · · + an = 0,27
| ·{z
· · 27} = 27.10−2 + 27.10−4 + 27.10−6 + · · · + 27.10−2n
(2n−2)−posições
Xn
1
= 27 ( )2i , n ∈ N.
i=1
10
∞
X
Logo a série numérica an é convergente para 0, 272727 · · · .
n=1
∞
X ∞
X X∞ 1
2n 1 (Exemplo 5.: c= 1012 ) 102 27 3
Mas an = 27.10 = 27 2n
= 27 1 = = , que
n=1 n=1 n=1
10 1 − 102 99 11
também pode ser obtida pelo processo aprendido do colégio.
Observação 3.3.2
X∞
1
1. A série numérica será denominada série harmônica.
n=1
n
Segue do Exemplo 3.3.1 item 4. que a série harmônica é divergente.
∞
X
2. A série numérica cn será denominada série geométrica de razão c ∈ R.
n=1
Demonstração:
∞
X X∞
Se an , bn séries numéricas convergentes, com soma a e b, respectivamente,
n=1 n=1
n
X n
X
então, considerando-se Sn = ai e Rn = bi , n ∈ N temos que lim Sn = a e
n→∞
i=1 i=1
lim Rn = b.
n→∞
40 CAPÍTULO 3. SÉRIES NUMÉRICAS
nX X n X n
.
Definindo-se Tn = (a1 + · · · + an ) + (b1 + · · · + bn ) = ai + bi = (ai + bi ), segue
i=1 i=1 i=1
n
X Xn n
X n
X n
X
que lim Tn = lim (ai + bi ) = lim ( ai + bi ) = lim ai + lim bi = a + b,
n→∞ n→∞ n→∞ n→∞ n→∞
i=1 i=1 i=1 i=1 i=1
∞
X
mostrando que a série numérica (an + bn ) é convergente com soma a + b.
n=1
n
X
De modo análogo, como lim Sn = a então tomando-se Un = (αai ), n ∈ N temos
n→∞
i=1
n
X n
X X∞
que lim Un = lim (αai ) = α lim ai = α lim Sn = αa = α an , mostrando que
n→∞ n→∞ n→∞ n→∞
i=1 i=1 n=1
∞
X
a série numérica (αan ) é convergente para αa.
n=1
¤
A seguir exibiremos dois exemplos importantes de séries numéricas convergentes.
Exemplo 3.3.2
X∞
1
1. A série numérica é convergente.
n=1
n2
De fato, a seqüência das somas parciais (Sn )n∈N é limitada pois, como
Sn ≥ 0, para
2 ≥ 1
3≥2
.
.
.
1 1 1 1 n≥n−1
todo n ∈ N, temos que: |Sn | = Sn = 2 + + + ··· + ≤
1 2.2 3.3 n.n
1 1 1 1 1 1 1 1
1+ + + ··· + = 1 + (1 − ) + ( − ) + · · · + ( − )=
1.2 2.3 (n − 1).n 2 2 3 n−1 n
1 1
1 + (1 − ) = 2 − ≤ 2, ou seja |Sn | ≤ 2 para todo n ∈ N.
n n
1
Como an = 2 ≥ 0 para todo n ∈ N temos que Sn+1 = Sn + an+1 ≥ Sn para todo
n
n ∈ N, logo a seqüência das somas parciais (Sn )n∈N é estritamente crescente (logo
monótona).
Mas ela também é limitada, portanto convergente, ou seja a série numérica é con-
vergente.
π2
Pode-se mostrar que ela tem soma como veremos mais adiante.
6
X∞
1
2. A série numérica é convergente.
n=0
n!
De fato, a seqüência das somas parciais (Sn )n∈N é limitada pois, como Sn ≥ 0, para
1 1 1 1 1 1 1
todo n ∈ N, temos que: |Sn | = Sn = + + + + · · · + = 1 + 1 + + +
0! 1! 2! 3! n! 2 2.3
3.4. RESULTADOS GERAIS DE CONVERGÊNCIA DE SÉRIES NUMÉRICAS 41
3≥2
4≥2
..
.
1 1 n≥2 1 1 1 1
···+ +···+ ≤ 1+1+ + + +···+ ≤
2.3.4 |2.3{z
· · · n} 2 2.2 2.2.2 |2.2{z
· · · 2}
(n−1)−fatores (n−1)−fatores
1
1 1 1 1 1− 2n
1 + 1 + 2 + + 3 + 3 + · · · + n−1 = 1 + 1 ≤ 3, ou seja |Sn | ≤ 3 para todo
| 2 2 {z2 2 } 2
1
(soma dos n primeiros termos de uma PG de razão 2
)
n ∈ N.
1
Como an = ≥ 0 para todo n ∈ N temos que Sn+1 = Sn + an+1 ≥ Sn para todo
n!
n ∈ N, logo a seqüência das somas parciais (Sn )n∈N é estritamente crescente (logo
monótona).
Mas ela também é limitada, portanto convergente, ou seja a série numérica é con-
vergente.
Pode-se mostrar que ela tem soma e como veremos mais adiante.
∞
X ∞
X
Proposição 3.4.1 Suponhamos que as séries numéricas an e bn são tais que b2n =
n=1 n=1
an e b2n−1 = 0, para todo n ∈ N.
∞
X ∞
X
Então a série numérica an converge se, e somente se, a série numérica bn
n=1 n=1
converge.
∞
X ∞
X
Neste caso a soma das séries numéricas coincidem, isto é, an = bn .
n=1 n=1
∞
X ∞
X
Demonstração: Observemos que se Sn = an e Tn = bn , n ∈ N então Tn =
n=1 n=1
½
S n2 , se n é par
, n ∈ N logo uma será convergente se, e somente se, a outra for e
S n+1 , se n é ı́mpar
2
neste caso com mesma soma.
¤
42 CAPÍTULO 3. SÉRIES NUMÉRICAS
Observação 3.4.1 Podemos generalizar este resultado considerando a seqüência (bn )n∈N
constituı́da dos termos da seqüência (an )n∈N introduzindo-se zeros à mesma em posições
aleatórias (no caso acima a seqüência (bn )n∈N é obtida da a seqüência (an )n∈N intercalando-
se temos da última com zeros, a saber: a1 , 0, a2 , 0, a3 , 0, · · · ).
∞
X
Proposição 3.4.2 Consideremos a série numérica an e p ∈ N fixado.
n=1
∞
X
Então, a série numérica an converge (com soma a) se, e somente se, a série
n=1
∞
X
numérica an converge (com soma b = a − a1 − a2 − · · · − ap−1 ).
n=p
Demonstração:
∞
X
Observemos que a seqüência das somas parciais da série numérica an é (Sn )n∈N
n=1
∞
X
se, e somente se, a seqüência das somas parciais da série numérica an é (Tn )n∈N , onde
n=p
Tn = Sn+p , n ∈ N.
Logo lim Sn = a se, e somente se, lim Tn = a − a1 + a2 − · · · − ap .
n→∞ n→∞
¤
Observação 3.4.2 A proposição acima nos diz que podemos desprezar um número finito
de termos de uma série numérica que isso não alterará o estudo da sua convergência da
mesma (alterará sua soma).
∞
X 1
Exemplo 3.4.1 A série numérica é convergente. Encontre sua soma.
n=1
(n + 5)(n + 6)
∞
X1
De fato, sabemos que a série numérica é convergente com soma a = 1.
m=1
m(m + 1)
X∞
1
Logo, pela proposição acima, a série numérica é convergente com soma
m=6
m(m + 1)
igual a:
1 1 1 1 1 1 1
a − (a1 + a2 + a3 + a4 + a5 ) = 1 − ( + + + + + )= .
1.2 2.3 3.4 3.4 4.5 5.6 6
∞
X ∞
X
1 m=n+5 1
Mas: = , logo é convergente com soma igual a:
n=1
(n + 5)(n + 6) m=6
m(m + 1)
1
6
.
O primeiro resultado geral importante para convergência de séries numéricas é o:
3.4. RESULTADOS GERAIS DE CONVERGÊNCIA DE SÉRIES NUMÉRICAS 43
Demonstração:
∞
X
Lembremos que a série numérica an converge em R se, e somente se, a seqüência
n=1
das somas parciais (Sn )n∈N for convergente em R e que uma seqüência é convergente em R
se, e somente se, ela for uma seqüência de Cauchy em R, isto é, dado ε > 0 existe N0 ∈ N
tal que se n, m ≥ N0 temos |Sm − Sn | < ε.
Observemos que se m > n então m = n + p, para p ∈ N, assim
m n n+p
X X X
Sm − Sn = ai − ai = ai = an+1 + an+2 + · · · + an+p .
i=1 i=1 i=n+1
∞
X
Logo a série numérica an converge em R se, e somente se, ela for uma seqüência
n=1
de Cauchy, isto é, dado ε > 0 existe N0 ∈ N tal que se n ≥ N0 e qualquer p ∈ N temos
|an+1 + an+2 + · · · + an+p | < ε, como querı́amos mostrar.
¤
Observação 3.4.3 Nos exemplos da secção anterior mostramos que as séries numéricas
X∞ ∞ ∞
1 X 1 X 1
n
, 2
, eram convergentes.
n=1
2 n=1
n n=1
n!
Observemos que em todos estes casos as seqüências que as definem convergem para
1 1 1
zero (isto é, lim n = lim 2 = lim = 0).
n→∞ 2 n→∞ n n→∞ n!
Isto é um fato geral como afirma o:
∞
X
Proposição 3.4.3 Suponhamos que a série numérica an é convergente.
n=1
Então lim an = 0.
n→∞
Demonstração:
∞
X
Se a série numérica an é convergente com soma S então lim Sn = S, isto é, dado
n→∞
n=1
ε
ε > 0 existe N0 ∈ N tal que se n ≥ N0 temos |Sn−1 − S| < .
2
Logo se n > N0 (ou seja n−1 ≥ N0 ) temos: |an −0| = |Sn −Sn−1 | = |Sn −S+S−Sn−1 | ≤
ε ε
|Sn − S| + |S − Sn−1 | < + = ε, mostrando que lim an = 0.
2 2 n→∞
¤
Observação 3.4.4
44 CAPÍTULO 3. SÉRIES NUMÉRICAS
1. Não vale a recı́proca do resultado acima, isto é, existe uma (na verdade existem
várias) seqüência (an )n∈N que é convergente para zero e cuja série numérica associ-
X∞
ada a ela, an , não é convergente.
n=1
∞
X X∞
1 1
Por exemplo, a série harmônica, an = é divergente e lim an = lim =
n=1 n=1
n n→∞ n→∞ n
0.
2. Na verdade o resultado acima nos dá uma condição necessária (mas não sufu-
ciente) para que uma série numérica seja convergente (a saber que os termos da
série numérica sejam convergentes para zero).
∞
X
Podemos usá-lo como um Critério de Divergência, isto é, se a série an é tal
n=1
que lim an 6= 0 então ela será divergente (pois se fosse convergente deverı́amos ter
n→∞
lim an = 0).
n→∞
∞
X 1
Exemplo 3.4.2 A série numérica (1 + ) é divergente.
n=1
n2
1
De fato, como lim 1 + 2 = 1 6= 0, do critério da divergência, segue que ela é
n→∞ n
divergente.
Teorema 3.5.1 Seja (an )n∈N seqüência cujos termos são não-negativos, isto é an ≥ 0,
n ∈ N.
∞
X
Então, a série numérica an é convergente se, e somente se, a seqüência das somas
n=1
parciais é limitada (isto é, (Sn )n∈N é limitada).
Demonstração:
∞
X
(⇒) Se a série numérica an é convergente então (Sn )n∈N é convergente, logo (Sn )n∈N
n=1
é limitada.
3.5. CRITÉRIOS DE CONVERGÊNCIA PARA SÉRIES NUMÉRICAS COM TERMOS NÃO-NEGATIV
(⇐) Reciprocamente, se (Sn )n∈N é limitada, como an ≥ 0, para todo n ∈ N temos que a
seqüência (Sn )n∈N é crescente (pois Sn+1 = Sn + an+1 ≥ Sn para todo n ∈ N).
Assim (Sn )n∈N é monótona e limitada, portanto convergente, logo a série numérica
X∞
an é convergente.
n=1
¤
26.03 - 9.a
X∞ X∞
1 1
2. As séries 2
e foram tratadas anteriormente usando o teorema (3.5.1)
n=1
n n=1
n!
(vejam os Exemplo (3.3.2) item 1. e 2.).
X∞
1
3. √ .
n=1
n
1
Observemos que an = √ ≥ 0, n ∈ N logo a seqüência (Sn )n∈N é monótona (estri-
n
tamente crescente).
Mas,
√
√1 ≤ n
√
2≤ n
..
√ .
√
1 1 1 n−1≤ n 1 1 1
Sn = 1 + √ + · · · + √ +√ ≥ √ + √ + ··· + √
2 n−1 n n n n
| {z }
n−parcelas
n √
= √ = n,
n
√
ou seja, Sn ≥ n para todo n ∈ N.
46 CAPÍTULO 3. SÉRIES NUMÉRICAS
√ √
Portanto a a seqüência (Sn )n∈N não é limitada ( lim n = ∞ e Sn ≥ n, n ∈ N),
n→∞
X∞
1
logo a série numérica √ é divergente.
n=1
n
Outro critério importante para o estudo da convergência de séries numéricas com
termos não-negativos é o:
∞
X ∞
X
Teorema 3.5.2 (Critério da Comparação) Sejam an e bn duas séries numéricas
n=1 n=1
de tal modo que seus termos satisfazem a seguinte condição: 0 ≤ an ≤ bn para todo n ∈ N.
∞
X X∞
i. Se a série numérica bn é convergente então a série numérica an é conver-
n=1 n=1
∞
X ∞
X
gente. Além disso, an ≤ bn .
n=1 n=1
∞
X ∞
X
ii. Se a série numérica an é divergente então a série numérica bn é divergente.
n=1 n=1
Demonstração:
Para cada n ∈ N considere Sn = a1 + a2 + · · · + an e Tn = b1 + b2 + · · · + bn as somas
∞
X X∞
parciais de ordem n das séries numéricas an e bn , respectivamente.
n=1 n=1
Por hipótese 0 ≤ an ≤ bn para todo n ∈ N, logo 0 ≤ Sn ≤ Tn para todo n ∈ N.
De i.:
∞
X
Se a série numérica bn é convergente então a seqüência numérica (Tn )n∈N será
n=1
convergente, logo será limitada, ou seja existe M ≥ 0 tal que |Tn | ≤ M para todo n ∈ N.
Assim (Sn )n∈N será limitada (pois 0 ≤ Sn ≤ Tn ≤ M , para todo n ∈ N).
∞
X
Mas (Sn )n∈N é monótona (crescente) portanto convergente, logo a série numérica an
n=1
é convergente.
∞
X
Além disso, seque da teoria dos limites, que 0 ≤ lim Sn ≤ lim Tn , isto é, an ≤
n→∞ n→∞
n=1
∞
X
bn .
n=1
De ii.:
∞
X
Se a série numérica an é divergente então a seqüência (Sn )n∈N não será limitada
n=1
(ou seja, lim Sn = ∞). Portanto (Tn )n∈N também não será limitada (pois lim Tn = ∞),
n→∞ n→∞
∞
X
portanto não será convergente, logo a série numérica bn é divergente.
n=1
¤
3.5. CRITÉRIOS DE CONVERGÊNCIA PARA SÉRIES NUMÉRICAS COM TERMOS NÃO-NEGATIV
Exemplo 3.5.2 Estudar a convergência de cada uma das séries numéricas a seguir:
∞
X 1
1. .
n=1
3n +1
1 1
Observemos que an = n , n ∈ N e definindo-se bn = n , n ∈ N então 0 ≤ an =
3 +1 3
1 1
≤ n = bn , n ∈ N.
3n + 1 3
X∞ X∞
1
Mas a série numérica bn = n
é convergente (série geométrica de razão
n=1 n=1
3
1
3
< 1).
∞
X
Então do critério da comparação (item i.) segue que a série numérica an =
n=1
∞
X 1
n
será convergente.
n=1
3 +1
X∞
1
2. .
n=3
ln n
Antes de mais nada vale salientar que 0 ≤ ln n ≤ n, para n ≥ 3 (*).
ln x 1 − ln x
De fato, se considerarmos a função f (x) = , x ≥ e temos que f 0 (x) = ≤
x x2
0 se x ≥ e, portanto é decrescente.
1 ln x
Mas f (e) = < 1 então f (x) < 1, x ≥ e, ou seja, f (x) = < 1, x ≥ e.
e x
Portanto ln x ≤ x se x ≥ e.
Em particular vale a afirmação (*) acima.
1 1 1 1
Logo se bn = , n ≥ 3 e definindo-se an = , n ∈ N então 0 ≤ an = ≤ =
ln n n n ln n
bn , n ∈ N.
X∞ X∞
1
Mas a série numérica an = é divergente (série harmônica).
n=1 n=1
n
∞
X
Então do critério da comparação (item ii.)segue que a série numérica bn =
n=1
X∞
1
será divergente.
n=1
ln n
Demonstração:
A demonstração é semelhante a do critério da comparação.
¤
Podemos aplicar esse resultado a seguinte série numérica:
∞
X n+1
Exemplo 3.5.3 Estudar a série numérica .
n=1
nn
n+1 1
Observemos que se an = n
e bn = 2 n ∈ N então 0 ≤ an ≤ bn para n ≥ 4.
n n
Observemos que mostrar a desigualdade acima é equivalente a mostrar que n2 (n+1) ≤
nn para n ≥ 4
Na verdade mostraremos que n2 (n + 1) ≤ n4 para n ≥ 4 (e como n4 ≤ nn se n ≥ 4
teremos a afirmação) ou, equivalentemente, n2 − n − 1 ≥ 0 se √
n ≥ 4.
1± 5
Observemos que x2 − x − 1 = 0 se, e somente se, x = < 4.
2
Logo x2 − x − 1 ≥ 0 se x ≥ 4 implicando que n2 (n + 1) ≤ n4 para n ≥ 4.
y = x2 − x − 1
6
+ +
-
−− 4
∞
X X∞ X∞
1 1
Como a série numérica bn = 2
é convergente (pois é convergente)
n=4 n=4
n n=1
n2
X∞
n+1
segue, do critério da comparação (estendido) segue que a série numérica n
é
n=1
n
convergente.
3.5. CRITÉRIOS DE CONVERGÊNCIA PARA SÉRIES NUMÉRICAS COM TERMOS NÃO-NEGATIV
∞
X
i. Se 0 < c < ∞ então a série numérica an é convergente se, e somente se, a série
n=1
∞
X
numérica bn é convergente.
n=1
∞
X ∞
X
ii. Se c = 0 e a série numérica bn é convergente então a série numérica an será
n=1 n=1
convergente.
∞
X ∞
X
iii. Se c = ∞ e a série numérica bn é divergente então a série numérica an será
n=1 n=1
divergente.
Demonstração:
De i.:
an c
Se c = lim > 0 então dado ε = > 0 existe N0 ∈ N tal que se n ≥ N0 temos
n→∞ bn 2
an c c an c c an 3c
| − c| < ε = , ou seja, − < − c < , ou ainda, < < .
bn 2 2 bn 2 2 bn 2
Como bn ≥ 0 para n ∈ N temos:
c (I) (II) 3c
0≤ b n < an < bn , n ≥ N0 .
2 2
∞
X
Suponhamos que a série numérica an é convergente.
n=1
Então de (I) e do critério da comparação (estendido) segue que a série numérica
X∞ X∞
c
bn será convergente, ou seja, (c 6= 0) bn é convergente.
n=1
2 n=1
X∞ X∞
3c
Por outro lado, se a série numérica bn é convergente então a série numérica bn
n=1 n=1
2
será convergente. Logo de (II), e do critério da comparação (estendido,) segue que a série
X∞
numérica an será convergente.
n=1
De ii.:
50 CAPÍTULO 3. SÉRIES NUMÉRICAS
an
Se c = lim = 0 então dado ε = 1 existe N0 ∈ N tal que se n ≥ N0 temos
bn
n→∞
an an
| − c| < ε = 1, ou seja, −1 < < 1, ou ainda, 0 ≤ an < bn , n ≥ N0 .
bn bn
∞
X
Como a série numérica bn é convergente então do critério da comparação (esten-
n=1
∞
X
dido) segue que a série an será convergente.
n=1
De iii.:
an
Se c = lim = ∞ então dado K = 1 existe N0 ∈ N tal que se n ≥ N0 temos
n→∞ bn
an
> K = 1, ou seja, an > bn ≥ 0, n ≥ N0 .
bn
∞
X
Como a série numérica bn é divergente então do critério da comparação (estendido)
n=1
X∞
segue que a série numérica an será divergente.
n=1
¤
∞
X 1
2. sen( ).
n=1
n
1
Sejam an = e bn = n1 , n ∈ N que são não-negativos.
n
an sen( n1 ) (10 . limite fundamental)
Observemos que lim = lim 1 = 1 > 0.
n→∞ bn n→∞
n
3.5. CRITÉRIOS DE CONVERGÊNCIA PARA SÉRIES NUMÉRICAS COM TERMOS NÃO-NEGATIV
∞
X X ∞
1
Como a série numérica bn = é divergente (pois é a série harmônica)
n=1 n=1
n
∞
X
segue, do critério da comparação por limites (item i.), que a série numérica an =
n=1
∞
X 1
sen( ) é divergente.
n=1
n
∞
X n3
3. .
n=1
n!
Se tentarmos aplicar o critério da comparação por limites diretamente pode não
n3 1
dar certo. Se considerarmos an = e, por exemplo bn = , n ∈ N (que são
3
n! n!
n
não-negativos) então lim n! = lim n3 = ∞.
n→∞ 1 n→∞
n!
Logo não podemos aplicar nenhum dos itens do critério da comparação por limites
nesta situação.
Para resolver esse problema trataremos da seguinte série numérica:
∞
X X∞ ∞
n3 (m=n−3) (m + 3)3 X (n + 3)3
= = .
n=4
n! m=1
(m + 3)! n=1
(n + 3)!
(n + 3)3 1
Se considerarmos an = e bn = n!
, m ∈ N (que são não-negativos).
(n + 3)!
(n+3)3
an (n+3)! (n + 3)3
Mas lim = lim 1 = lim = 1 > 0.
n→∞ bn n→∞ n→∞ (n + 3)(n + 2)(n + 1)
n!
X∞ X∞
1
Como a série numérica bn = é convergente segue, do critério da com-
n=1 n=1
n!
X ∞ X∞
(n + 3)3
paração por limites (item i.), que a série numérica an = é conver-
n=1 n=1
(n + 3)!
X∞
n3
gente, portanto a série numérica também será convergente.
n=1
n!
X∞
an+1
ii. Se existir r ≥ 1 tal que ≥ r, para todo n ∈ N então a série numérica an é
an n=1
divergente.
Demonstração:
De i.:
an+1
Se existir 0 < r < 1 tal que ≤ r, para todo n ∈ N então an+1 ≤ ran , para todo
an
n ∈ N.
Afirmação: an+1 ≤ rn a1 , para todo n ∈ N.
Mostraremos por indução temos:
1) Vale para n = 1, pois a2 ≤ ra1 .
2) Se valer para n = k ≥ 2, isto é, se ak+1 ≤ rk a1 valerá para n = k + 1.
(hipótese de indução)
De fato, ak+2 ≤ rak+1 r(rk a1 ) = rk+1 a1 , ou seja, vale para n = k + 1.
≤
X∞ X∞
n
Considerando bn = r a1 , n ∈ N temos que a série numérica bn = rn a1 =
n=1 n=1
∞
X
a1 rn é convergente (pois é um múltiplo da série geométrica de razão 0 < r < 1, logo
n=1
convergente).
Mas 0 ≤ an ≤ bn para todo n ∈ N. Logo do critério da comparação (item i.) segue
∞
X
que a série numérica an será convergente.
n=1
De ii.:
an+1
Se existir r ≥ 1 tal que ≥ r, para todo n ∈ N então an+1 ≥ ran , para todo n ∈ N.
an
De modo semelhante ao caso acima, pode-se mostrar que an+1 ≥ rn a1 , para todo
n ∈ N (exercı́çio).
X∞ X∞
Considerando bn = rn a1 , n ∈ N temos que a série numérica bn = rn a1 =
n=1 n=1
∞
X
a1 rn é divergente (pois é um múltiplo, não nulo, da série geométrica de razão r ≥ 1,
n=1
logo divergente).
Mas 0 ≤ bn ≤ an para todo n ∈ N. Logo do critério da comparação (item ii.) segue
∞
X
que a série numérica an será divergente.
n=1
¤
29.03 - 10.a
an+1
Observação 3.5.3 O teorema acima permanece válido se trocarmos a hipótese ” ≤
an
an+1 an+1
r, n ∈ N” por ” ≤ r, n ≥ N0 ”no item i. (ou a hipótese ” ≥ r, n ∈ N” por
an an
an+1
” ≥ r, n ≥ N0 ”no item ii., ou seja:
an
3.5. CRITÉRIOS DE CONVERGÊNCIA PARA SÉRIES NUMÉRICAS COM TERMOS NÃO-NEGATIV
an+1
i. Se existir 0 < r < 1 tal que ≤ r, para todo n ≥ N0 então a série numérica
an
∞
X
an é convergente.
n=1
X∞
an+1
ii. Se existir r ≥ 1 tal que ≥ r, para todo n ≥ N0 então a série numérica an
an n=1
é divergente.
Demonstração:
A demonstração é semelhante a do critério da razão.
¤
Como conseqüência do critério da razão temos o:
∞
X
i. Se 0 ≤ l < 1 então a série numérica an é convergente.
n=1
∞
X
ii. Se l > 1 então a série numérica an é divergente.
n=1
Demonstração:
De i.:
. an+1 1−l an+1
Como l = lim < 1, dado ε = > 0 existe N0 ∈ N tal que | − l| <
n→∞ an 2 an
1−l 1−l an+1 1−l an+1
ε= ou, equivalentemente, − < −l < implicando que 0 ≤ <
2 2 an 2 an
1−l 1 l . (l<1)
+ l = + = r < 1, n ≥ N0 .
2 2 2
∞
X
Logo do critério da razão (estendido) item i., segue que a série numérica an é
n=1
convergente.
De ii.:
54 CAPÍTULO 3. SÉRIES NUMÉRICAS
X∞
1
Então, do critério da razão por limites, segue que a série numérica n
é con-
n=1
n2
vergente.
∞
X nn
3. .
n=1
n!
nn
Neste caso an = , n ∈ N.
n!
(n+1)n+1
an+1 (n+1)! n+1 n 1 .
Logo lim = lim nn = lim ( ) = lim (1 + )n = e = l > 1.
n→∞ an n→∞ n→∞ n n→∞ n
n!
∞
X nn
Então, do critério da razão por limites, segue que a série numérica é diver-
n=1
n!
gente.
∞
X 1
3. .
n=1
2n + 1
1
Neste caso an = , n ∈ N.
2n + 1
1
an+1 2(n+1)+1 n
Logo lim = lim 1 = lim = 1, não podemos aplicar o critério
n→∞ an n→∞ n→∞ 2n + 1
2n+1
da razão por limites.
1
1 an n
Mas, se considerarmos bn = , n ∈ N então lim = lim 2n+11 = lim =
n n→∞ bn n→∞
n
n→∞ 2(n + 1)
1
> 0.
2
X ∞ X∞
1
Como a série numérica an = é divergente (série harmônica) segue, do
n=1 n=1
n
X∞ X∞
1
teste da comparação por limites, que a série numérica an = é diver-
n=1 n=1
2n + 1
gente.
i. Se existir 0 < r < 1 tal que (an )1/n ≤ r, para todo n ∈ N então a série numérica
X∞
an é convergente.
n=1
56 CAPÍTULO 3. SÉRIES NUMÉRICAS
∞
X
1/n
ii. Se existir r ≥ 1 tal que (an ) ≥ r, para todo n ∈ N então a série numérica an
n=1
é divergente.
Demonstração:
De i.:
Como (an )1/n ≤ r, para todo n ∈ N onde 0 ≤ r < 1 então 0 ≤ an ≤ rn , para todo
n ∈ N.
∞
X
Observemos que a série numérica rn é convergente (série geomérica de razão 0 ≤
n=1
r < 1).
∞
X
Logo, do critério da comparação item i., segue que a série an é convergente.
n=1
De ii.:
Como (an )1/n ≥ r, para todo n ∈ N onde r ≥ 1 então an ≥ rn , para todo n ∈ N.
∞
X
Observemos que a série numérica rn é divergente (série geomérica de razão r ≥ 1).
n=1
∞
X
Logo, do critério da comparação (item ii.), segue que a série an é divergente.
n=1
¤
Observação 3.5.4 O teorema acima permanece válido se trocarmos a hipótese ”(an )1/n ≤
r, n ∈ N, 0 ≤ r < 1” por ”(an )1/n ≤ r, n ≥ N0 , 0 ≤ r < 1”no item i. (ou a hipótese
”(an )1/n ≥ r, n ∈ N, r ≥ 1” por ”(an )1/n ≥ r, n ≥ N0 , r ≥ 1”no item ii., ou seja:
Corolário 3.5.3 (Critério da Raiz (Estendido))
X∞
Seja an , 0 ≤ an , para todo n ∈ N.
n=1
i. Se existir 0 < r < 1 tal que (an )1/n ≤ r, para todo n ≥ N0 então a série numérica
X∞
an é convergente.
n=1
∞
X
1/n
ii. Se existir r ≥ 1 tal que (an ) ≥ r, para todo n ≥ N0 então a série numérica an
n=1
é divergente.
Demonstração:
A demonstração é semelhante a do critério da raiz.
¤
Como conseqüência temos o:
Teorema 3.5.7 (Critério da Raiz por Limites)
∞
X .
