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DIREITO PENAL III

Aula 1

1 – HOMICÍDIO

•Bem jurídico tutelado – vida humana;

•Sujeitos ativo e passivo – tratando-se de crime comum, pode ser cometido

por qualquer pessoa; sujeito passivo também pode ser qualquer pessoa

viva.

•Consumação e tentativa – consuma-se com a morte da vítima; a tentativa

ocorre quando, iniciada a execução, o crime não se consuma por


circunstâncias alheia à vontade do agente. A tentativa pode ser perfeita
(crime falho) ou imperfeita.

•Elementos objetivo e subjetivo do tipo – admite-se qualquer meio de

execução; pode ser cometido por intermédio de ação ou omissão (art. 13,
§2º do CP) ; por meios materiais ou morais; diretos ou indiretos. O elemento
subjetivo é o dolo, que pode ser direto (de 1º ou de 2º grau) ou eventual.

•Desistência voluntária e arrependimento eficaz na hipótese de

homicídio – a desistência voluntária e o arrependimento eficaz são

previstos no art. 15 do CP. Aquela consiste na abstenção de uma atividade;


este tem lugar quando o agente, já tendo ultimado o processo de execução,
desenvolve nova atividade impedindo a produção do resultado morte. Se o
agente dispõe de várias munições no tambor da arma, mas, dispara apenas
uma e cessa sua atividade, há desistência voluntária ou não-repetição de
atos de execução? Desistência voluntária. É diferente daquele que só efetua
um disparo por só ter uma munição no tambor. O agente responde pelos
atos já praticados (é a tentativa qualificada – retira-se a tipicidade dos atos
somente com referência ao crime em que o sujeito iniciou a execução) – se
o sujeito desiste de consumar o homicídio, responde por lesão corporal,
mas, tanto na desistência voluntária, quanto no arrependimento eficaz, é
preciso que não haja consumação.

•Figuras típicas do homicídio – homicídio simples. Atividade típica de

grupo de extermínio x homicídio simples – homicídio simples é a


realização estrita da conduta de matar alguém. Quando o homicídio simples
é praticado em atividade típica de grupo de extermínio, será hediondo.
Extermínio é a matança generalizada que elimina a vítima pelo simples fato
de pertencer a determinado grupo ou determinada classe social ou racial.
Pode ocorrer a morte de uma única vítima, desde que com as1

características acima (impessoalidade da ação). Há entendimento de que o


homicídio simples praticado em atividade de grupo de extermínio, passa a
ser qualificado pelo motivo torpe.

•Homicídio privilegiado - § 1º, do art. 121 do CP. Impelido por relevante

valor social – a motivação e o interesse são coletivos, atingem a toda a

sociedade (ex.: homicídio do traidor da pátria); impelido por relevante

valor moral – encerra um interesse individual, mas, um interesse superior,

enobrecedor (ex.: eutanásia). É preciso tomar como paradigma a média

existente na sociedade e não analisar o sentimento pessoal do agente;sob

domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da

vítima – emoção é a viva excitação do sentimento, é uma descarga

emocional passageira. É preciso que se trate de violenta emoção e que o


sujeito esteja sob o domínio da mesma, ou seja, sob o choque emocional
próprio de quem é absorvido por um estado de ânimo caracterizado por
extrema excitação sensorial e afetiva. Além disso, é fundamental que a
provocação tenha partido da própria vítima e que seja injusta, não
permitida, não permitida, não autorizada por lei. A injustiça da provocação
deve justificar, de acordo com o consentimento geral, a repulsa do agente.
Por fim, é preciso que a reação seja imediata, isto é, entre a causa (injusta
provocação) e a emoção, praticamente deve inexistir intervalo (ex

improviso).

•Redução da pena – no caso de homicídio privilegiado, a pena será

reduzida de 1/6 a 1/3. Embora o § 1º do art. 121 mencione que o juizpode


reduzir a pena, não se trata de faculdade, pois, ocorrendo qualquer causa
de diminuição dentre as previstas no dispositivo, o réu tem direito subjetivo
à redução. A facultatividade está noquantum da redução.

