Professional Documents
Culture Documents
N
a semana de campanha cento acertaram na totalidade e nas cessidade de maior diálogo com os
para as eleições dos repre- restantes quatro, que se referem ao representantes dos estudantes no CG.
sentantes para o Senado, o Conselho Geral (CG), sete por cento Seis faculdades apresentam listas
Jornal A CABRA e a Rádio dos estudantes não erraram ne- únicas sendo que a Faculdade de Di-
Universidade de Coimbra (RUC) nhuma. Os estudantes senadores as- reito da UC apresenta duas listas can-
foram inquirir os estudantes sobre as sumem a perda de poder do órgão didatas e a Faculdade de Ciências do
funções de base dos órgãos de go- com a entrada em vigor do Regime Desporto e Educação Física não apre-
verno da UC. Das quatro respostas Jurídico das Instituições do Ensino senta qualquer uma.
relativas ao Senado, apenas 3,5 por Superior (RJIES) e assumem a ne-
Pág. 2 e 3
Secção de Natação
comemora 75 anos
de atividade
Pág.9
2 | a cabra | 7 de Dezembro de 2010 | Terça-feira
DeSTAqUe
H
oje realizam-se as elei- Os resultados são esclarecedo- Secundarização do da faculdade, assim como para Interligação
ções para os representan- res: das quatro perguntas coloca- Senado? sensibilizar o reitor e os docentes Cabe ao reitor decidir se os assun-
tes das unidades das sobre o Senado apenas 3,5 por Na sua generalidade, os resultados de cada unidade orgânica”. tos discutidos em Senado são pas-
orgânicas do Senado. cento dos estudantes inquiridos apontam para um maior conheci- Apesar de o Conselho Geral se síveis de ser levados a CG. A
Numa altura em que a Universi- foram capazes de responder corre- mento das competências do CG. ter tornado o órgão deliberativo da ligação entre os dois órgãos, ao
dade de Coimbra (UC) vive um in- tamente a todas as questões; das Face às alterações implementadas UC, a importância do Senado é longo dos dois anos de mandato
tenso clima eleitoral, o problema quatro colocadas sobre o CG, a pelo Regime Jurídico das Institui- destacada no âmbito de uma polí- foi estabelecida principalmente
do afastamento dos estudantes do percentagem de discentes que res- ções do Ensino Superior (RJIES), tica de proximidade. através do reitor da UC. “A única
associativismo e aos órgãos de go- pondeu sem errar sobe para sete. assistiu-se em 2008, à transferên- “Quando é o estudante a falar forma de ter sido ouvido pelo CG
verno da universidade é frequen- Alfredo Campos, investigador do cia de poderes do Senado – que sobre os problemas dos estudantes foi através do reitor porque todas
temente abordado. Centro de Estudos Sociais (CES), passou de deliberativo a consultivo sim, tem-se uma voz absoluta”, de- as questões que foram faladas em
O Jornal A Cabra, juntamente considera inegável que estes dados – para o CG. clara Paulo Magalhães, estudante senado, foram levadas a conselho
com a Rádio Universidade de A vice reitora da Universidade geral”, sustenta João Oliveira.
Coimbra (RUC), conduziu um in- de Coimbra, Cristina Robalo Cor- Já Luís Rodrigues, represen-
quérito que visa avaliar o nível de Nas últimas eleições deiro, crê que as novas regras im- O CG “tem um tante dos estudantes de primeiro e
conhecimento que os estudantes
possuem acerca do funcionamento
para o Conselho postas pelo regime jurídico
“vieram, de certa forma, secunda-
acompanhamento segundo ciclo no CG, afirma que o
órgão “tem um acompanhamento
do Senado e do Conselho Geral Geral houve cerca rizar e menorizar o Senado”. das actividades do das atividades do Senado por via
(CG). Tendo em conta o elevado grau de indireta”, ou seja, através da apre-
Confrontados com a pergunta de 70 por cento de desconhecimento dos estudantes Senado” através da ciação do reitor. Não obstante, está
“sabe quais são as competências sobre o papel deste órgão, Elísio contemplado nos estatutos, em
do Senado?” a percentagem de es-
abstenção Estanque justifica que “o Senado
apreciação do reitor certas matérias, que o conselho
tudantes que afirma não saber perdeu visibilidade a partir do mo- pode chamar o Senado a intervir,
situa-se nos 76,6. Quando colo- “demonstram um desconheci- mento em que a comunidade em senador da Faculdade Farmácia da “mas tal nunca aconteceu”, in-
cada a mesma questão, agora refe- mento da esmagadora maioria dos geral percebeu que deixou de ter Universidade de Coimbra (FFUC). forma Luís Rodrigues.
rente ao CG, o desconhecimento estudantes do que são os órgãos de responsabilidade em termos do Com efeito, o órgão consultivo tem A Direção Geral da Associação
não é tão acentuado. 63,7 por gestão da UC”. Para o também so- poder decisório”. nele representado todas as unida- Académica de Coimbra
cento afirma não conhecer as com- ciólogo, esta situação não está des- O senador da Faculdade de des orgânicas que constituem a (DG/AAC), através do recente pe-
petências do órgão. ligada do facto de “nas recentes Ciências da Educação e Psicologia universidade a par de uma maior louro de ligação aos órgãos, tentou
O sociólogo Elísio Estanque eleições para o CG ter existido da UC (FPCEUC), João Oliveira, proporção de estudantes relativa- promover a aproximação entre os
classifica como “preocupante” o cerca de 70 por cento de absten- acredita que “o Senado não tem a mente ao CG, o que, segundo Cris- estudantes senadores e os estu-
facto de apenas cerca de 23 por ção, provavelmente os mesmos va- importância que já teve” ainda que tina Robalo Cordeiro permite dar dantes conselheiros, assim como
cento dos estudantes saber quais lores que nas eleições para o seja um órgão “muito útil de pas- a conhecer “o pulsar da universi- da DG/AAC aos mesmos. João Oli-
são as funções do Senado. Senado”. sagem de informação para dentro dade”. veira confirma que “houve uma
7 de Dezembro de 2010 | Terça-feira | a cabra | 3
DeSTAqUe
INÊS BALREIRAS
CG e do Senado
este pelouro a amplificar os assun- dade de existência de um regula-
tos tratados nos órgãos de governo mento ou de um regimento
da UC, Pedro Pacheco esclarece interno, já que este é um órgão
que ”o pelouro nunca foi algo des- consultivo. Dessa forma, os estu- MeDICINA
tinado a ser uma passagem da dantes senadores com quem A lista t - “participa!”
uma menor participação ainda”, Senado, reservado a um estudante caNdidato: rUi mamede
FICHA TÉCNICA
reflete Alfredo Campos na consi- da FCDEF, fica vazio.
Esta sondagem foi realizada pelo Jornal Universitário de Coimbra – A deração de um ciclo, que, na sua A par do caso desta faculdade, as
CABRA – e pela RUC, no dia 2 de dezembro. O universo é composto por es- opinião, traduz a tendência do candidaturas para o Senado são,
tudantes da UC. A amostra foi estratificada em função da proporção de alu- afastamento gradual do estudante regra geral, reduzidas a listas úni-
nos nas oito faculdades da UC. Foram obtidos 400 inquéritos válidos. A em relação aos órgãos da sua uni- cas por unidade orgânica, exce- CIÊNCIAS DO DeSPORTO
margem de erro associada é de 5%, com nível de confiança de 95%. Na rea- versidade e vice-versa. tuando a Faculdade de Direito e eDUCAÇÃO FÍSICA
lização da sondagem participaram Camilo Soldado; Félix Ribeiro; Lígia Estabelecido como órgão delibe- onde concorrem duas listas simul- Não existem listas caNdidatas
Anjos; Maria Eduarda Eloy; Sara São Miguel. rativo, o CG apresenta na sua taneamente.
4 | a cabra | 7 de Dezembro de 2010 | Terça-feira
eNSINO SUPeRIOR
Sétimo elemento do Conselho Fiscal
conhecido esta semana INêS BALrEIrA
Camilo Soldado
eNSINO SUPeRIOR
Edifício da aac Oliveira é necessário “uma limpeza
Obras de requalificação
geral da cobertura, das caleiras de
drenagem e a reorganização dos sis-
temas de iluminação e de telecomu-
nicações do edifício”, de forma a
CulTura
deza
e ca-
pacidade de
não levar demasi-
Des-
ado a sério as questões
académicas”. A “joelho” tor-
na-se, então, num espaço propício
pir a
para trabalhos académicos onde, na
maioria, mestrandos, doutorandos e profes-
sores, podem “publicar, aprender e testar os seus
pensamentos”, conclui Jorge Figueira.
ra em cima do
a revista NU, faz jus ao seu nome por descortinar, ou pôr a nu, uma “sé-
rie de questões que para os estudantes de arquitetura estão envoltas numa
névoa”, revela Diogo Lopes, editor da revista. Independente do DARQ, a
revista funciona de forma temática. Em cada edição, um dos editores lança
joelho
um tema que, preferencialmente, não esteja em voga. À volta do assunto
catapultado pelo editor, germina a discussão entre a equipa redatorial.
Filipe Madeira, membro da equipa editorial, conta que a publicação
“acaba por ser uma ferramenta de aprendizagem”. O editor encara ainda
como inevitável a elaboração de uma revista de arquitetura “que não di-
Desde a NU à joelho, são várias as publicações vaga por outros campos conceptuais”. Para tais devaneios, existe até uma
rubrica que se tornou numa constante nos oito anos da NU, chamada “con-
que fomentam o entrosamento da arquitetura taminações”, que transporta outras formas artísticas ou aspetos culturais
Cultura
Casa da EsCrita Um Colégio
Coimbra com nova das artes que
se quer para
morada para as palavras todas as artes
Félix Ribeiro
Na alta de Coimbra, surge uma casa que é da escrita, foi dos sonhos, e não deixa de ser Criado com o objetivo de se esta-
belecer como um espaço de criação
das memórias. Desde o dia 27 de novembro que estão abertas as portas da Casa da Es- científica e artística, o Colégio das
Artes (CA) iniciou funções no início
crita, um espaço que se pretende de todos. Por João Gaspar e João de Oliveiros deste ano letivo, como uma nova
unidade orgânica da Universidade
A
Câmara Municipal de Vértice e Altitude. por outros ou pelo próprio. ambiente intimista e de convívio. de Coimbra (UC).