Sejam an , 0 ≤ an , para todo n ∈ N e l = lim (an )1/n .
n→∞
n=1
3.5. CRITÉRIOS DE CONVERGÊNCIA PARA SÉRIES NUMÉRICAS COM TERMOS NÃO-NEGATIV
∞
X
i. Se 0 ≤ l < 1 então a série numérica an é convergente.
n=1
∞
X
ii. Se l > 1 então a série numérica an é divergente.
n=1
Demonstração:
De i.:
. 1−l
Como l = lim (an )1/n < 1, dado ε = > 0 existe N0 ∈ N tal que se n ≥ N0
n→∞ 2
1−l 1−l 1−l
temos |(an )1/n − l| < ε = , isto é, − < (an )1/n − l < , se n ≥ N0 ou,
2 2 2
1−l 1−l
equivalentemente, l − < (an )1/n < l + , se n ≥ N0 .
2 2
1−l l 1 . (l<1)
Em particular, 0 ≤ (an )1/n < l + = + = r < 1, n ≥ N0 .
2 2 2
∞
X
Logo, do critério da raiz (estendido) item i., segue que a série numérica an é
n=1
convergente.
De ii.:
. l−1
Como l = lim (an )1/n > 1, dado ε = > 0 existe N0 ∈ N tal que se n ≥ N0
n→∞ 2
l−1 l−1 l−1
temos |(an )1/n − l| < ε = , isto é, − < (an )1/n − l < , se n ≥ N0 ou,
2 2 2
l−1 l−1
equivalentemente, l − < (an )1/n < l + , se n ≥ N0 .
2 2
l−1 l 1 . (l>1)
Em particular, (an )1/n > l − = + = r > 1.
2 2 2
∞
X
Logo, do critério da raiz (estendido) item ii., segue que a série numérica an é
n=1
convergente.
De iii.:
Se lim (an )1/n = 1 nada podemos afirmar como veremos nos dois exemplos a seguir:
n→∞
X∞
1 1
Sabemos que a série numérica é divergente e lim (an )1/n = lim ( )1/n =
n=1
n n→∞ n→∞ n
1 (ver * abaixo)
lim ( ) = 1.
n→∞ n1/n
1
(*) lim n1/n = lim e n ln n .
n→∞ n→∞
1
ln n ln x (L’Hospital) 1
Mas lim = lim = lim x
= 0, implicando que lim n1/n = lim e n ln n =
n→∞ n x→∞ x x→∞ 1 n→∞ n→∞
e0 = 1.
58 CAPÍTULO 3. SÉRIES NUMÉRICAS
X∞
1
Por outro lado, sabemos que a série numérica 2
é convergente e lim (an )1/n =
n=1
n n→∞
1 1 (ver * acima)
lim ( 2 )1/n = lim ( 1/n )2 = 1.
n→∞ n n→∞ n
¤
X∞
1
1. .
n=1
nn
1
Tomando-se an = n , n ∈ N então temos que an ≥ 0 e l = lim (an )1/n =
n n→∞
1 1/n 1
lim ( ) = lim = 0 < 1.
n→∞ n n→∞ n
X∞ X∞
1
Logo, do critério da raiz no limite, segue que a série numérica an = é
n=1 n=1
nn
convergente.
X∞
1
2. .
n=1
n2n
1
Tomando-se an = , n ∈ N então temos que an ≥ 0 e l = lim (an )1/n =
n2n n→∞
1 1/n 1 (ver * acima) 1
lim ( ) = lim = < 1.
n→∞ n2n n→∞ 2n1/n 2
X∞ X∞
1
Logo, do critério da raiz no limite, segue que a série numérica an = é
n=1 n=1
n2n
convergente.
O último critério para convergência de séries numérica cujos os termos são não-
negativos que exibiremos é o:
Demonstração:
(⇒):
Observemos que, como mostra a figura abaixo
3.5. CRITÉRIOS DE CONVERGÊNCIA PARA SÉRIES NUMÉRICAS COM TERMOS NÃO-NEGATIV
a1 = f (1) f
a2 = f (2)
a3 = f (3)
U
-
1 2 3 4 5 6 7
Z k k
X ∞
X
0≤ f (x) dx ≤ aj = Sk (= soma parcial de ordem k da série an ).
1 j=1 n=1
∞
X Z ∞
Portanto, se a série numérica an é convergente, segue que a integral imprópria f (x) dx
n=1 1
é convergente. Z ∞
Logo a integral imprópria f (x) dx também será (pois f é contı́nua em [0, 1]).
1
(⇐):
Observemos que, da figura abaixo,
a1 = f (1)
a2 = f (2)
a3 = f (3)
-
1 2 3 4 5 6 7
Z k Z 2 Z 3 Z k Z k+1
f (x) dx = f (x) dx+ f (x) dx+· · ·+ f (x) dx+ f (x) dx ≥ a2 +a3 +· · ·+ak ,
1 1 2 k−1 k
ou ainda
Z k k
X
a1 + f (x) dx ≥ aj = Sk , para todo k = 1, 2, · · · .
1 j=1
Z ∞
Logo se a integral imprópria f (x) dx é convergente segue que a seqüência numérica
1
das somas parciais (Sn )n∈N é limitada.
Mas como an ≥ 0 para todo n ∈ N temos que a seqüência numérica (Sn )n∈N será
monótona (crescente).
∞
X
Portanto a seqüência numérica (Sn )n∈N será convergente, isto é, a série an é con-
n=1
vergente.
¤
Demonstração:
A demonstração é semelhante a do resultado acima e será deixada como exercı́cio para
o leitor.
¤
X∞
1
2. , p ∈ R.
n=1
np
∞
X
Se p = 0 temos que a série numérica será 1 que é divergente (pois lim 1 = 1 6= 0
n→∞
n=1
e assim do critério da divergência segue a afirmação).
X∞ X∞
1
Se p < 0 a série numérica p
= n−p será divergente (pois −p > 0, logo
n=1
n n=1
lim n−p = ∞ 6= 0 e assim do critério da divergência segue a afirmação).
n→∞
9.04 - 11.a
∞
X 1
3. , p ≥ 0.
n=3
n lnp n
Se p = 0 nada temos a fazer (é a série harmônica, portanto divergente).
. 1
Se p = 1 consideremos f (x) = , x ≥ e.
x ln x
1 .
Então f é não-negativa (f (x) > 0, x ≥ e), decrescente e f (n) = = an , n ≥ 3.
n ln n
62 CAPÍTULO 3. SÉRIES NUMÉRICAS
Z ∞ Z ∞ Z b
1 1
Observemos que a integral imprópria f (x) dx = dx = lim dx,
e e xlnx b→∞ e x ln x
Z b u = ln x ⇒ du = x1 dx Z ln b 1
1
mas dx = x=e⇒u=1 du = ln u|u=ln b
u=1 = ln(ln b).
e x ln x 1 u
x = b ⇒ u = lnb
Z ∞ Z b
1
Logo f (x) dx = lim dx = lim ln(ln b) = ∞, portanto a integral
b→∞ e x ln x b→∞
e Z ∞
1
imprópria dx é divergente logo, pelo critério da integral, segue que a série
e x ln x
X∞
1
é divergente.
n=3
n ln n
Consideremos o caso em que p ∈ (0, ∞) \ {1}.
. 1
Seja f (x) = , x ≥ e.
x lnp x
1 .
Então f é não-negativa (f (x) > 0, x ≥ e), decrescente e f (n) = p = an ,
n ln n
n ∈ N.
Z ∞ Z ∞ Z b
1 1
Observemos que a integral imprópria f (x) dx = p dx = lim p dx,
e e x ln x b→∞ e x ln x
observemos que
Z b u = ln x ⇒ du = x1 dx Z ln b
1 1 1
p dx = x=e⇒u=1 = du = |u=ln
u=1
b
=
1 x ln x 1 u p (1 − p)u p−1
x = b ⇒ u = ln b
½ 1
1 1−p converge (para p−1 ), se p > 1
[(ln b) − 1] = .
(1 − p) diverge (para ∞), se 0 < p < 1
Logo, do critério da integral segue que, a série numérica
∞
(
X 1 convergente, se p > 1
p será .
n=1
n ln n diverge (para ∞), se p ≤ 1
Exemplo 3.6.1
∞
X
1. (−1)n é uma série alternada. Neste caso, an = 1, n ∈ N.
n=1
X∞
1 1
2. (−1)n+1 é uma série alternada. Neste caso, an = , n ∈ N.
n=1
n n
∞
X 1 1
3. (−1)n+1 é uma série alternada. Neste caso, an = , n ∈ N.
n=1
2n − 1 2n − 1
i. an ≥ 0 n ∈ N;
iii. lim an = 0.
n→∞
∞
X
Então a série numérica (−1)n+1 an será convergente.
n=1
Além disso se sua soma é S então |S − Sn | ≤ an+1 , n ∈ N.
Demonstração:
∞
X
Seja (Sn )n∈N a seqüência das somas parciais da série numérica an .
n=1
Observemos que:
1. S2n ≤ S2n+2 , n ∈ N.
De fato,
(a2n+1 ≥a2n+2 )
S2n+2 = S2n + a2n+1 − a2n+2 ≥ S2n , n ∈ N.
2. S2n−1 ≤ S2n+1 , n ∈ N
De fato,
(a2n+1 ≤a2n )
S2n+1 = S2n−1 − a2n + a2n+1 ≤ S2n−1 , n ∈ N.
3. 0 ≤ S2n ≤ a1 , n ∈ N.
De fato,
0 ≤ S2n = a1 − a2 + a3 + · · · − a2n−2 + a2n−1 − a2n
(ai+1 ≤ai )
= a1 + (−a2 + a3 ) + · · · + (−a2n−2 + a2n−1 ) + (−a2n ) ≤ a1 , n ∈ N.
| {z } | {z } | {z }
≤0 ≤0 ≤0
De 1. e 3. temos que a seqüência numérica (S2n )n∈N é monótona e limitada, logo será
convergente.
.
Seja S = lim S2n .
n→∞
64 CAPÍTULO 3. SÉRIES NUMÉRICAS
Observação 3.6.2
∞
X
1. O teorema pode ser aplicado a série numérica (−1)n an , isto é, se a seqüência
n=1
numérica (an )n∈N é não negativa, decrescente e tem limite zero então a série numérica
X∞
(−1)n an será convergente.
n=1
∞
X ∞
X
n
Para ver isto basta observar que série numérica (−1) an = (−1) (−1)n+1 an .
n=1 n=1
Exemplo 3.6.3
X∞
ln n
1. Mostremos que a série numérica (−1)n+1 é convergente.
n=3
n
. ln n
De fato, definindo an = , n ≥ 3 temos que:
n
i. A seqüência (an )n∈N é não negativa (isto é, an ≥ 0, n ≥ 3);
. ln x
ii. A seqüência (an )n∈N é decrescente, pois considerando-se f (x) = , x ≥ e
x
1 − ln x
temos que f 0 (x) = ≤ 0 se x ≥ e.
x2
Logo f é decrescente em [e, ∞) implicando que a seqüência (an )n∈N também
será.
ln n ln x (L’Hospital) 1
iii. lim an = lim = lim = lim = 0, ou seja lim an = 0.
n→∞ n→∞ n n→∞ x n→∞ x n→∞
X∞
ln n
Logo, segue do critério da série alternada que a série numérica (−1)n+1 é
n=3
n
convergente.
66 CAPÍTULO 3. SÉRIES NUMÉRICAS
∞
X 1
2. Dada a série numérica (−1)n+1
2
(que pelo critério da série alternada é con-
n=3
n
vergente) determinemos sua soma com erro menor ou igual 0, 02 em valor absoluto.
X∞
. 1 1
Sejam an = 2 , n ∈ N, S a soma da série (−1)n+1 2 e Sn soma parcial de
n n=3
n
ordem n da série.
Do critério da série alternada segue que |Sn − S| ≤ an+1 , n ∈ N.
1 1
Escolhamos n ∈ N tal que an+1 = 2 ≤ 0, 02 = 2 .
n 100
1 1
Por exemplo, se n = 9 temos que a10 = 2 < 2 .
10 100
1 1 1
Portanto |S9 −S| ≤ a10 < 0, 02, assim S9 = a1 −a2 +a3 +· · ·−a9 = 1− + −· · ·+
4 9 81
aproxima S com erro menor que 0, 02.
1 1 1 1 1 1
Exemplo 3.7.1 A série numérica 1 + − + + − − + · · · é um reagrupamento
∞
3 2 5 7 4 6
X 1
da série harmômica alternada (−1)n+1 .
n=1
n
Neste caso: b1 = a1 , b2 = a3 , b3 = a5 , · · · .
Para reagrupamento de séries numéricas com termos não negaticos temos o seguinte
resultado:
∞
X
Teorema 3.7.1 Suponhamos que a série numérica an seja convergente e an ≥ 0 para
n=1
todo n ∈ N.
∞
X ∞
X
Então qualquer reagrupamento, bn , da série numérica an será convergente.
n=1 n=1
∞
X
Além disso, se a soma da série numérica an é S então a soma de qualquer reagru-
n=1
∞
X
pamento seu será S (isto é, a soma da série numérica bn é S).
n=1
3.7. REAGRUPAMENTO DE SÉRIES NUMÉRICAS 67
Demonstração:
∞
X ∞
X
Sejam (Sn )n∈N e (Tn )n∈N as seqüências das somas parciais das séries an e bn ,
n=1 n=1
respectivamente.
∞
X
Como a série numérica an é convergente segue que seqüência (Sn )n∈N é convergente,
n=1
logo limitada, isto é, existe M ≥ tal que 0 ≤ Sn = |Sn | ≤ M para to n ∈ N.
Mas an ≥ 0 para todo n ∈ N segue que a seqüência (Sn )n∈N é crescente.
.
(i=max{i1 ,i2 ,··· ,in })
Como Tn = b1 + b2 + · · · + bn = ai1 + ai2 + · · · + ain ≤ a1 + a2 + · · · + ai =
Si ≤ M segue que a seqüência (Tn )n∈N é limitada.
Ela é crescente pois bn ≥ 0 para todo n ∈ N.
X∞
Logo será convergente, ou seja, a série bn é convergente.
n=1
∞
X
Seja T a soma da série numérica bn .
n=1
.
Observemos que 0 ≤ Tn ≤ Si (i = max{i1 , i2 , · · · , in }) logo 0 ≤ T ≤ S.
X∞
De modo análogo, considerando-se a série numérica an como um reagrupamento
n=1
∞
X
da série numérica bn segue que 0 ≤ S ≤ T , logo T = S, ou seja, a soma das séries são
n=1
iguais.
¤
Logo
∞
1 1X 1 1 1 1 1 1 1 1 1
ln 2 = (−1)n+1 = − + − +··· = 0+ +0− +0+ −0+ +··· .
2 2 n=1 2n 2 4 6 8 2 4 6 8
12.04 - 12.a
Exemplo 3.8.1
∞
X
1. A série numérica cn é absolutamente convergente se −1 < c < 1 pois neste
n=1
∞
X ∞
X
n
caso a série numérica |c | = |c|n é convergente (série geométrica de razão
n=1 n=1
0 ≤ |c| < 1).
∞
X 1
2. A série harmônica alternada (−1)n+1 é não é absolutamente convergente pois
n=1
n
∞
X X∞
n+1 1 1
a série numérica |(−1) |= é divergente (série harmônica).
n=1
n n=1
n
Demonstração:
Observemos que −|an | ≤ an ≤ |an | para todo n ∈ N, logo 0 ≤ an + |an | ≤ 2|an | para
todo n ∈ N.
3.8. SÉRIES ABSOLUTAMENTE CONVERGENTES 69
∞
X ∞
X
Como a série numérica |an | é convergente então a série numérica 2|an | é con-
n=1 n=1
∞
X
vergente logo, do critério da comparação, segue que série numérica (an + |an |) é con-
n=1
vergente.
∞
X
Mas an = (an + |an ) − |an | para todo n ∈ N e as séries numéricas (an + |an |) e
n=1
∞
X
|an | são convergentes.
n=1
∞
X
Portanto a an também será (pois é diferença de duas convergentes).
n=1
¤
Observação 3.8.1 A recı́proca do resultado acima é falsa, isto é, existem séries numéricas
que são convergentes mas não são absolutamente convergentes, como mostra o seguinte
X∞
1
exemplo: (−1)n+1 é convergente (série harmônica alternada) mas não é absoluta-
n=1
n
X∞ X∞
n+1 1 1
mente convergente (pois |(−1) |= que é a série harmônica que sabemos ser
n=1
n n=1
n
divergente).
Exemplo 3.9.1
∞
X 1
1. A série harmônica alternada (−1)n+1
é uma série numérica condicionalmente
n=1
n
convergente pois ela converge mas não converge absolutamente (isto é, a série numérica
X∞ X∞ X∞
n+1 1 n+1 1 1
(−1) converge, mas a série numérica |(−1) |= diverge).
n=1
n n=1
n n=1
n
∞
X 1
2. A série numérica (−1)n+1 não é uma série numérica condicionalmente con-
n=1
n2
vergente pois ela converge absolutamente.
Demonstração:
Daremos a seguir uma idéia da demonstração para o caso em que 0 < L < ∞. Os
outros casos são semelhantes. ∞ ∞
X X
Como ela é condicionalmente convergente temos que an converge e |an | diverge.
n=1 n=1
. .
Considere A = {n ∈ N : an ≥ 0} = {n1 < n2 < n3 · · · } e B = {n ∈ N : an < 0} =
{m1 < m2 < m3 < · · · }. Afirmamos que A e B são infinitos.
De fato, se um dos dois fosse finito, por exemplo B, terı́amos somente um número
finito de termos negativos (positivos se A fosse finito) e como a série é convergente ela
também seria absolutamente convergente o que é um absurdo.
X∞ ∞
X
Logo podemos produzir um reagrupamento, bm , da série numérica an da seguinte
n=1 n=1
forma:
3.9. SÉRIES CONDICIONALMENTE CONVERGENTES 71
.
b1 = a
½n1 .
an2 , se b1 < L
b2 =
½ am1 , se b1 ≥ L
an3 , se b1 + b2 < L
b3 =
½ am2 , se b1 + b2 ≥ L
an4 , se b1 + b2 + b3 < L
b4 =
am3 , se b1 + b2 + b3 ≥ L
e assim por diante.
∞
X
Como lim an = 0 (pois a série numérica an é convergente) temos que a seqüência
n→∞
n=1
∞
X
das somas parciais da série numérica bm será convergente para L.
n=1
Veja figura abaixo:
? - ª
-
? ?¾ ¾ j -
6 6 6 6 6 6 6
L
¤
72 CAPÍTULO 3. SÉRIES NUMÉRICAS
Capı́tulo 4
Seqüências de Funções
Notação 4.1.1 A seqüência de funções acima será indicada por: (fn )n∈N ; {fn }n∈N ; (fn )
ou {fn }.
y 6
f1 (x) = x
f2 (x) = x
2
f3 (x) = x
3
f4 (x) = x
4
-
x0 x
73
74 CAPÍTULO 4. SEQÜÊNCIAS DE FUNÇÕES
. .
2. Consideremos a seqüência (fn )n∈N onde A = R e fn : R → R é dada por fn (x) = xn ,
x ∈ R, cujos gráficos de f1 , f2 e f3 encontram-se na figura abaixo.
f3 (x) = x3
f2 (x) = x2
f1 (x) = x
y 6
-
1 x
Observação 4.2.2
1. Observemos que f está univocamente determinada, isto é, é de fato uma função.
p
2. Da definição de convergência de seqüências numérica temos: fn → f em A se, e
somente se, dado ε > 0, para cada x ∈ A, existe N0 ∈ N , N0 = N0 (ε, x), tal que
para n ≥ N0 temos |fn (x) − f (x)| < ε.
3. Este tipo de convergência de seqüência de funções é chamada de convergência
pontual ou convergência ponto a ponto.
4.2. CONVERGÊNCIA PONTUAL DE SEQÜÊNCIAS DE FUNÇÕES 75
Exemplo 4.2.1
. .
1. Consideremos a seqüência (fn )n∈N onde A = R e fn : R → R é dada por fn (x) = nx .
x0
Fixado x0 ∈ R temos que lim fn (x0 ) = lim = 0.
n→∞ n→∞ n
. p
Logo, tomando-se f : R → R dada por f (x) = 0, temos que fn → f em A = R (isto
é, converge pontualmente para f e A).
y 6
f1 (x) = x
f2 (x) = x
2
f3 (x) = x
3
f4 (x) = x
4
-
x0 f (x) = 0 x
. .
2. Consideremos a seqüência (fn )n∈N onde A = [0, 1] e fn : A → R é dada por fn (x) =
xn .
p
temos que fn → f em A = [0, 1] (isto é, converge pontualmente para a função f em
A).
6
1
f1 (x) = x
f2 (x) = x2
f3 (x) = x3
-
x0 x . 1 .
3. Consideremos a seqüência (fn )n∈N onde A = R e fn : R → R é dada por fn (x) =
x2 + nx
.
n
x20
Fixado x0 ∈ R temos que lim fn (x0 ) = lim + x0 = x0 .
n→∞ n→∞ n
p
Logo, tomando-se f : R → R dada por f (x) = x, temos que fn → f em A = R (isto
é, converge pontualmente para f em A).
Veja figura abaixo.
x2 +2x
6f1 (x) = x2 + fx2 (x) = 2
y
f (x) = x
-
x0 x
. .
4. Consideremos a seqüência (fn )n∈N onde A = R e fn : R → R é dada por fn (x) =
1
sen(nx + n).
n
1
Fixado x0 ∈ R temos que lim fn (x0 ) = lim sen(nx0 + n) = 0.
n→∞ n→∞ n
p
Logo, tomando-se f : R → R dada por f (x) = 0, temos que fn → f em A = R (isto
é, converge pontualmente para f em R).
Veja figura abaixo.
4.3. CONVERGÊNCIA UNIFORME DE SEQÜÊNCIAS DE FUNÇÕES 77
f1 (x) = sen(x + 1)
f2 (x) = 1
2
sen(2x + 2)
f (x) = 0
-
x0 x
f3 (x) = 1
3
sen(3x + 3)
Definição 4.3.1 Diremos que uma seqüência de funções (fn )n∈N definidas em A ⊆ R
(isto é, fn : A → R) converge uniformente em A para uma função f : A → R se dado
ε > 0 existir N0 = N0 (²) ∈ N tal que se n ≥ N0 temos |fn (x) − f (x)| < ², para todo
x ∈ A.
u
Neste caso escreveremos fn → f em A.
Observação 4.3.1
1. Notemos que escrever |fn (x)−f (x)| < ε é equivalente a escrever −ε < fn (x)−f (x) <
ε ou ainda, f (x) − ε < fn (x) < f (x) + ε.
Assim, a seqüência de funções (fn )n∈N satisfaz a condição acima se, e somente se,
seu gráfico está contido no “ tubinho “ de raio ε em torno do gráfico da função f
(vide figura abaixo).
78 CAPÍTULO 4. SEQÜÊNCIAS DE FUNÇÕES
y 6
² 6
?
fn
6
²
f
?
-
x
Exemplo 4.3.1
. .
1. Consideremos a seqüência (fn )n∈N onde A = R e fn : R → R é dada por fn (x) = nx ,
x ∈ R.
p
Observe que fn → f quando n → ∞, onde f (x) = 0, x ∈ R, isto é, a seqüência
(fn )n∈N converge pontualmente para a função f (x) = 0 em R.
A convergência não é uniforme em R.
u
De fato, suponhamos, por absurdo, que a fn → f (isto é, uniformemente em R).
Então, dado ε = 1, deve existir um N0 = N0 (ε) ∈ N tal que se n ≥ N0 teremos
| nx − 0| < 1, para todo x ∈ R.
Em particular | Nx0 | < 1, para todo x ∈ R ou, equivalentemente |x| < N0 , para todo
x ∈ R, o que é um absurdo (basta escolher x ∈ R tal que x ≥ N0 ).
Portanto não existe um N0 ∈ N tal que |fn (x) − f (x)| < ε = 1, para todo x ∈ R.
Logo a seqüência (fn )n∈N converge pontualmente para a função f em R, mas não
converge uniforme para f em R (veja figura abaixo).
4.3. CONVERGÊNCIA UNIFORME DE SEQÜÊNCIAS DE FUNÇÕES 79
6 f1 (x) = x
y
f2 (x) = x
2
x
fn (x) = n
ε 6
? -
ε x0 x
ε 6
?
.
Observe que se no exemplo acima considerarmos A = [a, b] então a convergência
será uniforme, como mostra o exemplo a seguir.
.
2. Consideremos a seqüência (fn )n∈N onde A = [0, 10] e fn : A → R é dada por
.
fn (x) = nx , x ∈ [0, 10].
p
Observe que como no caso acima fn → f em A = [0, 10] (isto é, pontualmente),
onde f (x) = 0 para todo x ∈ [0, 10].
Analisemos se a convergência é uniforme.
10
De fato, dado ε > 0 tomemos N0 > ε
.
Então, se n ≥ N0 temos |fn (x) − f (x)| = | nx | ≤ 10
n
≤ N100 < ε para todo x ∈ A,
u
mostrando que fn → f em A = [0, 10] (isto é, a convergência é uniformemente em
A).
Veja figura abaixo.
6 f1 (x) = x
y
f2 (x) = x
2
f3 (x) = x
3
x
fn (x) = n3 6
ε
?
-
10 6x
ε
?
80 CAPÍTULO 4. SEQÜÊNCIAS DE FUNÇÕES
. .
3. Consideremos a seqüência (fn )n∈N onde A =½[0, 1], fn : A → R ,dada por fn (x) =
0 , se x < 1
xn , x ∈ R e f : A → R, definida por f (x) =
1 , se x = 1
p
Observe que fn → f em A = [0, 1] (isto é, pontualemnte), mas a convergência não
é uniforme em A.
De fato, suponhamos, por absurdo, que a convergência seja uniforme em A, isto é,
u
fn → f em A = [0, 1].
y
6
1
fn (x) = xn
µ
6
²
? -
²1/n 1
x0 6 x
²
?
Mais adiante veremos novamente, usando outro procedimento, que esta convergência
não poderá ser uniforme.
. .
4. Consideremos a seqüência (fn )n∈N onde A = R, fn : R → R é dada por fn (x) =
2
x +nx .
n
e f : R → R definida por f (x) = x.
p
Observe que fn → f em R (isto é, converge pontualmente para a função f em R )
mas não converge uniformemente em R (exercı́cio).
4.3. CONVERGÊNCIA UNIFORME DE SEQÜÊNCIAS DE FUNÇÕES 81
2 f1 (x) = x2 + x y 6
fn (x) = x +nx
n
f (x) = x
-
x0 x
²6
?
²6
?
. .
5. Consideremos a seqüência (fn )n∈N onde A = R, fn : R → R é dada por fn (x) =
1 .
sen(nx + n) e f : R → R, definida por f (x) = 0, x ∈ R.
n
u
Então fn → f em A = R (isto é, converge uniformemente para f em R) (exercı́cio).
1 1
Sugestão: | sen(nx + n)| ≤ , ∀x ∈ R.
n n
f1 (x) = sen(x + 1)
6 sen(2x+2)
ε f2 (x) = 2
f (x) = 0
? -
x
6 sen(nx+n)
ε fn (x) = n
.
6. Consideremos a seqüência (fn )n∈N onde A = [0, ∞), fn : A → R são dadas pelos
gráficos½abaixo e f : A → R definida por
0 , se x 6= 0
f (x) =
1 , se x = 0
p
Neste caso, fn → f em A (isto é, pontualmente) mas a convergência não é uniforme
em A.
Isto será provado mais adiante.
82 CAPÍTULO 4. SEQÜÊNCIAS DE FUNÇÕES
y 6
1
f1
f2
f3
6
²
f
? -
x0 1 x
6 1
3
1
2
²
. .
7.½ Consideremos a seqüência (fn )n∈N onde A = R, fn : A → R são definidas por: fn (x) =
1 − n1 |x| , se |x| < n
e f : R → R dada por f (x) = 1, para todo x ∈ R.
0 , se |x| ≥ n
Então fn → f pontualmente em R, mas a convergência não é uniformemente em R.
Isto será mostrado mais adiante.
y 6
6²
1 ? f
6²
?
f1 f2 fn
x0
-
−n −2 −1 1 2 n x
. 1
8. Consideremos a seqüência (fn )n∈N onde A = (0, 1], fn : A → R, dada por fn (x) = nx e
.
f : A → R, definida por f (x) = 0, para todo x ∈ A.
Então fn → f pontualmente em A, mas não converge uniformemente em A.
De fato, suponhamos, por absurdo, que a convergência fosse uniforme.
Logo, dado ² = 12 , existiria um N0 ∈ N tal que para todo n ≥ N0 terı́amos |fn (x) −
1
f (x)| < 1/2 para todo x ∈ A = (0, 1], isto é, | nx | < 12 , para todo x ∈ A = (0, 1].
Em particular, | N10 x | < 12 , para todo x ∈ A = (0, 1] .
Assim, 0 < 1/x < N0 /2, para todo x ∈ (0, 1], o que é um absurdo.
Logo não existe tal N0 , isto é, a convergência não é uniforme em A.
4.4. SEQÜÊNCIAS DE FUNÇÕES DE CAUCHY 83
y 6
f1
f2
² 6
f fn
? -
x0 1 x
² 6
?
Definição 4.4.1 Diremos que uma seqüências de funções (fn )n∈N é uma seqüência de
Cauhy em A ⊆ R se dado ε > 0 existir N0 = N0 (ε) ∈ N tal que se n, m ≥ N0 temos
|fn (x) − fm (x)| < ε, para todo x ∈ A.
sen(nx)
Exemplo 4.4.1 A seqüência de funções (fn )n∈N , onde fn (x) = , x ∈ R é uma
n
ε
seqüência de funções de Cauchy em R pois dado ε > 0 se tomarmos N0 > temos que
2
sen(nx) sen(mx) 1 1 (n,m≥N0 )
para n, m ≥ N0 teremos |fn (x) − fm (x)| = | − | ≤ + ≤
n m n m
1 1 ε ε
+ < + = ε.
N0 N0 2 2
Teorema 4.4.1 Seja (fn )n∈N uma seqüência de funções onde fn : A ⊆ R → R para todo
n ∈ N.
A seqüência de funções (fn )n∈N converge uniformemente (em A) se, e somente se, a
seqüência de funções (fn )n∈N for uma seqüência de Cauchy.
