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Alagoas, 2009
Esta proposta foi elaborada por técnicos da SEE/AL, com o apoio de consultores do MEC-
PNUD e passou a denominar-se PROGRAMA GERAÇÃO SABER, o qual pressupõe a implantação
de ações de universalização do acesso, de garantia de permanência e de aprimoramento das práticas
pedagógicas desenvolvidas pelas escolas públicas do estado, assim como a integração das redes
estadual e municipais de ensino, a adequação organizacional e do gerenciamento da SEE/AL em
todas as suas instâncias administrativas, sua qualificação no campo da Tecnologia da Informação e
da Comunicação e na melhoria das condições da rede estadual de ensino.
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Ação 4 – Padrões de funcionamento das Coordenadorias Regionais de Educação e escolas.
Ação 5 – Implantação de Sistema de Gestão Corporativa.
Ação 6 - Implantação de Sistema de Gestão da Rede Escolar.
Ação 7 – Implantação de Sistema de Gestão da Escola.
Ação 8 – Mobilização Interna da SEE/AL para o Compromisso de Todos pela Educação.
Ação 9 – Mobilização e Controle Social da Educação em Alagoas.
Ação 10 – Fortalecimento dos Órgãos Colegiados da SEE/AL.
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APRESENTAÇÃO
O desafio é grande, mas maior do que ele deve ser o compromisso e a participação de toda a
sociedade, já que a implantação do Programa Aracê pressupõe a parceria entre Estado, Municípios
e sociedade civil organizada no aprimoramento da qualidade da educação pública; no sentido de
promover a alfabetização de todas as crianças, jovens e adultos, de reduzir as desigualdades
existentes através da ampliação das oportunidades de acesso à escolarização e de direcionar,
prioritariamente, seus recursos técnicos e financeiros para a alfabetização.
O público a ser atendido pelo presente programa é organizado nesta proposta em quatro
grupos:
1. Crianças de 6 a 8 anos de idade matriculadas regularmente nos anos iniciais do Ensino
Fundamental da rede pública do Estado;
2. Crianças e adolescentes a partir de 9 anos ainda não alfabetizados, matriculados
regularmente nos anos iniciais do Ensino Fundamental e em situação de distorção idade/ano
escolar;
3. Crianças e adolescentes a partir de 11 anos ainda não alfabetizados, matriculados
regularmente nos anos finais do Ensino Fundamental;
4. Jovens, adultos e idosos ainda não alfabetizados.
Trata-se de uma política pública de grande porte e de suma importância para a inclusão
social no Estado de Alagoas, uma vez que garante a todos o direito inalienável à educação,
oportuniza a continuidade dos estudos, amplia os horizontes e as perspectivas de inserção social,
promove a elevação cultural e instrumentaliza os cidadãos para o enfrentamento dos desafios da vida
contemporânea.
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SUMÁRIO
7.2. Crianças e adolescentes em distorção idade/ano escolar matriculadas nos anos iniciais do
Ensino Fundamental.........................................................................................................................19
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SIGLAS UTILIZADAS
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1. INTRODUÇÃO
Por sua relevância social, a educação é tema central dos debates nacionais, sendo
destacada como área prioritária nas políticas de governo, porém, o Brasil ainda está longe de resolver
problemas considerados primordiais como a erradicação do analfabetismo e a melhoria da qualidade
da aprendizagem dos alunos.
Nessa perspectiva, a alfabetização se consolida como uma política de Estado, já que é uma
das etapas do processo de educação escolar e, portanto, um direito social garantido na Constituição
da República Federativa do Brasil. Além disso, a inclusão social pressupõe a garantia de acesso à
leitura e à escrita; uma vez que a sociedade de hoje se constitui numa sociedade letrada e,
considerando que o domínio dessas habilidades é determinante nesse processo de inclusão dos
cidadãos não alfabetizados, a alfabetização deve se efetivar enquanto política pública prioritária em
qualquer comunidade.
Nesse sentido, Alagoas apresenta dados tão preocupantes quanto o restante do país, pois o
índice de analfabetismo no Estado atinge 25,1% da população acima de 15 anos de idade, segundo
dados do PNAD/IBGE1, num total de 567 mil analfabetos. Nesse contexto, a transformação da
realidade educacional de Alagoas passa, necessariamente, pela superação do analfabetismo.