Coimbra é a principal res- As portas altas envidraçadas da No mesmo piso, segundo o curador Presente nos claustros do edifício
ponsável por um projeto Uma visita sala de jantar, que se estendem ao da casa, serão realizadas oficinas da do Colégio das Artes, espaço parti-
que representa um forte É neste espaço, simultaneamente longo da parede, estão abertas para escrita. lhado com o departamento de Ar-
investimento na produção cultural património e dínamo cultural, que o jardim. Um pequeno largo com ca- Sobe-se ao sótão. Espaço desti- quitetura da Faculdade de Ciências
da cidade. Um espaço que, como a se pretende albergar a escrita. Na deiras e mesas brancas de ferro con- nado ao arquivo aberto da casa, por e Tecnologia, o colégio pretende
nomenclatura patenteia, vai ser de- alta de Coimbra, perto da Couraça vidam ao desembainhar da caneta agora vazio, que se pretende preen- aliar a reflexão artística à multidis-
dicado à arte da escrita. Mas vai ten- dos Apóstolos, o nº 8 da Rua João num dia de sol. Laranjeiras e par- chido com a produção literária rea- ciplinaridade. Abílio Hernandez, di-
tar ser mais do que isso, visto querer Jacintho evidencia-se pelas paredes reiras enfeitam o jardim que per- lizada dentro das paredes da Casa retor do CA, considera que no
manter viva a outra metade do de tinta fresca e uma fachada impo- siste, até, nas obras de alguns dos da Escrita. Para além das estantes, território das artes o diálogo e o con-
nome, a ideia de casa como espaço nente. A porta está aberta, como de- escritores que por ali passaram. pequenos cubículos residem à frente fronto são inevitáveis. “As artes não
de convívio e de intercâmbio cultu- seja o curador nomeado pela De volta às paredes altas da casa das janelas, propiciando um traba- são necessariamente uma disciplina,
ral, procurando resgatar alguma da câmara, Seabra Pereira, docente na invade-se o espaço que servirá de lho solitário com a alta no horizonte. são um conjunto de disciplinas que
atmosfera vigente no tempo em que Faculdade de Letras. À esquerda, residência artística. “O ideal seria, e Como decoração, revistas e jornais se cruzam no mesmo território e que
a primeira vaga neorrealista convi- quando se entra, uma livraria; à di- sonhar não é pecado, termos cá ligados à literatura e uma velha má- se vão cruzando também em outros
via dentro daquelas paredes. reita a receção. Sobem-se as escadas grandes escritores premiados”, con- quina de escrever Underwood. territórios afins”, afirma. Para tal, o
Eduardo Lourenço, filósofo que e encontra-se uma sala ampla, onde Não se abordaram somente a es- colégio propõe-se a fazer uma liga-
pisou o chão da casa nos anos 40, escritores convidados vão ter um crita e a história na inauguração do ção entre a docência universitária, a
afirmou, aquando da inauguração sítio para falar sobre as metamorfo-
“Foi um castelo de espaço. Foram audíveis elogios ao investigação e a componente cria-
no passado dia 27, que, para a gera- ses dos seus processos literários. sonhos”, contou bom gosto com que foi restaurada a tiva.
ção que por ali passou, aquele es- Salta à vista uma larga janela que antiga residência de Cochofel, tra- Com efeito, não só há artistas a
paço foi um “castelo de sonhos”. E apresenta parte do jardim e, perto Eduardo Lourenço, balho que "teve como inspiração a
compreende-se a metáfora, tendo de um piano negro, vislumbra-se a própria casa" confessa o autor do
em conta que ali se descobriram en- entrada da biblioteca Cochofel. Em na inauguração da projeto, o arquiteto João Mendes
quanto artistas, nomes como Arqui- estantes altas, livros outrora folhea- Casa da Escrita Ribeiro. A conceção da remodelação
medes da Silva Santos, Fernando dos por jovens em busca de uma li- da Casa do Arco, nome pelo qual o
Namora, Mário Dionísio, Joaquim teratura a que de outra forma não edifício também ficou conhecido,
Namorado, ou Rui Feijó. A porta teriam acesso. Os resquícios do fessa Seabra Pereira. O curador di- não foi imune à herança do lugar,
abria-se pelas mãos do poeta João tempo e do uso temperam as pági- vulga, também, a estadia de um visto ter sido encarado como “uma
José Cochofel, a quem a casa per- nas em tons de sépia. Segue-se em poeta mexicano e de uma poetisa espécie de contentor, onde se en-
tencia, que convidava a massa cria- frente e encontra-se a sala de jantar, grega no próximo ano, não reve- contra a memória e a história", ex-
tiva conimbricense a entrar. Entre a local que o curador pretende apro- lando a sua identidade: “é sur- plica ainda João Mendes Ribeiro. frequentar os próprios cursos, em
Pastelaria Central e o Ateneu emer- veitar para a organização de janta- presa”. Seabra Pereira promete desempe- conjunto com os alunos, como se es-
giam ideias, transportadas, depois, res periódicos, nos quais se Mais um lance de escadas e mais nhar a sua função “fazendo os pos- tabelece no colégio, uma cultura de
para a casa de Cochofel, que se retomaria “a tradição do récit de espaços para o fomento das pala- síveis para tornar o projeto tão vivo incentivo à criação de novos proje-
transvestia em maternidade e berço table”, uma narrativa oral iniciada vras. Duas salas com cadeiras, ca- como a própria casa”, resta à cidade tos através de workshops e seminá-
do Novo Cancioneiro e das revistas por um dos presentes, e continuada deirões e sofás propiciam um preenchê-la com palavras. rios. Nas palavras do diretor da
GuiGa GuimarãEs unidade orgânica, almeja-se a “uma
formação para os estudantes que
não seja puramente teórica, que seja
uma reflexão sobre as artes assente
numa proximidade muito grande
com as obras dos artistas que nos vi-
sitam ou obras de artistas que não
nos visitam mas que nós visitamos”.
Relativamente à condição do en-
sino da arte na UC, Abílio Hernan-
dez considera que este se encontra
fragmentado e disperso. Os cursos
da área estão divididos, de facto, em
pelo menos três unidades orgânicas:
Faculdade de Letras, Faculdade de
Ciências e Tecnologia e, finalmente,
CA. Nesse sentido, Abílio Hernandez
propôs que os cursos de Arquitetura,
Estudos Artísticos e restantes estru-
turas na UC relacionadas com a arte
se juntem no CA, re-estruturando a
unidade orgânica já existente. “As
artes que têm um espaço totalmente
dedicado a elas florescem”, declara.
Em jeito de conclusão, Abílio Her-
nandez faz referência ao ciclo de
conferências, “As Artes do Colégio”,
declarando que o CA está a cumprir
as premissas a que se propôs: “é
sempre este diálogo, este cruza-
mento de visões que se vão concreti-
A Casa da Escrita foi um dos espaços de convívio da vaga neorrealista que surgiu em Coimbra, que tinha como anfitrião João José Cochofel zando naturalmente”.
8 | a cabra | 23 de Novembro de 2010 | terça-feira
Cultura
cultura
por cá O TEUC traz DEUS a Coimbra
Até 11
DEZ
com a ajuda de Woody Allen vanEssa aLvEs
MariONEtx10
Entre 9 e 18 de dezembro,
exposição
Casa Das arTes o espetáculo “DEuS, uma
enTraDa GraTuiTa
Até 19 peça” vai subir ao teatro
Dez de Bolso, pela mão do
NOitE DE aMOrES EféMErOS tEuC. uma comédia mar-
TeaTro cada pelo “nonsense” de
21h30 • TCsb
Woody allen.
27
6 a 10 euros
13 DEZ
Marta Félix, é “uma peça, dentro de
uma peça, dentro de outra peça”.
Visto que o argumento original de
O processo
Conseguir trazer uma série de pala-
ras sociais. Relativamente aos en-
saios, Rafaela Bidarra, atriz e
presidente do TEUC, declara que “o
conhecimentos entre os dois grupos.
“O encenador atual foi membro do
CITAC e é muito bom haver uma
Woody Allen faz referência a locais vras escritas num livro à vida é uma ambiente é ótimo”, não existindo ponte de ligação em que os dois gru-
“K ataNGa, a GuErra DO COBrE”
em Nova Iorque e Brooklyn, este teve experiência única”, revela Ricardo “uma distância entre mestre e apren- pos possam comunicar”, garante Ra-
Cinema de ser adaptado à cidade de Coimbra, Vaz Trindade que se estreia, neste es- diz”, quase como uma “irmandade”. faela Bidarra.
21h15 • TaGV referindo locais típicos da vida estu- petáculo, como encenador, depois de A presidente do TEUC conta ainda A entrada é livre, pelo que o espe-
enTraDa GraTuiTa
dantil. “Eu vou para o Tropical”, diz selecionado na segunda edição do que o grupo, que junta atores do táculo vai ser divulgado como ensaio
uma das personagens no desenrolar concurso “Palco a Novos Encenado- curso de formação do ano passado aberto. “Esta peça foi feita para che-
do espetáculo. “A intenção é fazer res”, lançado pelo TEUC. com membros mais antigos, “evoluiu gar às pessoas e espero que saiam
14 humor para as pessoas que nos estão A comédia é um género há muito e criou uma agradável interação”. daqui com vontade de ir ao teatro”,
DEZ a ver, um humor pessoal e intrans- não trabalhado por estes atores, Segundo Ricardo Vaz Trindade, o diz Marta Félix, empenhada na di-
missível”, refere o encenador, Ri- como confessa Marta Félix: “não sa- grupo “está a corresponder muito vulgação e questões práticas da peça.
“O aNti-Pai Natal”
Cinema
FnaC
21h30 • enTraDa LiVre
Em Palco •Noite de Reis
“N
maria Garrido
uma faceta mais introspectiva e de re-
15a30
oite de reis e nem um suposto Cesário a casa de Olívia, a
rei nesta peça”, co- Condessa apaixona-se por ele, não flexão, surgem temas como o amor
DEZ meça por anunciar o sabendo que o jovem é, na realidade, ou a importância dos bens materiais
traBalhOS artíStiCOS sarcástico bobo Feste. uma mulher. Viola, por sua vez, apai- confrontados necessidade de partilha
DO PrOJEtO traMPOliM xona-se pelo Duque, que continua de momentos.Dos melhores exem-
Shakespeare não se
exposição
CCD Dinis
considerava um rei, apenas um hu- perdido de amores pela Condessa. plos do ar pitoresco do espectáculo, é
enTraDa LiVre milde filósofo. Eis o porquê de não Assim é criado o triângulo amoroso a cena em que o bobo pede dinheiro a
haver espaço para dinastias. que faz correr a história. Viola (na altura Cesário), como “su-
17 Luz ambiente, um palco simples e
uma paleta de cores aguerridas dis-
Peça musicalmente interessante, re-
pleta de cânticos ilustrativos, com
borno” para esta poder falar com Olí-
via. Viola dá-lhe mais uma moeda e
DEZ
tribuídas pelas personagens. Con- uma ironia e um sarcasmo inteligente Feste leva a outra mão a uma concha
Mil BalaS
dessa Olívia está sentada com um véu que vai, de forma subtil, chamando a que abana enquanto aclama “vamos
músiCa roxo a cobrir a face, e literalmente atenção do público para a falta de fazer filhinhos” ao mesmo tempo que
saLa arTe à parTe apoio às pequenas companhias de apelativos “Uh! Ah!” se soltam dos
emoldurada num quadrado dourado
22h00 • 5 euros
a um canto do cenário. De luto por teatro. Toda a peça é acompanhada seus pulmões.