Demonstração:
u
(⇒) Suponhamos que fn → f em A.
Então, dado ε > 0 existe N0 = N0 (ε) ∈ N tal que se n ≥ N0 temos |fn (x) − f (x)| < 2ε ,
para todo x ∈ A.
84 CAPÍTULO 4. SEQÜÊNCIAS DE FUNÇÕES
Logo se n, m ≥ N0 temos que |fn (x) − fm (x)| ≤ |fn (x) − f (x)| + |f (x) − fm (x)| <
ε
2
+ 2ε
= ε, para todo x ∈ A, mostrando que a seqüência de funções (fn )n∈N é uma seqüência
de Cauchy.
(⇐) Por outro lado, se seqüência de funções (fn )n∈N é uma seqüência de Cauchy então
para cada x ∈ A a seqüência numérica (fn (x))n∈N será uma seqüência numérica de Cauchy
p
em R e portanto convergente em R, isto é, para cada x ∈ A, fn (x) → f (x), ou seja, fn → f
em A.
Precisamos mostrar que a convergência acima (que é pontual) é uniforme em A.
Como a seqüência de funções (fn (x))n∈N é uma seqüência de Cauchy dado ε > 0 existe
N0 = N0 (ε) ∈ N tal que se n, m ≥ N0 temos |fn (x) − fm (x)| < ε para todo x ∈ A.
Fixando-se x ∈ A e passando o limite quando m → ∞ obtemos |fn (x) − f (x)| < ε
u
para todo x ∈ A, ou seja, fn → f em A.
¤
Exemplo 4.4.2 A seqüência de funções (fn )n∈N do exemplo (4.4.1) converge uniforme-
mente para a função f , onde f (x) = 0 para todo x ∈ R pois ela converge pontualmente
para f e a seqüência de funções é de Cauchy em R.
Teorema 4.5.1 Suponhamos que (fn )n∈N seja uma seqüência de funções contı́nuas em
A ⊆ R que converge uniformemente para f em A.
Então f é contı́nua em A.
Isto é, para cada x0 ∈ A temos
ou ainda:
lim lim fn (x) = lim lim fn (x), para todo x0 ∈ A.
x→x0 n→∞ n→∞ x→x0
Demonstração:
Precisamos mostrar que f é contı́nua para cada x ∈ A.
◦
Faremos a demonstração quando x ∈A.
4.5. PROPRIEDADES DA CONVERGÊNCIA UNIFORME DE SEQÜÊNCIAS DE FUNÇÕES85
ou seja, Z Z
b b
lim fn (x) dx = lim fn (x) dx
a n→∞ n→∞ a
Demonstração:
Como a convergência é uniforme e as fn são contı́nuas segue, do resultado anterior,
que f é contı́nua logo integrável em [a, b].
u
Como fn → f em [a, b], dado ε > 0 existe N0 = N0 (ε) ∈ N tal que se n ≥ N0 então
²
|fn (x) − f (x)| < para todo x ∈ [a, b].
b−a
Logo, se n ≥ N0 , temos:
Z b Z b Z b
| fn (x) dx − f (x) dx| = | (fn (x) − f (x)) dx|
a a a
Z b Z b
²
≤ |fn (x) − f (x)| dx ≤ dx = ²
a a b−a
86 CAPÍTULO 4. SEQÜÊNCIAS DE FUNÇÕES
Z b Z b
Isto é, lim fn (x) dx = f (x) dx
n→∞ a a
¤
Observação 4.5.2
1. O resultado acima nos dá condições suficientes para podermos trocar um limite com
uma integral definida.
3. Podemos provar um resultado análogo ao acima substituindo-se a hipótese de con-
tinuidade por integrabilidade das fn ’s.
2. O resultado pode não ser verdadeiro se retirarmos a hipótese da convergência ser
uniforme como mostra o exemplo abaixo.
3 6
6 26
1
f1 f2 f3
1
- 1
-
2 1 2 1 -
1
3 1
p
Observemos que fn → f em [0, 1] onde f (x) = 0 para todo x ∈ [0, 1].
Z 1
Assim f (x) dx = 0.
0
Z 1
1
Mas fn (x) dx = (pois a área da região delimitada pelo gráfico das funções fn
0 2
1
é ).
2
Z 1 Z 1
1
Portanto lim fn (x) dx = =6 0= f (x) dx.
n→∞ 0 2 0
Observação 4.5.3
Tendo em vista os dois teoremas acima, podemos pensar que algo semelhante deve ocorrer
para a diferenciação de seqüências de funções.
Isto é: se (fn ) é uma seqüência de funções diferenciáveis em [a, b] e converge uni-
formemente para f em [a, b] então f é diferenciável em [a, b] e f 0 = lim fn0 .
n→∞
Infelizmente isto não é verdade em geral, como mostram os exemplos abaixo.
Exemplo 4.5.1
1. Considere a seqüência (fn )n∈N dadas pelos seus gráficos abaixo, definidas em R e
f (x) = |x| , x ∈ R.
u
Observe que fn → f em R (exercı́cio) e que apesar das fn serem todas diferenciáveis
f não é (pois não é diferenciável em x = 0).
4.5. PROPRIEDADES DA CONVERGÊNCIA UNIFORME DE SEQÜÊNCIAS DE FUNÇÕES87
² 6 y 6 f
?
² 6
?
f1
f2
f3
fn
-
x
y
6 f1
6 fn
²
? f - f2
x
6
²
Teorema 4.5.3 Suponhamos que (fn )n∈N seja uma seqüência de funções continuamente
diferenciáveis em [a, b] e para algum x0 ∈ [a, b] a seqüência numérica (fn (x0 ))n∈N converge.
Se a seqüência (fn0 ) converge uniformemente para alguma função g em [a, b], então a
seqüência (fn ) converge uniformemente para uma função f em [a, b], f é continuamente
diferenciável em [a, b] e f 0 (x) = g(x), para todo x ∈ [a, b], isto é:
Demonstração:
Como fn0 → g uniformemente em [a, b] e as fn são contı́nuas em [a, b], então do teorema
4.5.1 temos que g é contı́nua em [a, b].
Como (fn (x0 )) converge para algum valor, digamos c ∈ R, então dado ² > 0 existe
N1 ∈ N tal que se n ≥ N1 então
²
|fn (x0 ) − c| <
2
sen(nx)
Exemplo 4.5.2 Consideremos a seqüência de funções (fn )n∈N onde fn (x) = ,
n2
x ∈ [0, 2π] e n ∈ N.
Observemos que fn é continuamente diferenciável (na verdade C ∞ ) em [0, π] (em geral,
em toda reta R).
cos(nx)
Temos que fn0 (x) = , x ∈ [0, 2π] e n ∈ N.
n
Se definirmos g(x) = 0, x ∈ [0, 2π], utilizando o critério de Cauchy, podemos mostrar
u
que fn0 → g em [0, 2π] (exercı́cio).
Como fn (0) = 0 temos que a seqüência numérica (fn (0))n∈N é convergente.
u
Logo o teorema acima nos garante que fn → f em [0, 2π].
Além disso segue que f 0 (x) = g(x) = 0 para todo x ∈ [0, 2π], assim f é constante em
[0, 2π].
Mas f (0) = lim fn (0) = 0, portanto f (x) = 0 para todo x ∈ [0, 2π].
n→∞
90 CAPÍTULO 4. SEQÜÊNCIAS DE FUNÇÕES
Capı́tulo 5
Séries de Funções
19.04 - 14.a
X n
.
Sn (x) = f1 (x) + · · · + fn (x) = fk (x), x ∈ A, n ∈ N.
k=1
Tal seqüência é denominada série de funções associada à seqüência (fn )n∈N e indi-
X∞ X
cada por fn (ou fn ).
n=1
Observação 5.1.1
∞
X
1. Observemos que a série de funções fn pode ser olhada como uma soma infinita
n=1
∞
X
de funções, isto é, fn (x) = f1 (x) + f2 (x) + f3 (x) + · · · , x ∈ A.
n=1
2. A seqüência de funções (Sn )n∈N (que é a série) também será denomindada de seqüência
X∞
das somas parciais da série fn .
n=1
Cada termo dessa seqüência (ou da série), Sn , será dito soma parcial de ordem
∞
X
n da série fn .
n=1
∞
X
As funções fn serão ditas termos da série fn .
n=1
91
92 CAPÍTULO 5. SÉRIES DE FUNÇÕES
Exemplo 5.1.1
1. Seja a seqüência de funções (fn )n∈N dada por fn (x) = xn , x ∈ (−1, 1) e n ∈ N.
Então a série de funções (Sn )n∈N terá como termos:
S1 (x) = f1 (x) = x,
S2 (x) = f1 (x) + f2 (x) = x + x2 ,
S3 (x) = f1 (x) + f2 (x) + f3 (x) = x + x2 + x3 ,
..
.,
Sn (x) = f1 (x) + f2 (x) + f3 (x) + · · · + fn (x) = x + x2 + x3 + · · · + xn ,
..
.,
X∞ ∞
X
ou seja, fn = xn = x + x2 + x3 + · · · , x ∈ (−1, 1).
n=1 n=1
x
2. Seja a seqüência de funções (fn )n∈N dada por fn (x) = , x ∈ R e n ∈ N.
n
Então a série de funções (Sn )n∈N terá como termos:
S1 (x) = f1 (x) = x,
x
S2 (x) = f1 (x) + f2 (x) = x + ,
2
x x
S3 (x) = f1 (x) + f2 (x) + f3 (x) = x + + ,
2 3
..
.,
x x x
Sn (x) = f1 (x) + f2 (x) + f3 (x) + · · · + fn (x) = x + + + · · · + ,
2 3 n
..
.,
X ∞ X∞ X∞
x x 1
ou seja, fn = xn = x + + + · · · = x , x ∈ R.
n=1 n=1
2 3 n=1
n
xn
3. Seja a seqüência de funções (fn )n∈N dada por fn (x) = , x ∈ R e n ∈ {0} ∪ N.
n!
Então a série de funções (Sn )n∈N terá como termos:
S0 (x) = f0 (x) = 1,
S1 (x) = f1 (x) = x,
x2
S2 (x) = f1 (x) + f2 (x) = x + ,
2!
x2 x3
S3 (x) = f1 (x) + f2 (x) + f3 (x) = x + + ,
2! 3!
..
.,
x2 x3 xn
Sn (x) = f0 (x) + f1 (x) + f2 (x) + f3 (x) + · · · + fn (x) = 1 + x + + + ··· + ,
2! 3! n!
..
.,
X ∞ X ∞
x2 x3 xn
ou seja, fn (x) = 1 + x + + + ··· = , x ∈ R.
n=0
2! 3! n=0
n!
Observação 5.1.2 Para cada x0 ∈ A a série (Sn (x0 )) é uma série numérica.
Logo podemos verificar esta é convergente ou não.
5.2. CONVERGÊNCIA PONTUAL DE SÉRIES DE FUNÇÕES 93
∞
X
Observação 5.2.1 No caso acima, sı́mbolo fn denotará duas coisas diferentes, a
n=1
saber: a série de funções (Sn )n∈N (isto é, a seqüência das somas parciais associada a
mesma) e a função que é a sua soma (o limite da seqüência das somas parciais), caso
exista.
Exemplo 5.2.1
x
2. Seja a seqüência de funções (fn )n∈N dada por fn (x) = , x ∈ R e n ∈ N.
n
∞
X x
Então a série de funções não é convergente pontualmente em R\{0} pois para
n=1
n
∞
X X∞ X∞
x0 1 1
cada x0 6= 0 fixado a série numérica = x0 e a série numérica é
n=1
n n=1
n n=1
n
divergente (série harmônica).
X∞
x
Logo a série de funções só converge em x = 0.
n=1
n
xn
3. Se a seqüência de funções (fn )n∈N dada por fn (x) = , x ∈ R e n ∈ N.
n!
∞
X xn
A série de funções é convergente pontualmente em toda a reta R.
n=1
n!
xn0 an+1
De fato, se x0 ≥ 0 então definindo-se an = , n ∈ N, temos que lim =
n! n→∞ an
xn+1
0
(n+1)! x0
lim xn = lim = 0 < 1.
n→∞ 0 n→∞ n + 1
n!
∞
X xn 0
Logo, do critério da razão para séries numéricas, segue que a série numérica
n=1
n!
é convergente se x0 ≥ 0.
∞
X xn 0
Se x0 ∈ R em geral, a série numérica é absolutamente convergente (isto é,
n=1
n!
X∞ X∞
xn |x0 |n
| 0|= pois |x0 | ≥ 0).
n=1
n! n=1
n!
Mas se uma série numérica é absolutamente convergente ela será convergente (critério
da convergência absoluta de séries numéricas).
X∞
xn
Portanto a série de funções converge pontualmente em toda a reta R.
n=1
n!
Veremos mais adiante que a soma dessa série de funções será a função ex , isto é,
X∞
x xn
e = , x ∈ R.
n=1
n!
1. Se cada uma das funções fn for contı́nua em [a, b], para todo n ∈ N, então f será
contı́nua em [a, b], isto é,
lim f (x) = f (x0 )
x→x0
ou ainda
∞
X ∞
X
lim fn (x) = lim fn (x).
x→x0 x→x0
n=1 n=1
isto é,
Z bX
∞ ∞ Z
X b
fn (t) dt = fn (t) dt.
a n=1 n=1 a
ou
∞ ∞
d X X d
( fn )(x) = fn (x).
dx n=1 n=1
dx
ou seja, a série pode ser derivada termo a termo.
96 CAPÍTULO 5. SÉRIES DE FUNÇÕES
Demonstração:
De 1.:
n
X
Como as fn são contı́nuas, temos que Sn = f1 + · · · + fn = fk também serão (pois
k=1
é uma soma finita de funções contı́nuas).
Mas a seqüência de funções (Sn )n∈N converge uniformemente para f .
Logo, do teorema (4.5.1), segue que f é contı́nua em [a, b].
De 2.:
X∞
Dizer que a série de funções fn converge uniformemente para f em [a, b] é dizer
n=1
que a seqüência de funções (Sn )n∈N converge uniformemente para f em [a, b].
Então, segue do teorema (4.5.2), que
Z b Z bX∞ Z b
f (t) dt = fn (t) dt = lim Sk (t) dt
a a n=1 a k→∞
Z b k
X Z bX
k
( teor 4.5.2)
= lim fn (t) dt = lim fn (t) dt =
a k→∞ n=1 k→∞ a n=1
Xk Z b ∞ Z
X b
= lim fn (t) dt = fn (t) dt.
k→∞ a a
n=1 n=1
De 3.:
∞
X
Dizer que a série de funções fn converge em x0 ∈ [a, b] é dizer que a seqüência
n=1
numérica (Sn (x0 ))n∈N converge.
∞
X
Além disso, como a série de funções fn0 converge uniformemente para g em [a, b],
n=1
temos que a seqüência de funções (Sn0 )n∈N converge uniformemente para g em [a, b] (pois
n n
0 d X (soma finita) X 0
Sn (x) = fk (x) = fk (x)) .
dx k=1 k=1
Logo, do teorema (4.5.3), segue que a seqüência de funções (Sn )n∈N converge uniforme-
mente para uma função f em [a, b] e f 0 = g, isto é,
X∞ ∞
X
0
( fn ) (x) = fn0 (x).
n=1 n=1
Observação 5.3.1
1. O corolário acima trata de algumas conseqüências da convergência uniforme de
séries de funções.
Sem a presença da convergência uniforme as conclusões do resultado podem não
ocorrer.
5.3. CONVERGÊNCIA UNIFORME DE SÉRIES DE FUNÇÕES 97
3. Um resultado extremamente importante, que nos dá condições suficientes para as-
segurar a convergência uniforme de séries de funções, é o:
Demonstração:
∞
X
Como a série numérica Mn converge, segue, do critério da comparação, que para
n=1
X∞
cada x ∈ A a série numérica |fn (x)| converge.
n=1
∞
X
Logo, a série de funções fn converge absolutamente para uma função f em A, isto
n=1
∞
X
é, f (x) = fn (x).
n=1
Para todo x ∈ A temos:
∞
X N
X ∞
X
|f (x) − SN (x)| = | fn (x) − fn (x)| = | fn (x)|
n=1 n=1 n=N +1
X∞ ∞
X
≤ |fn (x)| ≤ Mn .
n=N +1 n=N +1
Como a série numérica converge, temos que dado ε > 0 existe N0 ∈ N tal que se
∞
X
n ≥ N0 , então Mn < ε, assim, para n ≥ N0 temos:
n=N +1
∞
X
|f (x) − SN (x)| ≤ Mn < ε , para todo x ∈ A
n=N +1
∞
X
o que implica, pelo critério de Cauchy, que a série de funções fn converge uniforme-
n=1
mente para f em A.
98 CAPÍTULO 5. SÉRIES DE FUNÇÕES
¤
A seguir aplicaremos os resultados acima para estudar a convergência pontual e uni-
forme de algumas séries de funções.
Exemplo 5.3.1
xn
1. Considere A = [−1, 1] e fn : R → R dada por fn (x) = , x ∈ R e n = 0, 1, 2, · · · .
2n
Observemos que para todo x ∈ A = [−1, 1] e n ∈ N temos
X∞
1 1
Mas a série numérica n
converge (série geométrica de razão ).
n=0
2 2
1
Então, do critério de Weierstrass (tome Mn = n , n ∈ N), segue que a série de
∞
2
X xn
funções converge uniformemente e absolutamente para uma função f em
n=0
2n
[−1, 1].
Observemos que do corolário (5.3.1) item 1. segue que a função f é contı́nua em
[−1, 1] (pois fn é contı́nua n ∈ N e a convergência da série de funções é uniforme
em [−1, 1]).
Neste caso podemos obter a função f explicitamente observando que
∞
X X∞
xn x (série geométrica de razão x
) 1 2
= ( )n = 2
x = ,
n=0
2n n=0
2 1− 2
2−x
2
isto é, a soma da série é a função f (x) = , x ∈ [−1, 1].
2−x
X∞
xn 2
Na verdade podemos mostrar que a série de funções n 2−x
pontualmente para
n=0
2
todo x ∈ (−2, 2) e a convergência será uniforme em qualquer intervalo [a, b] ⊆
(−2, 2).
∞
X xn
2. A série de funções converge uniformemente em qualquer intervalo da forma
n=1
n!
[−a, a], onde a > 0.
xn
De fato, se fn (x) = , x ∈ [−a, a], temos
n!
xn |xn | |x|n (|x|≤a) an
|fn (x)| = | |= = ≤ , para todo x ∈ [−a, a], n ∈ N.
n! n! n! n!
5.3. CONVERGÊNCIA UNIFORME DE SÉRIES DE FUNÇÕES 99
∞
X an
Do critério da razão para séries numéricas, segue que a série numérica con-
n=1
n!
verge (feito anteriormente).
an
Assim, segue do critério de Weierstrass (tome Mn = , n ∈ N) que a série de
∞
n!
X xn
funções converge uniformemente em [−a, a] para qualquer a > 0.
n=1
n!
∞
X sen(nx)
3. A série de funções f (x) = é uniformemente convergente em R.
n=1
3n
Em particular, f é contı́nua em R.
sen(nx)
De fato, se fn (x) = temos:
3n
sen(nx) |sen(nx)| (|sen(nx)|≤1) 1
| n
|= ≤ , para todo x ∈ R, todo n ∈ N.
3 3n 3n
X∞
1
A série numérica n
converge ( série geométrica de razão 1/3).
n=1
3
1
Logo, do critério de Weiestrass (tome Mn = n , n ∈ N), segue que a série de
∞
3
X sen(nx)
funções converge uniformemente em R para uma função f (que será
n=1
3n
contı́nua pelo corolário (5.3.1) item 1.).
∞
X sen(nx)
4. Mostrar que a série de funções , x ∈ R pode ser derivada termo a termo
n=1
n3
em R.
sen(nx)
Para isto considere fn (x) = , x ∈ R, n ∈ N.
n3
cos(nx)
Observemos que as fn são continuamente diferenciáveis em R e fn0 (x) = ,
n2
x ∈ R.
∞
X
Além disso, a série numérica fn (0) converge para 0, (pois fn (0) = 0).
n=1
Como
cos(nx) | cos(nx)| (| cos(nx)|≤1) 1
|fn0 (x)| = | | = ≤ ≤
n2 n2 n2
1
para todo x ∈ R, n ∈ N então, do critério de Weierstrass (tome Mn = 2 , n ∈ N) ,
∞
n
X
segue que a série de funções fn0 converge uniformemente para uma função g em
n=1
R.
100 CAPÍTULO 5. SÉRIES DE FUNÇÕES
∞
X sen(nx)
Portanto, do corolário 5.3.1 item 3., segue que a série de funções 3
con-
n=1
n
verge uniformemente para uma função f que é continuamente diferenciável em R e
que satisfaz f 0 = g.
Isto é, a série de funções pode ser derivada termo a termo, ou seja
∞ ∞ ∞
d X sen(nx) X d sen(nx) X cos(nx)
( ) = ( ) =
dx n=1 n3 n=1
dx n3 n=1
n2
para todo x ∈ R.
23.04 - 15.a
Z ∞
1X
sen(nx)
5. Calcule dx.
0 n=1
n2
∞
X sen(nx)
A série de funções converge uniformemente em R, pois
n=1
n2
ou seja,
Z ∞
1X ∞
X 1 − cos n
sen(nx)
dx = .
0 n=1
n2 n=1
n3
Z ∞
xX
6. Calcule (−1)n t2n dt, |x| < 1.
0 n=1
∞
X
A série de funções (−1)n t2n converge uniformemente em [−a, a] para todo 0 <
n=1
a < 1 fixado (exercı́cio).
5.3. CONVERGÊNCIA UNIFORME DE SÉRIES DE FUNÇÕES 101
∞
X
Logo, do corolário (5.3.1) item 2., segue que a série de funções (−1)n t2n pode
n=1
ser integrada termo a termo em qualquer intervalo limitado e fechado contido no
intervalo [−a, a], ou seja,se x| < 1 temos que
Z ∞
xX ∞ Z
X ∞
X ∞
n 2n
x
n 2n nt2n+1 t=x X x2n+1
(−1) t dt = (−1) t dt = (−1) |t=0 = (−1)n , |x| < 1.
0 n=1 n=1 0 n=1
2n + 1 n=1
2n + 1
∞
X ∞
X
n 2n 1
Observemos que (−1) t = (−t2 )n =
.
n=1 n=1
1 + t2
Z xX∞ Z x
n 2n 1
Logo, se , |x| < 1 temos que (−1) t dt = dt = arctg(x), isto é,
0 n=1 0 1 + t2
X∞
x2n+1
arctg(x) = (−1)n , |x| < 1.
n=1
2n + 1
X∞ 2n+1
n x
Observação 5.3.2 Observemos que f (x) = arctg(x) = (−1) , |x| < 1
n=1
2n + 1
é um função ı́mpar (f (−x) = −f (x), x ∈ (−1, 1)) e a sériede funções acima que
representa f só tem potências ı́mpares de x.
Como veremos no próximo capı́tulo isso ocorre em geral, isto é, se uma função for
ı́mpar (par) e possuir uma representação em série de potências de x então a série
do tipo acima (isto é, de potência) só tem potências ı́mpares (pares) (ou seja, os
coeficientes das potências pares (ı́mpares) são zero).
Notemos também que como
x 3 x4 x5
arctg(x) = x − + − + ···
3 4 5
segue que
X (−1)n ∞
π 1 1 1
= arctg(1) = 1 − + − + · · · = ,
4 3 4 5 n=1
2n − 1
como havı́amos afirmado anteriormente.
∞
X
x xn
7. Mostraremos que e = , x ∈ R.
n=0
n!
xn
Para isto observemos que se definirmos fn (x) = , x ∈ R e n ∈ N então fn será
n!
continuamente diferenciável em R.
d d xn xn−1
Além disso temos fn (x) = = , x ∈ R e n ∈ N.
dx dx n! (n − 1)!
102 CAPÍTULO 5. SÉRIES DE FUNÇÕES
X∞
an−1
Mas a série numérica é convergente (exercı́cio).
n=1
(n − 1)!
∞
X
Portanto do critério de Weierstrass, segue que a série de funções fn0 (x) =
n=1
X∞
xn−1
é uniformemente convergente em [−a, a].
n=0
(n − 1)!
∞
X 0n
Como a série numérica 1 + converge (para 1) segue do corolário (5.3.1) item
n=1
n!
∞
X xn
2., que a série de funções pode ser derivada termo a termo em [−a, a] para
n!
n=0
todo a > 0, isto é, para x ∈ [−a, a] temos que
∞ ∞ ∞ ∞
0 d X xn X d xn X xn−1 X xn
f (x) = = = = = f (x),
dx n=0 n! n=1
dx n! n=1
(n − 1)! n=0
n!
∞
X xn
ex = , para x ∈ R.
n=0
n!
Tópicos adicionais, bem como outros exemplos e resultados podem ser encontrados na
bibliografia mencionada no fim destas notas.
1.a Prova - Até aqui
Capı́tulo 6
Séries de Potências
Neste capı́tulo estudaremos uma classe especial de séries de funções, denominadas séries
de potências.
As perguntas que serão respondidas aqui estarão relacionadas com os seguintes tópicos:
103
104 CAPÍTULO 6. SÉRIES DE POTÊNCIAS
Exemplo 6.1.1
∞
X xn
1. A série de funções é uma série de potências de x.
n=0
n!
1
Seus coeficientes são an = , n = 0, 1, 2, · · ·
n!
∞
X (x − 1)2n
2. A série de funções é uma série de potências de (x − 1).
n=0
(n + 1)
1
Seus coeficientes são a2n = e a2n+1 = 0, n = 0, 1, 2, · · ·
n+1
∞
X sen(nx)
3. A série de funções não é uma série de potências.
n=0
n+1
∞
X ∞
X
1. Se a série numérica an xn0 for convergente então a série de potências a n xn
n=0 n=0
será absolutamente convergente para todo x tal que |x| < |x0 |.
6.2. CONVERGÊNCIA PONTUAL DE SÉRIES DE POTÊNCIAS 105
se converge em x0
²
-
−x0 0 x0
| {z }
convergirá em |x| < |x0 |
∞
X ∞
X
2. Se a série numérica an xn1 for divergente então a série de potências an xn será
n=0 n=0
divergente para todo x tal que |x| > |x1 |.
se diverge em x1
²
-
−x 0 x1
| {z } 1 | {z }
I >
Demonstração:
De 1.:
∞
X
Sabemos que a série numérica an xn0 é convergente e x0 6= 0, logo lim an xn0 = 0,
n→∞
n=0
assim a seqüência (an xn0 )n∈N é limitada, ou seja existe M ∈ R tal que |an xn0 | ≤ M , para
todo n ∈ N.
x0 6=0 xn x
Se |x| < |x0 | então |an xn | = |an xn0 || n | ≤ M | |n = M rn , para todo n ∈ N, onde
x0 x0
. x
r = | | < 1 (pois |x| < |x0 |).
x0
∞
X X∞
Como 0 ≤ r < 1 segue que a série numérica M rn = M rn é convergente (pois
n=0 n=0
é uma série geométrica de razão, r, menor do que 1).
Segue do critério da comparação para séries numérica que para |x| < |x0 | a série
X∞ ∞
X
n
numérica |an x | é convergente, portanto a série de potências an xn será absoluta-
n=0 n=0
mente convergente para |x| < |x0 |.
De 2.:
X∞
Sabemos que a série numérica an xn1 é divergente.
n=0
∞
X
Suponhamos, por absurdo, que para algum x2 , |x2 | > |x1 |, a série numérica an xn2
n=0
seja convergente.
106 CAPÍTULO 6. SÉRIES DE POTÊNCIAS
∞
X
Então por 1. segue que a série an xn será convergente em |x| < |x2 , o que é um
n=0
∞
X
absurdo pois x1 pertence a esse intervalo e a série an xn1 é divergente.
n=0
∞
X
Portanto a série de potências an xn será divergente em |x| > |x1 |.
n=0
¤
Observação 6.2.2 A primeira parte do teorema acima nos diz que se uma série de
potências converge num ponto (diferente de zero) ela convergirá pontualmente em todo
ponto do intervalo simétrico em relação a origem, aberto e de amplitutide igual ao modo
do ponto onde ela converge.
Isso é uma propriedade intrı́nseca das séries de potências.
Séries de funções em geral não têm essa propriedade, como por exemplo, a série de
X∞
funções (que não é uma série de potências) sen(nx) converge nos pontos x = kπ,
n=1
k ∈ Z.
Exemplo 6.2.1
∞
X X∞
xn 1
1. A série de potências é convergente em x0 = 1, pois a série numérica
n=0
n! n=0
n!
é convergente.
∞
X xn
Logo do teorema acima item 1., segue que a série de potências será absolu-
n=0
n!
tamente convergente em |x| < |x0 | = 1.
se converge em 1
²
-
−1 0 1
| {z }
convergirá em |x| < 1
∞
X
2. A série de potências (−1)n x2n é convergente em 0 < x0 < 1, pois a série
n=0
∞
X
numérica (−1)n x2n
0 é convergente.
n=0
∞
X
.
De fato, |(−1)n x20 | ≤ x20 = r < 1, e a série numérica rn é convergente, pois é
n=0
uma série geométrica de razão r menor que 1.
6.2. CONVERGÊNCIA PONTUAL DE SÉRIES DE POTÊNCIAS 107
∞
X
Logo, do teorema da comparação segue que a série numérica (−1)n x2n
0 é conver-
n=0
gente.
∞
X
Do teorema acima item 1., segue que a série de potências (−1)n x2n será absolu-
n=0
tamente convergente em |x| < |x0 | < 1, isto é, em |x| < 1.
-
−1 0 1
| {z }
convergirá em |x| < 1
∞
X
Por outro lado a série de potências (−1)n x2n é divergente em x1 = 1 (pois a
n=0
∞
X
série numérica (−1)n é divergente).
n=0
∞
X
Do teorema acima item 2. segue que a a série de potências (−1)n x2n é divergente
n=0
em |x| > |x1 | = 1, isto é, é divergente em |x| > 1.
