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DAMASCYNCLITO MEDEIROS

FÍSICO E ENGENHEIRO ELETRICISTA

Física
Mecânica 1
Volume 1
PREFÁCIO

Este é um curso básico e atualizado de Mecânica Clássica destinado a alunos de cursos


de gaduação de Física, Engenharia e áreas afins(Química, Biologia, Astronomia, etc).

Os seus fundamentos estão expostos em linguagem clara e concisa, em capítulos ela-


borados à guisa de aulas, com o intuito de proporcionar ao leitor o auto-aprendizado.

A Mecânica Clássica por reunir os princípio básicos à iniciação Científica, torna-se


a disciplina curricular de excelência, indispensável à formação científica, tecnológica e
cultural do educando do 1º estágio de graduação, facultando-lhe a qualificação neces-
sária para a continuidade de estudos mais avançados do domínio da ciência Física.

O Autor

Março de 2.006
SUMÁRIO

Capítulo 1 - Introdução ........................................................................................................... 1


1.1. O que é a Física ................................................................................................................... 3
1.2. Nas Fronteiras da Física ...................................................................................................... 4
1.3. Matéria ................................................................................................................................ 5
1.4. Universo (do latim, Universu, que equivale ao grego, Kosmos, Cosmo) ........................... 5
1.5. Interação .............................................................................................................................. 8
1.6. Método da Física ................................................................................................................. 8
1.7. Física Clássica..................................................................................................................... 9
1.8. Grandeza e Medição ......................................................................................................... 10
1.9.Grandezas Escalares e Vetoriais......................................................................................... 13

Capítulo 2 - Cinemática ......................................................................................................... 27


2.1. Espaço e Tempo ................................................................................................................ 29
2.2. Sistema de Referência ....................................................................................................... 32
2.3. Cinemática da Partícula .................................................................................................... 34
2.4. Vetor Posição e Vetor Deslocamento ................................................................................ 34
2.5. Velocidade e Movimento Retilíneo ................................................................................... 35
2.6. Aceleração e Movimento Retilíneo Variado ..................................................................... 44
2.7. Queda Livre. Lançamento na Vertical .............................................................................. 55
2.8. Lançamento de Projéteis ................................................................................................... 62
2.9. Componentes Intrínsecas da Aceleração ........................................................................... 76
2.10. Movimento Circular (MC) .............................................................................................. 82
2.11.Velocidade Angular e Aceleração Angular....................................................................... 83
2.12. Movimento Circular (Cont.) ........................................................................................... 88
2.13. Movimento Harmônico Simples (MHS)....................................................................... 101
2.14. Movimento Relativo ..................................................................................................... 107
2.15. Movimento Relativo de Rotação .................................................................................. 110

Capítulo 3 - Dinâmica .......................................................................................................... 125


3.1. Intróito............................................................................................................................. 127
3.2. Dinâmica da Partícula. Leis de Newton .......................................................................... 128
3.3. Medição de Massa e de Força ......................................................................................... 131
3.4. Peso de um Corpo ........................................................................................................... 135
3.5. Sistema Inercial ............................................................................................................... 137
3.6. Aplicações das Leis de Newton ...................................................................................... 137
3.7. Força de Atrito ................................................................................................................ 148
3.8. Lei de Hooke. Oscilações Mecânicas. ............................................................................ 157
3.9. Método de D’Alembert ................................................................................................... 192
VI │ Física Mecânica I

3.10. Força Centrípeta, Centrífuga e de Coriolis ................................................................... 193


Capítulo 4 - Trabalho e Energia ......................................................................................... 209
4.1. Intróito............................................................................................................................. 211
4.2. Trabalho de uma Força.................................................................................................... 211
4.3. Energia Cinética .............................................................................................................. 218
4.4. Energia Potencial ............................................................................................................ 220
4.5. Princípio da Conservação da Energia ............................................................................. 226
4.6. Potência Mecânica e Rendimento ................................................................................... 235

Capítulo 5 - Impulso e Quantidade de Movimento ........................................................... 241

Capítulo 6 - Choque Mecânico............................................................................................ 253


