Professional Documents
Culture Documents
fla.silva@usp.br
INTRODUÇÃO
A cidade de São Paulo, inserida no circuito econômico global, tem no turismo uma fonte
de arrecadação crescente, tendo como carro chefe o turismo de negócios, na ordem de 60%
(SPTuris1, 2009).
E na cidade de São Paulo? Se usarmos a mesma lógica, não temos dúvida que os
serviços e equipamentos são a matriz da consolidação do turismo. As motivações para um
turismo de negócios, compras ou cultura, dependem das construções já instaladas na cidade
e dos serviços oferecidos.
São equipamentos instalados que não foram exclusivamente construídos para o turista,
são para uso do cidadão residente e, pela sua especificidade, cria uma demanda para além
da própria metrópole.
O underground traz a possibilidade de desfrutar tal turismo em toda a sua plenitude, sem
preocupações morais ou éticas. No caso específico desta pesquisa, seria pensar o sexo2
como opção de lazer, sem o preconceito de associar a palavra à exploração sexual ou
pedofilia. Um casal de turistas que visita uma casa de swing para troca de casais não está
explorando ninguém sexualmente e não deixa de ser um turismo com conotação sexual.
Desta primeira lista, identificamos 4 grandes grupos que interagem com o underground
e influenciam a possível demanda turística: BDSM3, GLS4, prostituição5 e swing6.
OBJETIVOS
Partindo das problemáticas apontadas, temos como objetivo principal desta pesquisa
demonstrar a existência do turismo underground sexual na cidade de São Paulo e como ele
usa o território paulistano. Como específicos segue abaixo:
METODOLOGIA
Pensar numa metodologia de levantamento de dados numa cidade como São Paulo, com
perímetro de 1.500 km², sendo 1.000 km² urbanizados (SEMPLA, 2009), sempre será um
problema. Antes da pergunta “por onde começar?” surgiu outra: “como começar?”. Que
metodologia utilizar? Qual seria a referência? Tínhamos certeza de que ao tratarmos de
assuntos relacionados a sexualidade, grande parte dos dados que necessitávamos seriam
primários. Sabíamos também que a internet seria fonte de inúmeras informações, mas não
os dados disponibilizados em órgãos confiáveis, como o IBGE, EMPLASA, dentre outros.
Utilizaríamos dados “secundários” que estivessem disponíveis na rede, sobretudo em sites e
redes sociais, ou seja, manipuláveis. Como legitimar esses dados? Essa pergunta permeou
horas de discussões entre o grupo de pesquisa.
E por último utilizamos a internet. Como a idéia era levantar o maior número de dados
sobre equipamentos com temática sexual na cidade de São Paulo e estes estão
materializados, uma das formas de legitimar a existência e conseqüentemente a informação
encontrada, foi o contato telefônico. Ligávamos e perguntávamos se tal equipamento estava
funcionando. Na ineficácia dessa ferramenta, iríamos a campo.
Dezembro/2009
BDSM Revista Fetiche Sites específicos BDSM, blogs e Trabalhos na
redes sociais antropologia, sociologia
e história
Clubes BDSM
GLS G Magazine, Mundo Mix, sites específicos Antropologia, geografia,
GLS, blogs e redes sociais sociologia e história
Saunas e clubes Junior e revista Magazine
de sexo
Prostituição Playboy, Brazil, Sexy, Revista Fóruns de acompanhantes, sites Antropologia, geografia,
Magazine, classificado de de clínicas de massagem, blogs e sociologia, filosofia e
jornais, telefones públicos redes sociais. história
Boates
Privés
Clínicas de
massagem
Espaço público
Swing Revista Troca de Casais, Sites específicos,fóruns de
Brazil, Magazine, classificados adeptos do swing, blogs, redes
de jornais. sociais
Clubes de swing
Tabela 1: Equipamentos específicos undergrounds: Referências para a construção do banco de dados, 2008-
2009. Elaborado por Flavio Bezerra da Silva
Dezembro/2009
Motéis Páginas amarelas, guias, revistas e Sites específicos, blogs e redes Turismo
jornais sociais
Sexshops Páginas amarelas, guias, revistas e Sites específicos , blogs e redes Antropologia,
jornais sociais
Cinemas pornôs Playboy, Brazil, Sexy, Revista Fóruns de acompanhantes, sites Antropologia
Magazine, classificado de jornais, de clínicas de massagem, blogs e
telefones públicos redes sociais.
Tabela 2: Equipamentos de apoio underground: Referências para a construção do banco de dados, 2008-2009.
Elaborado por Flavio Bezerra da Silva
a. 154 boates
b. 260 sex-shops
c. 169 privés
d. 109 clínicas de massagem
e. 260 motéis
f. 23 saunas GLS
g. 19 cinemas pornôs
h. 14 Clubes de swing
i. 3 clubes sadomasoquistas:
No caso das boates, temos a espacialização em todas as regiões da cidade, com algumas
concentrações, destacando-se a região central, com a Rua Nestor Pestana e Augusta, essa
última com 14 estabelecimentos. Destacamos também na região sul, sobretudo em Santo
Amaro, outra concentração, porém mais espalhados que na região central.
RESULTADOS PRELIMINARES
Até o presente momento, num período que compreende os meses de julho de 2008 e
junho de 2010, obtivemos como resultados iniciais os seguintes resultados:
o Construímos o conceito de “turismo underground sexual”;
o Identificamos os grupos que efetivamente interagem com o underground na
cidade de São Paulo;
o Construímos um banco de dados dos equipamentos específicos e de apoio
o Desenvolvemos a tipologiado underground na cidade de São Paulo,
identificado por grupos, equipamentos específicos e equipamentos de apoio
underground.
o Geramos uma cartografia do underground, utilizando a ferramenta de
geoprocessamento, especificamente o software ArcGis. Concatenamos
layers da base de ruas da cidade de São Paulo, das regiões, dos
equipamentos undergrounds, dos equipamentos específicos, dos
equipamentos convencionais, da planta genérica de valores (2009) e dos
dados de renda (IBGE)
BIBLIOGRAFIA
AGUIAR, Paula. Sexshop: guia de negócios. São Paulo: Edição do autor, 2009.
ANÔNIMO. In: DICIONÁRIO Novo Aurélio Século XXI. 3. ed. Rio de Janeiro: Nova
Fronteira, 1999.
CLANDESTINO. In: DICIONÁRIO Novo Aurélio Século XXI. 3. ed. Rio de Janeiro:
Nova Fronteira, 1999.
SANTOS, M. A Natureza do Espaço. Técnica e tempo. Razão e emoção. São Paulo. São
Paulo: EDUSP, 2004.
______. Por uma geografia nova: Da crítica da geografia a uma geografia crítica. São
Paulo. EDUSP: 2002.
URRY, J. O olhar do turista: lazer e viagens nas sociedades contemporâneas. São Paulo:
Nobel: SESC, 1996.
______. Saudades do futuro. Por uma teoria do planejamento territorial do turismo. São
Paulo: Plêiade, 2009.
ESTAGIO DA PESQUISA