Além disso é fácil de ver (exercı́cio) que ela é divergente em x1 = −1.
se diverge em 1
²
-
−1 0 1| {z }
| {z }
I >
diverge em |x| ≥ 1
∞
X
Teorema 6.2.2 Dada a série de potências an xn uma, e somente uma, das situações
n=0
abaixo ocorre:
1. a série de potências só converge em x = 0;
2. a série de potências converge absolutamente em toda a reta R;
3. existe R > 0 tal que a série de potências é absolutamente convergente em |x| < R e
divergente em |x| > R.
Demonstração:
Se o item 1. ocorrer, 2. e 3. não ocorrerão.
Vamos super que o item 1. não ocorre, ou seja existe x0 6= 0 tal que a série numérica
∞
X
an xn0 seja convergente.
n=0
∞
X
Logo do item 1. do teorema anterior segue que a série de potências an xn convergirá
n=0
.
absolutamente em |x| < |x0 | = r.
Seja S o conjunto formado por todos os r > 0 que têm a propriedade acima, isto é, a
∞
X
série de potências an xn converge absolutamente em |x| < r.
n=0
O conjunto S é não vazio (pois r está em S).
Se S não for limitado então o item 3. ocorrerá (ou seja a série de potências convergirá
em toda a reta R).
Se S for limitado afirmamos que o item 2. ocorrerá.
De fato, se S é limitado, como ele é não vazio, então existe 0 < R = sup S.
Afirmamos que R satisfaz o item 3.
De fato, seja r ∈ S tal que 0 < r < R e x0 ∈ R tal que |x0 | < r.
X ∞
Como r ∈ S e |x0 | < r temos que a série numérica an xn0 converge, logo, do teorema
n=0
∞
X
anterior item 1., a série de potências an xn converge absolutamente em |x| < r o que
n=0
implica que ela convirgirá absolutamente em |x| < R.
∞
X
Se |x1 | > R afirmamos que a série numérica an xn1 diverge.
n=0
∞
X
De fato, suponhamos, por absurdo, que a série numérica an xn1 então, pelo teorema
n=0
anterior item 1., a série de potências convirgirá em |x| < |x1 |, ou seja |x1 | ∈ S, o que é
um absurdo pois |x1 | > R = sup S.
X∞
Portanto a série de potência an xn diverge em |x| > R, mostrando que R satisfaz
n=0
2.
¤
6.2. CONVERGÊNCIA PONTUAL DE SÉRIES DE POTÊNCIAS 109
Observação 6.2.3
1. O resultado acima nos diz que uma, e somente uma, das possibilidades ocorre no
∞
X
caso de uma série de potências a n xn :
n=0
1.1 R = 0:
só converge em 0
® -
0
1.2 R = ∞:
converge em toda a reta R
-
0
Neste último caso pode ocorrer todo tipo de situação nos pontos −R e R (em
relação a convergência) como veremos em exemplos a seguir.
2. O número 0 < R < ∞ obtido no item 3. do teorema acima terá uma importância
muito grande no estudo das séries de potências, como veremos.
Por uma questão de completitude, diremos que no item 1. do teorema R = 0 e no
item 2. que R = ∞ e assim teremos a seguinte definição:
∞
X
Definição 6.2.1 Definiremos raio de convergência da série de potências an xn
n=0
como sendo R obtido no teorema acima (0 ≤ R ≤ ∞).
∞
X
O conjunto de todos os x ∈ R onde a série de potências an xn converge será dito
n=0
intervalo de convergência da série de potências.
Observação 6.2.4
1. Segue do teorema acima que toda série de potências tem um (único) raio de con-
vergência e portanto um (único) intervalo de convergência.
110 CAPÍTULO 6. SÉRIES DE POTÊNCIAS
−R −x0 −a O a x0 R
| {z }
Converge
Em geral temos o:
∞
X
Teorema 6.3.1 Consideremos a série de potências an xn com raio de convergência
n=0
R > 0.
112 CAPÍTULO 6. SÉRIES DE POTÊNCIAS
∞
X
Então a série de potências an xn converge absolutamente uniformemente em qual-
n=0
quer intervalo fechado e limitado contido dentro do intervalo (−R, R), isto é, em qualquer
intervalo [a, b] ⊆ (−R, R).
Demonstração:
Seja [a, b] ⊆ (−R, R).
Podemos supor, sem perda de generalidade que |a| < |b| (o caso em isso não vale será
deixado como exercı́cio).
Afirmamos que existe x0 ∈ (0, R) tal que −x0 < |a| < |b| < x0 .
X∞
Como x0 ∈ (−R, R) temos que a série numérica an xn0 , logo da observação acima a
n=0
∞
X
série de potências an xn convergirá uniformemente no intervalo |x| < |b|, em particular,
n=0
no intervalo, [a, b] (pois este está contido em [−|b|, |b|]).
¤
∞
X
Observação 6.3.2 Pode-se mostrar que se a série de potências an xn converge em
n=0
[−R, R) (ou (−R, R], ou ainda [−R, R]) a convergência será absolutamente uniforme-
mente em [−R, b] (ou [a, R], ou ainda [−R, R]) para −R ≤ b < R (ou −R < a < R).
O resultado acima é conhecido como Teorema de Abel.
Demonstração:
Mostremos que f é contı́nua em x0 ∈ (−R, R).
Consideremos a e b tal que −R < a ≤ x0 < b < R.
∞
X
Do corolário acima sabemos que a série de potências an xn converge uniformemente
n=0
em [a, b].
.
Como as funções fn (x) = an xn são contı́nuas em toda a reta R, em particular em
[a, b], segue, da convergência uniforme da série de potências em [a, b], que f é uma função
contı́nua em [a, b], em particular em x0 .
Como x0 ∈ (−R, R) é arbitrário, segue que f é contı́nua em (−R, R).
¤
A seguir consideraremos alguns exemplos.
6.3. CONVERGÊNCIA UNIFORME DE SÉRIES DE POTÊNCIAS 113
(n + 1)!xn+1
0
Se x0 > 0 temos que lim = lim (n + 1)x0 = ∞ > 1.
n→∞ n!xn0 n→∞
∞
X
Logo, do critério da razão segue que para todo x0 > 0 a série numérica n!xn0 é
n=0
divergente.
Portanto a série de potência só converge em x0 = 0, isot é, o raio de convergência
é R = 0 e o intervalo de convergência é I = {0}.
X∞
n n
2. x .
n=0
n!
n+1
xn+1
(n+1)! 0 x0
Se x0 > 0 temos que lim n n = lim = 0 < 1.
n→∞ x
n! 0
n→∞ n
∞
X
Logo, do critério da razão segue que para todo x0 > 0 a série numérica n!xn0 é
n=0
convergente.
Portanto a série de potência converge em toda a reta R, isto é, o raio de convergência
é R = ∞ e o intervalo de convergência é I = R.
X∞
1 n
3. 2
x .
n=1
n
1
xn+1
(n+1)2 0 n2
Se x0 > 0 temos que lim 1 n = lim x0 = x0 .
n→∞ x n→∞ (n + 1)2
n2 0
X∞
1 n
Logo, do critério da razão, 0 ≤ x0 < 1, segue que a série numérica x será
n=0
n2 0
convergente e se x0 > 1 será divergente.
Portanto a série de potência converge em |x| < 1 e diverge para |x| > 1, isto é, o
raio de convergência é R = 1.
Para encontrarmos o intervalo de convergência precisaremos estudar o que ocorrre
X∞
1 n
com a série de potências x quando x = −1 e qunado x = 1.
n=0
n2
∞
X (−1)n
Quando x = −1 temos a série numérica que é convergente pelo critério
n=0
n2
da série alternada (exercı́cio).
114 CAPÍTULO 6. SÉRIES DE POTÊNCIAS
X∞
1
Quando x = 1 temos a série numérica 2
que é convergente.
n=0
n
Portanto o intervalo de convergência é = [−1, 1].
Demonstração:
∞
X
Fixemos x0 6= 0 e apliquemos o critério da razão para a série numérica |an xn0 |.
n=0
|an+1 xn+1
0 | an+1
Temos que lim = lim | |x0 | = ρ|x0 |.
n→∞ |an xn0 | n→∞ an
Logo, do critério da razão para séries numéricas temos que se ρ|x0 | < 1 a série numérica
∞
X ∞
X
n
|an x0 | será convergente e se ρ|x0 | > 1 a série numérica |an xn0 | será divergente.
n=0 n=0
Baseado nisso temos:
1. Se ρ = 0 então ρ|x0 | = 0 < 1, logo a série de potências convergirá sempre, isto é, o
raio de convergência será R = ∞.
X∞
1 n
1. x .
n=1
n
1
1 an+1 n
Neste caso an = , n ∈ N e ρ = lim | | = lim | n+1
1 | = lim = 1.
n n→∞ an n→∞
n
n→∞ n + 1
1
Logo, do teorema acima, segue que o raio de convergência R = = 1.
ρ
∞
X1
Portanto podemos garantir que a série de potências xn converge e (−1, 1) e
n=1
n
diverge em (−∞, −1) ∪ (1, ∞).
Para completar o estudo dessa série de potências precisamos analizar o que ocorre
nos pontos x = −1 e x = 1.
X ∞
1
Em x = 1 temos a série numérica que é divergente (série harmônica).
n=1
n
∞
X (−1)n
Em x = −1 temos a série numérica que é convergente (série harmônica
n=1
n
alternada).
Portanto o intervalo de convergência é I = [−1, 1).
X∞
1 n
2. x .
n=1
n2
1
1 an+1 (n+1)2 n2
Neste caso an = 2 , n ∈ N e ρ = lim | | = lim | 1 | = lim = 1.
n n→∞ an n→∞ n→∞ (n + 1)2
n2
1
Logo, do teorema acima, segue que o raio de convergência R = = 1.
ρ
∞
X1
Portanto podemos garantir que a série de potências xn converge e (−1, 1) e
n=1
n
diverge em (−∞, −1) ∪ (1, ∞).
Para completar o estudo dessa série de potências precisamos analizar o que ocorre
nos pontos x = −1 e x = 1.
X ∞
1
Em x = 1 temos a série numérica 2
que é convergente.
n=1
n
∞
X (−1)n
Em x = −1 temos a série numérica que é convergente .
n=1
n2
Portanto o intervalo de convergência é I = [−1, 1].
Observação 6.3.3 Os resultados acima podem ser aplicados para séries de potências em
∞
X
(x − c), isto é, centradas em c, ou seja as séries de potências do tipo: an (x − c)n .
n=1
116 CAPÍTULO 6. SÉRIES DE POTÊNCIAS
.
Para ver isto basta observar que se definirmos y = x − c então a série de potências
X∞
acima tornar-se-a an y n .
n=1
Para esta última podemos aplicar tudo o que fizemos anteriormente e depois voltarmos
com a mudança de variáveis que fizemos (y = x − c) para obter todas as informações que
queremos sobre a série de potências original.
X∞
Por exemplo, suponhamos que a série de potências an y n tenha R como seu raio de
n=1
convergência e [−R, R) como seu intervalo de convergência, isto é, a série de potências
X∞
an y n converge se, e somente se, −R ≤ y < R.
n=1
∞
X
Como y = x − c, então a série de potências an (x − c)n converge se, e somente se,
n=1
−R ≤ x − c < R, ou seja c − R ≤ x < c + R .
∞
X
Este será o intervalo de convergência da série de potências an (x − c)n .
n=1
X∞
. yn
Tomando-se y = x + 5 então a série de potências acima tornar-se-a 2
.
n=0
n
Esta série de potências foi estudada anteriormente e vimos que seu raio de con-
vergência é R = 1 e seu intervalo de convergência é [−1, 1].
Então, da observação acima, segue que o raio de convergência da série de potências
X∞
(x + 5)n
é R = 1 e o intervalo de convergência é −1 ≤ x + 5 ≤ 1, isto é,
n=0
n2
I = [−6, −4].
∞
X 2n
3. xn .
n=0
ln(n + 3)
2n+1
. 2n an+1 ln(n+4)
Se an = , n = 0, 1, 2, · · · então ρ = lim | | = lim | 2n | = 2.
ln(n + 3) n→∞ an n→∞
ln(n+3)
1
Observemos que n + 3 ≥ ln(n + 3), n = 0, 1, 2, · · · (exercı́cio), logo ≤
n+3
1
, n = 0, 1, 2, · · · .
ln(n + 3)
∞
X 1
Como a série numérica é divergente (é semelhante a série harmônica)
n=0
n + 3
X∞
1
segue, do critério da comparação para séries numéricas, que a série é
n=0
ln(n + 3)
divergente.
X∞ ∞
1 2n −1 n X (−1)n
Em x = − temos a série numérica ( ) = .
2 n=0
ln(n + 3) 2 n=0
ln(n + 3)
X∞
(−1)n
Aplicando o critério da série alternada mostra-se que a série numérica
n=0
ln(n + 3)
é convergente (exercı́cio).
1 1
Logo o intervalo de convergência é [− , ).
2 2
118 CAPÍTULO 6. SÉRIES DE POTÊNCIAS
-
1 0 1
−
2 2
X∞
1 n
4. x .
n=0
n!
1
. 1 an+1 (n+1)!
Neste caso an = , n = 0, 1, 2, · · · então ρ = lim | | = lim | 1 | =
n! n→∞ an n→∞
n!
1
lim = 0.
n→∞ n + 1
Demonstração:
Para x ∈ (−R, R) com x > 0 temos que o intervalo [0, x] ⊆ (−R, R) (se x < 0 teremos
[x, 0] ⊆ (−R, R)).
6.4. INTEGRAÇÃO SÉRIES DE POTÊNCIAS 119
Exemplo 6.4.1
∞
X
1. Como vimos anteriormente a série de potências (−1)n xn converge em |x| < 1
n=0
. 1
para a função f (x) = (lembremos que para cada x ∈ (−1, 1) fixado a série
1+x
acima é uma série geométrica razão −x).
7.05 - 18.a
Um outro modo de obtermos a função soma da série acima é o seguinte:
Para x ∈ (−1, 1) temos:
∞
. X
f (x) = (−1)n xn = 1 − x + x2 − x3 + x4 + · · · = 1 − x (1 − x + x2 − x3 + x4 + · · · )
| {z }
n=0
=f (x)
= 1 − xf (x).
1
Logo f (x) = 1 − xf (x) portanto f (x) = , |x| < 1.
1+x
Do teorema acima segue que a série de potências pode ser integrada termo a termo
em qualquer intervalo fechado e limitado contido dentro do seu intervalo de con-
vergência, ou seja em [a, b] onde [a, b] ⊆ (−1, 1) .
Assim, se x ∈ (−1, 1), aplicando-se o argumento acima ao intervalo [0, x] (ou [x, 0])
temos:
Z x Z xX
∞ X∞ Z x
n n
f (t) dt = (−1) t dt = (−1)n tn dt
0 0 n=0 n=0 0
∞
X ∞
X ∞
(−1)n n+1 (m=n+1) (−1)m−1 m X (−1)n−1 n
= x = x = x .
n=0
n+1 m=1
m n=1
n
Z x Z x
1
Por outro lado, f (t) dt = dt = ln(1 + x), logo
0 0 1+t
∞
X (−1)n−1
ln(1 + x) = xn , |x| < 1.
n=1
n
6.4. INTEGRAÇÃO SÉRIES DE POTÊNCIAS 121
∞
X (−1)n−1
ln 2 = .
n=1
n
∞
X (−1)n−1
Observemos que o intervalo de convergência da série integrada, xn , é
n=1
n
”maior” que o da série original.
O intervalo de convergência da série integrada é (−1, 1] e o da série original é
(−1, 1).
∞
X 1 .
2. A série de potências (−1)n x2n converge em |x| < 1 para a função f (x) =
n=0
1 + x2
(basta tomar x2 no lugar de x na série de potências do exemplo anterior e observar
que |x| < 1 se , e somente se |x2 | < 1).
Logo para x ∈ (−1, 1) temos:
∞
X
f (x) = (−1)n x2n = 1 − x2 + x4 − x6 + x8 + · · ·
n=0
Do teorema acima segue que a série de potências pode ser integrada termo a termo
em qualquer intervalo fechado e limitado contido dentro do seu intervalo de con-
vergência, ou seja em [a, b] onde [a, b] ⊆ (−1, 1).
Assim, se x ∈ (−1, 1), aplicando-se o argumento acima ao intervalo [0, x] (ou [x, 0])
temos:
Z x Z xX∞ X∞ Z x X∞
n 2n n 2n (−1)n 2n+1
f (t) dt = (−1) t dt = (−1) t dt = x .
0 0 n=0 n=0 0 n=0
2n + 1
Z x Z x
1
Por outro lado, f (t) dt = dt = arctg(x), logo
0 0 1 + t2
X∞
(−1)n 2n+1
arctg(x) = x , |x| < 1.
n=0
2n + 1
∞
X . 1
3. A série de potências xn comverge em |x| < 1 para a função f (x) = (basta
n=0
1−x
tomar −x no lugar de x na série de potências do exemplo 1.).
Do teorema acima segue que a série de potências pode ser integrada termo a termo
em qualquer intervalo fechado e limitado contido dentro do seu intervalo de con-
vergência, ou seja em [a, b] onde [a, b] ⊆ (−1, 1).
Assim, se x ∈ (−1, 1), aplicando-se o argumento acima ao intervalo [0, x] (ou [x, 0])
temos:
Z x Z xX∞ X∞ Z x X∞ X∞
n 1 m=n+1 1 m
f (t) dt = t dt = tn dt = xn+1 = x
0 0 n=0 n=0 0 n=0
n + 1 m=1
m
Z x Z x
1
Por outro lado, f (t) dt = dt = − ln(1 − x), logo
0 0 1−t
X∞
1 n
ln(1 − x) = − x , |x| < 1.
n=1
n
Demonstração:
P .
Encontremos o raio de convergência da série de potências ∞n=1 nan x
n−1
, defina An =
nan , n ∈ N.
. An+1 (n + 1)an+1 n + 1 an+1
Para isso calculemos ρ0 = lim | | = lim | | = lim | | =
n→∞ An n→∞ nan n→∞ n an
an+1
lim | | = ρ.
n→∞ an
∞
X
0
Logo sendo ρ = ρ temos que os raios de convergência das série de potências an xn
n=0
∞
X
e nan xn−1 são iguais.
n=0
∞
X
Em particular, a série de potências nan xn−1 converge absolutamente uniforme-
n=1
mente em qualquer intervalo fechado e limitado [a, b] ⊆ (−R, R).
∞
X
Logo, de um teorema anterior segue que a série de potências an xn pode ser derivada
n=0
termo a termo no intervalo (−R, R) assim, para x ∈ (−R, R), temos:
∞ ∞ ∞
0 d X X d X
f (x) = an xn = (an xn ) = nan xn−1 .
dx n=0 n=1
dx n=1
∞
X
Observação 6.5.1 O resultado acima nos diz que uma série de potências an xn pode
n=0
∞
X
ser derivada termo a termo no intervalo (−R, R) e sua derivada nan xn−1 é uma série
n=0
de potências cujo raio de convergência é o mesmo da original (o intervalo de convergência
pode, em geral, mudar, como veremos em exemplos a seguir).
X∞
Mas an xn−1 é uma série de potências, logo podemos aplicar o teorema, isto é,
n=0
∞
X
derivá-la termo a termo para obter uma nova série de potências, n(n − 1)an xn−2 , que
n=2
temo o raio de convergência igual ao da série de potências inical.
Podemos repetir o processo indefinidamente e obter a seguinte conseqüência do teorema
acima:
∞
. X
Corolário 6.5.1 Suponhamos que a série de potências f (x) = an xn tem raio de
n=0
convergência R > 0.
Então a função f : (−R, R) → R é de classe C ∞ (−R, R) e se k ∈ N, a série de
124 CAPÍTULO 6. SÉRIES DE POTÊNCIAS
potência pode ser derivada k-vezes termo a termo, isto é, para x ∈ (−R, R) temos:
∞ ∞
(k) dk X n
X
f (x) = k an x = n(n − 1)(n − 2) · · · (n − k + 1)an xn−k .
dx n=0 n=k
Demonstração:
Conseqüência do teorema acima.
¤
Observação 6.5.2
1. Uma série de potências representa uma função com derivada de qualquer ordem no
intervalo (−R, R) (R > 0 é o raio de convergência da série de potências).
O raio de convergência de qualquer uma das séries de potências obtidas da inicial
derivando-se termo a termo não varia.
O intervalo de convergência de uma série de potências obtida da derivação de uma
dada pode mudar, como veremos logo a seguir em exemplos.
2. Estas propriedade são intrı́secas de séries de potências, ou seja, isto pode não ocorrer
em geral para séries de funções como mostra o seguinte exemplo:
∞
X sen(nx)
A série de funções (que não é uma série de potências) é uniformemente
n2n=1
convergente na reta R (como vimos anteriormente).
Mas se derivarmos a série termo a termo obteremos a seguinte série de funções
X∞
cos(nx)
que não converge em, por exemplo, x = 0 (na verdade em x = 2kπ,
n=1
n
k ∈ N).
Exemplo 6.5.1
1
1. Obter uma representação em série de potências para a função f (x) = em
(1 − x)2
|x| < 1.
d 1 1
Observemos que f (x) = ( ), |x| < 1 e, como vimos anteriormente, =
dx 1 − x 1−x
∞
X
xn que é uma série de potências cujo raio de convergência é R = 1 (visto ante-
n=0
riormente).
6.5. DERIVAÇÃO DE SÉRIES DE POTÊNCIAS 125
∞
X
Logo, segue do teorema acima, que a série de potências xn pode ser derivada,
n=0
∞
d 1 d X n
termo a termo, no intervalo (−1, 1) ou seja, f (x) = ( ) = x =
dx 1 − x dx n=0
X∞ ∞
d n X n−1
x = nx , |x| < 1.
n=1
dx n=1
X ∞
1
Portanto, = nxn−1 , |x| < 1.
(1 − x)2 n=1
∞
X ∞
X
(−1)n 2n (−1)n
2. Consideremos a série de potências x = (x2 )n .
n=0
(2n)! n=0
(2n)!
n
. −(1) An+1
Consideremos An = , n = 0, 1, · · · , e calculemos lim | |.
(2n)! n→∞ An
−(1)n+1
An+1 [2(n+1)]! 1
lim | | = lim | −(1)n | = lim = 0.
n→∞ An n→∞ n→∞ (2n + 2)(2n + 1)
(2n)!
∞
X (−1)n x x4 x6
Portanto cos(x) = x2n = 1 − + − + · · · , x ∈ R.
n=0
(2n)! 2! 4! 6!
d
3. Como cos(x) = −sen(x), x ∈ R temos que uma representação para a função
dx
seno em série de potências é:
∞
X X∞
−(1)n (Teorema) d (−1)n 2n
d
sen(x) = − dx d
cos(x) = − dx x2n = − [ x ]
n=0
(2n)! n=1
dx (2n)!
∞
X X∞
(−1)n (2n) 2n−1 (−1)n+1 2n−1 x3 x5
=− x = x =x− + + · · · , x ∈ R.
n=1
(2n)! n=1
(2n − 1)! 3! 5!
X∞
1 n
4. Sabemos que ex = x , x ∈ R.
n=1
n!
X∞ X∞
1 (−1)n n
Logo e−x = (−x)n = x , x ∈ R.
n=1
n! n=1
n!
Suponhamos que x0 > 0 .
X∞
(−1)n n
Então a série numérica e−x0 = x0 é uma série alternada e do critério da
n=1
n!
série alternada segue que
|e−x0 − Sn (x0 )| ≤ an+1 (x0 ),
. xn
onde an (x0 ) = 0 e Sn (x0 ) denota a soma parcial de ordem n da série numérica
n!
acima, isto é,
n
X
−x0 (−1)k xn+1
0
|e − xk0 | ≤ ,
k=0
k (n + 1)!
Isto pode nos ser útil para obter aproximações de e−x0 , para x0 > 0 por meio das somas
X∞
(−1)n n xn
parciais da série numérica x0 sabendo que o erro será menor ou igual a 0 .
n=1
n! n!
−1 −4
Por exemplo, se x0 = 1 e quizermos aproximar e com um erro menor que 10 (três
casas decimais exatas) então sabemos que para todo n ∈ N temos:
n
X (−1)k 1
|e−1 − |≤ .
k=0
k (n + 1)!
1
Observemos que para que < 10−4 se, e somente se, (n + 1)! > 104 , que ocorre
(n + 1)!
n > 7 (pois 8! = 40320 > 104 ).
Assim
X7
−1 (−1)k 1
|e − |≤ < 10−4 .
k=0
k 8!
6.6. SÉRIE DE TAYLOR E DE MCLAURIN 127
7
X (−1)k
Assim S7 (1) = ∼ 0, 36786 é uma aproximação de e−1 com erro inferior a
k=0
k
10−4 .
Z 1
2
5. Calcule e−x dx com um erro inferior a 10−4 .
0
X∞
1 nx
Sabemos que e = x , x ∈ R.
n=0
n!
X∞
−x2 (−1)n 2n
Logo e = x , x ∈ R.
n=0
n!
Portanto a série de potência acima pode ser integrada, termo a termo, no intervalo
[0, 1], ou seja,
Z 1 Z 1X ∞ X∞ Z 1 X∞
−x2 (−1)n 2n (−1)n 2n (−1)n
e dx = x dx = x dx = x2n+1 |x=1
x=0
0 0 n=0 n! n=0 0
n! n=0
n!(2n + 1)
X ∞
(−1)n
= .
n=0
n!(2n + 1)
Observemos que a série numérica acima é uma série alternada e assim, do critério da
série alternada, temos que
Z 1 n
X
−x2 (−1)k 1
| e dx − | ≤ an+1 = .
0 k=0
k!(2k + 1) (n + 1)!(2n + 3)
1
Observemos que para que < 10−4 se, e somente se, (n + 1)!(2n + 3) >
(n + 1)!(2n + 3)
104 , que ocorre se n > 5 (pois 6!15 = 75600104 ).
Assim
Z 1 X 5
−x2 (−1)k 1
| e dx − |≤ < 10−4 .
0 k=0
k!(2k + 1) 6!15
5
X (−1)n
Assim S5 = ∼ 0.74684 é uma aproximação de e−1 com erro inferior a
k=0
n!(2n + 1)
10−4 .
(x, f (x))
(b, f (b))
y
6 ?
a c - x
b
(a, f (a))
Observação 6.6.1
1. O resultado acima nos diz que podemos determinar o valor da função f em b (isto
é f (b)) sabendo-se o valor da f em a (isto é f (a)) e o valor da derivada de f em
um ponto intermediário c entre a e b (isto é, f 0 (c), c ∈ (a, b)).
(c, f (c))
- x
a c b
Demonstração:
Como f (b) = f (a) do teorema acima segue que existe c ∈ (a, b) tal qye f 0 (c) = 0.
¤
Podemos estender o Teorema do Valor Médio, como mostra o:
6.6. SÉRIE DE TAYLOR E DE MCLAURIN 129
Teorema 6.6.3 Seja f : [a, b] → R tal que f (n) é contı́nua em [a, b] e diferenciável em
(a, b).
Então existe um c ∈ (a, b) tal que
. f 0 (a) f 00 (a)
onde k ∈ R é tal que F (a) = 0 (isto é, k = [f (b) − f (a) − (b − a) − (b − a)2 −
1! 2!
f 000 (a) f (n) (a) (n + 1)!
(b − a)3 − · · · − (b − a)n ] ).
3! n! (b − a)n+1
Observemos que F é contı́nua em [a, b] e diferenciável em (a, b) e
k − f (n+1) (x)
F 0 (x) = (b − x)n , x ∈ (a, b).
n!
Como F (b) = F (a) = 0, segue do Teorema de Rolle, que existe c ∈ (a, b) tal que
F 0 (c) = 0, ou seja f (n+1) (c) = k.
Assim
f 0 (a) f 00 (a) f 000 (a)
0 = F (a) = f (b) − f (a) − (b − a) + (b − a)2 − (b − a)3 − · · ·
1! 2! 3!
f (n) (a) k
− (b − x)n − (b − a)n+1
n! (n + 1)!
0
f (a) f 00 (a) f 000 (a) f (n) (a)
= f (b) − f (a) − (b − a) − (b − a)2 − (b − a)3 − · · · − (b − x)n
1! 2! 3! n!
f (n+1) (c)
− (b − a)n+1
(n + 1)!
, ou seja,
f 0 (a) f 00 (a) f 000 (a) f (n) (a) f (n+1) (c)
f (b) = f (a)+ (b−a)+ (b−a)2 + (b−a)3 +· · ·+ (b−a)n + (b−a)n+1 .
1! 2! 3! n! (n + 1)!
¤
14.05 - 19.a
Observação 6.6.2
1. O resultado acima é conhecido como Fórmula de Taylor com resto de La-
grange.
130 CAPÍTULO 6. SÉRIES DE POTÊNCIAS
4. Se a = 0 teremos:
5. A fórmula de Taylor (ou de McLaurin) pode ser usada para aproximar uma função
bem comprotada por um polinômio, o polinômio de Taylor de f .
Se pudermos encontrar um limitante ε > 0 para o resto de Taylor de f , isto é,
se |Rn (x)| < ε, para x ∈ [a, b], então |f (x) − Pn (x)| < ε, x ∈ [a, b], ou seja
f (x) − ε < Pn (x) < f (x) + ε, x ∈ [a, b].
Portanto se dado ε > 0 existir n ∈ N tal que |Rn (x)| < ε, para x ∈ [a, b] então temos
que |f (x) − Pn (x)| < ε, x ∈ [a, b], ou seja, a seqüência formada pelos polinômios de
Taylor de ordem n converge uniformemente, no intervalo [a, b], para a função f .
Exemplo 6.6.1
Mas,
f (0) = −1;
f 0 (x) = 4x3 − 6x2 + 2, logo f 0 (0) = 2;
f 00 (x) = 12x2 − 12x, logo f 00 (0) = 0;
f 000 (x) = 24x − 12, logo f 000 (0) = 24;
f (4) (x) = 24, logo f (4) (0) = 24
e f (n) (x) = 0 para n ≥ 5, em particular, f (n) (0) = 0 para n ≥ 5.
