Professional Documents
Culture Documents
Carlos Alberto Molinaro
AB S T R AC T : T h e m a i n p r o p o s a l o f t h i s p a p e r i s t h a t h u m a n r i g h t s e d u c a t i o n l e a d s t o a c u l t u r e o f h u m a n
r i g h t s a n d h e n c e a s t a b l e c i v i l s o c i e t y. H u m a n r i g h t s e d u c a t i o n i s b e c o m i n g a n e s s e n t i a l i n g r e d i e n t t o a l l
s o c i e t i e s i n t h e wo r l d i n o r d e r t o e n c o u r a g e r e s p e c t a n d t o l e r a n c e t o t h o s e a r o u n d u s , a n d b u i l d c o m m i t t e d
c i t i z e n s wi t h t h e f u t u r e o f t h e h u m a n r i g h t s a n d wi t h t h e a c t i v e p r o t e c t i o n o f t h e h u m a n p e r s o n ' s d i g n i t y.
Human rights education clearly en visions human rights education not as an end in itself , but as an
empowerment proc ess, a mea ns of transformati on and a mechanism to address abuses. Thus , effective human
rights education has two essential objectives: learning about human rights and learning for human rights.
RESUMO: A proposta principal deste paper está em que uma educação em direitos h umanos conduz a uma
cultura de direitos humanos e, conseqüentemente, a u ma sociedade civil estável. Educação em direitos
humanos está se tornando um ingrediente essencial para todas as sociedad es no mundo de mod o a encor ajar o
respeito e a tolerância a est es ao n osso redor, e a con struir cidadãos comprometid os com o futuro dos
direitos humanos e com a proteção ativa da dignidade da pessoa humana . Educação em direitos humanos
pressente claramente não u ma educação em direitos humanos como um fim em si mesmo , mas como um
processo de apoderamento , um meio de transforma ção, e um mecanismo para chamar a atenção para os
a b u s o s . As s i m , u m a e f e t i v a e d u c a ç ã o e m d i r e i t o s h u m a n o s t e m d o i s o b j e t i v o s e s s e n c i a i s : a p r e n d e n d o s o b r e
direitos humanos e aprenden do para direitos humanos.
S U M ÁR IO : C o n s i d e r a ç õ e s i n t r o d u t ó r i a s . 1 – M o d o d e e x p r e s s a r o a g i r d o h u m a n o . 2 – A e d u c a ç ã o e s t á n o
centro de nosso futuro : lugar apropriado para um aprendizado e crítica dos direitos humanos. 3 – Uma
educação em direitos humanos, e em direitos fundamentais, implica uma fundamentação filosófica e uma
crítica destes mesmos direitos. 4 – O que queremos dizer quando falamos de fundamentação filosófica e
crítica dos direitos humanos e dos direitos fundamentais. Considerações finais.
“A educação está no centro de nosso futuro. O futuro é estruturado pela educação que é
dispensada no presente, aqui e agora... Aprender a conhecer significa, antes de tudo, a
aprendizagem dos métodos que nos ajudam a distinguir o que é real do que é ilusório, e a
ter assim um acesso inteli gente aos saberes de nossa época. Nes te contexto o espírito
científico, uma das maiores aquisições da aventura humana, é indispen sável. [...] No
entanto, ensino científico não quer dizer de modo algum aumento desmedido do ensino de
matérias cientí ficas e construção de um mundo interior bas eado na abstração e na
f o r m a l i z a ç ã o . T a l e x c e s s o , i n f e l i z m e n t e c o m u m , s ó p o d e r i a c o n d u z i r à q u i l o q ue é o p o s t o d o
espírito científico: as res postas prontas de outrora seriam substituídas por outras res -
p o s t a s p r o n t a s (d e s t a v e z c o m u m a e s p é c i e d e b r i l h o " c i e n t í f i c o " ) e , n o f i m d e c o n t a s , u m
dogmatismo seria substituído por outro .”
B a ssa ra b Ni co le s cu
Considerações introdutórias .
T o ma nd o e mp r e st ad o e p ar afr a sea nd o o tí t ulo d e u m l i vro d e G. W age n sb er g S i la
n a tu ra le za e s la re sp u e s ta , ¿ Cu á l e ra la p r eg u n ta ? y o tro s q u in i en to s p en sa mien to s so b r e
la in c e rt id u mb re . B ar ce l o na : T u sq ue t s Ed i to re s, 2 0 0 1 .
Do u to r e m Dir ei to , s u mma cu m la u d e , co m “me n ção e uro p éia ” p elo Dep art a me nt o d e
Dire ito P úb li co d a U n iv er sid ad e “P ab lo d e Ola v id e” d e Se v il h a, Esp a n h a. Me str e e
Esp e cia li s ta e m D ir ei to p ela P o nt i fí ci a U n i ver sid ad e Ca tó l ica d o R io Gra nd e d o S u l.
P ro fe s so r n a Gr ad u ação e P ó s -G r ad ua ção (Me s t rad o e Do u to rad o ) d a F ADI R -P U C R S e no
Do uto rad o e m Dir ei to s H u ma no s d a UP O -E S. (c arlo s. mo l i naro @p u cr s.b r ) .
Ma n ife s to d a T ra n sd i sc ip l in a r id a d e. S. P a ulo : T rio m, 1 9 9 9 , p .1 3 2 .
1
Nie tzc h e F., As í h a b ló Za ra tu st ra . Un lib ro p a ra to d o s y p a ra n a d ie. Mad rid : Al ia n za,
1972.
2
2
No s e nt id o d e ep is te me , co mo e m Fo u ca ul t, u m p arad i g ma e str u t ura l m úl tip lo d e sa b e re s
in ter med i ad o s e não co n cl ud e n te s, u m ab er to d esd e tr ês d i me n sõ e s, u ma d ela s d ed ic ad a à s
ciê nc ia s ma te má t ica s e fí s ica s o nd e a o rd e m é se mp re u m e nc a d eame n to d ed u ti vo d e
p o si çõ e s e v id e n te s e ve r i fic á ve is ; o u tra, a s c iê nc ia s d a vid a, d a p ro d u ção e d i str ib ui ção
d as riq u eza s, d a li n g ua ge m; e st as se d e se n vo l ve m d es d e ele me nto s d esco n tí n uo s, ma s
an álo go s, c uj as r e laçõ es s ão c a us ai s e d e c o n s ta nte r up t ur a. A te rceir a d i me n são é
p erte n ce nt e ao d o m í n io f ilo só fi co , d a re fle x ão e d a p o nd e ração (d o “Me s mo ” fo u ca ul ia no ).
