Muitas vezes não levamos tão a sério o dito popular “é de pequeno
que se aprende”. Mas a real idéia é o fato desta afirmação dizer muito mais do que apenas escrito. Quando crianças, nossa mentalidade está a todo vapor, criando e recriando inúmeras ligações entre si mesmas, formando um complexo e individual emaranhado de concepções que garantirá, na vida futura, o aprendizado e o desenvolvimento cognitivo. Os hábitos são características estendidas com a permanência em determinada ação. São parte de cada indivíduo e criam para esse sua identidade própria. Por mais simples que se tente ser, os hábitos estão amplamente conectados a vida em sociedade, ou seja, estamos sempre condicionados a seguir determinados padrões acionais, impostos ou não, mas que garantem hegemonia (espiritual, física, social, cultural entre outras). É importante salientar que desde nossa primeira infância, nossos hábitos e costumes são desenvolvidos pelas pessoas as quais fazem parte de nosso convívio. Logo, é de notável tolerância que essas ações sejam as mais positivas possíveis, para que então, a criança cresça, desenvolva-se e torne-se um adulto consciente e mantenedor de boas condutas perante suas decisões e inter-relações com seu meio de vivência. Jean Piaget em sua teoria construtivista deixa claro que o conhecimento é a ação do sujeito sobre o objeto, ou seja, o conhecimento humano se constrói na interação homem-meio, sujeito- objeto. Piaget considera o conhecimento como a equilibração/reequilibração entre assimilação e acomodação, ou seja, entre os indivíduos e os objetos do mundo. São as ações humanas sobre o meio que transformam e criam novas ações (analogamente a teoria Newtoniana). Para tanto é de fundamental importância que desde cedo a criança tenha acesso a informações de qualidade, contato com boas fontes de conhecimento e total apoio, para que então, consiga desenvolver- se em “larga escala”, sem aprisionamento de pensamentos e construção exacerbada de dúvidas sem respostas. Como fundamento deste post, passo a comentar sobre o valor da leitura no meio infantil. No Brasil, o hábito de leitura ainda não é amplamente difundido em todas as regiões e comunidades. A média de leitura é de apenas 1,8 livros por ano. Segundo o site da BBCBrasil, em uma pesquisa realizada NOP World que entrevistou mais de 30 mil pessoas em 30 países, os brasileiros dedicam apenas 5,2 horas por semana para a leitura, ficando na 27ª colocação. Confesso que fiquei espantado quando fui olhar os primeiros lugares, pensando encontrar países europeus, achei a Índia em primeiro lugar com 10,7 horas semanais de leitura. Em segundo lugar a Tailândia com 9,4. Com isso fico a indagar: qual a verdadeira relação do hábito de leitura e as condições sociais e econômicas. De fato alguém pode ressaltar que a população indiana é gigantesca e isso influiria no índice da pesquisa, entretanto, também tenho certeza que o contingente de pessoas a beira da miséria e que passam por condições inumanas é maior lá do que aqui. A China que ficou em terceiro lugar, média de 8 horas semanais, é um exemplo assustador. Sabemos da enorme diferença sócio-econômica que o país enfrenta, havendo uma divisão entre uma China (pequena) rica e uma china (grande) pobre. Também se sabe que no processo histórico chinês há a formação de um novo sistema educacional, com investimentos pesados no combate ao analfabetismo e desvinculo escolar. O que quero mostrar é que considero o Brasil um país que apesar de possuir dificuldades, problemas sociais, miséria, fome etc., ainda assim é muito evoluído e cheio de potencialidades, logo, fico espantado com nossos níveis de leitura. Certamente nossa cultura (em constante mudança) não abriga um hábito forte e consistente do ato de ler. Mas antes que me joguem pedras, deixo uma boa notícia: em 10 anos o índice de leitura no país já melhorou em cerca de 150%. Mas, ainda pode melhorar e muito! Iniciativas de professores com projetos de leitura desde a Educação Infantil são essenciais. Propiciar aos alunos o contato com materiais de leitura desde seus primeiros passos faz toda a diferença. Com o passar do tempo a criança acostuma-se com a presença da leitura, de forma que sente necessidade de usufruir desse bem. Livros, revistas, quadrinhos de qualidade fazem a diferença neste trajeto, porque somente assim a criança cria seu gosto literário, conhece diferentes tipos de literatura e passa a escolher o que mais gosta ou que lhe pode ser útil em suas decisões e formação de conhecimento. Um projeto muito interessante é do Banco Itaú que está doando cerca de 16 milhões de livros infantis. Para recebê-los é bem fácil, basta acessar o site da campanha: http://www.lerfazcrescer.com.br/#/kit e realizar o cadastro. Lembrando que é possível adquirir apenas um único Kit por CPF. Recebi há alguns meses o meu aqui em casa. São muito bacanas, feitos com um material de qualidade, literatura de fácil acesso e conteúdo saudável. Aconselho a todos que tenham filhos, sobrinhos, irmãos ou que queiram presentear alguma criança realizar cadastro. Por que não? É totalmente gratuito, inclusive o serviço de correio. Outra dica, esta para o pessoal mais crescido é o site Skoob. Uma rede social de livros que sinceramente é um oásis para qualquer leitor assíduo. Lá é possível cadastrar seus livros em uma estante pessoal, fazer históricos de leitura, opinar com resenhas, classifica-los por qualidade literária assim como trocar idéias com seus amigos e demais leitores. Ah! Sem falar de poder ter contato direto com autores. O site é: www.skoob.com.br. Meu perfil lá, caso queiram adicionar é:http://www.skoob.com/perfil/pomo Concluindo, é necessário incentivar a leitura seja doando livros, presenteado alguém, comentado, fazendo valer o fascínio literário. E aí? Como anda seu hábito de leitura?