Professional Documents
Culture Documents
net 1
Prova Comentada
Os velhinhos de ontem costumavam, sobretudo nos fins de tarde, abrir as janelas das casas e ficar ali, às
vezes com os cotovelos apoiados em almofadas, esperando que algo acontecesse: a aproximação de um
conhecido, uma correria de crianças, um cumprimento, uma conversa, o pôr do sol, a aparição da lua.
Eles se espantariam com as crianças e os jovens de hoje, fechados nos quartos, que ligam o computador,
abrem as janelas da Internet e navegam por horas por um mundo de imagens, palavras e formas quase
infinitas.
O homem continua sendo um bicho muito curioso. O mundo segue intrigando-o.
O que ninguém sabe é se o mundo está cada vez maior ou menor. O que eu imagino é que, de suas
janelas, os velhinhos viam muito pouca coisa, mas pensavam muito sobre cada uma delas. Tinham tempo para
recolher as informações mínimas da vida e matutar sobre elas. Já quem fica nas janelas da Internet vê coisas
demais, e passa de uma para outra quase sem se inteirar plenamente do que está vendo. Mudou o tempo
interior do homem, mudou seu jeito de olhar. Mudaram as janelas para o mundo – e nós seguimos olhando,
olhando, olhando sem parar, sempre com aquela sensação de que somos parte desse espetáculo que não
podemos parar de olhar, seja o cachorro de verdade que se coça na esquina da padaria, seja o passeio virtual
por Marte, na tela colorida.
(Cristiano Calógeras)
1. Deve-se considerar que o tema central do texto, responsável por sua estruturação, é
(A) o antigo hábito de, das janelas das casas, ficar olhando tudo.
(B) o hábito moderno de se ficar abrindo imagens da Internet.
(C) o interesse permanente com que o olhar humano investiga o mundo.
(D) a vantagem de se conhecer cada vez mais realidades virtuais.
(E) a evidência de que o mundo se torna cada vez mais compreensível.
Comentário:
a) Item Errado – O antigo hábito de, das janelas das casas, ficar olhando tudo não é o tema central,
mas apenas uma comprovação (= um argumento) de que, no passado, já há havia um interesse
permanente por investigar o mundo.
Técnico Judiciário www.portuguesdobrasil.net 2
Prova Comentada
b) Item Errado – O hábito moderno de se ficar abrindo imagens da Internet é mais um argumento a
favor da tese do interesse permanente dos jovens de hoje em investigar o mundo. Juntando o fato
de os velhinhos de ontem terem o hábito de, das janelas das casas, ficar olhando o mundo, e o
hábito moderno de se ficar abrindo imagens da Internet, chegamos ao tema principal do texto: há
um interesse permanente em investigar o mundo com o olhar humano.
d) Item Errado – O fato de se conhecer cada vez mais realidades virtuais não é uma vantagem; ao
contrário, prejudica o olhar investigativo, pois faz com que o homem veja “coisas demais”, e passe
“de uma para outra quase sem se inteirar plenamente do que está vendo”.
e) Item Errado – A afirmativa de que “a evidência de que o mundo se torna cada vez mais
compreensível” não encontra qualquer apoio no texto.
I. O primeiro parágrafo ilustra a afirmação de que havia mais tempo, antigamente, para recolher as
informações mínimas da vida e refletir sobre elas.
II. O autor do texto afirma que a única diferença entre abrir as janelas das casas e abrir as janelas da
Internet está no tipo de imagem que é recolhido.
III. Quaisquer que sejam as janelas que o homem abra, todas lhe dão a mesma sensação de que ele
pouco tem a ver com o que observa a distância.
(A) I.
(B) II.
(C) III.
(D) I e II.
(E) II e III.
Comentário:
Item I: Correto – O primeiro parágrafo ilustra a afirmação de que havia mais tempo, antigamente,
para recolher as informações mínimas da vida e refletir sobre elas: o fato de os velhinhos terem o
hábito de, “nos fins de tarde, ficarem às janelas “esperando que algo acontecesse” permiteinferir
que eles passavam muito tempo a observar as pequenas coisas e a refletir sobre elas.
Item II: Errado – Está incorreta a afirmação de que “única diferença entre abrir as janelas das casas
e abrir as janelas da Internet está no tipo de imagem que é recolhido”: o homem de antigamente
via menos coisas do que o homem moderno, mas refletia muito sobre o que via; já o homem atual
“vê coisas demais”, mas não medita com profundidade acerca do que está observando.