18 sete anos, a esbelta mulher chora o de uma crítica à nossa sociedade cul- A obra, baseada num amor humorís-
Até seu irmão e nega o amor a Orsino, tural, que faz com que obras como tico, é adaptada pela companhia Tea-
DEZ trão com ironia, numa representação
Duque de Illrya, ilha de todas as per- “Noite de reis” tenham que usar nove
“MONO” dições. Sebastian e Viola, gémeos se- atores para várias personagens em si- em que fica vincada a vertente crítica.
exposição parados por um naufrágio, multâneo.Um elenco excelente que, De 9 de Dezembro a 29 de Janeiro, às
CapC acreditam-se sozinhos no mundo. num ensaio corrido, nada falhou. 21h30 todas as quintas e sábados,
enTraDa LiVre Em Illrya, Viola faz-se passar por um Vozes melodiosas e um contraste Olívia, Orsino e o restante elenco,
homem (Cesário) para se tornar men- entre a antiguidade e os tempos mo- prometem colorir as noites da Oficina
Por Isabela Junqueira sageira do Duque que pretende con- dernos, no qual “o papá vai correr Municipal de Teatro.
quistar Olívia. Numa das visitas do com o seu MP3”. Juntamente com Por Maria Garrido
7 de Dezembro de 2010 | terça-feira | a cabra | 9
DESPOrtO
a G E n d a d E s p o r t i v a
V o L ei b oL
a n D e b oL 11 paTinaGem aaC x Vitória sC
12
pombal x aaC DEZ F u T e b oL
marrazes x aaC 17h • estádio universitário DEZ
11 17h30 • pavilhão eduardo 12 aaC x GD moinhos
18h • Leiria pavilhão 2
DEZ Gomes DEZ 15h • estádio universitário
C
orria o ano de 1935 Piscinas, depois de passagens pelo acrescenta. A conjetura económica tudantil”, conclui. Juventude e Lazer da CMC Luís
quando a Secção de Nata- Estádio Universitário, Pedrulha e atual é, segundo Miguel Abrantes, Como pontos altos da próxima Providência que deixou “uma pala-
ção da Associação Acadé- Solum. O presidente da secção um fator a ter em conta na altura da época, Miguel Abrantes salienta a vra de reconhecimento a um dos
mica de Coimbra Jorge Costa revela que está “muito adesão. “No passado recente havia organização do IV Meeting de principais parceiros desportivos da
(SN/AAC) deu as primeiras braça- satisfeito” com as condições cedidas algum receio de uma diminui- Coimbra. O coor- cidade, responsável por ensinar
das no leito do Mondego. A piscina pela Câmara Municipal de Coimbra ção na procura, mas fenó- denador clas- grande parte dos conimbricenses a
fluvial de 33 metros seria a casa da (CMC). No entanto, o dirigente con- menos como o de nadar”.
secção até à passagem para a pis- sidera que “o pouco espaço para as Michael Phelps A secção promoveu, ainda no
cina de Santa Cruz, inaugurada em escolas e horários de lazer, que são foram autênticos mesmo dia, um jantar de convívio
1938. O coordenador geral da sec- a principal fonte de receita, consti- balões de oxigé- sifica o evento onde homenageou os atletas que
ção, Miguel Abrantes revela que “as tui uma limitação”. O presidente da nio para a mo- como “uma prova reali- mais se destacaram na última
condições iniciais eram muito pre- secção aponta também os elevados dalidade”, zada a um nível de excelência, tanto época. Jorge Costa revela que “no
cárias, já que a atividade era sazo- custos da competição e a falta de realça. A pela qualidade das infraestruturas IV Meeting Cidade de Coimbra,
nal”. O primeiro triunfo a nível patrocinadores na modalidade criação como da organização”. serão agraciadas as personalidades
nacional deu-se em 1940 com a vi- como principais dificuldades. A so- das mo- mais relevantes da história da sec-
tória de Natália Veiga, na vertente lução passa, segundo Jorge Costa, dalidades de triatlo e polo trouxe Recordar o passado ção”. Para além de uma comemo-
dos 100 metros livres. A partir daí, pela “aposta na qualidade de forma igualmente um maior interesse pela Como forma de festejar esta data, a ração, o dirigente revela ainda que
os êxitos acumularam-se com atle- a garantir a preferência pela sec- secção. Jorge Costa revela ainda a Secção de Natação assinalou a efe- o objetivo é a promoção do convívio
tas a alcançarem patamares inter- ção”. “A principal preocupação é o preocupação em chegar mais perto méride com uma placa colocada no entre gerações. “Pretendemos evi-
nacionais e olímpicos. estado económico, criarmos mais- dos estudantes. “Ao estarmos inte- Campo Santa Cruz, no passado dia tar que as pessoas deixem de nadar
75 anos depois, a secção está em valias para ultrapassarmos as difi- grados na AAC uma das funções é 4. Na cerimónia de colocação esteve e percam o contacto com a secção”,
atividade no Complexo Olímpico de culdades que o país atravessa”, fornecer desporto à comunidade es- presente o vereador do Desporto, finaliza.
inês BaçrEira
A Secção de Natação da AAC desempenha a sua atividade no Complexo Olímpico de Piscinas, espaço cedido pela Câmara Municipal de Coimbra
realizou-se, a 29 de apelidado por muitos como o jogo tem sido feito”. O dirigente classi- à AAC do “Prémio Clube”. O Coor-
do século” moldou o decorrer do ficou a última época como “a mais denador Geral do Desporto, João
novembro, a iV Gala do evento. A entrega dos galardões produtiva” do seu mandato e ex- Almeida, realça que “este é um
Desporto da Cidade de realizou-se durante o intervalo do pressou o desejo de “criar algo con- sinal da representatividade que a
jogo e continuou depois de o sistente para futuro”. AAC tem na cidade, ao promover o
Coimbra. foram mesmo acabar. O anfitrião justifi- No conjunto de personalidades desporto e a formação”.
premiados os que mais cou que “numa gala do desporto distinguidas ligadas à AAC in- Nesse sentido, o presidente da
faz todo o sentido acompanhar esta cluem-se ainda dois nomes do Direção Geral da AAC, Miguel Por-
se distinguiram na partida”, transmitida em dois ecrãs campo dos escalões jovens. Paulo tugal, afirma também que “se trata
última época montados no Pavilhão Multiusos, Freixo, técnico da Secção de Fute- do reconhecimento prestado a uma
no passado dia 29 de novembro. bol, venceu a categoria “Treinador instituição que quer sempre evo-
desportiva, com a No lote de galardoados salienta- de Formação” e Gustavo Madu- luir a nível desportivo”, salien-
secção de rugby da aaC ram-se os membros da Secção de reira, atleta da Secção de Natação, tando que “o problema mais
Rugby da Associação Académica recebeu o prémio “Atleta de For- crónico, neste momento, é a falta
em destaque de Coimbra (AAC). A família mação”. As várias distinções alcan- de espaços, para as mais de 40 mo-
Franco voltou a estar em destaque çadas por membros da AAC dalidades que a AAC alberga”.
Filipe Furtado
com Sérgio e Jorge a receberem os devem-se, segundo Luís Providên- Na gala foi ainda homenageado
Fábio Rodrigues
troféus de melhor atleta e treina- cia, vereador do desporto da Câ- Tiago Alves, antigo judoca da AAC,
dor, respetivamente. O presidente mara Municipal de Coimbra, que faleceu em agosto deste ano.
Ainda o recinto tinha lugares por da secção, Jaime Carvalho esteve organizadora do evento, “ao peso O atleta foi distinguido com o
preencher, já o Barcelona vencia também em evidência ao vencer na enorme da Académica, já que é res- “Prémio Memória”, em conjunto
por 2-0. A transmissão daquele categoria de “Melhor Dirigente”. O ponsável por mais de um terço do com dois grandes nomes do des-
que, nas palavras do apresentador vencedor sublinhou que “é bom ser desporto que se faz no concelho”. porto da Académica: Joaquim
da IV Gala do Desporto da Cidade reconhecido pela cidade, por todo Os bons resultados ficam igual- Gonçalves “Isabelinha” e Mário
de Coimbra, Tiago Almeida, “já foi o trabalho de re-estruturação que mente assinalados pela atribuição Mexia.
10 | a cabra | 7 de Dezembro de 2010 | terça-feira
DESPOrtO
ProlongamEnto
boxe
Courts renovados
consolidam atividade
Três elemen-
tos da
secção de
boxe da as-
sociação Cátia Costa
a n D eb o L Depois de Nuno de 19 e 20 de novembro, o Centro sultados, apesar de não terem maior número possível de joga-
em jogo da de Alto Rendimento de Caldas da sido excelentes, foram global- dores na principal divisão e al-
11ª ronda do Santos ter vencido o Rainha recebeu a segunda jor- mente bons”, avalia. O Campeo- cançar títulos nas diferentes
Campeonato campeonato nacional nada do Circuito Nacional de Se- nato Nacional de Badminton em categorias”, considera. Quanto ao
nacional da niores. A prova marcou o regresso seniores é composto por quatro campeonato nacional de clubes, a
Terceira Di- em maio, a académica de Nuno Santos, atual campeão categorias. Académica encontra-se na pri-
visão, a nacional, à competição. A dupla A Divisão de Elite, onde atuam meira divisão, quer em masculi-
quer mais uma vez
equipa sénior masculina de an- da Académica, composta por os 16 melhores jogadores, segui- nos, quer em femininos. “Em
debol da aaC deslocou-se ao afirmar-se como um dos Nuno Santos e Diogo Silva, ven- das das categorias B, C e da Cate- clubes, a competição decorre no
pavilhão de nelas, onde foi der- ceu a final da Categoria B, em goria D, onde jogam os atletas de fim da época e o objetivo é lutar
principais clubes no
rotada pelo abC local, por 33- pares. Já em singulares, o cam- iniciação. “A Académica tem atle- pela final”, assegura o dirigente.
19. os estudantes ocupam o panorama português peão nacional foi derrotado nos tas a competir em todas as divi- Neste momento, a SB/AAC é
quarto lugar, com 22 pontos, a quartos-de-final por Pedro Mar- sões”, ressalva o dirigente. composta por cerca de 70 atletas,
quatro do líder benavente. por Miguel Custódio tins, um dos mais cotados joga- Questionado acerca dos objeti- com idades que variam entre os
sua vez, a turma sénior femi- dores portugueses, atual número vos da secção para a corrente seis e os 47 anos. Nuno Baía re-
nina, que disputa a primeira Di- A Secção de Badminton da As- 59 do mundo. temporada, Nuno Baía garante vela que “o número de pratican-
visão nacional, continua na sociação Académica de Coimbra Nuno Baía, presidente da sec- que “os atletas têm condições tes da modalidade tem vindo a
última posição, com dez pon- (SB/AAC) encontra-se a disputar ção, mostra-se satisfeito com o para serem campeões nacionais aumentar nos últimos anos, quer
tos. o campeonato nacional da moda- desempenho dos atletas até ao nas várias categorias”. “Esta tem- em seniores quer nos escalões jo-
p o r F áb i o r o d r i gu e s lidade. No passado fim de semana momento. “Nesta jornada, os re- porada é importante manter o vens”.
7 de Dezembro de 2010 | terça-feira | a cabra | 11
CiDaDE
ACEssibiliDADE
UC derruba obstáculos e garan
autonomia a estudantes portad
A UC presta apoio técnico e pedagógico aos alunos com deficiência há mais de 20 anos e planeia continuar a
Também a AAC tem planos, ainda sem financiamento, para a construção de um elevador que facilite o acesso
res de deficiência se deparam ainda é o preconceito. Por Maria Eduarda Eloy
O
s estudantes com deficiên- ciência é a ausência de dados estatís-
cia fazem parte do universo ticos. Mas Ana Cristina Abreu revela
académico da Universi- que “com a implementação do novo
dade de Coimbra (UC) e, ao sistema de informação a partir do
longo das últimas décadas, os espa- servidor NONIO acredita-se ser pos-
ços do campus têm sido adaptados, sível obter essa informação, desde
com maior ou menor eficácia, para os que as pessoas registem a sua defi-
acolher com o mínimo de barreiras. ciência quando se inscrevem”.