Portanto a fórmula de McLaurin para f de ordem n ≥ 5 será:
f 0 (0) f 00 (0) 2 f 000 (0) 3 f (4) (0) n f (5) (c) n+1
f (x) = f (0) + x+ x + x ++ x + x
1! 2! 3! n! (n + 1)!
2 0 24 24 0
= −1 + x + .x2 + x3 + x4 + x5 = x4 − 2x3 + 2x − 1, para todo
1! 2! 3! 4! 5!
x ∈ R, isto é, a própria função (que é um polinômio!).
Mas,
f (0) = 0;
f 0 (x) = cos(x), logo f 0 (0) = 1;
f 00 (x) = sen(x), assim f 00 (0) = 0;
f 000 (x) = − cos(x), logo f 000 (0) = −1;
f (4) (x) = sen(x), assim f (4) (0) = 0.
Em geral, f (2n) (x) = 0 e f (2n+1) (x) = 1 ou −1.
Portanto a fórmula de McLaurin para f de ordem n ≥ 5 será:
f 0 (0) f 00 (0) 2 f 000 (0) 3 f (4) (0) n f (5) (c) n+1
f (x) = f (0) + x+ x + x + x + x
1! 2! 3! n! (n + 1)!
1 0 1 0 f (n) (0) f (n+1) (c)
= 0 + x + x2 − x3 + x4 + · · · + +
1! 2! 3! 4! (n + 1)! (n + 1)!
3 5 (n) (n+1)
x x f (0) f (c)
=x− + + ··· + + , para todo x ∈ [a, b].
3! 5! (n + 1)! (n + 1)!
f (n+1) (c) n+1 1
Observemos que |Rn (x)| = | x |≤ |x|n+1 (pois f (n+1) (c) = ±sen(c)
(n + 1)! (n + 1)!
ou f (n+1) (c) = ± cos(c) logo |f (n+1) (c)| ≤ 1 para todo c ∈ R).
1
Para x ∈ [a, b] temos que lim |x|n+1 = 0, ou seja, dado ε > 0 existe N0 ∈ N
n→∞ (n + 1)!
1
tal que se n ≥ N0 temos |x|n+1 < ε, ou ainda |Rn (x)| < ε, para x ∈ [a, b].
(n + 1)!
132 CAPÍTULO 6. SÉRIES DE POTÊNCIAS
1. f (x) = ex .
Como f tem derivada de qualquer ordem em R e para todo x ∈ R e n ∈ N temos
f (n) (x) = ex , segue que f (n) (0) = 1, assim, segue da fórmula de MacLaurin que:
2. f (x) = cos(x).
Como f tem derivada de qualquer ordem em R e para todo x ∈ R e n ∈ N temos:
f (0) = cos(0) = 1;
f 0 (x) = −sen(x) ⇒ f 0 (0) = −sen(0) = 0;
f 00 (x) = − cos(x) ⇒ f 0 (0) = − cos(0) = −1;
f 000 (x) = sen(x) ⇒ f 000 (0) = sen(0) = 0;
134 CAPÍTULO 6. SÉRIES DE POTÊNCIAS
1
Exemplo 6.7.1 A função f (x) = , |x| < 1 pode ser representada pela série de
1+x
∞
X
potências (−1)n xn , |x| < 1.
n=0
6.7. REPRESENTAÇÃO DE FUNÇÕES EM SÉRIES DE POTÊNCIAS 135
Teorema 6.7.1 Se f é uma função dada por uma série de potências, ou seja, f (x) =
X∞
an (x − a)n , onde |x − a| < r (isto é, a série de potência converge em |x − a| < r),
n=0
.
então f ∈ C ∞ (I) com I = {x ∈: |x − a| < r} e
f (n) (a)
ou seja, an = .
n!
Demonstração:
∞
X
Como a série de potências an (x − a)n converge em |x − a| < r segue que ela define
n=0
uma função, f, que é de classe C ∞ e a série de potências pode ser derivada termo a termo
no intervalo I, assim:
∞
X
f (a) = an (a − a)n = a0 ;
n=0
∞
X ∞
X
0 n−1 0
f (x) = an n(x − a) ⇒ f (a) = an n(a − a)n−1 = a1 . 1!;
n=1 n=1
X∞ ∞
X
00 n−2 00
f (x) = an n(n − 1)(x − a) ⇒ f (a) = an n(n − 1)(a − a)n−2 = a2 . 2 .1 = a2 2!;
n=2 n=2
X∞ ∞
X
000 n−3 000
f (x) = an n(n − 1)(n − 2)(x − a) ⇒ f (a) = an n(n − 1)(n − 2)(a − a)n−3 =
n=3 n=3
a3 .3 .2 .1 = a3 3!;
e, por indução, segue que (exercı́cio para o leitor)
136 CAPÍTULO 6. SÉRIES DE POTÊNCIAS
∞
X
(k)
f (x) = an n(n − 1)(n − 2) · · · (n − k + 1)(x − a)n−k ⇒
n=k
∞
X
f (k) (a) = an n(n − 1)(n − 2) · · · (n − k + 1)(a − a)n−k = ak .k .(k − 1) · · · .3 .2 .1 = ak k!.
n=k
f (n) (a)
Portanto an = .
n!
¤
Observação 6.7.1
4. O teorema acima nos diz que se uma função f possui representação em série de
potências de (x − a) então a série deverá ser a série de Taylor de f em x = a
(unicidade de representação em séries de potências).
5. O teorema acima não nos dá condições para garantir a existência de uma repre-
sentação em séries de potências para uma dada função f .
17.05 - 20.a
Para isto temos o:
Teorema 6.7.2 Seja f : (b, d) → R uma função que tem derivadas de qualquer ordem
em (b, d) (isto é, está em C ∞ ((b, d))) e a ∈ (b, d).
p
Suponhamos que lim Rn (x) = 0, para todo x ∈ (b, d) (ou seja, Rn → 0 em (b, d)), onde
n→∞
f (n+1) (c)
Rn é o resto de Taylor de ordem n de f em x = a (isto é, Rn (x) = (x − a)n+1 ,
(n + 1)!
com |c − a| < |x − a|).
Então f pode ser representada em série de Taylor em x = a, isto é,
Demonstração:
Observemos que:
Observação 6.7.2
3. Exitem funções com derivada de todas as ordens na reta R cuja série de Taylor (ou
de McLaurin) não converge para a função, como mostra o exemplo a seguir:
½ −1
e x2 , se x 6= 0
Considere f (x) =
0, se x = 0
Afirmamos que f é de classe C ∞ (R) e que f (n) (0) = 0, para n = 0, 1, 2, · · ·
Observemos que para x 6= 0 a função tem derivada de qualquer ordem.
O problema é em x = 0, que passaremos a estudar a seguir.
Mostremos que f é contı́nua em x = 0.
Para isto:
1
1 (limx→0 − 2 =−∞)
lim f (x) = lim e− x2 =x 0 = f (0).
x→0 x→0
∞
X f (n) (0)
Logo a série de McLaurin de f será: xn = 0 6= f (x) se x 6= 0, portanto
n=0
n!
f é contı́nua em x = 0.
1
f (h) − f (0) e− h2 (exercı́cio)
Agora: lim = lim = 0, com isto mostramos que existe f 0 (0)
h→0 h h→0 h
0
e dá 0, isto é, f (0) = 0.
138 CAPÍTULO 6. SÉRIES DE POTÊNCIAS
½ 1
0
2
e− x2 , se x 6= 0
Assim temos f (x) = x3 .
0, se x = 0
Pode-se mostrar que f 0 é contı́nua em x = 0 e, utilizando as idéias acima, que
f ∈ C ∞ (R) (exercı́cio para o leitor).
De modo semelhante mostra-se que f (n) (0) = 0 para todo n ∈ N.
∞
X f (n) (0)
Portanto a série de McLaurin de f será xn = 0 6= f (x) se x 6= 0, isto é,
n=0
n!
a série de McLaurin de f não converge para a função f (exceto se x = 0).
1
4. A função f (x) = possui representação em série de McLaurin em (−1, 1).
1−x
∞
X
1
dada por = xn , x ∈ (−1, 1).
1−x n=0
Basta lembrar que se uma função é ı́mpar e é diferenciável então sua derivada é
uma função par e assim por diante (isto será deixado como exercı́cio para o leitor).
Demonstração:
Como
f (n+1) (c) f (n+1) (c) M n→∞
|Rn (x)| = | (x − a)n+1 | ≤ | ||x − a|n+1 ≤ rn+1 → 0.
(n + 1)! (n + 1)! (n + 1)!
Exemplo 6.7.3
X∞
(−1)n 2n+1
1. Se f (x) = sen(x), x ∈ R temos que f (x) = x , pois
(2n + 1)!
½ n=0
(n) |sen(x)|, se n é par
|f (x)| = , ou seja, |f (n) (x)| ≤ 1, x ∈ R, n ∈ N.
| cos(x)|, se n é ı́mpar
∞
X (−1)n
2. Se f (x) = cos(x), x ∈ R temos que f (x) = x2n , pois
(2n)!
½ n=0
| cos(x)|, se n é par
|f (n) (x)| = , ou seja, |f (n) (x)| ≤ 1, x ∈ R, n ∈ N.
|sen(x)|, se n é ı́mpar
6.8. SÉRIE BINOMIAL 141
Z 1
sen(x)
3. Calcule dx.
0 x
X∞
(−1)n 2n+1
Obseremos que sen(x)) = x , x ∈ R.
n=0
(2n + 1)!
∞
sen(x) X (−1)n 2n
Logo se x 6= 0 temos que = x .
x n=0
(2n + 1)!
Observemos que em x = 0 a série de potências converge para 1.
Assim a série de potências acima converge uniformemente em [0, 1].
Como vimos anteriormente, seu raio de convergência é R = ∞.
Logo podemos integrá-la termo a termo em [0, 1], isto é,
Z 1 X∞ Z 1 X∞
sen(x) (−1)n 2n (−1)n
dx = x dx = x2n+1 |x=1
x=0
0 x n=0 0
(2n + 1)! n=0
(2n + 1)!(2n + 1)
∞
X (−1)n
= .
n=0
(2n + 1)!(2n + 1)
A série numérica acima é uma série alternada que satisfaz as condições do teorema
da série alternada.
Z 1 n
sen(x) . X (−1)k
Logo sabemos que | dx − Sn | ≤ an+1 , onde Sn = e
0 x k=0
(2k + 1)!(2k + 1)
. 1
ak = .
(2k + 1)!(2k + 1)
Observação
½ sen(x) 6.7.4 Em particular, mostramos no exemplo acima que a função f (x) =
, x =
6 0
x é uma função inteira (isto é, analı́tica em toda a reta R).
1, x=0
Observação 6.8.1
1. Tomando-se a = 1 e b = x na expressão acima obtemos:
Xm µ ¶
m m m(m − 1) 2 m(m − 1)(m − 2) 3
(1 + x) = xm−n = 1 + mx + x + x + ···
n 2! 3!
k=0
n−fatores
z }| {
m(m − 1) · · · (m − (n − 1)) n
+ x + · · · + xm ,
n!
2. A expressão acima é a série de McLaurin da função f (x) = (1 + x)m , onde m ∈ N
e x ∈ R.
3. Se m ∈ R, a série de potências
m(m − 1) 2 m(m − 1)(m − 2) 3
1 + mx + x + x + ···
2! 3!
n−fatores
z }| {
m(m − 1) · · · (m − (n − 1)) n
+ x + ··· , (6.2)
n!
será a série de McLaurin (se convergir) que representa a função f (x) = (1 + x)m ,
m ∈ R.
A demonstração deste fato será deixado para o leitor.
Definição 6.8.1 Tal série de potências será denominada Série Binomial.
Observação 6.8.2
1. Determinemos o raio de convergência da série binomial:
m(m−1)···(m−(n+1−1))
an+1 (n+1)! |m − n|
lim | | = lim | m(m−1)···(m−(n−1)) | = lim = 1, para todo m ∈ R \ N
n→∞ an n→∞ n→∞ n + 1
n!
fixado.
Portanto o raio de convergência da série binomial é R = 1, ou seja a série binomial
converge em |x| < 1 e diverge em |x| > 1.
2. Se m ∈ N temos que a série binomial tornar-se-a:
X ∞
m(m − 1) · · · (m − (n − 1))
(1+x)m = an xn , onde a1 = 1, an = , n = 2, 3, · · · , m
n=0
n!
e an = 0 se n ≥ m + 1.
Exemplo 6.8.1
. 1
1. Exprimir a função f (x) = (1 + x)− 2 em série de potências de x, para |x| < 1.
1
Tomando-se m = − na expressão da série binomial teremos:
2
n-fatores
z }| {
1 1 1
X∞ − (− − 1) · · · (− − (n − 1))
an xn , onde an = 2 2 2
1
(1 + x)− 2 = , n = 0, 1, · · · .
n=0
n!
6.8. SÉRIE BINOMIAL 143
Ou seja,
a0 = 1,
− 21 1
a1 = =− ,
1! 2
1 1 3
− 2 (− 2 − 1) 3
a2 = = 4 = 2 ,
2! 2! 2 2!
− 21 (− 12 − 1)(− 12 − 2) −1.3.5
a3 = = 3 ,
3! 2 3!
..
.,
1.3.5 · · · (2n − 1)(−1)n
an = , n ∈ N,
2n n!
ou seja
1 1 1.3 1.3.5 1.3.5 · · · (2n − 1)(−1)n n
(1 + x)− 2 = 1 − x + 2 x2 − 3 x3 + · · · + x + ···
2 2 2! 2 3! 2n n!
21.05 - 21.a
1
2. Encontrar o desenvolvimnto em série de McLaurin da função f (x) = (1 − x2 )− 2 ,
|x| < 1.
. 1
Como vimos acima a série de McLaurin da função f (y) = (1 + y)− 2 , |y| < 1 é dada
por:
− 12 1 1.3 2 1.3.5 3 1.3.5 · · · (2n − 1)(−1)n n
(1 + y) = 1 − y + 2 y − 3 y + · · · + y + ···.
2 2 2! 2 3! 2n n!
Assim, fazendo-se y = x2 obteremos:
1 1 1.3 1.3.5
(1 − x2 )− 2 = 1 − (−x2 ) + 2 (−x2 )2 − 3 (−x2 )3 + · · ·
2 2 2! 2 3!
1.3.5 · · · (2n − 1)(−1)n
+ (−x2 )n + · · ·
2n n!
1 1.3 1.3.5
= 1 − (−1) x2 + 2 x4 − (−1) 3 x6 + · · ·
2 2 2! 2 3!
1.3.5 · · · (2n − 1)(−1)n (−1)n 2n
+ x + ···
2n n!
1 1.3 1.3.5 1.3.5 · · · (2n − 1) 2n
= 1 + x2 + 2 x4 + 3 x6 + · · · + x + · · · , |x| < 1.
2 2 2! 2 3! 2n n!
Portanto,
Z x Z ∞
xX ∞
X Z x
1 2n
arcsen(x) = 1 dt = an t dt = an t2n dt
0 (1 − t2 ) 2 0 n=0 n=0 0
∞
X X∞
an 1.3.5. · · · (2n − 1) 2n+1
= x2n+1 = x + x , |x| < 1,
n=0
2n + 1 n=1
2n n!(2n + 1)
ou seja,
∞
X 1.3.5. · · · (2n − 1)
arcsen(x) = x + x2n+1 , |x| < 1.
n=1
2n n!(2n + 1)
Exemplo 6.9.1 Encontrar uma função x = x(t) que possua representação em série de
∞
X
McLaurin, isto é, x(t) = an tn , definida em algum intervalo (−R, R), que satisfaça o
n=0
seguinte problema: 00
x (t) + x(t) = sen(t), t > 0
x(0) = 0
0
x (0) = 1
Resolução:
∞
X
Seja x(t) = an tn , t ∈ (−R, R).
n=0
Como a série pode ser derivada termo a termo em [a, b] ⊆ (−R, R), segue que
∞
X ∞
X
0 n−1 00
x (t) = an nt e x (t) = an n(n − 1)tn−2 .
n=1 n=2
∞
X ∞
X X∞
00 n−2 n (−1)n 2n+1
x (t) + x(t) = sen(t) ⇔ an n(n − 1)t + an t = t .
n=2 n=0 n=0
(2n + 1)!
Identificando os correspondentes termos nas duas séries de potências, segue que (observe-
mos que os coeficientes dos termos das potências de ordem par são todos zero),
a2n+2 (2n + 2)(2n + 1) + a2n = 0
(−1)n
a(2n+1)+2 [(2n + 1) + 2][(2n + 1) + 1] + a2n+1 =
(2n + 1)!
(−1) n
⇔ a2n+3 (2n + 3)(2n + 2) + a2n+1 =
(2n + 1)!
(−1)n
a2n = a0 , n = 1, 2, 3, ...
(2n)!
1
− 3! −a3 −2+a1
n = 1 : a5 .5.4 + a3 = − 3!1 ⇒ a5 = 5.4
= 5!
.
1
−a5 3−a1
n = 2 : a7 .7.6 + a5 = 5!1 ⇒ a7 = 5!
7.6
= 7!
Por indução mostra-se que:
n − a1
a2n+1 = (−1)n+1 , n = 1, 2, 3, ...
(2n + 1)!
146 CAPÍTULO 6. SÉRIES DE POTÊNCIAS
∞
X
Deste modo obtemos os an , n = 0, 1, 2, ... e portanto x(t) = an tn .
n=0
Mas
0 = x(0) = a0 ⇒ a2n = 0, n = 1, 2, 3, ...
Por outro lado
n−1
1 = x0 (0) = a1 ⇒ a2n+1 = (−1)n+1 , n = 1, 2, 3, ...
(2n + 1)!
ou seja,
∞
X (−1)n+1 (n − 1)
x(t) = t2n+1 .
n=0
(2n + 1)!
Séries de Fourier
24.05 - 22.a
7.1 Introdução
Nas próximas seções estudaremos uma outra classe especial de séries de funções, deno-
minadas séries de Fourier.
O objetivo é representar funções f : R → R que sejam periódicas (por exemplo,
2π-periódicas) na forma de uma série de funções que envolvem somente senos e cossenos.
Mais precisamente, para o caso 2π-periódico, corresponderia a representar uma função
f , 2π-periódicas ”bem comportada”(que será explicitado no decorrer das notas) da seguinte
forma: ∞
a0 X
f (x) = + [an cos(nx) + bn sen(nx)].
2 n=1
2. Que propriedades uma função f para possuir uma representação na forma acima?
147
148 CAPÍTULO 7. SÉRIES DE FOURIER
?
0 x L
ou seja
Como ψ(t) 6= 0 para algum t > 0, dividindo ambos os membros da igualdade por ψ(t)
teremos
φ(0) = 0 = φ(L),
150 CAPÍTULO 7. SÉRIES DE FOURIER
Observação 7.2.1
1. Um valor λ para os quais (7.9)-(7.10) admite solução não nula na classe (7.11) será
dito autovalor do problema (7.9) e as soluções não triviais da equação na classe
(7.11) serão ditas autofunções correspondentes ao autovalor λ.
2. Como estamos procurando soluções reais (isto é, u(t, x) ∈ R, t ≥ 0 e x ∈ [0, L]) só
nos interessará o caso em que λ ∈ R.
O item a seguir mostrará que λ deverá ser real, ou melhor ,que λ > 0.
Por outro lado, como φ ∈ C([0, L]), para x ∈ (0, L), temos:
Z x Z x Z x
(7.9)
−λ φ(y) dy = lim+ −λφ(y) dy = lim+ φ00 (y) dy
0 a→0 a a→0 a
(T.Fund.Cálc.) 0 0
= lim [φ (x) − φ (a)] (7.14)
a→0+
Z L Z b Z b
(7.9)
−λ φ(y) dy = lim− −λφ(y) dy = lim− φ00 (y) dy
x b→L x b→L x
(T.Fund.Cálc.)
= lim [φ0 (b) − φ0 (x)], (7.15)
b→L−
portanto existem os limites lateriais φ(0+ ) = lim+ φ0 (a) e φ(L− ) = lim− φ0 (b).
a→0 b→L
Logo podemos integrar as funções φ0 e φ00 no intervalo [0, L] o que permite fazer as
contas a seguir.
7.2. MÉTODO DAS SEPARAÇÃO DE VARIÁVEIS 151
Observemos que
Z L Z L Z L Z L
2 (|z|2 =z z̄) (7.9)
λ |φ(x)| dx = λ φ(x)φ(x) dx = (λφ(x))φ(x) dx = − φ00 (x) φ(x) dx
0 0 0 0
Z b
(Int. por Partes)
=− lim φ00 (x) φ(x) dx =
a → 0+ a
b → L−
· Z b ¸
0 x=b 0 0
=− lim φ (x)φ(x)|x=a − φ (x)φ (x) dx.
a → 0+ a
b → L−
h i Z L
0 0
=− lim φ (b)φ(b) − φ (a)φ(a) − |φ0 (x)|2 dx
+
a→0 0
−
b→L
h i Z L
0 − 0 +
= − φ (L )φ(L) − φ (0 )φ(0) − |φ0 (x)|2 dx
0
Z L
(7.10)
= |φ0 (x)|2 dx > 0, (7.16)
0
Logo Z Z
L L
λ1 φ1 (x)φ2 (x) dx = −λ2 φ1 (x)φ2 (x) dx,
0 0
ou seja, Z L
(λ1 − λ2 ) φ1 (x)φ2 (x) dx = 0.
0
Z L
Como λ1 6= λ2 segue que φ1 (x)φ2 (x) dx = 0, ou seja, φ1 e φ2 são ditas ortogonais
Z L 0
5. Como λ > 0 temos que a solução geral da EDO (7.9) é dada por:
√ √
φ(x) = a cos( λx) + b sen( λx) (7.17)
onde a e b são constantes (exercı́cio para o leitor).
Mas φ deve satisfazer:
(7.17) (7.10) √
a = φ(0) = 0 ⇒ φ(x) = b sen( λx)
√ (7.17) (7.10)
b sen( λL) = φ(L) = 0.
n2 π 2
2. Toda solução de (7.7) com λ = λn = , n ∈ N é combinação linear finita das
L2
funções abaixo:
n2 π 2
ψn (t) = e− L2
t
, t ≥ 0, n ∈ N. (7.20)
Observação 7.2.2
t ≥ 0, x ∈ [0, L].
Observemos que se soubermos que a série de funções acima pode ser derivada termo
a termo então u = u(t, x) acima irá satisfazer (7.2) e (7.4) (por construção das
funções un (t, x) = ψ(t)φn (x), t > 0, x ∈ (0, L); será deixado como exercı́cio para o
leitor).
Para satisfazer (7.3) deveremos ter:
∞
X nπ
f (x) = u(0, x) = bn sen( x), x ∈ [0, L].
n=1
L
Ou seja, devemos saber expressar a função f dada em uma série do tipo acima, isto
é, uma série de senos.
2. Vamos imaginar uma outra situação em que o fio está isolado termicamente e que
suas extremidades não troquem calor com o meio ambiente.
Matematicamente, o problema acima corresponde a encontrar u = u(t, x), x ∈ [0, L]
e t ≥ 0 que satisfaça (exercı́cio para o leitor):
Dividindo a igualdade por ψ(t)φ(x) (nos pontos onde este é diferente se zero) obter-
emos:
ψ 0 (t) φ(x) ψ(t) φ00 (x)
= , t > 0, x ∈ (0, L),
ψ(t)φ(x) ψ(t)φ(x)
ou seja
ψ 0 (t) φ00 (x)
= , t > 0, x ∈ (0, L).
ψ(t) φ(x)
Como no caso anterior, o lado direito é uma função de x enquanto o lado esquerdo
é uma função de x.
Logo ambos deverão ser iguais a uma constante que chamaremos de −λ.
Portanto
ψ 0 (t) φ00 (x)
= −λ = , t > 0, x ∈ (0, L).
ψ(t) φ(x)
φ0 (0) = 0 = φ0 (L),
7.2. MÉTODO DAS SEPARAÇÃO DE VARIÁVEIS 155
(7.28) (7.30)
φ00 (0+ ) = lim+ φ00 (x) = −λ lim+ φ(x) = −λφ(0) (7.31)
x→0 x→0
(7.28) (7.30)
φ00 (L− ) = lim− φ00 (x) = −λ lim− φ(x) = −λφ(L). (7.32)
x→L x→L
Z L Z L Z L
(7.28) 00 (Int. por Partes)
λ φ(x)φ(x) dx = λφ(x)φ(x) dx = (−φ , φ) = − φ00 (x) φ(x) dx =
0
·0 Z b ¸ 0
= φ0 (x)φ(x)|x=L x=0 − φ0 (x)φ0 (x) dx.
a
h i Z L
0 0
= − φ (L)φ(L) − φ (0)φ(0) − |φ0 (x)|2 dx
0
Z L
(7.29)
= |φ0 (x)|2 dx > 0, (7.33)
0
(se tivéssemos φ0 (x) = 0 então, φ seria constante que não nos interessa).
Assim
Z L Z L
2
λ |φ(x)| dx = |φ0 (x)|2 dx > 0
0 0
(se φ0 (x) = 0 segue que φ = const.) implicando que λ > 0 (em particular, λ ∈ R).
Logo:
Z L Z Z
L L
λ1 φ1 (x)φ2 (x) dx = λ2 φ1 (x)φ2 (x) dx , ou seja (λ1 − λ2 ) φ1 (x)φ2 (x) dx =
0 0 0
0.
Z L
Como λ1 6= λ2 segue que φ1 (x)φ2 (x) dx = 0, ou seja φ1 e φ2 são ortogonais.
0
5. Como λ > 0 temos que a solução geral da EDO (7.28) é dada por:
√ √
φ(x) = a cos( λx) + b sen( λx) (7.34)
Como φ 6= const.
√ segue que a 6= 0 √
(pois b = 0) assim, da segunda identidade acima,
segue que sen( λL) = 0, ou seja λL = nπ, n ∈ N, isto é,
n2 π 2
λ = λn = , n ∈ N, (7.36)
L2
e assim
nπ
φ(x) = φn (x) = cos( x), x ∈ [0, L], n ∈ N.
L
7.2. MÉTODO DAS SEPARAÇÃO DE VARIÁVEIS 157
n2 π 2
6. Resolvendo a EDO (7.26) com λ = λn = , n ∈ N obtemos
L2
n2 π 2
ψ(t) = ψn (t) = e− L2
t
, t ≥ 0, n ∈ N.
Observemos que se soubermos que a série de funções acima puder se derivada termo
a termo então u = u(t, x) acima irá satisfazer (7.2) e (7.4) (exercı́cio para o leitor).
Para satisfazer (7.3) deveremos ter:
∞
a0 X nπ
f (x) = u(0, x) = + an cos( x), x ∈ [0, L].
2 n=1
L
Ou seja, devemos saber expressar a função f dada em uma série do tipo acima, isto
é, uma série de cossenos.
8. Uma outra situação é a que fluxo de calor nas extremidades do fio seja proporcional
à temperatura na extremidade do mesmo.
Matematicamente, em uma versão simplificada, o problema acima corresponde a
encontrar u = u(t, x), x ∈ [0, L] e t ≥ 0 que satisfaça:
Agindo como nos dois casos anteriores (aplicando o método da separação de variáveis
que, neste caso, será deixado como exercı́cio para o leitor) chegaremos a seguinte
expressão para as soluções do problema (7.37)-(7.39):
∞
a0 X − n2 π2 2 t nπ nπ
u(t, x) = + e L [an cos( x) + bn sen( x)], t ≥ 0, x ∈ [0, L].
2 n=1
L L
158 CAPÍTULO 7. SÉRIES DE FOURIER
Observemos que se soubermos que a série de funções acima puder se derivada termo
a termo então u = u(t, x) acima irá satisfazer (7.37) e (7.39).
Para satisfazer (7.38) deveremos ter:
∞
a0 X nπ nπ
f (x) = u(0, x) = + [an cos( x) + bn sen( x)], x ∈ [0, L]. (7.40)
2 n=1
L L
Ou seja, devemos saber expressar a função f dada em uma série do tipo acima, isto
é, uma série de senos e cossenos também denominada de série de Fourier
da função f .
Isto nos motiva a estudar as funções que podem ser representadas nesse tipo de
séries de funções.
28.05 - 23.a
9. Podemos fazer do método acima para estudar outros tipos de problemas, como por
exemplo, o problema da corda de comprimento L > 0 vibrante num plano com as
extremidades presas.
Suponhamos que o fio esteja estendido sobre o eixo dos x’s e que seus extremos
sejam x = 0 e x = L.
Neste caso, se u = u(t, x) nos dá a deflexão da corda em relação à posição de repouso
e f = f (x), g = g(x), 0 ≤ x ≤ L, são a posição inicial da corda e a velocidade
inicial de vibração da corda, respectivamente, então, matematicamente, u = u(t, x)
deve satisfazer:
∂t2 u(t, x) − c2 ∂x2 u(t, x) = 0, t > 0, x ∈ [0, L] (7.41)
u(0, x) = f (x), ut (0, x) = g(x), x ∈ [0, L] (7.42)
u(t, 0) = u(t, L) = 0, t ≥ 0, (7.43)
onde, (7.42) nos diz que a posição e velocidade inicial da corda no ponto x ∈ [0, L]
são dadas por f (x) e g(x), respectivamente e (7.43) nos diz que as extremidades da
corda estão fixas e c > 0 é uma constante (que depende do material com que a corda
é feita).
6
u(t, x)
L
? -
6x
u(0, x) = f (x)
?
?
ut (0, x) = g(x)
7.3. OS COEFICIENTES DE FOURIER 159
10. Podemos considerar outros tipos de problemas relacionados com a corda vibrante.
Eles aparecerão nas listas exercı́cios.