Item III: Errado – É um equívoco deduzir do texto que “quaisquer que sejam as janelas que o
homem abra, todas lhe dão a mesma sensação de que ele pouco tem a ver com o que observa a
distância”. Ao contrário, o homem busca incessantemente investigar o mundo: o de antigamente,
com menos informação, mas com mais reflexão; o moderno, com muitas informações, porém sem
tempo para refletir sobre essas informações.
3. Resposta: D – Em “O que ninguém sabe é se o mundo está maior ou menor”, o conectivo “ou”
expressa uma relação de exclusão entre as duas orações, ou seja, se o mundo está maior, não
pode estar menor, e vice-versa. Em outras palavras, o mundo não pode, simultaneamente, ser
maior e menor.
Comentário:
4. Resposta: B – Em “(...) nos fins de tarde” e “o pôr do sol” não há relação de oposição, mas de
simultaneidade: o pôr do sol acontece nos fins de tarde.
(A) O olhar dos velhinhos que ficam horas nas janelas sempre expressaram seu interesse pelo
mundo.
(B) Pouca coisa, em meio a tantas novidades da vida moderna, são capazes de deixar perplexas as
crianças de hoje.
(C) Ninguém fica tanto tempo nas janelas das casas sem matutarem sobre o sentido do que vêem.
(D) Não importa o que sejam, se um cachorro ou o planeta Marte, qualquer imagem são capazes de
atrair as atenções do nosso olhar.
(E) Suspeitamos sempre que as riquezas que nos oferece o mundo parecem exceder o limite da
nossa compreensão.
5. Resposta: E – A forma verbal “oferece” concorda com o sujeito “o mundo” (= ... o mundo nos
oferece as riquezas...); “parecem exceder”, forma no plural, concorda com o sujeito “as riquezas”
(= as riquezas parecem exceder...).
Comentário:
a) Item Errado – O verbo “expressar” deveria estar no singular para concordar com o sujeito “O olhar
dos velhinhos”, cujo núcleo é singular (= O olhar). Observemos que o período apresenta duas
orações: principal – O olhar dos velhinhos sempre expressou seu interesse pelo mundo;
subordinada adjetiva restritiva: que ficam horas nas janelas (que = velhinhos) = velhinhos ficam
horas nas janelas.
b) Item Errado – Estão errados o verbo “estar” e o adjetivo “capazes”. Como o sujeito é “Pouca
coisa”, o verbo e o adjetivo devem ficar no singular: Pouca coisa, em meio a tantas novidades da
vida moderna, é capaz de deixar perplexas as crianças de hoje.
Técnico Judiciário www.portuguesdobrasil.net 4
Prova Comentada
c) Item Errado – Estão incorretas as formas verbais “matutarem” e “vêem”, visto que seu sujeito é o
pronome indefinido “Ninguém”. Correção: Ninguém fica tanto tempo nas janelas das casas sem
matutar sobre o sentido do que vê (= Ninguém matutar / Ninguém vê).
d) Item Errado – Estão incorretos as formas verbais “sejam” e “são” e o adjetivo “capazes”: com o
pronome relativo “que”, como sujeito, o verbo concorda com o antecedente desse pronome (= “O”),
por isso deveria ficar no singular; no segundo caso, o sujeito é “qualquer imagem”, o que também
deixaria o verbo e o adjetivo no singular. Correção: Não importa o que seja, se um cachorro ou o
planeta Marte, qualquer imagem é capaz de atrair as atenções do nosso olhar.
6. Transpondo-se para a voz passiva a frase Os velhinhos viam muito pouca coisa, a forma verbal
resultante será
6. Resposta: A – Sabemos que, na transposição da voz ativa para a voz passiva analítica, o objeto
direto (= muito pouca coisa) passa para sujeito paciente; o verbo da voz ativa (= viam) transforma-
se no verbo “ser”, conservando o tempo do da ativa (= eram), seguido do particípio do verbo da
ativa (= vista); o sujeito da ativa (= Os velhinhos) passa para agente da passiva (= pelos
velhinhos). Desse modo, teremos na voz passiva: Muito pouca coisa era vista pelos velhinhos.
7. O segmento sublinhado em esperando que algo acontecesse pode ser substituído, sem prejuízo
para a correta articulação entre os tempos verbais do primeiro parágrafo, por
(A) algo que acontecera.
(B) que algo viesse a acontecer.
(C) que algo tivesse acontecido.
(D) algo que estiver acontecendo.
(E) que algo venha a acontecer.
