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O RIO DE JANEIRO REPRESENTADO.

UMA PROPOSTA DE ANÁLISE DA


CATEGORIA DE ESPAÇO PÚBLICO A PARTIR DO DISCURSO DO EX-
PREFEITO CESAR MAIA

RIO DE JANEIRO REPRESENTED. A PRELIMINARY ANALYSIS OF


REPRESENTATIONS OF PUBLIC SPACE AS CONSTRUCTED RIO DE
JANEIRO´S FORMER MAYOR, CESAR MAIA

Resumo

O objetivo do trabalho é tentar compreender as representações sobre a


categoria espaço público construidas pelo ex-prefeito do Rio de Janeiro Cesar Maia. A
partir de um análise dos discursos, identificamos dois tipos de representações que, na
nossa visão, permeiam sua visão da cidade: a dicotomia, baseada na oposição entre
ordem e desordem urbana; e a atribuição de um estatuto de universalidade aos valores
urbanas das classes médias.. Queremos propor que a análise das representações sobre o
espaço público contribui na compreensão das estruturas de pensamento e nas lógicas da
ação dos agentes urbanos e seus conflitos e suas interdependências com as políticas
públicas.
Palavras chaves: espaço público, representações, política urbana, Rio de
Janeiro, Cesar Maia

Abstract
The objective of this study is to understand the urban representations on public
space as constructed by the Rio De Janeiro’ former Mayor, Cesar Maia. Based on a
discursive analysis, we will discuss how he creates a image of the city through the
opposition between order and urban chaos; and a atribution of universal statute to
middle classes urban values. We will argue that this analysis contributes toward making
evident certain understandings of the city and its interdependences with public policies
and urban conflicts
Keywords: public space, representations, urban policy, Rio de Janeiro, Cesar
Maia.
1. Introdução

A partir da década de oitenta um conjunto importante de cidades com


diferentes características sócio-econômicas, morfológicas ou níveis de integração ao
mercado internacional está desenvolvendo projetos que buscam a produção de espaços
públicos. No marco de esse processo, se realizam atividades de renovação urbana, a
conservação de prédios patrimoniais, a construção de centros empresariais e de grandes
equipamentos e a organização de grandes eventos esportivos e culturais. São bem
reconhecidas as experiências de cidades como Barcelona, Madri, Lyon, Londres ou
Paris no contexto Europeu, e também Buenos Aires, Rosário, Santiago, Cidade de
México, Bogotá, Curitiba e São Paulo, para o caso Latino americano (Borja & Muxi,
2003).
Esse crescente interesse pelos projetos de espaço público urbano teria
despertado também a atenção de geógrafos e outros pesquisadores da área urbana. Uma
das explicações mais recorrentes que tem sido apresentada é aquela que argumenta que
a produção de esse tipo de espaços é o resultado de um processo mais amplo e mais
antigo, mas que assume novas manifestações. Para autores como David Harvey (1996),
Neil Smith e Setha Low (2006), Christine Boyer (1992), ou Adriano Botelho, (2004)
entre outros, esses projetos estão inscritos no marco dos processos de acumulação
capitalista, associados à profundização da globalização das cidades. É assim como uma
das conseqüências da crise econômica da década de 1970, e da queda do comunismo,
que surgiram novas estratégias de acumulação, e paralelamente, novas formas de gestão
e planejamento nas chamadas cidades globais. Essas fomas de gestão estão baseadas no
chamado city marketing.
Para esses autores, a construção de grandes infra-estruturas e de prédios de
arquitetura pós-moderna, a requalificação de áreas obsoletas e a construção de espaços
públicos são formas de marketing urbano, e também de manipulação simbólica para a
afirmação dos valores burgueses dos empresários, investidores e funcionários, e com
isso a consequente exclusão de grupos sociais considerados marginais. A identidade
cultural estaria agora sustentada na idéia do global, do privado, na diversidade étnica e
racial, e em uma ordem urbana baseada nos critérios de segurança, limpeza e vigilância
sobre a sociabilidade pública.
A principal estratégia empregada para a gestão do city marketing é o
empreendedorismo. Uma de suas característica mais importantes é “a noção de parceria
público-privada na qual as tradicionais reivindicações locais estão integradas com a
utilização dos poderes públicos locais para tentar atrair fontes externas de
financiamento, novos investimentos diretos ou novas fontes geradoras de emprego”
(HARVEY 1996, p. 52).
Os espaços públicos criados a partir dessa noção de city marketing se
distinguem, de acordo com os autores desta tendência, pela sua progresiva privatização
na sua produção, gestão e manutenção. Longe da idéia do público como possibilidade de
livre acesso e encontro dos cidadãos, eles transformam-se em símbolos culturais da ação
do grande capital, referentes, marcas de reconhecimento econômico, ou em outras
palavras, mercadorias. A cidade globalizada está então integrada com o mercano
internacional e segmentada, segregada e desconectada no interior. Sobre Nova York, o
caso mais representativo do que seria uma cidade globalizada, Sharon Zukin, comenta
“Anyone who walks through Midtown Manhattan comes face to face with the symbolic
economy. A significant number of new public spaces owe their particular shape and
form to the intertwining of cultural symbols and entrepreneurial capital” (ZUKIN,
1995, p. 3).
A cidade do Rio de Janeiro não é uma exceção em termos do interesse em
realizar esse tipo de projetos e pelas lógicas argumentativas dos pesquisadores que
tentam entender o fenômeno. Muito pelo contrário, desde o començo da década de
noventa, foram desenvolvidos projetos tais como o Rio Orla, cujo objetivo era a
recuperação paisagística, a criação de áreas de lazer, a instalação de mobiliário urbano e
equipamentos nas praias cariocas, Rio Mar, a revitalização, restauração, requalificação
da área compreendida entre Leblon e o Aeroporto Santos Dumont. (KNIERBEIN,
2007).
Mas é desde a primeira prefeitura de César Maia, em 1993, que os projetos de
produção de espaços públicos obtiveram uma maior relevância. Desenvolveu-se o
projeto Rio-Cidade, o qual tinha como objetivos “...A criação e reforço de
centralidades; a acessibilidade dos pontos de intervenção em relação à cidade; a
integração social que provocariam; a reconstrução da cultura cívica; a modernização
da infra-estrutura urbana” (DOMINGUES, 1999, p. 70). Este programa baseava-se na
intervenção nos corredores de áreas de bairro que tinham caráter de centralidade,
mediante a pavimentação de ruas e calçadas, a iluminação, a instalação de mobiliário e
paisagismo (SARTOR, 2001, p. 22).