•Concurso entre homicídio privilegiado e qualificado – as privilegiadoras

não podem concorrer com as qualificadoras subjetivas, mas, nada impede


que concorram com a qualificadoras objetivas. Ver art. 492, § 1º, do CPP e
Súmula 162 do STF. Aplica-se a pena do § 2º, com a diminuição do § 1º, do
art. 121 do CP.
2

DIREITO PENAL III

Aula 2

1 – HOMICÍDIO QUALIFICADO

1.1– Motivos Qualificadores – segundo a doutrina majoritária, os motivos

qualificadores do homicídio não se comunicam, pois, são individuais e não


constituem elementares típicas (sem os motivos qualificadores continua a
existir homicídio).Fútil: é o motivo insignificante, banal (não se confunde
com a ausência de motivo);torpe: é o motivo repugnante, abjeto, vil,
indigno, que repugna a consciência média; paga e promessa

de recompensa:é uma das modalidades de torpeza. Na paga o agente

recebe perviamente e, na promessa de recompensa há somente uma


expectativa de paga. A paga ou promessa de recompensa não precisam ser
em dinheiro, podendo se dar através de qualquer vantagem. Respondem
pelo crime qualificado quem executa e quem paga ou promete recompensa.
Não é necessário o recebimento da recompensa, basta a promessa. Se o
pagamento ocorreu depois do crime sem que tenha

havido acordo prévio, ou se houve mandato gratuito, o crime não será

qualificado.

1.2– Meios qualificadores – Veneno: só qualifica o crime se utilizado

sissimuladamente (é um meio insidioso). Para fins penais, veneno é toda


substância que tenha idoneidade para provocar lesão no organismo (ex.:
açúcar em excesso, ministrado para um diabético). Sua administração
forçada ou com o conhecimento da vítima não qualifica o crime; fogo ou

explosivo: podem constituir meio cruel ou meio de que pode resultar

perigo comum;asfixia: é o impedimento da função respiratória e pode ser


mecânica ou tóxica;tortura: é meio que causa prolongado, atroz e
desnecessário padecimento. Se o agente tortura a vítima com a intenção de
matá-la, responde por homicídio qualificado; se tortura a vítima sem
intenção de matá-la, mas, a morte ocorre culposamente (crime
preterdoloso), responde por crime de tortura (art. 1º, § 3º da Lei 9.455/97);
se inicia a tortura desejando apenas torturar, mas, durante a tortura resolve
matar a vítima, haverá dois crimes em concurso material (tortura e
homicídio); meio insidioso ou cruel: insidioso é o recurso dissimulado,
consistindo na ocultação do verdadeiro propósito do agente, é o meio
disfarçado que objetiva surpreender a vítima; meio cruel é a forma brutal

de perpetrar o crime, é o meio bárbaro, martirizante, que revela ausência


de piedade;traição: é o ataque sorrateiro, inesperado, é a ocultação física
ou moral da intenção, é a deslealdade;e mboscada: é a tocaia, a espreita,
verificando-se quando o agente se esconde para surpreender a vítima, é a
ação premeditada de aguardar oculto a presença da vítima;dissi mulação: é
a ocultação da intenção hostil, do projeto criminoso para surpreender a
vítima (o agente se faz passar por amigo da vítima, por exemplo);recurso

que dificulte a defesa da vítima: é hipótese análoga à traição, emboscada

ou dissimulação, do qual são exemplificativas (ocorre interpretação

analógica);

1.3– Fins qualificadores – assegurar a execução, ocultação, impunidade

ou vantagem de outro crime: na primeira hipótese, o que qualifica o

homicídio não é prática de outro crime, mas o fim de assegurar a execução


deste, que pode até não ocorrer; no caso de ocultação ou impunidade, a
finalidade do agente é destruir prova de outro crime ou evitar-lhe as
conseqüências jurídico-penais; no caso de vantagem de outro crime a
finalidade é garantir o êxito do empreendimento delituoso e a vantagem
pode ser patrimonial ou não, direta ou indireta.

Obs.: a premeditação, por si só, não qualifica o homicídio.

2 – HOMICÍDIO CULPOSO

2.1– Estrutura do crime culposo – no crime culposo não se pune a

finalidade ilícita da conduta, pois, geralmente a conduta é destinada a um


fim lícito, mas, por ser mal dirigida, gera um resultado ilícito. O fim
perseguido é irrelevante, mas, os meios escolhidos são causadores de um
resultado ilícito. Há uma divergência entre a conduta praticada e a conduta
que deveria ser praticada. Na culpabilidade dos crimes culposos também é
indispensável a imputabilidade, potencial conhecimento da ilicitude e
exigibilidade de conduta conforme o Direito.