6.1 Intróito.............................................................................................................................. 255
6.2. Choque Direto Elástico ................................................................................................... 257
6.3. Choque Direto Inelástico ................................................................................................ 262
6.4. Choque Oblíquo Elástico ................................................................................................ 265

Capítulo 7 - Quantidade de Movimento Angular.............................................................. 269

Capítulo 8 - Gravitação Universal ...................................................................................... 283


8.1. Intróito............................................................................................................................. 285
8.2. Lei da Gravitação Universal ........................................................................................... 292
8.3. Atração Gravitacional de uma Esfera ............................................................................. 308
8.4. Energia Potencial Gravitacional...................................................................................... 312
8.5. Lei da Gravitação. Órbitas Elípticas ............................................................................... 316
8.6. Campo Gravitacional ...................................................................................................... 327
8.7. Um pouco de Cosmologia............................................................................................... 333

Capítulo 9 - Dinâmica de um Sistema de Partículas......................................................... 343


9.1. Intróito............................................................................................................................. 345
9.2. As Leis de Newton para o Sistema de Partículas ............................................................ 345
9.3. Quantidade de Movimento do Sistema de Partículas ..................................................... 352
9.4. Momento Angular de um Sistema de Partículas ............................................................ 356
9.5. Energia Cinética do Sistema de Partículas...................................................................... 359
9.6. Trabalho sobre um Sistema de Partículas ....................................................................... 361

Capítulo 10 - Cinemática e Dinâmica do Corpo Rígido ................................................... 365


10.1. Intróito........................................................................................................................... 367
10.2. Translação do Corpo Rígido ......................................................................................... 368
10.3. Rotação do Corpo Rígido em Torno de um Eixo .......................................................... 375
10.4. Movimento Plano Geral do Corpo Rígido .................................................................... 380
10.5. Momento Angular e Momento de Inércia ..................................................................... 390
10.6. Cálculo do Momento de Inércia .................................................................................... 394
Sumário │ VII

10.7. Pêndulo Composto e Pêndulo de Torção ...................................................................... 409


10.8. Giroscópio ..................................................................................................................... 413

Capítulo 11 - Estática do Corpo Rígido ............................................................................. 421


11.1.Intróito ............................................................................................................................ 423
11.2. Binário ou Conjugado ................................................................................................... 423
11.3. Equilíbrio Estático......................................................................................................... 425
11.4. Equilíbrio de Graves ..................................................................................................... 435
11.5. Máquinas Simples ......................................................................................................... 437

Capítulo 12 - Corpos Deformáveis ..................................................................................... 451


12.1.Natureza das Tensões ..................................................................................................... 453
12.2. Deformações Relativas ................................................................................................. 455
12.3. Lei de Hooke e Módulo de Elasticidade ....................................................................... 456
12.4. Introdução ao Estudo de Vigas...................................................................................... 458

Apêndice A - Quadro de Conversões de Unidades para o SI ........................................... 475

Apêndice B - Utilitário Matemático ................................................................................... 481


CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO
Capítulo 1 - Introdução │ 3

1.1. O QUE É A FÍSICA


Esta é a pergunta natural para quem se inicia no estudo da ciência Física. His-
toricamente, a Física (do grego, Physis, que equivale ao latim, Natura, natureza), é a
parte da filosofia da natureza que trata do movimento e do repouso dos corpos inani-
mados e estabelece as causas e os princípios que regem ditos movimentos; portanto,
na sua origem, inscrevia-se a mecânica. Aristóteles (384-322 a.C.), filósofo grego,
inclui nela o estudo especulativo do movimento dos corpos celestes e dos meteoros,
ampliando assim o campo da mecânica terrestre para o celeste.