De sta s d i me n sõ es são ex cl u íd a s a s ci ê nc ia s h u ma n a s, p o is é no d o mí n io d el as n u ma
rela ção ap o t ét ica /p ar a té tic a q u e ela s (a s ciê n ci a s h u ma na s) e nco n tra m o se u l u gar o nd e s e
p õ e m e m r ela ç ão co m o ut r o s sab er e s (C f. Fo uca ul t, M. , As p a la vra s e a s co i sa s. T rad . De
A. R. Ro sa. Li sb o a: Ma r ti n s Fo nte s /P o rt u gá li a Ed ., s /d ., p o s si v el me n te d e 1 9 6 7 , p . 4 5 0 -
4 5 1 (ed . fr a n ce sa Ga1 i m ar d , 1 9 6 6 ).
3
Não co n f u nd ir co m ho m ô ni mo e scó lio , co me n tar , i nt erp re tar .
4
Se arle , J ., La co n st ru cc ió n d e la rea l id a d so c ia l . B arce lo na : P aid ó s, 1 9 9 7 .
5
C f. Ca nd e l, M., P ró lo g o , i n, Se arl e, J ., Lib e rta d y n eu ro b io lo g ía , B arcelo n a: P aid ó s,
2005, p. 12.
3
6
Va le d izer , ap r e nd e nd o co m p r o fu nd id ad e , i nq ui et ar - se i nte le ct ua l me n te, r e fl et ir so b re a
co nd ição d e ( i m) p er ma n ên cia d e to d a s a s co i sa s no cro n o to p o s e m q u e e st a mo s i n ser id o s.
7
P o r ra zã o sen sí ve l q u er e mo s r e ferir a cap a ci d ad e h u ma n a e m cap tar e rep r es e nt ar a s
fo r ma s co g ni ti v as d a r e alid ad e, d e sd e u ma p ro p o rção q ue r eco n he ça s i mi l it ud e s e d i fe re n -
ças , d ir ia Ar i stó te le s, a p erc ep çã o q u e n ó s p e r cep cio n a mo s – a tu a lid a d e d o s en s íve l e d o
sen si ti vo ( D el Al ma , 4 2 5 b , i n, Ob ra s Co mp l eta s . 2 a ed . Mad r id : Ag u ilar , 1 9 6 7 , p . 8 6 0 )
8
O ter mo ap er cep ção – a p p erc ep t io – fo i criad o p o r Le ib ni z e p o r ele ut ili zad o no se n tid o
d e co n sci ê nc ia d a s p r ó p r ia s p er cep çõ es , e. g. , a p erc ep ção d a l u z o u a d o c alo r q u e é
co mp o s ta p o r mu i t as p e q ue n as p er cep çõ es . U m ru íd o q ue p er ceb e mo s, ma s q ue n ão d a mo s
à at e nção , co n t ud o , a o cr e sc er d e vo l u me , to r na - se ap e r cep tí ve l. O s a n i ma i s t ê m
p ercep çõ es , ma s n ão tê m ap e r cep çõ e s, p o rq ue as ap e rcep çõ e s são p ró p ria s d o s ho me n s, j á
q ue s ua s p er cep çõ e s s ão aco mp a n had a s p el a p o t ên cia d o r e fl et ir. A at i vi d ad e i n tel ec t ual é,
co n seq ü e nt e me n te, u m a ati v id ad e p red o mi n an te me n te a p erc ep t í vel , p o is a lé m d e
p erceb er mo s co mo s uj e i to s p er c ep t i vo s no s d i s t in g u i mo s d a co i sa p erce b id a; e mp r e ga mo s
es sa c ap ac id ad e e m d i me n s ão esp ec ial í ss i ma , p ara d e fi n ir, co m ri g o r, a mp la ga ma d e
rep re se nt açõ e s as q uai s lh e s a tr ib u í mo s va lo r.
4
9
Aq ui ut il iza mo s o te r mo mo d a l no se u se nt id o es ta tí st ico e ló g ico ; no p r i me iro
si g n i fi cad o , a id éi a d a v ar i ab i lid ad e d o v alo r (a mo d a e s tat í st ica) ; no se g u nd o , co mo
p ro p o si ção a f ir ma t i va o u n e gat i va q u e e s tab e lec e ví n c ulo s e n tr e o nec es sá rio e
d es ne ce s sár io , o co nt i n ge n te o u i n co nt i n ge nt e, a p o ss ib i lid ad e o u i m p o s si b i lid ad e d o s
ter mo s co n s ti t ui n te s.
10
T o d o o anal is ta te m o d ever d e p ro c ur ar n ão d iri gir o tra ta me n to q ue d á a q ue st ão
in v e st i gad a se g u nd o s u a p ar t ic u lar co n cep ç ão d e mu n d o , o u d e s e u s id eai s, s i m a d e
ma n ter - s e n eu t ro ( o q ua n to p o s sí v el) fre n te à s ma n i fe s taçõ es d e c o rre nte s d o o b j eto
in v e st i gad o . Es ta n e utr a lid ad e e st á d i ret a me n te li gad a a s ua q ual id ad e d e a ge n te p ro d u to r
d e co n he ci me n to e e stá p o s sib il it ad a p elo d e s n ud a me n to d e s e u eu e g ó tico , p si co ló gi co .
Co n tud o , a te nt e - se, n e ut r al id ad e não é i nd e fi niç ão , fa lt a d e co m p ro me ti me n to o u
in s e ns ib i lid ad e, “Ne utr a lid ad e p o s sí v el” é aq u el a q ue não sacr i fi ca à ve rd ad e o u à j u s tiç a
p o r co ns id er açõ e s p ar t ic ul ar e s A “n e utr al id ad e ” se a fer e co mo s e a fere o p h d o s l íq ui d o s,
ne m á cid o , mu i to me no s , b ási co ( p H ≶ 7 ). A p ro p o rcio na lid ad e q u í mi ca t e m mu i to a e n si n ar
às ciê n ci as so cia i s.
