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UFPA

Método FDTD Aplicado na Análise da


Propagação Eletromagnética em Ambientes
Indoor e Outdoor

Rodrigo Melo e Silva de Oliveira

Segundo semestre de 2002

CENTRO TECNOLÓGICO
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
CAMPUS UNIVERSITÁRIO DO GUAMÁ
BELÉM-PARÁ
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
CENTRO TECNOLÓGICO
CURSO DE ENGENHARIA ELÉTRICA

Rodrigo Melo e Silva de Oliveira

Método FDTD Aplicado na Análise da


Propagação Eletromagnética em Ambientes
Indoor e Outdoor

TRABALHO SUBMETIDO AO COLEGIADO DO CURSO


DE ENGENHARIA ELÉTRICA PARA OBTENÇÃO DO
GRAU DE ENGENHEIRO ELETRICISTA - OPÇÃO
TELECOMUNICAÇÕES.

Belém
2003
Método FDTD Aplicado na Análise da
Propagação Eletromagnética em Ambientes
Indoor e Outdoor

Este trabalho foi julgado em 12/02/2003, adequado para obtenção do grau de Engenheiro
Eletricista – Opção Telecomunicações, e aprovado na sua forma final pela banca examinadora que
atribuiu o conceito Excelente.

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Prof. Dr. Jorge Roberto Brito de Souza
(Coordenador do Curso de Engenharia Elétrica)
AGRADECIMENTOS
Primeiramente, agradeço ao professor Carlos Leonidas pelo excelente e exemplar trabalho de
orientação. Sua dedicação ao seu trabalho é admirável e é fundamental para o crescimento intelectual dos
seus orientados. Muito obrigado!
Agradeço também ao meu co-orientador, Ronaldo, por todas as dicas durante o desenvolvimento
deste trabalho e pela grande experiência adquirida com o nosso trabalho em conjunto.
O papel fundamental do Josivaldo e do Johnny no processamento paralelo deve ser destacado em
todos os trabalhos que utilizem a técnica. Valeu o empenho!

Agradeço a todos os companheiros do Lane pelo ótimo relacionamento no laboratório: Ronaldo,


Fabrício, Felipe, Paulo, Tuma, Marcos, Josivaldo e Johnny.

Gostaria de expressar aqui minha enorme gratidão pelo papel fundamental da minha família, que é
o pilar de toda a minha formação pessoal e intelectual: Meu pai: Jacob; Minha mãe: Roselucie; minha
irmã: Renata e também ao meu Tio: José Jacob. Muito obrigado por tudo.

Por fim, gostaria de agradecer também a minha fonte de inspiração e companheira de todas as
horas: Victoria Matsunaga. Agradeço pelo seu carinho e pelo seu amor incondicional em todos os
momentos.

O projeto da Ericsson e da Amazônia celular teve um papel importantíssimo, na medida em que


disponibilizou os recursos que possibilitaram a concepção do cluster Amazônia (Lane 2). Agradeço a eles e,
mais uma vez ao professor Leonidas, pela oportunidade de fazer parte deste projeto.
Toda a nossa ciência, comparada com a realidade,
é primitiva e infantil - e, no entanto, é a coisa mais
preciosa que temos.

Albert Einstein (1879-1955)


LISTA DE SÍMBOLOS

t Incremento temporal ou período de amostragem


x, y e z Incremento ao longo dos eixos cartesianos x, y, z, respectivamente
i Índice indicador da posição da célula segundo o eixo cartesiano x
j Índice indicador da posição da célula segundo o eixo cartesiano y
k Índice indicador da posição da célula segundo o eixo cartesiano z
n Número de iterações no tempo


0 Permissividade elétrica absoluta no vácuo


µ0 Permeabilidade magnética absoluta no vácuo


r Permissividade elétrica relativa do material


µ Permeabilidade magnética


Permissividade elétrica
[µ] Tensor permeabilidade magnética
[] 

tensor permissividade elétrica


E Vetor intensidade de campo elétrico
H Vetor intensidade de campo magnético
n+1
E Vetor campo elétrico no instante atual
n
E Vetor campo elétrico no instante passado
H n+ ½ Campo magnético no instante atual
H n- ½ Campo magnético no instante passado
E Fasor Vetor intensidade de campo elétrico
H Fasor Vetor intensidade de campo magnético
B Vetor densidade de fluxo magnético
D Vetor densidade de fluxo elétrico


x Condutividade segundo o eixo x




y Condutividade segundo o eixo y




z Condutividade segundo o eixo z




Comprimento de onda
J Densidade de corrente elétrica


Freqüência angular


Constante de fase
j -1½
Sumário
1 Capítulo 1 – Introdução................................................................................................................1
1.1 – Objetivos.....................................................................................................................................1
1.2 - Composição.................................................................................................................................2
Referências Bibliográficas...................................................................................................................3
2 CAPÍTULO 2 – ANÁLISE TEÓRICA........................................................................................4
2.1 – O MÉTODO FDTD....................................................................................................................4
2.2 – PRECISÃO E ESTABILIDADE NO MÉTODO FDTD.......................................................11
2.3 – “TRUNCAMENTO” POR PML.............................................................................................13
2.4 - Técnica de Correção de Campo para modelagem Fios Finos (Thin Wires)..........................21
2.5 – SPEEDUP.................................................................................................................................28
Referências Bibliográficas.................................................................................................................30
3 CAPÍTULO 3 – PROBLEMAS E RESULTADOS..................................................................31
3.1 – O problema outdoor..................................................................................................................32
3.2 – O problema indoor....................................................................................................................48
4 CAPÍTULO 4 – CONSIDERAÇÕES FINAIS..........................................................................58
Referências Bibliográficas........................................................................................................................59
Lista de Figuras

FIGURAS DESCRIÇÃO PÁG.

  

5
A idéia de derivada centrada.
  


(a) Representação da célula primária (instante n), (b) Representação da célula 8


secundária (instante n+½) e (c) Representação tridimensional de ambas as
células intercaladas no tempo e no espaço.

  

A Célula de Yee em perspectiva tridimensional 9

  

Erro Total, introduzido por Roundoff e pela própria discretização 12

  

  
 Idéia de truncamento de um domínio computacional bidimensional por UPML 13
Análise da distribuição dos fatores  k no domínio numérico. 19

  

Representação bidimensional da célula de Yee 20
  

Geometria de um fio fino e a distribuição das componentes de campo para o 22
plano x-z.

  

Geometria de um fio fino e a distribuição das componentes de campo para o

  
 plano y-x
Geometria de um fio fino e a distribuição das componentes de campo para o 25

  
 plano y-x
Modelamento FDTD para um dipolo alinhado paralelamente ao eixo Z com gap 27
Dz.

    
Geometria do Problema Bidimensional 32

    

     Pulso de excitação gaussiano usado na primeira simulação bidimensional 34


Pulso de excitação modulado em 850MHz 34

    
     Portadora contínua aplicada como excitação 35
     Lógica da implementação FDTD baseada em algorítimo seqüencial 36
     Lógica da implementação FDTD baseada em algorítimo paralelizado 37
     Análise dos domínios 38
(a) Tempo de processamento e (b) Speedup para o problema bidimensional 39
     analisado com 1, 2, 4 e 8 processadores de 1.8GHz
     Perspectiva da amplitude do campo elétrico Ez após 84,9 ns 40
    
Distribuição da componente Ez do campo elétrico em diversos instantes 41
Registro da Potência recebida em L1 (Figura 3.1) para a Excitação Gaussiana 41
     modulada em 850MHz
Registro da Potência recebida em L2 (Figura 3.1) para a Excitação Gaussiana 42
      modulada em 850MHz
Registro da Potência recebida em L3 (Figura 3.1) para a Excitação Gaussiana 42
    ! modulada em 850MHz
Registro da Potência recebida em L4 (Figura 3.1) para a Excitação Gaussiana 43
modulada em 850MHz
    
Registro da Potência recebida em L5 (Figura 3.1) para a Excitação Gaussiana 43
     modulada em 850MHz
Registro temporal da potência recebida em L1 (Figura 3.1) (excitção senoidal – 44
     amplitude 1000 A/m)
Registro temporal da potência recebida em L1 (Figura 3.1) (excitção senoidal – 45
     amplitude 100 A/m)
Registro temporal da potência recebida em L1 (Figura 3.1) (excitção senoidal – 45
    
 amplitude 10 A/m)
Registro temporal da potência recebida em L1 (Figura 3.1) (excitção senoidal – 46
    
 amplitude 1 A/m)
Geometria da residência e os pontos de transmissão Tx e recepção em BR1, KTC 49
e LR.
    


    
 Pulso de excitação 49
    
! Distribuição da componente Ez (dB) após 300 iterações 50
    
 Distribuição da componente Ez (dB) após 500 iterações 50
    
 Distribuição da componente Ez (dB) após 700 iterações 51
    
 Potência recebida no quarto (Excitação Gaussiana), ponto BR1 52
    
 Potência recebida na cozinha (Excitação Gaussiana), ponto KTC 52
Pulso gaussiano modulado em 1Hz utilizado como excitação na célula de gap do 53
    
 dipolo
      Potência recebida no quarto (Excitação Gaussiana Modulada em 1GHz) 53
      Potência recebida na cozinha (Excitação Gaussiana Modulada em 1GHz) 54
    
Potência recebida na sala de estar (Excitação Gaussiana Modulada em 1GHz) 54
     Distribuição da componente Ez (dB) após 300 iterações 55
    ! Distribuição da componente Ez após 500 iterações 55
      Distribuição da componente Ez após 700 iterações 56
Distribuição da componente Ez após 900 iterações 56
Resumo

É inicialmente é apresentado o método das diferenças finitas no domínio do tempo, o FDTD,


na sua formulação original, proposta por Yee. Em seguida, são feitas considerações sobre precisão e
estabilidade do método. São apresentados, então, os conceitos de UPML, de correção de campo
para modelar fios finos e de speedup. Em seguida, são apresentados os dois problemas solucionados
neste trabalho, feitas considerações sobre suas soluções e apresentados os resultados. Ao final,
fazem-se as últimas considerações a respeito deste trabalho.
Capítulo 1 – Introdução

A importância da aplicação de ondas eletromagnéticas na transmisão e na recepção de


informações tem crescido de forma expressiva nestes últimos anos [1-3]. Isto se deve, ao
surgimento de dispositivos portáteis de comunicação, como celulares e computadores (mais
utilizados em ambientes outdoor), além da recente demanda pela implementação de redes wireless
locais de computadores, utilizadas em ambientes indoor, como residências e escritórios.

Se a informação a ser transmitida for enviada através do espaço livre, na recepção não
haverá qualquer tipo de distorção do sinal, considerando que o receptor e o transmissor estejam
parados. Neste caso, haverá apenas a atenuação do sinal devida à expansão da onda. Na prática,
quando se deseja fazer um estudo sobre propagação indoor ou outdoor, a situação é bem diferente,
pois esses ambientes são formados por vários obstáculos e normalmente o transmissor e o receptor
são corpos em movimento, onde o sinal recebido é o resultado da superposição de ondas direta,
refletidas, refratadas, difratadas, etc [1,2]. Para atender essas situações mais gerais, várias técnicas
têm sido desenvolvidas para prever o comportamento das ondas em diversos tipos de ambientes.
Este tipo de trabalho propicia a redução das medições dos sinais que normalmente são realizadas
nos projetos, conseqüentemente reduzindo também os custos e o período de realização do projeto, o
que pode ser crucial para o sucesso de um sistema de comunicação sem fio.

Neste contexto, as técnicas numéricas usadas para predição dos sinais [1,2,4], envolvem não
só um grande tempo computacional como também um considerável espaço de memória para
processamento. A disponibilidade de máquinas cada vez mais potentes, a custos cada vez menores;
o surgimento de sistemas operacionais gratuitos [5], abertos e principalmente robustos; e o método
FDTD [1-3],[6-17], associado aos recursos, que hoje são disponíveis, para redução do tempo de
processamento e espaço de memória, tais como: 1) condição de fronteira absorvente UPML [8], 2)
técnica de redução do número de componentes dos campos elétrico e magnético [3], 3) formulação
do problema em coordenadas curvilíneas gerais [12,13,16,17], 4) técnicas de compressão de dados
[14], e 5) processamento paralelo [18,19], sugerem que sejam aplicados tais recursos na solução de
problemas reais não só de eletromagnetismo aplicado à comunicação, mas nos mais vários campos
da ciência.

1.1 – Objetivos

Neste trabalho, foram desenvolvidos códigos especiais, usando-se o método FDTD, na


solução das equações de Maxwell, para rodar em ambiente de processamento paralelo. A
formulação foi desenvolvida em coordenadas retangulares, considerando-se como técnica de
truncagem da região de análise o uso da UPML. Para facilitar a análise dos problemas propostos foi
sugerido o uso de uma fonte de excitação especifica, a qual trata-se de um dipolo de meia-onda
constituído de fio fino. O ambiente computacional assim desenvolvido foi testado na solução de
dois tipos de problemas envolvendo espalhamento eletromagnético: o primeiro refere-se a um
problema em ambiente outdoor e o outro em ambiente intdoor. Dessa forma, os principais objetivos
deste trabalho se constituem por:

1
1. Reproduzir a solução original do problema analisado em [1] e mostrar que a
formulação bidimensional do método FDTD pode ser utilizada em simulações de
propagação outdoor para a obtenção de informações úteis, como a caracterização da
distorção do sinal original devido ao meio e aos parâmetros da solução numérica,
como a amplitude e a forma do sinal de excitação, por exemplo. Além disso,
desejou-se expandir a solução computacional original para rodar em processamento
paralelo [18,19]. Neste caso, será realizada uma análise da performance
computacional do cluster tomando-se como referência o processamento serial
realizado em uma única máquina.
2. Aplicar a formulação tridimensional do método FDTD para avaliar a propagação
eletromagnética no ambiente indoor simulado em [2]. Vale ressaltar que os
resultados aqui obtidos deverão ser mais precisos devido as seguintes razões: 1)
sempre usou-se como condição de fronteira absorvente (ABC) a UPML (abordada
na Seção 2.3), ao passo que Kondylis at all. [2] usaram Mur 1a ordem; 2) foi feita a
correção das componentes do campo magnético considerando os efeitos causados
por elementos subcelulares (Seção 2.4) e 3) neste trabalho, técnicas de
processamento paralelo foram aplicadas, o que não ocorre na obra original.

1.2 - Composição

Este trabalho está organizado da seguinte maneira:

Capítulo 1: mostram-se os aspectos relacionados ao assunto tratado, sua


relevância e os objetivos básicos deste trabalho;

Capítulo 2: apresenta-se o método numérico FDTD em sua formulação original,


proposta por Yee, assim como os aspectos relativos à precisão e à estabilidade do
método, além da análise da ABC UPML, da correção de campo modelando Thin
Wires e do conceito de Speedup.

Capítulo 3: Neste capítulo, apresentam-se os dois problemas a serem solucionados


neste trabalho, o primeiro relativo a propagação outdoor e o outro para indoor. Em
seguida, são feitas considerações sobre as soluções aplicadas e são mostrados e
analisados os resultados obtidos.

Capítulo 4: Aqui são feitas as considerações finais sobre o trabalho.

2
Referências Bibliográficas

[1] A.N. Belém, “Caracterização Bidimensional de Canais de Rádio Através de Diferenças Finitas no
Domínio do Tempo”, Dissertação de Mestrado, Universidade Federal de Minas Gerais, 21 de setembro de
2001.
[2] George D. Kondylis, “On indoor wireless channel characterization and the design of interference aware
medium access control protocals for packet switched networks”, Tese de Pós-doutorado, University of
California, Los Angeles, 2000.
[3] G.D. Kondylis, F. De Flaviis, G.J. Pottie, and T. Itoh,” A memory-efficient formulation of the finite-
difference time-domain method for the solution of Maxwell equations,” IEEE Trans. On Microwave Theory
and Techniques, vol. 49, no. 7, Jul. 2001.
[4] R. Valenzuela, “A ray tracing approach for predicting indoor wireless transmission”, in Proc. IEEE
Vehicukar Technology Conference, VTC1993, May, 1993;
[5] linux.org
[6] Josivaldo Araújo, “Análise de antenas em 2-D utilizando o método das diferenças finitas no domínio do
tempo com processamento paralelo”, Tese de Mestrado, UFPA/PPGEE, Belém Pará, 24 de janeiro de 2003;
[7] W. Yu and R. Mittra,” A new subgridding method for the finite-difference time-domain (FDTD)
algorithm,” Microwave and optical technology letters, vol. 21, no. 5, Jun. 1999.
[8] S.D. Gedney,” An anisotropic perfectely matched layer – absorbing medium for the truncation of FDTD
lattices,” IEEE Trans. Antennas Propagat., vol. AP-44, no. 12, pp. 1630-1639, Dec. 1996.
[9] D. Sullivan and J.L. Young,” Far-field time-domain calculation from aperture radiators using the FDTD
method,” IEEE Trans. Antennas Propagat., vol. 49, no. 3, Mar. 2001.
[10] K.S. Yee, “Numerical solution of initial boundary value problems involving Maxwell’s equations in
isotropic media,”IEEE Trans. Antennas Propagat., vol. AP-14, pp. 302-307, May 1966.
[11] R. Holland, “The case against staircasing,” in Proc. 6th Annual Review of Progress in Applied
Computational Electromagnetics (Monterey, CA),Mar.19-22, 1990, pp. 89-95.
[12] R. Holland,“ Finite-Difference solution of Maxwell’s equations in generalized nonorthogonal
coordinates,” IEEE Trans. Nucl. Sci., Vol. NS-30, no.6 Dec. 1983.
[13] J. F. Lee, “Modeling Three-Dimensional Discontinuities in Waveguides Using Non-orthogonal FDTD
Algorithm”, IEEE Transactions on Microwave Theory and Techniques, vol.40, no.2 Feb. 1992.
[14] A. Taflove, “Finite Difference Time Domain Methods for Electrodynamics Analysis”. NY: Artech
House, may 1998.
[15] A. Taflove, “Computacional Electrodynamics: The Finite Difference Time Domain Method”, NY:
Artech House, may 1995;
[16] M. Fusco, “FDTD algorithm in curvilinear coordeinates,” IEEE Trans. Antennas Propagat., vol. 38, pp
76-88, Jan. 1990.
[17] E. A. Navarro, C. Wu, P. Y. Chung and J. Litva, “Some Considerations About the Finite Difference
Time Domain Method in General Curvilinear Coordinates,” IEEE Microwave and Guided Wave Letters,
vol. 38, No.12,pp 396-398, December 1994.
[18] I. Foster,” Designing and building parallel programs: Concepts and tools for parallel software
engineering,” Addison Wesley 1994.
[19] Johnny Rocha, "Cluster Beowulf. Aspectos de Projeto e Implementação.", Dissertação de Mestrado,
PPGEE/UFPA, Janeiro de 2003;

3
CAPÍTULO 2 – ANÁLISE TEÓRICA

2.1 – O MÉTODO FDTD

Em 1966, Kane Yee [1] publicou um modelo de discretização das equações diferenciais de
Maxwell que era de fácil compreensão e implementação, mas que, devido ao alto custo
computacional vigente até então e às limitações presentes em sua publicação original, não despertou
instantaneamente interesse na comunidade científica. Porém, o rápido decréscimo da relação custo
por poder de processamento dos equipamentos digitais, o desenvolvimento de técnicas eficientes de
truncagem do método FDTD e, atualmente, a disponibilização de softwares livres e abertos de alta
qualidade [2] têm propiciado um grande interesse por pesquisas em diversos campos do
conhecimento utilizando-se do algorítimo de Yee, sendo que na última década o número de
publicações relacionadas ao método de diferenças finitas no domínio do tempo (método FDTD),
cresceu e vem crescendo literalmente de forma exponencial.
A simplicidade do método se deve principalmente ao fato de se basear no cálculo de um
número finito de aproximações algébricas obtidas a partir de equações diferenciais. Dessa forma,
como essas equações envolvem soluções nos domínios espacial e temporal, o método gera um
número finito de conjuntos formados por uma quantidade finita de pontos a cada iteração.
Intuitivamente, isso é algo semelhante ao que ocorre na produção de vídeos digitais, onde cada
quadro do filme contém um conjunto finito de pontos amostrados da imagem real (que possui, na
verdade, infinitos pontos no momento da amostra) e cada quadro corresponde a um instante discreto
do processo. Isso naturalmente sugere que, dependendo do que se quer discretizar, há um número
ótimo de pontos que devem estar contidos em cada amostra temporal, assim como deve ser
estabelecido um intervalo mínimo de tempo entre as amostras, de forma que se erre o mínimo
possível. Isso caracteriza a estabilidade do método. Vale lembrar que um refinamento da
discretização além desse ponto ótimo não produz resultados muito melhores que o justifique, o que
só demandaria mais tempo de processamento para a obtenção dos resultados. Além disso, esse
refinamento tem limites impostos pela própria máquina no que se refere à precisão, isto é, pelo
próprio tamanho das palavras binárias que a máquina pode manipular (erro de arredondamento). Se
isso não for respeitado, logicamente erros de precisão serão introduzidos durante os cálculos. Deve-
se ressaltar ainda que o método FDTD é freqüentemente aplicado em sua modalidade
tridimensional, cujo modelo é detalhado a seguir.

2.1.1 – A Formulação 3D do Método FDTD


Como mencionado anteriormente, o método das diferenças finitas no domínio do tempo é
baseado em cálculos de diferenças algébricas obtidas a partir de equações diferenciais. Quando o
método FDTD é aplicado com o objetivo de simular propagação de ondas eletromagnéticas, essas
diferenças algébricas vêm das equações de Maxwell. Essas diferenças baseiam-se na expansão de
funções em série de Taylor [3], com dependência espacial e temporal, como será mostrado a seguir.
Considerando o domínio unidimensional, sem perda de generalidade, onde a derivada de
uma função f(x), que é finita e contínua em torno de um ponto, assim como as suas derivadas, é
encontrada a partir de sua expansão em série de Taylor em torno de tal ponto. Então, podemos dizer
que (figura 2.1):

4
        
f x x  f x x  f x
x
1
2!
x 2

² f x

1
3!
x 3

³ f x

(2.1a)

 
f x 
x f x 
x f x
x
1
2!
x 2

² f x

 1
3!
x 3

³ f x

(2.1b)

Subtraindo a equação (2.1a) de (2.1b), resulta:


 f x  x  f x  x  2
 x
3

³ f x

 f x  3! x³ 
(2.2)
x 2  x

A expressão acima será truncada levando os termos destacados nos colchetes a zero,
gerando então uma aproximação de 2a ordem, pois todos os termos desprezados possuem o ∆x com
expoentes maiores ou iguais a 2. Assim, a equação que aproxima as derivadas por diferenças
algébricas no método FDTD com precisão de 2a ordem se define por (caso unidimensional):

 
f x
x
f x x
2
f x
x
x
, (2.3)

que é a definição de Derivada Centrada de 2a ordem (figura 2.1), que será usada nas aproximações
das derivadas espaciais e temporais para a solução das equações de Maxwell.

f(x)

f (x+ x) 
f (x)
f (x- x) 


(x- x) x (x+ x)  x

Figura 2.1 - A idéia de Derivada Centrada

Considere agora que temos uma função contínua no tempo e no espaço, representada por

5
F(x,y,z,t). Se tomarmos valores discretos para as suas variáveis independentes, temos valores
discretos de F(x, y, z, t) representados por F(i. x, j. y, k. z, n. t), de maneira que x, y, z e t
sejam os incrementos discretos de suas respectivas variáveis e i, j, k e n sejam valores inteiros que,
juntos, caracterizem as posições dos pontos da discretização, ou seja, se i, j, k e n são máximos, o
produto i. x.j. y.k. z é o volume total considerado e n. t é a duração total da observação do
fenômeno. Assim, a função F, em sua versão discreta, pode ter a seguinte representação: F(i, j, k,n),


ou melhor:
F x , y , z ,t  F ni , j, k (2.4)

Dessa forma, a propagação de ondas eletromagnéticas, considerando meios isotrópicos, pode


ser descrita pelas equações de Maxwell na forma diferencial como segue:

 E  
H ,
t (2.5)

onde E e H representam os vetores intensidade de campo elétrico e magnético, respectivamente, e µ


é a permeabilidade magnética. A equação acima escrita na forma escalar, gera as seguintes
equações para a variação temporal do campo magnético:

 Ey Ez

Hx 1
z 
, (2.5a)
Hyt
1
y

t Ezx  Exz , (2.5b)


Hz 1
Ex Ey
t y x , (2.5c)

e
  E
H   J, (2.6)
t

cuja forma expandida é:

 Hz Hy
y  z 
Ex 1
Ex , (2.6a)
Ey 1 Hx Hz
t

t z  x  Ey , (2.6b)
 Ez 1  Hy  Hx
 t   x   y  Ez , (2.6c)

que são as equações de propagação para o campo eletromagnético.


Assim, dispondo-se das equações (2.5) e (2.6) na forma expandida, pode-se aplicar a

6
definição de derivada centrada (2.3), obtendo-se assim as equações de Maxwell em suas versões
discretas, que são mostradas nas equações (2.7) para o campo magnético (2.5a, 2.5b e 2.5c):

 n  n n  n
1
  1
 
Ey 1 Ey 1

Ez 1 Ez 1

 
n n t i, j ,k 1 i, j ,k i, j 1,k i , j ,k
2 2 2 2 2 2
Hx 1 1 Hx 1 1 ,
i, j
2
,k
2
i, j
2
,k
2 z y

(2.7a)

n n n n
 1
 1

Ez
  1 Ez
 1

Ex
 1
 Ex
 1


n n t i 1, j , k i , j ,k i , j ,k 1 i , j ,k

2 2 2 2 2 2
Hy
 1
 1 Hy
 1
 1 ,
i
2
, j ,k
2
i
2
, j ,k
2 x z

(2.7b)

 n  n n  n
1
  1
 
Ex 1 Ex 1

Ey 1 Ey 1

 
n n t i , j 1,k i , j ,k i 1, j ,k i, j ,k
2 2 2 2 2 2
Hz 1 1 Hz 1 1
i
2
, j
2
,k i
2
, j
2
,k y x

(2.7c)

De forma semelhante, para o campo elétrico(2.6a, 2.6b e 2.6c), temos:

n  1
 n  1
n  1
 n  1
 
         
2 2 2 2
Hz Hz Hy Hy Ex n 1
Ex n
    t i
1
, j
1
, k i
1
, j
1
, k
 i
1
, j, k
1
i
1
, j, k
1
  i
1
, j, k i
1
, j, k

  ,
n 1 n 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2
Ex
i
1
2
, j, k
Ex
i
1
2
, j, k  y  z
t
2

(2.7d)

n  1
 n  1
n  1
 n  1
 
          
2 2 2 2
Hx Hx Hz Hz Ey n 1
Ey n
    t i , j
1
, k
1
i , j
1
, k
1
i
1
, j
1
, k i
1
, j
1
, k
!  i , j
1
, k i , j
1
, k

  ,
n 1 n 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2
Ey
i , j
1
2
, k
Ey
i , j
1
2
, k  z  x
t
2

(2.7e)

n  1
 n  1
n  1
 n  1
 
           #
2 2 2 2 n 1 n
Hy Hy Hx Hx Ez Ez
  "  t i
1
, j, k
1
i
1
, j, k
1
i , j
1
, k
1
i , j
1
, k
1
!  i , j, k
1
i , j, k
1

 
n 1 n 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2
Ez
i , j, k
1
2
Ez
i , j, k
1
2  x  y
t
2

(2.7f)

7
Observando-se atentamente as equações 2.7, que são utilizadas para atualizar os campos em
cada iteração, nota-se que as componentes dos campos elétrico e magnético foram discretizadas de
tal maneira que estão intercalados no tempo e no espaço, tornando possível, a partir do estudo das
características da onda excitadora e do(s) meio(s) no(s) qual(is) ela se propaga, definirmos os
incrementos temporal ( t) e espaciais ( x, y e z) que garantam que erros causados pela
amostragem sejam mínimos, assegurando a estabilidade numérica do algorítimo e satisfazendo a
continuidade dos campos tangenciais nas interfaces entre meios com características diferentes [4].
Tem-se então num instante n as componentes do campo elétrico e no instante n-½ aquelas do
campo magnético como base de referência temporal para atualizar as componentes nos instantes
n+1 (campo elétrico) e n+½ (campo magnético).
É, então, razoável se pensar em dois tipos de célula: uma para as componentes do campo
elétrico e outra para aquelas do campo magnético, chamadas primária (figura 2.2a) e secundária
(figura 2.2b), respectivamente, que são separadas no tempo por ½. t e espacialmente separadas
pelas metades dos incrementos x, y e z (figura 2.2c).

z z
i, j , k+1
+½ Ez
,k i, j, k + ½
½
j- Hx
½,
i+ Hy
Ez Hx y
i ,j, Hz Ey
Hy
y k
i ,j,k Ex
Hz i, j+1 ,
Ex
Ey k x
i+1, j , k
x

Célula Primária (instante n) Célula Secundária (instante n + ½)


(a) (b)
(n) (n+ 1/2)
Tempo
E H
Z
Y
X
Espaço
Hx
Ez

Hy
Ey
Ex

Hz

(c)
Figura 2.2 - (a) Representação da célula primária (instante n), (b) Representação da célula secundária
(instante n+½) e (c) Representação tridimensional de ambas as células intercaladas no tempo e no espaço.

8
O conceito de célula primária e secundária discutido acima é fundamentalmente importante
quando um problema é solucionado com a utilização de coordenadas gerais, ou seja, quando o
direcionamento das componentes de campo não é o mesmo em todas as células do domínio em
questão.
Porém, neste trabalho, a solução dos problemas se dá com predeterminação uniforme da
direção de todas as componentes de campo. Nota-se então que é possível representar essas
componentes de campo de forma discreta por uma única célula (unidade discretizadora única) que
seja composta pelas coordenadas de ambos os campos, elétrico e magnético, distribuídos na mesma
disposição da figura 2.2c, obedecendo portanto as intercalações temporais e espaciais. Tal
representação, mostrada na figura 2.3, caracteriza a proposição de Yee.

(i +1, j + 1 , k+1)

z
Hy Ez


Hx

(i, j, k) Ey
k)
½ ,j, )
(i, j +
(i +
,k
½,k
Ex )
1
j+
(i,

Hz Z
(i+1 Espaço
, j, k
) Y
X


x


y
(n) (n+ 1/2) (n+1)
Tempo |
E H E

Figura 2.3 – A Célula de Yee em perspectiva tridimensional

As equações 2.7 e a distribuição de campos de Yee (figura 2.3) são as principais ferramentas
necessárias à implementação computacional para a análise de propagação de campos pelo método
FDTD.
É interessante ressaltar, no entanto, que a aplicação do método FDTD à região que se quer
analisar determinada propagação eletromagnética não caracteriza o preenchimento das células de
Yee por matéria. Toda a informação está contida nas componentes de campo, calculadas em cada
unidade discretizadora a cada iteração, conhecendo-se as características eletromagnéticas ( e µ) em
cada célula do domínio em questão [4].
Para ilustrar uma implementação computacional do método FDTD, no caso da figura 2.3,
por exemplo, tem-se representada a célula (i,j,k) no domínio espacial da implementação e são
calculadas as componentes de campo elétrico Ex(i,j,k), Ey(i,j,k) e Ez(i,j,k) de nossa célula em um
instante n+1 (2.7d, 2.7e e 2.7f) e as componentes de campo magnético Hx(i,j,k), Hy(i,j,k) e Hz(i,j,k)
para o instante n+½ (2.7a, 2.7b e 2.7c) no mesmo loop temporal do software, após conhecidas as
componentes de campo elétrico. Obviamente, as características eletromagnéticas são definidas antes
dos cálculos de tais componentes ou inseridas diretamente nas equações de campo, “quebrando-se”

9
o laço do tempo em regiões espaciais com características eletromagnéticas particulares1. Tais
cuidados são de grande importância devido ao gigantesco poder de processamento requerido pelo
método FDTD na resolução da maioria dos problemas.
Observe, no entanto, que na implementação do método na região de análise não são
utilizados os índices £ + ½ (£ pode ser i, j, k ou n) porque as equações de campo (2.7) não
dependem diretamente desses índices (da posição física dos campos), mas sim de valores de campo
em instantes ou posições com índices inferiores ao “atuais” n, i, j e/ou k. Além disso, como os
valores de campo em determinado instante são usualmente armazenados em vetores, cujos índices
dos elementos são valores inteiros, visualizar uma célula (i,j,k) no instante n com as seis
componentes de campo com índices (i,j,k,n) dentro do programa representa uma grande facilidade
na implementação. Durante a geração do código fonte do programa, deve-se ter cuidado ao se
referir às componentes corretamente. O raciocínio mais simples é sempre baseado na idéia de que
cada célula possui as seis componentes de campo (caso 3D) e, portanto, todas elas possuem os
mesmos índices i, j, k e n na implementação.
Como será visto em seções subseqüentes, os fatores ½ que não aparecem nas equações de
campo da região de análise na implementação são, no entanto, importantíssimos para as equações
das regiões de “truncamento”do método: as regiões de PML.

2.1.2 – O Tratamento das Condições de Contorno para Condutores Perfeitos

Uma questão importante, cujo destaque é adequado neste ponto, é o tratamento dado aos
materiais condutores contidos no volume computacional. Eles são definidos simplesmente
anulando-se os campos elétricos tangenciais as suas superfícies à cada iteração, impedindo,
portanto, que haja penetração de campo em condutores elétricos.

2.1.3 – Considerações sobre o método FDTD

Percebe-se, então, que o método FDTD é extremamente poderoso, pois possibilita a


obtenção de valores dos campos elétrico e magnético em todos os pontos (discretos) da estrutura em
todos os instantes (igualmente discretos) do fenômeno sob simulação. Com tais informações, pode-
se gerar dados para estudos estatísticos de potência, por exemplo, em diversos pontos de recepção
rodando o software uma única vez e caracterizar suas evoluções durante o decorrer do tempo de
análise. Verifica-se também que é possível modelar ambientes com grande grau de complexidade e
detalhamento com relativa facilidade. Todavia, também é evidente que o método requer grande
quantidade de memória computacional e capacidade de processamento, tornando-o, dependendo dos
recursos disponíveis e do tamanho elétrico do problema a ser solucionado, mais atrativo para a
análise e modelamento de ambientes indoor do que outdoor, pois este último requer quantidades
realmente gigantescas de RAM pela grande quantidade de células envolvidas, principalmente no
caso tridimensional.

1 Tal implementação é mais trabalhosa ao programador, mas garante melhor performance computacional, o que é
primordial para analisar propagação em grandes regiões. Como na grande maioria dos casos e µ são constantes
com o tempo, esta é a forma de implementação mais indicada.

10
2.2 – PRECISÃO E ESTABILIDADE NO MÉTODO FDTD
Assegurar que um código computacional desenvolvido para solucionar determinado
problema baseado em um método numérico gere resultados o mais próximo possível da realidade
sem, em momento algum, haver divergência da solução procurada significa tratar de precisão e de
estabilidade, respectivamente. Com o método das diferenças finitas no domínio do tempo não é
diferente. Dessa forma, tais questões são extremamente importantes se são desejados resultados
úteis para se analisar determinado problema com confiabilidade, sendo, portanto, requeridos
estudos preliminares detalhados sobre essas questões.
No caso específico da simulação de propagação de ondas utilizando o método FDTD,
precisão e estabilidade estão intimamente relacionadas às dimensões das células de Yee x, y e
z e à discretização temporal caracterizada pelo incremento t.
Assim, tratar dessas duas questões para solucionar um problema por FDTD significa,
basicamente, determinar limites superiores para os incrementos espaciais e temporal que assegurem
ambos: erros mínimos decorrentes da discretização e a estabilidade numérica do método. Assim,
para que não haja grandes diferenças entre os valores dos campos de células vizinhas, é
intuitivamente perceptível que x, y e z sejam apenas uma pequena parte do menor comprimento
da onda propagante do problema. Além disso, deve haver um comprometimento dos incrementos
espaciais com o incremento temporal t que garanta a estabilidade do processo numérico[5].
Para evitar que uma interação gere um erro superior ao gerado pela interação anterior, ou
seja, para que o método seja estável, deve ser satisfeita a seguinte condição:


1
2
1 1 1 1 (2.8a)
t
 

2 2
z2


x y v max
Tal inequação é a condição de estabilidade para uma onda que se propaga por células
unitárias de Yee no método FDTD e é conhecida como condição de Courant [6] para o caso
tridimensional, onde vmax é a máxima velocidade de propagação da onda na região de análise. Para
problemas bidimensionais e unidimensionais, devem ser satisfeitas, respectivamente, as seguintes
equações [7]:

1
2
2 

1 1 1 z
t
v max x2 y2 2 (2.8b)


 

 

1
2
2 2

1 1 y z
t

v max

x2

2 (2.8c)

As equações 2.8b e 2.8c são as condições de estabilidade de Courant para os casos


bidimensional e unidimensional, onde ß é a constante de fase e ßy e ßz são decomposições de ß nos
eixos y e z. As equações (2.8b) e (2.8c) são utilizadas na análise das características de propagação
em guias de onda. Todavia, para problemas de espalhamento eletromagnético, como os
solucionados neste trabalho, a constante de fase ß é eliminada.
Em termos de precisão, para a escolha dos incrementos espaciais, será utilizado o limite
estabelecido pela inequação (2.9), que garante precisão adequada nos resultados obtidos na solução
dos problemas tratados no decorrer deste trabalho.

11
 min
(2.9)
x, y ,z
10

Os limites inferiores das dimensões da célula de Yee e de t (ou seja, os limites de
refinamento da discretização) são determinados pela capacidade da máquina, ou mesmo do
compilador em alguns casos, de manipular palavras binárias de até determinado tamanho em
operações de ponto flutuante. Ou seja, na medida em que os valores absolutos dos números que se
quer representar vão tendendo a zero (ou a infinito), mais bits são necessários para representá-los
em base 2 (binário). Para amenizar essas limitações, os compiladores oferecem, por exemplo,
possibilidade de declarar variáveis com precisão dupla (real*8 no fortran ou double em C), ou
ainda com quádrupla precisão (long double em C) ou seja, estamos especificando quantos bits serão
destinados para essas variáveis (32 bits para precisão simples, 64 para dupla precisão, etc...)
[8].Todavia, deve-se notar que manipular palavras maiores também significa a demanda de mais
tempo de processamento e de maior consumo de memória.
Como é perceptível e já foi mencionado, há um limite imposto ao nível de discretização
determinado pelo próprio sistema utilizado, pois erros de arredondamento, conhecidos na literatura
como erros de roundoff [9], são introduzidos nos cálculos e podem se tornar bastante significativos
se análises preliminares (sobre precisão) não forem realizadas. Além disso, muitos compiladores
seguem, por exemplo, a seguinte política: quando não conseguem representar determinada
quantidade, entram em underflow se tal quantidade for muito pequena ou em overflow se for muito
grande. Assim retornam em seus cálculos palavras-chave como NAN (Not A Number) e INF
(Infinity) e continuam o processamento, sendo, nesses casos, visivelmente clara a propagação de
erros dessa natureza.
Pode-se notar então que há dois tipos importantes de erro que podem ser introduzidos: os
chamados erros de discretização, inseridos quando o nível de refinamento da discretização não é
grande o suficiente para manter uma diferença adequada entre amplitudes de campos de células
adjacentes e erros de roundoff, que vão se tornando mais palpáveis na medida em que a
discretização do volume numérico é mais refinada. Tal contraste está ilustrado qualitativamente na
figura 2.4.

Erro

Erro Total

Erro de Roundoff

Erro de discretização

Refinamento da discretização

Figura 2.4 – Erro Total, introduzido por Roundoff e pela própria discretização

12
2.3 – “TRUNCAMENTO” POR PML

Em uma simulação por FDTD, há a necessidade de impor, nos limites do volume numérico
de interesse, condições de absorção da onda analisada [6]. Se tais condições não forem impostas, é
necessário considerar a propagação da onda ao infinito, o que requer uma quantidade infinita de
memória e de processamento computacionais, tornando o método FDTD irrealizável. Se a região
for simplesmente truncada sem os cuidados de uma região de absorção, problemas de reflexão se
apresentam.
A absorção na periferia dos limites numéricos deve ter a máxima eficiência possível,
evitando, portanto, a inserção de erros nos cálculos realizados na região de análise efetiva (que é o
foco de interesse do problema) por reflexão em tais limites. Essas condições, conhecidas como
condições de fronteira absorvente (ABCs)[6], tornam realidade simulações desse tipo pelo método
FDTD.
O que se deseja com isto, portanto, é que a onda de excitação se propague da forma mais
natural possível na região de análise, mesmo processando-se um número superior de iterações
aquele necessário para a onda atingir as fronteiras do volume numérico, independentemente da
freqüência, do ângulo de incidência e da polarização da onda analisada[10] no momento em que
esta atinge a região de absorção. Isso garante um alto nível de exatidão dos resultados obtidos
dentro da região de análise efetiva, isto é, tais condições fazem parecer que a onda continua se
propagando fora do domínio de análise, indo para o infinito.
Dessa maneira, a idéia de truncar a região de análise com meios dispersivos, com níveis de
atenuação graduais providos de casamento perfeito de impedância, conhecidos como Perfectly
Matched Layers (PML), tem ganho muitos adeptos por sua relativa simplicidade de implementação
e compreensão e vem sendo alvo de constantes melhorias por ser realmente eficaz. Assim,
pesquisas de modelamento de meios absorventes vêm evoluindo e aumentando a eficácia do método
FDTD [2] .
Uma idéia geral de implementação usando o método FDTD truncado por PML, a qual
termina em um plano condutor perfeito, é ilustrada pela figura 2.5.

PML

Parede
Elétrica
Condutora
Região de análise

Figura 2.5 – Idéia de truncamento de um domínio computacional bidimensional por PML.

Na região de análise são especificadas as características constitutivas do meio de interesse e


aplicadas as equações de Maxwell discretizadas, atualizando os campos elétrico e magnético a cada
iteração. Já na região de PML, são definidos os parâmetros de atenuação e aplicadas as equações

13
especiais de propagação com perdas na PML. Essa região é ainda envolvida por uma parede elétrica
para anular os pequenos campos elétricos tangenciais que chegam à essa região condutora. É
importante observar que as reflexões desses campos na parede elétrica externa serão rapidamente
atenuadas pela PML no caminho de volta. As características dessa região, bem como as equações
que regem o comportamento de seus campos serão detalhadas a seguir.

2.3.1 – UPML: Características Gerais e Equações de Propagação

As regiões de análise, para os problemas solucionados no próximo capítulo deste trabalho,


foram truncadas por um tipo especial de PML: a PML uniaxial ou UPML. Dessa forma, procurar-
se-ão mostrar, de forma rápida e objetiva, as características das camadas que constituem uma região
de PML e as equações que governam a propagação com atenuação unidirecional gradual nesses
meios utilizando o método das diferenças finitas. As equações de UPML aqui apresentadas são
baseadas na formulação desenvolvida por S.D. Gedney[10], pois esta é relativamente simples e de
grande eficiência.
Gedney partiu das condições estabelecidas por Holand[11] para transmissão total
(casamento de impedância entre dois meios), que é valida apenas para ondas planas com incidência
normal à interface de separação entre dois meios: 1 e 2. Tais condições são dadas por:

e m




, (2.10a)

1 


2 , (2.10b)

1 


2 , (2.10c)

onde e é a condutividade elétrica e m a condutividade magnética, µi e i são a permeabilidade


 

magnética e a permissividade elétrica do meio i, respectivamente. Gedney se baseou também no


trabalho desenvolvido por Berenger[12], no qual foi mostrado pela primeira vez o conceito de uma
região absorvente formada por várias camadas (meios) que gradualmente atenuam a onda incidente:
o conceito de PML. Gedney simplificou matematicamente a formulação de Berenger, tornando a
PML mais eficiente.
Dessa forma, se for considerada a passagem da onda de um meio isotrópico para um meio
com anisotropia uniaxial (que caracterizará a região absorvente sob análise), as relações que
caracterizam a anisotropia do segundo meio podem ser dadas por:

D
E, (2.11)

B 


H, (2.12)

onde [µ] é o tensor permeabilidade magnética e [ ] é o tensor permissividade elétrica do meio, de


maneira que possam ser escritos também da seguinte forma:

14
 a 0 0
0 b 0
  , (2.13)
0 0 c

  a 0 0
0 b 0
   (2.14)
0 0 c

As equações acima são expressões gerais que representam as características


eletromagnéticas de um meio anisotrópico, onde a, b e c, que são os elementos da diagonal da
matriz , têm geralmente a forma complexa.
Dessa maneira, o uso da notação tensorial sugere a utilização das equações de Maxwell no
domínio da freqüência, para simplificar sua solução. Assim, tem-se:


E   j   H , (2.15)

 H j   E , (2.16)
onde E e H representam os fasores vetor intensidade de campo elétrico e magnético,
respectivamente.
Um formato da matriz 
que garante juntamente com as condições 2.10 que uma onda
plana, com componente de propagação na direção z, por exemplo, seja totalmente transmitida do
espaço livre ao meio em questão, independentemente de sua freqüência, de seu ângulo de incidência
e de sua polarização é dado por [6]:


1  j   0 0
0

  j   
z  0 1
0
0
(2.17)
0 0
1

1  j   0

Tal disposição dos elementos da matriz acima caracteriza atenuação devida às partes

imaginárias (condutividade ), na direção z. Dessa forma, mesmo que uma onda incida
obliquamente na interface de separação z=0, por exemplo, como há uma componente de
propagação na direção z, haverá então atenuação em tal direção.
Todavia, uma versão mais completa dessa anisotropia, que se aplique à toda a geometria
tridimensional de absorção por UPML no método FDTD é conveniente. A idéia é que haja
atenuação em todas as seis interfaces que contornam o volume de análise e nos quatro cantos
existentes. Dessa forma, pode-se descrever matematicamente essa anisotropia com a matriz [S],
definida por [6]:

15

1   y     z

  
0 0 1 0 0 1 0 0

 

x j j

      
0 0
1
j 0 1 z (2.18)
0 0 0 1 0
S x y j

         
0
0 1 0 1
j 0 j 0 1
0 0
x y z
0 0 1 0 0 1 1
j 0 j 0 j 0

Uma maneira mais compacta de escrever a equação 2.18 é definir:

si 1 j   i
, (2.19)
0

onde i é uma das coordenadas espaciais. Dessa maneira, pode-se reescrever a matriz [S] assim:
s y sz
0 0
sx
S  0
s x sz
sy
0 , (2.20)
sx sy
0 0
sz

e, portanto, as equações 2.15 e 2.16 são reescritas como segue


 E  j 
 S H , (2.21)
   H j S E  (2.22)

Analisando as equações 2.20, 2.21 e 2.22 computacionalmente, observa-se que, se as


equações (2.21) e (2.22) fossem transformadas para o domínio do tempo, convoluções iriam surgir
entre o tensor [S] e os vetores campo elétrico e magnético, gerando um código ineficinente. Por
isso, definem-se as relações constitutivas para as componentes dos vetores densidade de fluxo
magnético (B) e elétrico (D) da seguinte maneira:

!
sz
Bx Hx ; (2.23a)
sx
By #" sx
sy
Hy ; (2.23b)

Bz #"
sy
Hz ; (2.23c)
sz
Dx $&%
sz
Ex ; (2.24a)
sx
Dy ')(
sx
Ey ; (2.24b)
sy
Dz ')(
sy
Ez , (2.24c)
sz

16
onde Bi, Hi, Di e Ei (i = x, y, z) representam as componentes dos campos no domínio da freqüência,
as quais permitem facilmente converter as equações 2.21 e 2.22 para o domínio temporal [6]. São
obtidas, então, as seguintes equações na forma discretizada:

t
1 1 1 
y
Ey n 1  Ey n 1 Ez n 1  Ez n 1
2


n
2
n 

2 

0 t i, j
2
,k 1 i, j
2
,k i, j 1,k
2
i , j,k
2
Bx 1 1


Bx 1 1 

 


;
i, j
2
,k
2
i, j
2
,k
2


y t 

y t z y
1 1
2 2
 

0 

(2.25a)

z t
1

1 1

1 1
n 

2
n

2 2 

0 1 n 

x t n

x t
Hx Hx Bx 1 Bx 1 ;

1 1 1 1 

1 1 

1 1

i , j 

2
, k 

2
i , j 

2
, k 

z t

y t i , j 

2
, k 

2 2 

0
i , j 

2
, k 

2 2 

0
1

 

0 r


2


0 2 

(2.25b)

t
1 1 1 
x
Ez n 1  Ez n 1 Ex n 1  Ex n 1
2


n
2
n 

2 

0 t i 1, j ,k
2
i, j ,k
2
i
2
, j ,k 1 i
2
,j ,k
By 1 1


By 1 1 

 


;
i
2
,j ,k
2
i
2
, j,k
2


x t 

x t x z
1  1 

2 

0 2 

(2.25c)

z t
1

1 1

1 1
n 

2
n

2 2 

0 1 n 

y t n

y t
Hy Hy By 1 By 1 ;

1 1 1 1 

1 1 

1 1

i 

2
, j, k 

2
i 

2
, j, k 

z t

z t i 

2
, j, k 

2 2 

0
i 

2
, j, k 

2 2 

0
1

 

0 r


2


0 2 

(2.25d)

t
1 1 1 
y
Ex n 1  Ex n 1 Ey n 1  Ey n 1
2


n
2
n 

2 

0 t i
2
, j 1,k i
2
, j ,k i 1,j
2
,k i, j
2
,k
Bz 1 1


Bz 1 1 

 


;
i
2
, j
2
,k i
2
,j
2
,k


y t 

y t y x
1  1 

2 

0 2 

(2.25e)

x t
1

1 1

1 1
n 

2
n

2 2 

0 1 n 

z t n

z t
Hz Hz Bz 1 Bz 1 ,

1 1 1 1 

1 1 

1 1

i 

2
, j 

2
, k i 

2
, j 

2
, k

x t

x t i 

2
, j 

2
, k 2 

0
i 

2
, j 

2
, k 2 

0
1

 

0 r


2


0 2 

(2.25f)

17


1 1 1 1


y t n
2
n
2
n
2
n
2
1 
Hz 1 1  Hz 1 1 Hy 1 1  Hy 1 1
2


n 1 t i , j ,k i , j  ,k i , j ,k i , j ,k 

Dx n 0 2 2 2 2 2 2 2 2


Dx ;


1 1 


 


i
2
, j ,k i
2
, j ,k


y t 

y t y z
1  1 

2 

0 2 

(2.26a)

z t
1

n 1 n 2

0 1 n 1

x t n

x t
Ex Ex Dx 1 Dx 1 ;
 

1 1


1 

t 2 2

i , j ,k i , j ,k t i , j ,k i , j ,k

z 0 0
   

2 2 y 2

1 

0 r 1
2


0 2

(2.26b)

1 1 1 1


x t n
2
n
2
n
2
n
2
1 
Hx 1 1  Hx 1 1 Hz 1 1  Hz 1 1
2


n 1 t i, j ,k i, j ,k  i ,j ,k i  , j ,k
Dy n 0 2 2 2 2 2 2 2 2


Dy ;


1 1 


 


i, j
2
,k i, j
2
,k


x t 

x t z x
1  1 

2 

0 2 

(2.26c)

z t
1

n 1 n 2

0 1 n 1

y t n

y t
Ey Ey Dy 1 Dy 1 ;

 

1 1


1 

t 2 2

i , j ,k i , j ,k t i , j ,k i , j ,k

z 0 0
   

2 2 z 2

1 

0 r 1
2


0 2

(2.26d)

1 1 1 1


y t n
2
n
2
n
2
n
2
1 
Hy 1 1  Hy 1 1 Hx 1 1  Hx 1 1
2


n 1 t i , j ,k i  , j ,k i, j ,k i, j  ,k
Dz n 0 2 2 2 2 2 2 2 2


Dz ;


1 1 

 



i , j ,k
2
i , j ,k
2


y t 

y t x y
1  1 

2 

0 2 

(2.26e)

x t
1

n 1 n 2

0 1 n 1

z t n

z t
Ez Ez Dz 1 Dz 1 ;
 

1 1


1 

t 2 2

i , j ,k i , j ,k t i , j ,k i , j ,k

x 0 0
   

2 2 x 2 2

1 

0 r 1
2


0 2

(2.26f)
que podem ser calculadas na seqüência apresentada acima na implementação de um código FDTD.
É interessante observar que essas equações podem ser aplicadas em todo o volume
computacional, incluindo a região de análise e a de PML, já que os fatores x, y e z são não-nulos   

apenas na região de absorção e as equações (2.25) e (2.26) recaem nas equações discretas de
Maxwell (2.7) na região de análise.

18
Isso reduz significativamente o trabalho de programação. Todavia, esse procedimento é
recomendado apenas para pequenos volumes numéricos, nos quais a questão da performance do
sofware não é tão importante nem tão prejudicada quanto nas grandes malhas. Nesses casos, é
aconcelhavel aplicar as equações de Maxwell (2.7) na região de análise e as equações (2.25) e
(2.26) na região de PML, evitando portanto, um grande comprometimento da performance
computacional pelo uso de grandes arrays de condutividade. Vale ressaltar que isso também se
justifica pelo fato da PML ser formada por poucas células em cada dimensão, freqüentemente em
torno de uma dezena.
Para se ter uma idéia da distribuição dos parâmetros pela região de absorção, o caso


bidimensional foi detalhado sob este aspecto na ilustração que segue (figura 2.6).

Parede Elétrica
UPML

y Reg. de análise

j1 8 7 6

1 9 5

j0
2 3 4
i0 i1
Figura 2.6 – Análise da distribuição dos fatores k
x
no domínio numérico.

0


x
1.regiões 1 e 5: 

y 
0

2. regiões 2, 4, 6 e 8: 0


x
0


3. regiões 3 e 7: 

x 
0
0


4. Região de análise (9): 

x 


y 
0

5. Paredes Elétricas: Componentes de Campo Elétrico tangenciais nulas.

19
Outro aspecto fundamental da UPML é a distribuição dos valores que k assume dentro da 

região absorvente. Neste caso, considere por exemplo as áreas das regiões 5, 6 e 7, nas figuras 2.6 e
2.7. Analisando apenas a região 5 da figura 2.6, à medida em que se caminha na direção crescente
de x, x é incrementado, sendo que na interface entre a região de análise e a região de PML


(primeira célula da região 5), x é nulo para as componentes Ez, Ey e Hx, que, na verdade não estão


dentro da região de PML. Assim, a onda é atenuada na direção x e a componente tangencial do


campo elétrico é anulada na parede elétrica (última célula da região 5). Analisando a região 7, o
mesmo acontece na direção crescente da coordenada y com y, que vai aumentando nessa direção, 

sendo que na primeira célula da região de PML, y é nulo para as componentes Ez, Ex e Hy. Na


região 6, que é na verdade uma região comum entre 5 e 7, temos y e x ambos não nulos e  

crescentes com as coordenadas y e x, respectivamente, sendo que y e x são nulos para a  

componente Ez na primeira célula dessa região.

 




 


Figura 2.7: Representação bidimensional da célula de Yee

Pode-se notar com o que foi analisado que a posição física das componentes dos campos
elétrico e magnético em cada célula da PML é de fundamental importância, pois as equações que
definem k têm dependência direta dessas posições.


Assim, aplicando essas considerações à figura 2.6, pode-se escrever, por exemplo, para a
atenuação do campo elétrico Ey na direção y dentro da região de PML, a seguinte equação:

j
1  j 0  j  j0
j
1  y max
2
, j 1  j  j máx
(2.27a)
y m
2 nc

20
e para a atenuação na direção x de Hx, tem-se

 i  i
 i
m
0 i0
x i  x max i
nc
m
, i1 i máx
(2.27b)


onde max é o máximo valor de condutividade da região de PML (na parede elétrica), i é a posição 
em x onde há interface entre a região de análise e a PML nesta coordenada (j é análogo), pode ser  
0 ou 1 dependendo da região (figura 2.6), nc é número de células contidas em uma dimensão da
PML (essa largura geralmente é de 10 células) e m é a ordem do polinômio interpolador
(geralmente é 4).
Vale ressaltar que a eficiência da PML depende fortemente de  max , cujo valor ótimo pode
ser calculado através da equação:

1 m
k max 150
k
, (2.28)


na qual k = x, y ou z e k é o incremento espacial correspondente.

Esse mesmo raciocínio deve ser seguido para se obter o vetor condutividade para cada
componente de campo elétrico e magnético para atenuá-la em cada uma das direções do espaço,
considerando cada posição de interface entre a região de análise e a PML.

2.4 - Técnica de Correção de Campo para modelagem Fios Finos (Thin Wires)

O método FDTD, como abordado anteriormente, baseia-se na resolução numérica das


equações de Maxwell, quando aplicado em simulações de propagação de ondas eletromagnéticas.
Isso envolve definir a discretização espacial de acordo com o comprimento da onda que se quer
propagar. Todavia, as dimensões da célula de Yee, definidas dessa maneira, são freqüentemente
algumas vezes maiores que o diâmetro da antena excitadora do problema, por exemplo, ou maiores
que as dimensões de certas estruturas contidas no ambiente, o que poderia sugerir, intuitivamente,
um refinamento da discretização em pelo menos duas direções para modelar tais elementos. No
entanto, tal solução implica em um grande custo computacional, tornando-a pouco atrativa.
Aproximar as dimensões da estrutura às dimensões da célula de Yee afetaria as características
fundamentais das antenas, como a sua impedância. Neste contexto, com o objetivo de contornar
esse problema de uma maneira relativamente simples, modificações nas equações de campo são
introduzidas apenas nas células que contém tais estruturas de pequenas dimensões, caracterizando
extensões subcelulares.
Estruturas comuns, com tais características, presentes no ambiente no qual se quer simular a
propagação de ondas por FDTD, consistem em um cilindro metálico de pequeno raio que poderia
ser, por exemplo, o elemento irradiador (monopolo, dipolo, etc...). Uma modelagem mais precisa do
efeito causado por essas estruturas na solução de um determinado problema pode ser desenvolvida a
partir da utilização das equações de Maxwell na forma integral [4] para a obtenção das equações de
atualização das componentes de campo magnético adjacentes à tal estrutura (figura 2.8). A obtenção
das equações aproximadas para o cálculo das componentes dos campos elétrico e magnético parte

21
da Leis de Faraday e Ampère, respectivamente, como segue:

  t
E dl H ds  (2.31)
c  s


 
 t
H dl 
E ds 
E ds ,

(2.32)

onde s é uma superfície limitada por c.


c  s s

No esquema apresentado pela figura 2.8, que será analisado a seguir, a estrutura em questão
x

deve ter o raio ro menor que 2 , ou seja, o raio do condutor cilíndrico deve ser uma pequena
parte de ∆x, que já é uma pequena fração do comprimento de onda propagante, para que as
correções nas equações de atualização das componentes dos campos, desenvolvidas a seguir, sejam
aplicáveis. Além disso, o fio fino deve estar centralizado ao longo da direção de uma das
componentes do campo elétrico da célula de Yee (neste caso está centralizado em Ez). Assim, pode-
se dizer que, se r é a distância radial de um ponto ao eixo do cilindro, há uma dependência
1
(aproximada) de r nas componentes normais de campo elétrico e magnético, dentro das células
em que a estrutura está contida [4].

Ex(i-1,j,k+1) Ex(i,j,k+1)
Ez(i,j,k)

Ez(i+1,j,k)
∆z Ez(i-1,j,k)
Hy(i-1,j,k) Hy(i,j,k)

Ex(i-1,j,k) Ex(i,j,k)
ro
z
“Fio fino” ∆x
y

Figura 2.8 – Geometria de um fio fino e a distribuição das componentes de campo para o plano x-z.

Assim, de acordo com a figura 2.8, podem-se aproximar matematicamente, para as


proximidades do condutor [4], as seguintes componentes

22

 x
Hy r , j ,k Hy i , j ,k
(2.33)
2r

e

x
Ex r, j,k  Ex i, j,k   (2.34)
2r

É importante observar que Ez(i, j, k) é nulo, pois está na região condutora e que Ez(i+1, j , k) e Ez(i-1
,j ,k) não possuem a dependência da distância radial r.
Dessa maneira, aplicando-se a equação 2.31 às componentes de campo do contorno
(célula) que está no lado direito da Figura 2.8, tem-se

x
x x
x x x z
 Ez z 0 Ex dr  Ex dr   Hy dr ,
i  

1, j , k
r0
i, j,k 1
2r  r0
i, j,k
2r   t r
i, j,k
2r 
0

que se torna, resolvendo as integrais

 Ez  x ln  x  Ex  x ln  x   x  z ln  x
i  1, j , k  z  E x i , j, k  1  i , j, k  Hy i , j, k  ,
2 r0 2 r0   t 2 r0

gerando, através da aproximação da derivada temporal de Hy por diferenças finitas

n 
1 1
"! t 2! t

Ex ni , j , k % Ex ni , j , k 
n
Hy 2
i, j,k Hy 2
i,j,k # 1 Ez ni  1,j,k ,
! z $ # ! x (2.35a)
! x ln
r0

que é a equação para atualizar o campo Hy(i,j,k) da figura 2.8.

Executando um procedimento análogo para o campo Hy(i-1,j,k) da mesma figura, obtém-se a


seguinte equação de atualização para o campo magnético:

n ' 1
2 ( Hy n &
1
2 )+* t n . n . 2* t n
Hy i & i & , Ex i & Ex i & ' Ez i &
* z -
1, j , k 1, j , k 1, j , k 1, j , k 1 1, j , k
, * x . (2.35b)
* x ln
r0

É fundamental notar que, no caso de um problema tridimensional, no qual o cilindro


condutor esteja alinhado com o eixo z (Figura 2.8), as componentes do campo magnético
perpendiculares ao plano y-z, às proximidades do condutor, também devem ser corrigidas. Dessa
forma, com um procedimento semelhante ao desenvolvido para o plano x-z, obtém-se as seguintes
correções de Hx para o plano y-z:

23
1 1
( Hx n 2
 

n t 2 t
2
Ey ni , j , k Ey ni , j , k Ez ni , j


Hx i , j ,k i , j ,k






1


1,k
z ,


y





y ln (2.35c)
r0

e
1 1  

Hx
n
2 ( Hx n 2 


t 

Ey ni , j 

Ey ni , j 
2 t
Ez ni , j
i , j 1, k i , j 1, k 

1, k 1, k 1 1,k
z .


y
    





y ln (2.35d)
r0

O mesmo raciocínio deve ser aplicado quando o condutor estiver alinhado com qualquer
outro eixo de coordenadas, como será mostrado a seguir.
A figura 2.9 mostra um condutor cilíndrico centralizado ao longo da direção do eixo x, no
plano y-x.

Ey(i+1,j-1,k) Ey(i+1,j,k)
Ex(i,j,k)

Ex(i,j+1,k)
∆x Ex(i,j-1,k)
Hz(i,j-1,k) Hz(i,j,k)

Ey(i,j-1,k) Ey(i,j,k)
ro
x
“Fio fino” ∆y
z

Figura 2.9 – Geometria de um fio fino e a distribuição das componentes de campo para o plano y-x.

Nesse caso, as componentes Hz(i, j, k) e Hz(i, j-1, k) são corrigidas com as equações (2.36a) e
(2.36b), respectivamente, obtidas a partir de análise similar à realizada para o alinhamento anterior.
1 1  

Hz
n 

2 ( Hz n 2 


t 

Ey
n 

Ey
n 
2 t
Ex
n
i , j ,k i , j ,k 

i , j ,k i 1, j , k i , j 1,k
x (2.36a)


y
 


y ln
r0

24
1 1
( Hz n 2
 

n t 2 t


Hz 2
i , j 1, k i , j 1, k





Ey ni , j 1, k


Ey ni 

1, j 1, k


Ex ni , j 1, k
x . (2.36b)


y


y ln
r0

Exatamente da mesma maneira, é necessária também a correção das componentes de campo


magnético ortogonais ao plano z-x. Assim, essas componentes (Hy) são corrigidas por

1 1

n n t 2 t
Hy i , j2, k Hy i , j2, k Ez ni , j , k Ez ni Ex ni , j , k


1, j , k 1
x (2.36c)

z
 

z ln
r0

e
1 1

n n t n n 2 t
2 2
Ex ni , j , k


Hy i , j ,k 1


Hy i , j ,k 1

Ez i , j,k 1


Ez i 1, j , k 1


1
x .

z


z ln (2.36d)
r0

E, finalmente, é considerado o caso no qual o eixo do condutor está no eixo de coordenadas


y, como mostrado na figura 2.10.

Ez(i, j+1, k-1) Ez(i,j+1,k)


Ey(i,j,k)

Ey(i,j,k+1)
∆y Ey (i,j,k-1)
Hx(i,j,k-1) Hx(i,j,k)

Ez(i,j,k-1) Ez(i,j,k)
ro
y
x “Fio fino” ∆z
z

Figura 2.10 – Geometria de um fio fino e a distribuição das componentes de campo para o plano z-y.

25
O campo Hx é corrigido de forma análoga aos casos anteriores, da seguinte maneira:

1 1  

n n t n n 2 t
2 2
Ey ni , j , k
 

Hx i , j ,k Hx i , j ,k





Ez i , j ,k


Ez i , j 1, k


1
y (2.37a)


z
 


z ln
r0

1 1  

n n t 2 t


Ez ni , j , k Ez ni , j Ez ni , j , k


2 2
Hx i , j ,k 1 Hx i , j ,k 1





1


1, k 1


1
y .


z
    





z ln (2.37b)
r0

Novamente, é necessário igualmente corrigir as componentes adjacentes de campo


magnético perpendiculares ao plano x-y, para este caso.

1 1

n 

2
n 

2 t n n 2 t n
Hz Hz Ex Ex Ey

i , j ,k i , j ,k

i , j ,k i , j 1, k i 1, j , k
y (2.37c)

x
 

x ln
r0

1 1  

n n t 2 t


n n n


2 2
Hz i 1, j , k Hz i 1, j , k





Ex i 1, j , k


Ex i 1, j


1, k


Ey i 1, j , k
y .


x
    





x ln (2.37d)
r0

Com as equações demonstradas nesta seção, pode-se simular com maior exatidão o
comportamento dos campos nas proximidades de uma estrutura condutora, a qual possui dimensões
menores que as da célula discretizadora do problema, sem a necessidade de refinamento de
discretização nessas regiões. Dessa maneira, o campo magnético é calculado normalmente na região
de análise com as suas equações de Maxwell na forma discreta (2.7) e em seguida atualizado com as
equações mostradas aqui nas células adjacentes à estrutura, de acordo com o posicionamento do
cilindro metálico. Da mesma maneira, após calcular o campo elétrico em toda a região de análise, as
suas componentes que estiverem na estrutura (como Ey(i,j,k) da Figura 2.10) devem ser anuladas,
caracterizando o material condutor.
Tal abordagem é importante para este trabalho, pois, nos problemas solucionados no
capítulo 3, foi utilizado esse tipo de correção de campo nas antenas excitadoras de cada um deles.
Ambos os modelamentos constituem um dipolo, como o mostrado na figura 2.11, cujo raio é de
tamanho bem inferior às dimensões da célula de Yee.

26
Ez(i,j,k+kmáx) = 0

Ez(i,j,k+1) = 0

Gap z

Ez(i,j,k)

Ez(i,j,k-1) = 0

Ez(i,j,k-kmáx) = 0

Figura 2.11 – Modelamento FDTD para um dipolo alinhado paralelamente ao eixo Z com gap ∆z.

Para este caso (ilustrado pela Figura 2.11), no qual a antena está alinhada com as
componentes do campo elétrico Ez, todas essas componentes que pertençam à região condutora do
elemento irradiador são anuladas. A componente Ez(i,j,k), que se localiza no gap da antena, é
calculada com a equação de atualização de espaço livre (2.7f), e,finalmente, todas as componentes
de campo magnético adjacentes a ambas as hastes da antena (Hy e Hx) são corrigidas com as
equações (2.35).
A excitação é gerada com uma tensão aplicada nos terminais da antena, na região de gap.
Assim, o campo no gap Ez(i,j,k) se relaciona com tal tensão da seguinte maneira:

n Vs t
Ez i , j ,k 
. (2.38)
Z

É esperada, com a aplicação desta técnica, a obtenção de resultados refinados, como será
abordado com mais cuidado no capítulo 3.

2.5 – SPEEDUP

27
No próximo capítulo deste trabalho, dois problemas serão resolvidos, sendo um problema
bidimensional para um cenário outdoor e o outro tridimensional para um cenário indoor. Ambos,
especialmente o tridimensional, requerem um grande poder de processamento. O primeiro problema
foi solucionado de duas maneiras: 1) de forma serial (com um software escrito para rodar em
apenas um computador) e 2) com implementação paralela onde programas foram desenvolvidos
para rodar em duas, quatro e oito máquinas. Já o cenário tridimensional indoor, por ser
extremamente pesado, foi solucionado apenas com o número máximo de máquinas disponível (8
máquinas). Dessa maneira, é adequado se fazerem neste ponto considerações sobre o desempenho
do cluster.
A definição clássica e mais simples de speedup [14] é a relação entre o tempo de execução
de um software escrito com algorítimo serial (um processador) e o tempo de execução de um
software escrito com um algorítimo equivalente paralelizado (roda em mais de um
processador). Assim, temos formalmente então

tempo 1 processador
Speedup 

(2.28)
tempo N processadores

Porém, não estão sendo levados em conta diversos fatores, como, por exemplo, o
comportamento da memória cache (que é muito mais rápida que a RAM e que, portanto, um maior
número de computadores envolvidos representam mais cache disponível), ou as limitações impostas
pela rede ou mesmo partes do programa que não podem ser paralelizadas, como reunir dados para
gravá-los em disco ou para utilizá-los em outras máquinas.
Essa última questão é uma observação muito comum quando se fala em processamento
paralelo e é tratada pela lei de Amdahl, definida da seguinte maneira [14]: se a componente serial
de um algorítimo comtribui com 1/s do tempo total de execução de um programa, então o máximo
speedup que se pode alcançar com computação paralela é s.
Nos primórdios da computação paralela acreditava-se que isso limitaria o uso de sua
utilização a poucas aplicações específicas. Hoje em dia, sabe-se com a prática, no entanto, que isso
é de pouca relevância na realidade. Por exemplo, se 50 trabalhadores de 51 estão ociosos enquanto
uma componente serial do processo é executada pelo trabalhador restante, pode-se ver claramente
que isso não é um problema intrínseco da tarefa que os trabalhadores executam, mas um erro de
gerenciamento. É indiscutível, no entanto, que se apenas um deles executasse toda a tarefa e não só
uma componente, levaria muito mais tempo que os 51. Fica claro também que dividir o problema
em N partes (computadores ou trabalhadores) não significa dividir o tempo gasto por N.
Esse tipo de paralelismo, no qual nem todos os processos podem ser paralelizados é
chamado paralelismo parcial ou incremental, e sua eficiência é geralmente mais evidente em
sistemas relativamente pequenos.

De acordo com a lei de Amdahl, pode-se escrever [13]

28
P
Tp Ts S , (2.29)
 

na qual:

Tp é o tempo de processamento paralelo;




TS é o tempo de processamento serial;




P é a porcentagem paralelizavel;


S é a porcentagem não-paralizavel (serial);




N é o número de processadores envolvidos.

Assim, incorporando as observações de Amdahl (2.29) ao conceito de speedup (2.28),


obtém-se

1
Speedup 


P (2.30)
S


Entretanto, este conceito é bastante subjetivo e, portanto, sujeito a diversas interpretações.


Dessa maneira, será usado aqui o conceito básico da equação (2.28).

29
Referências Bibliográficas

[1] K. S. Yee, “Numerical solution of initial bondary value problems involving Maxwell´s equations in isotropic
media”, IEEE Trans. Antennas and Propagat., vol. 14, pp. 302-307, May 1966;

[2] http://www.fdtd.org ;

[3] P. Morse, H. Freshbach, “Methods of Theoretical Physics-Part I”, New York: Mcgraw-Hill, pp. 375-378,
1953;

[4] Kunz Luebbers and Raymond J. Luebbers, "The Finite Difference Time Domain Method for
Electromagnetism", CRC Press Washington D.C., 1993;

[5] A.Taflove and M.E. Brodwin, “Numerical Solution of Steady-State Electromagnetic Scattering Problems
Using the Time-Dependent Maxwell´s Equations”, IEEE Trans. Microwave Theory and Tech., vol. MTT-23,
Number 8, Aug. 1975, pp. 623-630;

[6] A. Taflove, “Finite Difference Time Domain Methods for eletrodynamic Analysis”. New York: Artech, 1998;

[7] C. T. Sanches, Artur, “O método FDTD na análise de estruturas periódicas”. TCC, Universidade Federal do
Pará, CT/DEE, Belém, Pará. Pág. 24-26. Outubro de 2000;

[8] Viviane Mizrahi, Victorine, “Treinamento em Linguagem C (Módulo 1)”, São Paulo: Mcgraw-Hill, pág. 13,
1990;

[9] C.L. Da S.S. Sobrinho, “Tópicos Especiais em Telecomunicações: Método das Diferenças Finitas”,
anotações de aula, PPGEE/UFPA, 2002;

[10] S. D. Gedney, “An anisotropic perfectly matched layer-absorbing medium for the truncation of FDTD
lattices”, IEEE Trans. Antennas Propagat., vol.44, pp.1631-1639, Dec. 1996;

[11] R. Holland and J. Willams, “Total field versus scattered-field finite-difference”, IEEE Trans.
Nuclear.Science, vol.30, pp.4583-4587, 1983;

[12] J. P. Berenger, “A perfectly Matched layer for the absorption of electromagnetic waves”, J. Computat. Phys.,
vol.114, pp.185-200, Oct. 1993;

[13] Josivaldo Araújo, “Análise de antenas em 2-D utilizando o método das diferenças finitas no domínio do
tempo com processamento paralelo”, Tese de Mestrado, UFPA/PPGEE, Belém Pa, 24 de janeiro de 2003;

[14] Foster, http://www-unix.mcs.anl.gov/dbpp/text/node1.html, “3.2.1 Amdahl´s Law”.

30
CAPÍTULO 3 – PROBLEMAS E RESULTADOS

No capítulo anterior, foi abordado o método FDTD e mostrado que ele pode ser muito útil na
predição da propagação de ondas eletromagnéticas em diversos tipos de ambientes, pois consiste
basicamente na aproximação numérica das equações de Maxwell por diferenças algébricas. Dessa
forma, obtém-se soluções com ótima confiabilidade, limitada essencialmente pela exatidão de tais
aproximações e sensivelmente melhorada pelo projeto das condições de fronteira absorvente com
PML (2.3.1) e pelas correções de campo aplicadas a estruturas subcelulares (2.4).
A possibilidade de simulação de propagação eletromagnética em diversos ambientes com
alto grau de confiabilidade é uma grande ferramenta que pode efetivamente reduzir custos e o
tempo em estudos sobre a caracterização de canais de rádio (pois diminui a demanda por medições).
Tais estudos podem ser a chave para o êxito de um projeto de um sistema de comunicação wireless.
Neste contexto, são solucionados neste capítulo dois problemas: o primeiro consiste em simular a
propagação eletromagnética em um ambiente outdoor e o outro analisa o caso da propagação
indoor.
No caso do problema outdoor, que consiste em um ambiente com seis edifícios metálicos,
foram implementadas quatro versões do software simulador, de forma que, através da modalidade
bidimensional do método, possa-se fazer também a avaliação de desempenho utilizando-se 1, 2, 4 e
8 computadores, aplicando técnicas de processamento paralelo (biblioteca LAM-MPI) [1] e o
conceito de speedup, apresentado na seção 2.5. Desta forma, foram obtidos dados sobre a resposta
ao impulso do canal de propagação e sobre a potência recebida em cinco pontos, a partir de
excitação senoidal contínua com quatro níveis de amplitude diferentes. Além disso, foram gerados
gráficos nos quais se pode observar a distribuição de campo nesses casos. Para tal, foi construída
uma malha de 2000x2000 células, representado 30x30 m. O equipamento utilizado para o
processamento consiste em um cluster Beowulf [2][3], com 8 PCs equipados com processadores
AMD Athlon de 1.8GHz, 1,5GB de memória RAM 266MHz, sendo que o computador master
possui 2 processadores do mesmo tipo. A interconexão de rede baseia-se na interface Ethernet
100MBits/s com exceção do master, que é de 1GBit/s. Tudo foi interligado com um switch,
garantindo melhor performance em relação a um hub. O sistema operacional utilizado é o RedHat
Linux 7.3 [4]. Todavia, mesmo com esses recursos, o modelamento FDTD tridimensional deste
problema outdoor requer uma grande capacidade de processamento e principalmente uma
quantidade gigantesca de memória para os padrões de hoje, sendo, à primeira vista, impraticável
com esses recursos disponíveis no momento. Mais estudos podem e devem ser feitos para
minimizar os requerimentos necessários à simulações FDTD.
Já no caso do problema indoor, foi simulado um ambiente de uma residência vazia, na qual
foram consideradas as permissividades equivalentes das paredes internas e externas e, pela
implementação ter sido baseada na modalidade tridimensional do método FDTD, são considerados
os efeitos de reflexão e refração causados pelo piso e pelo teto do ambiente, além da difração nas
paredes. Para a análise do ambiente, foi construída uma malha de 400x376x150, que, por ser
aproximadamente seis vezes maior que a malha bidimensional do problema anterior, foi escrita
apenas uma versão do software, que roda em oito processadores (cluster). A resposta ao impulso do
canal foi caracterizada e foi analisada a propagação de uma portadora senoidal contínua. Um
problema similar foi resolvido em [5]. Todavia, os resultados obtidos aqui são certamente mais
precisos, pela correção de campo de estruturas sub celulares (ausente na obra original) e pela
utilização do método de truncamento UMPL (Mür foi usado em [6]) utilizados neste trabalho. Os
recursos utilizados para solucionar este problema são os mesmos que foram usados no problema
bidimensional, aqui abordado.

31
3.1 – O problema outdoor

Como mencionado anteriormente, este problema consiste em aplicar o método FDTD em


sua formulação bidimensional para obter dados a respeito da propagação de ondas eletromagnéticas
no ambiente mostrado pela Figura 3.1, realizando as devidas comparações com os resultados
encontrados em [7], além da obtenção de dados sobre a propagação de uma portadora.
O ambiente bidimensional ilustrado pela Figura 3.1 consiste em uma área urbana de
30x30m, na qual é posto um transmissor (Tx) na rua principal e cinco receptores (L1, L2, L3, L4 e
L5), sendo dois em ruas secundárias distintas (L4 e L5) e os outros três na própria avenida
principal. Há seis edifícios metálicos na região com dimensões 6 9m, definidos por condutores
eletricamente perfeitos (PEC), distribuídos na disposição apresentada a seguir.

Célula y
Células Y(m)  


2000 30
1900 28,5



1600 24
A1 B1 C1

1300 19,5

TX L1 L2 L3
1000 15

700 10,5

L4
400 6
A2 B2 C2

100 1,5
1
0 4.5 9.75 15 20.25 25.5 30 X(m)
1 300 650 1000 1350 1700 2000 Célulasx
Célula

Figura 3.1 – Geometria do problema bidimensional

A formulação bidimensional aplicada nesta solução é baseada no modo TMz, no qual são
calculadas as componentes de campo magnético Hx e Hy e a componente de campo elétrico Ez
(Figura 2.7), que está direcionada perpendicularmente ao plano x-y (da Figura 3.1).

32
3.1.1 – A Discretização
Baseando-se nas condições de precisão e estabilidade descritas na seção 2.2 pelas equações
(2.9) e (2.8b) e na freqüência de 850MHz do sinal excitador (detalhado a seguir), obtém-se,
respectivamente

3  1 0 8  85 0  1 0 6
x y min
  0.0176 m ,
20 20
que, com a utilização de uma margem de segurança de 15%, define os incrementos espaciais por

 
x y  0.015 m (3.1)

e
1
 1 1 1 2
t   2.9412 1 0
11
2
2
s ,
v max x max y max

que, para a devida comparação dos resultados com [7], é utilizado o incremento temporal dado por


t  28.32  1 0  
12
s (3.2)

Tais valores, por satisfazerem as equações (2.9) e (2.8b) para a freqüência 850MHz,
garantem a precisão e a convergência do método.

3.1.2 – Excitações

Em uma primeira análise, para efeito de comparação com [7], que utilizou as mesmas
técnicas aplicadas aqui, foi empregado como excitação um pulso gaussiano de densidade de
corrente, modulado em 850MHz, cuja localização é o ponto Tx da Figura 3.1. Se ς caracteriza o
descaimento do pulso, este pode ser modelado por

n  1
2

Jz Tx  J. e  2 t

t
A m , (3.3)

onde J é a amplitude do pulso e α, o inverso da variância, é dado por

2 
 4
 t
(3.4)

33
Assim como em [7], foi utilizada a amplitude J = 1000 A/m e ς = 32, tendo, sem modulação,
a primeira excitação considerada aqui, a representação mostrada na Figura 3.2.

Amplitude (A/m)

Tempo (s)
Figura 3.2 – Pulso de excitação gaussiano usado na primeira simulação bidimensional
Esse pulso modulado em torno da freqüência de 850MHz, que será o sinal efetivamente
aplicado no canal, é ilustrado a seguir pela Figura 3.3.
Amplitude (A/m)

Tempo (s)

Figura 3.3 – Pulso de excitação modulado em 850MHz

34
O segundo tipo de excitação aplicado é simplesmente a portadora senoidal contínua de
850MHz, com amplitudes de 1000, 100, 10 e 1 A/m. Apenas com propósito ilustrativo, o sinal de
excitação deste tipo com amplitude de 1000 A/m (apenas até o instante 10-10 s) está mostrado na
Figura 3.4.

Amplitude (A/m)

Tempo (s)

Figura 3.4 – Portadora contínua aplicada como excitação

3.1.4 – Soluções aplicadas ao problema bidimensional

Este problema foi resolvido computacionalmente, basicamente de duas maneiras: com a


solução numérica tradicional, baseada em processamento seqüencial, e com a aplicação da
paralelização da solução, sendo que, neste caso, o software foi adaptado para rodar em duas, quatro
e oito processadores.
Para a solução seqüencial, um único domínio foi definido, que pode ser representado
exatamente pela Figura 2.6 para este problema. O procedimento para este tipo de solução pode ser
sintetizado pelo diagrama de fluxo da Figura 3.5, onde se verificam os passos realizados na seção
3.1.1 e, posteriormente, mostra-se uma visão geral do software. Após iniciada a excitação de
campo, a atualização dos mesmos é feita com as equações (2.7) dentro da região de análise e com as
equações (2.25) e (2.26) na região de UPML. Em seguida, são aplicadas as condições de contorno,
neste caso, PEC para os prédios e para a camada mais externa da região de PML (Figura 3.7).
Considerando a solução que emprega processamento paralelo, o procedimento pode ser
sintetizado na Figura 3.6. As diferenças começam já na fase de análise, de forma que nesta conste o
estudo individual de cada subdomínio do domínio original. Isso inclui a definição das necessidades
de comunicação entre tais domínuos, como ilustrado pela Figura 3.6. Observe, por exemplo, a
interface entre as máquinas 0 e 4. Para se atualizarem as componentes Hx, das células dessa
interface, pertencentes à máquina 0, é necessário que tal máquina conheça as componentes Ez
pertencentes à

35
 

 


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Gravação de informações
em disco

Figura 3.5 – Lógica da implementação FDTD baseada em algorítimo seqüencial

36
 

 


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Õ7Ö¥wžK× œ ØRžTŸ_ T¡Ù§Q¡Ú0žT¨£­w¡Û9žTÜ4¢/ݝ֜ ›R¡£«Q¨Í›ižw§Tž¤i¥K¦w§/¡Q¨©)¢wœ ¡¤œ ¨¥Q× GžK¢w«cžK¨Ù«Q¢c®«
™/¢IÞKœ ¡ß«ªº«I›_«Q­/Ÿ_ T¡Ù§TžT¤Ú0¡Q¨£­w¡Q¢w«T¢cP«/¤N§/«uàVá®âRãåä®æV«Q¢cÖªº«£Û[çIè4¥%œ ¢IžT¤'é9œ ؀œ ¢QêIžT¤
Õ0#¥/žK× œ ØRžTŸo T¡ß§%¡£Ú7ž%¨£­w¡™/× Ý ªGœ ›R¡«Q¨°›ožT§%žß¤¥Q¦/§/¡Q¨© ¢%œ ¡£¤œ ¨¥K× GžK¢/«€žK¨Ù«Q¢I®«
™/¢IÞKœ ¡ß«ª¬«I›R«Q­wŸ_ T¡Ù§Q«ÙÚ0¡Q¨£­w¡Q¢c«Q¢I®«/¤§Q«£ë áGâiã «Q¢IÖªº«£Û'çwèK¥Qœ ¢wžT¤'é9œ Øœ ¢%êwžT¤

†°¯±†C²K³®´ Não

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Sim
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Gravação de informações
em disco

Figura 3.6 – Lógica da implementação FDTD baseada em algorítimo paralelizado

37
Figura 3.7 – Análise dos domínios.






 






















DC
2000
DM
y
nx

j1

 


"





 
!



&'

&'

&'
$%

$%

$%
Hx

&'
Hx Hx
&'

Hx

&'
&'
Hy Hy Ez Hy Hy
Ez Ez Ez
1
38

1000 Hx
Hx Hx Hx
ny-1 Hy Hy Hy Hy

Ez Ez Ez Ez
$(

$(
$(
$(
Hx Hx Hx Hx Hx Hx
Hy Hy Hy Hy Hy Hy

Ez Ez
 Ez Ez Ez Ez

 


 












&'

&'
&'


$%

$%
$%



j0
x
nx-1 nx-1 nx-1
1 i0 1 1 1 i1 nx DM
499 499 499
1 500 1000 1500 2000 DC

DC – Domínio contínuo DM – Domínio por máquina


máquina 4. Então, após a atualização do campo elétrico em todos os domínios, como mostrado na
Figura 3.6, a máquina 4 deve enviar, através de um função da biblioteca de comunicação, as
componentes Ez do campo elétrico à máquina 0 (que através de outra função da biblioteca deve recebê-
las), possibilitando que esta máquina possa atualizar o campo magnético na próximo iteração. No caso
específico da MPI, utilizada aqui para possibilitar a comunicação entre os domínos, essas funções são,
respectivamente, a MPI_SEND e a MPI_RECV [1]. O mesmo acontece com as componentes de campo
elétrico Ez pertencentes às células da máquina 4 que estão na mesma interface. Essa máquina deve
conhecer as componentes Hx das células da máquina 0, que estão na mesma interface. Tais passagens
devem acontecer após a atualização do compo magnético em todos os domínios.

3.1.5 – Speedup

Para que se possa ter uma idéia dos benefícios providos pela paralelização, foi registrado o
tempo gasto para solucionar este problema utilizando um, dois, quatro e oito processadores para 4000
iterações, no cluster descrito anteriormente. Esses dados estão organizados na tabela 3.1 e comparados
na Figura 3.8 a seguir, de forma que o speedup é calculado a partir da equação (2.28).

Tabela 3.1 – Informações sobre tempo e speedup na solução do problema outdoor



 

 !#"$$%&'"
1 605,12 1
2 204,53 2,96
4 96,77 6,25
8 38,26 15,82

Tempo de Processamento Speedup

650 16
600
14
550

0,1 234(*/6),54+.58-.7,-,/ 291 /5 01:23;(*/),5;+958-,7,/-.2.1 /5


500 12
450
400 10
350
1 8 2
300
250 2 4
6
4 8
200
8 4
150
100
2
50
0 0
Tempo (minutos) Speedup

(a) (b)

Figura 3.8 – (a) Tempo de processamento e (b) Speedup , para o problema bidimensional analisado com 1, 2, 4
e 8 processadores de 1.8 GHz.

39
É interessante observar na Figura 3.8a que houve uma grande diminuição no tempo de
processamento quando foi aplicada a paralelização com dois processadores, reduzindo este tempo
para menos de 35% do tempo gasto por um processador. Quando foram utilizadas 4 máquinas, este
tempo caiu para 48% do tempo gasto por 2 processadores; e quando usaram-se 8 processadores, o
tempo necessário para solucionar o problema chegou a 40% do tempo utilizado pelas 4 máquinas da
solução anterior. Isso indica que, a partir de um certo ponto, talvez não seja tão vantajoso o esforço
investido em um grande nível de paralelização, pois percebe-se que há um limite de saturação nessa
redução temporal. Com o speedup (Figura 3.8b) ocorre o inverso.

3.1.6 – Resultados

Nesta seção, serão apresentados os resultados obtidos a partir dos softwares descritos
anteriormente. Basicamente serão mostrados os registros temporais da potência e do módulo do
campo elétrico nos pontos indicados na Figura 3.1 e a distribuição de campo elétrico na região de
análise em alguns instantes de tempo.
Primeiramente, o domínio da Figura 3.1 foi simulado com a excitação da Figura 3.3, que é
um pulso gaussiano modulado em 850MHz, como base de comparação com [7]. Obtiveram-se
então as distribuições de campo mostradas a seguir.

Tx

Figura 3.9 - pespectiva da amplitude do campo elétrico Ez após 84,9 ns.

Foi gerada também uma sequência de quadros que mostra, em uma visão superior, a
distribuição do campo elétrico em diversos instantes. Nela pode-se perceber claramente efeitos
como a reflexão no material condutor dos prédios, difração e a absorção na região de absorção
UPML. Essa animação, que se encontra no CD anexado a este trabalho (predios.avi), caminha com
intervalos de 40 iterações no tempo. Alguns desses quadros estão disponíveis na Figura 3.10, a
seguir.

40

 

 ! "  # $ &%'%&( $

Figura 3.10 – Distribuição da componente Ez do campo elétrico em diversos instantes

A partir do campo elétrico calculado em cada iteração, foi registrada a potência entregue a
um receptor isotrópico em cada ponto Lx da Figura 3.1 para 4000 instantes de tempo. Tais
resultados estão de acordo com aqueles apresentados em [7].

L1
50

0
Potência (dBW)

-50

-100

-150

-200
0 20 40 60 80 100 120
Tempo (ns)

Figura 3.12 – Registro da Potência recebida em L1 (Figura 3.1) para a Excitação Gaussiana modulada em 850MHz

41
Nota-se, pela Figura 3.12 e pela animação (predios.avi), que as elevações na amplitude da potência
recebida, para os instantes 31ns, 42.5ns, 61 ns, 76 ns, etc..., se devem basicamente pela reflexão nas paredes
dos prédios A1 e A2 e posteriormente pela difração nas quinas dos prédios B1 e B2, sendo que o primeiro
pulso, recebido no instante 10ns, ocorre devido à onda direta.

L2
50

Potência (dBW)
-50

-100

-150

-200
40 60 80 100 120
Tempo (ns)

Figura 3.13 – Registro da Potência recebida em L2 (Figura 3.1) para a Excitação gaussiana modulada em 850MHz

A Figura 3.13 mostra a potência recebida no ponto L2, que está a 13,5m do transmissor. O resultado
é similar ao da Figura 3.12 (L1). Observe que o primeiro pico da potência recebida decorrente da visada
direta ocorre em aproximadamente 45 ns. É interessante notar, por predios.avi e pela Figura 3.10, que os
aumentos no nível de potência que aparecem posteriormente são provocados pela difração nas quinas dos
prédios B1 e B2, pela reflexão nas paredes lateriais dos mesmos prédios e também pela difração na quina
dos prédios C1 e C2. As Figuras 3.14-3.16 estão de acordo com esses resultados.

L3
50

0
Potência (dBW)

-50

-100

-150

-200
80 100 120
Tempo (ns)

Figura 3.14 – Registro da Potência recebida em L3 (Figura 3.1) para a Excitação gaussiana modulada em 850MHz

42
L4

Potência (dBW)

-100

-200
40 50 60 70 80 90 100 110 120
Tempo (ns)

Figura 3.15 – Potência recebida em L4 (Figura 3.1) para a Excitação gaussiana modulada em 850MHz

L5

0
Potência (dBW)

-100

-200
70 80 90 100 110 120
Tempo (ns)

Figura 3.16 – Registro da Potência recebida em L5 (Figura 3.1) para a Excitação gaussiana modulada em 850MHz.

43
O problema anterior foi simulado utilizando-se a excitação da Figura 3.4, que é uma
portadora senoidal contínua, para amplitudes de 1000, 100, 10 e 1 A/m. Dessa maneira, é esperado
um alto nível de reflexões e difrações, com registros crescentes de potência recebida, cuja forma
também deve ser senoidal, como mostrado na Figura 3.17.

60

40
Y Axis Title

 



 20

387 390 393


X Axis Title
Tempo (ns) L1







Tempo (ns)
Figura 3.17 – Registro temporal da potência recebida em L1 (Figura 3.1) (excitção senoidal – amplitude 1000 A/m)

Para as amplitudes de excitação de 100, 10 e 1 A/m, as potências recebidas estão ilustradas


nas Figuras 3.18, 3.19 e 3.20, respectivamente, também para o ponto L1 da Figura 3.1.

44
L1

0,0014

0,0012

0,0010

Potência (W) 0,0008

0,0006

0,0004

0,0002

0,0000

-0,0002
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900
Tempo (ns)

Figura 3.18 – Registro temporal da potência recebida em L1 (excitção senoidal – amplitude 100 A/m)

L1
0,000016

0,000014

0,000012

0,000010
Potência (W)

0,000008

0,000006

0,000004

0,000002

0,000000

-0,000002
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900
Tempo (ns)

Figura 3.19 – Registro temporal da potência recebida em L1 (excitção senoidal – amplitude 10 A/m)

45
0,006

Potência (W)

0,003

0,000

560 580 600


Tempo (ns)

Tempo (ns) L1
L1

 

 

Figura 3.20 – Registro temporal da potência recebida em L1(excitção senoidal – amplitude 1 A/m)

46
Como pode-se perceber pela Figura 3.20, a (relativamente) baixa amplitude de excitação
provoca erro de arredondamento (roundoff - seção 2.2) devido à expansão da onda (“atenuação” no
espaço livre). Algumas alterações na forma do sinal já podem ser observadas nas Figuras 3.18 e
3.19 em relação à Figura 3.17. Observa-se, portanto, a importância da amplitude aplicada e, ligada a
ela, do tamanho da malha considerada sobre essa questão, o que mostra mais um motivo para que o
método FDTD, em sua formulação atual, seja efetivamente mais útil em ambientes indoor [5].
Deve-se lembrar que este problema, ambiente outdoor, foi solucionado em duas dimensões,
ou seja, não foi considerada a reflexão da onda no solo nem os efeitos de difração na parte superior
dos prédios (caso 3D). Além disso, os prédios foram considerados como sendo metálicos, e as
características mais realistas como as permissividades dos materiais com o quais tais prédios foram
construídos podem ser inseridas no problema para a obtenção de resultados mais próximos do que
ocorre na prática, como foi feito no problema analisado a seguir.

47
3.2 – O problema indoor

Nesta seção, o método FDTD será aplicado em sua modalidade tridimensional para prever o
comportamento da propagação de ondas eletromagnéticas dentro de uma residência.

3.2.1 – Definição do problema e a solução

O ambiente mostrado nas Figuras 3.21 e 3.22 foi analisado originalmente por [5], utilizando
a técnica de ABC Mur. Neste trabalho, o ambiente indoor será truncado por UPML, como no
problema anterior, e a excitação será feita através de uma antena dipolo de 17cm alinhada ao eizo z,
no ponto Tx, com o gap de uma célula a 1,5m de altura. As componentes de campo magnético
foram corrigidas mediante a técnica de representação dos efeitos provocados por elementos
subcelulares apresentada no ítem 2.4. Com a aplicação desse conjunto de métodos, resultados mais
apurados certamente foram obtidos.

As paredes internas e externas, o piso e o teto foram definidas em termos do parâmetro


permissividade elétrica da seguinte maneira [5]:

Tabela 3.2 - permissividade elétrica que define a alvenaria da residência


  

    
  


!
 (" )
#%$'&)(*$,+- ./(
6,2
+1023$4$.5$76&8$2:970;.
5
+1023$4$.-<9'&)$2:90.
4,2

Além disso, perdas foram adicionadas à alvenaria, com = = 0,2.

As dimensões da residência são de 12x11.28x3m e, como a excitação que será aplicada tem
freqüência central de 1GHz, optou-se por utilizar o tamanho máximo para a célula de Yee, ou seja,
um décimo do comprimento de onda (> =3cm). Obtém-se assim uma malha de 400x376x150 células
(Figura 3.21), com discretização temporal caracterizada por ? t = 38.49ns. A solução aplicando
paralelização com oito processadores foi utilizada.

48
VU
RT
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OP
N
LM %,&
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JK
GH I 


 




 !#"$

%'&()+*

/103254 67 89;:=<>@?BAC? DEF

Figura 3.x – Geometria da residência e os pontos de transmissão Tx


e recepção (BR1, KTC e LR)

3.2.2 – Resultados
Primeiramente, utilizou-se como excitação um pulso gaussiano de campo elétrico, como
ilustrado pela Figura 3.23, na célula do gap da antena dipolo.

1
Campo elétrico (V/m)

0.9

0.8

0.7

0.6

0.5

0.4

0.3

0.2

0.1

0
0 2 4 6 8
-10
x 10
Tempo (s)
Figura 3.22 – Pulso de Excitação

49
Para este caso, foram obtidas as seguintes distribuições de campo elétrico no plano x-y na
altura da alimentação do dipolo (dB com normalizações, para melhorar o contraste de cores).

Figura 3.23 – Distribuição da componente Ez (dB) após 300 iterações

Figura 3.24 – Distribuição da componente Ez (dB) após 500 iterações

50
Figura 3.25 – Distribuição da componente Ez (dB) após 700 iterações

Analisando as Figuras 3.23 a 3.25, podem ser percebibos claramente efeitos como a refração
e a tenuação ocasionadas pelas paredes e também a absorção na região de UPML (bordas).
A seguir, nas Figuras 3.26 e 3.27, são mostradas as potências recebidas no quarto (ponto
BR1) e na cozinha (ponto KTC), respectivamente. Observe a defasagem no sinal recebido no quarto
e sua atenuação devida a presença da parede, em relação à cozinha. Note que ambos os sinais ainda
não convergiram, ou seja, ainda não chegaram à estabilidade.

51
-120 BR1

Potência (dBW)
-150

Potência (dB)
-180

-210

-240

20 30 40 50 60 70 80
Time (ns)

Figura 3.26 – Potência recebida no quarto (Excitação Gaussiana), ponto BR1

KTC
-120
Potência (dBW)

-150
Potência (dB)

-180

-210

-240

0 10 20 30 40 50 60 70 80
Time (ns)

Figura 3.27 – Potência recebida na cozinha (Excitação Gaussiana), ponto KTC

A fonte de excitação mostrada na Figura 3.22 foi, então, modulada em 1GHz (Figura 3.28) e
aplicada em seguida ao senário. Similarmente, foram calculadas as potências nos três pontos de
recepção (Figura 3.21), como mostrado nas Figuras 3.29-3.21. Já nas Figuras 3.32-3.35, tem-se a
distribuição da componente Ez (dB) do campo elétrico para o ambiente todo, considerando-se os
instantes de tempo t=300. t, 500. t, 700. t e 900. t, respectivamente.

52
 1

 0.8

 0.6


 
0.4

 0.2

 0

 -0.2

-0.4

-0.6

-0.8

-1
0 2 4 6 8


x 10
-10

Figura 3.28 – Pulso gaussiano modulado em 1GHz


utilizado como excitação na célula de gap do dipolo

BR

-100

-200

-300
"
! -400


  -500

  -600

-700

-800

0 50 100 150 200 250 300


#$%&')(* +

Figura 3.29 – Potência recebida no quarto (Excitação Gaussiana Modulada em 1GHz)

53
KTC

-100

-200

-300


-400

  -500
 
 -600

-700

-800

0 50 100 150 200 250 300




Figura 3.30 – Potência recebida na cozinha (Excitação Gaussiana Modulada em 1GHz)

LR

-100

-200

-300


-400

  -500
 
 -600

-700

-800

0 50 100 150 200 250 300




Figura 3.31 – Potência recebida na sala de estar (Excitação Gaussiana Modulada em 1GHz)

54
Fig 3.32 – Distribuição da componente Ez (dB) após 300 iterações

Figura 3.33 – Distribuição da componente Ez após 500 iterações

55
Fig 3.34 – Distribuição da componente Ez (dB) após 700 iterações

Fig 3.35 – Distribuição da componente Ez (dB) após 900 iterações

56
Referências Bibliográficas

[1] Josivaldo Araújo, “Análise de antenas em 2-D utilizando o método das diferenças finitas no domínio do
tempo com processamento paralelo”, Dissertação de Mestrado, UFPA, PPGEE, Belém Pa, 24 de janeiro de
2003;
[2] http://www.fysik.dtu.dk/CAMP/cluster-howto.html
[3] Johnny Rocha, "Cluster Beowulf, Aspectos de Projeto e Implementação", Dissertação de Mestrado,
PPGEE/UFPA, janeiro de 2003
[4] http://www.redhat.com
[5] George D. Kondylis, “On indoor wireless channel characterization and the design of interference aware
medium access control protocols for packet switched networks”, Dissertação de Pós-doutorado, University
of California, Los Angeles, 2000.
[6] Gerrit Mur, “Absorbing Boundary Conditions for the Finite-Difference Approximation of the Time-
Domain Electromagnetic-Field Equations”, IEEE Transactions on Electromagnetic Compatibility, Vol.
EMC-23, NO. 4, November 1981;
[7] A.N. Belém, “Caracterização Bidimensional de Canais de Rádio Através de Diferenças Finitas no
Domínio do Tempo”, Dissertação de Mestrado, Universidade Federal de Minas Gerais, 21 de setembro de
2001.

57
Capítulo 4 – Considerações Finais

Prever o comportamento de ondas eletromagnéticas que se propagam em tipos específicos


de ambiente é um assunto que tem sido bastante investigado ultimamente, isto se deve à enorme
demanda de conhecimento surgida principalmente com a popularização de dispositivos de
comunicação móveis. Dessa maneira, o método das diferenças finitas no domínio do tempo se
mostra como um grande aliado na caracterização de ambientes indoor e outdoor. Sua principal
vantagem é ser fundamentado na solução discreta das equações de Maxwell (2.7). Isso significa
dizer que os resultados obtidos através de sua aplicação são soluções de onda completa, e, portanto,
são automaticamente considerados os efeitos da reflexão, da refração e da difração em cenários
simples ou complexos. Isso caracteriza a simplicidade do método FDTD em relação, por exemplo,
ao método ray tracing [1]. Além disso, a formulação tridimensional do método FDTD permite
calcular dados como a potência recebida em todos os pontos do volume de interesse e em todos os
instantes de tempo. Essa característica é fundamental se são desejadas análises estatísticas sobre a
propagação de determinada onda eletromagnética naquele ambiente. A principal desvantagem do
método FDTD é a grande quantidade de memória e longo tempo de processamento necessários para
analisar grandes ambientes.
Dessa maneira, utilizando os oito computadores que compõem o cluster Amazônia [2][3],
não seria possível solucionar o problema outdoor, analisado neste trabalho, na modalidade
tridimensional, pois seriam necessárias, para uma malha de 2000x2000x2000, 1 bilhão de células
por máquina, demandando, apenas para um array de campo, de aproximadamente 59,61GB de
memória RAM livre em cada máquina, se tal array for de dupla precisão (64 bits). Todavia, a
formulação bidimensional se mostra bastante útil na caracterização aproximada de ambientes deste
tipo. No entanto, o problema em questão pode ser solucionado utilizando-se um cluster com um
número maior de nós.
Todavia, a obtenção de resultados mais precisos, que levem em conta fatores como reflexões
no chão, por exemplo, necessita da formulação tridimensional do método FDTD. Assim, ambientes
indoor são mais compatíveis com a modalidade tridimensional do método, por envolver cenários
mais restritos que aqueles encontrados no caso outdoor. Contudo, muitas técnicas estão evoluindo
na direção de amenizar esse tipo de dificuldade, tais como a técnica de redução do número de
componentes dos campos elétrico e magnético [4], técnicas envolvendo coordenadas curvilíneas
gerais [5-8] e técnicas de compressão de dados [9].
Uma outra técnica fundamentalmente importante é a utilização do processamento paralelo
[3], que, sem dúvida, como mostrado na Seção 2.5, é um importantíssimo suporte ao método
FDTD, questão tempo de processamento. O caso da residência, por exemplo, foi executado com as
oito máquinas durante aproximadamente três dias, para 5000 interações. É importante notar que,
além das componentes de campo serem atualizadas simultaneamente nas diversas regiões de todo o
domínio numérico, o que já aumenta a velocidade de processamento, cada subdomínio passa a
trabalhar com arrays de menor tamanho, o que também contribui para o ganho no desempenho do
conjunto. Todavia, o domínio numérico deve ser particionado de forma que se tenha o mínimo de
comunicação possível entre as máquinas, ou seja, suas maiores dimensões devem ser divididas.
Estudos mais profundos podem ser feitos para, por exemplo, modelar tijolos e outras
estruturas que fazem parte de um cenário real. Além disso, como é possível extrair a potência
recebida em determinado ponto de interesse, estudos podem ser feitos para se avaliar a
possibilidade, por exemplo, de modelagem e de análise do comportamento de parâmetros de
receptores, como a taxa de erro de bits, em cenários específicos, estudos estatísticos de diferentes
tipos de cenários, entre muitas outras possibilidades.

58
Referências Bibliográficas

[1] R. Valenzuela, “A ray tracing approach for predicting indoor wireless transmission”, in Proc. IEEE
Vehicukar Technology Conference, VTC1993, May, 1993;

[2] Johnny Rocha, "Cluster Beowulf. Aspectos de Projeto e Implementação.", Dissertação de Mestrado,
PPGEE/UFPA, Janeiro de 2003;

[3] Josivaldo Araújo, “Análise de antenas em 2-D utilizando o método das diferenças finitas no domínio do
tempo com processamento paralelo”, Tese de Mestrado, UFPA/PPGEE, Belém Pará, 24 de janeiro de 2003;

[4] G.D. Kondylis, F. De Flaviis, G.J. Pottie, and T. Itoh,” A memory-efficient formulation of the finite-
difference time-domain method for the solution of Maxwell equations,” IEEE Trans. On Microwave Theory
and Techniques, vol. 49, no. 7, Jul. 2001.

[5] R. Holland,“ Finite-Difference solution of Maxwell’s equations in generalized nonorthogonal


coordinates,” IEEE Trans. Nucl. Sci., Vol. NS-30, no.6 Dec. 1983.
[6] J. F. Lee, “Modeling Three-Dimensional Discontinuities in Waveguides Using Non-orthogonal FDTD
Algorithm”, IEEE Transactions on Microwave Theory and Techniques, vol.40, no.2 Feb. 1992.

[7] M. Fusco, “FDTD algorithm in curvilinear coordeinates,” IEEE Trans. Antennas Propagat., vol. 38, pp
76-88, Jan. 1990.
[8] E. A. Navarro, C. Wu, P. Y. Chung and J. Litva, “Some Considerations About the Finite Difference
Time Domain Method in General Curvilinear Coordinates,” IEEE Microwave and Guided Wave Letters,
vol. 38, No.12,pp 396-398, December 1994.
[9] A. Taflove, “Finite Difference Time Domain Methods for Electrodynamics Analysis”. NY: Artech
House, may 1998.

***

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