Com Galileu Galilei (1564-1642), físico, matemático e astrônomo italiano, a Físi-


ca sai definitivamente do terreno das lucubrações filosóficas e entra na era da experi-
mentação, cujo método ele teve a primazia de fundar. Publica duas obras principais: o
Diálogo sobre os dois Grandes Sistemas do Universo (Dialogo Dei Massimi Sistemi)
em 1632, onde defende a teoria heliocêntrica de Copérnico (e valeu-lhe o processo
inquisitório e julgamento em 1633); e o Discurso e Demonstrações Relativas a Duas
Novas Ciências (Discursi e Demostrazioni Matemátiche intorno à due Nueve Scien-
ze) em 1638, onde aborda o problema da resistência dos materiais, instituindo a lei do
cubo-quadrado (o volume aumenta ao cubo, enquanto que a resistência, ao quadrado),
postula a lei da inércia e elabora uma cinemática completa (corrigindo Aristóteles so-
bre a queda de graves e sobre a força para a manutenção do movimento de um corpo).
Constrói um telescópio e aplica-o às observações astronômicas (pela 1ª vez ele pode
ver algumas milhares de estrelas da Via Láctea que eram invisíveis a olho nu; observa
crateras e montanhas da Lua e manchas no Sol; descobre os quatro satélites de Júpiter
e as fases de Vênus) e mais uma vez corrige Aristóteles que imaginava a perfeição dos
céus(1); Galileu também é o inventor do 1° termômetro e da 1ª balança hidrostática.
(1)
Para Anaxágoras (500-428) a.C, Terra e Céu eram constituídos do mesmo material, conclusão a que
chegou, após examinar, em 468 a.C, um meteorito que caiu no litoral norte do mar Egeu

Galileu
4 │ Física Mecânica I

O coroamento da mecânica veio no ano de 1687 com a publicação da obra de Sir


Isaac Newton (1642-1727), físico e matemático inglês, escrita em latim(1) sob o títu-
lo de Princípios Matemáticos da Filosofia Natural (Philosophiae Naturalis Princípia
Mathematica), onde são apresentadas as três leis fundamentais da dinâmica, assim
como a lei da Gravitação Universal, com base na qual Newton explica e descreve a
interação Terra-Lua, as marés, os movimentos planetários do sistema solar e por fim,
os movimentos de todos os corpos celestes, legando-nos, assim, a primeira concepção
mecanicista do Universo.

(1) somente vertida para o inglês 42 anos depois.

Newton

1.2. NAS FRONTEIRAS DA FÍSICA


No início do século XX, a Física penetra no universo submicroscópico ou micro-
cosmo, com a descoberta da estrutura do átomo e das partículas subatômicas, onde as
interações acontecem envolvendo grandes energias em sistemas de diminutas massas
e cargas. Para descrever e explicar tais processos, uma nova mecânica foi estruturada
sob o título de Mecânica Quântica. Outra nova fronteira também é ampliada no uni-
verso supraterrestre ou macrocosmo, no qual as interações se processam envolvendo
enormes conglomerados de massas e energias que se propagam em altas velocidades.
Neste domínio, a mecânica celeste, newtoniana, dá lugar à Física Cosmológica que
adota princípios da Relatividade Geral. Dentro desse novo contexto, que inclui a cons-
tituição da matéria, a física é chamada de Moderna em oposição à física novecentista
que passa a ser denominada de Física clássica, ficando esta inscrita no domínio do
mesocosmo onde a natureza manifesta espectro contínuo de massa e energia e as inte-
rações ocorrem com velocidades relativamente pequenas, comparadas com a da luz;
e nela se inclui, em especial, alguns fenômenos à nível microscópico que podem ser
tratados classicamente tendo por limite c/10.
Capítulo 1 - Introdução │ 5

1.3. MATÉRIA
A matéria manifesta três propriedades fundamentais: massa, carga e energia. Nos
fenômenos que intervêm altas energias, a Relatividade postula que a massa se trans-
forma em energia e reciprocamente (mas não totalmente). Newton nos legou o concei-
to útil de partícula entendida como um ponto material tirado do seio da matéria (sem
estrutura, à guisa de um ponto geométrico, para o qual são abstraídos os aspectos de
tamanho, volume ou forma, tendo, porém, massa e/ou carga elétrica). Este conceito
também é usado para referendar corpos cujas dimensões podem ser ignoradas diante
de grandes distâncias, a exemplo da Terra em relação ao Sol, ou ambo,s em relação
às chamadas estrelas fixas. O conceito de partículas passa à Física Moderna com a
adjetivação de elementares, designando as partículas atômicas e subatômicas.