11. Outro problema importante que podemos aplicar o método da separação de variáveis
é para encontrar solução u = u(x, y), (x, y) ∈ Ω que satisfaz:
onde ∂Ω é a fronteira de Ω ou
Definição 7.3.1 Dado c ∈ R, diremos que uma função real de variável real f definida
em I⊆R um intervalo (exceto, eventualmente, em c ∈ I) tem uma descontinuidade de
1.a espécie em x = c se f não for contı́nua em x = c (isto é, é descontı́nua em x = c)
mas existem e são finitos os limites lateriais lim+ f (x) e lim− f (x).
x→c x→c
Neste caso denotaremos por
.
f (c+ ) = lim+ f (x)
x→c
− .
f (c ) = lim− f (x) (7.48)
x→c
160 CAPÍTULO 7. SÉRIES DE FOURIER
6
f (c− )
-
c -
¾
f (c+ ) f
c1 c3
-
c2
O conjunto formado por todas as funções contı́nuas por partes (seccionalmente contı́nuas)
em I será indicado por SC(I).
Observação 7.3.1
1. Dizer que uma função tem uma descontinuidade de 1.a espécie em x = c é equiva-
lente a dizer que seu gráfico tem um salto finito em x = c.
2. Dizer que uma função é contı́nua por partes em I é equivalente a dizer que seu
gráfico tem um número finito de saltos em cada intervalo (a, b) contido em I.
Exemplo 7.3.1
1 ,0 ≤ x < π
1. Considere f (x) = −1 , −π ≤ x < 0 .
f (x + 2π) = f (x) x ∈ R
Então f é seccionalmente contı́nua (ou contı́nua por partes) em R.
De fato, os pontos de descotinuidade de 1.a espécie de f são da forma x = kπ,
k ∈ Z.
Logo em qualquer intervalo limitado [a, b] ela tem, no máximo, um número finito de
pontos de descotinuidade de 1.a espécie
(Ela é conhecida como onda quadrada).
7.3. OS COEFICIENTES DE FOURIER 161
y
6
-
−3π −2π −π π 2π 3π x
Onda Quadrada
½
x , −π ≤ x < π
2. Considere f (x) = .
f (x + 2π) = f (x) x ∈ R
Então f é seccionalmente contı́nua (ou contı́nua por partes) em R.
De fato, os pontos de descotinuidade de 1.a espécie de f são da forma x = (2π +1)k,
k ∈ Z.
Logo em qualquer intervalo limitado [a, b] ela tem, no máximo, um número finito de
pontos de descotinuidade de 1.a espécie
(Ela é conhecida como onda dente de serra).
y
6
-
−3π −π π 3π x
½ 1
,0 ≤ x
3. Considere f (x) = x .
0 ,x ≤ 0
Então f não é seccionalmente contı́nua (ou contı́nua por partes) em R.
De fato, o ponto de descotinuidade de f (x = 0) não é de 1.a espécie (não existe
lim+ f (x)).
x→0
y
6
1
f (x) = x
-
x
162 CAPÍTULO 7. SÉRIES DE FOURIER
Observação 7.3.2
1. Uma função seccionalmente contı́nua em [a, b] não precisa, necessariamente, estar
[N
definida em todo o intervalo [a, b] mas apenas em (xj , xj−1 ).
j=0
Isto será importante para incluirmos as derivadas de funções cujos gráficos são
formados por poligonais (como no exemplo abaixo).
-
a = x0 x1 x2 x3 x4 b = x5
2. Toda função f secionalmente contı́nua em [a, b] é limitada em [a, b], isto é, existe
M ∈ R+ tal que |f (x)| ≤ M , para todo x ∈ [a, b].
De fato, se f é secionalmente contı́nua em [a, b] então existem, no máximo, um
N
[
número finito de xj ∈ [a, b], j = 0, · · · , N tal que f é contı́nua em (xj , xj−1 ),
j=1
existem lim+ f (x), lim− f (x) (excetuando-se, eventualmente, x0 = a e xN = b que
x→xj x→xj
seriam lim+ f (x) e lim− f (x)) e são finitos.
x→a x→xN
Assim f|(xj ,xj−1 ) pode ser estendida a uma função contı́nua no intervalo [xj , xj−1 ]
portanto limitada nesse intervalo, j = 1, · · · , N , implicando que f é limitada no seu
domı́nio.
Como λ > 0 temos que o discriminante, ∆, do trinômio do 2.o grau à direita deverá
ser negativo, isto é ∆ ≤ 0.
Logo 0 ≥ ∆ = 4(f, g)2 − 4kf k2 kgk2 , isto é, |(f, g)| ≤ kf kkgk, como querı́amos
mostrar.
kf + gk ≤ kf k + kgk (7.50)
4. Além disso vale o teorema de Pitágoras, ou seja, se f, g ∈ SC([a, b]) com (f, g) = 0
então
31.05 - 24.a
Z L Z 0 Z 2L Z L
De fato, f (x) dx = f (x) dx + f (x) dx + f (x) dx.
−L −L 0 2L
Mas
Z L * y = x − 2L ⇒ dy = dx + Z Z
−L −L
(f (y+2L)=f (y))
f (x) dx = x = 2L ⇒ y = 0 = f (y+2L) dy = f (y) dy =
2L x = L ⇒ y = −L 0 0
Z 0
− f (y) dy.
−L
Z L Z 2L
Portanto f (x) dx = f (x) dx.
−L 0
Z * y = −x ⇒ dy = −dx + Z Z L
0 0
(f (−y)=−f (y))
f (x) dx = x = −L ⇒ y = L = f (−y) (−dy) = − f (y) dy,
−L x=0⇒y=0 L 0
Z 0 Z L
ou seja f (x) dx = − f (y) dy.
−L 0
Z L
Portanto f (x) dx = 0.
−L
(ψn , φm ) = 0, n = 0, 1, 2, · · · , m ∈ N; (7.56)
½
0, m, n ∈ N, m 6= n
(φn , φm ) = . (7.57)
L, m = n ∈ N
7.3. OS COEFICIENTES DE FOURIER 167
Demonstração:
. 2L
De 1.: Seja T = .
n
Para φn :
Temos que
nπ nπ 2L nπ sen é 2π-periódica
φn (x + T ) = sen( (x + T )) = sen( (x + )) = sen( x + 2π) =
L L n L
nπ
sen( x) = φn (x).
L
Logo T é um perı́odo para φn .
Por outro lado se T 0 > 0 é um outro perı́odo para φn então deveremos ter
nπ nπ
φn (x + T 0 ) = φn (x) para todo x ∈ R, ou seja sen( (x + T 0 )) = sen( x), ou ainda
L L
nπ nπ 0 nπ nπ 0 nπ
sen( x) cos( T ) + cos( x)sen( T ) = sen( x) para todo x ∈ R.
L L L L L
L
Tomando-se x = na identidade acima obtemos:
2n
π nπ π nπ π nπ nπ 0
sen( ) cos( T 0 )+cos( )sen( T 0 ) = sen( ), isto é, cos( T 0 ) = 1, logo T =
2 L 2 L 2 L L
2kπ, k ∈ Z.
2L 2L
Portanto T 0 = k = kT , mostrando que T = é o perı́odo fundamental de φn ,
n n
n ∈ N.
Para ψn :
Temos que
nπ nπ 2L nπ (cos é 2π-periódica)
ψn (x + T ) = cos( (x + T )) = cos( (x + )) = cos( x + 2π) =
L L n L
nπ
cos( x) = φn (x)
L
Por outro lado se T 0 > 0 é um outro perı́odo para ψn então deveremos ter
nπ nπ
ψn (x + T 0 ) = ψn (x) para todo x ∈ R, ou seja cos( (x + T 0 )) = cos( x), ou ainda
L L
nπ nπ 0 nπ nπ 0 nπ
cos( x) cos( T ) + sen( x)sen( T ) = cos( x) para todo x ∈ R.
L L L L L
L
Tomando-se x = na identidade acima obtemos:
n
nπ 0 nπ nπ nπ 0
cos(π) cos( T ) + sen(π)sen( T 0 ) = cos(π), isto é, cos( T 0 ) = 1, logo T =
L L L L
2kπ, k ∈ Z.
2L 2L
Portanto T 0 = k = kT , mostrando que T = é o perı́odo fundamental de ψn ,
n n
n ∈ N.
nπ (sen é ı́mpar) nπ
De 2.: Observemos que φn (−x) = sen( (−x)) = −sen( x) = −φn (x), x ∈ R,
L L
logo são funções ı́mpares, n ∈ N;
nπ (cos é par) nπ
De 3.: Observemos que ψn (−x) = cos( (−x)) = cos( x) = ψn (x), x ∈ R, logo
L L
são funções pares, n ∈ N;
168 CAPÍTULO 7. SÉRIES DE FOURIER
De 4.: Mostremos:
0, m, n = 0, 1, 2, · · · , m 6= n
(ψn , ψm ) = L, m = n ∈ N ;
2L, m = n = 0
(ψn , φm ) = 0, n = 0, 1, 2, · · · , m ∈ N;
½
0, m, n ∈ N, m 6= n
(φn , φm ) = .
L, m = n ∈ N
De fato, sabemos que (exercı́cio)
cos(a + b) + cos(a − b)
cos(a) cos(b) = (7.60)
2
cos(a − b) − cos(a + b)
sen(a)sen(b) = . (7.61)
2
Logo
Z L Z L
nπ mπ
(ψn , ψm ) = ψn (x)ψm (x) dx = cos(
x) cos( x) dx
−L −L L L
Z L
(7.60) 1 nπ mπ nπ mπ
= [cos( x + x) + cos( x − x)] dx
−L 2 L L L L
Z
1 L n + m)π (n − m)π
= [cos( x) + cos( x)] dx (7.62)
2 −L L L
Se m 6= n temos:
Z
1 L n + m)π (n − m)π
(ψn , ψm ) = [cos( x) + cos( x)] dx
2 −L L L
1 (n + m)π L (n − m)π L
= [sen( x). |L−L + sen( x). |L ]
2 L (n + m)π L (n − m)π −L
½
1 L
= [sen((n + m)π) − sen((n + m)(−π)))]
2 (n + m)π
¾
L
+ [sen((n − m)π) − sen((n − m)(−π)))] = 0. (7.63)
(n − m)π
7.3. OS COEFICIENTES DE FOURIER 169
Se m = n ∈ N temos:
Z
1 L 2n)π 1 (2n)π L
(ψn , ψn ) = [cos( x) + 1] dx = [sen( x). + x|L−L
2 −L L 2 L 2nπ
1 L L
= [ sen(2nπ) + L − ( sen(−2nπ) − L)] = L. (7.64)
2 2nπ 2nπ
Se m = n = 0 temos:
Z L
1
(ψ0 , ψ0 ) = 2 dx = 2L. (7.65)
2 −L
Se m 6= n , m, n ∈ N temos:
Z L Z
1 L nπ mπ
(φn , φm ) = φn (x)φm (x) dx = [sen( x).sen( x)] dx
−L 2 −L L L
Z L
(7.61) 1 (n − m)π (n + m)π (7.81)
= [cos( x) − cos( x)] = 0. (7.66)
2 −L L L
Se m = n ∈ N temos:
Z L Z
1 L nπ mπ
(φn , φn ) = φn (x)φn (x) dx = [sen( x).sen( x)] dx
−L 2 −L L L
Z L Z
(7.61) 1 (n − n)π (2n)π 1 L (2n)π
= [cos( x) − cos( x)] = [1 − cos( x)]
2 −L L L 2 −L L
1 2nπ L x=L
= [x − cos( x) ]| = L. (7.67)
2 L 2nπ x−L
Logo, se n ∈ Z+ e m ∈ N temos:
Z L Z L
nπ mπ
(ψn , φm ) = ψn (x)φm (x) dx = cos( x)sen( x) dx
−L −L L L
Z L
(7.70) 1 nπ mπ nπ mπ
= [sen( x + x) + sen( x − x)] dx
−L 2 L L L L
Z
1 L (n + m)π (n − m)π
= [sen( x) + sen( x)] dx. (7.71)
2 −L L L
170 CAPÍTULO 7. SÉRIES DE FOURIER
Se n 6= m temos:
Z
1 L (n + m)π (n − m)π
(ψn , φm ) = [sen( x) + sen( x)] dx
2 −L L L
1 (n + m)π L (n − m)π L
= [− cos( x) |x=L
x=−L − cos( x) |x=L ] = 0.
2 L (n + m)π L (n − m)π x=−L
(7.72)
e finalmente, se n = m teremos:
Z L
1 2nπ 1 2nπ L x=L
(ψn , φn ) = [sen( x) + 0] dx = − cos( x) | = 0. (7.73)
2 −L L 2 L 2nπ x=−L
Observação 7.3.5
1. Suponhamos que
X∞
a0
f (x) = ψ0 (x) + [an ψn (x) + bn φn (x)] (7.74)
2 n=1
X∞
a0
(f, ψm ) = ( ψ0 + [an ψn + bn φn ], ψm )
2 n=1
X∞
(cuidado!) a0 ((7.55) e (7.56))
= (ψ0 , ψm ) + [an (ψn , ψm ) + bn (φn , ψm )] = am (ψm , ψm )
2 n=1
(7.55)
= am L. (7.77)
7.3. OS COEFICIENTES DE FOURIER 171
Conclusão: Z L
1 nπ
an = f (x) cos( x) dx, n ∈ Z+ (7.81)
L −L L
e Z L
1 mπ
bm = f (x)sen( x) dx, m ∈ N. (7.82)
L −L L
2. A obtenção de (7.81) e (7.82) foi formal, isto é, sem o rigor necessário com relação
a convergência das séries envolvidas.
3. Dada uma função f : [−L, L] → R tal que as integrais (7.81) e (7.82) existam
podemos formar a série de funções, denotada por S[f ]:
X∞
a0
S[f ](x) = ψ0 (x) + [an ψn (x) + bn φn (x)], (7.83)
2 n=1
Observação 7.3.6
1. Da proposição (7.3.2) segue que cada termo da série (7.83) são funções 2L-periódicas,
logo se a série convergir, convirgirá para uma função 2L-periódica na reta toda.
nπ
2. Observemos que se f : [−L, L] → R integrável e par então f (x) cos( x) é uma
L
nπ
função par e f (x)sen( x) é uma função ı́mpar, logo:
L
Z L Z L
1 nπ 2 nπ
an = f (x) cos( x) dx = f (x) cos( x) dx, n ∈ Z+
L −L L L 0 L
e
Z L
1 nπ
bm = f (x)sen( x) dx = 0, m ∈ N.
L −L L
nπ
3. Observemos que se f : [−L, L] → R integrável e ı́mpar então f (x) cos( x) é uma
L
nπ
função ı́mpar e f (x)sen( x) é uma função par, logo:
L
Z L
1 nπ
an = f (x) cos( x) dx = 0, n ∈ Z+
L −L L
e
Z L Z L
1 nπ 2 nπ
bm = f (x)sen( x) dx = f (x)sen( x) dx, m ∈ N.
L −L L L 0 L
Exemplo 7.3.2
½
−x, −1 ≤ x < 0
1. Encontrar a série de Fourier, S[f ], da função f onde f (x) = .
x, 0 ≤ x ≤ 1
7.3. OS COEFICIENTES DE FOURIER 173
-
−1 1
Se n ∈ N temos:
Z L Z 1
nπ L=1
an = f (x) cos( x) dx = f (x) cos(nπx) dx
−L L −1
Z 1 Z 1
(f e cos são pares)
= 2 f (x) cos(nπx) dx = 2 x cos(nπx) dx
0 0
· Z ¸
sen(nπx) x=1 1 sen(nπx)
=2 x |x=0 dx
nπ 0 nπ
· ¸
sen(nπ) cos(nπx) x=1 2
=2 ( − 0) + 2
| x=0 = 2 2
[(−1)n − 1]
nπ (nπ) nπ
½ −4
n2 π 2
, n ı́mpar
= . (7.84)
0, n par
e para m ∈ N temos
(f é par)
bm = 0.
Portanto
∞ ∞
a0 X X
S[f ](x) = + [an cos(nπx) + bn sen(nπx)] = 1 + an cos(nπx)
2 n=1 n=1
∞
1 X 4
= − cos[(2n − 1)πx)].
2 n=1 (2n − 1)2 π 2
½
0, −π ≤ x < 0 ou x = π
2. Encontrar a série de Fourier, S[f ], da função f onde f (x) = .
π, 0 ≤ x < π
174 CAPÍTULO 7. SÉRIES DE FOURIER
-
−π π
Onda Quadrada
Se m ∈ N temos:
Z Z
1 L nπ 1 π
an = f (x) cos( x) dx = f (x) cos(nx) dx
L −L L π −π
Z Z π Z
1 0 1 π
= [ f (x) cos(nx) dx + f (x) cos(nx) dx] = π cos(nx) dx
π −π 0 π 0
sen(nx) x=π
= | = 0;
πn x=0
e para n ∈ N temos:
Z Z
1 L mπ 1 π
bm = f (x)sen( x) dx = f (x)sen(mx) dx
L −L L π −π
Z Z π Z
1 0 1 π
= [ f (x)sen(mx) dx + f (x)sen(mx) dx] = πsen(mx) dx
π −π 0 π 0
½ 2
cos(mx) x=π 1 1 m , m ı́mpar
=− |x=0 = [− cos(mπ) + 1] = [1 − (−1) ] m .
m m m 0, m par
Portanto
∞ ∞
a0 X a0 X
S[f ](x) = + [an cos(nx) + bn sen(nx)] = + bn sen(nx)
2 n=1
2 n=1
∞
π X 2
= + sen[(2n − 1)x)].
2 n=1 2n − 1
7.3. OS COEFICIENTES DE FOURIER 175
4.06 - 25.a
Observação 7.3.7
1. Utilizando variáveis complexas, vamos encontrar as expressões para os coeficientes
de Fourier numa forma diferente.
Para isto lembremos que
eix + e−ix
cos(x) = , x ∈ R, (7.87)
2
e subtraindo-se (7.86) de (7.85) obtemos
eix − e−ix
sen(x) = , x ∈ R. (7.88)
2i
Portanto nπ nπ
nπ ei L x + e−i L x
cos( x) = , x ∈ R, (7.89)
L 2
e nπ nπ nπ nπ
nπ ei L x − e−i L x e−i L x − ei L x
sen( x) = =i , x ∈ R. (7.90)
L 2i 2
implicando que
∞
a0 X nπ nπ
S[f ](x) = + [an cos( x) + bn sen( x)]
2 n=1
L L
∞
a0 X
nπ nπ nπ nπ
ei L x + e−i L x e−i L x − ei L x
= + [an + bn i ]
2 n=1
2 2
∞
a0 X an − ibn i nπ x an + ibn −i nπ x
= + [ e L + e L ], (7.91)
2 n=1
2 2
Definindo-se
. a0
fˆ(0) = ,
2
. a n − ibn
fˆ(n) = , n ∈ N, (7.92)
2
. an + ibn
fˆ(−n) = , n ∈ N,
2
176 CAPÍTULO 7. SÉRIES DE FOURIER
onde a última série definida acima será encarada como um valor próprio, isto é,
∞
X N
X
ˆ x .
i nπ
fˆ(n)ei L x .
nπ
f (n)e L = lim (7.94)
N →∞
n=−∞ n=−N
4. Mesmo para funções reais (f : [−L, L] → R) , que é o caso que estamos tratando,
os coeficientes de Fourier na forma complexa da função são, em geral, números
complexos não reais, excetuando-se o caso em que os bn = 0, n ∈ N (isto é, f é uma
função par).
n
X
(x, y) = xj y j ,
j=1
i − ésima posição
. ↓
ei = (0, · · · , 0, 1 , 0, · · · , 0), i = 1, · · · , n.
Com isto sabemos que {ei ; i = 1, · · · , n} é uma base ortonormal de Rn (dita base
canônica), ou seja
½
1, i = j
(ei , ej ) = . (7.96)
0, i 6= j
Logo se x ∈ Rn teremos
n
X
x= xj e j ,
j=1
onde xj ∈ R, j = 1, · · · , n.
Observemos que
n
X n
X (7.96)
(x, ei ) = ( xj ej , ei ) = xj (ej , ei ) = xi , i = 1, · · · , n,
j=1 j=1
ou seja,
xi ei = (x, ei )ei , i = 1, · · · , n,
>
- -
xi ei ei
X∞
a0
Proposição 7.4.1 Sejam f ∈ SC([−L, L]) e S[f ] = ψ0 + [an ψn + bn φn ] a série de
2 n=1
Fourier de f .
Então para todo N ∈ Z+ , M ∈ N, cn , dm ∈ R, 0 ≤ n ≤ N e 1 ≤ m ≤ M temos:
XN XM XN XM
a0 c0
kf − ( ψ0 + a n ψn + bm φm )k ≤ kf − ( ψ0 + c n ψn + dm φm )k. (7.97)
2 n=1 m=1
2 n=1 m=1
X N M
X
. a0
Definamos g : [−L, L] → R por g(x) = f (x)−[ ψ0 (x)+ an ψn (x)+ bm φm (x)], −L ≤
2 n=1 m=1
x ≤ L.
Assim temos:
XN XM
a0
(g, ψ0 ) = (f − [ ψ0 + an ψn + bm φm ], ψ0 )
2 n=1 m=1
XN XM
a0
= (f, ψ0 ) −(ψ0 , ψ0 ) − an (ψn , ψ0 ) + bm (φm , ψ0 )
2 n=1 m=1
(7.3.2) a0
= La0 − 2L = 0. (7.98)
2
Se k ≥ 1 temos
XN XM
a0
(g, ψk ) = (f − [ ψ0 + an ψn + bm φm ], ψk )
2 n=1 m=1
XN XM
a0
= (f, ψk ) − (ψ0 , ψk ) − an (ψn , ψk ) + bm (φm , ψk )
2 n=1 m=1
(7.3.2)
= Lak − Lak = 0 (7.99)
e
XN XM
a0
(g, φk ) = (f − [ ψ0 + a n ψn + bm φm ], φk )
2 n=1 m=1
XN XM
a0
= (f, φk ) − (ψ0 , φk ) − an (ψn , φk ) + bm (φm , φk )
2 n=1 m=1
(7.3.2)
= Lbk − Lbk = 0, (7.100)
180 CAPÍTULO 7. SÉRIES DE FOURIER
XN XM
c0
kf − [ ψ0 + c n ψn + dm φm ]k2
2 n=1 m=1
XN XM XN XM
a0 a0
= kf − [ ψ0 + an ψn + b m φ m ] + [ ψ0 + an ψn + bm φm , φk ]
2 n=1 m=1
2 n=1 m=1
XN XM
c0
−[ ψ0 + c n ψn + dm φm ]k2
2 n=1 m=1
XN XM
a0 − c0
= kg + ψ0 + (an − cn )ψn + (bm − dm )φm ]k2
2 n=1 m=1
XN XM
2 (Teor. Pitágoras) 2 2
(∗)
2 a0
= kg + hk = kgk + khk ≥ kgk = kf − [ ψ0 + a n ψn + bm φm ]k2
2 n=1 m=1
isto é,
XN XM XN XM
a0 c0
kf − [ ψ0 + a n ψn + bm φm ]k ≤ kf − [ ψ0 + c n ψn + dm φm ]k,
2 n=1 m=1
2 n=1 m=1
mostrando (7.97).
Observemos que se cn = an e dm = bm para n ≥ 0 e m ≥ 1 então vale a igualdade em
(7.97).
Reciprocamente, se vale a igualdade em (7.97) de (∗) acima temos que khk2 = 0, logo
Z L
|h(x)|2 dx = 0.
−L
Como h é uma função contı́nua e |h(x)| ≥ 0 em [−L, L] temos que h(x) = 0 em
[−L, L], ou seja
XN XM
a0 − c0
ψ0 + (an − cn )ψn + (bm − dm )φm = 0 em [−L, L].
2 n=1 m=1
Mas SN M é um conjunto L.I., logo os coeficientes da combinação linear acima devem ser
todos iguais a zero, ou seja, cn = an e dm = bm , para n ≥ 0 e m ≥ 1, como querı́amos
mostrar.
¤
7.4. INTERPRETAÇÃO GEOMÉTRICA DOS COEFICIENTES DE FOURIER 181
Observação 7.4.1 A proposição acima nos diz que a soma parcial da série de Fourier de
uma função de SC([−L, L]) nos dá a melhor aproximação possı́vel entre as aproximações
por combinações lineares envolvendo senos e cossenos.
Uma outra propriedade importante das séries de Fourier é dado pela seguinte proposição:
∞ ∞
a20 X 2 X 2
L( + an + bm ) ≤ kf k2 . (7.101)
2 n=1 m=1
Demonstração:
Para cada N, M ∈ N temos
XN XM
a0
0 ≤ kf − [ ψ0 + an ψn + bm φm ]k2
2 n=1 m=1
XN XM XN XM
a0 a0
= (f − ψ0 − ak ψk − bl φl , f − ψ0 − an ψn − bm φm )
2 k=1 l=1
2 n=1 m=1
kf k2 = La La Lb
z }| { a0 z }|0 { X N z }|n { X M z }|m {
= (f, f ) − (f, ψ0 ) − an (f, ψn ) − bm (f, φm )
2 n=1 m=1
0 La 2L 0 0
a0 z }| { a20 z }| { X a0 z }| { X a0 z }| {
N M
− (ψ0 , f ) + (ψ0 , ψ0 ) + an (ψ0 , ψn ) + bm (ψ0 , φm )
2 4 n=1
2 m=1
2
La 0 0, se n6=k ou L, se n=k 0
N
X z }|k { X N
a0 z }| { X X
N N z }| { N X
X M z }| {
− ak (ψk , f ) + ak (ψk , ψ0 ) + ak an (ψk , ψn ) + ak bm (ψk , φm )
k=1 k=1
2 k=1 n=1 k=1 m=1
Lbl 0 0 0, se m6=l ou L, se m=l
M
X z }| { X M
a0 z }| { X X
M N z }| { X M X M z }| {
− bl (φl , f ) + bl (φl , ψ0 ) + bl an (φl , ψn ) + bl bm (φl , φm )
l=1 l=1
2 l=1 n=1 l=1 m=1
XN XM XN XN XN XN
(7.3.2) L 2 2 2 2 L 2 L 2 2 2 2
= kf k − a0 − L an − L bm − a0 + a0 − L ak + L ak − L bl + L b2l
2 n=1 m=1
2 2 k=1 k=1 l=1 l=1
N M
a20 X 2 X 2
= kf k2 − L( + an + bm ), (7.102)
2 n=1 m=1
isto é,
N M
a20 X 2 X 2
2
0 ≤ kf k − L( + an + bm ),
2 n=1 m=1
182 CAPÍTULO 7. SÉRIES DE FOURIER
ou seja
N M
a20 X 2 X 2 1
0≤ + an + bm ≤ kf k2 , (7.103)
2 n=1 m=1
L
para todo N, M ∈ N.
Assim, segue de (7.103), que as seqüências das somas parcias das séries numéricas
X∞ X∞
2
an e b2m são limitadas (e como a2n , b2m ≥0, n, m ∈ N , serão monótonas) logo
n=1 m=1
convergentes.
Portanto passando os limites em N, M → ∞ em (7.103) obteremos a desigualdade de
Bessel (7.101).
¤
11.06 - 26.a
Na forma complexa, a desigualdade de Bessel torna-se
∞
X
fˆ(n)ei L x , onde fˆ(n) são os
nπ
Corolário 7.4.1 Se f ∈ SC([−L, L]) e S[f ](x) =
n=−∞
∞
X
coeficientes de Fourier na forma complexa, então a série numérica |fˆ(n)|2 converge e
n=1
vale
∞
X 1
|fˆ(n)|2 ≤ kf k2 . (7.104)
n=∞
2L
Demonstração:
Segue de (7.92) que:
a20
|fˆ(0)|2 =
4
an − ibn 2 1 2
|fˆ(n)|2 = | | = (an + b2n ), n ∈ N (7.105)
2 4
a + ib 1
|fˆ(−n)|2 = |
n n 2
| = (a2n + b2n ), n ∈ N, (7.106)
2 4
logo, para cada N ∈ N temos
N
X N
X N
X
|fˆ(n)|2 = |fˆ(0)|2 + |fˆ(−n)|2 + |fˆ(n)|2
n=−N n=1 n=1
N N N N
a20 1 X 2 1X 2 a2 1 X 2 X 2
= + (an + b2n ) + (an + b2n ) = 0 + ( an + bn )
4 4 n=1 4 n=1 4 2 n=1 n=1
N N
1 a20 X 2 X 2
= ( + an + bn ).
2 2 n=1 n=1
7.4. INTERPRETAÇÃO GEOMÉTRICA DOS COEFICIENTES DE FOURIER 183
∞
X
Logo da proposição (7.4.2) segue que a série numérica |fˆ(n)|2 é convergente (lem-
n=1
∞
X n=N
X
bremos que o sentido de convergência é |fˆ(n)|2 = lim |fˆ(n)|2 ) e
N →∞
n=−∞ n=−N
∞
X n=N
X N N
(7.106) 1 a20 X 2 X 2
|fˆ(n)|2 = lim |fˆ(n)|2 = lim ( + an + bn )
N →∞ N →∞ 2 2
n=∞ n=−N n=1 n=1
∞ ∞
1 a20 X 2
X (7.101) 1
= ( + an + b2n ) ≤ kf k2
2 2 n=1 n=1
2L
completando a demonstração.
¤
Observação 7.4.2
1. Se f ∈ SC([−L, L]) então
(7.92) a0 (a0 ∈R) a0
fˆ(0) = = = fˆ(−0).
2 2
E se n ∈ N temos:
(7.92) an − ibn an − ibn an − i bn (an , bn ∈R) an + ibn (7.92) ˆ
fˆ(n) = = = = = f (−n);
2 2 2 2
(7.92) an + ibn an + ibn an + i bn (an , bn ∈R) an − ibn (7.92) ˆ
fˆ(−n) = = = = = f (n) = fˆ(−(−n)),
2 2 2 2
ou seja
fˆ(n) = fˆ(−n), n ∈ Z. (7.107)
logo, se n ∈ Z temos:
n=N
X n=N
X
(7.110) ¡ ¢
|fˆ(n)|2 = |û(n)|2 + |v̂(n)|2 + i[û(−n)v̂(n) − û(n)v̂(−n)]
n=−N n=−N
n=N
X n=N
X
¡ 2 2
¢
= |û(n)| + |v̂(n)| +i (û(−n)v̂(n) − û(n)v̂(−n))
n=−N n=−N
(∗)
z }| {
n=N
X n=N
n=N
¡ ¢ X X
= 2
|û(n)| + |v̂(n)| 2
+ i
û(−n)v̂(n) − û(n)v̂(−n)
n=−N n=−N n=−N
n=N
à n=N m=−N
!