A colocação de rampas e elevadores A responsável salienta que, para
nas faculdades e zonas de estudo que o ATPED possa acompanhar o
foram mudanças significativas, que aluno, a deficiência tem que estar
favoreceram a acessibilidade dos de- “comprovada com a devida docu-
ficientes motores, mas além destas mentação, seja de médicos, especia-
obras há outros projetos que permi- listas, psicólogos ou técnicos que
tem a inclusão de alunos portadores antes acompanharam a pessoa”.
de deficiência. Além disso, Ana Cristina Abreu
O Gabinete de Apoio Técnico-Pe- acrescenta que as necessidades do es-
dagógico a Estudantes com Deficiên- tudante têm que ser identificadas em
cia (ATPED) é um exemplo do conjunto com ele durante a entrevista
esforço da UC nesse sentido. Com de avaliação.
quase 20 anos de existência, permite
que alunos de todas as faculdades Medidas de inclusão
com deficiência ou necessidades edu- Para garantir a autonomia dos alunos
cativas especiais (NEE) superem con- no decurso dos estudos, “depois de
dicionamentos que dificultem os seus identificada a necessidade, o ATPED
processos de aprendizagem. Nas pa- articula-se com as unidades orgâni-
lavras da chefe da Divisão Técnico- cas, quer através das direções, quer
Pedagógica da UC, Ana Cristina através dos professores das discipli-
Abreu, o objetivo do gabinete é “ga- nas em que os estudantes estão ins-
rantir que do ponto de vista do pro- critos e negoceiam-se com eles
coimbra e lisboa foram as duas instituições de ensino superior pioneiras na criação deste tipo de gabinetes
cesso de aprendizagem e do processo medidas que permitam essa igual-
raquel coelho
académico a pessoa com deficiência dade de oportunidades”, refere Ana
tem igualdade de oportunidades”. A Cristina Abreu.
responsável pelo ATPED explica que No caso de estudantes com defi-
“qualquer estudante que ingresse na ciência auditiva, “até hoje nenhum
universidade e que tenha uma defi- aluno solicitou tradutores de Língua
ciência ou uma necessidade educativa Gestual Portuguesa”, no entanto essa
especial, que pode ser decorrente de seria uma intervenção possível do
doença incapacitante, tem a possibi- ATPED, segundo a chefe da Divisão
lidade de recorrer ao gabinete”. Técnico-Pedagógica. Habitualmente,
No entanto, cada situação é especí- os professores são sensibilizados para
fica, porque existem diversos tipos de falar de frente para o aluno e para lhe
deficiência e, mesmo dentro de uma proporcionar um assento numa das
deficiência existe variabilidade, o que primeiras filas, para que consiga
cria necessidades diferentes. Além apreender o que o docente diz.
dos deficientes motores, auditivos e Em relação a alunos com deficiên-
visuais, há uma grande variedade de cia visual, a conversão de textos em
alunos com NEE, como os estudantes Braille e carateres ampliados são das
com Síndrome de Asperger, ou com principais medidas de apoio do gabi-
outras formas de autismo. Os alunos nete. Inês Gonçalves, estudante do
podem dirigir-se ao ATPED por ini- último ano do mestrado integrado em
ciativa própria ou orientados por al- Psicologia, é uma das pessoas que
guém que conhece a situação do usufrui dos serviços prestados pelo
estudante, incluindo elementos do ATPED. A aluna tem ambliopia, uma
gabinete que, segundo Ana Cristina redução acentuada da visão, que se
Abreu, “têm a preocupação de ir às agrava quando a iluminação é es-
unidades orgânicas no sentido de cassa, e para ler adequadamente ne-
perceber quem são as pessoas que cessita que os textos estejam
têm necessidade de apoio”, mesmo ampliados. O gabinete faculta as im-
quando não se identificam como por- pressões dos textos que os professo-
tadores de deficiência no ato de ma- res deixam na reprografia ou dos
trícula. diapositivos utilizados em aula com a
Um fator que dificulta a caracteri- escala adequada para Inês e tem
zação da população da UC com defi- ainda disponível uma Telelupa, ou a tecnologia é uma mais-valia no apoio a alunos com deficiência o aTPeD nasceu da organização de um
7 de Dezembro de 2010 | Terça-feira | a cabra | 13
ACEssibiliDADE
nte mais
dores de deficiência
a adaptar os edifícios às necessidades das pessoas com mobilidade reduzida.
o ao edifício. No entanto, uma das barreiras com que os estudantes portado-
raquel coelho
Lupa TV, um aparelho que permite fícios, mas os acessos específicos nem sem ser em PDF”, conclui.
visualizar páginas de livros com am- sempre estão”. O pró-reitor refere Inês, pelo contrário, apresentou
pliação. que existem projetos para melhorar um requerimento à diretora da
No caso particular dos estudantes os acessos nas faculdades que “con- FPCEUC, para que as suas notas fos-
com deficiência motora, o leque de sistem na colocação de rampas inte- sem publicadas na página Web da fa-
intervenções é o mais variado possí- riores e de elevadores nos edifícios culdade e o documento foi deferido.
vel, consoante o grau de deficiência mais antigos e ainda, a pensar nos A estudante salienta, por outro lado,
seja mais ou menos acentuado. No alunos com deficiências visuais, no- as dificuldades de deslocação “em sí-
ATPED são facultados dispositivos meadamente ao nível da textura de tios onde não há muita luz” como a
que facilitam a consulta de livros e há pavimentos, na execução de circuitos principal barreira física, mas no que
também uma articulação com as di- que permitam facilmente reconhecer respeita ao quotidiano na faculdade,
versas faculdades para assegurar o os acessos e os locais de perigo”, mas a disponibilização de textos em datas
mínimo de condições de acessibili- que ainda aguardam financiamento. próximas de exames ou a falta de
dade. Contudo, Ana Cristina Abreu A acessibilidade de pessoas com uma Lupa TV na biblioteca são en-
afirma que existem várias dificulda- mobilidade reduzida ao edifício da traves. Inês conta que não tem
des em implementar acessos para Associação Académica de Coimbra “acesso aos livros que a biblioteca
pessoas com mobilidade reduzida (AAC) também é uma das preocupa- disponibiliza a menos que os possa
porque muitos dos edifícios da UC ções do presidente da direção geral, trazer para casa, mas como muitos
“têm o peso da história e, por lei, não Miguel Portugal. “O acesso é muito dos livros não podem sair da biblio-
se podem fazer alterações, ou para se pouco largo e é muito complicado ter teca é complicado a esse nível”. Outro
fazerem têm que se contactar inúme- acesso aos pisos superiores, que é problema que refere relaciona-se
ras entidades para pedir autorização, uma coisa que apenas se poderá dis- com os avisos que os professores afi-
além das condicionantes dos edifícios sipar no futuro através de um eleva- xam nos placards da faculdade numa
e da arquitetura urbanística”. A res- dor, que é algo que também está letra que não está ampliada. “É uma
ponsável pelo ATPED refere-se, em projetado para o novo edifício da informação inacessível”, lamenta a
particular, à Faculdade de Psicologia AAC”, comenta. O dirigente associa- estudante.
e Ciências da Educação da UC tivo adianta ainda que “é um projeto Por sua vez, Isabel Dias realça pela
(FPCEUC), localizada num plano in- de quatro milhões de euros” da auto- positiva o aparecimento e generaliza-
clinado e entre ruas estreitas. ria do arquiteto Gonçalo Byrne, mas ção das novas tecnologias que vieram
O ATPED agiliza também, em mui- para já não tem financiamento. colmatar as principais dificuldades
tos casos, a negociação da extensão que sentiu ao longo da licenciatura,
raquel coelho
do tempo dos exames para alunos Dificuldades acrescidas que já concluiu em 1997, como a au-
“Normalmente com deficiência, ou a divisão da ava-
liação em mais do que um momento.
Tal como Inês Gonçalves, também
Lucília Vicente, que concluiu em
sência de dicionários em Braille num
curso de línguas ou os problemas na
associa-se à Inês Gonçalves salienta que num
exame de uma hora com 40 escolhas
julho o mestrado em Ciências da
Educação, e Isabel Dias, que termi-
consulta das notas. “Era preciso pedir
aos colegas para verem as pautas, de-
deficiência visual múltiplas, em que cada uma das op-
ções ocupa uma página inteira, de-
nou já em 2007 uma pós-graduação
em Tradução, frequentaram o
pois os professores não diziam as
notas, telefonava-se para as secreta-
uma deficiência vido à letra aumentada, demora
“muito a folhear o enunciado” e é
ATPED. As duas antigas estudantes
da UC são cegas e realçam a impor-
rias diziam que não divulgavam notas
por telefone”, comenta com doses de
cognitiva e isso tempo que acaba por faltar para ter-
minar o exame no prazo previsto. No
tância do trabalho do gabinete na
adaptação de textos para Braille.
humor e frustração.
A
ntónio Álvares da Cunha,
nascido em 1626 em Goa,
na Índia, foi arquivista e
genealogista. Todavia, foi principal-
mente pela sua atividade enquanto
diplomata que a 9 de abril de 1668 se
tornou no primeiro português a per-
tencer à Royal Society de Londres.
Desde a sua nomeação, até à do ma-
temático e político Francisco de Borja
Garção Stockler, a 1 de abril de 1819,
foram 25 os cientistas e diplomatas
portugueses que tiveram a honra de
constar nos anais da história da So-
ciedade Real de Londres para o Pro-
gresso do Conhecimento da
Natureza. São também essas 25 per-
sonalidades nacionais que integram
agora a exposição “Membros portu-
gueses da Royal Society”, iniciativa
que comemora os 350 anos da cria-
ção da sociedade científica londrina
e que está patente na Biblioteca Joa-
nina da Universidade de Coimbra
(UC) até 28 de fevereiro de 2011.
“São os únicos 25, depois destes três
séculos e meio não encontramos nos As obras literárias expostas pertecem ao espólio da BGUC e, nalguns casos, esta é uma oportunidade única para as observar
registos [da Royal Society], outros
nomes de portugueses”, conta o dire- constRuiR laços a estudaR o Passado
tor da Biblioteca Geral da UC (BGUC)
Carlos Fiolhais. A maioria dos mem- no próximo dia 10, a biblioteca Joanina recebe o colóquio internacional
bros portugueses da sociedade – “Portugal- britain: 250 Years of scientific exchange (1660-1910)” que, segundo
criada em Londres a 30 de novembro carlos Fiolhais, é “um encontro para, com base na história, descobrir laços
de 1660 por um grupo que ambicio- que se possam construir entre a Royal society e a uc”.
nava estudar de forma mais aprofun- a iniciativa conta com a presença de Keith Moore da Royal society, Robert
dada a Natureza – viveu no século Fox da universidade de oxford, ana simões da universidade de lisboa e isa-
XVIII. “Isso mostra que a ciência por- bel Malaquias da universidade de aveiro.
tuguesa no século XIX e XX não teve Para a apresentação foi convidado décio Martins da uc, que pretende “ex-
o mesmo grau de internacionaliza- plorar os aspetos que são relevantes no gabinete de física e a importância da
ção”, conclui Carlos Fiolhais. obra científica de alguns elementos da Royal society”.
Coincidência, ou não, é também do
século XVIII a Biblioteca Joanina, cação periódica da Royal Society - Jardim Botânico acabou por ser feito Fiolhais refere que “esta coroa servia peças mais gerais da história e fun-
que acolhe a exposição patente no que é, segundo Carlos Fiolhais, “uma em Coimbra”, continua o diretor. para magnetizar as agulhas das bús- dação da Royal Society. No piso in-
andar nobre, no andar intermédio, das revistas científicas mais antigas Já os instrumentos científicos pre- solas e o instrumentista que a mon- termédio, ganham uma nova vida os
que até há poucos meses se encon- do mundo” e da qual a BGUC “con- sentes na Biblioteca Joanina, nos tou era membro da Royal Society”. cientistas e as suas obras escritas e
trava encerrado ao público, e na an- serva todos os exemplares desde o próximos meses, pertencem ao Outros três objetos cedidos pelo instrumentais. Por fim, na Prisão
tiga Prisão Académica. número 1”. “Não há em Portugal Museu da Ciência da UC. São “obje- Museu da Ciência foram projetados Académica ficam as obras com refe-
outra biblioteca que tenha a coleção tos científicos que foram fabricados por João Jacinto de Magalhães: uma rências ou criadas por diversos di-
Obras e instrumentos completa da revista”, revela, orgu- ou utilizados pelos cientistas mem- pêndula, relógio de precisão interna; plomatas.
no espólio da UC lhoso, o diretor. bros da Royal Sociaty”, afirma o dire- uma Máquina de Atwood para medi- A iniciativa, que pode ser visitada
Os objetos que constituem a exposi- Também entre os documentos que tor do museu, Paulo Gama Mota. ção da força da gravidade, cujo mo- todos os dias e cujo bilhete custa
ção pertencem, na sua totalidade, ao constituem a exposição, é possível Alguns destes instrumentos estão em delo é ainda hoje usado nos cinco euros, é organizada em con-
espólio da UC. “Não há material que encontrar uma planta arquitetónica exposição no Gabinete de Física Ex- laboratórios de Física; e um baróme- junto pela BGUC e pela Royal So-
tenha vindo da Royal Society, a não do Jardim Botânico de Chelsea, en- perimental da UC e podem ser obser- tro portátil. “Este homem era um ins- ciety. “Quando fizeram 350 anos
ser algumas reproduções”, admite viada por Jacob Castro de Sarmento vados ao longo do ano. No entanto, trumentista, concebia objetos para encontrei-me com eles em Londres e
Carlos Fiolhais. Os livros e restantes para Portugal. O cientista tinha o in- no caso de “alguns objetos, esta é facilitar a vida aos sábios”, acrescenta tivemos esta ideia em conjunto”, re-
obras impressas pertencem à BGUC. tuito de construir no país um jardim uma oportunidade única para os ver Carlos Fiolhais. vela o diretor da BGUC, que admite
“Alguns deles já estão digitalizados e dentro dos mesmos moldes que per- num contexto específico”, admite que “inicialmente a exposição era
podem ser vistos no repositório de li- mitisse, segundo conta Carlos Fio- Paulo Gama Mota. Uma parceria para ser em Londres, mas de algum
vros antigos da UC, chamado Alma lhais, “cultivar espécies de efeito É o caso de uma coroa de magnetite, anglo-portuguesa modo o número de interessados na
Mater”, afirma o diretor. farmacêutico”. “Não fizeram esse jar- um presente do imperador chinês ao A exposição está dividida em três ver- exposição podia ser maior em Portu-
Expostos estão exemplares da revista dim porque o Marquês de Pombal rei D. João V, que pesa 12 quilogra- tentes. Numa primeira abordagem, gal”.