A descoberta do átomo como o constituinte último da matéria, permitiu que se


concluísse, em última análise, que todas as coisas são formadas de átomos, e estes,
por sua vez, de partículas elementares, de modo que podemos dizer que o Universo
pode ser entendido como a totalidade dos átomos ou das partículas materiais existen-
tes e suas interações.

1.4. UNIVERSO (DO LATIM, UNIVERSU, QUE EQUIVALE AO GRE-


GO, KOSMOS, COSMO)

O Universo tal como é concebido hoje é uma conquista científica dos últimos sé-
culos conseguida através de incansáveis observações com potentes telescópios, e em
especial, do século XX com o uso de técnicas de radiotelescopia e de sondas espaciais,
cujas descobertas mais importantes passamos a resumir:

[1ª] Em 1918, Harlow Shapley (1885-1972), astrônomo norte-americano, descobriu que o Sol(1) não
está situado no centro da nossa galáxia, chamada de Via Láctea, como se supunha, mas à sua perife-
ria, cujo raio estimou-se em cerca de 40.000 anos-luz (1 ano-luz, abrevia-se como 1 aL, é a distância
percorrida pela luz no vazio durante 1 ano e vale 9,460 53x1015 m) e tem uma espessura de 16.000 aL,
contendo cerca de 2x1011 estrelas, fig.1.1(a);

(1)
É interessante registrar aqui que só em 1440 com Nicolau de Cusa (Krebs) (1401-1464), erudito e
cardeal alemão, que o Sol foi reconhecido como sendo uma estrela e que as estrelas são sóis; que no
espaço sideral não há para baixo nem para cima e que o Universo é infinito.
6 │ Física Mecânica I

Figura 1.1(a)

[2ª] Em 1919 Willen de Sitter (1872-1934), astrônomo holandês, aplicando a Teoria da Relatividade
Geral à Cosmologia conclui que o Universo é dinâmico, curvo e está gradualmente em expansão, de
modo que nenhum raio alcança o seu ponto de partida, já que o Universo terá uma curvatura paulatina-
mente crescente, corrigindo Einstein. Einstein tinha preconizado um raio de curvatura constante e um
Universo estático, sem nenhuma modificação de tamanho, embora a luz se curvasse sob a influência
gravitacional; depois, Einstein aceita a correção de Sitter;

[3ª] Em 1927 Jan Hedrik Oort (1900 - ), astrônomo holandês, demonstrou que a Via Láctea move-se
lentamente em torno do seu centro de gravidade e que o Sol completa uma revolução em torno daquele
centro em 225 milhões de anos;

[4ª] Em 1929 Edwin Powell Hubble (1889-1953), astrônomo norte-americano, indo além da Via Lác-
tea, descortina uma ampla visão do Universo, estudando outras galáxias, classificando-as de acordo
com suas formas e chegando à conclusão de que cerca de 60% delas têm uma estrutura espiralada,
fig.1.1(b); que as nebulosas (formadas de gases iluminados por estrelas) fazem parte da nossa galáxia;
que as galáxias estão em fuga ou em recessão, com velocidade proporcional a uma distância D, refe-
rente à nossa Terra (vide item 8.7); e que o Universo possível de conhecer encerra uma esfera de raio
com cerca de 13 bilhões de aL;

Figura 1.1(b)
Capítulo 1 - Introdução │ 7

[5ª] Em 1944 Carl Friedrich, Barão Von Weizsäcker (1912 - ), astrônomo alemão, demonstrou que a
formação de planetas é uma etapa natural da evolução das estrelas, de modo que no Universo deverão
existir inumeráveis deles, fato este que corrobora com a tese da existência de vida inteligente também
fora do sistema solar;