11
Freir e, P .,¿ Ext en s ió n o Co mu n i ca c ió n ? La co n cien ti za c ió n en el med i o ru ra l . Mé x ico :
Si g lo X XI , 1 9 7 9 , p . 4 6 .
5
12
No se n tid o d e in d i fe re n te , i sto é, o b j eto s o u co is as q ue n ã o co n t r ib u e m n em p a ra a v ir -
tu d e n em p a ra a ma ld a d e . No s e nt id o k a nt ia no d e a çõ es mo ra lm en t e in d i fe ren t e s (C f.
Ka nt , I., La r el ig ió n – d a n s le l im it es d e la si m p le ra iso n . T rad . J . Gib eli n, 1 0 . a ed . P ari s:
Lib ra iri e P hi lo so p hiq ue J . Vr in, 1 9 5 2 , p . 4 1 ; o b ra b elí s si ma q u e p rec i sa s er rel id a ne st e s
te mp o s d e fu n d a m en ta li smo s ) .
13
No se nt id o q ue l h e atr i b ui R. P a n ni ka r i n, C ro s s Cu l tu ra l S tu d ie s : Th e n eed fo r a n e w
sc ien c e o f in te rp reta tio n , I n te r cu ltu r e , v, VII, n. 3 -5 , Ca h i er 5 0 , 1 9 7 5 ; e My th , Fa ith a n d
He rmen eu t ic s . Ne w Yo r k: P a ul is t P re s s, 1 9 7 9 .
6
14
M AR VI N, H ., I n t ro d u c ció n a la a n tro p o lo g ía g en era l . M ad rid : Ali a nz a ed i to ria l, 1 9 8 4 ,
p. 125
7
15
Ob ser ve - s e q ue c rí ti ca ( d e c ri ti ké , κ π τι κ ή o u o q u e j ul ga , o u j u l gad o r, p ara κ π ιτ ι κό ρ, o
q ue é cap az d e j ul g ar ) e cri se ( κ π ίσ ιρ ) t ê m fu nd a me n to é ti mo co mu n s: d o v erb o gr e go
kr ín o ( κ π ίν ω ) q u e é sep a r ar , d i s ti n g u ir, d i s cer ni r e i n terp re tar .
16
Le vi sib le et l‟ in vi s ib le . P ar i s: Ga ll i mard , 1 9 6 4 , p . 3 2
17
[O] se gr ed o , va le d i ze r , o sen tid o , o s i g n i fic ad o o cu lto d e al go q ue se d es co b re no
reco l h i me n to .
18
Mer lea u -P o nt y, o b . c it ., lo c. ci t.
8
sobre uma crise invisível dos saberes , é dizer, nos encontramos num pós -
modernismo mun danal onde as situações -limite (na linguagem de Jaspers) se
encontram na leitura do mundo como um conjunto de símbolos de outra
realidade que jamais poderemos alcançar, pois “ somos nós mesmos entrando
nas situações -limite [...] Experimentá-las e existir são uma mesma coisa” 19.
Pois, explica Jaspers, os acontecimentos, a ordem objetiva das coisas e as
figurações preci sam ser decifradas. Assim, toda a filosofia, e com mais razão
a filosofia da ciência, consiste em esclarecer a existência possível, não àquela
já dada, con siste, pois, em educar o “ver” e o “escolher”.
Como seres humanos, temos de escolher entre saberes e refinar nossa
percepção dos sabores. Aí está o trágico de nossos dias. Aí está a dificuldade
da crítica. Mesmo, aí se encontra a crise de nossas escolhas. Escolhas
fundadas na perspectiva do saber desde três fundamentos bem definidos: (1)
um fundamento ontológico, (2) um reflexivo, e (3) um empírico. Em (1) , nos
encontramos com as idéias e a possibi lidade de concretude delas no mundo
real (um confronto entre Platão e Aristóteles); em (2) , afrontamos a razão
moderna, indecisos pelas condições a priori do conhecer abraçamos a
inovação, mas persistimos no presuntivo (Schelling 20 contra Kant); em (3), um
fundamento empirista, onde o que pre tendemos é um pacto entre crenças e os
dados da experiência (Locke dia loga com Hume), já que só o conhecimento
sensível nos põe em contato com a rea lidade.
Com esses instrumentos nos ocupamos do saber. Primeiro, desde uma
perspectiva onde só nos interessa a coerência do discurso, relevando em
segundo plano o questionamento sobre o seu valor objetivo; segundo , só nos
interessamos pelo ato mesmo da apren dizagem (competência para...). M as,
quando o saber compromete (!), nos importamos verdadeira mente com indagar
as relações que existem entre as estruturas sociais e os tipos de conhecimentos
envolvidos.
O decidir é sempre um conseqüente. Nas ciências matemáticas, o con-
seqüente é sempre o segundo termo de uma razão, por isso, ele é também o
nome dado aos denominador es de uma proporção. O decidir é sempre pro por-
cional ao produto do sentir e do saber. Revela um sentimento estético de
equilíbrio. Essa dimensão de proporção, ou a dieta pitagórica 21 (em grego
διαιηα, i.é., justa medida ou moderação), é o que permite, por vezes, a
“provisão” 22 da decisão, pois sempre que menor a razão maior a liberdade, ou
como nos ensinam as matemáticas: sempre que há um máximo de razão, aí
19
J asp er s, K., Ph i lo so p h ie ( 1 9 3 2 ) , t rad . Fi lo so fía . Mad r id : R e vi st a d e Oc c id e nt e, 1 9 5 9 , p .
79
20
Sc he ll i n g, F. W . J ., Ph ilo so p h i es d e l‟Un ive r si té , P ari s : P a yo t, 1 9 7 9 , p . 8 8 : d ev e mo s a
Sc he ll i n g, a a f ir ma ção q ue to d o o co n h ec imen to d eve se r u m u l tra p a s sa r a fo r ma , u ma a r s
in ven ien d i q ue fo r ça o o r i gi na l.
21
C f. S OT O R I VE R A , R. , Ka iro - teo - o n to lo g ía e n a lg u n o s p en sa d o r es g reco r ro ma n o s , i n,
Ko n ver ge n cia s, B a ya mó n [ P uer to R ico ] : I mp re so s G LAE L, a ño II - Ed ic ió n Di ci e mb re
2 0 0 3 /E ner o 2 0 0 4 , p . 2
22
Ut il iza mo s o t er mo p o r meto n í mi a co mo p re scr ição , o rd e m, d i sp o siç ão , d esd e a p er s p ec -
ti va e sté ti ca d o “ o lh a r p o r... ”.