“Philosophical Transactions” - publi- entendeu que era muito caro, mas o mas, e atrai um peso de 50. Carlos no andar nobre, são apresentadas Com Joana Castro
PUBLICIDADE
16 | a cabra | 7 de Dezembro de 2010 | Terça-feira
PaíS
dR
Muitos dos eleitores acabam por ver o seu voto não ter utilidade
E
m agosto de 2010, o poli- sitados no Partido Social-Democrata diçados”. Para o docente, apesar de ria de circunstância, mesmo abso- vestigador considerar que “em Portu-
tólogo José Bourdain, di- (PSD), constata-se que apesar de este cada voto “valer teoricamente o luta”. O especialista defende um cír- gal, ainda existe receio de certas ma-
vulgou um estudo da sua último ter obtido sensivelmente o tri- mesmo”, a proporção de votos neces- culo de duas câmaras, nifestações públicas desses partidos”,
autoria onde alertava, entre outros plo de votos do BE (29,11% contra sários para eleger deputados “é bas- nomeadamente uma câmara alta (se- citando o cartaz do Partido Nacional
aspetos, para a crescente “despropor- 9,82%), conseguiu eleger mais do que tante mais alta em Portalegre do que nadores) para além da já existente câ- Renovador (PNR) no Marquês de
cionalidade” do sistema eleitoral de o quádruplo de deputados (81 contra em Lisboa”. A seu ver, este facto leva mara baixa (o parlamento), sendo Pombal e “a controvérsia que isso
representação proporcional (SERP) 16) que estes últimos. os eleitores a “desmotivarem-se”, e, esta última eleita por círculo único criou”, relembra que “há uma teoria
vigente em Portugal. Além da falta de na sua opinião, muitos “não chegam a (votação e eleição de cada membro que diz que se deve dar acessibilidade
representação, o autor alertava para Eleitores desmotivados sair de casa porque sabem que, ano individualmente), de modo a propor- às plataformas todas, mesmo aquelas
um elevado número de “votos des- Na opinião do politólogo José Bour- após ano, o seu partido não consegue cionar a “máxima representação e com as quais não concordamos, para
perdiçados”, exemplificando com os dain, como a maior parte dos círcu- eleger deputados”. Ainda em relação proporcionalidade”. que no mercado de ideias essas pos-
vários distritos onde os três menores los eleitorais em Portugal são à tese de mestrado, José Bourdain Já Carlos Jalali considera que o sam ser derrotadas”. Apesar de tudo,
partidos do parlamento não conse- pequenos, “normalmente”, apenas o conclui que, nos círculos eleitorais atual SERP limita em geral o acesso considera que “o mais provável é o
guiram eleger deputados nas eleições Partido Socialista (PS) e o PSD “ele- mais pequenos, vários eleitores fazem aos pequenos e aos micro-partidos à sistema eleitoral não mudar”.
legislativas, apesar de terem alcan- gem” representantes, fazendo com aquilo que se chama “voto estraté- representação parlamentar”. Para Por sua vez, José Bourdain, sugere
çado votações acima dos dez por que “todos os votos que sejam para gico”, ou seja, “vão votar em segun- contrariar esta situação, o politólogo uma discussão séria em Portugal,
cento. Este sistema origina, de resto, outros partidos acabem, assim, des- das preferências, em termos de afirma que se Portugal alterasse o seu sobre o facto de os cidadãos quere-
resultados discutíveis. Por exemplo, perdiçados”. O politólogo conclui por escolha eleitoral” para garantir que o sistema eleitoral para um círculo elei- rem ou não mais representatividade
nas últimas legislativas, apesar de ter isso que o sistema eleitoral português seu voto acaba por ser útil. toral nacional obteria “uma menor no Parlamento. Do primeiro caso, re-
obtido 52 761 votos (0.93% do total), “é cada vez mais desproporcional”. proporção de votos desperdiçados”, o sultaria “um sistema mais proporcio-
o Partido Comunista dos Trabalha- Como exemplo, o também comen- Representatividade que “reduziria os constrangimentos nal mas de governabilidade mais
dores Portugueses/ Movimento tador político relembra, na sua tese necessita de discussão dos eleitores em termos de escolha difícil”. Na segunda hipótese, a for-
Reorganizativo do Partido do Prole- de mestrado de 2007, subordinada ao Para o investigador de Ciências So- eleitoral”. Em contrapartida, Carlos mação de um governo de maioria
tariado (PCTP/MRPP) não logrou tema “Voto Estratégico nas Eleições ciais, Manuel Villaverde Cabral, o sis- Jalali afirma que este acarretaria con- seria mais fácil “mas existiriam muito
obter nenhum dos 230 lugares de de- Legislativas Portuguesas de 2005”, as tema eleitoral português não cumpriu sequências no que toca à governabili- menos partidos representados no
putado parlamentar, enquanto o eleições no círculo de Portalegre (que o “objetivo não explícito” de evitar a dade, tornando “mais difícil a Parlamento”. O especialista crê que
Centro Democrático e Social - Partido elege dois deputados), onde 42,80 maioria de qualquer partido sobre os formação de maiorias absolutas”. A se deveriam referendar propostas de
Popular (CDS-PP), com mais 35 472 por cento das pessoas que foram outros, permitindo três maiorias ab- seu ver esta solução permitiria um alteração do sistema eleitoral de
votos que o Bloco de Esquerda (BE) votar não conseguiram eleger um re- solutas desde 1974. No entender de aumento substancial dos partidos modo a que os eleitores “escolham as
assegurou mais cinco deputados em presentante seu. Também o diretor Manuel Villaverde Cabral esta situa- com representação parlamentar, o regras do jogo da democracia”, pois
relação a este último. Por outro lado, do mestrado em Ciência Política da ção é grave porque, afirma, “nenhum que levaria à entrada de partidos com estes não foram considerados “na dis-
se forem comparadas as votações no Universidade de Aveiro, Carlos Jalali, país, nenhuma sociedade pode estar posições mais extremistas na Assem- cussão das regras do jogo no qual
BE com, por exemplo, os votos depo- considera que “existem votos desper- inteiramente nas mãos de uma maio- bleia da República. Apesar de o in- jogam, que são as eleições”.
PUBLICIDADE
7 de Dezembro de 2010 | Terça-feira | a cabra | 17
MunDo
Coreias “medem forças” d.R.
aRTeS
CINEmA
“ Demónio A
inda me lembro quando “[Rec]”), diria que estamos pe- sário injetar o elemento sobrena-
Séraphine”
vER
H
á quem diga que Sé- bordavam das suas telas, dan- É ainda importante dizer que
raphine Senlis vive çassem nos negrumes dos fun- o que torna este filme disfun-
num estado de êxtase dos, “também eu, quando as cional é a desistência desde FIlmE
permanente. Ser- olho, tenho medo do que fiz”. cedo dos diálogos; ao invés pre-
vente desde sempre, Séraphine É na verdade, a interpretação valecem os cenários demora-
cozinha, lava e limpa casas de que Yolande Moreau faz de Sé- dos, que apesar de firmarem o DE
vários amos de uma pequena raphine que maravilha: Mo- plano fotográfico, esgotam-se MARTIN PROVOST
vila francesa. No cestinho de reau arquitecta a película pela morosidade e pela rigoro-
vime, sempre o cestinho, rouba através de um monólogo quase sidade técnica, que esmaece, EDItORA
sangue de porco, cera de círios, sempre silencioso, além de por vezes, o próprio ritmo de DVD CLAP FILMES
materiais para tintas. conseguir, com distinção, cap- Séraphine. Também a banda
2008
Séraphine, pintora, vive em tar o arrebatamento de quem é sonora que floresce timida-
Senlis. “Onde Sancho Pança vê escolhido para transpor uma mente, quase para se esquivar
moinhos, D. Quixote via caste- ideia visual e teimosa, para ao próprio espectador, peca por
los”, assim é Wilhelm Uhde, o uma tela. É, no entanto, no tardar, apesar de bela, pueril e
alemão resgatador da pintora, fecho da fase de loucura da fi- determinante, como a pintora. Artigo disponível na:
mecenas de Roudin e padrinho gura e do próprio filme que, É um biopic, carece dizer, de Das flores
das artes; até ela se tornar Sé- por ser demasiado abrupto, se quem pintava flores, de quem dançantes
raphine de Senlis, como hoje é perde a profundidade de Sé- abraçava árvores e de quem en-
conhecida, mãe de matizes tão raphine ou a razão pela qual a louqueceu, de tanto viver e sem
densas que conseguiam fazer sua humildade tempestuosa es- saber.
com que as flores que trans- colheu o precipício. FiliPa MagalhãeS
7 de Dezembro de 2010 | Terça-feira | a cabra | 19
feiTas
oUVir lEr
“D “a
ust lane” é o mais quele vai ao Inferno e a-dia e se furta ao velho tom poético,
recente álbum do Crocodilo volta quando lhe ape- a poesia de rimbaud, com uma nova
Dust Lane músico avant-
escondido com tece! rimbaud não vol- linguagem inventada, em que se mis-
garde, multi ins- tou do seu inferno”, tura o coloquial com a voz da gente
trumentalista e compositor as lágrimas de afirma Cesariny, usando como inter- comum, foi e é de uma incontornável
francês, Yann tiersen. Bastante locutores as mulheres de Verona que influência no mundo artístico e em
conhecido e conceituado pela
fora viam passar Boccacio de Dante. poetas ulteriores, especialmente nos
criação das bandas sonoras dos Sim, foi de infernos e de atrocida- surrealistas.
filmes “le fabuleux destin des, em todas as latitudes do con- e se em Portugal, como surrealista
d'amélie Poulain” e “Good Bye ceito, que se imbuíram todas as se elevou Mário Cesariny, não menos
lenine!”, Yann tiersen traz até estações da aventura espiritual de se elevou na prestação do devido tri-
nós um álbum que abrange um rimbaud, mas não menos de génio e buto ao poeta francês através de vá-
registo sonoro completamente de lucidez. rias traduções da sua obra, em 1960
diferente do que outrora havia Jean Nicolas arthur rimbaud, como “Iluminações; Uma Época no
feito. poeta decadentista francês, precoce Inferno”, trocando, em edições pos-
a produção deste trabalho foi na escrita e no seu abandono, escre- teriores, a “época” pela “cerveja”,
feita pelo próprio intérprete e veu toda a sua obra até aos 21 anos, posto que seria “saison” o nome de
por Ken thomas, que já traba- facto que não o impediu de a conce- uma cerveja popular na época de
lhou com os Sigur rós e Moby. ber notável e ainda hoje influente. rimbaud.