Na primeira fase do programa intervieram-se quinze áreas, principalmente nas


áreas nobres da cidade; e na segunda, dezenove, localizadas na periferia
(DOMINGUES, 1999, pp. 116-117). Com base no slogan “o urbanismo de volta às
ruas", segundo Sartor, as intervenções do programa demandaram entre 1995 e 1996, 289
milhões de reais, os quais representaram 24% do total dos investimentos da prefeitura
no período. Igualmente definiu-se um marco institucional para a regulação e controle.
Foram promulgados decretos, leis, portarias e projetos, os quais estavam destinados à
definição da localização do mobiliário e da publicidade exterior, controle de
estacionamento e condições de acessibilidade e regras de uso de praças, parques,
jardins, etc.
No campo da pesquisa sobre a produção deste tipo de espaços, autores como
Marcelo Lopes de Souza (2006), Glauco Bienenstein (2000) e Carlos Eduardo Sartor
(2001) continuam com essa mesma linha argumentativa. Para Souza, o enfoque dado
pela prefeitura de César Maia ao planejamento em geral, e aos projetos urbanos
específicos, está fundamentado nas perspectivas “mercadófilas”, próprias do
conservadorismo e o empreendedorismo urbano, ligadas aos interesses e demandas do
capital imobiliário e outros grupos dominantes. (SOUZA, 2006, p. 138).
Específicamente para o caso do projeto Rio –cidade, Sartori faz uma ligação entre os
conceitos sinalizados acima. Assim:
O modelo de intervenção urbana do Programa Rio Cidade tem como princípio
básico a ação pragmática e localizada, uma volta à intervenção pontual, vista como
uma alternativa viável e condizente com as necessidades contemporâneas. Esse
princípio está atrelado a um comportamento mais empresarial por parte da
administração urbana, no sentido da produção de uma imagem positiva da cidade,
tendo em vista a oferta de espaços atraentes ao consumo mais elitizado, a "venda
da cidade" e sua inserção no mercado globalizado, abdicando das finalidades
sociais e pretensões de racionalização urbana por parte do planejamento e do
urbanismo. (SARTOR, 2001, p. 85)