2.2– Dolo eventual e culpa consciente – ambos apresentam um traço


comum: aprevi são do resultado proibido. No dolo eventual o agente anui ao
advento desse resultado; na culpa consciente, repele a superveniência do
resultado, na esperança convicta de que este não ocorrerá. Havendo dúvida
entre um e outra, deve prevalecer o entendimento de que houve culpa
consciente (menos gravosa para o agente), em razão da aplicação do
princípio in dubio pro reo.

2.3– Tentativa de homicício culposo – segundo o entendimento majoritário,

é impossível, pois, trata-se, na verdade, de crime preterdoloso (o resultado


foi maior do que o inicialmente pretendido). Logo, como a tentativa fica
aquém do resultado desejado, conclui-se ser inadmissível nos crimes
preterintencionais. Na tentativa há o dolo de matar, mas, o resultado não se
consuma; no homicídio culposo, não há o dolo de matar, mas, o resultado se
consuma.

2.4– Majorante para homicídio culposo – O CP, no § 4º do art. 121,

enumera taxativamente quatro modalidades de circunstâncias que

determinam o aumento da pena no homicídio culposo: a)Inobservância

de regra técnica de profissão, arte ou ofício: não se confunde com a

imperícia, pois, nesse caso, o agente conhece a regra técnica, mas não a
observa. A imperícia, por fazer elemento da culpa, situa-se no tipo e a
inobservância de regra técnica se localiza na culpabilidade. Qualquer
modalidade de culpa (imprudência, negligência ou imperícia) permite a
aplicação dessa majorante; b) omissão de socorro à vítima: não constitui
crime autônomo como ocorre no art. 135 do CP, mas, simples majorante. Só
incidirá quando for possível prestar o socorro. O risco pessoal afasta a
majorante; c) não procurar diminuir as conseqüências do

comportamento: não deixa de ser uma omissão de socorro; d) fuga para

evitar prisão em flagrante: a majorante incide em razão do sujeito ativo

procurar impedir a ação da justiça. A fuga por justo motivo afasta a

majorante, assim como ocorre na omissão de socorro à vítima.

2.5– Homicídio doloso contra menor e contra maior de 60 (sessenta) anos

– a Lei 8.069/90 acrescentou essa causa de aumento no § 4º, 2ª parte, do


art. 121 do CP. Trata-se de causa de aumento de natureza objetiva e
aplicação obrigatória sempre que o homicídio, em qualquer de suas
modalidades dolosas (simples, privilegiado, ou qualificado), for praticado
contra menor de 14 anos. Se o homicídio é praticado no dia em que a vítima
completa 14 anos não incide a causa de aumento (não é mais, menor de 14
anos). Também sofre aumento de 1/3 a pena do homicídio doloso praticado
contra maior de 60 (sessenta) anos. Porém, como esta regra foi
acrescentada ao CP pelo Estatuto do Idoso (Lei 10.741/2003), que entrou
em vigor em 30/12/2003, somente a partir desta data passou a valer. É
preciso que a idade da vítima entre na esfera de conhecimento do agente.

2.6- Homicídio culposo no trânsito – O art. 302 da Lei 9.503/97 (CTB)

tipificou o homicídio culposo praticado na direção de veículo automotor


como crime de trânsito. Alguns juristas entendem tratar-se de norma
inconstitucional por ferir o princípio da isonomia, pois, o homicídio culposo
do CP prevê pena de 1 a 3 anos de detenção e, o homicídio culposo do CTB
prevê pena de 2 a 4 anos de detenção. Porém, outros entendem não haver
inconstitucionalidade, pois, o desvalor da ação no homicídio culposo
cometido na direção de veículo automotor é maior do que aquele existente
no homicídio culposo genérico. É crime remetido (art. 121, § 3º do CP);
culposo (se o atropelamento for doloso, aplica-se o art. 121 do CP e não o
art. 302 do CTB); não admite tentativa; é crime de dano; é crime material
(exige resultado naturalístico); tutela a vida; tem como sujeito passivo
qualquer pessoa, desde que determinada; tem como sujeito passivo
qualquer pessoa, desde que esteja na direção de veículo automotor (veículo
automotor vem definido no anexo I do CTB); O art. 302 não faz menção
expressa quanto ao local onde o delito pode ser cometido, mas, entende-se
que, em razão do disposto no art. 1º, §1º e art. 2º do CTB que determinam
que este código regerá o trânsito nas vias terrestres do Território Nacional
abertas à circulação, é necessário que o sujeito ativo esteja na direção de
veículo automotor e, além disso, que esteja em via pública (aberta à
circulação), embora, Damásio de Jesus entenda que os delitos do CTB
podem ser cometidos em qualquer lugar, público ou privado. Segundo a
primeira corrente, se o delito acontecer em local privado (interior de uma
fazenda, por exemplo) aplica-se o CP que prevê pena menor para o
homicídio culposo com possibilidade, inclusive, de aplicação do art. 89 da lei
9.099/95.