Além disso, foram objeto de estudo os programas de alfabetização já implantados nas redes
públicas do estado, analisados quanto à concepção teórica, ao método proposto, à forma de
operacionalização, aos resultados e entraves no processo de implantação: Programa de Formação de
1
Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio – PNAD, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE
(2007).
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Professores Alfabetizadores – PROFA (2003-2006); Escola Ativa; Programa de formação de
professores dos anos iniciais do Ensino Fundamental – PRÓ-LETRAMENTO; Programa de apoio à
leitura e à escrita – PRALER, Brasil Alfabetizado; SABER; Proposta Pedagógica de EJA-AL;
Movimento de Alfabetização de Jovens e Adultos – MOVA; Alfa e Beto; Projeto de Intervenção
Pedagógica para escolas com Ideb abaixo de 2.5; e SESC LER.
Essas análises apontaram que os programas ofertados pelo Ministério da Educação (MEC)
trazem no seu bojo uma concepção de ensino-aprendizagem solidamente fundamentada e que, se
desenvolvidos adequadamente conforme suas diretrizes e inseridos numa proposta de formação
continuada permanente dos professores, contribuem efetivamente na alfabetização dos alunos de
forma satisfatória. A partir das análises realizadas conclui-se que os problemas historicamente
relacionados à alfabetização no estado não dizem respeito à qualidade dos programas adotados, mas
à falta de um gerenciamento mais efetivo, de condições de infraestrutura adequadas à
implementação nas escolas, de mecanismos de acompanhamento e controle dos programas e de
avaliação dos resultados junto às escolas, entre outros.
“No mapa das desigualdades educacionais, o Brasil não perdoa. É verdade que a
universalização tem levado praticamente toda criança em idade escolar para a escola -
94,5% das crianças entre 7 e 14 anos. O desafio é abrir vagas para portadores de
necessidades especiais e manter todas as crianças nas salas de aula. A taxa de evasão
é de 6,9%. No Nordeste, este índice sobe para 8,8%. No Brasil, a taxa de conclusão da
4ª série alcança 89%, um número que cai dez pontos percentuais, quando se trata de
Nordeste. No Sul, sobe para 96%. As causas da evasão escolar estão ligadas às
condições econômicas e sociais adversas de grande proporção de alunos da rede
pública. O percentual de alunos de 1ª e 8ª séries, oriundos de famílias com renda per
capita inferior a meio salário mínimo, é de 55,4% e 36,4%, respectivamente.”
(CONFEDERAÇÃO NACIONAL DOS TRABALHADORES EM EDUCAÇÃO, 2008)
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Dentre os 20% mais pobres e os 20% mais ricos da população, a desigualdade é gritante.
Nessa faixa de renda, percebe-se que 24,8% dos mais pobres estão na escola em contraposição a
76,1% dos mais ricos.
Números áridos e desafio emergente para uma realidade que tem como metas do milênio
garantir, até 2015, que todas as crianças terminem o ciclo completo da Educação Básica.
Embora se considere que, nas últimas décadas, grandes mudanças foram geradas na prática
da alfabetização nas escolas brasileiras, como se pode ver, estas ainda não têm sido suficientes para
provocar uma transformação significativa no quadro do fracasso escolar. Constatação que pode ser
comprovada pelos dados da realidade educacional, pois, de acordo com as estatísticas do
IBGE/INEP2, o índice de aprovação do 1° ano do ensino primário 3 em 1956 era de 41,8%, o que
representava um fracasso escolar de 58,2%, isto é, mais da metade das crianças que freqüentavam a
escola não aprendiam a ler e a escrever. Vale ressaltar que, além de altos índices de reprovação, as
oportunidades de acesso à educação escolar eram também extremamente limitadas, uma vez que,
até 1950, mais da metade da população brasileira era analfabeta.
Nas décadas seguintes, os dados se mostraram otimistas: em 1987, auge dos debates
educacionais em torno da democratização da educação no Brasil, o índice de aprovação na 1ª série
foi de 47%; em 1997 de 65%; e em 2005 de 82,4%.
É possível observar que, a partir da década de 90, houve um declínio progressivo das taxas
de reprovação no início do Ensino Fundamental, em decorrência da adoção, por muitos Estados, de
medidas de redução dos índices de reprovação escolar, tais como: sistema de ciclos, projetos
especiais de alfabetização, reforço escolar no contra turno, salas de apoio, aceleração de estudos,
progressão continuada, promoção automática, correção de fluxo escolar, dentre outros.