9
23
Va mo s l e mb r ar aq ui, q u e et i mo lo g i ca me nt e o ve rb o d ecid ir p ro vé m d o l ati m d ec id o , co m
“i” fo r te, e si g n i fi ca va sep a ra r co r ta n d o , d e s p ed a ça r (o p arô n i mo d is cid o , e xp re s sa,
ta mb é m, sep a ra r co r ta n d o ) , j á d e cid o co m “i ” fraco , e xp re s sa va ca ir, s u cu mb ir, mo rrer ; d e
q ua lq uer mo d o , a p a r o ní mia e x i s te nt e re v ela q ue a o d ec id i r fra g m en ta mo s o o b je to
co g n o sc ív el ; ad e ma is , ao a fr o n tar mo s o re s u l tad o d a “s ep ara ção ” (a í o ut ro p arô n i mo :
d is s id i r , d i ss íd io ) e n tr e o s en t i r e o sa b e r se m p re va mo s g erar u m co n fli to d e i n ter e s se s
o u d e o p i niõ es ( p ar a a p esq u is a et i mo ló gic a c f., No ví si mo d i ccio n a r io La t in o - Po rtu g u ês
Ety mo lo g ico , P ro so d i co , Hi stó r ico , Geo g ra f ico , Mi to ló g ico , B io g ra p h i c o etc. , o r ga ni zad o
L. Q u ic her atç Fr . d o s S a nto s Sa r ai v a. Rio /P ari s : Gar ni er, 1 9 2 7 ).
24
Do gre go νο εμ α ( no e m a) u ma p e rcep ção me nt a l, u m p e n sa me nto , d e νο σς (no u s) me n te,
va le d i zer , a s fac u ld ad es p ar a p e rceb er e p ar a se n tir, p ar a es ti mar, p ara d eter mi n ar .
Fal a mo s, p o r ta nto , d a f ac uld ad e h u ma n a p ar a s up er ar a s fac uld ad e s p a ra p erc eb er e p ara
se n tir, p a r a e s ti ma r , p ar a d ete r mi n ar F ala mo s , p o rta nto , d a fa c uld ad e h u ma n a d e s up er ar o
“l u gar co mu m” , e p o s t u lar no vo s se n tid o s o u fin al id ad e s à p ró p r ia aç ão d e re fle tir e d e
at uar.
10
25
C f. C AST ANHEI R A N EVE S, A., O Di re ito h o je e co m Qu e S en tid o ? O p ro b le ma a ctu a l
d a a u to n o m ia d o d ir ei to . Li sb o a : I n st it u to P ia g e t, 2 0 0 2 , p . 4 5 e 5 0
26
P o st u lar o d i re ito à in d ife ren ça re v el a u ma a d i a fo r ia p o si ti va , não s e t rata d o a d ip h o ro n
mo ra le d e q u e t r at a Ka nt ( c f . no t a n ° 1 5 r et ro ) n o se nt id o d e a çõ e s j ul g ad a s mo ral me nt e
ind i fer e nt es , tr a ta - se si m d e u m d i re ito a o rec o n h eci men to d o o u tro c o mo ig u a l , tra ta - se
d e u m p a s so d o d ir ei to à d i fer e n ça p ara a d i fer en ça d e d ir ei to q u e rela ti vi za a id e nt id ad e
cu lt ur al ao a f ir mar a ma ter i al id ad e d e i g u a l d ig n id a d e p ar a to d o s o s ser e s h u ma no s.
11
27
C f., HE R RE R A F LO RE S, J . , E l P ro c e so Cu l tu ra l. Ma te r ia le s p a ra la c r ea t ivid a d
h u ma n a . Se vi ll a: Aco n c ag u a, 2 0 0 5 , p . 1 9
28
Ate n te - se, na r ea lid ad e não há o r acio n al e o irr acio na l fo ra d o co n h eci me n to , p o i s co mo
d izi a P o nt es d e M ir a nd a , “ a i r ra cio n a lid a d e já é co n h ece r, e h á ca m in h o s p a ra co n h e ce r -
se o i r ra ci o n a l co mo ta l : o q u e n ã o co n h ecemo s é o co n teú d o , d ig a mo s, d o ir ra cio n a l, ma s
p o r ve ze s e p ro va ve lm en te s emp re é o q u e o co rr e co m o n o s so co n h e cim en to ” ( O p ro b l ema
fu n d a men ta l d o co n h e ci men to . 2 . a ed . Rio d e J a ne iro : Ed i to r B o r so i, 1 9 7 2 p . 9 3 ).
29
ZUBERI, X., I n te li ge n cia Se n tie n te - I nte li g e nc ia y Re al id ad , Al ia n za Ed it o rial , 1 9 8 4
12
dignidad huma na” 30. O conjunto de processos que abrem e conso lidam espaços
de lutas pela digni dade humana, diz Joaquín Herrera Flores , se concreta em
objetos que revelam valores, normativos e ins tituições, ademais das prá ticas
sociais que conformam o espaço onde a liberdade e a igualdade sejam
possíveis para todos os seres huma nos 31. Este conjunto de processos, assim
fundamentado, está aí garantindo “ espacios de luchas ”, pois violar os direitos
humanos no es sólo transgredir el derecho , mas, também, e especial mente,
impedir la “lucha” para hacer efectivo el derecho ; mais ainda, violar este
espaço é “descubrir en el análisis del pequeño momento singular el cristal del
acontecimiento total ” 32.
Como produtos culturais, os direitos humanos e os direitos fundamen -
tais, acolhidos os primeiros , e inscritos os segundos nas Constituições moder -
nas, respondem a um peculiar sintag ma 33: dignidade da pessoa humana 34 e a
30
HE R RE R A F LO RE S, J . , El vu e lo d e An teo . B i l b ao : De sc lée d e B ro u we r, 2 0 0 0 , p . 5 2 e
78
31
E m o u tr o l u g ar a f ir ma mo s: “p ara J o aq uí n Her rera F lo re s lo s d erec ho s h u ma no s co m -
p o ne n u n a “co n st e la ció n ” d o nd e lo s “a st ro s” y s us “ s a té li te s ” so n p ro ce so s d e mat iz
var iad o ( no r ma ti va, p o l íti ca, c u lt ur al, so c ial , eco nó mi co ...), c u ya tra ye cto r ia o rb i ta l se
rev el a e n lo s e sp a cio s d e lu ch a p o r la p a rt ic u la r co n cep ció n d e la d ig n id a d h u ma n a .
