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Formas de ondas
Neste capítulo são apresentadas formas de ondas de tensões e correntes, com ênfase
para as alternadas.
3.1 Introdução
u1(t) u2(t)
π
Ua
1 U2
π t
a t
0 2π 0 t0 2t0
a
-U1 -U2
t t
t0 t0+T
T
(a) Oscilatória (b) Periódica
i(t) i(t)
IM
∆I
t t
t1 t2 t1 t2
-IM
T T
(c) Alternada (d) Periódica
• Formas de ondas alternadas: são formas de ondas periódicas cujos valores médios
são nulos. A definição matemática de valor médio de uma forma de onda é
apresentada somente na próxima seção. No entanto, é possível identificar uma
forma de onda alternada através de uma interpretação intuitiva de valor médio.
Observe a Figura 3.2(c) na qual está representada uma forma de onda triangular
que, evidentemente, possui as características de uma forma de onda periódica, ou
seja, seus valores se repetem a intervalos de tempo T. Além disso, no intervalo
0<t<t1, a corrente assume valores instantâneos positivos e no intervalo t1<t<t2,
valores instantâneos negativos. A partir de t=t2, os valores instantâneos de
corrente passam a se repetir, seguindo a mesma seqüência do intervalo 0<t<t1.
Através da simples visualização do gráfico, nota-se que a área contida entre a
forma de onda e o eixo das abscissas (tempo) no primeiro intervalo de tempo 0<t<t1
é igual em módulo à área correspondente ao segundo intervalo de tempo t1<t<t2. De
acordo com a figura, a área para o primeiro intervalo de tempo é:
A1 = .I M .(t1 − 0 ) = .I M .∆t
1 1
(3.6)
2 2
Para o segundo intervalo de tempo, a área é:
A2 = .(− I M ).(t 2 − t1 )
1
(3.7)
2
e como (t2-t1)= ∆t:
1
A2 = − .I M .∆t = − A1 (3.8)
2
Verifica-se que a soma das áreas para o intervalo de tempo 0≤t≤t2 é igual a zero.
Basicamente, o valor médio de uma forma de onda é diretamente proporcional à área
total calculada para o intervalo de tempo referente ao conjunto de valores que se
repetem. Como esta área é nula, o valor médio também é nulo, podendo-se, de acordo
com a definição, classificar a forma de onda da Figura 3.2(c) como alternada.
14
A Figura 3.2(d) mostra uma forma de onda triangular semelhante àquela da Figura
3.2(c), porém deslocada verticalmente de ∆I. Neste caso, verifica-se que o
intervalo de tempo em que os valores se repetem continua o mesmo, mas as áreas
para os intervalos de tempo em que a forma de onda assume valores positivos e
negativos são diferentes, o que resulta em uma soma não nula. Assim, esta forma de
onda não pode ser classificada como alternada, mas apenas como periódica.
t1 t2 t
ciclo
T
Figura 3.3 - Ciclo e período de uma forma de onda periódica
u(t)
Exemplo 3.1
Um
Determinar o período da forma de onda
da tensão u(t) mostrada na Figura 3.4.
t[ms]
0 1 2 5 10
-Um
15
Considerando o instante de tempo t1=1 ms como referência, de acordo com a definição
apresentada para o período de uma forma de onda, obtém-se t2 = 9 ms e u(9)=u(1)=Um.
Logo:
T = t2 −t1 = 9 − 1 = 8 ms (3.11)
Pode-se notar no gráfico que para t3 = 3 ms tem-se também u(3)= u(1)= Um. No entanto,
de acordo com a definição apresentada, o período deve corresponder ao menor
intervalo de tempo possível para o qual sempre se tem u(t3)=u(t1). Considerando os
instantes t1 e t3, o que corresponderia a um intervalo de tempo de 2 ms, essa
definição não é atendida, pois, por exemplo, u(10)≠ u(8).
1
f = Hz (3.12)
T
em que T é o período.
Exemplo 3.2
Obter a freqüência da forma de onda da tensão u(t) mostrada na Figura 3.4.
1 1
f = = = 125 Hz (3.13)
T 8.10 −3
(a) i(t)
Imax
T/2 t [s]
(a)
0 T
-Imax
1 ciclo
i(t)
Imax
(b)
0 π 2π wt[rad]
-Imax
1 1
Período → T= = = 16,67 ms (3.16)
f 60
Ip Ip
-α 2π-α 0 α 2π+α
0 π-α wt [rad] π+α wt [rad]
α -α
-Ip -Ip
Nas duas formas de onda, α corresponde ao ângulo de fase e no instante t=0 o valor
instantâneo da corrente é:
Através de (3.19) e das formas de onda da Figura 3.6 pode-se concluir que α
corresponde ao valor do deslocamento horizontal da onda em relação à referência
“zero”.
i2(t)=I2.sen(wt+β ) A (3.22)
φ = β −α (3.23)
A Figura 3.7 ilustra a diferença de fase (defasagem) entre duas formas de ondas.