7. Resposta: B – A oração “esperando algo que acontecesse” indica uma ação hipotética posterior a
“costumavam”, isto é, (inicialmente) os velhinhos costumavam ficavam às janelas, para (depois)
algo acontecesse (ou viesse a acontecer).Vejamos a substituição sugerida: Os velhinhos de ontem
costumavam, sobretudo nos fins de tarde, abrir as janelas das casas e ficar ali, às vezes com os
cotovelos apoiados em almofadas, esperando que algo viesse a acontecer: a aproximação de um
conhecido, uma correria de crianças, um cumprimento, uma conversa, o pôr do sol, a aparição da
lua.
8. Os velhinhos iam para as janelas, abriam as janelas, instalavam-se nas janelas e transformavam
as janelas em postos de observação.
Comentário:
a) Item Errado – “Muita gente ignora acerca de que (ou sobre que) ficam refletindo os velhinhos às
janelas”. O verbo “refletir”, intransitivo, exige adjunto adverbial de assunto (quem reflete, reflete
acerca de ou sobre algo ou alguém). Assim, “acerca de que” ou “sobre que” preencheriam a
lacuna da alternativa A. Vejamos: oração principal: “Muita gente ignora”; oração subordinada:
“acerca de que (ou sobre que) ficam refletindo os velhinhos às janelas (acerca de que (ou sobre
que) ficam refletindo os velhinhos às janelas = os velhinhos ficam refletindo sobre que).
b) Item Errado – “As imagens virtuais a que (ou às quais) nos entregamos costumam ter força de
realidade. O verbo “entregar-se” é transitivo indireto, com objeto indireto iniciado pela preposição
“a” (quem se entrega, entrega-se a algo). Oração principal: “As imagens virtuais costumam ter
força de realidade”; oração subordinada: “nos entregamos a que” (que = As imagens virtuais;
então: nos entregamos a que = nos entregamos às imagens virtuais).
c) Item Errado – “Muitos jovens ficam imaginando que têm o mundo sob seu controle, na Internet”. O
verbo “ter” é transitivo direto, portanto não exige preposição (quem tem, tem algo); o verbo
“imaginar” da oração principal exige objeto direto (quem imagina, imagina algo, ou imagina que).
Assim, a oração “têm o mundo sob seu controle, na Internet” exerce a função de objeto direto do
verbo “imaginar” – é a chamada oração objetiva direta. Lembremo-nos de que o termo “que”,
introdutor da oração objetiva direta é conjunção integrante.
e) Item Errado – “É visível a ansiedade que as crianças manifestam, quando diante de um monitor”.
O verbo “manifestar” é transitivo direto, por isso não exige preposição (quem manifesta, manifesta
algo). Oração principal: “É visível a ansiedade”; oração subordinada: ”que as crianças manifestam,
quando diante de um monitor” (que = a ansiedade, assim: que as crianças manifestam, quando
diante de um monitor = a ansiedade as crianças manifestam, quando diante de um monitor; ordem
direta: as crianças manifestam a ansiedade, quando diante de um monitor”.
(A) O mundo continua sendo, como talvez seja para sempre um elemento intrigante, para o homem,
esse bicho curioso.
(B) O mundo continua, sendo como talvez seja, para sempre, um elemento intrigante para o homem,
esse bicho, curioso.
Técnico Judiciário www.portuguesdobrasil.net 6
Prova Comentada
(C) O mundo continua sendo – como talvez seja para sempre –, um elemento intrigante, para o
homem esse bicho curioso.
(D) O mundo continua sendo, como talvez seja para sempre: um elemento intrigante, para o homem,
esse bicho curioso.
(E) O mundo continua sendo, como talvez seja para sempre, um elemento intrigante para o homem,
esse bicho curioso.
10. Resposta: E – As duas primeiras vírgulas isolam a oração adverbial deslocada “como talvez seja
para sempre”; a expressão “esse bicho curioso” está separada por vírgula visto que se trata de um
aposto explicativo – refere-se ao substantivo “homem”.
Comentário: A oração principal, se estivesse na ordem direta, não poderia estar separada por
qualquer vírgula: O mundo (sujeito) continua sendo (locução verbal), um elemento intrigante para o
homem (predicativo do sujeito). A expressão “para o homem” não pode separar-se por vírgula,
pois é complemento nominal do adjetivo “integrante”. A oração “como talvez seja para sempre”
poderia ser isolada por travessões no lugar das vírgulas. Vejamos: “O mundo continua sendo –
como talvez seja para sempre – um elemento intrigante para o homem, esse bicho curioso”; o
travessão poderia também substitui a vírgula que separa o aposto “esse bicho curioso”: “O mundo
continua sendo, como talvez seja para sempre – um elemento intrigante para o homem, esse
bicho curioso”.
11. Está clara, coerente e correta a redação do seguinte comentário sobre o texto:
(A) Quanto a estar maior ou menor, o mundo é sempre duvidoso, pois quanto mais se lhe conhece
mais nos parece familiar.