Véa se q ue es e “ o rb ita l ” e s h íb r id o , p o r me zc l ar e n el “ mo vi mi en to ” d e e so s a s tro s : el
“re co n o c im ien to ” d e la r u ta, e n u n i ti ne rario d e co n ti n u a “ tra n s fe r en cia d e p o d e r ”,
ris ca nd o el e sp a cio co n la “ med ia ció n ju rí d ica ” (M O LI N AR O, C. A., R e fut ació n d e l a
esc i sió n d er ec ho s y d e b er e s h u ma no s – p o r u na d eo n to lo g ía d e lo s d erec ho s h u ma no s.
T esi s d o c to r a l. Se v ill a: UP O, 2 0 0 5 , p . XX XV) , ter mi n a nd o He rrera F lo re s p o r a fir ma r:
“lo s d e re ch o s h u ma n o s n o so n ca t eg o r ía s n o rm a tiva s q u e e xi st en en u n mu n d o id ea l q u e
esp e ra s er p u e sto en p r á cti ca p o r la a cc ió n so c ia l. Lo s d e re ch o s h u ma n o s se va n c rea n d o
y r ec rea n d o a m ed id a q u e va m o s a ctu a n d o en el p ro ce so d e co n st ru cció n so cia l d e la
rea lid a d ” (El vu e lo d e A n teo , p . 2 7 ).
32
B ENJ AMÍ N, W . Pa r i s, Ca p i ta l e d u XIXe S iè cle : le Li vr e d es Pa s sa g e s . P aris : C er f, 1 9 8 2
p. 12
33
Ut il iz a mo s a e xp r e s s ão sin ta g ma no se nt id o g re go tard io d e ζ ύν ηα γμα , d o verb o
ζσν ηά ζζ ω , i sto é, co i sa a li n h a d a co m o u t ra , o u u m co n j u n to d e e xp re s s õ es l i n g üí st ica s e m
q ue u m t er mo -r e p r e se nt ação f u n cio na co mo u n i d ad e.
34
E m sed e d e d ir ei to s f u nd a me n t ai s, t e m i n s is t id o In go W o l fga n g Sar l et – ma g is trad o ,
p ro fes so r e d is ti n to a m igo co m q ue m mu i to a p ree nd e mo s mer cê d e s ua i nq ue st io ná ve l
cap ac id ad e i n tel ec t ual e a fi nad a se n sib il id ad e p ara o ma g i st ério – , q ue d ev e mo s e n te n d er o
va lo r e xp r e ss ad o p e lo si nt a g ma d ig n id a d e d a p e s so a h u ma n a não co mo u m v alo r ab so l u to ,
si m e me l ho r ( ! ) , co mo “ q u a lid a d e in t rín seca e d is tin ti va r eco n h e cid a e m ca d a se r h u ma n o
q u e o fa z me rec ed o r d o me smo r esp ei to e co n s id e ra çã o p o r p a rt e d o E sta d o e d a
co mu n id a d e, imp lica n d o n es te sen tid o , u m co m p lexo d e d i re ito s e d ev ere s fu n d a m en ta is
q u e a s seg u re m a p e s s o a ta n to co n t ra to d o e q u a lq u e r a to d e cu n h o d eg ra d a n te e
d esu ma n o , co mo ven h a m a lh e g a ra n ti r a s co n d içõ e s exi s ten c ia i s mín i ma s p a ra u ma v id a
sa u d á ve l, a lé m d e p ro p icia r e p ro mo ve r su a p a rti cip a çã o a t iva e co - r esp o n sá v el n o s
d es tin o s d a p ró p ria ex i st ên cia e d a vid a e m c o mu n h ã o co m o s d e ma i s se re s h u ma n o s ”
(S AR LET , I . W ., A s d imen sõ e s d a d ig n id a d e d a p e s so a h u ma n a : co n s t ru in d o u ma
co mp reen sã o ju ríd ico - c o n st itu cio n a l n ec e ssá r i a e p o ss íve l, in , VV . AA., I n go W o l fga n g
Sar let o r g.. Di men sõ e s d a d ig n id a d e – en sa io s d e F ilo so f ia d o Di re ito e D i rei to
Co n st itu c io n a l . P o r to Ale g r e : Li vr ari a d o Ad vo gad o , 2 0 0 5 , p . 3 7 ; c f. a i nd a , Dig n id a d e d a
p es so a h u ma n a e d i re it o s fu n d a m en ta i s n a Co n st itu içã o Fed era l d e 1 9 8 8 . 3 ª ed ., re v. e
a mp l. P o r to Ale gr e : Li vr a r ia d o Ad vo gad o , 2 0 0 4 , p . 5 9 -6 0 , esp ec ial m en te p p . 1 2 4 -1 4 1 ).
Di g n id ad e co mo “ q u a li d a d e in t rín se ca e d is tin ti va ” d o ser h u ma no , aq u i val e le mb r ar q u e
q u a lid a d e d o s ub st a nt i v o lati no q u a l ita s , q u a l it a ti s , re ve la o q u e é p ró p rio , mo d o d e se r,
p ro vé m d e q u a li s, d e n at ur e za, co n e xa co m o gre go p o io s ( v. No t a s eg u i nt e), p o r is so
πο ιό ηη ς , p ro p ried a d e d o se r , ab ra n g e u m l eq u e d e co nc ei to s b e m e xa mi n ad o s p o r
13
Ari stó te le s co mo : háb it o s, d isp o s içõ e s; cap aci d ad es nat ur ai s ; a fe içõ e s e se n s ib i lid ad e;
fo r ma ( ARI ST ÓT E LE S, Me t. , li v, V, 1 4 , 1 0 2 0 a 8 -1 2 ; Ca t. , 8 , 9 a 1 4 , i n, Ob ra s
Co mp le ta s , 2 ª ed . Mad r id : Ag u il ar, 1 9 6 7 , p . 9 7 0 e s; p . 2 4 3 e s.) to d o s a re v elar co mo
i mp l íci ta s à d ig n id a d e d a p es so a h u ma n a : d eter mi n a çõ e s d i sp o sic i o na i s, se n sí ve i s e
me n s ur á vei s, é d izer , c ap acid ad e lo c ali zaç ão e sp ac ia l e vo ntad e d e o cup ar e s se e sp a ço ,
cap ac i d ad e d e s e nt ir o r eal e co nd uzi - lo p ro fu nd a me n t e e m s ua s e mo ç õ es, c ap ac id ad e d e
me n s ur ar s ua id e nt id a d e p elo reco n he ci me n t o d a id en tid ad e al h ei a; e m s í nt es e, a
d ig n id a d e co mo q u a lid a d e in t r ín s eca d o se r h u ma n o o le v a p ara o reco n hec i me n to ,
resp eito , r e cip r o c id ad e e r e sp o n s ab i lid ad e p ar a co n s i go me s mo e p ar a c o m o o utro .