2.7– Perdão judicial – o § 5º do art. 121 do CP refere-se à hipótese em que o

agente é punido diretamente pelo próprio fato que praticou, em razão das
gravosas conseqüências produzidas, que o atingem profundamente. A
gravidade das conseqüências deve ser aferida em função da pessoa do
agente, não se cogitando aqui de critérios objetivos. As conseqüências não
se limitam aos danos morais, podendo constituir-se de danos materiais (ex.:
pai que causa, culposamente, acidente de trânsito no qual morre seu filho).
Embora haja opiniões em contrário, a doutrina majoritária entende que,
presentes os requisitos, a concessão do perdão pelo juiz é obrigatória.6
DIREITO PENAL III

Aula 3

1 – INDUZIMENTO, INSTIGAÇÃO OU AUXÍLIO AO SUICÍDIO (art.

122 do Código Penal)

1.1– Bem jurídico tutelado – vida humana

1.2– Natureza jurídica da morte e das lesões corporais de natureza grave:

segundo a doutrina majoritária a morte ou as lesões corporais de natureza


grave constituem condição objetiva de punibilidade do crime de
participação em suicídio. Para Cezar Roberto Bitencourt as condições
objetivas de punibilidade não fazem parte do crime, mas, pressupões que
este já esteja perfeito e acabado, sendo aquelas, apenas condições para
imposição da pena. Portanto, o referido autor entende que a morte e as
lesões corporais graves devem fazer parte do dolo do agente e, assim,
seriam elementos constitutivos do tipo, sem os quais, a conduta de quem
instiga ou induz se torna atípica.

1.3– Sujeitos ativo e passivo – trata-se de crime comum e, por isso, sujeito

ativo pode ser qualquer pessoa (capaz de induzir, instigar ou auxiliar) –


admite-se co-autoria e participação em sentido estrito; sujeito passivo é a
pessoa induzida, instigada ou auxiliada que pode ser qualquer pessoa viva e
capaz de entender o significado de sua ação e de determinar-se conforme
esse entendimento (é indispensável capacidade de discernimento), pois,
caso contrário estaremos diante de homicídio.

1.4– Consumação e tentativa – consuma-se o crime com a morte da vítima

(mero induzimento, instigação ou auxílio não consumam o crime, pois, trata-


se de crime material e não formal). A tentativa, para alguns é impossível
(Damásio E. de Jesus) e, para outros, haverá tentativa quando a instigação,
o induzimento ou o auxílio não produzirem a morte, mas, gerarem lesões
corporais de natureza grave (Cezar Roberto Bitencourt denomina essa
situação de tentativa qualificada).

1.5– Classificação doutrinária – trata-se de crime comum, comissivo,


excepcionalmente omissivo (auxílio), de dano, material, instantâneo,

doloso, de conteúdo variado e plurissubisistente (se perfaz por meio de

vários atos – é preciso a morte ou lesões corporais graves).

1.6– “Pacto de morte” – verifica-se o pacto de morte quando duas pessoas

combinam, por qualquer razão, o duplo suicídio. Nessa hipótese, o


sobrevivente responderá por homicídio, desde que tenha praticado ato
executório. Se nenhum morrer, aquele que realizou atos executórios contra
o parceiro responderá por tentativa de homicídio e aquele que ficou
somente na “contribuição” responderá por tentativa de induzimento,
instigação ou auxílio ao suicídio, se houver, pelo menos, lesão corporal
grave.

Ex.: A e B trancam-se em um quarto hermeticamente fechado. A abre a


torneira de gás; B sobrevive. Nesse caso, B responde por participação em
suicídio.

Se o sobrevivente é quem abriu a torneira, responde por homicídio, pois

praticou ato executório de matar.

Os dois abrem a torneira de gás, não se produzindo qualquer lesão corporal,


em face da intervenção de um terceiro: ambos respondem por tentativa de
homicídio um do outro, pois, os dois praticaram ato executório de matar.

Se um terceiro abre a torneira de gás e os dois se salvam, não havendo


lesão corporal de natureza grave, os dois não respondem por nada, pois sua
conduta é atípica, mas, o terceiro responde por dupla tentativa de
homicídio.

Se os dois sofrem lesões corporais graves, sendo que A abriu a torneira de


gás e B não, aquele responde por tentativa de homicídio e este por
participação em suicídio.

Nos casos de “roleta russa” o sobrevivente responde por participação em


suicídio. No entanto, se um dos jogadores for coagido a participar e o coator
sobreviver, responderá por homicídio.

2 – INFANTICÍDIO (art. 123 do Código Penal)

2.1– Bem jurídico tutelado – vida humana. Protege-se a vida do nascente e

do recém-nascido.

2.2– Sujeitos ativo e passivo –so mente a mãe pode ser sujeito ativo e,
desde
que se encontre sob a influência do estado puerperal. Trata-se de crime
próprio. Sujeito passivo é o próprio filho nascente (durante o parto) ou
recém-nascido (logo após).

2.3– Natureza jurídica do estado puerperal – tem natureza jurídica de

elemento normativo do tipo. Porém, deve conjugar-se com outro elemento


normativo que é a circunstância de ocorrer durante o parto ou logo após.
São requisitos cumulativos. Devemos observar, no entanto, que, com
relação ao estado puerperal, quatro situações podem ocorrer: 1)o

puerpério não produz nenhuma alteração na mulher (caso em que

haverá homicídio); 2) acarreta-lhe perturbações psicossomáticas que

são a causa da violência contra o próprio filho (caso em que haverá

infanticídio); c) provoca-lhe doença mental (caso em que a parturiente

será isenta de pena por inimputabilidade – art. 26,caput, do CP); d)

produz-lhe perturbação da saúde mental diminuindo-lhe a capacidade

de entendimento ou de determinação (caso em que haverá redução da

pena, em razão da semi-imputabilidade – p. único, art. 26 do CP).

2.4– Elemento normativo temporal – é previsto na expressão “durante o

parto ou logo após”. Para o Direito, inicia-se o parto com a dilatação,


ampliando-se o colo do útero e chega-se ao seu final com a expulsão da
placenta, mesmo que o cordão umbilical não tenha sido cortado. Entre estes
dois marcos, estaremos na fase do “durante o parto”. Após a expulsão da
placenta, inicia-se a fase do “logo após”. A lei não fixou prazo, mas,
devemos considerar o variável período de choque puerperal. A doutrina tem
sustentado que se deve dar uma interpretação mais ampla, para poder
abranger todo o período do estado puerperal. Antes do início do parto,
haverá aborto; após o término do estado puerperal, homicídio.

2.5– Consumação e tentativa – consuma-se o infanticídio com a morte do

filho nascente ou recém-nascido, levada a efeito pela própria mãe. Basta


que a vítima nasça com vida, não se exigindo que tenha viabilidade fora do
útero. Admite-se a tentativa quando o crime não se consuma por
circunstâncias alheias à vontade da agente.

2.6– Concurso de pessoas no infanticídio – uma corrente sustenta a


comunicabilidade do estado puerperal da autora e, assim, os concorrentes
responderiam todos por infanticídio; outra corrente sustenta a
incomunicabilidade e, portanto, a mãe responderia por infanticídio e o
participante, por homicídio.

Para Cezar Roberto Bitencourt, a influência do estado puerperal constitui

uma elementar típica do infanticídio e, assim, de acordo com o que prevê o9

art. 30 do CP, haverá comunicabilidade, apesar de tratar-se de

circunstância de caráter pessoal. Porém, é preciso analisar as seguintes

hipóteses: 1) Mãe e terceiro praticam a conduta nuclear do tipo

(pressupondo a presença dos elementos normativos específicos) –para

alguns, de lege lata, haverá co-autoria em infanticídio. Porém, para outros,


é preciso analisar o elemento subjetivo do agente. Se agiu com dolo de
concorrer para o infanticídio, responderá por este delito. Entretanto, pode
ser que haja no participante dolo de matar o filho da puérpera e com isso,
aquele se utiliza desta como mero instrumento do crime, aproveitando-se
de sua fragilidade. Nesse caso, se a mãe não tinha discernimento, haverá
autoria colateral; se estava sob a influência do estado puerperal, mas
possuía discernimento, pretendendo cometer infanticídio, responderá por
este crime enquanto o participante responderá por homicídio. Nesse caso
não haverá quebra da unidade da ação existente no concurso de pessoas,
pois, aplicar-se-á à mãe o § 2º do art. 29 do CP; 2) o terceiro mata o

nascente ou o recém nascido, com a participação meramente acessória

da mãe – inquestionavelmente o fato principal praticado pelo terceiro é

um homicídio. Quanto à mãe, em razão de sua especial condição, deverá


responder por infanticídio, mas, para que não haja quebra da teoria
monista, ambos teriam que responder pelo mesmo crime. Se dissermos que
ambos responderão por infanticídio, haverá inversão da regra de que o
acessório segue o principal e, se dissermos que ambos responderão por
homicídio, a mãe estaria respondendo por fato mais grave do que aquele
praticado. Assim, deve ser aplicado o § 2º do art. 29 do CP, pois, embora
tenha havido um crime único (homicídio), a puérpera quis participar de
crime menos grave e, deverá ser-lhe aplicada a pena deste.

2.7– Classificação doutrinária – O infanticídio é crime próprio, material, de

dano, plurissubisistente (se perfaz em vários atos), comissivo e omissivo

impróprio, instantâneo e doloso.

10
DIREITO PENAL III

Aula 4

1 – ABORTO

1.1– Bem jurídico tutelado – é a vida do ser humano em formação, embora,

rigorosamente falando, não se trate de crime contra a pessoa, pois, o


produto da concepção – feto ou embrião – não é considerado pessoa, para
fins de Direto. Existe entendimento em sentido de que o nascituro já é
pessoa. Quando o aborto é provocado por terceiro, o tipo penal protege
também a incolumidade da gestante. É a vida intra-uterina (desde a
concepção até momentos antes do parto).

1.2– Sujeitos ativo e passivo –a) auto-aborto e aborto consentido (art.

124 do CP) – sujeito ativo é a gestante e sujeito passivo é o feto; b) no

aborto provocado por terceiro (art. 125 do CP) – com ou sem

consentimento da gestante, sujeito ativo pode ser qualquer pessoa; sujeito


passivo, quando não há consentimento da gestante serão esta e o feto
(dupla subjetividade passiva). No aborto não se aplica a agravante genérica
do art. 61, II,h do CP.

1.3 – Espécies de aborto

Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento (art. 124 do

CP) –no primeiro caso, a própria gestante interrompe a gravidez causando a

morte do feto; no segundo, permite que outrem lho provoque. Trata-se de


dois crimes de mão própria, pois, somente a gestante pode realizar. Porém,
admite- se a participação em sentido estrito. Se o partícipe for além da
atividade acessória, responderá pelo crime do art. 126 do CP (esta é uma
das exceções à teoria monista).

Aborto provocado sem consentimento da gestante (art. 125 do CP) – para

alguns autores, pode assumir duas formas: sem consentimento real ou


ausência de consentimento presumido (vítima não maior de 14 anos,
alienada ou débil mental). Se houver consentimento da gestante, o crime
será o do art. 124 do CP para esta e do art. 126 para quem provoca o aborto
(atipicidade relativa ou desclassificação). Não há concurso com o delito de

11

constrangimento ilegal; não é necessária a violência, fraude ou grave


ameaça,
bastando que a gestante desconheça que nela está sendo feito aborto.

Aborto provocado com conhecimento da gestante (art. 126 do CP) –aqui,

conforme já mencionado, há quebra da teoria monista, pois, a gestante


responderá pelo art. 124 e o agente que nela provoca o aborto, pelo art.
126 do CP. O desvalor do consentimento da gestante é menor do que o
desvalor da ação abortiva de terceiro. A conduta da primeira assemelha-se
à conivência, embora não possa ser adjetivada de omissiva, enquanto a do
segundo é sempre comissiva. O aborto consentido (art. 124, 2ª parte do CP)
e o aborto consensual (art. 126 do CP) são crimes de concurso necessário,
pois, exigem a participação da gestante e do terceiro.

