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Física
Mecânica 1
Volume 1
PREFÁCIO
O Autor
Março de 2.006
SUMÁRIO
Galileu
4 │ Física Mecânica I
Newton
1.3. MATÉRIA
A matéria manifesta três propriedades fundamentais: massa, carga e energia. Nos
fenômenos que intervêm altas energias, a Relatividade postula que a massa se trans-
forma em energia e reciprocamente (mas não totalmente). Newton nos legou o concei-
to útil de partícula entendida como um ponto material tirado do seio da matéria (sem
estrutura, à guisa de um ponto geométrico, para o qual são abstraídos os aspectos de
tamanho, volume ou forma, tendo, porém, massa e/ou carga elétrica). Este conceito
também é usado para referendar corpos cujas dimensões podem ser ignoradas diante
de grandes distâncias, a exemplo da Terra em relação ao Sol, ou ambo,s em relação
às chamadas estrelas fixas. O conceito de partículas passa à Física Moderna com a
adjetivação de elementares, designando as partículas atômicas e subatômicas.
O Universo tal como é concebido hoje é uma conquista científica dos últimos sé-
culos conseguida através de incansáveis observações com potentes telescópios, e em
especial, do século XX com o uso de técnicas de radiotelescopia e de sondas espaciais,
cujas descobertas mais importantes passamos a resumir:
[1ª] Em 1918, Harlow Shapley (1885-1972), astrônomo norte-americano, descobriu que o Sol(1) não
está situado no centro da nossa galáxia, chamada de Via Láctea, como se supunha, mas à sua perife-
ria, cujo raio estimou-se em cerca de 40.000 anos-luz (1 ano-luz, abrevia-se como 1 aL, é a distância
percorrida pela luz no vazio durante 1 ano e vale 9,460 53x1015 m) e tem uma espessura de 16.000 aL,
contendo cerca de 2x1011 estrelas, fig.1.1(a);
(1)
É interessante registrar aqui que só em 1440 com Nicolau de Cusa (Krebs) (1401-1464), erudito e
cardeal alemão, que o Sol foi reconhecido como sendo uma estrela e que as estrelas são sóis; que no
espaço sideral não há para baixo nem para cima e que o Universo é infinito.
6 │ Física Mecânica I
Figura 1.1(a)
[2ª] Em 1919 Willen de Sitter (1872-1934), astrônomo holandês, aplicando a Teoria da Relatividade
Geral à Cosmologia conclui que o Universo é dinâmico, curvo e está gradualmente em expansão, de
modo que nenhum raio alcança o seu ponto de partida, já que o Universo terá uma curvatura paulatina-
mente crescente, corrigindo Einstein. Einstein tinha preconizado um raio de curvatura constante e um
Universo estático, sem nenhuma modificação de tamanho, embora a luz se curvasse sob a influência
gravitacional; depois, Einstein aceita a correção de Sitter;
[3ª] Em 1927 Jan Hedrik Oort (1900 - ), astrônomo holandês, demonstrou que a Via Láctea move-se
lentamente em torno do seu centro de gravidade e que o Sol completa uma revolução em torno daquele
centro em 225 milhões de anos;
[4ª] Em 1929 Edwin Powell Hubble (1889-1953), astrônomo norte-americano, indo além da Via Lác-
tea, descortina uma ampla visão do Universo, estudando outras galáxias, classificando-as de acordo
com suas formas e chegando à conclusão de que cerca de 60% delas têm uma estrutura espiralada,
fig.1.1(b); que as nebulosas (formadas de gases iluminados por estrelas) fazem parte da nossa galáxia;
que as galáxias estão em fuga ou em recessão, com velocidade proporcional a uma distância D, refe-
rente à nossa Terra (vide item 8.7); e que o Universo possível de conhecer encerra uma esfera de raio
com cerca de 13 bilhões de aL;
Figura 1.1(b)
Capítulo 1 - Introdução │ 7
[5ª] Em 1944 Carl Friedrich, Barão Von Weizsäcker (1912 - ), astrônomo alemão, demonstrou que a
formação de planetas é uma etapa natural da evolução das estrelas, de modo que no Universo deverão
existir inumeráveis deles, fato este que corrobora com a tese da existência de vida inteligente também
fora do sistema solar;
[6ª] Em 1946 Fred Hoyle (1915 - ), astrônomo inglês, propôs a teoria de que originariamente o Sol era
uma estrela dupla, isto é, possuía uma companheira anã branca que entrou em colapso, formando os
planetas do sistema solar; com base no fato de que no estágio de anã branca os elementos mais leves
formam a camada externa e os mais pesados, o núcleo da estrela. Na fase de colapso ela explode,
transformando-se em supernova, que é uma estrela de 2ª geração, ou implode gerando uma anã branca,
cujos fragmentos expelidos, em parte ricos com elementos pesados, formarão os futuros planetas;
[7ª] Em 1952 Walter Baade (1893-1960), astrônomo alemão naturalizado norte-americano, mostrou
que a nossa Via Láctea é uma galáxia média, destronando-a, por conseguinte, da sua importância.
Figura 1.1(c)
Figura 1.1(c)
1.5. INTERAÇÃO
É uma lei natural que uma partícula colocada na presença de outra, de imediato,
estabelece-se entre elas uma interação mútua. Duas ou mais partículas, objeto de estu-
do, constituem um sistema físico isolado. Na natureza, existem quatro tipos básicos de
interações entre partículas ou corpos que são: (1ª) interação gravitacional, de natureza
atrativa, que acontece entre as massas; (2ª) interação eletromagnética, atrativa ou re-
pulsiva que ocorre entre cargas ou correntes elétricas; (3ª) interação nuclear ou forte,
que se verifica entre partículas de núcleos atômicos ou entre núcleons; e (4ª) interação
fraca, que sucede entre partículas elementares ligeiras ou léptons.
Como se pode aquilatar, a Física tem por finalidade o estudo da matéria e das inte-
rações mútuas de suas partes, e do estabelecimento de leis que as regem; num sentido
lato, é o estudo do Universo e da formulação de princípios ou leis que o governam.
A Física tem relação direta com todas as demais ciências naturais e de modo espe-
cial com a Química e a Astronomia.
[1] Mecânica: que é o estudo do movimento de corpos materiais e das suas causas.
Divide-se em (1) Cinemática - que é o estudo descritivo do movimento, independente-
mente de suas causas; (2) Dinâmica - que é o estudo do movimento pelas causas que
os produz; nela inclui-se a Gravitação, que se estende às interações entre os corpos
celestes; e (3) Estática - que estuda o equilíbrio estático de corpos. Essa Mecânica é
chamada geral para se distinguir das demais partes especiais a seguir dadas.
[1] DA GRANDEZA
Como se sabe, o método de medir uma grandeza desconhecida consiste em com-
pará-la com outra conhecida, da mesma espécie, tomada como padrão ou unidade. Re-
alizada a comparação da grandeza com a unidade, tem-se como resultado um número,
valor numérico ou a magnitude da grandeza.
(1.1a)
(1.1b)