(B) O autor vê com equiparação as janelas de uma casa tanto quanto a Internet, embora em ambas
o homem se vê postado para melhor conhecer.
(C) A velocidade com que o homem passou a receber informações, sobretudo pela Internet, reduziu
o tempo de reflexão sobre elas.
(D) Dois exemplos radicais de informação – um cachorro se coçando e a viagem por Marte – que o
autor considera para ilustrar os espetáculos que temos acesso.
(E) Não significa que as coisas simples que os velhinhos de ontem viam nas janelas era menos
curioso para um menino que vê o mundo na Internet.
11. Resposta: C – A frase da alternativa C está estrutura de modo claro, coerente e correto.
Comentário:
a) Item Errado – Sugestão de correção: Quanto a estar maior ou menor, o mundo é sempre
duvidoso, apesar de, quanto mais se o conhece, mais nos pareça familiar.
b) Item Errado – Sugestão de correção: O autor equipara as janelas de uma casa com as da
Internet, pois, em ambas, o homem se vê postado para melhor conhecer o mundo.
d) Item Errado – Sugestão de correção: Para ilustrar os espetáculos a que temos acesso, o autor
considera dois exemplos radicais de informação: um cachorro se coçando e a viagem por Marte.
e) Item Errado – Sugestão de correção: Não significa que as coisas simples que os velhinhos de
ontem viam nas janelas despertavam menos curiosidade do que as que um menino vê hoje na
Internet.
Comentário:
b) Item Errado – Em “O homem continua sendo / um bicho muito curioso”, a expressão “um bicho
muito curioso”, predicativo do sujeito” expressa uma característica do sujeito “o homem”.
c) Item Errado – Em “Os velhinhos de ontem costumavam” / abrir as janelas das casas”, a forma
verbal “costumavam abrir” expressa uma ação passada habitual.
d) Item Errado – Em “seja o cachorro de verdade / que se coça na esquina da padaria”, a oração
“seja o cachorro de verdade” denota alternância; já “que se coça na esquina da padaria”, oração
adjetiva restritiva, limita a significação do substantivo “conhecido”.
e) Item Errado – Em “a aproximação de um conhecido, / uma correria de crianças”, há uma adição
de ações.
13. O verbo indicado entre parênteses deverá flexionar-se no plural para preencher corretamente a
lacuna da frase:
(A) Nunca ...... (deixar) de nos afetar o que virmos pelas janelas abertas para o mundo.
(B) Sempre me ...... (afetar) as imagens do mundo que estiver observando, não importa de qual
janela.
(C) Não ...... (costumar) atemorizar as crianças aquilo que elas vêem nas janelas da Internet.
(D) A mudança das janelas de uma casa para as da Internet ...... (implicar) profundas
transformações nos hábitos das pessoas.
(E) Não ...... (convir) às crianças ficar um tempo demasiadamente longo diante de um monitor.
13. Resposta: B – O sujeito de “afetar” é “as imagens do mundo”, núcleo no plural, portanto o verbo
deve ficar no plural (= as imagens do mundo não me afetam ...).
a) Item Errado – O pronome demonstrativo “o” (= aquilo) é o sujeito de “deixar”, por isso o verbo fica
no singular. Oração principal: O (=aquilo) – sujeito – nunca deixa de nos afetar; oração adjetiva
restritiva: que virmos pelas janelas abertas para o mundo.
c) Item Errado – O pronome demonstrativo “aquilo” é o sujeito da locução verbal “costumar afetar”,
portanto o verbo fica no singular. Oração principal: Aquilo – sujeito – não costuma atemorizar as
crianças; oração adjetiva restritiva: que elas vêem nas janelas da Internet.
d) Item Errado – O sujeito de “implicar” é “mudança”. Dessa forma o verbo deve concordar com
“mudança”: A mudança das janelas de uma casa para as da Internet implica profundas
transformações nos hábitos das pessoas.
e) Item Errado – O sujeito de “convir” é oracional – ficar um tempo demasiadamente longo diante de
um monitor. Sabemos que o sujeito oracional (= oração subjetiva = Isso) leva o verbo da oração
principal para a terceira pessoa do singular. Observemos a frase na ordem direta: Ficar um tempo
demasiadamente longo diante de um monitor (= ISSO – sujeito) não convém às crianças.
(A) Vovó é do tempo de onde as pessoas ficavam demoradamente nas janelas das casas.
(B) Os meninos de hoje talvez não entendam o por que de os velhinhos ficarem à janela.
(C) Eram simpáticas aquelas casinhas aonde as janelas davam diretamente para a calçada.