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Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira - INEP.
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Segundo Ghiraldelli Jr (1990), o ensino primário era o primeiro nível de ensino na organização proposta pelo
Decreto-lei n°. 8.529/1946, composto de quatro anos obrigatórios e mais um ano complementar. Seria
correspondente hoje aos cinco primeiros anos do Ensino Fundamental.
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Fundamental das escolas públicas, como, também, dos jovens, adultos e idosos que não tiveram a
oportunidade de construir essa aprendizagem em idade regular.
Percebe-se, assim, que apesar dos avanços teórico-metodológicos construídos a partir dos
anos 80, esses não se consolidaram essencialmente nas práticas pedagógicas da maior parte dos
alfabetizadores. O que se observa até os dias de hoje é a supressão de algumas práticas do método
tradicional de alfabetização e a incorporação de alguns elementos dos métodos progressistas,
principalmente, no discurso pedagógico. Essa constatação incitou uma polêmica sobre os métodos de
alfabetização, alegando-se que os dados apresentados eram decorrentes dos novos métodos
incorporados nas propostas curriculares na década de 80, sem considerar que em décadas anteriores
os índices de fracasso escolar, sempre foram muito altos, conforme os dados estatísticos citados
acima.
Pode-se constatar que apenas 1% dos alunos matriculados nas 4ª séries do Ensino
Fundamental das escolas alagoanas apresentou leitura adequada ao ano escolar; 73,2% dos alunos
da 4ª série do ensino fundamental apresentaram desempenho crítico ou muito crítico em leitura6.
Esses dados revelam que mais da metade dos alunos não dominam as habilidades básicas de leitura.
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A implantação dos diferentes métodos de alfabetização nos sistemas de educação sofrem influência dos ideais
da política de cada governo, o que não significa que os professores tenham incorporado as novas práticas em
suas aulas, apesar do discurso pedagógico convergir com os ideais da política vigente – ver Mortatti (2000).
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O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) foi criado em 2007 para medir a qualidade de cada
escola e de cada rede de ensino. O indicador é calculado com base no desempenho do estudante em avaliações
do Inep e em taxas de aprovação. O índice é medido a cada dois anos e o objetivo é que o país, a partir do
alcance das metas municipais e estaduais, tenha nota 6 em 2022 – correspondente à qualidade do ensino em
países desenvolvidos.
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Alunos com desempenho muito crítico significa que não desenvolveram habilidades de leitura mínimas
condizentes com quatro anos de escolarização, não foram alfabetizados adequadamente, não conseguiram
responder os itens da prova. Alunos com desempenho crítico não são leitores competentes, lêem de forma ainda
pouco condizente com a série, construíram o entendimento de frases simples, são leitores ainda no nível
primário, decodificam apenas a superfície de narrativas simples e curtas, localizando informações explícitas,
dentre outras habilidades.
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Fonte: SAEB/INEP - 2003
Dados mais recentes como o IDEB (2007) mostraram que, no Estado, a população concluinte
dos anos iniciais do ensino fundamental apresentou um desempenho de leitura em torno de 30% do
esperado para o período. Ainda assim, o Estado demonstrou um avanço em relação aos índices do
IDEB, passando de 2,9 em 2005 para 3,3 em 2007. A realidade das escolas públicas de Alagoas
também pode ser comprovada pelos resultados da Provinha Brasil (2008) ao apontar que 52% dos
alunos, matriculados no segundo ano de escolarização das escolas públicas da rede estadual de
Alagoas, não estavam alfabetizados no início do ano letivo e desses, 14% concluíram o ano sem se
alfabetizar.
O baixo desempenho escolar, reflexo da falta de qualidade do ensino ofertado pelas escolas
públicas de Alagoas, é expresso nos altos índices de reprovação e de abandono escolar nos anos
iniciais do ensino fundamental. Esse baixo desempenho vem decrescendo continuamente no decorrer
dos anos. Em 1999, a reprovação na 1ª série na rede estadual foi de 24,4% e o abandono 26,3%,
mas em 2007 o índice de reprovação caiu para 5,8 e o abandono para 15,4% (MEC/INEP - 2007).
Apesar da redução dos índices de fracasso escolar na 1ª série, esses resultados são insatisfatórios e
ainda persistem em todos os anos/séries do ensino fundamental, ocasionando várias repetências ao
longo da escolarização.