35
A e xp r e s são es tá co mp o st a p o r m et ro - s ub sta n ti vo ne u tro gre go μέηρο ν ( me t ro n ) q ue é
u m i n st r u me n to p ar a me d ir ( u m b a st ão o u u ma v ara p ara me n s urar) , d a í, μεηριώ ς ( me t rió s),
u ma “ med id a”, e p o io s - d o ver b o gr e go πο ιέω ( p o ie ο ) q ue é c riar , p ro d uz ir, co n s tr uir,
fa zer …
36
ST EINEI R, G., En e l ca st il lo d e Ba rb a A zu l . B a rce lo n a: Ged is a, 1 9 9 8 , p . 1 5 6
14
garantia assegura uma periodicidade e uma exten são, atesta uma fidúcia nos
recursos com que podemos con tar, e uma certeza de pertencime nto e respeito
ao grupo social em que estamos inseridos.
O segundo pilar (2) está assentado em uma “postura crítica” que saiba
conciliar a tensão existente entre o debate que se dá entre as posturas
particularistas e as universalistas, pois nem uma, nem outra, desde o ponto de
vista prático, são susten táveis em suas formas extremas: por um lado, os
particularistas se apóiam, amiúde, num conceito excessivamente estático e
monolítico das relações inter -humanas havidas num cronotopos dado,
demonstrando incapacidade de regis trar as tensões e as mutações internas de
cada comunidade (círculo social); de outro lado, os universalistas se expõem a
uma crítica de signo oposto, não alcan çando a compreensão das implicações
culturais contidas no próprio processo de difusão da linguagem no âmbito dos
direitos humanos e dos direitos fun damentais.
O terceiro pilar (3) está centrado em um “com promisso relacional de
matriz materialista”, um compromisso que é o resul tado da assunção do outro
desde o seu reconhecimento, como sujeito pleno de direitos e deveres, o que
dá origem a uma série de inferências irrefutáveis e ne cessárias.
Finalmente, o quarto pilar (4) se funda na adoção de uma “visão holista”,
funcional e sistêmica dos dir eitos (humanos e fundamentais) enquanto
mecanismo de adaptação e corrigenda de adaptação das relações sociais, esta
característica é fundamental a qualquer pretensão de segurança e ínsito ao
modo conscien cial de perceber a dignidade do humano 37.
38
Do grego aisthesis (αιθησιρsensação, ou a percepção dos “sensíveis comuns” – percepção percepcionada.
39
F REI RE, P ., Ped a g o g ía d el o p ri mid o . B ue no s. Aire s : Si g lo X XI, 1 9 8 5 , p . 1 0 8
40
GR AM S CI , A., E l ma t er ia l is mo h i stó ri co y la filo so f ía d e Ben ed et to Gro c e . Mé x ico :
P ab lo s Ed i t., 1 9 8 6 , p . 1 4 6
16
41
FU LLAT , O ., Po lí ti ca d e la ed u ca c ió n – Po li tey a y Pa id eia . B arc elo na : Ed ic io ne s
CE AC , 1 9 9 4 , p . 8 7
42
C f. F U LLAT , O., o p . ci t., lo c. c it .
43
P ONT ES DE MI R AND A, F. C. , S i st ema d e C i ên cia Po s it iva d o D ir ei t o , vo l. III, 2 ª ed .
Rio d e J a ne ir o : Ed i to r B o r so i , 1 9 7 2 , p . 1 2 3
44
FU LLAT , O ., o p . ci t., p . 8 8
45
P ara P o nte s d e M ir a nd a , se te s ão o s p ri n cip ai s p ro ces so s d e ad ap t ação so ci al : P ro ces so
Re li g io so , co m o s cr i tér io s d o s acro e não sacro , d o d i vi no e d o p ro fa n o ; P ro ce s so Ét ico ,
co m o s cr it ér io s d o Mo r al e d o I mo ra l; P ro c es so E sté ti co , co m o s cri t ério s d o b elo e d o
fe io , d o e st ét ico e d o i n es tét ico ; P ro ce sso G no s eo ló gi co , co m o s cri tér i o s d o v erd ad e iro e
d o não ver d ad eir o , v er d ad e e e r ro ; P ro c es so J uríd ico , co m o s cr i t ér io s d o j u sto e d o
inj u sto , d o l e ga l e d o i l eg al ; P r o ce s so P o l ít ico , co m o s cr it ério s d a o rd e m e d a d e so rd e m,
o rga n iz ação so c ia l e d e so r ga n iza ção so ci al ; e, P ro ces so Eco nô mico , c o m o s cr ité rio s d o
út il e no i n út il ( P ON T ES DE MI R AND A, F. C., In t ro d u cçã o à S o cio l o g ia Ge ra l
( ma nt i ve mo s a gr a fia o r i gi na l) . Rio d e J a nei ro : P i me nt a d e Mel lo , 1 9 2 6 , p . 1 7 9 -2 3 4 ,
esp e ci al me n te o q uad r o d a p á g. 2 3 5 ).
46
P o r exe mp lo , so cie d ad es co m fo r te p r e d o mí n i o d o p ro ce s so r el ig io so te nd e m a ma io r
es tab i lid ad e, n ad a o b st a nt e, ta mb é m co m ma io r d o g ma ti s mo d o s se u s p r ecei to s; so c ied ad e s
o nd e a p r ed o mi n â nc ia es tá no p ro c e sso eco nô mi co , r e vel a m - s e ma i s ac u mu l at i va s, não
ne ce s sa ria me n te ma i s d e se n vo l vi d as, e a s si m p o r d ia nt e.