Essa lógica de explicação e argumentação a partir de nossa perspectiva oferece


aportes importantes para compreender o interesse dos governos locais na produção de
espaços públicos; porém, também achamos que apresenta limitações para entender as
dinâmicas e práticas dos agentes urbanos. Em termos dos aportes, salientamos o fato de
que é preciso reconhecer o papel que tem os fenômenos mais amplos de escala global na
configuração sócio-espacial urbana local, ainda que esse caráter não seja tão
determinante tanto quanto é planteado pelos autores mencionados acima. Ainda que
acreditamos que o principal problema do enfoque destes autores é o seu forte
determinismo econômico, próprio da herença marxista de uma parte significativa dos
autores. Se bem a produção das condições materiais tem um papel central na produção
do espaço urbano, está longe de representar a causa essencial dos fenômenos sócio-
espaciais como esta corrente de pensamento os compreende. Aqui, não queremos com
isso diminuir a influência da privatização, da internacionalização da economia e do
desenvolvimento das tecnologias da informatização nos processos urbanos e
especialmente na produção do espaço público; mas queremos insistir na necessidade de
tomar cuidado com as generalizações que resultam destas teorias onde os indivíduos
mal têm o papel de consumidores ou reprodutores alienados do capitalismo e da
globalização.
Assim, acreditamos que se bem é necessário analisar a escala global e as
dimensões econômicas, elas não são explicações suficientes para conhecer as dinâmicas
urbanas locais. E no mesmo sentido, consideramos que essas dimensões não operam de
forma direita nas relações e práticas sócio- sociais. Pelo contrário, elas estão mediadas e
revestidas pela cultura, que de maneira interdependiente, aporta na construção das
categorias do pensamento e do conhecimento empregadas pelos agentes sociais para
agir. Os agentes políticos e econômicos também estão inseridos nas instituições sociais,
no mundo da representação e da construção social da realidade. Seguindo Paul Claval:
A transformação que começa a afetar os estudos culturais conduzidos pelos
geógrafos a partir do início da década de 1970 repousa sobre uma mudança
completa de atitudes e nasceu da constatação de que as realidades que refletem a
organização social do mundo, a vida dos grupos humanos e suas atividades jamais
são puramente materiais. São a expressão de processos cognitivos, de atividades
mentais, de trocas de informação e de idéias. As relações dos homens com o medio
ambiente e com espaço têm uma dimensão psicológica e sociopsicológica. Nascem
das sensações que as pessoas experimentam e das percepções a elas ligadas.
(CLAVAL, 2001, p. 39)

Resulta então indispensável tentar superar tais determinismos e criar outras


possíveis interpretações para conseguir entender o fenômeno da produção dos projetos
de espaço público e suas particularidades vinculadas às caraterísticas do sítio da cidade,
da cultura, das condições econômicas e das práticas diferenciadas dos agentes que
moram em ela. E é por isso que achamos possível construir tratamentos teóricos e
metodológicos diferentes.
Nossa intenção aqui é encarar o problema das motivações de quem achamos é
um dos agentes mais importantes na produção dos projetos de espaço público no Rio de
Janeiro, durante a década de 1990: o prefeito Cesar Maia. Queremos arriscar um pouco
e apresentar uma breve análise das representações sobre o conceito de espaço público do
prefeito, porque acreditamos que a partir desta metodología é possível aproximar-mos a
um dois fatores que configura as políticas urbanas desenvolvidas no Rio em esse
período: o sentido atribuido por esse agente a suas práticas. Realizaremos uma tentativa
de análise do discurso e para isso, empregaremos como fontes alguns dos artigos
escritos pelo prefeito desde 1992 até 2004 em diferentes jornais e revistas, e um
depoimento ao jornalista Luis Carlos Lisboa. Esses artigos foram compilados em três
livros, cujas referências podem ser encontradas no final do documento.