[6ª] Em 1946 Fred Hoyle (1915 - ), astrônomo inglês, propôs a teoria de que originariamente o Sol era
uma estrela dupla, isto é, possuía uma companheira anã branca que entrou em colapso, formando os
planetas do sistema solar; com base no fato de que no estágio de anã branca os elementos mais leves
formam a camada externa e os mais pesados, o núcleo da estrela. Na fase de colapso ela explode,
transformando-se em supernova, que é uma estrela de 2ª geração, ou implode gerando uma anã branca,
cujos fragmentos expelidos, em parte ricos com elementos pesados, formarão os futuros planetas;

[7ª] Em 1952 Walter Baade (1893-1960), astrônomo alemão naturalizado norte-americano, mostrou
que a nossa Via Láctea é uma galáxia média, destronando-a, por conseguinte, da sua importância.

A galáxia mais próxima da nossa, Nuvens de Magalhães, vista no hemisfério sul,


dista de cerca de 150.000 aL, e a Andrômeda, gêmea da nossa, fig.1.1(c), está distante
2.200.000 a.L. Como será visto no tópico da Gravitação Universal, poderosas forças
gravitacionais presidem os movimentos de todos os corpos celestes do Universo, de-
terminando-lhes as órbitas e os movimentos.

Figura 1.1(c)

Em resumo: o Universo conhecido, em ordem de grandeza, é uma esfera de raio


da ordem 1010a.L, fig.1.1(d), que contém cerca de 1011 galáxias separadas entre si por
espaços vazios relativos ou intergalácticos, da ordem de 106 a.L. Cada galáxia, por sua
vez, está constituída por cerca de 1011 estrelas (as menores por 106 estrelas) e estas se-
paradas por imensos espaços interestrelares de alguns a.L (as estrelas mais próximas,
as Alfa de Centauros A e B distam de 4,34 a.L da Terra). As estrelas são formações
de matéria gasosas e plasmáticas com intensas atividades nucleares, de modo que as
galáxias apresentam baixa densidade de matéria, cerca de 10-26 kg/m3.
8 │ Física Mecânica I

Figura 1.1(c)

Como se pode perceber, em última análise, o átomo é o “tijolo” do Universo; tomando


o seu volume como referência, 10-30 m3, em ordem de grandeza, e comparando o volume
da Terra com ele, vê-se que a Terra está constituída de cerca de 1051 átomos; de forma
análoga, o Sol com cerca de 1057 átomos; a nossa galáxia terá cerca de 1070 átomos; e por
fim, o Universo possível de se conhecer deve conter cerca de 1080 átomos.

1.5. INTERAÇÃO
É uma lei natural que uma partícula colocada na presença de outra, de imediato,
estabelece-se entre elas uma interação mútua. Duas ou mais partículas, objeto de estu-
do, constituem um sistema físico isolado. Na natureza, existem quatro tipos básicos de
interações entre partículas ou corpos que são: (1ª) interação gravitacional, de natureza
atrativa, que acontece entre as massas; (2ª) interação eletromagnética, atrativa ou re-
pulsiva que ocorre entre cargas ou correntes elétricas; (3ª) interação nuclear ou forte,
que se verifica entre partículas de núcleos atômicos ou entre núcleons; e (4ª) interação
fraca, que sucede entre partículas elementares ligeiras ou léptons.

Na Física clássica, chama-se fenômeno físico todo processo de interação que


acontece entre partículas ou corpos materiais, com a salvaguarda de que durante a
ocorrência, as partículas ou os corpos não alteram suas constituições íntimas.

1.6. MÉTODO DA FÍSICA


A física tem por método a observação e a experimentação, como duas fases que se
completam. Na fase de observação é feito o registro e o exame do fenômeno físico,
sob as condições de ocorrência, estabelecendo-lhe um perfil de comportamento, que é
a sua base qualitativa. Na experimentação, sob condições de controle (para permitir a
Capítulo 1 - Introdução │ 9

repetição do fenômeno), são feitas as medidas diretas ou indiretas (por instrumentos)


das grandezas associadas ao ente observado e das relações entre elas. A síntese teórica
das duas etapas é feita em linguagem matemática com a qual se formula a lei física
que descreve e explica quantitativamente o fenômeno físico observado.