Além disso, segundo dados do PNAD/IBGE - 2007, Alagoas tem aproximadamente 567 mil
analfabetos acima de 15 anos de idade, o que representa 25,1% da população nessa faixa etária.
Esses dados confirmam as informações do Fórum Alagoano de Educação de Jovens e Adultos -
FAEJA (2006), que revelam um índice de analfabetismo absoluto de 25,1% e 46% de analfabetismo
funcional, considerando-se a população acima de 15 anos. No Brasil, os registros são de 10,2% de
analfabetismo absoluto e de 26% de analfabetismo funcional.
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Ao longo dos últimos anos, diversas iniciativas foram tomadas no intuito de reverter os índices
de fracasso escolar nos anos iniciais do Ensino Fundamental e o analfabetismo dos jovens, adultos e
idosos alagoanos, como o investimento na formação continuada dos professores alfabetizadores e a
oferta de vagas em programas de alfabetização. Apesar de todos os esforços, os índices ainda
continuam insatisfatórios, tornando-se mais do que nunca um desafio a ser enfrentado por todos que
fazem a educação deste Estado.
O Rio Grande do Sul adotou em todo o estado programas do Instituto Airton Senna, Alfa e
Beto e GEEMPA, credenciados ao MEC, para alfabetização das crianças de 6 a 8 anos e com
distorção idade/ano escolar. No intuito de traçar metas foi construída uma matriz de competências e
habilidades cognitivas em leitura, escrita e matemática. Todo o trabalho foi acompanhado por uma
equipe de assessores técnico-pedagógicos; além de uma avaliação externa, realizada no início e no
final do processo.
No Ceará, após pesquisa sobre o nível de alfabetização das crianças do 2°. ano do ensino
fundamental foi construído o Programa “Alfabetização na idade certa”, com o intuito de melhorar a
qualidade da aprendizagem da leitura e da escrita das crianças em idade regular.
Entender que tudo pode ser representado de diversas formas e por meio de diferentes
linguagens e, mais do que isso, compreender que as sociedades estabelecem códigos próprios para
fazer essa representação, parece ser simples para os já alfabetizados; contudo, se caracteriza como
aquisição mais difícil para aqueles que ainda não consolidaram esse processo. Qualquer aprendiz da
escrita, para aprender as suas convenções deve dar conta de uma tarefa conceitual: compreender
como o sistema funciona.
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Textos, frases, palavras, sílabas e letras são construções que fazem parte do processo de
alfabetização; codificar, decodificar, representar e organizar as idéias atribuindo intencionalidade e
significado, tarefas nada fáceis para quem se inicia na leitura e na escrita e, nesse processo, precisa
aprimorar também a sua linguagem oral.
A partir dessas considerações é possível afirmar que alfabetizar não é apenas ensinar a
codificar e decodificar palavras (mas é também), significa investir na construção de uma
aprendizagem que consolide o ato de ler e escrever de forma significativa.
Essa polêmica conceitual também tem provocado a discussão sobre a eficiência e eficácia
dos diferentes métodos de alfabetização. Nessa discussão, cabe lembrar que o ensino da leitura e da
escrita, ao longo da história da educação brasileira, foi marcado pela implantação de inúmeros e
diferentes métodos de alfabetização e, em alguns casos, com pressupostos teóricos completamente
divergentes. Na prática escolar, a falta de aprofundamento e de compreensão desses métodos e das
suas finalidades faz com que os alfabetizadores se apropriem de partes e/ou determinados aspectos
de métodos considerados completamente diferentes e divergentes do ponto de vista conceitual e
metodológico.
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O termo alfabetização representa o domínio da tecnologia da leitura e da escrita, ou seja, codificar e decodificar
em língua escrita.
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A concepção de letramento adotada para este trabalho é a definida por Soares (1998) como sendo o conjunto
de práticas sociais que estão ligadas à leitura e à escrita, através das quais os indivíduos se envolvem em seu
contexto social.
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Portanto, faz-se necessário ressaltar que este é um conhecimento indispensável à formação
do professor alfabetizador e que a escola deve promovê-lo, visto que as referidas categorias devem
ser vividas, conjuntamente, desde o início da escolarização.
Dessa forma, apresenta como metas a alfabetização de 100% das crianças com 8 anos de
idade, matriculadas no Ensino Fundamental; a redução do índice de distorção idade/escolaridade nos
anos iniciais do Ensino Fundamental da rede pública estadual de ensino em 100%; a alfabetização de
10% das crianças e adolescentes matriculados nos anos finais do Ensino Fundamental das escolas
públicas do Estado e a redução do índice de analfabetismo absoluto em Alagoas em 5% até 2010.
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Os programas credenciados atualmente junto ao MEC e constantes do Guia de Tecnologias Educacionais do
Ministério são: GEEMPA; Instituto Alfa e Beto (IAB) e os programas Se Liga e Acelera Brasil, do Instituto Ayrton
Senna (IAS).
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Serão implantadas turmas de alfabetização nas escolas públicas em que haja demanda comprovada
e espaço adequado, sendo garantido o prosseguimento da escolarização desses alunos, oriundos
das turmas de alfabetização, através da matrícula nas escolas das redes públicas de ensino. Além
disso, será realizada uma campanha estadual junto à sociedade civil organizada em prol da
alfabetização da população alagoana. Nesse intuito, serão promovidas parcerias com entidades
governamentais e não-governamentais, empresas e outros interessados na alfabetização dessa
categoria populacional.
6. OBJETIVOS
O Programa Aracê se destina a toda a população alagoana ainda não alfabetizada. Sua
divisão em quatro grupos visa a melhor organização de ações efetivas de alfabetização de acordo
com a faixa etária e as necessidades pedagógicas, a saber:
Esse grupo etário se refere às crianças em idade escolar regular, matriculadas nos anos
iniciais (1°, 2° e 3° ano) do Ensino Fundamental, inseridas na primeira fase de alfabetização e
letramento. Segundo Piaget (1978), as crianças dessa faixa etária são capazes de substituir um
objeto ou acontecimento por um signo (palavras, números) ou símbolos; elas já possuem esquemas
representativos construídos, conseguem diferenciar um significante (imagem, palavra ou símbolo)
daquilo que ele significa (o objeto ausente), o significado.
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Neste momento, ocorre a pressa pela realidade concreta, os procedimentos cognitivos não
envolvem a possibilidade de lógica independente da ação; todas as ações empreendidas pela criança
são para organizar o que está imediatamente presente. Assim sendo, é o período ideal para a
aquisição da linguagem escrita, tanto da compreensão do funcionamento do código lingüístico,
quanto da sua função social.
7.2. Crianças e adolescentes em distorção idade/ano escolar matriculadas nos anos iniciais do
Ensino Fundamental
Esse grupo é formado por crianças/adolescentes matriculadas nos anos iniciais (1° ao 5° ano)
do Ensino Fundamental em situação de distorção idade/ano escolar e ainda não alfabetizadas. Essa
situação é decorrente de vários fatores, tais como: múltiplas repetências, ingresso tardio no processo
escolar, mudança do local de moradia da família, falta de incentivo dos pais e familiares, falta de
professores no local de moradia, falta de transporte escolar que possibilitasse a chegada na escola,
dentre outros. São alunos que em virtude de ainda não dominarem a tecnologia da escrita e,
consequentemente, não fazer o uso social da língua acabam por não conseguir efetivar as
aprendizagens básicas para promoção escolar. Dessa forma, esse público necessita de um programa
que possibilite a alfabetização em no máximo um ano letivo para que se possa dar continuidade à
escolarização, com a possibilidade de aceleração dos estudos mediante o instrumento da
reclassificação previsto na LDBEN Nº 9.394/96.
Esse grupo é formado por crianças/adolescentes matriculadas nos anos finais (6° ao 9° ano)
do Ensino Fundamental, os quais ainda não dominam a tecnologia da escrita e/ou não fazem uso
social da escrita. Essa situação é decorrente na maioria das vezes por problemas no processo de
ensino-aprendizagem, bem como por avaliações inadequadas, dentre outros. São alunos que em
virtude de ainda não dominarem as habilidades da leitura e da escrita não conseguem efetivar as
aprendizagens básicas para promoção escolar.
Dessa forma, esse público necessita de um programa que possibilite a alfabetização e/ou
práticas de uso social da língua escrita para o prosseguimento dos estudos. Nesse sentido, o
Laboratório de Aprendizagem se apresenta como o espaço adequado para esse trabalho, uma vez
que esse público necessita de atendimento em questões específicas de ensino-aprendizagem no
contra turno.
Esse grupo é constituído por 71,1% da população alagoana, sendo 25,1% de analfabetos
absolutos e 46% de analfabetos funcionais (PNAD/IBGE/2007).