(D) Praticamente não mais se constroem casas cujas as janelas se abram sobre a calçada.
(E) São raras as casas em cujas janelas as pessoas fiquem observando a vida das ruas.
Técnico Judiciário www.portuguesdobrasil.net 8
Prova Comentada
14. Resposta: E – O pronome relativo “cujas”, equivalente ao possessivo “suas” relaciona o
substantivo “janelas” com “casas”; a preposição “em” é uma exigência do adjunto adverbial de
lugar “em cujas janelas” (= em suas janelas). Observemos: oração principal – São raras as casas;
oração adjetiva restritiva – em cujas janelas as pessoas fiquem observando a vida das ruas (em
cujas janelas as pessoas fiquem observando a vida das ruas = as pessoas fiquem observando a
vida das ruas em cujas janelas = as pessoas fiquem observando a vida das ruas em suas janelas).
Comentário:
a) Item Errado – Sabemos que somente se usa “onde” em referência a lugar. No caso desta
alternativa deveria usar-se “em que” ou no “qual”, visto que o pronome relativo não se refere a
lugar. Observemos as orações: principal – Vovó é do tempo; subordinada adjetiva restritiva – em
que (ou no qual) as pessoas ficavam demoradamente nas janelas das casas. Ordem direta da
oração subordinada: as pessoas ficavam demoradamente nas janelas das casas em que (em que
= no tempo). Correção: Vovó é do tempo em que (ou no qual) as pessoas ficavam
demoradamente nas janelas das casas.
b) Item Errado – Usa-se “porquê” – substantivo”, com o significado de “motivo” quando estiver
precedido de artigo ou de outro determinante. Correção: Os meninos de hoje talvez não entendam
o porquê de os velhinhos ficarem à janela.
c) Item Errado – Uma vez que há indicação de valor semântico de posse, deve usar-se o pronome
relativo “cujas”, equivalente a “suas”. Vejamos: oração principal – Eram simpáticas aquelas
casinhas; oração subordinada adjetiva restritiva – cujas (cujas = suas) janelas davam diretamente
para a calçada. Correção: Eram simpáticas aquelas casinhas cujas janelas davam diretamente
para a calçada.
d) Item Errado – Jamais se usa artigo depois do pronome relativo “cujo” e flexões. Correção:
Praticamente não mais se constroem casas cujas janelas se abram sobre a calçada.
(A) Não se sabe à partir de quando as janelas perderam a sua condição de posto de observação do
mundo.
(B) Já não interessa à muita gente ficar olhando a vida a partir da janela de uma casa.
(C) Os velhinhos ficavam assistindo à tudo das janelas, para onde levavam as almofadas.
(D) Das janelas assistia-se à vontade à movimentação das pessoas na rua.
(E) Antigamente, à despeito de não haver muito o que fazer, as pessoas pareciam mais dispostas à
observar os detalhes do mundo.
15. Resposta: D – Em “Das janelas assistia-se à vontade à movimentação das pessoas na rua”,
ocorre crase em “à vontade”, visto que essa expressão é uma locução adverbial feminina; existe
igualmente crase em “à movimentação das pessoas na rua”, pois ocorre a presença da preposição
“a”, exigida pelo verbo “assistir”, (“assistir”, no sentido de “presenciar” exige a preposição “a” –
quem assiste, assiste a) e o artigo “a”, presente em “a movimentação”. Vejamos no masculino:
assistia-se ao movimento das pessoas na rua.
a) Item Errado – Não pode haver crase antes da locução prepositiva “a partir de”, uma vez que
“partir” é verbo. Correção: Não se sabe a partir de quando as janelas perderam a sua condição de
posto de observação do mundo.
b) Item Errado – Não há crase antes de “muita gente”, visto que o pronome indefinido “muita” não
admite artigo. Vejamos a correlação com o masculino: Já não interessa a muita gente ... / Já não
interessa a muito homem ... . Correção: Já não interessa a muita gente ficar olhando a vida a partir
da janela de uma casa.
c) Item Errado – Antes do pronome indefinido “tudo”, não há artigo, portanto não pode ocorrer crase.
Correção: Os velhinhos ficavam assistindo a tudo das janelas, para onde levavam as almofadas.
Técnico Judiciário www.portuguesdobrasil.net 9
Prova Comentada
e) Item Errado – Em “a despeito de”, locução prepositiva com palavra masculina, não pode haver
crase; também não deve ocorrer crase antes de “observar”, visto que “observar” é verbo.
Correção: Antigamente, à despeito de não haver muito o que fazer, as pessoas pareciam mais
dispostas a observar os detalhes do mundo.