Como se pode aquilatar, a Física tem por finalidade o estudo da matéria e das inte-
rações mútuas de suas partes, e do estabelecimento de leis que as regem; num sentido
lato, é o estudo do Universo e da formulação de princípios ou leis que o governam.

A Física tem relação direta com todas as demais ciências naturais e de modo espe-
cial com a Química e a Astronomia.

1.7. FÍSICA CLÁSSICA


Retomando à Física clássica, podemos dizer que ela compreende o estudo das
seguintes disciplinas básicas:

[1] Mecânica: que é o estudo do movimento de corpos materiais e das suas causas.
Divide-se em (1) Cinemática - que é o estudo descritivo do movimento, independente-
mente de suas causas; (2) Dinâmica - que é o estudo do movimento pelas causas que
os produz; nela inclui-se a Gravitação, que se estende às interações entre os corpos
celestes; e (3) Estática - que estuda o equilíbrio estático de corpos. Essa Mecânica é
chamada geral para se distinguir das demais partes especiais a seguir dadas.

[2] Mecânica de fluidos: estuda os fluidos em equilíbrio (fluidostática) e os flui-


dos em movimento (fluidodinâmica);

[3] Termologia: estuda os fenômenos térmicos e caloríficos (Termometria e Calo-


rimetria) e os processos dinâmicos da transferência de calor (Termodinâmica);

[4] Acústica: estuda os fenômenos sonoros e estabelece as leis que os regem;

[5] Ótica: estuda os fenômenos óticos e estabelece as leis que os regem;

[6] Eletricidade: estuda os fenômenos elétricos, compreendendo as interações de


cargas elétricas em equilíbrio (eletrostática) e as correntes elétricas (eletrodinâmica);

[7] Magnetismo: estuda os fenômenos magnéticos (ímãs, correntes elétricas e


suas interações);

[8] Eletromagnetismo: estuda a correlação da eletricidade com o magnetismo e,


em especial, as ondas eletromagnéticas;
10 │ Física Mecânica I

1.8. GRANDEZA E MEDIÇÃO


Nos fenômenos físicos intervêm grandezas observáveis que podem ser mensura-
das direta ou indiretamente.

[1] DA GRANDEZA
Como se sabe, o método de medir uma grandeza desconhecida consiste em com-
pará-la com outra conhecida, da mesma espécie, tomada como padrão ou unidade. Re-
alizada a comparação da grandeza com a unidade, tem-se como resultado um número,
valor numérico ou a magnitude da grandeza.

Analiticamente, se G é a grandeza que se deseja medir com a unidade, anotada por


[G] = u, então, o valor numérico, {G}, será dado pelo quociente:

(1.1a)

Donde se segue que,

(1.1b)

É de todo conveniente que se adote um sistema de unidades de medida que tenha um


conjunto mínimo de grandezas de base e a partir delas, definir as grandezas derivadas.

A tendência atual da Física é adotar o Sistema Internacional de Unidades, abrevia-


do como SI, que incorpora os pressupostos do sistema métrico decimal e reúne sete
grandezas de base e duas suplementares, arroladas na tabela 1.l.; e a definição de cada
unidade será feita na medida em que ela for aparecendo no texto. O SI é o resultado da
proposta da Conferência Geral de Pesos e Medidas (CGPM), e tomou essa denomina-
ção na 11ª CGPM (1960, Resolução 12). Na realidade, o SI é uma versão aprimorada
do MKS que coexistia com vários outros, entre os quais, o CGS e o MKFS, que estão
paulatinamente caindo em desuso. Acrescentamos aqui o sistema inglês de unidades (ft
= pé, Ib = libra-força, segundo), que tem resistido às mudanças, por motivos culturais.
A grandeza uma vez medida é chamada de quantidade. A equação (1.1a) informa
que a magnitude não depende do sistema de unidades. Com efeito, se a grandeza G for
medida em um sistema de unidades 1, que dá, G = {G}1 u1; e de igual modo for medi-
da em um sistema de unidades 2, que oferece, G ={G}2 u2, podemos concluir que,

G = {G}1 u1 = {G}2 u2 (1.1c)

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