17
47
Aq ui e nte n d e mo s t e rr it ó rio co mo a ap r o p r iaç ão d e q ualq u er b e m, t a n gí ve l o u i nta n g í ve l.
48
Ent e nd e mo s q ue to d a u n ive r sa l id a d e é u ma t o ta lid a d e n ema to ló g ica (d o gre go νεμα –
ne ma = fio s, fi la me n to s) q u e i n co rp o ra o s d e no mi n ad o s sa b e re s n em a to ló g i co s , co n s ti -
tu íd o s p o r r el açõ e s f ila me n tar es q u e alb er ga m p o st ur as p r es u n ti v a me n t e co mu n s a to d o s o s
co mp o n e nt es d e d et er mi nad a cl a ss e o u gr up o , s ej a m d e nat ur eza id eo ló gi ca o u mi to ló gic a
o u filo só f ico - mu n d a na; es sa s to ta lid a d es d ão lu g ar ao s u n iv er sa li smo s d e to d a e sp éc ie ;
o co rre q u e es s es u n i ve r sa l is mo s n ã o sã o n ece s sa r ia m en te d e co n ve r g ên cia , i s to é, n ão
res u lta ra m d a “l i vr e co n co r r ê nc ia” d e to d o s ao p o nt o co mu m, p o i s p ro c e s so s d e d o mi n ação
teo ló g ica e p o l ít ica se m p r e s e e nco n tra m ne le s s ub j ace n te s.
49
Karl Lar e nz j á a fir ma va q ue a a u to n o m ia p r iva d a s e co ns ti t uí a n u m d o s p ri n cíp io s
fu nd a n te s d o Dir ei to P r i vad o ( C f. D e rech o C iv il : Pa r te Gen e ra l , T rad . d e M. I zq uie rd o e
Mac ía s -P ic a vea. Mad r i: Ed ito r ia l Re v is ta d e D er ec ho P ri vad o , 1 9 7 8 , p . 5 5 ).
50
C f. F U LLAT , O., o p . ci t., p . 8 8 e s., 9 5 e s.
18
ambos nos encantam e ambos nos ensinam. Assim, o mesmo se dá com a histó -
ria dos direitos humanos. Períodos de encantamento e também de desencanto
quando infiel a representação deles. Com os direitos fundamentais, o mesmo
se dá – estão na história constitucional de um Estado, com os mesmos compo -
nentes. Contudo, se os direitos humanos, como processos culturais abertos e
emancipadores, estão dirigidos aos seres humanos, inde pendentemente dos
limites geopolíticos , os fundamentais, como processos culturais cerrado s e
reguladores, se inserem nest es limites, buscando garantir neste espaço, as
conquistas dos primeiros, até mesmo acolhendo -os via incorporação de normas
de superdireito (vale dizer, internacionalizando por dentro o sistema jurídico
nacional), ambos com a finalidade essencial de afirmar e promover a digni -
dade humana.
Considerações finais.
56
C f. S MU LO VI T Z, Ca ta li na e P ER U ZZOT T I, Enr iq ue. So cie ta l Acco u n tab i li t y i n Lat i n
A mer ica. J o ur nal o f D e mo cr a c y, 2 0 0 0 /1 1 (4 ): 1 4 7 -1 5 8 . O p r i ncíp io d e a c co u n ta b il it y
so c ieta l f u nd a - s e na i nc is i va a ção d o s ma i s d i s t in to s co n só rc io s d e c id a d ão s, mo vi me n to s
so c iai s, e me s mo o co nj u nt o d a míd ia co mp ro m etid a co m a a ção so ci al co m o o b j e ti vo d e
ap o n tar er r o s e d i s f u nç õ es go v er nat i va s, ad e m ai s d e atra ir a at e nção p ara no va s q ue s tõ e s
na fo r ma ta ção d a a ge n d a p úb l ic a e in fl ue n ci ar na to ma d a d e d ec is õ es p o l ít ica s c uj a
i mp la n ta ção s ej a ne ce s sár ia. E n f i m, u ma fo r m a d e ava li ação e co n tr o le d e p o lí ti ca s e
p ro ced i me n to s p e la s o ci ed ad e c i vi l.
21
57
P egad a, ve st í gio q u e o p é d o ho me m o u d o a n i ma l d e i xa no so lo p o r o nd e p as so u , ma s,
ta mb é m, t ud o aq ui lo q ue s u ger e a p o s sí v el e xi st ê nc ia d e a l g u ma co i sa .
58
Est ela : r a str o esp u mo so , d ei xad o p e lo s b arco s n a á g ua q ua nd o na v e ga m. Co nt ud o , es te la
ta mb é m “t r i l ha”, e str e la , e a i nd a, “b lo co d e p ed r a eri g id o co mo mo n u me nto ”.
22
Referencias Bibliográficas
AB B AG N ANO , N . D icio n á rio d e F ilo so f ia . 4 ª ed ., verb e te Hi stó r ia . São P au lo : Mart i n s
Fo nt es, 2 0 0 0
AR IST ÓT E LE S . Me t. , li v, V, 1 4 , 1 0 2 0 a 8 -1 2 ; C a t. , 8 , 9 a 1 4 , i n, Ob ra s Co mp le ta s , 2 ª ed .
Mad rid : Ag u i lar , 1 9 6 7
_ _ _ _ . De l A lma , 4 2 5 b , i n, Ob ra s Co mp leta s . 2 a ed . Mad rid : Ag u ila r, 1 9 6 7
B AS S AR AB NI C O LE S C U . Ma n ife s to d a T ra n sd is cip lin a rid a d e. S. P a u l o : T rio m, 1 9 9 9
B ENJ AMÍ N, W . Pa ri s, Ca p i ta l e d u XI Xe S ièc le : le Li v re d e s P a s sa g e s . P aris : Cer f, 1 9 8 2
C AND E L, M. P ró lo g o , i n, Se ar l e, J ., Lib er ta d y n eu ro b io lo g ía , B ar celo n a: P aid ó s, 2 0 0 5
C AST AN HEI R A N EVE S , A. O D i rei to h o je e co m Qu e S en tid o ? O p ro b l ema a c tu a l d a
a u to n o m ia d o d i re ito . Li sb o a : I n st it u to P ia g et, 2 0 0 2 , p . 4 5 e 5 0
FO U C AU LT , M. As p a la vra s e a s co i sa s. T rad . De A. R. Ro sa. Li sb o a : Mart i n s
Fo nt es /P o r t u gá li a Ed ., s /d ., p o s si ve l me n te d e 1 9 6 7 , p . 4 5 0 -4 5 1 (ed . fra n ces a G a1 i ma rd ,
1 9 6 6 ).