1.4– Consumação e tentativa do aborto – consuma-se o crime de aborto,

em qualquer de suas formas, com a morte do feto ou embrião. Pouco


importa que a morte ocorra no ventre materno ou fora dele. Também é
irrelevante que o feto seja expulso ou permaneça nas entranhas da mãe. É
indispensável a comprovação de que o feto estava vivo quando a ação
abortiva foi praticada e que foi esta que lhe causou a morte (relação de
causa e efeito entre a ação e o resultado). O aborto para alguns, pode ser
praticado a partir da fecundação (Cezar Roberto Bitencourt); para outros, é
preciso que tenha havido nidação. Admite-se a tentativa desde que, a morte
do feto não ocorra por circunstâncias alheias à vontade do agente. No auto-
aborto, alguns sustentam serimpunível a tentativa, pois, o ordenamento
brasileiro não pune a autolesão. Nesse caso, mais nos aproximamos da
desistência voluntária ou do arrependimento eficaz do que de uma tentativa
punível.

1.5– Figuras majoradas do aborto – O art. 127 do CP prevê duas causas

especiais de aumento de pena (e não qualificadoras como prevê a rubrica


do artigo) para o crime de abordo praticado por terceiro, com ou sem o
consentimento da gestante. Assim, se ocorrer lesão corporal grave, a pena
aumenta-se de um terço; se ocorrer morte da gestante, a pena é duplicada.
É indiferente que o resultado mais grave decorra do aborto em si, ou das
manobras abortivas, ou seja, ainda que o aborto não se consume, se as
manobras abortivas provocarem um dos dois resultados acima, haverá
aumento de pena. As lesões leves integram o resultado natural da prática
abortiva. Para que se configure o crime qualificado pelo resultado, é
indispensável que o resultado mais grave decorra, pelo menos, de culpa
(art. 19 do CP). Se houver dolo também em relação aos resultados mais
graves, haverá concurso formal.

12

1.6– Excludentes especiais de ilicitude: aborto humanitário e necessário–


são previstas no art. 128 do CP, cujo inciso I, tem a rubrica de “aborto
necessário” e o inciso II, a de “aborto em caso de gravidez resultante de
estupro” que a doutrina e a jurisprudência encarregam-se de definir como
“aborto sentimental ou humanitário”. Quando o CP diz que não se pune o
aborto nas condições acima, está afirmando que, nesses casos, o aborto
será lícito.

Aborto necessário – previsto no art. 128, I, do CP, também conhecido

como terapêutico, constitui verdadeiro estado de necessidade. Exige dois

requisitos simultâneos: a) perigo de morte da gestante; b) inexistência de

outro meio para salvá-la. É necessário o perigo de morte, não sendo

suficiente o perigo para a saúde. Se não houver médico no local, ainda


assim o aborto pode ser praticado por outra pessoa, com base nos arts. 23, I
e 24 do CP. Havendo perigo de vida iminente, dispensa-se o consentimento
da gestante ou de seu representante legal (art. 146, § 3º, I do CP). Além de
tudo isso, o médico age no estrito cumprimento do dever legal nesses
casos.

Aborto humanitário ou ético – previsto no art. 128, II, do CP pode ser

licitamente praticado quando a gravidez é proveniente de estupro e há o

consentimento da gestante. A prova tanto da ocorrência do estupro quanto

do consentimento da gestante ou de seu representante legal, deve ser


cabal. Atualmente a doutrina e a jurisprudência admitem, por analogia (já
que trata-se de norma penal não incriminadora e a analogia é aplicadain

bonan partem), o aborto sentimental quando a gravidez provém de

atentado violento ao pudor. É desnecessária a autorização judicial, sentença


condenatória ou mesmo processo criminal contra o autor do crime sexual e,
além disso, a prova do estupro (ou do atentado violento ao pudor) pode ser
feita por todos os meios em Direito admissíveis. Se o médico acautela-se da
veracidade das informações, ainda que a gestante tenha mentido, a boa-fé
daquele caracterizará erro de tipo, excluindo o dolo e afastando a tipicidade
de sua conduta, mas, a gestante responderá pelo delito do art. 124 do CP.

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DIREITO PENAL III

Aula 5

1 – LESÃO CORPORAL
•Obs.: LEI 10.886/04 – Acrescentou os §§ 9º e 10 ao art. 129 do CP

(inclusão da violência doméstica que causa lesão corporal – o nomen

iuris passou a ser “VIOLÊNCIA DOMÉSTICA”);

1.1– Bem jurídico tutelado – é a integridade corporal e a saúde da pessoa

humana, isto é, a saúde do indivíduo.

1.2– Sujeitos ativo e passivo – o sujeito ativo pode ser qualquer pessoa (é

crime comum); o sujeito passivo também pode ser qualquer pessoa viva,
exceto nas figuras qualificadas dos §§ 1º, IV e 2º, V, nas quais somente a
mulher grávida pode figurar como sujeito passivo.

1.3– Consumação e tentativa – consuma-se o delito com a efetiva lesão à

integridade física ou a saúde de outrem. A pluralidade de lesões inflingidas


num único processo de atividade não altera a unidade do crime. A tentativa
é admissível, salvo nas modalidades culposa e preterdolosa. Caracteriza-se
a tentativa quando o agente age com animus leadendi, mas não consegue
concretizar o crime por circunstâncias alheias à sua vontade (é impedido
por terceiro, por exemplo).

1.4– Lesão corporal leve ou simples – a definição de lesão corporal leve é

formulada por exclusão, ou seja, configura-se quando não ocorrer nenhum


dos resultdados previstos nos §§ 1º, 2º, 3º e 6º do art. 129 do CP. A lesão
corporal abrange ofensa à saúde do corpo e da mente, além de ofensa à
integridade corpórea. A lesão corporal docaput do art. 129 do CP é sempre
dolosa e, nesse caso, exige os seguintes requisitos: a) dano à integridade
física ou à saúde de outrem; b) relação causal entre a ação e o resultado; c)
animus leadendi. A previsão do § 5º do art. 129 destina-se somente à lesão
corporal leve. Por fim, é preciso lembrar que a lesão corporal leve exige
representação, conforme art. 88 da Lei 9.099/95.

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1.5– Aplicação do princípio da insignificância na lesão corporal leve –

freqüentemente, condutas que se amoldam a determinado tipo penal, sob o


ponto de vista formal, não apresentam nenhuma relevância material.
Nessas circunstâncias, pode-se afastar liminarmente a tipicidade penal,
porque, em verdade, o bem jurídico não chegou a ser lesado. Em função
disso, alguns autores entendem que a lesão à integridade física ou à saúde
deve ser, juridicamente, relevante. É indispensável, em outros termos, que
o dano à integridade física ou à saúde não seja insignificante (Cezar Roberto
Bitencourt, Rogério Greco e outros). A irrelevância deve ser aferida não
apenas em relação à importância do bem jurídico tutelado, mas,
especialmente em relação ao grau de sua intensidade. Para alguns, deve
ser aferida a insignificância não apenas em relação ao desvalor do
resultado, mas também, em relação ao desvalor da ação.

1.6– Lesão corporal grave: hipóteses – o § 1º do art. 129 relaciona quatro

hipóteses que qualificam a lesão corporal, quais sejam: 1)incapacidade

para as ocupações habituais, por mais de 30 dias – relaciona-se ao

aspecto funcional e não apenas econômico (trabalho, lazer, recreação etc.).


Por isso, crianças e até bebês podem ser sujeitos passivos desta modalidade
de lesão corporal. A simples vergonha de aparecer em público em razão das
lesões, por si só, não qualifica o crime. A atividade deve ser lícita, mas,
pode ser imoral, tal como: prostituição (que não é ilícita). Somente o exame
de corpo de delito é insuficiente para a caracterização dessa qualificadora,
exigindo-se o exame complementar logo que tenha decorrido o prazo de 30
dias, exame esse que pode ser suprido por prova testemunhal (art. 167, §§
2º e 3º do CPP); 2) perigo de vida (perigo de

morte) – deve haver não a simples possibilidade, mas, a probabilidade

concreta e efetiva de morte quer como conseqüência da própria lesão, quer


como resultado do processo patológico que esta originou. O perigo deve ser
pericialmente comprovado. Se a probabilidade de morte da vítima tiver sido
objeto do dolo do agente, o crime será o de tentativa de homicídio e não de
lesões corporais; 3) debilidade permanente de membro, sentido

ou função –debilidade é a redução ou enfraquecimento da capacidade

funcional da vítima. Permanente é a debilidade de duração imprevisível

(não é necessário que seja definitiva, perpétua e impassível de tratamento).

Membros são partes do corpo que se prendem ao tronco. Sentidoé a

faculdade de percepção e de comunicação (visão, audição, olfato, paladar e


tato).Função é a atividade específica de cada órgão do corpo humano
(respiratória, circulatória etc.); 4) aceleração de parto – é a antecipação

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