de “Dust lane” não é, ao contrário libertino e inquieto, viaja intensa e Para quem considera, não sem
Yann TieRsen de alguns trabalhos anteriores extensamente pela europa, África e razão, que o tradutor é sempre trai-
de tiersen, o álbum perfeito Ásia, até que a morte o ancorou a um dor, o livro possui texto bilingue
editora para uma tarde chuvosa acom- cancro ósseo, aos 37 anos. francês-português, defendendo-se
MuTe ReCORDs panhada de uma caixa de choco- “Iluminações; Uma cerveja no In- assim a compreensão e a essência.
lates. apesar de se apresentar ferno” (“Illuminations; Une saison
2010 um pouco mais distante de ins- en enfer”), são sombras espectrais da
de
trumentos como o acordeão e o obra de rimbaud, escritas entre 1873
Jean-aRThuR RiMbauD
piano, o compositor francês consegue provar que é possível e 1875.
transportar o ouvinte para um subconsciente emocional e in- a primeira, pedindo emprestado o
editora
trospectivo através de guitarras acompanhadas de efeitos, rit- título à pintura, série inacabada de
assiRiO & aLviM
mos que pesam e marcam o andamento de temas como poemas em prosa poética, e a última,
“Palestine” e arranjos vocais que penetram a mente de qual- poema solitário e extenso, único pu-
2007
quer um. blicado pessoalmente aos 19 anos,
o infortúnio da morte da mãe e de um amigo próximo de sendo amplamente considerado
Yann tiersen foi claramente uma influência para a composi- como o seu testamento espiritual.
ção instrumental e lírica do álbum. apercebemo-nos desse Inovadora, já que se anicha no dia- Pedro Madureira
“peso” e, ao mesmo, da presença de memórias e emoções à
medida que nos vamos envolvendo com certas faixas. “Dust JoGar
lane” é, possivelmente o trabalho mais “complexo” de tier-
sen, devendo-se, a título de exemplo, a todo o arranjo coral.
em “amy” é-nos apresentado um conceito muito interessante
de ópera-rock, e a faixa “fuck Me”, último tema do álbum, em Counter-Strike: Source”
que Yann tiersen se junta a Kerrien Gaëlle num dueto de vozes
contagiante, faz-nos perceber que estamos perante um con-
N
junto de músicas intimistas que terminam como o clímax de ovembro de 2004. o filho pró- façam mapas, “mods” e tudo o mais,
toda a acção. O Regresso digo dos “first Person Shoo- que nós fornecemos as ferramentas – diz
Mesmo com quarenta anos, Yann tiersen continua a mos- ters” retorna para nos deliciar a Valve. e com isto, a um custo reduzido,
trar o seu talento e paixão pela música da melhor maneira. às Origens por mais um sem número de horas. os foi possível elaborar uma das séries mais
fãs acotovelam-se para garantir as pri- reconhecidas e jogadas na história dos
meiras cópias do jogo, que os irão (ine- videojogos. Quais Super Mário, Zelda ou
vitavelmente) desgastar até à completa Halo?! Basta pegar num browser de ser-
exaustão. a possibilidade de voltar a vidores dedicados, fazer um “scan” ape-
andré FiliPe CoSta jogar Counter-Strike com um motor de nas pelos que estão alojados em Portugal
jogo totalmente revolucionário veio criar e ainda é possível ver centenas de joga-
uma relação de amor/ódio entre os “fan- dores a divertirem-se com esta gema da
boys” e o jogo. Uns queixam-se da joga- Valve Software.
bilidade, outros das armas, alguns dos o que começou com uma “brinca-
GUErra daS CaBraS
mapas e até existem uns esquisitóides deira”, um simples “mod” do Half life 1,
a evitar dos gráficos. rapidamente se tornou num “best-seller”
Contudo, a premissa é a mesma: duas mundial. e, à boa maneira da Valve, foi
fraco equipas (terroristas e Contra-terroris- lançado como um “standalone game”,
tas), mapas e “mods” a perder de vista, e que continua a fazer as delícias de mi-
Podia ser pior
o habitual emaranhado de teclas de ata- lhares de pessoas no mundo inteiro.
Vale a pena lho para comprar as armas. o primeiro a Mas qual é a diferença entre Counter-
chegar às melhores armas domina o Strike: Source e o seu precedente?
a Cabra aconselha jogo, subjuga o adversário e trucida a Para os mais aficionados, uma jogabi-
a Cabra d’ouro concorrência.É, sem dúvida, a atenção lidade inteiramente diferente (mais “user
que a Valve Software tem dado à comu- friendly”), uma maior panóplia de
nidade, que permitiu transformar este “mods” e mapas, um sistema gráfico e
Plataforma
jogo no colosso que ainda hoje é. a dis- um motor de jogo bastante melhorados.
PC
artigos disponíveis na: ponibilização de “Mod tools”, o apoio e o Para o jogador casual são apenas mais
Editora encorajamento dado aos fãs é a prova ab- horas infindáveis de diversão.
ValVe Software soluta que não há melhor estratégia do e não é isso que realmente interessa?
que a espelhada na velha máxima “o Sentarmo-nos nas horas de ócio e sim-
2004 cliente tem sempre razão”. plesmente deixar os dedos falarem por
e se “o cliente tem sempre razão”, por- nós?
que não deixá-lo ditar as regras? joão Correia
20 | a cabra | 7 de Dezembro de 2010 | Terça-feira
sOLTas
O MunDO aO eu esTuDO Lá univeRsiDaDe De genebRa • suiça
COnTRáRiO
d.r.
MenoS
cia. Na campanha, duas
especialistas em sexo, utilizando
gorros do Pai Natal, falam sobre os
PrátiCa, MaiS
riscos de contrair doenças ou
mesmo de gravidez inesperada. re-
comendam a utilização de preser-
vativos nas festas de fim de ano, a
fim de que nenhum problema rela- qualidade de
cionado com sexo venha a ocorrer
com os cidadãos escoceses.
enSino
EUa Durante a última semana, em
Skapone, no estado de washing-
ton, um sinal de trânsito que visa
alertar aos pedestres para que
parem exibia somente o dedo Na Universidade de Genebra as turmas chegam a atingir os 400 alunos em algumas disciplinas
médio levantado, naquele tradicio-
nal gesto ofensivo que conhece- na universidade de soas são mais ricas”. forma, o horizonte do estudante rica. “os professores são especiali-
mos. Normalmente, o sinal ficava genebra, na suíça, não há Na Universidade de Genebra, as universitário suíço afigura-se mais zados e leccionam apenas uma ca-
vermelho com os cinco dedos de turmas chegam a atingir os 400 alu- risonho, visto não haver tanto de- deira” e rahel não esconde a
uma mão indicando para parar. Se- praxes nem outras nos em algumas disciplinas. as semprego neste país com uma eco- admiração ao constatar que “em
gundo uma porta-voz da prefei- tradições universitárias, aulas são pouco interactivas e não nomia mais estável do que a Coimbra, os professores, por vezes,
tura, Marlene feist, os problemas há lugar para a discussão, refere a portuguesa. Por outro lado, grande não sabem responder às perguntas
podem ter sido gerados pela neve mas o ensino é mais estudante. Não existem tradições parte dos estudantes opta pela al- dos alunos”.
que atinge duramente o estado. completo e especializado respeitantes à vida universitária, ternativa do sistema de formação Questionada sobre a forma como
“Não foi nada intencional”, afirma não há tanta vida social, nem espí- profissional específica, que garante foi acolhida, diz que, apesar de re-
a representante. rito universitário, “a universidade saídas profissionais. conhecer simpatia aos portugueses,
o nível de vida em Genebra é bem não tem um papel tão dominante”, a estudante do terceiro ano de estes “são um pouco como os suíços,
EUa tamy Banovac passou mais mais caro. “Quando estudava lá pa- explica rahel. relações Internacionais escolheu não falam muito e têm um grupo de
de uma hora só de lingerie no sa- gava cerca de 350 euros por semes- os estudantes têm nove anos de Portugal como destino devido ao in- amigos muito fechado”, confes-
guão do aeroporto de oklahoma. tre e não recebia bolsa”, revela rahel ensino obrigatório e depois são es- teresse em aprofundar o seu conhe- sando ser mais fácil conviver com a
a mulher de 52 anos conta que Baumgarther de 22 anos. Há canti- colhidos de acordo com a sua média, cimento da língua portuguesa, que restante comunidade erasmus.
sabia que a sua cadeira de rodas nas universitárias, mas as refeições de forma a terem acesso ao “highs- considera, a par do inglês, francês, a vida social em Coimbra agrada à
faria disparar o detetor de metais, custam entre cinco e oito euros. chool”, que dura três anos. esta se- espanhol e o alemão, que já domina, estudante, porque conhece “muito
por isso resolveu ir usando apenas rahel pagava cerca de 300 euros lecção prévia, que, segundo rahel, um dos idiomas que “toda a gente mais gente e é mais divertido”.
um casaco sobre a lingerie. a ame- pelo alojamento numa das residên- divide os “mais e menos inteligen- fala”. rahel defende ainda, meio a brin-
ricana passou por uma revista ín- cias que, segundo ela, não tem luga- tes”, explica a não existência de pro- “a qualidade de ensino é melhor car, que “a qualidade de vida não é
tima e acabou por perder o voo res suficientes para os estudantes. É vas de ingresso no ensino superior. na Suíça”, conclui a estudante de melhor na Suíça, apesar de lá todas
para Phoenix. também difícil arranjar uma casa a “Só há exames para cursos específi- erasmus, acreditando que em Por- as casas terem aquecimento e em
Carlota rebelo preços acessíveis em Genebra. a es- cos como medicina, mas em geral tugal se aprende menos, porque Coimbra estar sempre com frio”.
tudante explica: “na Suíça, as pes- isso não acontece”, conta. Desta falta uma aprendizagem mais teó- Por ana francisco
sOLTas
João Gaspar
uM bebé virtual
“o
bicho tem fome”. “este todos os produtos virtuais no V3.
já comeu há bocado, Numa versão melhorada, ao ter-
agora precisa de ceiro membro da família Bandai, o
mudar a fralda”. Quem “tamagotchi Connection Jinsei”,
não se lembra de frases como estas, acresce uma espécie de mercearia vir-
tão celebrizadas pelos tempos em que tual, que permite variar a alimenta-
as crianças substituíam os nenucos ção da criatura (claramente para
“cambalhota” ou “um carrinho para evitar a comida de plástico), experi-
dois” por um exemplar quase perfeito mentar mais jogos, receber cartas, vi-
de um bebé real? o tamagotchi, a sitar outros semelhantes e até ligá-lo
simpática simulação precoce de ma- ao site oficial. Como último da linha
ternidade, é filha de aki Maita que, (até agora), a Bandai apresenta-nos o
juntamente com a Bandai, lançou o
objeto no mundo e na demanda de
novos horizontes. É assim que, em
1996, nascem no Japão estes animais
esCaDas DO QuinChORRO • “uMa visTa De DifiCuLTaR a RespiRaçãO” virtuais que carecem de comida,
banho, carinhos e cuidados, para que
O LugaR DOs síTiOs
entre a Couraça dos apóstolos e a rua da alegria, escondem-se 115 impiedosos degraus que tor- cresçam fortes e saudáveis nas mãos
nam a subida das Monumentais uma brincadeira de crianças. as escadas do Quinchorro não surgem dos mais pequenos de todo o mundo,
nos postais ou fotografias de turistas e assumem-se como o alter-ego de um ex-líbris. de imponente que brincam já aos pais e às mães. Na
só a subida, de monumental só o esforço. primeira versão, o objeto destinava-
a vista sobre o pachorrento Mondego contrasta com a azáfama de elementos que se intersetam. se a futuros pais, na preocupação de quinto filho, o “tamagotchi Connec-
Graffitis e árvores ladeiam a via, numa moldura pouco ortodoxa que mescla o natural com o urbano. estabelecer e promover os supostos tion V5”, que vem com opção de fa-
anichada na encosta, enfrentando o rio, a escadaria guarda despojos de antigas batalhas pela recu- valores tradicionais de família. mília e com três crias dentro de um
peração do fôlego e não só. entre maços de tabaco, preservativos e garrafas partidas, esconde-se a Quando surge o segundo modelo do único ovo. “V5” traz-nos ainda um
história da cidade que fica por contar. tamagotchi, através de um sensor in- novo conceito de casamento: após
o declive é íngreme, um percurso a pique que tem o condão de aumentar o peso das pernas. se fravermelho, os “tamas” passam a serem maiores de idade, eles podem
a subida é um desafio, o percurso inverso não foge à regra. o ambiente “quinchorresco” não permite poder socializar e reproduzir. casar… por tV (um acessório consti-
intervenções divinas de um qualquer santo bem-intencionado. nem a objetiva física de newton ali- Nove anos depois, chega a altura de tuinte) ou por CoMUNICaÇÃo
via a penitência, agravada pelo piso escorregadio e irregular. dar o primeiro irmão ao tamagotchi. (através de infravermelhos).
por trás da sua aparência, as escadas do Quinchorro ocultam a entrada para um outro lado de Chega o “tamagotchi Connection V3” Quem mais precisa de “Sims”,
Coimbra. uma versão sem o glamour da sapiência coimbrã mas recheada com as excreções de qual- que alarga ainda mais a interação, “Barbies” ou “Polly-Pockets” quando
quer urbe. longe da sobriedade das linhas que compõem o património arquitetónico mas perto da permitindo o acesso a uma rede so- pode ter este bebé, criança, adoles-
ebriedade da população. apenas um declive tosco, lapidado pelas impressões de quem o pisa, cial virtual, onde se podem adquirir cente, adulto ou idoso, que também
tendo por fundo a cidade que o ignora. produtos através dos pontos ganhos morre? e que, para felicidade dos
em jogos. a “tamagotchi town” é de crentes na imortalidade, renasce dos
fábio rodrigues entrada livre e sem consumo obriga- pixéis qual uma fénix das cinzas…
tório, e permite o armazenamento de maria Garrido
Cav • aTé 27 De feveReiRO De 2011 • JOãO OnOfRe• LighTen up nas MãOs Da aRTe
a Morte eM exPoSição Filipe Furtado
João onofre faz um trabalho de do fotógrafo. Uma voz canta, fala, questiona,
questionamento acerca do nosso Não são fotografias de miúdos. pensa na solidão e na escuridão.
mundo na batalha contra o limite. os personagens são um misto transporta-nos para outra atmos-
a exposição lighten Up no Centro desde os mais novos aos mais ve- fera que é quase o mesmo isola-
de artes Visuais (CaV) é um des- lhos, dos homens às mulheres - e mento da canção, porém apenas
montar e desconstruir de palavras, apresentam-se de forma simples, nos ficamos pelos pensamentos.
sentidos, atmosferas e experiências indumentária normal de semana. a Será a morte o isolamento total?
da humanidade. sua única semelhança aparente são Será a escuridão perpétua? o uni-
a música está presente no am- os óculos de aviador nos quais as verso responde a perguntas com
biente de ligthen Up, é o rastilho suas diferenças se perdem. Não os mais questões. Continuamos igno-
para todas as reflexões que as suas distinguimos tão bem. esconde-se rantes. a verdade é que a morte está
peças podem provocar. acompa- assim o olhar, a força de expressão. sempre presente, na vida dos sim-
nha-nos pelo papel de algodão todos eles trabalham para o fim, ples coveiros, no pensamento de
manchado de desenhos negros de para o ritual de despedida e de par- quem está morrer de um cancro, na
acrílico ou cravado de cristais Swa- tida para algures. os coveiros lis- mente de quem pensa no fim do
rovski que avisam: “the worst is co- boetas veem todos os dias o fim da mundo, no medo do desconhecido,
ming”, ou traduzindo, “o pior está vida, não a sua mas a de muitos ou- até naqueles cuja vontade é a de se
para vir”. onofre tira estas frases da tros. Parece que o nosso tempo é matarem ou matarem outros. a
sua forma original e dá-lhes um eterno, mas não é! os coveiros morte é do conhecimento de todos,
novo significado nem sempre apa- sabem-no bem. e talvez seja um dos atos da vida em
rente ou fácil de se compreender à Num outro espaço um buraco, que somos mais parecidos, pois ela
primeira leitura. É o aviso do fim. uma sepultura aberta. É só terra: é chega a todos.
Parte da sua produção exposta o destino, simples, banal e absurdo. João onofre “encaminha-nos
conta com a presença de algo que se a música hipnotiza por completo, para a luz” em lighten Up, acorda-
assemelha a uma coleção de retra- com a sua vibração calma e estra- nos para o fim que se aproxima e
tos de turma, todos juntos com os nha. “le nuit n’en finit plus” (em deixa-nos a pensar: o que é que a
mais altos atrás e os mais baixos à português, “a noite não tem fim”) é morte significa…
frente. “Sorriam!” é a ordem técnica a faixa que passa incessantemente. filipe furtado
22 | a cabra | 7 de Dezembro de 2010 | Terça-feira
OpiniãO
CartaS à diretora
Carta aberta
tiago eStevão MartinS*
a forma recorrente como a tese de não o terem ainda feito, Direcção Geral. No fim, fiz ques- pacidade da Cabra produzir qual-
Cabra tem agido em assuntos que permitam-me a liberdade de citar tão de perguntar se tinham estado quer tipo de investigação e de ser
lesam a minha imagem e bom o ponto 1: “o jornalista deve rela- a gravar e disseram-me que não. altamente desinformada no que
nome leva-me a cumprir o dever tar os factos com rigor e exactidão Na peça, como reconhecimento toca aos meandros da aaC. São,
(e o direito) de deixar expresso o e interpretá-los com honestidade. pela minha ajuda para o artigo, em suma, um mero fantoche to-
meu manifesto desagrado pelo os factos devem ser comprova- escreveram que me recusei a talmente permeável a manipula-
“jornalismo” praticado neste dos, ouvindo ambas as partes prestar declarações. ções, com pretensões a paladinos
órgão de comunicação. o pro- com interesses atendíveis no Mais recentemente, a Cabra da Justiça.
que fique blema vem-se arrastando e, ape- caso”. ligou-me a dizer que "alguém" Nada justifica esta mediocri-
sar de ter, por várias vezes, o problema maior é isto acon- lhes tinha dito que eu tinha agido dade. aponto-vos aquilo que exi-
bem expresso, tentado a abordagem não liti- tecer com frequência. tomemos no sentido de adiar o máximo gem, com razão, dos dirigentes
giosa, nada disto foi levado em três exemplos. tempo possível as eleições do Nú- estudantis: a seriedade e respon-
não serei mais conta, tendo sido o artigo publi- Num artigo sobre a demora da cleo. e eu disse que era mentira e sabilidade é algo que nos deve
condescendente cado no dia 23 de Novembro a inauguração da Casa das Caldei- expliquei o processo. Perguntei acompanhar quer seja o trabalho
gota que fez transbordar o copo. ras perguntaram-me o porquê quais foram os argumentos e remunerado ou voluntário e não
com este jornal. Na última edição da Cabra foi dessa situação. e eu disse que quem me tinha acusado. Como se deve compadecer com promis-
mencionada a hipótese de o man- tinha que ver com motivos orça- resposta só me disseram que não cuidades pessoais ou com inte-
dato 08/09 do Núcleo de estu- mentais. Na peça apareceu que havia argumentos, não me di- resses terceiros pouco claros.
dantes de letras (NeflUC) o ter tinha dito que fora por "motivos zendo quem tinha sido o acusa- Que fique bem expresso: não
deixado numa situação econó- estéticos". dor. Quando a Cabra saiu serei mais condescendente com
mica deficitária. e enquanto pre- Noutro artigo, já este ano, sobre verifiquei que o acusador estava este jornal. Porque enquanto uns
sidente do NeflUC no mandato estudantes carenciados, ligaram- identificado e era (curiosamente) brincam ao jornalismo, há outros
em questão, questiono-me por me a perguntar o que poderia parte interessada na questão. e, que vêem a sua imagem man-
que motivo, mais uma vez, não dizer sobre isso. e eu respondi para cúmulo, tinha argumentos chada por estas más práticas.
me foi dada a hipótese de defesa. que, tendo terminado o meu bem definidos que nunca tive hi-
Sendo as editoras e os membros mandato, não fazia sentido esta- pótese de rebater...Quando fui
deste jornal, maioritariamente, rem-me a perguntar isso na qua- falar com a Cabra, a solução que
alunos de Jornalismo, talvez te- lidade de presidente. referi ainda me deram foi um espaço para
nham já lido o Código Deontoló- que, a pessoa mais indicada, em desmentir o artigo, num recôn-
gico desta profissão. No entanto, termos institucionais, seria o dito obscuro do jornal. *Presidente do NEFLUC
nunca sendo de descurar a hipó- coordenador de acção Social da acresce a tudo isto a total inca- 2008/2009
o vão fazer porque compete a nós mente os interesses do povo por- ração vive muito o curto prazo.
proceder a essa reforma. tuguês não é escolhido para figu- Nós nunca discutimos de forma
é a PolítiCa, É na assembleia da república rar nas próximas listas. e isto é crítica a realidade que nos rodeia.
(ar) que tem que nascer as solu- verdade em qualquer partido. a a própria associação académica
eStúPido! ções para o país. Infelizmente tal única diferença hoje, é que em vez de Coimbra (aaC) e os seus diri-
não acontece porque os 230 de- de um partido, temos vários par- gentes, deixaram de promover,
putados não são eleitos directa- tidos. Mas a orgânica de funcio- com a mesma intensidade com
mente pelo povo mas sim pelos namento é a mesma; levantar e que promovem as festas académi-
vários partidos que têm assento sentar de acordo com os ditames cas, conferências e tertúlias onde
na ar. Quando nós somos cha- do timoneiro. e se pensarmos se possa discutir com a devida
rúben Figueiredo* mados a votar, nós colocamos bem, é exactamente aqui que re- profundidade estes temas. e
uma cruz, numa sigla, mas não side a perversão de todo o sis- assim vive a nossa geração,
somos nós que elegemos directa- tema. Dado que a realidade é esta, alheada destas questões, sem per-
mente o nosso deputado. eles já não há uma única reforma que vá ceber que a verdadeira vítima da
Nos últimos meses, têm corrido foram escolhidos pelos respecti- de encontro aos problemas dos sua indiferença será ela própria
rumores constantes, sobre a pos- vos partidos dos quais fazem portugueses e portuguesas. no futuro que se avizinha.
sível vinda do fundo Monetário parte. e, para mim, o único crité- as reformas, quando nascem, já
Internacional (fMI) e da União rio de selecção, para integrarem vêm repletas de regimes de ex-
europeia (Ue) a Portugal, para as listas, é o critério da obediên- cepção e de deformações para sal-
“ajudar” o nosso país a sair da si- cia em relação ao chefe do partido vaguardar interesses de certos
tuação em que se encontra. De porque é este que faz a selecção. grupos que vivem na nossa socie-
forma muito simples, e por isso aliás, assistir hoje às votações na dade. a solução infelizmente terá
grosseira, para corrigir os nossos ar e assistir às mesmas no tempo que vir do exterior. Infelizmente
problemas financeiros e económi- de Salazar “it´s the same thing”. porque não temos portugueses de a Cabra errou: Na edição nº221
cos. aliás, o senhor olli rehn, que Hoje, tal como naquele tempo, grande dimensão para corrigir os o crítico de “ouvir” chama-se João
é o actual comissário europeu os deputados levantam-se e sen- nossos vícios e problemas. Gonçalves e não andré filipe
para os assuntos económicos, já tam-se de acordo com a disciplina eu como português e patriota Costa como constava na assina-
vem dizendo que é necessário re- de voto, ou seja, de acordo com a gostaria que fossemos nós a re- tura. Por isto, pedimos desculpa
formar o nosso mercado de traba- vontade do líder. raríssimas ex- solver os nossos problemas. Mas ao visado e aos leitores.
lho, as finanças públicas cepções são vistas a fugir à regra, queria acabar este pequeno artigo
Cartas à diretora
portuguesas, etc. Mas o que os porque quem se atrever a pensar de opinião lamentando a indife-
podem ser
tecnocratas do fMI ou da Ue não pela própria cabeça, a ser um es- rença com que a esmagadora *Estudante de Mestrado em
enviadas para
nos vão dizer para reformar é o pírito livre, a fiscalizar a acção do maioria da nossa geração olha Economia da Universidade de
nosso sistema político. e eles não governo e a defender verdadeira- para estes problemas. a nossa ge- Coimbra acabra@gmail.com
PUBLICIDADE
7 de Dezembro de 2010 | Terça-feira | a cabra | 23
OpiniãO
editorial
Municipal se propôs: a numerosa
adesão do público, perto de uM “boxeur” ChaMado eStudante
25.000 pessoas, veio comprová-
lo. os estabelecimentos de ensino
CeM anoS Para aderiram, com grande entu- Quando a ignorância entra, sem de Coimbra (UC) e a associação
siasmo à grande e diversificada bater à porta, na casa dos que se jul- académica de Coimbra (aaC) são,
Celebrar oferta pedagógica que lhes foi gam mais cultos, de quem é a culpa? como é fácil de constatar, escolas de
proporcionada (cerca de 2.000 É de quem não os ensinou a trancar vida que exigem a nossa participa-
alunos participaram em 15 pro- a fechadura, ou deles porque não ção. Para isso, oferecem a hipótese
gramas especialmente produzi- aprenderam por si e por isso desa- de intervir em assembleias Magnas
dos). fiaram o perigo e foram vencidos. e reuniões Gerais de alunos, eleger
berta duarte associações culturais, museus, Ninguém é obrigado a saber tudo representantes nos órgão gestores e
comerciantes e entidades priva- e quanto mais novos começarmos a consultivos da UC, escolher os cor-
das deixaram-se envolver na or- praticar boxe, maior é a probabili- pos gerentes da aaC, votar os cons-
o edifício Chiado cumpria ganização, prestando-lhe o mais dade de levarmos um soco que nos tituintes dos núcleos, estar lado a
igualmente um século de existên- variado contributo, ajudando a deixa a rastejar. Sem mentor, a ta- lado com os colegas em manifesta-
cia e, tratando-se de um dos mais concretizar um projecto que, sem refa é mais difícil, no entanto, ções ou ações simbólicas, entre
paradigmáticos e raros exempla- esse apoio entusiástico, teria sido quando já se entrou no ringue, a ati- muitas outras atividades.
res da arquitectura da Baixa de impossível. tude mais inteligente a adotar é fa- É claro que não há obrigação de
Coimbra, sede do nosso Museu, miliarizar-se, tanto quanto possível, participar em tudo e cada um tem o
importava associar, ao programa com as irregularidades da plata- direito a escolher por si os “rounds”
dos seus 100 anos, uma dinâmica forma. que está disposto a lutar. além
que envolvesse a comunidade. a passagem pela Universidade e, disso, é sempre possível, e acontece
foi essa a nossa ambição! consequentemente, pelo associati- frequentemente, perante uma si-
levámos a cidade a recuar até vismo académico é como um rin- tuação ter duas opiniões diferentes.
1910, comprovámos a azáfama gue de boxe. tomemos isto apenas Isto resulta da capacidade de ver as
diária das suas gentes, assistimos como uma metáfora, não vão cer- vantagens e desvantagens e de ana-
a acesas discussões políticas, tas mentes levar demasiado à letra lisar as consequências a curto e a
vimos passar damas elegantes e as palavras que aqui estão redigi- longo prazo. até porque, para se en-
cavalheiros distintos, apreciámos,
“
com algum receio, «máquinas»
cujos motores ruidosos atraíam a Para se entrar no ringue é preciso
multidão.
entretanto, a melhor sociedade
saber se a luta vale a pena. Cada um
coimbrã, em grande euforia, tem direito de escolher por si os
inaugurava, com grande pompa
(a que nem filarmónica faltou), a “rounds” que está disposto a lutar
filial dos Grandes armazéns do Foi essa a nossa
Chiado. das. trar no ringue é preciso saber se a
todos puderam apreciar as
ambição. levámos a É um ringue de boxe no sentido luta vale a pena: às vezes quando se
grandes novidades introduzidas cidade a recuar até em que, assim que se entra, a plata- prega aos surdos, por muito que se
pela empresa dos irmãos Nunes forma ainda está limpa, sem man- grite ou sussurre, a mensagem não
dos Santos e deslumbrar-se pela 1910, comprovámos chas de sangue e sem riscos, e à chega a bom fim; outras vezes
beleza e amplidão do edifício que, medida que nos vamos embre- quando os pregadores se fazem
diziam alguns, tinha sido dese-
a azáfama diária nhando e estudando o terreno ela mudos, nem os melhores ouvintes
nhado por um francês, o da torre das suas gentes. começa a tornar-se mais negra, compreendem o conteúdo.
eifel! Mas não, logo desmentia usada, e com provas de que por ali Hoje, 7, votam-se os representan-
outro, que em Portugal também passou alguém capaz de receber e tes no Senado da UC e quinta-feira,
temos bons engenheiros, foi um dar o mesmo em troca. 9, os estudantes deslocam-se nova-
português, da capital, um tal de No entanto, há aqueles que pre- mente a lisboa para protestar con-
alberto de Sá Correia! Pois não ferem não entrar no ringue. e, à tra as políticas governamentais
viram o projecto, ali exposto, com medida que o tempo passa, a lona relativas ao ensino superior. Não
a assinatura do homem? Sim sim, do soalho mantém o mesmo tom podemos dizer que os oradores te-
enquanto as senhoras se deslum- que tinha quando a vimos pela pri- nham pregado muito alto. São dois
bravam com os vestidos e cha- meira vez. Uma lona que não tem “rounds” e apenas depende de ti e
péus e as crianças se um risco que prove que por lá se das tuas crenças a decisão. Desde
entusiasmavam na secção de passou. que a ponderes, ninguém a critica.
brinquedos, fomos nós ver os de- Deixemos a prosa “pseudo-literá- o importante é apenas não lhe ser
senhos… ria” e passemos ao que realmente indiferente.
o programa do Centenário do *Responsável pela divisão de significa na prática. a Universidade rafaela Carvalho
edifício Chiado alcançou os ob- museologia da Câmara
jectivos a que a equipa do Museu Municipal de Coimbra
Jornal Universitário de Coimbra - a CaBra depósito legal nº183245/02 registo iCS nº116759
diretora rafaela Carvalho Editora-Executiva Maria eduarda eloy Editoras-Executiva multimédia: Cátia Costa, Patrícia
troca Editores: Carlota rebelo (fotografia), Camilo Soldado (ensino Superior), João Gaspar (Cultura), fábio rodrigues (Desporto),
Inês Silva (Cidade), Bruno Monterroso (País & Mundo) Secretário de redação Vítor leôncio Paginação Cláudia teixeira, rafaela
Secção de Jornalismo, Carvalho, Carolina Goes redação Catarina Domingos, Diana Craveiro, félix ribeiro, fernando Sá Pessoa, filipa Magalhães, filipe
associação académica de Coimbra, furtado, Inês Balreira, Maria Garrido, Marta Costa, Miguel Custódio, Sara São Miguel fotografia Cláudia teixeira, Guilherme
rua Padre antónio Vieira, Soares, Joana Babo, Maria Garrido, reyes Martínez, rosália Costa, Vanessa alves ilustração Cláudia Guerreiro, tiago Dinis Co-
3000 - Coimbra laborou nesta edição Carolina Varela, frederico fernandes, felipe Melo, Guilherme Soares, Janete Vigia, Joana Castro, João
tel. 239821554 fax. 239821554 oliveiros, Mariana Gonçalves, rosália Costa, Vanessa alves Colaboradores permanentes ana raquel Constantino, andré Costa,
e-mail: acabra@gmail.com andré filipe Costa, Bruno figueiredo, emanuel Botelho, fernando oliveira, José Santiago, Pedro Crisóstomo, Pedro Madureira,
Pedro Nunes, rui Craveirinha, Vasco Batista Publicidade filipa Magalhães - 239821554; 917336210 impressão fIG - Indústrias
Gráficas, S.a.; telefone. 239 499 922, fax: 239 499 981, e-mail: fig@fig.pt tiragem 4000 exemplares Produção Secção de Jor-
nalismo da associação académica de Coimbra Propriedade associação académica de Coimbra agradecimentos reitoria da Uni-
versidade de Coimbra, Serviços de acção Social da Universidade de Coimbra
Mais informação disponível em
acabra.net
Redação: Fax: 239 82 15 54
Secção de Jornalismo e-mail: acabra@gmail.com
Associação Académica de Coimbra
Rua Padre António Vieira Conceção e Produção:
3000 Coimbra Secção de Jornalismo da
Telf: 239 82 15 54 Associação Académica de Coimbra
Jornal Universitário de Coimbra
PUBLICIDADE
PUBLICIDADE
A entrevista dada por Mariano Joe Liberman, senador americano, Há um mês atrás, Angela Merkel,
Gago ao Diário de Notícias no pas- apelou a que todas as organizações segundo o jornal The Guardian,
sado dia 5 mostra a realidade ofus- cessassem a sua colaboração com a ameaçou retirar a Alemanha da zona
cada que reina no Ministério da Wikileaks, empresa especializada na euro. Mais tarde, o porta-voz da
Ciência, Tecnologia e Ensino Supe- divulgação de documentos secretos. chanceler alemã veio desmentir tal
rior. “O ensino superior está satis- Algumas já aceitaram a dica do se- afirmação. Contudo, nesse intervalo
feito”, “não é verdade que os nador, como a Amazon ou a Eve- de tempo foram vários os avisos por
estudantes têm estado a protestar, rydns, empresa americana que parte da diplomacia germânica. Au-
antes pelo contrário”, ou ainda um fornecia o domínio do site. Contudo, toritária e com vontade de ser a pas-
“não” convicto, quando questionado o esforço de alguns países ou a cen- tora do rebanho dos 27, Angela
acerca da saída de profissionais qua- sura efetuada por privados não con- Merkel tem vindo a oscilar nas suas
lificados de Portugal para fora. Ao seguiram travar a Wikileaks, que decisões, prejudicando, em parte, as
que parece, aos olhos de Mariano acabou por se tornar num grande políticas dos restantes membros. Nos
Gago, tudo corre na perfeição, ou pelo foco mediático. Já estão escolhidos desmentidos e nos contraditórios, lá
menos é o que os seus óculos, possi- os próximos alvos: Vaticano, Coreia vai a Alemanha agarrando as rédeas
velmente embaciados, lhe dizem. do Norte e Israel. Uma lavagem aos de uma Europa medrosa que acata
Acreditaremos… olhos faz sempre bem. sem questionar.
J.G. J.G. J.G.