(m=−n em (∗)) X ¡ ¢ X X
= |û(n)|2 + |v̂(n)| 2
+i û(−n)v̂(n) − û(−m)v̂(m)
n=−N n=−N m=N
n=N
X ¡ ¢
= |û(n)|2 + |v̂(n)|2 . (7.111)
n=−N
∞
X ∞
X
2
Mas do corolário (7.4.1) temos que |û(n)| e |v̂(n)|2 são convergentes (pois
n−∞ n−∞
7.4. INTERPRETAÇÃO GEOMÉTRICA DOS COEFICIENTES DE FOURIER 185
∞
X
u, v ∈ SC([−L, L]) e são reais), logo |fˆ(n)|2 converge e
n−∞
∞
X ∞
X
(7.111) ¡ ¢ ((7.104) para u e v) 1 1
|fˆ(n)|2 = |û(n)|2 + |v̂(n)|2 ≤ (kuk2 + kvk2 ) = kf k2 .
n−∞ n=−∞
2L 2L
(7.112)
Demonstração:
∞
X ∞
X
Da proposição (7.4.2) temos que as séries numérica a2n e b2m convergem.
n=1 m=1
Logo lim a2n = lim b2m = 0, portanto lim an = lim bm = 0.
n→∞ m→∞ n→∞ m→∞
¤
Na forma complexa o resultado acima torna-se:
Demonstração:
∞
X
Do item 2. da observação (7.4.2) temos que as séries numérica |fˆ(n)|2 converge.
n=−∞
Logo lim fˆ(n) = lim fˆ(n) = 0, como querı́amos mostrar.
n→∞ n→−∞
¤
Observação 7.4.3
∞
X
.2
1. Definamos l (R) = {(an )n∈N : a2n < ∞}, isto é, o conjunto formado pelas
n=1
seqüências reais de quadrado somável.
186 CAPÍTULO 7. SÉRIES DE FOURIER
Além disso,
∞
X (7.104) 1
kfˆ − ĝk2l2 (R) = kf[
− gk2 = |(f\
− g)(n)|2 ≤ kf − gk2L2 ([−L,L]) ,
n=1
2L
Z L
.
onde kf kL2 ([−L,L]) = |f (x)|2 dx, isto é,
−L
1
kfˆ − ĝkl2 (R) ≤ √ kf − gkL2 ([−L,L]) . (7.116)
2L
Antes porém, vale observar que dada uma função f ∈ SC([−L, L]) (com f (−L) =
f (L)) podemos estendê-la a uma função F : R → R, 2L-periódica e que seja seccional-
mente contı́nua em cada intervalo [a, b] da seguinte forma:
F (x) = f (x − 2kL),
onde −L ≤ x − 2kL ≤ L, para algum k ∈ Z.
Domı́nio de f
z }| {
-
−L x − 2kL L x
onde
Z L
1
fˆ(n) =
nπ
f (x)e−i L x dx, n ∈ Z (7.121)
2L −L
188 CAPÍTULO 7. SÉRIES DE FOURIER
Lema 7.5.1 Seja que f ∈ SCper (2L) e diferenciável em (−L, L), exceto em um número
finito de pontos, e f 0 ∈ SCper (2L). Suponhamos também que f é contı́nua em x = 0 e
f (0) = 0.
Então a série de Fourier de f converge para 0 em x = 0, isto é, fazendo x = 0 em
(7.117) e (7.120) temos:
∞ ∞
a0 X X
+ an = 0 = fˆ(n) (= f (0)). (7.122)
2 n=1 n=−∞
Demonstração:
Utilizaremos a forma complexa da série de Fourier, isto é, provaremos que
∞
X N
X
fˆ(n) = lim fˆ(n) = 0.
N →∞
n=−∞ n=−N
Mas
f (x) − f (0)
lim+ = f 0 (0+ ) (que existe por hipótese) (7.124)
x→0 x−0
e
1 1 L
lim+ π = d π
iL x
= , (7.125)
x→0 ei L x −1
dx
e |x=0 iπ
x−0
ou seja
L L
g(0+ ) = f 0 (0+ ) = −i f 0 (0+ ) = g(0), (7.126)
iπ π
portanto existe g(0+ ) e é igual a g(0).
De modo semelhante:
7.5. CONVERGÊNCIA PONTUAL DA SÉRIE DE FOURIER 189
−L≤x+2L<L f (x + 2L)
g(0− ) = lim− g(x) = lim− g(x + 2L) = lim− π
iL (x+2L)
x→0 x→0 x→0 e −1
f (x+2L)=f (x) f (x) ei2π =1 f (x) f (x) − f (0) 1
= lim− π
iL x
= lim− π
iL x
= lim− π
x→0 e .ei2π − 1 x→0 e − 1 x→0 x−0 ei L x −1
x−0
(7.124) e (7.125) L L
= f 0 (0− ) = −i f 0 (0− ), (7.127)
iπ iπ
isto é, existe g(0− ).
π
Como f ∈ SCper (2l) e a função x → ei L x − 1 é contı́nua e 2L-periódica em R e só se
anula em x = 0 no intervalo [−L, L] temos que a função g ∈ SCper (2l) (o único problema
de g no intervalo [−L, L] seria x = 0, mas nesse ponto existem os limites laterais).
Logo do Lema de Riemman-Lebesgue (na forma complexa) (7.4.3) segue que
lim ĝ(n) = lim ĝ(n) = 0. (7.128)
n→∞ n→−∞
Portanto
M
X
lim fˆ(n) = 0.
N, M →∞
n=−N
Teorema 7.5.1 Sejam que f ∈ SCper (2L) e diferenciável em (−L, L), exceto em um
número finito de pontos, com f 0 ∈ SCper (2L) e x0 ∈ R.
f (x+ −
0 ) + f (x0 )
Então a série de Fourier de f em x0 converge, pontualmente, para ,
2
isto é,
∞
f (x+ −
0 ) + f (x0 ) a0 X nπ nπ
= + an cos( x0 ) + bn sen( x0 ), (7.132)
2 2 n=1
L L
onde
Z
1 L nπ
an = f (x) cos( x) dx (7.133)
L −L L
Z L
1 nπ
bn = f (x)sen( x) dx, n ∈ N (7.134)
L −L L
ou
X∞
f (x+ −
0 ) + f (x0 )
fˆ(n)ei L x0 ,
nπ
= (7.135)
2 n=−∞
onde
Z L
1
fˆ(n) =
nπ
f (x)e−i L x dx, n ∈ Z. (7.136)
2L −L
7.5. CONVERGÊNCIA PONTUAL DA SÉRIE DE FOURIER 191
Demonstração:
Consideremos a trasformação T : R2 → R2 dada por
. f (x+ −
0 ) + f (x0 )
T (x, y) = (x − x0 , y − ), (x, y) ∈ R2 .
2
f (x+ −
0 )+f (x0 ) f (x+ −
0 )+f (x0 )
Observemos que T (x0 , 2
) = (0, 0) e T (x, f (x)) = (x − x0 , f (x) − 2
),
Defina g : R → R por
. f (x+ −
0 ) + f (x0 )
g(x) = f (x + x0 ) − , x ∈ R.
2
Então os pontos do gráfico de g são da forma:
f (x+ − . f (x+ −
0 ) + f (x0 ) z =x+x0 0 ) + f (x0 )
(x, g(x)) = (x, f (x + x0 ) − ) = (z − x0 , f (z) − )
2 2
= T (z, f (z)) = T (x + x0 , f (x + x0 )). (7.137)
Observemos que
f (x+ −
0 ) + f (x0 ) f (x+ −
0 ) + f (x0 )
g(0+ ) = lim+ g(x) = lim+ [f (x + x0 ) − ] = f (x+
0 ) −
x→0 x→0 2 2
f (x+
0) − f (x−
0)
= . (7.138)
2
f (x+ −
0 ) + f (x0 ) f (x+ −
0 ) + f (x0 )
g(0− ) = lim− g(x) = lim− [f (x + x0 ) − ] = f (x−
0 ) −
x→0 x→0 2 2
f (x−
0) − f (x+
0)
= , (7.139)
2
Logo de (7.138) e (7.139) segue que
Mas
7.108 ĝ(n) + ĝ(−n)
ĥ(n) = , n ∈ Z, (7.141)
2
logo
N
X XN XN XN
(7.141) ĝ(n) + ĝ(−n) ĝ(n) ĝ(−n)
ĥ(n) = = +
n=−N n=−N
2 n=−N
2 n=−N
2
N
X N
X
( ĝ(n) = ĝ(−n))
N
X
n=−N n=−N
= ĝ(n). (7.142)
n=−N
Observemos que
Z L
nπ
2L
=0
n=0
e−i L x dx = L z −inπ }| +inπ{ (7.144)
nπ
e−i L x x=L
−L |x=−L = [e −e ]=0 n=
6 0.
−i nπ
L
−inπ
Assim
( + −
fˆ(0) − 0 2 0 , dx n = 0
f (x )+f (x )
ĝ(n) = (7.145)
fˆ(n)ei L x0 ,
nπ
n=
6 0.
7.5. CONVERGÊNCIA PONTUAL DA SÉRIE DE FOURIER 193
Logo
N
X N
X N
X
ˆ i nπ x0 f (x+ −
0 ) + f (x0 ) (7.145) (7.142) N →∞
f (n)e L − = − ĝ(n) = − ĥ(n) → 0,
n=−N
2 n=−N n=−N
n=−∞
2
Observação 7.5.3
2. O resultado acima nos diz que nas condições do teorema acima a série de Fourier
de f converge para a média do valor do salto de f em x0 .
∞
a0 X nπ nπ
f (x0 ) = + an cos( x0 ) + bn sen( x0 ), (7.146)
2 n=1
L L
ou
∞
X
fˆ(n)ei L x0 ,
nπ
f (x0 ) = (7.147)
n=−∞
para todo x ∈ R.
Exemplo 7.5.1
194 CAPÍTULO 7. SÉRIES DE FOURIER
−x, −1 ≤ x < 0
1. Seja f (x) = x, 0 ≤ x < 1 , L = 1 (ou seja f (x) = |x| se |x| ≤ 1
f (x + 2) = f (x), x ∈ R.
e f (x + 2) = f (x), x ∈ R).
-
−1 1
Vimos anteriormente, (7.3.2) item 1., que a série de Fourier de f é dada por:
∞
1 4 X 1
S[f ](x) = − 2 cos[(2n + 1)πx)].
2 π n=0 (2n + 1)2
Em particular
∞ ∞
1 4 X 1 1 4 X 1
0 = f (0) = − 2 cos[(2n + 1)π0)] = − ,
2 π n=0 (2n + 1)2 2 π 2 n=0 (2n + 1)2
isto é,
∞
X 1 π2
= .
n=0
(2n + 1)2 8
14.06 - 27.a
7.5. CONVERGÊNCIA PONTUAL DA SÉRIE DE FOURIER 195
0, −π ≤ x < 0, x = π
2. Seja f (x) = π, 0≤x<π , L = π.
f (x + 2π) = f (x), x ∈ R.
-
−2π −π π 2π
Onda Quadrada
Vimos anteriormente, (7.3.2) item 2., que a série de Fourier de f é dada por:
∞
π X 2
S[f ](x) = + sen[(2n + 1)x)].
2 n=0 2n + 1
Em x = 0:
∞
π π X 2 f (0+ ) + f (0− ) π
= + sen[(2n + 1)x)]|x=0 = = .
2 2 n=0 2n + 1 2 2
Em x = π:
∞
π π X 2 f (π + ) + f (π − ) π
= + sen[(2n + 1)x)]|x=π = = ,
2 2 n=0 2n + 1 2 2
Em x = −π:
∞
π π X 2 f (−π + ) + f (−π − ) π
= + sen[(2n + 1)x)]|x=−π = = ,
2 2 n=0 2n + 1 2 2
196 CAPÍTULO 7. SÉRIES DE FOURIER
π
Como f é contı́nua em x = temos que a série de Fourier de f converge para
2
π
f ( ), isto é,
2
∞ ∞
π π X 2 π X 2 π
π = f( ) = + sen[(2n + 1)x)]|x= π2 = + sen[(2n + 1) )]
2 2 n=0 2n + 1 2 n=0 2n + 1 2
∞ ∞
π X 2 π X 2(−1)n
= + (−1)n = + ,
2 n=0 2n + 1 2 n=0 2n + 1
ou seja,
X∞
(−1)n π
= .
n=0
2n + 1 4
Demonstração:
Observemos que se (7.150) ocorre então (7.151) ocorrerá, pois:
Observação 7.6.1
1. Observemos que (7.150) nos diz que quanto mais diferenciável a função f for mas
rápido a seqüência dos coeficientes de Fourier decai.
Mais precisamente, suponhamos que f é 2L-periódica e duas vezes diferenciável com
f 00 ∈ SCper (2L).
Então, para todo n ∈ Z temos:
2
d (7.150) inπ (7.150) (inπ)
c00 0 0
f (n) = (f ) (n) = b0
f (n) = fˆ(n).
L L2
(inπ)k ˆ
fd
(k) (n) = f (n), n ∈ Z. (7.152)
Lk
logo a seqüência numérica (fc00 (n))n∈Z é limitada, ou seja exite M > 0 tal que
|fc00 (n)| ≤ M para todo n ∈ Z.
Mas, para n ∈ Z, n 6= 0 temos
(7.150) L 2 c00 L2 M L2 1
|fˆ(n)ei L x | = |fˆ(n)| |ei L x | = |( ) f (n)| = 2 2 |fc00 (n)| ≤
nπ nπ
.
| {z } inπ π n π 2 n2
=1
X∞
1
Como a série numérixa 2
é convergente segue, do Teste M.de Weierstrass, que
n=1
n
X∞
fˆ(n)ei L . converge uniformemente
nπ
a série de funções (a série de Fourier de f )
n=−∞
em toda a reta R.
Do teorema (7.146) segue que a série de Fourier de f converge para f pontualmente
X∞
fˆ(n)ei L x , para
nπ
em toda a reta (pois f é contı́nua em R), portanto f (x) =
n=−∞
todo x ∈ R onde a convergência da série de funções é a convergência uniforme em
toda a reta R, isto é,
N
X N →∞
fˆ(n)ei L x −→ f (x), unifomemente em R.
nπ
n=−N
Teorema 7.6.1 Sejam que f ∈ Cper (2L) e diferenciável em (−L, L), exceto em um
número finito de pontos, com f 0 ∈ SCper (2L).
Então a série de Fourier de f converge uniformemenste para f em R, isto é,
N
a0 X nπ nπ
lim [ + an cos( x) + bn sen( x)] = f (x) uniformemente em R, (7.153)
N →∞ 2 L L
n=1
onde
Z
1 L nπ
an = f (x) cos( x) dx (7.154)
L −L L
Z L
1 nπ
bn = f (x)sen( x) dx, n ∈ N (7.155)
L −L L
ou
N
X
fˆ(n)ei L x = f (x), uniformemente em R,
nπ
lim (7.156)
N →∞
n=−N
onde
Z L
1
fˆ(n) =
nπ
f (x)e−i L x dx, n ∈ Z. (7.157)
2L −L
7.6. CONVERGÊNCIA UNIFORME DA SÉRIE DE FOURIER 199
Demonstração:
Para cada n ∈ N temos:
N
X X X
(7.150) L ˆ
|fˆ(n)| = |fˆ(0)| + |fˆ(n)| = |fˆ(0)| + | f (n)|
n=−N
inπ
1≤|n|≤N 1≤|n|≤N
L X 1 b0
= |fˆ(0)| + |f (n)|
π |n|
1≤|n|≤N
12 12
(7.50) L X 1 X
≤ |fˆ(0)| + |fb0 (n)|2
π |n|2
1≤|n|≤N 1≤|n|≤N
12 Ã ! 21
X ∞
X
L 1
≤ |fˆ(0)| + |fb0 (n)|2
π |n|2 n=−∞
1≤|n|≤N
12
f 0 ∈SCper (2L) e Cor. (7.4.1) X µ ¶ 21
L 1 1 ˆ0
≤ |fˆ(0)| + kf (n)k2
π |n|2 2L
1≤|n|≤N
√ Ã∞ ! 12
L X 1 .
≤ |fˆ(0)| + 2
kfˆ0 (n)k = M. (7.158)
π n=1
|n|
Teorema 7.6.2 Sejam que f, g ∈ Cper (2L) diferenciáveis em (−L, L), exceto em um
número finito de pontos, com f 0 , g 0 ∈ SCper (2L). Então
X∞
1
(f, g) = fˆ(n)ĝ(n) (7.159)
2L n=−∞
Em particular
X∞
1 2
kf k = |fˆ(n)|2 (7.160)
2L n=−∞
Demonstração:
Do teorema (7.6.1) a série de Fourier de f converge uniformemente para f .
200 CAPÍTULO 7. SÉRIES DE FOURIER
Observação 7.6.2
onde
X∞
a0
S[f ] = ψ0 + an ψn + bn φn
2 n=1
e
X∞
A0
S[g] = ψ0 + An ψn + Bn φn .
2 n=1
a0 A0 A0 ∈R a0 A0
n=0: fˆ(0)ĝ(0) = = ; (7.162)
2 2 4
an − ibn An − iBn An ,Bn ∈R an − ibn An + iBn
n∈N: fˆ(n)ĝ(n) = =
2 2 2 2
1
= [an An + bn Bn + i(an Bn − bn An )]; (7.163)
4
an + ibn An + iBn An ,Bn ∈R an + ibn An − iBn
n∈N: fˆ(−n)ĝ(−n) = =
2 2 2 2
1
= [an An + bn Bn + i(−an Bn + bn An )]. (7.164)
4
7.6. CONVERGÊNCIA UNIFORME DA SÉRIE DE FOURIER 201
Logo
X∞ XN
1 (7.159)
ˆ
(f, g) = 2 f (n)ĝ(n) = 2 lim fˆ(n)ĝ(n)
L n=−∞
N →∞
n=−N
N
X N
X
= 2 lim [fˆ(0)ĝ(0) + fˆ(−n)ĝ(−n) + fˆ(n)ĝ(n)]
N →∞
n=1 n=1
N
X
(7.162),(7.163) e (7.164) a0 A0 1
= 2 lim { + [an An + bn Bn + i(−an Bn + bn An )]
N →∞ 4 n=1
4
N
X 1
+ [an An + bn Bn + i(an Bn − bn An )]}
n=1
4
XN ∞
a0 A0 a0 A0 X
= + lim (an An + bn Bn ) = + (an An + bn Bn ),
2 N →∞
n=1
2 n=1
4. A identidade de Parseval pode ser muito útil, tanto na forma complexa quanto na
forma real (7.165), (7.160), para encontrarmos a soma de certas séries numéricas,
como veremos em alguns exemplos a seguir.
Exemplo 7.6.1
1. Vimos anteriormente no Exemplo (7.5.1) item 1. que se
−x, −1 ≤ x < 0
f (x) = x, 0≤x<1 ,
f (x + 2) = f (x), x ∈ R.
então ∞
1 4 X 1
f (x) = − 2 cos[(2n + 1)πx)],
2 π n=0 (2n + 1)2
1 −4
em particular bn = 0, n ∈ N, a0 = , a2n = 0, n ∈ N e a2n+1 = ,n∈N
2 (2n + 1)2 π 2
e, pelo teorema (7.6.1), a convergência é uniforme em R.
Logo, da identidade de Parseval segue que (L = 1):
∞ ∞ Z
1 X −4 2 a20 X 2 Id.P arseval
1
+ ( ) = + (an + b2n ) = kf k2 = f (x)2 dx
2 n=1 (2n + 1)2 π 2 2 n=1 −1
Z 1
f é par 2 x3 x=1 2
= 2 x dx = 2 |x=0 = .
0 3 3
202 CAPÍTULO 7. SÉRIES DE FOURIER
ou seja
∞
X 1 π4
= .
n=1
(2n + 1)4 96
2. Se ½
x, −π ≤ x < π
f (x) = ,
f (x + 2) = f (x), x ∈ R (L = π).
então como f ∈ SCper (2) e f 0 é seccionalmente contı́nua em qualquer intervalo
[a, b] ⊆ R (f 0 (x) = 1, −π < x < π segue que a série de Fourier de f converge para
f (x+ ) + f (x− )
para todo x ∈ R.
2
Mas f é uma função ı́mpar em (−π, π) logo an = 0, n = 0, 1, 2, · · · e
Z Z π
1 L nπ f é ı́mpar 2
bn = f (x)sen( x) dx = xsen(nx) dx
L −L L π 0
¿ À
int.porpartes u = x → du = dx
=
dv = sen(nx) → v = − cos(nx) n
Z π
2 cos(nx) x=π cos(nx) 2 cos(nπ) sen(nx) x=π
= [−x |x=0 − − dx] = [−π + |x=0 ]
π n 0 n π n n2
2
= (−1)n+1 , n ∈ N. (7.166)
n
Portanto
∞
f (x+ ) + f (x− ) X (−1)n+1 2
= sen(nx), x ∈ R.
2 n=1
n
Observemos que se x 6= kπ, k ∈ Z então f será contı́nua em x logo a série de
Fourier de f convergirá para f , isto é
∞
X (−1)n+1 2
f (x) = sen(nx), x 6= kπ, k ∈ Z.
n=1
n
3. Lagrange (1759) afirmou que a equação da onda em [0, 1] (L = 1) com dado inicial
f e velocidade inicial g deveria ser dada por:
Z 1X∞
u(t, x) = 2 [sen(nπy)sen(nπx) cos(nπt))f (y) dy
0 n=1
Z 1X ∞
1
+2 [ sen(nπy)sen(nπx)sen(nπt))g(y) dy, 0 ≤ x ≤ 1. (7.167)
0 n=1
n
6. Riemann (18..) propôs ecnontrar condições necessárias e suficientes para que uma
função pudesse ser representada por uma série de Fourier. Como estas questões es-
tavam ligadas a integração de funções, ai começa a teoria de integração de Riemann.
7. de Bois e Reymond (1876) construiram uma função contı́nua cuja série de Fourier
divergia em um ponto (depois construiram uma outra para o qual a série de Fourier
divergia num conjunto denso).
Féjér (1909) deu exemplos mais simples.
8. Dini (1880) conseguiu critérios para a convergência da série de Fourier (Teste ou
Critério de Dini).
9. Jordan (1881) demostrou outro critério de convergência da série de Fourier (Critério
de Jordan).
Obs.: Todos estes trabalhos, e muitos outros, conduziram a uma melhor compreensão
das funções descontı́nuas e propiciaram os trabalhos de Harnack, Hankel, Borel e
Lebesgue, culminando com a introdução de um novo conceito de integração. Ai
começa a teoria moderna das séries de Fourier.
10. Riesz e Fischer (1907) mostraram a convergência da séire de Fourier na norma k.k2
para funções cujo módulo ao quadrado são integráveis em um intervalo [0, L].
11. Carleson (1966) mostrou que para uma função módulo ao quadrado são integráveis
em um intervalo [0, L] a série de Fourier converge, exceto num conjunto de medida
de Lebesgue zero, para a própria função.
A constante α > 0 está relacionada com a condutibilidade térmica do fio (isto é,
depende do material que o fio é feito).
No nosso caso, vamos supor que α = 1 para facilitarmos as contas.
Aplicando o método da separação de variáveis desenvolvido no inı́cio do capı́tulo (ver
(7.6)) obtemos que u = u(t, x) deverá ter a seguinte forma (ver (7.21)):
∞
X n2 π 2 nπ
u(t, x) = bn e − L2
t
sen( x), (t, x) ∈ [0, ∞) × [0, L].
n=1
L
isto é, precisamos saber expandir f em série de Fourier (em senos) em [0, L].
Observemos que precisamos conhecer f no intervalo [−L, L], ou seja precisamos encon-
trar uma extensão de f ao intervalo [−L, L] (se possı́vel) e, posteriormente, considerarmos
uma extensão desta 2L−periódica a toda a reta R (se possı́vel).
Como estender f ao intervelo [−L, L]?
Voltemos na representação de f em série de Fourier.
Observemos que o lado direito da igualdade é uma função ı́mpar (em toda a reta
R), logo o natural é considerarmos uma extensão ı́mpar de f ao intervalo [−L, L], que
denotaremos por F .
Na verdade F : [−L, L] → R será dada por:
½
f (x) 0≤x≤L
F (x) = (7.174)
−f (−x) −L ≤ x ≤ 0.
Como f (L) = f (0) = 0 (ver (7.5)) segue que se f é contı́nua em [0, L] essa extensão
F será uma função contı́nua em [−L, L].
Agora podemos considerar uma extensão (na verdade só tem uma) 2L−periódica de
que indicaremos tamb;em por F , ou seja F (x) = F (x + 2kL), onde k ∈ Z é escolhido de
tal sorte que −L ≤ x + 2kL ≤ L.
Se f ∈ C([0, L]), com f (0) = f (L) = 0 então F ∈ Cper (2L) e ı́mpar.
Logo segue que os coeficientes de Fourier de F (e portanto de f ) serão da forma:
∞
a0 X nπ nπ
S[f ](x) = + an cos( x) + bn sen( x)
2 n=1
L L
com
Z L
2 nπ
bn = f (x)sen( x) dx (7.176)
L 0 L
ii. a série (7.175) pode ser derivada termo a termo duas vezes em relação a x e a t em
(t, x) ∈ (0, ∞) × (0, L);
Na verdade mostraremos que u ∈ C([0, ∞) × [0, L]) ∩ C ∞ ((0, ∞) × [0, L]) e a série
pode ser derivada termo a termo quantas vezes precisarmos em (t, x) ∈ (0, ∞) × [0, L]
se f ∈ C([0, L)]) é diferenciável, exceto um número finito de pontos e f 0 ∈ SC([0, L]) e
f (0) = f (L) = 0 (neste caso sua extensão F , ı́mpar e 2L-periódica, satisfaz: F ∈ Cper (2L)
é diferenciável, exceto um número finito de pontos e F 0 ∈ SCper (2L) ).
Provaremos o seguinte resultado:
Teorema 7.8.1 Suponhamos que f ∈ C([0, L)]) é diferenciável, exceto um número finito
de pontos e f 0 ∈ SC([0, L]) e f (0) = f (L) = 0.
Então a série de funções (7.175) converge uniformemente em [0, ∞) × [0, L] para uma
função u ∈ C([0, ∞) × [0, L]) ∩ C ∞ ((0, ∞) × [0, L]) que é solução de (7.169)-(7.171), onde
os bn , n ∈ N, são dados por (7.176).
Demonstração:
Mostremos, primeiramente que a série de funções (7.175) converge uniformemente em
[0, ∞) × [0, L].
Para isto observemos que a série de Fourier de f (na verdade da sua extensão ı́mpar
e 2L-periódica) converge uniformemente para f (pelo teorema (7.6.1)), isto é,
∞
X nπ
f (x) = bn sen( x), uniformemente para x ∈ R,
n=1
L
onde bn são dados por (7.176), logo para t = 0 a série (7.175) converge uniformemente
(para a função f ), em particular, u(0, x) = f (x), 0 ≤ x ≤ L, ou seja provamos (7.170).
Segue do Lema de Riemann-Lebesgue (7.4.2) que lim bn = 0, em particular a seqüência
n→∞
(bn )n∈N é limitada, isto é, existe m ∈ R tal que
|bn | ≤ M, n ∈ N.
X∞
1
Como a série numérica 2
é convergente segue, do Critério da razão por limites, segue
n=1
n
∞
X n2 π 2
que série numérica M e− L2 t0 é convergente.
n=1
Logo Teste M.de Weierstrass (5.3.1) segue que a série de funções
∞
. X n2 π 2 nπ
u(t, x) = bn e− L2 t sen( x)
n=1
L
nπ
n2 π 2 n2 π 2 n2 π 2 nπ
∂t un (t, x) = ∂t [bn e− L2
t
x)] = bn [− 2 ]e− L2 t sen( x)
sen(
L L L
2 2
nπ 2
n π 2
nπ
= − 2 bn e− L2 t sen( x), (t, x) ∈ (t0 , ∞) × [0, L], n ∈ N.
L L
Logo,
n2 π 2 − n2 π2 2 t nπ n2 π 2 2 2
− n π2 t nπ
|∂t un (t, x)| = | − 2
bn e L sen( x)| = 2
|bn |e L |sen( x)|
L L L L
n2 π 2 − n2 π2 2 t0 .
≤M 2 e L = sn , (t, x) ∈ (t0 , ∞) × [0, L], n ∈ N.
L
208 CAPÍTULO 7. SÉRIES DE FOURIER
Mas
2 2 n2 π 2 2 2
sn M nLπ2 e− L2
t0
n2 nLπ2 M π2 x4
lim = lim 1 = M lim n2 π 2
= lim
n→∞ dn n→∞
n2
n→∞
e L2 t0 L2 x→∞ e xL2 π22 t0
d 4
L’Hôpital M π2 dx
x M π2 3x3
= lim 2 2 = lim 2 2
L2 x→∞ d xLπ2 t0
e L2 x→∞ 2xπ 2
t e
x π
L2
t0
dx L 2 0
d 2
3M π 2 1 x2 L’Hôpital 3M x
= lim = lim dxx2 π2
2L2 Lπ22 t0 x→∞ e xL2 π22 t0 2t0 x→∞ d e L2 t0
dx
3M 2x
lim x2 π 2
=0 (7.177)
2t0 x→∞ 2xπ 2
t e L2 t0
L2 0
X∞
1
Como a série numérica é convergente segue, do Critério da razão por limites,
n=1
n2
X∞
n2 π 2 n2 π2
segue que série numérica M 2 e− L2 t0 é convergente.
n=1
L
Logo Teste M.de Weierstrass (5.3.1) segue que a série de funções
∞
X ∞
X
n2 π 2 − n2 π2 2 t nπ
∂t un (t, x) = − 2 bn e L sen( x)
n=1 n=1
L L
converge uniformemente em [t0 , ∞) × [0, L].