2. Cesar Maia e sua visão da cidade e do espaço público

2.1. A cidade entre a dicotomia realidade e representação

A literatura sobre sobre os projetos de espaço público nos faz deparar que as
visões dos agentes políticos são consideradas na maioria das vezes como estrategias de
marketing político ou como manipulações disorsidas para ganhar legitimidade, que
escondem o interesse ‘real’ de beneficiar os grandes capitalistas. Por exemplo Carlos
Sartori, no seu análise do programa Rio – Cidade, adverte que as categorias de espaço
público, ordem urbana e cidadania, como apresentadas pelo prefeito Cesar Maia, na
verdade correspondem à estrategia de city marketing e empreendedorismo urbano
(SARTOR, 2001, p. 75)
Se bem não parece boa idéia ser ingênuos e desconhecer os interesses, também
achamos que desestimar os sentidos e interpretações dos agentes urbanos significa
simplificar o trabalho científico. Mais do que um problema de natureza política com o
qual podemos ou não concordar, o que está em debate é o conceito de realidade e da
representação sobre a cidade que permeia a construção de conhecimento. Na visão de
Sartor e dos autores mencionados encontramos que existe uma idéia dicotômica da
‘realidade’ e da ‘ideologia’, produto da herença da lógica dialéctica marxista. Assim,
nessa perspectiva, a intencionalidade, os valores e crenças são produto de uma
consciência alienada e falsa. Enquanto a realidade é uma essencia que está além do
sentido atribuido a ela pelos agentes a suas ações, dado que está determinada, na última
instância, pelas condições materiais e os interesses econômicos dos poderes dominantes
de uma sociedade
Acreditamos que as relações entre a ‘realidade’ e ‘representação’ são muito
mais complexas do que é reconhecido pelo marxismo e as teorias críticas. Mais do que
espelhos da realidade urbana, as representações seriam então construções sociais,
modelos a partir dos quais os agentes agem, interpretam e interagem com outros. Essa
perspectiva de análise é proposta por autores como Rob Shields (1996) e James Duncan
(1996), para os quais as representações sobre a cidade, tanto as produzidas pelos
acadêmicos, como pelos planejadores e demais agentes urbanos, não são simplesmente
fições, mas metáforas que sintetizam a complexidade da cidade. Assim, de acordo com
Shields:
Urban representations characterize not only academic theories but also the
understandings fo cities used in politics, planning and business investment.
Representations are not simple fictions. If they are exposed as poetics, they are
poetry written with people’s interactions, social events and economic exchanges.
The measure of success of a study of urban representations will lie in its fecundity
to integrate theory with everyday practice and to generate new understandings and
to transcend old dead-ends, such as the dualistm erected between urban
representations and the ‘real city’. Raher than discard the urban because of its
spatial hybridity; rather than disapprove of representations because of their
treacherous selective vision of the city, we need to construct multi-dimensional
analysis which, rather than imposing monological coherence and closure, allow
parallel and conflicting representations to coexist in analysis (SHIELDS, 1996, p.
245)

E nesse mesmo sentido que Duncan tenta demonstrar que até os modelos
científicos, cujos autores acreditam estar despojados da influência das ideologias, estão
construidos sobre essas mesmas representações da sociedade e do seu espaço. O autor
também salienta o problema da fragmentação e incerteza que subjace nessas
representações, não como sua fraqueza, mas como seu potencial e riqueza para a
compreensão da cidade. Para Duncan:
What do we mean when we say that we represent the city? Since a representation
cannot, of course, literally reproduce the whole of what it seeks to represent, the
interpretive process necessarily entails a selection and a movement- back and forth
from presences to absences, from an area of experience which is felt to be
understood, to one that is cognitively less secure (DUNCAN, 1996, p. 254)

Portanto, a análise das formas de representação sobre a cidade e os espaços


públicos oferece um caminho viável para entender as lógicas e as práticas dos agentes
urbanos. Essas representações não só ordenam o discurso, ou são estrategias retóricas,
também contribuem na construção de formas de classificação, organização e
interpretação da realidade. Dito de outro modo, essas categorias nos sirvem para pensar,
para agir. Vamos então a apresentar algumas das representações que achamos são
significativas dos discursos de Cesar Maia.

2.2. A ordem e o caos, ou a antítese no espaço público.

De forma reiterada o prefeito Cesar Maia emprega as noções de ordem e


desordem para availar o estado da cidade do Rio de Janeiro, particularmente durante a
década de 1980. Essas duas categorias estruturam o seu análise dos comportamentos
sociais e do ordenamento do espaço urbano. A ordem é percebida ao mesmo tempo
como um como um dever ser, e como um processo, uma ação que é precisa para
alcançar o estado desejado. Já a desordem é descrita como um produto social, um estado
de desregulação, onde os cidadãos não podem prever as ações dos outros, sentem
incerteza, angustia e medo. A cidade do caos, da desordem é o lugar da violência, onde
os limites entre o que é público e que é o privado são difusos e práticamente
inexistentes. Assim:
A desconfiança das pessoas em relação às outras – nos ônibus, nos sinais de
trânsito, nas praças, nas ruas – de fato as diferencia e as expõe em relação às
demais (quem?, onde?). Sendo assim, os espaços urbanos abertos deixam de ser
públicos e passam a ser privados. Ou melhor, são privatizados pela ação política.
Rompe-se o equilíbrio público- privado, com todas as suas conseqüências
psicossociais deformadoras, sejam coletivas ou individuais. A impunidade passa
ser o padrão de referência. A cidade se neurotiza e se corrompe.
Os espaços públicos no Rio estão sendo destruídos menos pelo abandono ou falta
de manutenção e mais pela privatização (quinta de Boa Vista...). A tentativa de
criação de novos espaços públicos se torna efêmera: o medo de andar de bicicleta
elimina as ciclovias; as praças reformadas são destruídas; já não se namora nas
praças, nas praias ou nos automóveis, naturalmente. O símbolo dessa situação
emerge: as praças são cercadas. (MAIA, 1992, pp. 28-29)

No discurso do prefeito é possível observar que se bem essa desordem seja um


produto produto social, tem uma expressão espacial. Os condimínios, as ruas fechadas,
as cabines de segurança, os shopping centers e as trancas nas portas são efeitos visíveis
da compra da segurança e do espaço público pelos grupos mais abastados da cidade; e
as marquises ocupadas com moradores de ruas, as barracas dos camelôs, as praças sujas,
são próprios dos grupos mais pobres. Assim:
...Acabam as vitrines nas ruas, estranguladas pela alternativa camelô/shopping
Center. Num caso, a rua privatizada; no outro, a rua reconstruída por ação privada.
(MAIA, 1992, p. 29)
...Como digo no artigo A privatização das ruas (O Globo, 16.02.92) “sem espaço
público, resta às pessoas recomprá-lo: segurança no carro, segurança pessoal,
bancária, turística, seguros, cabines de segurança, ruas fechadas, trancas nas portas,
uso de armas. Outra vez discrimina-se contra os pobres que não podem recomprar
seu espaço. É a cidade fechada” (MAIA, 1992, p. 9)

Embora na identificação dos problemas da cidade a desordem aparece como


um estado quase estrutural, de caráter histórico, ela é produto da vontade e das práticas
de agentes concretos, que obtém lucros políticos e econômicos que dela se derivam.
Para o prefeito, os políticos de partidos como PDT, por exemplo, ofereciam as ruas
como prebendas entendidas como uma estrategia de legitimação política. Essas práticas
estavam contra os ‘cidadãos’, que só conseguiram ter representação após das reformas
constitucionais mediante o exercício da democracia. O populismo é rotulado por ele
como a ‘lumpem política’, símbolo da corrupção e a ilegalidade:
No Rio, completam-se duas décadas em que a dinâmica lumpen passou a ser social,
política e economicamente decisiva. As evidências começam pela atividade
comercial, onde o comércio lumpen-ambulante tornou-se de longe, o mais
dinâmicos nos anos 80, com a passiva impulsão dos governos e com
representatividade política crescente. Essas mesmas evidências se encontram nas
políticas habitacionais dos governos, que passaram a ser as principais indutoras da
ocupação ilegal do solo urbano, construindo verdadeiras imobiliárias (sic)-lumpen,
e também não ficam fora de diversas atividades econômicas, a começar pelo
transporte público, onde cresce sob o olhar passivo e muitas vezes estimulador o
transporte – lumpen, seja com táxis – piratas, ônibus – piratas,vans e Kombis –
piratas... Outro setor relevante são os lumpen- fornecedores de poder público, que
têm na corrupção a sua arma principal. (MAIA, 2004, p. 17)

Esta visão caótica da realidade constitui a base sobre a qual ele vai propor o
ordenamento da cidade, a adequação e controle dos espaços públicos. Essas ações,
segundo ele, devem ser sustentadas na transformação das práticas políticas da cidade. A
ordem, como um estado desejado é apenas possível mediante a renovação das elites
políticas populistas, muitas delas de esquerda, por novos representantes políticos que
devem se caraterizar por seu perfil técnico, sem pretensões ideológicas. Assim, quando
faz referência ao seu trabalho como prefeito e às críticas a sua posição ideológica, Maia
assinala “E eu sou um político de centro. Quer dizer, as atividades-fim da prefeitura são
de nítido caráter socialdemocrata. Como trabalho com técnicos e não com políticos,
nas atividades-meio há esse caráter de corte mais liberal. As pessoas que pensam de
forma liberal são justamente as gestoras das atividades-meio”. (MAIA & LISBOA,
2004, pp. 86-87).
Ordem e desordem são então categorias que sinalizam e delimitam as práticas
dos agentes urbanos em termos do espaço e do tempo. Um antes caótico, fundamentado
em práticas anômicas promovidas pelas elites populistas que criam espaços privatizados
e sem planejamento e controle; e um presente, que corresponde a seu periodo de
governo, onde se avança no caminho da ordem. Essa ordem entendida como espaços
urbanos limpos, seguros, abertos e regulados, para a integração dos cidadãos, tudo isso
como produto da ação de técnicos, pessoas sem filiações políticas fortes.
O uso de essas categorias de ordem e caos teria sido criticado por Carlos
Sartor, na sua análise do projeto Rio – Cidade. Para ele, essa visão dictomómica do
prefeito não permite compreender as problemáticas de desigualdade urbana. Assim, elas
teriam a função de justificar uma estrategia de reestruturação da imagem da cidade para
atrair capitais, baseado em uma visão estetizante dos problemas urbanos. Segundo ele:

Trata-se, no entanto, de um modelo limitado ao recusar tratar a cidade na sua


totalidade, apenas atuando em determinados eixos, na expectativa de gerar efeitos
de demonstração capazes de assegurar a legitimidade da ação e reverter o quadro
de desordem na cidade, refletido na representação do espaço da rua como lugar
marcado pelo abandono e destituído de seu caráter público e de livre circulação
para pedestres, abrigando a marginalidade, a violência e o medo. (SARTOR, 2001,
p. 79).
Desde nossa perspectiva, se bem consideramos que essas categorias teriam,
entre outras, a função de legitimar uma prática de planejamento, não achamos que isso
significa que seja uma manipulação da realidade ou um discurso cínico, como uma
figura discursiva ou uma estrategia retórica, a partir da qual o prefeito buscaria, por
exemplo, se afastar das propostas populistas. Acreditamos que o uso de essas categorias
são uma expressão de como o prefeito compreende a cidade e a explica. E sobre tudo,
como ele entende a sua capacidade para transformá-la.
Nesse sentido, queremos retomar aqui a visão de Mircea Eliade (1967), para
quem as sociedades humanas empregam esses tipos de categorias para nomear e
classificar o mundo, o ordenando, como uma forma de lutar contra o desconhecido.
Essas categorias dicotômicas sintetizam visões de mundo e revelam os meios de
orientação para explicá-lo. O conteúdo dessas categorias muda em cada sociedade. No
mesmo sentido, Bauman assinala que o uso de formas de classificação dicotómicas
como uma experiência moderna, tem o sentido de lutar contra a ambivalência, contra
aquilo que não é susceptível de controle (BAUMAN, 1996).
Se bem podemos ou não concordar com as visões de Maia sobre a ordem
urbana, podemos assinalar que elas orientaram sua proposta e suas práticas políticas. A
idéia do planejamento e da realização de projetos para tentar ‘controlar’ um cenário que
para ele é anômico, caracterizado pelo avanço da ‘ilegalidade’, do ‘lumpen’, da pobreza,
do privado, do populismo.
Alguns dos fatores que podem explicar essa tomada de posição podem surgir
da compreensão sua posição sócio-econômica, sua valorações e escolhas políticas e
estéticas, em um processo de contrução de sua trajetória como inteletual e como
político. Se bem não temos aqui nem o espaço, nem a informação adequada para
plantear fatores conclusivos, uma dimensão bastante interessante é sua identificação
posição como inteletual de classe média. Ao nos aproximar por exemplo a sua vida
pessoal, encontramos um forte desejo de ser considerado como um membro típico de
classe média, produto de uma mobilidade social ascendente, que ganhou seu prestigio
como resultado do seu próprio esforço e do apoio de sua família.
...Nossa vida foi basicamente a de pessoas e profissionais da classe média numa
situação de ascensão. O que era muito comum na classe média dos anos 1930 a
1950, e que deixou de ser nas duas últimas décadas do século XX. A partir de
1982, a classe média sofreu um golpe muito forte face à crise brasileira que se
instalou e se aprofundou no período e ainda está aí nos fustigando. (MAIA &
LISBOA, 2004, p. 43).

Portanto, podemos propor que o conteúdo das dicotomias ordem e caos estaria
baseado nos valores das classes médias com as quais se identifica, e para as quais busca
propor seu projeto político. Seu uso expressa quais são as escolhas de Maia em termos
de modelos de cidade, de acordo com sua posição como agente na sociedade carioca.
Manifesta quais são as valores do prefeito, suas idéias estéticas, sua idéia de um espaço
desejável e dos modelos de sociedade que prefere.

2.3. O Rio de Janeiro: uma cidade para as classes médias.

Um dos aspectos que mais chamou nossa atenção nos discursos do prefeito é
como ele constróe uma análise da cidade e do espaço público apartir da universalização
do que ele considera são os valores e preferências da classe média carioca. Maia parte
da idéia universal de que a cidade moderna e seu espaço público é o ambiente dos
cidadãos livres e iguais, mas achamos que transpõe essa condição para aqueles cidadãos
que pertencem às classes médias da cidade. Dito de outro modo, os valores, práticas e
crenças das classes médias representam o interesse geral da cidadania, o sentido do
público. Tentaremos ilustrar como funciona esse processo.
Como falamos acima, para Maia a base social e as políticas dos governos
anteriores estavam orientadas a atender as demandas de setores como os habitantes das
favelas, aos quais permitiam ocupar solos urbanos sem restrição; os trabalhadores
informais e camelôs, aos quais deixavam instalar suas barracas; os transportadores e
donos de vans e transporte informal, que funcionavam sem controle; e aos moradores de
rua, que dormiam e ocupavam as ruas, praças e marquises. Os efeitos dessas políticas
eram a progressiva privatização dos espaços públicos, e pelo tanto, a exclussão da rua
dos trabalhadores, pedestres, idosos, crianças, donos de carros, donas de casa. Mas
também, implicavam um abandono da ação estatal de aquelas áreas consolidadas, como
a zona Sul, que não recebiam investimentos para atender suas necessidades. Segundo
Maia essa estrategia foi errada:

Os governos anteriores, com as exceções de praxe, tinham como marca registrada


uma base populista. Abandonavam a cidade consolidada, infra-estruturada, em
nome das “prioridades sociais” de uma metrópole ocupada desordenadamente,
principalmente em favelas. Não conseguiam resolver os problemas de lá e nem
resolviam os problemas de cá. Os problemas das favelas se agravavam. Passamos
por um longo período em que os bairros centrais básicos do Rio de Janeiro
praticamente não receberam uma intervenção relevante (MAIA & LISBOA, 2004,
p. 22)
...Os espaços públicos no Rio estão sendo destruídos menos pelo abandono ou falta
de manutenção e mais pela privatização (quinta de Boa Vista...). A tentativa de
criação de novos espaços públicos se torna efêmera: o medo de andar de bicicleta
elimina as ciclovias; as praças reformadas são destruídas; já não se namora nas
praças, nas praias ou nos automóveis, naturalmente. O símbolo dessa situação
emerge: as praças são cercadas... Ninguém mais sai de casa para “dar uma volta na
rua”. Para as pessoas viverem os espaços públicos, saem da cidade nos fins de
semana. Como essa mobilidade não é acessível a todos, a opção é absolutamente
discriminatória contra os pobres. (MAIA, 1992, pp. 28-29)”

A estrategia proposta por Maia para o Rio supõe uma transformação do foco da
política pública, se orientando a fortalecer o sentido do público no espaço urbano, para
devolver as ruas para aquel a quem pertencem: o povo. Mas quem é esse povo? Para ele
corresponde a uma massa indeferenciada, que procura se mimetizar nas ruas, se proteger
no anonimato. Deste modo, as práticas que buscam a diferenciação, a exclussão e a
auto-segregação são privatizadoras da cena pública, e atentam contra a ordem
normativa. A criação de condomínios fechados pelas elites e de favelas e becos pelos
pobres representa a tentativa de gerar relações de desigualdade. Para Maia:
A idéia de movimento de massas e mesmo a idéia do povo, como a que temos no
século XX, é indissociável da oferta e da existência de espaços públicos. A
abertura de espaços urbanos para a mobilidade econômica e social das pessoas,
numa economia cuja lógica impõe esta mobilidade, desenvolve dá consistência à
noção de público.
...Vamos citar Marshall Berman em suas reflexões sobre a cidade moderna “as
pessoas assumem o controle da matéria elementar da cidade (a rua) e a tornam sua”
“as ruas pertencem ao povo”. (Poderíamos parafrasear Castro Alves e completar: ...
como os céus ao condor”). O caótico modernismo dos bruscos movimentos
solitários cede lugar a um ordenado modernismo do movimento de massas.
(MAIA, 1992, pp. 26-27)