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P2 P1
i2(t) i1(t)
0 wt [rad]
α
β φ
defasagem
Figura 3.7 - Diferença de fase entre duas formas de ondas
Neste caso, diz-se que a corrente i2(t) está adiantada de φ em relação a i1(t) ou,
de outra forma, i1(t) está atrasada de φ em relação a i2(t). Um método simples de se
determinar a forma de onda que está adiantada ou atrasada está ilustrado na Figura
3.7. Identifica-se os picos das formas de onda mais próximos entre si (ambos
positivos ou negativos) que na figura 3.7 correspondem aos pontos P1 e P2. O ponto
que se encontra à esquerda do outro indica que a respectiva forma de onda está
adiantada, que na figura corresponde ao ponto P2 e portanto i2(t) está adiantada em
relação a i1(t) ou ainda, i1(t) está atrasada em relação a i2(t).
Exemplo 3.4
Na Figura 3.8 tem-se as formas de ondas da tensão e das correntes em um circuito
composto por uma fonte de tensão alternada senoidal que alimenta um resistor, um
indutor e um capacitor, todos conectados em paralelo.
iC(t)
u(t)
iR(t) iL(t)
iR(t) iL(t)
iC(t)
u(t) ~ R L C
wt
u(t)=Up.sen(wt) V (3.24)
i R ( t ) = I R p . sen( wt ) A (3.25)
i L ( t ) = I L p . sen( wt − π ) A (3.26)
2
iC ( t ) = I C p . sen( wt + π ) A (3.27)
2
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Constata-se que a corrente no resistor está em fase com a tensão da fonte; a
corrente no indutor está atrasada de 900 (φ =-90o) em relação à tensão e a corrente
no capacitor está adiantada de 900 (φ =+90o) em relação à tensão.
• Valor médio: é definido para uma forma de onda periódica u(t) de período T como:
1 t0 + T
T ∫ t0
Um = . u (t ).dt (3.28)
u(t)
A1
t0 to + T
2 t 0+ T t
A2
T
Figura 3.9 - Interpretação gráfica do valor médio de uma forma de onda
.( A1 + A2 ) = 0
1
Um = V (3.31)
T
Analise:
Por que Um resultou igual a zero em (3.31) e quando isto é válido?
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Exemplo 3.5
Calcular o valor médio das seguintes formas de ondas periódicas:
(a) u(t)=15.sen(wt) V
(b) i(t)=7+10.sen(wt+π/6) A
15
t (s)
0 π/w 2π/w
-15
Considerando como referência de tempo t0=0, o valor médio de u(t) é calculado por:
w 2π w
2π ∫ 0
Um = . 15. sen( wt ).dt
2π
15.w cos(wt) w
.[1 − 1] = 0
= .− 15
Um =−
2π w
V
0 2π
Assim, de acordo com a definição apresentada na seção 3.1, u(t) é uma forma de
onda alternada, pois seu valor médio é igual a zero. Naturalmente, uma simples
inspeção da forma de onda de u(t) mostrada na Figura 3.10, leva à conclusão de que
seu valor médio é nulo.
(b) Na Figura 3.11, a corrente i(t) também tem período igual a 2π mas é uma
w
forma de onda senoidal deslocada no eixo vertical de 7 A, conforme pode-se
constatar nesta figura.
i(t) (A)
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0 t (s)
-3
Im =
w 2π w
2π ∫0
. [
7 + 10.sen(wt + π .dt
6
]
( )
2π
w 2π w 2π
7.w w
Im = .7 ∫ dt + 10.∫ w sen wt + π dt = .t =7 A
2π 0 0 6 2π 0
Portanto, a corrente i(t) é uma forma de onda periódica, porém, não é alternada.
• Valor eficaz: a Figura 3.12 corresponde a um circuito em que uma lâmpada pode
ser conectada a uma fonte de corrente contínua (fechando-se a chave ch1) ou a
uma fonte de corrente alternada (fechando-se a chave ch2). A tensão da fonte
c.c. é igual a Ucc e a da fonte c.a. é senoidal e igual a:
ch1 ch2
+
- Ucc ~ u(t) lâmpada
Com a chave ch1 fechada, circula pela lâmpada uma corrente contínua de valor Icc .
A potência entregue a ela corresponde a:
Tomando como referência um instante de tempo t0, a energia consumida pela lâmpada
em um intervalo de tempo T vale:
t0 +T t0 +T
Ecc =
∫ t0
2
Pcc .dt = R.I cc
∫ t0
dt ⇒ E cc = R.I cc2 .T Wh (3.34)
Com a chave ch2 fechada, circula pela lâmpada uma corrente alternada do tipo:
u( t )
i( t ) = = I p . sen( wt ) A (3.35)
R
Neste caso, a potência entregue à lâmpada é variável no tempo, pois resulta do
produto de uma tensão por uma corrente, ambas variáveis no tempo.
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A energia consumida pela lâmpada em um intervalo de tempo T a partir de t0 é dada
por:
t0 +T
E ca =
∫ t0
p(t).dt (3.37)
t0 +T
Eca = R.
∫ t0
i 2 (t ).dt (3.38)
Impondo-se a condição de que a energia consumida pela lâmpada nos dois casos seja
a mesma, tem-se:
t0 +T
E cc = E ca ⇒
2
R.I cc
∫
.T = R.
t0
i 2 (t ).dt
1 t 0 +T 2
I cc = .
T t0∫ i (t ).dt A (3.39)
1 t 0 +T 2
I ef = .
T t0 ∫ i (t ).dt A (3.40)
Assim, se a fonte de corrente contínua é ajustada de tal forma que a corrente que
circula pela lâmpada, Icc, é igual ao valor eficaz Ief da corrente alternada i(t), a
energia consumida pela lâmpada nos dois casos é a mesma. O valor eficaz de uma
forma de onda é também conhecido como valor RMS (root-mean-square).
Exemplo 3.6
Calcular o valor eficaz da tensão alternada:
.∫ [179,6. sen( wt )] .d ( wt )
w 2π w 2 1 2π 2 1 2π
u ( t ).dt = .∫ u ( wt ).d ( wt ) =
2
U ef = .∫
2π 0 2π 0 2π 0
(179,6 )2 . 2π
d ( wt ) − ∫ cos( 2wt ).d ( wt ) =
2π (179,6)2 .wt 2π sen(2 wt ) 2π
∫
U ef = −
4π 0 0 4π
0
2 0
Uef =
(179,6)2 .[(2π − 0) − (0 − 0)] = (179,6)2 =
179,6
≅ 127 V
4π 2 2
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Da solução do exemplo 3.6, conclui-se que a relação entre o valor de pico e o
valor eficaz, para uma onda alternada senoidal, é:
Up
= 2 (3.41)
U ef
ou
Up
U ef = (3.42)
2
Analise:
Obter o valor eficaz para cada uma das formas de onda do exemplo 3.5.
Valores Nominais
Figura 3.13
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Se o osciloscópio em uso não possibilita medir a freqüência do sinal ( f ), pode-
se calculá-la calibrando a escala horizontal (TIME/CM) e medindo o período ( T )
do sinal, conforme indicado na Figura 3.14.
Figura 3.14
• Referencial para as medidas
Nos osciloscópios, as partes metálicas (parte externa das conexões de entrada dos
canais verticais, parafusos, suportes, etc.) estão interconectadas, ou seja, estão
em um mesmo potencial elétrico. Quando o cabo de alimentação do aparelho possui um
terceiro pino (pino de terra), todas estas partes metálicas estão a ele conectadas
e, portanto, as medidas correspondem às diferenças de potencial entre os pontos
medidos e o terra. Deve-se cuidar para que o terminal correspondente ao terra do
cabo com o qual se faz a medida (GND da ponta de prova), não seja colocado em um
ponto com potencial diferente de zero, o que provocará um curto-circuito. Também
se deve estar atento ao fato de que os GND’s das pontas de prova são ligados ao
terceiro pino.
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Figura 3.16
Analise:
Se os contatos do GND e do CH2 forem trocados, quais formas de ondas serão
observadas na tela do osciloscópio?
• Circuitos Elétricos
Robert A. Bartkowiak, MAKRON Books do Brasil Editora Ltda., São Paulo, 1994.
• Circuitos Elétricos
Yaro Burian Jr. e Ana Cristina Cavalcanti Lyra
Editora: Pearson Prentice Hall, 2006.
Vídeo:
Conceito de Valor Eficaz
http://www.youtube.com/watch?v=nxpSgrKOrLU
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