X∞
n2 π 2 nπ
Como a série de funções bn e− L2 t sen( x) converge em [0, ∞) × [0, L] segue do
n=1
L
Corolário (5.3.1) item 3. que a série de funções pode ser derivada em relação a t , termo
a termo, em [t0 , ∞) × [0, L], ou seja:
∞
X X ∞
−n
2 π2
t nπ n2 π 2 nπ
∂t u(t, x) = ∂t bn e L2 sen( x) = ∂t [bn e− L2 t sen( x)]
n=1
L n=1
L
∞
X n2 π 2 − n2 π2 2 t nπ
= − 2
bn e L sen( x), (t, x) ∈ [t0 , ∞) × [0, L]. (7.178)
n=1
L L
De modo semelhante temos para (t, x) ∈ [t0 , ∞) × [0, L] que:
nπ
n2 π 2 nπ n2 π 2 nπ
∂x un (t, x) = ∂x [bn e− L2
t
x)] = bn [ ]e− L2 t cos( x)
sen(
L L L
nπ − n2 π2 2 t nπ
= bn e L cos( x), (t, x) ∈ (t0 , ∞) × [0, L], n ∈ N.
L L
Logo
nπ − n2 π2 2 t nπ nπ n2 π 2 nπ
|∂x un (t, x)| = | bn e L cos( x)| = |bn |e− L2 t | cos( x)|
L L L L
nπ − n2 π2 2 t0 .
≤M e L = rn , (t, x) ∈ (t0 , ∞) × [0, L], n ∈ N.
L
7.8. APLICAÇÃO DE SÉRIE DE FOURIER A EDP’S 209
Mas
2 π2
−n t0
rn M nπ
L
e L2 n2 nπ
L Mπ x3
lim = lim 1 = M lim n2 π 2
= lim x2 π2
n→∞ dn n→∞ n→∞ L x→∞ e L2 t0
n2 e L2 t0
d 3
L’Hôpital Mπ dx
x Mπ 3x2
= lim 2 2 = lim x2 π 2
L x→∞ d xLπ2 t0
e L x→∞ 2xπ 2
t e L2
t0
dx L2 0
d
M π 3L2 x L’Hôpital 3LM dx
x
= 2
lim x2 π2 = = lim 2 2
Lt0 2π t0 x→∞ e L2 t0 2πt0 x→∞ d xLπ2 t0
e
dx
3LM 1
= lim = 0.
2πt0 x→∞ 2xπ2 t e xL2 π22 t0
L2 0
X∞
1
Como a série numérica 2
é convergente segue, do Critério da Razão por Limites,
n=1
n
X∞
nπ n2 π2
segue que série numérica M e− L2 t0 é convergente.
n=1
L
Logo Teste M.de Weierstrass (5.3.1) segue que a série de funções
∞
X ∞
X nπ n2 π 2 nπ
∂x un (t, x) = bn e− L2
t
cos( x)
n=1 n=1
L L
Logo de (7.178) e (7.179) segue que u ∈ C([0, ∞) × [0, L]) ∩ C 1 ((0, ∞) × [0, L]) e que
a série de funções (7.175) pode ser derivada em relação a t ou a x, termo a termo, em
((0, ∞) × [0, L].
De modo análogo mostra-se (exercı́cio) que u ∈ C([0, ∞) × [0, L]) ∩ C ∞ ((0, ∞) × [0, L])
e que a série de funções (7.175) pode ser derivada em relação a t ou a x (a qualquer ordem,
termo a termo, em ((0, ∞) × [0, L], isto é:
X ∂ k+m ∞
∂ k+m 2 2
− n π2 t nπ
u(t, x) = [b n e L sen( x)],
∂tk xm n=1
∂t k xm L
e
∞
X X ∞
−n
2 π2
t nπ n2 π 2 nπ
∂t u(t, x) = ∂t bn e L2 sen( x) = ∂t [bn e− L2 t sen( x)]
n=1
L n=1
L
∞
X X∞
n2 π 2 − n2 π2 2 t nπ n2 π 2 − n2 π2 2 t nπ
= bn (− 2
)e L sen( x) = − b n 2
e L sen( x). (7.181)
n=1
L L n=1
L L
Observação 7.8.1
∞
a0 X n2 π 2 nπ
u(t, x) = + an e− L2 t cos( x), t ≥ 0, x ∈ [0, L], (7.186)
2 n=1
L
Com isto podemos provar o seguinte resultado, cuja demosntração é análoga ao caso
tratado acima e será deixada como exercı́cio para o leitor.
Teorema 7.8.2 Suponhamos que f ∈ C([0, L)]) é diferenciável, exceto um número finito
de pontos e f 0 ∈ SC([0, L]).
Então a série de funções (7.186) converge uniformemente em [0, ∞) × [0, L] para uma
função u ∈ C([0, ∞) × [0, L]) ∩ C ∞ ((0, ∞) × [0, L]) que é solução de (7.182)-(7.184), onde
os bn , n ∈ N, são dados por (7.187).
Observação 7.8.2 Podemos mostrar (será omitida a prova) que, como no caso anterior,
a solução acima é única.
Exemplo 7.8.1
212 CAPÍTULO 7. SÉRIES DE FOURIER
π
2
-
π
2 π x
π
2
-
π
−π 2 π x
−π
2
7.8. APLICAÇÃO DE SÉRIE DE FOURIER A EDP’S 213
Mas
Z ¿ À
u = x ⇒ du = dx
(int. por partes)
xsen(nx) dx =
dv = sen(nx) dx ⇒ v = − cos(nx)
n
Z
cos(nx) cos(nx) cos(nx) sen(nx)
= −x − − dx = −x + ,n∈N
n n n n2
logo
Z π Z π Z π
2 2
bn = [ xsen(nx) dx + π sen(nx) dx − xsen(nx) dx]
π 0 π π
½ 2 2
¾
2 cos(nx) sen(nx) x= π2 cos(nx) x=π cos(nx) sen(nx) x=π
= [−x + ]|x=0 − π |x= π + [−x + ]|x= π
π n n2 n 2 n n2 2
½ π π π
2 π cos(n 2 ) sen(n 2 ) cos(n0) sen(n0) cos(nπ) cos(n 2 )
= [− + 2
− (−0 + 2
)] − π[ − ]
π 2 n n n n n n
¾
cos(nπ) sen(nπ) π cos(n π2 ) sen(n π2 )
+[−π + − (− + )]
n n2 2 n n2
½ ¾
2 cos(nπ) cos(n π2 ) cos(nπ) 2n π o
= −π[ − ]−π = −2(−1)n + cos(n )] , n ∈ N.
π n n n n 2
½ n
π (−1) 2 , n par
Observemos que: cos(n 2 ) = portanto
0, n ı́mpar
1
b2n = {−2 − (−1)n }
n
4
b2n+1 = (7.188)
n
ou seja
∞
. X 2
u(t, x) = bn e−n t sen(nx), (t, x) ∈ (0, ∞) × [0, L],
n=1
214 CAPÍTULO 7. SÉRIES DE FOURIER
Logo do Teorema (7.8.1) segue que a u = u(t, x) acima é uma solução do nosso
problema.
Resolução:
y
6
-
π x
Logo considerando F a extensão par 2π-periódica de f a reta toda temos que F será
contı́nua em R.
y
6
-
−π π x
Neste caso
∞ ∞
a0 X n2 π 2 nπ a0 X n2 π 2 nπ
u(t, x) = + an e− L2 t cos( x) = + an e− π2 t cos( x)
2 n=1
L 2 n=1
π
∞
a0 X 2
= + an e−n t cos(nx), (t, x) ∈ [0, ∞) × [0, L],
2 n=1
Mas,
Z ¿ À
u = x ⇒ du = dx
(int. por partes)
x cos(nx) dx =
dv = cos(nx) dx ⇒ v = sen(nx)
n
Z
sen(nx) sen(nx) sen(nx) cos(nx)
=x − dx = x + ,
n n n n2
logo
Z · ¸x=π
2 π 2 sen(nx) cos(nx)
an = x cos(nx) dx = x +
π 0 π n n2 x=0
· ¸ · ¸
2 sen(nπ) cos(nπ) sen(n0) cos(n0) 2 cos(nπ) 1
= π + − (0 + ) = − 2
π n n2 n n2 π n2 n
n
2[(−1) − 1]
= , n = 0, 1, 2, · · · , (7.189)
n2 π
216 CAPÍTULO 7. SÉRIES DE FOURIER
ou seja
∞ ∞
a0 X 2
X 2[(−1)n − 1] 2
u(t, x) = + an e−n t cos(nx) = 2
e−n t cos(nx)
2 n=1 n=1
nπ
∞
X −4 2
= 2
e−(2n+1) t cos[(2n + 1)x], (t, x) ∈ [0, ∞) × [0, L]. (7.190)
n=1
(2n + 1) π
18.06 - 28.a
onde c2 é uma constante que está relacionada com a tensão e a densidade da corda.
y
Perfil da Corda no Instante t ≥ 0
6
6
u(t, x)
?
-
x L x
7.8. APLICAÇÃO DE SÉRIE DE FOURIER A EDP’S 217
0 = ∂t2 u(t, x) − ∂x2 u(t, x) = ψ 00 (t)φ(x) − ψ(t)φ00 (x), t > 0, x ∈ (0, L).
Supondo que u(t, x) 6= 0 (a solução trivial não nos interessa) deveremos ter ψ(t), φ(x) 6= 0,
t ≥ 0 e x ∈ [0, L], então:
ou seja, teremos:
Como ψ(t) 6= 0 (pois caso contrário, terı́amos u(t, x) = 0, para todo t ≥ 0 e x ∈ [0, L])
dividindo ambos os membros da igualdade por ψ(t) teremos
φ(0) = 0 = φ(L),
que já foi tratado no caso da distribuição de calor no fio finito (ver (7.9), (7.10) e (7.11))
cuja solução será
nπ
φ(x) = φn (x) = sen( x), x ∈ [0, L], n ∈ N.
L
218 CAPÍTULO 7. SÉRIES DE FOURIER
nπ
A solução geral da EDO (7.196) é (λ = λn = L
) :
nπ nπ
ψn (t) = A cos( t) + Bsen( t), t ≥ 0.
L L
Assim, para cada n ∈ N temos que:
nπ nπ nπ nπ
un (t, x) = ψn (t)φn (x) = an cos( t)sen( x) + bn sen( t)sen( x), t ≥ 0, x ∈ [0, L],
L L L L
será solução de (7.191) e (7.194).
Logo, formalmente,
∞
. X
u(t, x) = ψn (t)φn (x)
n=1
X∞
nπ nπ nπ nπ
= an cos( t)sen( x) + bn sen( t)sen( x), t ≥ 0, x ∈ [0, L] (7.201)
n=1
L L L L
isto é, f (ou melhor, sua extensão ı́mpar e 2L-periódica) deverá possuir uma expansão
em série de Fourier (no caso em senos), ou seja:
Z L
2 nπ
An = f (x)sen( x) dx, n ∈ N.
L 0 L
Para u = u(t, x) acima satisfazer (7.193) deveremos ter (derivando a série termo a
termo):
∞
X nπ nπ nπ nπ nπ nπ
g(x) = ut (0, x) = −An sen( 0) sen( x) + Bn cos( 0) sen( x)
n=1
L L L L L L
∞
X nπ nπ
= Bn sen( x), x ∈ [0, L],
n=1
L L
isto é, g (ou melhor, sua extensão ı́mpar e 2L-periódica) deverá possuir uma expansão em
série de Fourier (no caso em senos), ou seja:
Z L
nπ 2 nπ
Bn = g(x)sen( x) dx, n ∈ N,
L L 0 L
7.8. APLICAÇÃO DE SÉRIE DE FOURIER A EDP’S 219
ou seja,
Z L Z L
2L nπ 2 nπ
Bn = g(x)sen( x) dx = g(x)sen( x) dx, n ∈ N.
Lnπ 0 L nπ 0 L
Com isto podemos enunciar o seguinte resultado, cuja demostração será deixada para
o leitor:
Teorema 7.8.3 Suponhamos que f ∈ C 2 ([0, L]) e g ∈ C 1 ([0, L]), f (0) = f (L) = f 00 (0) =
f 00 (L) = g(0) = g(L) = 0.
Então a série de funções (7.202) converge uniformemente em [0, ∞) × [0, L] para uma
função u ∈ C 2 ([0, ∞) × [0, L]) que é solução de (7.191)-(7.194), onde os An , Bn , n ∈ N,
são dados por (7.203) e (7.204), respectivamente .
6
u(t, x)
?
-
x L x
220 CAPÍTULO 7. SÉRIES DE FOURIER
, isto é, f (ou melhor, sua extensão par e 2L-periódica) deverá possuir uma expansão em
série de Fourier (no caso em senos), ou seja:
Z
2 L nπ
An = f (x) cos( x) dx, n ∈ N. (7.216)
L 0 L
Para u = u(t, x) acima satisfazer (7.207) deveremos ter (derivando a série termo a
termo):
∞
X nπ nπ nπ nπ nπ nπ
g(x) = ut (0, x) = −An sen( 0) cos( x) + Bn cos( 0) cos( x)
n=1
L L L L L L
∞
X nπ nπ
= Bn cos( x), x ∈ [0, L],
n=1
L L
isto é, g (ou melhor, sua extensão ı́mpar e 2L-periódica) deverá possuir uma expansão em
série de Fourier (no caso em senos), ou seja:
Z
nπ 2 L nπ
Bn = g(x) cos( x) dx, n ∈ N,
L L 0 L
222 CAPÍTULO 7. SÉRIES DE FOURIER
ou seja,
Z L Z L
2L nπ 2 nπ
Bn = g(x) cos( x) dx = g(x) cos( x) dx, n ∈ N. (7.217)
Lnπ 0 L nπ 0 L
∞ h
X nπ nπ nπ nπ i
u(t, x) = An cos( t) cos( x) + Bn sen( t) cos( x) (7.218)
n=1
L L L L
Teorema 7.8.4 Suponhamos que f ∈ C 2 ([0, L]) e g ∈ C 1 ([0, L]), f 0 (0) = f 0 (L) = g 0 (0) =
g 0 (L) = 0.
Então a série de funções (7.218) converge uniformemente em [0, ∞) × [0, L] para uma
função u ∈ C 2 ([0, ∞) × [0, L]) que é solução de (7.205)-(7.208), onde os An , Bn , n ∈ N,
são dados por (7.216) e (7.217), respectivamente .
½
x, 0 ≤ x ≤ π2
onde f (x) = e g(x) = 2sen(3x) − 9sen(5x), 0 ≤ x ≤ π.
π − x, π2 ≤ x < π
Resolução:
y
6
π
2
-
π
−π 2 π x
−π
2
De modo análogo, g possui uma (única) extensão ı́mpar, 2π-periódica dada por
∞
G(x) = 2sen(3x) − 9sen(5x), x ∈ R, portanto de classe Cper (2π).
∞ h
X nπ nπ nπ nπ i
u(t, x) = An cos( t)sen( x) + Bn sen( t)sen( x)
n=1
L L L L
∞ h
X nπ nπ nπ nπ i
= An cos( t)sen( x) + Bn sen( t)sen( x)
n=1
π π π π
∞
X
= [An cos(nt)sen(nx) + Bn sen(nt)sen(nx)] (7.219)
n=1
Z Z
2 L nπ 2 π nπ
An = f (x)sen( x) dx = f (x)sen( x) dx
L 0 L π 0 π
Z π ½ 1
2 (7.188) A2n = n [−2 − (−1)n ]
= f (x)sen(nx) dx = , n ∈ N;
π 0 A2n+1 = n4
2, n=3
Bn = −9, n = 5
0, n 6= 3, 5.
pois a extensão ı́mpar, 2π-periódica da função g já está representada por sua série
de Fourier.
224 CAPÍTULO 7. SÉRIES DE FOURIER
∞
X
u(t, x) = [An cos(nt)sen(nx) + Bn sen(nt)sen(nx)]
n=1
X∞ ∞
X
= A2n cos(2nt)sen(2nx) + A2n+1 cos[(2n + 1)t]sen[(2n + 1)x]
n=1 n=1
+ B3 sen(3t)sen(3x) + B5 sen(5t)sen(5x)
X∞ X∞
1 4
= [−2 − (−1)n ] cos(2nt)sen(2nx) + cos[(2n + 1)t]sen[(2n + 1)x]
n=1
n n=1
n
+ 2sen(3t)sen(3x) − 9sen(5t)sen(5x)
t ≥ 0, x ∈ [0, π].
Pode-se mostrar que satisfaz nosso problema exceto sobre os segmentos de retas
x + t = π2 e x − t = π2 .
Ao longo desses segmentos de retas a u não será diferenciável. Isto será deixada
como exercı́çio para o leitor.
Vale observar que não podemos aplicar o teorema (7.8.3) pois a função f não satisfaz
as hipótese (ela não é duas vezes continuamente diferenciável em [0, π]).
Resolução:
Observemos que a extensão par 2π-periódica de g a reta toda será dada por G(x) =
cos(3x) − cos(5x) + cos(6x), x ∈ R.
7.8. APLICAÇÃO DE SÉRIE DE FOURIER A EDP’S 225
y
6
-
−π π x
∞ h
X nπ nπ nπ nπ i
u(t, x) = An cos(
t) cos( x) + Bn sen( t) cos( x)
n=1
L L L L
∞ h
X nπ nπ nπ nπ i
= An cos( t) cos( x) + Bn sen( t) cos( x)
n=1
π π π L
∞
X
= [An cos(nt) cos(nx) + Bn sen(nt) cos(nx)]
n=1
Z L Z π
2 nπ 2 nπ
An = f (x) cos( x) = f (x) cos( x) dx
L 0 L π 0 π
n
(7.189) 2[(−1) − 1]
=
n2 π
1, n=3
−1, n = 5
Bn = .
1, n=6
0, n 6= 3, 5, 6.
226 CAPÍTULO 7. SÉRIES DE FOURIER
∞
X
u(t, x) = [An cos(nt) cos(nx) + Bn sen(nt) cos(nx)]
n=1
X∞
2[(−1)n − 1]
= cos(nt) cos(nx)
n=1
n2 π
+ sen(3t) cos(3x) − sen(5t) cos(5x) + sen(6t) cos(6x)
∞
X −4
= cos[(2n + 1)nt] cos[(2n + 1)nx]
n=1
(2n + 1)2 π
+ sen(3t) cos(3x) − sen(5t) cos(5x) + sen(6t) cos(6x)
t ≥ 0, x ∈ [0, π].
Pode-se mostrar que satisfaz nosso problema exceto sobre os segmentos de retas
x + t = 0 e x − t = π. Ao longo desses segmentos de retas a u não será diferenciável.
Isto será deixada como exercı́çio para o leitor.
Vale observar que não podemos aplicar o teorema (7.8.5) pois a função f não satisfaz
as hipótese (ela não é duas vezes continuamente diferenciável em [0, π]).
Esse problema consiste em encontrar u = u(x, y), (x, y) ∈ [a, A] × [b, B] que satisfaz
6
f4
f1 f2
B
f3
- x
a A
.
O operador ∆ = ∂x2 + ∂y2 é conhecido por Operador Laplaciano.
Vamos considerar o caso em que a = b = 0.
O caso geral será deixado como exercı́cio (bsata fazermos translações).
Além disso, faremos f1 (y) = f2 (y) = 0, 0 ≤ y ≤ B e f4 (x) = 0, 0 ≤ x ≤ A, isto é:
Solução u1 (x, y):
y
6 f4 (x) = 0
f1 (y) = 0 f2 (y) = 0
-
A x
f3
Sabendo o caso que resolveremos podemos obter a solução do caso geral (com a = b = 0)
somando-se as soluções de cada um dos problemas abaixo.
f1 f2 (y) = 0
-
f3 (x) = 0 A x
228 CAPÍTULO 7. SÉRIES DE FOURIER
Solução u3 (x, y):
y
6 f4 (x) = 0
f1 (y) = 0 f2
-
f3 (x) = 0 A x
f1 (y) = 0 f2 (y) = 0
-
f3 (x) = 0 A x
ou seja, a solução u(x, y) = u1 (x, y)+u2 (x, y)+u3 (x, y)+u4 (x, y), (x, y) ∈ [0, A]×[0, B].
Trataremos do problema de encontrar u = u(x, y), definida em [0, A] × [0, B] que
satisfaz:
isto é,
Mas
ψ(y)6=0
0 = u(0, y) = φ(0)ψ(y) ⇒ φ(0) = 0 (7.231)
ψ(y)6=0
0 = u(A, y) = φ(A)ψ(y) ⇒ φ(A) = 0 (7.232)
φ(x)6=0
0 = u(x, B) = φ(x)ψ(B) ⇒ ψ(B) = 0. (7.233)
Como
nπ nπ nπ nπ
0 = ψ(B) = Ce A B + De− A B ⇔ Ce A B = −De− A B
2nπ
⇔ C = −De− A
B
, n ∈ N. (7.242)
nπ ¡ nπ nπ ¢ nπ nπ
= −Ce− A B e A y−B − e− A (y−B) = −2De− A B senh( (y − B)), y ∈ [0, B],
A
ou seja, podemos tomar
. nπ nπ
ψn (y) = e− A B senh( (y − B)), y ∈ [0, B]. (7.243)
A
Logo, de (7.240) e (7.243), segue que
nπ nπ nπ
un (x, y) = φn (x)ψn (y) = e− A B sen( x) senh( (y − B)),
A A
(x, y) ∈ [0, A] × [0, B].
Tomando-se, formalmente, a solução do nosso problema como sendo
∞
X ∞
X
u(x, y) = un (x, y) = φ(x)ψn (y)
n=1 n=1
∞
X nπ nπ nπ
= bn e− A B sen( x)senh( (y − B)) (7.244)
n=1
A A
x ∈ [0, a], ou seja a extensão, F , ı́mpar e 2a-periódica de f deve possuir uma representação
em série de Fourier ( no caso uma série em senos), logo:
Z
nπ 2 A nπ
−bn senh( B)) = f (x)sen( x) dx, n ∈ N,
A A 0 A
7.8. APLICAÇÃO DE SÉRIE DE FOURIER A EDP’S 231
ou seja,
Z A
2 nπ
bn = − f (x)sen( x) dx, n ∈ N, (7.245)
Asenh( nπ
A
B)) 0 A
Com isto podemos enunciar o seguinte resultado, cuja demonstração será deixada para
o leitor:
Teorema 7.8.5 Suponhamos que f ∈ C 2 ([0, A]), f (0) = f (A) = f 00 (0) = f 00 (A) = 0.
Então a série de funções (7.244) converge uniformemente em [0, A] × [0, B] para uma
função u ∈ C 2 ([0, A] × [0, B]) que é solução de (7.225)-(7.228), onde os bn , n ∈ N, são
dados por (7.245).
21.06 - 29.a
-
x
r
x = x(r, θ) = r cos(θ)
y = y(r, θ) = rsen(θ),
θ
ª
2π 6
-
x
-
0 1 r
Logo u = u(x, y) é solução da equação de Laplace (7.246) em Ω se, e somente se, v = v(r, θ)
satisfaz
1 1
∂r2 v + ∂r v + 2 ∂θ2 v = cos2 (θ) ∂x2 u + 2sen(θ) cos(θ) ∂yx u + sen2 (θ) ∂y2 u
r r
1
+ [cos(θ) ∂x u + sen(θ) ∂y u]
r
1
+ 2 [−r cos(θ) ∂x u − rsen(θ) ∂y u + r2 sen2 (θ) ∂x2 u
r
− 2r2 sen(θ) cos(θ) ∂yx u + r2 cos2 (θ) ∂yy u]
= ∂x2 u + ∂y2 u = 0.
v(1, θ) = g(θ), θ ∈ R,
.
onde g(θ) = f (cos(θ), sen(θ)), θ ∈ R.
Observemos que
logo λ ∈ R, ou melhor λ ≥ 0. Z 2π
Se λ = 0 então, da identidade acima, temos que 0 = |ψ 0 (t)|2 dt e como ψ 0 é
0
contı́nua em R segue que ψ 0 (t) = 0, t ∈ R, logo ψ deverá ser constante.
Se λ > 0 então a solução geral da EDO (7.255) será
√ √
ψ(θ) = Aλ cos( λθ) + Bλ sen( λθ). (7.259)
Mas, de (7.256), devemos ter
√ √ √ √
Aλ cos( λθ) + Bλ sen( λθ) = ψ(θ) = ψ(θ + 2π) = Aλ cos[ λ(θ + 2π)] + Bλ sen[ λ(θ + 2π)]
isto é:
√ √ √ √
Aλ cos( λθ) + Bλ sen( λθ) = Aλ cos[ λ(θ + 2π)] + Bλ sen[ λ(θ + 2π)]
√ √ √ √
= Aλ [cos( λθ) cos( λ2π) − sen( λθ)sen( λ2π)]
√ √ √ √
+ Bλ [sen( λθ) cos( λ2π) + cos( λθ)sen( λ2π)] ⇔
√ √ √ √ √
⇔ Aλ cos( λθ) + Bsen( λθ) = [Aλ cos( λ2π) + Bλ sen( λ2π)] cos( λθ)
√ √ √
+ [Bλ cos( λ2π) − Aλ sen( λ2π)]sen( λθ).
Logo, fazendo:
√ √
θ = 0 ⇒ Aλ = Aλ cos( λ2π) + Bλ sen( λ2π) (7.260)
π √ √
θ = √ ⇒ Bλ = Bλ cos( λ2π) − Aλ sen( λ2π). (7.261)
2 λ
Multiplicando a (7.260) por Aλ e (7.261) por Bλ e somando-se obteremos:
√ √ √ √
A2λ cos( λ2π) + Aλ Bλ sen( λ2π) + Bλ2 cos( λ2π) − BAsen( λ2π) = A2λ + Bλ2 ⇔
√ √ √
⇔ cos( λ2π) = 1 ⇔ λ2π = 2kπ, k ∈ N ⇔ λ = k, k ∈ N ⇔ λ = k 2 , k ∈ N.
Logo (7.259) tornar-se-a:
√ √
ψ(θ) = Aλ cos( λθ) + Bλ sen( λθ)
.
= Ak cos(kθ) + Bk sen(kθ) = ψk (θ), k = 1, 2, · · · . (7.262)
7.8. APLICAÇÃO DE SÉRIE DE FOURIER A EDP’S 235
Vale observar que não precisaremos dos valores de k negativos pois neste caso ψk (θ) =
Ak cos(kθ) + Bk sen(kθ) = A cos(−(−k)θ) + Bsen(−(−k)θ) = Ak cos(kθ) − Bk sen(kθ) =
. .
Ã−k cos(kθ) + B̃−k sen(kθ), onde Ã−k = Ak e B̃−k = −Bk , k = −1, −2, −3, · · · , ou seja,
basta considerarmos k = 1, 2, 3, · · · .
O caso k = 0 dará origam a solução constante que já foi tratada no caso λ = 0.
Por outro lado, se λ = k 2 , k = 0, 1, 2, · · · , então (7.257) tornar-se-a:
φk (r) = Ck rk + Dk r−k , k ∈ N
φ0 (r) = C0 + D0 ln(r).
Como estamos procurando soluções contı́nuas em [0, 1]×R, as soluções da equação de Euler
deverão ser contı́nuas, em particular, em r = 0, ou seja, Dk = 0 para todo k = 0, 1, 2, · · ·
Logo as soluções que nos interessarão são
φk (r) = Ck rk , k ∈ N.
onde
A0
C0 =
2
Ak − iBk
Ck =
2
Ak + iBk
C−k = ,k∈N
2
(7.263)
eikθ + e−ikθ eikθ − e−ikθ
(lembremos que cos(kθ) = e sen(kθ) = ).
2 2i
Impodo a condição inicial, isto é, (7.253), obtemos:
∞
X
g(θ) = v(1, θ) = Ck eikθ , (r, θ) ∈ [0, 1] × R.
k=0
Pode-se mostrar que a série acima converge uniformemente em [0, 1] × R, que a série
pode ser derivada, termo a termo, duas vezes em relação a r e θ em [0, 1) × R e portanto
satisfaz (7.251)-(7.254).
A demostração desse fato será deixada a cargo do leitor.
Com isto podemos obter u(x, y) = v(r, θ) solução de (7.246), (7.247) e (7.248) para
(x, y) ∈ Ω = {(x, y) ∈ R2 : x2 + y 2 < 1} e provar o seguinte resultado:
Teorema 7.8.6 Sejam Ω = {(x, y) ∈ R2 : x2 + y 2 < 1} e f ∈ C(∂Ω). Se v = v(r, θ),
(r, θ) ∈ [0, 1] × R é dada por (7.265) então u : Ω → R dada por:
½
v(r, θ), x = r cos(θ), y = rsen(θ), (r, θ) ∈ [0, 1) × R
u(x, y) =
f (x, y), x2 + y 2 = 1
é solução de (7.246)-(7.248).
Observação 7.8.6 Pode-se mostrar que a solução acima é única (exercı́cio para o leitor).
FIM
7.8. APLICAÇÃO DE SÉRIE DE FOURIER A EDP’S 237
References
[F. ] Figueiredo, D.G. - Análise Fourier e Equações Diferenciais Parciais, Projeto Eu-
clides, IMPA, CNPq, 1975.
[Le. ] Leithold , G. - O Cálculo com Geometria Analı́ica, Vol. 2, Editora Harbra, São
Paulo, 19868.
[Li. ] Lima, E.L. - Curso de Análise - Vol. 1, Projeto Euclides, IMPA, CNPq, 1976.
[Si. ] Simmons, G.F. - Cálculo com Geometria Analı́tica, Vol. 2 , McGraw-Hill do Brasil,
Rio de Janeiro, 1987.
[St. ] Stewart, J. - Cálculo , Vol. 2, Pioneira Thomson Learning, São Paulo, 2004.