Para devolver as ruas ao povo, seu hábitat natural, Maia concebe duas
estrategias. A primeira consiste em recuperar, restituir e qualificar as áreas da zona Sul,
que tinham sido abandonadas anteriormente, objetivo que corresponde ao projeto Rio-
Cidade. A segunda, abrange um conjunto de ações dirigidas a ‘integrar’ as ocupações
informais no âmbito da legalidade nas condições do que ele considera o que dever ser
um bairro. Ao falar sobre as críticas a sua gestão urbana, e ao que ele denomina a
ALMA da cidade, Maia assinala:
Mas a percepção política, por conta das próprias polêmicas geradas na mídia
espontânea, estava concentrada nos importantes programas de integração urbana e
reconstrução de espaços públicos, cunhados como Rio-Cidade e Favela-Bairro.
Ambos eram dirigidos à ALMA da cidade. Ou seja, à sensação de pertencimento a
partir de condições urbanas adequadas, à reconstrução da dimensão pública dos
espaços urbanos, degradados pela “oferta de rua” e de desordem urbana que
caracterizam o PDT, dirigidos, enfim à integração sócio-urbana” (MAIA, 2004, p.
32)
Ao se refletir como ele quer ser lembrado pela posteridade, Maia aponta novamente as
idéias de integração social dos pobres e de qualificação das áreas onde moram as classes
médias, particularmente na zona Sul e as áreas denominadas consolidadas:

...Estarei satisfeito quando verificar que a classe média está mais estabelecida em
bairros que vinham se desintegrando e que foram recuperados com intervenções
cujo objetivo consistia em amenizar um afunilamento em direção à Zona Sul e à
Barra da Tijuca. Mais ainda, com esse perfil social completo: classe média,
trabalhadores assalariados e pobres morando juntos, como acontece na Zona Sul. A
partir daí teremos atingido nossos objetivos... Quando eu presenciar serviços
sociais de entretenimento nessas regiões poderei ter essa noção. Quando vir uma
cidade ocupada em toda a sua dimensão, com qualidade de vida, poderemos
garantir que o turista vem, porque o próprio carioca se sente bem na sua cidade
outra vez... (MAIA & LISBOA, 2004, p. 37)

Como podemos observar, as idéias sobre o que é o público e a cidadania


aparecem vinculadas a um tipo particular de agente urbano, as classes médias. Suas
formas de comportamento e valores, assim como os lugares onde eles moram na cidade,
recebem a atenção do prefeito. O espaço público ocupado por esses setores está
mediado por categorias tipicamente modernas, tais como a diferenciação das esferas
pública e privada; a relevância das normas como estruturadoras da ordem social; o
anonimato e a indiferenciação; a valoração positiva do encontro entre individuos,
embora que estranhos, porém, iguais. Essas visões da cidade, a cidadania e o espaço
público bebem direitamente de fontes como Richard Sennett, Jane Jacobs ou Marshall
Berman, além dos debates locais que tiveram lugar no Iuperj na cabeça de Maria Alice
Resende (MAIA & LISBOA, 2004, pp. 75-76).
Novamente suas representações sobre a cidade e particualarmente sobre o
espaço público parecem expressar sua posição social e suas escolhas e preferências
valorativas. Trazendo a Shields, podemos dizer que as representações fazem parte de
um modelo complexo de pensamento, são orientadoras constitutivas das ações e das
visões de futuro dos agentes. Para ela “Representations are linked to normative notions
of what era appropiate social reactions to each of the myriad of possible events and
encounters” (Shields, 1996, p. 229)
3. Comentários finais

Reiteramos que desde nossa perspectiva, tanto as representações tanto quanto


as práticas de Maia estão em uma estreita interdependência e fazem parte de um modelo
de conhecimento e de estruturação das formas de pensar do prefeito, que se bem nem
sempre serão coerentes, pelo menos apresentam bastante consistência interna. Não é
nossa intenção aqui comprovar se efetivamente ele pertence a esse grupo social, se os
investimentos foram realizados nas áreas de classes médias, ou se seus objetivos foram
atingidos. Essas questões são aqui irrelevantes em termos dos objetivos que escolhemos.

O que achamos importante ressaltar é o fato de que o análise das


representações não é um agregado ou um desenvolvimento criativo da geografia cultural
da antropologia ou a sociologia. Pelo contrário, o que nosso percurso mostrou-nos foi
sua importante contribuição ao colocar em evidência as estruturas de pensamento que
permeiam as ações dos agentes urbanos, seus conflitos na linguagem e na prática.
Manter a oposição entre o ser e o pensar, entre a realidade e a representação redunda em
um empobrecimento da pesquisa urbana.

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