F REI RE, P . Ped a g o g ía d el o p ri mid o . B ue no s. Aire s: Si g lo XXI, 1 9 8 5
_ _ _ _ _ . ¿ Ex t en sió n o Co mu n ica ció n ? La co n ci en ti za c ió n en el med io ru r a l . M é xico : Si g lo
XXI, 1 9 7 9
FU LLAT , O. Po l ít ica d e la ed u ca ció n – Po l it eya y Pa id eia . B arc elo na : E d icio n es C E AC,
1994
GR AM S CI , A. El ma t er i a li smo h i stó ri co y la fi l o so f ía d e Ben ed et to G ro ce . M é xi c o :
P ab lo s Ed i t., 1 9 8 6
HE R RE R A F LO RE S, J . El P ro c eso Cu ltu ra l. Ma te ria le s p a ra la c rea t iv i d a d h u ma n a .
Se v ill a: Aco n ca g ua, 2 0 0 5
_ _ _ _ _ . El vu elo d e An te o . B ilb ao : De sc lée d e B r o u wer, 2 0 0 0
J ASP E RS , K . Ph i lo so p h ie ( 1 9 3 2 ) , trad . Fi lo so f í a . Mad r id : R e vi st a d e O cc id e n te, 1 9 5 9
K ANT , I. La r elig ió n – d a n s l e l im it es d e la si m p le ra i so n . T rad . J . Gib e li n, 1 0 . a ed . P ari s :
Lib ra iri e P h ilo so p h iq ue J . Vr i n, 1 9 5 2 , p . 4 1 R.
P ANNI K AR, R. Myth , F a ith a n d He rm en eu tic s . Ne w Yo r k : P a ul i st P re s s , 1 9 7 9
_ _ _ _ _ . C ro s s Cu l tu ra l S tu d ie s: Th e n eed fo r a n ew s cien ce o f in te rp reta tio n , In te rcu ltu re ,
v, VII, n . 3 -5 , Ca h ier 5 0 , 1 9 7 5
KI RK, G. S., R AV EN , J . E. e S CH O FIE LD , M . O s F iló so fo s Pr é - S o c rá t ic o s – Hi stó r ia
C rí tica co m S el eçã o d e Tex to s , 4 .a ed . Li sb o a : F u nd aç ão Ca lo us te G ulb en k ia n, 1 9 9 4
LAR EN Z , K. D er ech o C ivi l: Pa r te Gen e ra l , T ra d . d e M. Izq u ierd o e Ma cía s -P ic a vea .
Mad ri : Ed ito r ia l Re v is ta d e D er ec ho P r i vad o , 1 9 7 8
M ACH AD O , A. Pro ve r b io s y Ca n ta re s (C XXXV I) , i n, Po e sia s Co mp le ta s. B ar ce lo na:
Esp a sa Calp e, 2 0 0 1
M ARVI N, H . I n t ro d u cc i ó n a la a n tro p o lo g ía g e n era l . M ad rid : Ali a nza ed ito r ia l, 1 9 8 4
ME R LE AU -P O NT Y , M . Le vi sib le et l‟in vi sib le . P ari s: Ga lli mard , 1 9 6 4
MO LI N AR O, C. A. Re f u tac ió n d e la es ci sió n d er ec ho s y d eb e re s h u ma no s – p o r u n a
d eo n to lo g ía d e lo s d er ec ho s h u ma no s. S e vi lla : U P O, 2 0 0 5
NIET ZC HE F. A s í h a b ló Za ra tu st ra . Un lib ro p a ra to d o s y p a ra n a d i e. Mad rid : Ali a nza ,
1972
P LAT ÃO. F ed o n , o d e l Al ma , 6 1 b , 7 6 b , i n , Ob ra s co mp le ta s. 2 ª ed . M ad rid : Ag u ilar ,
1969
P ONT ES DE M I R AN D A , F. C. S i st ema d e Ci ên c ia Po si tiva d o D i rei to , v o l. I I I , 2 ª ed . Rio
d e J a neir o : Ed ito r B o r so i, 1 9 7 2
_ _ _ _ _ . O p ro b l ema fu n d a men ta l d o co n h ec imen t o . 2 . a ed . Rio d e J a ne iro : Ed i to r B o r so i ,
1972
_ _ _ _ _ . In t ro d u cçã o à S o cio lo g ia G e ra l , R io d e J an eiro : P i me n ta d e M el l o , 1 9 2 6
S AR LET , I . W . A s d ime n sõ e s d a d ig n id a d e d a p es so a h u ma n a : co n st ru i n d o u ma
co mp reen sã o ju r íd i co - c o n st itu cio n a l n ec es sá ria e p o s s íve l, in , VV. AA. , In go W o l fg a n g
Sar let o r g.. Di men sõ e s d a d ig n id a d e – en sa io s d e Fi lo so fia d o D i rei to e Di re ito
Co n st itu c io n a l . P o r to Al egr e: Li vr aria d o Ad vo g ad o , 2 0 0 5
_ _ _ _ _ . Dig n id a d e d a p e s so a h u ma n a e d i re ito s f u n d a men ta i s n a Co n st it u içã o F ed e ra l d e
1 9 8 8 . 3 ª ed . , r e v. e a mp l . P o r to Ale gr e: Li vrar ia d o Ad vo gad o , 2 0 0 4
S CHE LLI N G , F. W . J . P h ilo so p h i es d e l ‟Un ive r s ité , P ari s: P a yo t, 1 9 7 9
SE AR LE , J ., La co n s t ru cció n d e la r ea l id a d so c ia l . B arce lo na : P aid ó s, 1 9 9 7 .
59
Mac had o , A., Pro ve r b io s y Ca n ta r es (CX XX VI) , i n, Po e s ia s Co mp l eta s. B arce lo na :
Esp a sa Calp e, 2 0 0 1 , p . 2 3 9 -2 4 0 .
23
Dicionários: