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Resumo
Lajes compostas por vigotas pré-moldadas tem sido uma solução bastante utilizada como
alternativa para a industrialização da construção civil apresentando as seguintes
vantagens: redução dos custos com formas, uso de equipamentos simples para
transporte, fácil montagem e necessidade de poucos escoramentos. Por serem de fácil
execução, o uso de vigotas em uma única direção para pequenos e médios vãos tem sido
a alternativa mais utilizada, mas apresenta um comportamento essencialmente de viga
perdendo importantes vantagens oferecidas pelas placas. Uma alternativa seria o uso de
algumas nervuras transversais.
Avalia-se a influência das nervuras transversais na distribuição das reações da laje nas
vigas do contorno em pavimentos de lajes pré-moldadas, considerando diversas
geometrias de pavimento e a fissuração e deslocabilidade dessas vigas. Essa alternativa
proporciona um comportamento próximo de placa, e preserva as vantagens oferecidas
pelos sistemas industrializados.
Palavras-Chave: vigotas pré-moldadas; nervuras transversais; reações nas vigas.
Abstract
Composed slabs with precast ribs have been used as alternative solution for the
industrialization of civil construction with the following advantages: reduction of the costs
with forms, simple equipment used for transport, easy assembly and necessity of few
support elements. Since they simplify the execution of slabs, the use of ribs in only one
direction, for small and medium spans, has been the most used alternative, but it
essentially has a beam behavior, losing important advantages offered by the plates. An
alternative would be the use of some transversal ribbings.
It is intended to evaluate the influence of the number of transversal ribbings in the
reactions of the slab in the peripherical beams of slabs with precast ribs, considering
diverse spans of floors and the cracking and displacements of this peripherical beams.
This almost provides a plate behavior and preserves the advantages offered by the
industrialized systems.
Keywords: precast ribs; transverse ribs; reactions.
Tabela 2: Altura das vigas do contorno para as condições de apoio AP1 e AP2.
Vão (m) Apoio b (cm) h (m) rAP1=I/ℓ (m3) Apoio b (cm) h (m) rAP2 =I/ℓ (m3) rAP2/rAP1
4,0 20 40 2,67 x 10-4 0,20 1,40 114,33 x 10-4 42,82
-4
6,0 20 45 2,53 x 10 0,20 1,60 113,78 x 10-4 44,97
-4
8,0 AP1 20 50 2,60 x 10 AP2 0,20 1,75 111,65 x 10-4 42,94
-4
9,0 20 55 3,08 x 10 0,20 1,80 108,00 x 10-4 35,06
-4
12,0 20 60 5,86 x 10 0,20 2,50* 217,00 x 10-4 37,03
a) nervuras iguais nas duas direções b) nervuras diferentes nas duas direções
Figura 1: Laje Bidirecional.
A NBR 6118:2003 prescreve que as lajes unidirecionais devem ser calculadas segundo a
direção das nervuras desprezando qualquer contribuição da rigidez transversal e da
torção (vigas com seção “T” isolada). Já as lajes bidirecionais podem ser calculadas para
efeito de esforços solicitantes como lajes maciças. No cálculo e dimensionamento deve-
se adotar modelos que considerem a não linearidade física do concreto, de modo a
representar fielmente o efeito das ações de serviço na estrutura.
A fissuração foi considerada conforme BRANSON (1968) que criou um modelo em que
admite para a seção do concreto uma inércia média ou equivalente. Esse procedimento é
o recomendado pela NBR 6118:2003.
A determinação dos esforços e deslocamentos é feita a partir da resolução da equação
fundamental das placas, ou utilizando outros modelos, pois a equação possui poucas
soluções. Neste trabalho foi utilizada a analogia de grelhas e séries (para as lajes
maciças). O processo de analogia de grelhas será, resumidamente, apresentado.
5 Resultados e análises
A seguir são apresentados os resultados obtidos para diversas geometrias de
pavimentos, com disposição das vigotas pré-moldadas principais (longitudinais) sempre
na direção do menor vão (4,0m e 6,0m) e para as demais variáveis: condições de apoio,
quantidade de nervuras transversais e fissuração das vigas do contorno.
As nervuras pré-moldadas (ou principais) estão sempre segundo a direção y, enquanto
que as transversais estão na direção x. As vigas do contorno em que as nervuras pré-
moldadas se apóiam serão chamadas de principais e as na outra direção de secundárias.
A letra grega λ representa a relação entre os lados maior e menor das lajes.
Na modelagem das lajes em grelhas equivalentes as barras principais (direção y) são
coincidentes com as nervuras pré-moldadas, e foram modeladas juntamente com a capa
superior, enquanto que as barras transversais (direção x) representam apenas as
nervuras transversais, sem a capa de concreto, já contemplada na outra direção.
Nos gráficos os valores obtidos para as reações nas vigas principais e secundárias para
cada número de nervuras considerado estão ligados por retas (relação linear),
principalmente para melhor visualização, embora isso não seja real, visto que não há
como estimar resultados para situações intermediárias de número de nervuras
transversais não analisadas.
70
LAJE 01 (4x4) - AP1
65
% do carregamento total na laje
60
55
50
45
0 2 4 6 8 M 10
Quantidade de nervuras
Figura 2. Distribuição do carregamento nas vigas da laje 01: apoio AP1.
65
% do carregamento total na laje
60
55
50
45
25
-2 0 2 4 6 8 10 M
12 M 14
Quantidade de nervuras
Figura 3. Distribuição do carregamento nas vigas da laje 02: apoio AP1.
70
% do carregamento total na laje
65
60
35
30
25
20
0 2 4 6 8 M 10
Quantidade de nervuras
Figura 4. Distribuição do carregamento nas vigas da laje 03: apoio AP1.
Mais uma vez vê-se que as condições de apoio AP2 e AP3 pouco interferem nos
resultados, com a carga migrando para as vigas secundárias com valores próximos aos
anteriores, até à situação de laje maciça (placa) com 7 nervuras. Cabe destacar que aqui
a situação de placa não significa metade da carga para as vigas principais e secundárias.
65
60
Vigas principais (s/f)
55 Vigas secundárias (s/f)
50 Vigas principais (c/f)
45 Vigas secundárias (c/f)
40
35
30
25
20
-2 0 2 4 6 8 10 M
12 M 14
Quantidade de nervuras
Figura 5. Distribuição do carregamento nas vigas da laje 04: apoio AP1.
As condições AP2 e AP3 apresentaram uma grande semelhança com AP1, como nas
demais, mostrando novamente que a condição de apoio tem pouca interferência nos
resultados, com a carga migrando para as vigas secundárias com o aumento das
nervuras, até a situação próxima à de placa com 11 nervuras.
70
65
60
55 Vigas principais (s/f)
50 Vigas secundárias (s/f)
45 Vigas principais (c/f)
Vigas secundárias (c/f)
40
35
30
25
20
15
0 2 4 6 8 M 10
Quantidade de nervuras
Figura 6. Distribuição do carregamento nas vigas da laje 05: apoio AP1.
Para AP2 e AP3 os resultados mostram novamente que a condição de apoio tem
pouca interferência nos resultados, com a carga migrando para as vigas secundárias em
função do aumento das nervuras, com valores próximos aos anteriores.
85
80
75
% do carregamento total na laje
70
65 LAJE 06 (6X12) - AP1
60
55
50 Vigas principais (s/f)
45 Vigas secundárias (s/f)
40 Vigas principais (c/f)
35
Vigas secundárias (c/f)
30
25
20
15
-2 0 2 4 6 8 10 M
12 M 14
Quantidade de nervuras
Figura 7. Distribuição do carregamento nas vigas da laje 06: apoio AP1.
Com o aumento do número de nervuras o valor da carga nas vigas principais vai caindo
lentamente, pois mesmo na situação limite de placa, a carga nas vigas secundárias é
pequena (só com 5 nervuras a queda foi mais acentuada, mas ainda apenas 5,02% em
relação à situação sem nervuras). Com 7 nervuras as vigas principais receberam 78,69%
da carga, e com 9 nervuras 76,16, quase como se fosse laje maciça, indicando que uma
colaboração mais significativa das nervuras está em torno desses valores.
Novamente os resultados para as condições AP2 e AP3 mostram que o enrijecimento das
vigas de apoio tem pouca interferência nos resultados, com a carga migrando para as
vigas secundárias fundamentalmente em função do aumento das nervuras. A observar
apenas que na condição de apoio AP2 (viga de grande inércia), a situação de
comportamento igual à de placa foi praticamente atingida com 7 nervuras.
85
% do carregamento total nas lajes
80 Laje 01 (4X4)
Laje 03 (4X6)
75 Laje 05 (4X8)
70
65
60
55
50
-1 0 1 2 3 4 5 6 7 8
Quantidade de nervuras
Figura 8. Carregamento nas vigas principais nas lajes 01, 03 e 05.
75
70
65
60
Laje 02 (6X6)
55
Laje 04 (6X9)
Laje 06 (6X12)
50
0 2 4 6 8 10 12
Quantidade de nervuras
Figura 9. Carregamento nas vigas principais nas lajes 02, 04 e 06.
6. Conclusões
O estudo demonstra o potencial oferecido pelo uso de nervuras transversais, que
proporcionam ao pavimento um comportamento próximo de placa, mesmo com um
número pequeno (sem a necessidade do mesmo intereixo nas duas direções – laje
bidirecional), facilitando assim a execução e tornando-as atrativas economicamente. A
seguir, as principais conclusões:
• Na análise conjunta dos resultados para as duas lajes quadradas percebe-se que
para uma situação prática a utilização de 3 nervuras, na laje 01, já fornece uma boa
melhora na distribuição, sem comprometer demais a execução. No caso da laje 02 os
resultados indicam que a partir de 7 nervuras o efeito de placa começa a ser sentido.
• Para as duas lajes quadradas os resultados mostram que uma distância adequada
entre as nervuras transversais, para uma distribuição razoável do carregamento, pode
estar entre 80 cm e 100 cm.
Agradecimento
Referências bibliográficas
BRANSON, D. E. (1968). Procedures for computing deflections. ACI Journal, 65. New
York. Setembro, 1968.
DROPPA JR., A. (1999). Análise estrutural de lajes formadas por elementos pré-
moldados tipo vigota com armação treliçada; São Carlos. Dissertação (Mestrado) –
Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo.