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Ficha Técnica

Título original: Narradores de Javé


Gênero: Comédia
Duração: 100 min.
Lançamento (Brasil): 2003
Distribuição: Lumière e Riofilme
Direção: Eliane Caffé
Roteiro: Luiz Alberto de Abreu e Eliane Caffé
Produção: Vânia Catani e Bananeira Filmes
Co-Produção: Gullane Filmes e Laterit Productions
Música: DJ Dolores e Orquestra Santa Massa
Som: Romeu Quinto
Fotografia: Hugo Kovensky
Direção de arte: Carla Caffé
Figurinista: Cris Camargo
Letreiros: Carla Caffé e Rafael Terpins
Edição: Daniel Rezende

Elenco

José Dumont (Antonio Biá)


Matheus Nachtergaele (Souza)
Nélson Dantas (Vicentino)
Rui Resende
Gero Camilo (Firmino)
Luci Pereira
Nelson Xavier (Zaqueu)
Jorge Humberto e Santos
Altair Lima (Galdério)
Alessandro Azevedo (Daniel)
Henrique (Cirilo)
Maurício Tizumba (Samuel)
Orlando Vieira (Gêmeo)
Roger Avanzi (Outro)

Disponível em: http://www.meucinemabrasileiro.com.br/filmes/narradores-de-


jave/narradores-de-jave.asp
Resenha do filme os Narradores de Javé

Por: Philipe Barros

O filme brasileiro de 2003, dirigido por Eliane Caffé conta a história de um povoado
fictício chamado Vale de Javé, que está ameaçado de ser inundado pela construção de uma
represa. Os moradores da cidade (os narradores descritos no título do filme) temem deixar
suas casas e perder tudo o que construíram por tantos anos, principalmente por conta valor
simbólico de suas tradições e memórias do povo guerreiro que fundou o lugar.

A única alternativa encontrada para salvar o povoado seria encontrar uma forma de
transformá-lo em patrimônio e provar que há um valor histórico a ser preservado. Então
decidem escrever um dossiê para documentar toda a história de Javé, é deixado claro que isso
deveria ser escrito de forma científica, que no entendimento dos populares seria algo verídico,
com formas de comprovação e nenhum fato que fosse inventado ou aumentado. Porém o único
adulto alfabetizado, hábil para a tarefa, que havia na comunidade era Antônio Biá, um homem
odiado por todos por causa de uma armação feita para tentar salvar o seu emprego, que gerou
um grande descontentamento entre a população e havia sido expulso do local. Até então os
moradores não davam valor a escrita, tanto é que o resto do povoado era semi ou totalmente
analfabeto.

Os populares saem em busca do escrivão que ao ser trazido foi recebido com
expressões populares como: “Você não presta!” e “Seu sem-vergonha!”, ele aceita o desafio
como forma de redenção pelo que havia feito. Biá sai em busca das memórias dos moradores
e se depara com diversos fatos e versões de uma mesma história, o que dificulta o seu
trabalho. Cada personagem que contava o que sabia, integrava ao conto alguma peculiaridade,
por exemplo: O personagem Vicentino conta que o grande fundador de Javé foi um bravo
guerreiro chamado Indalécio, já a personagem Deodora conta que na verdade o vilarejo foi
fundado por uma mulher, Maria Dina, enquanto Indalécio estava ferido.

É comum durante a fala dos personagens o uso de ditos de populares como “quem
conta um conto aumenta um ponto” ou uma frase usada por Deodora para impedir que Biá
entrasse em sua casa: “Nem com ordem de um santo, nem com ordem do Diabo.” Frases
como essas caracterizam a fala do conhecimento popular, assim como os diversos apelidos
ditos por Antonio Biá para ofender as pessoas: “Tamborete de forró, catimbozeira, manicure de
lacraia, etc.” Outra manifestação do conhecimento popular vista no filme é a prática de “cantar
as divisas”, que é a demarcação de territórios a partir da palavra falada.

O escrivão se vê confuso com tantas informações e não consegue escrever as


histórias, então após ser pressionado ele desabafa para a população, demonstrando exemplos
de conhecimento filosófico. A partir da dedução lógica do que seria mais provável que
acontecesse, Biá pergunta: O que é mais importante? A construção da represa para gerar
energia e desenvolvimento, ou a manutenção das tradições de um povoado semi-analfabeto do
interior do nordeste? As pessoas decepcionadas ignoram as palavras de Antônio, dão as
costas e se afastam. Como forma de manter o seu orgulho, ele também se afasta, porém
voltado para o resto das pessoas.

Também é comum encontrarmos no filme cenas de manifestação do conhecimento


religioso pela população: Imagens de santos, como o quadro de São Jorge na casa de
Vicentino, a procissão atravessando a praça e a crença no valor sagrado do sino, que é
descrita nas passagens da criação de Javé e na cena final, onde o sino é carregado pelo povo
expulso do vilarejo após ele finalmente ter sido inundado.

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