A quase totalidade dos sujeitos que constitui esse público é de trabalhadores, que acumulam
responsabilidades profissionais e domésticas e/ou reduzindo seu pouco tempo de lazer ingressam em
turmas de alfabetização com a expectativa de melhorar suas condições de vida. A maioria desse
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público nutre a esperança de dar continuidade aos estudos, concluindo o Ensino Fundamental, para
poder ter acesso a outros graus de ensino e a habilitações profissionais.
A procura pela escola enquanto iniciativa dos alunos da EJA implica uma decisão que
envolve suas famílias, patrões, condições de acesso e permanência, possibilidades de custeio dos
estudos e, muitas vezes, trata-se de um processo contínuo de idas e vindas, de ingressos e
desistências. Ir à escola, para esses indivíduos é antes de tudo, um desafio, um projeto de vida.
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- Prestar apoio técnico às redes municipais de ensino na implantação dos programas de
correção de fluxo adotados;
- Acompanhar e monitorar a execução do cronograma proposto pelos programas adquiridos;
- Realização de seminário de avaliação dos programas e dos resultados do desempenho
escolar dos alunos inclusos nos programas.
- Formação continuada dos professores alfabetizadores de acordo com o Programa de
correção de fluxo escolar adquirido pelo MEC;
9. CRONOGRAMA
Ações Duração
Adequação do Plano Plurianual de Alfabetização do Programa Brasil Alfabetizado ao
15 dias
Programa Aracê.
Realização de seminários regionais para divulgação e adesão ao Programa 2 meses
Realização de chamada pública para levantamento da demanda da população jovem
2 meses
e adulta a ser alfabetizada.
Realização de chamada pública para matrícula da população jovem e adulta a ser
2 meses
alfabetizada.
Realização de chamada pública para matrícula da população em idade obrigatória nas
3 meses
escolas públicas.
Estabelecimento de parcerias com instituições, secretarias municipais e empresas na
4 meses
oferta da alfabetização de jovens e adultos.
Planejamento de curso de Fundamentos e Práticas em Língua Portuguesa e
1 mês
Matemática para professores alfabetizadores.
Planejamento de curso de formação para professores-alfabetizadores dos
1 mês
Laboratórios de Aprendizagem.
Adequação do programa de alfabetização de alunos em distorção idade/ano escolar
3 meses
nos anos iniciais do Ensino Fundamental.
Formação continuada dos professores alfabetizadores da rede estadual e das redes
12 meses
municipais do regime de colaboração.
Implantação do programa de alfabetização de alunos em distorção idade escolaridade
15 meses
dos anos iniciais do Ensino Fundamental, adotado pelo MEC.
Implantação e implementação do kit de leitura nas escolas estaduais. 4 meses
Implementação dos Laboratórios de Aprendizagem nas escolas para atendimento
pedagógico aos alunos dos anos finais do Ensino Fundamental ainda não 15 meses
alfabetizados.
10. METAS
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grupos a serem atendidos e as possibilidades de implantação das ações, no período de 2009 e 2010.
Sendo previstas para um período de dois anos as seguintes metas:
• Alfabetizar 100% das crianças até os 8 anos de idade, matriculadas nas escolas públicas de
Ensino Fundamental do Estado, no período de 2009 e 2010, o que corresponde a
aproximadamente 11.000 alunos;
• Reduzir em 100% os índices de analfabetismo dos alunos em situação de distorção
idade/escolaridade, matriculados nos anos iniciais (1° ao 5° ano) do Ensino Fundamental da rede
pública no período de 2009 e 2010, equivalente a aproximadamente 10.000 alunos;
• Alfabetizar 10% das crianças e adolescentes, ainda não alfabetizados, matriculados nos anos
finais do Ensino Fundamental das escolas públicas do Estado até 2010, o que corresponde a
aproximadamente 9.000 alunos;
• Reduzir de 25% para 19% o índice de analfabetismo na faixa etária acima de 15 anos de idade no
período de dois anos (2009 e 2010), equivalente a cerca de 100.000 jovens, adultos e idosos.
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Ação prevista pelo Programa de Formação
454.460,00
Continuada
3. Aquisição de kit de material didático
3.1. Aquisição do kit de leitura Kit de acervo bibliográfico 338
para todas as escolas da rede
(Assistência técnica do MEC)
estadual.
Kits de jogos de língua portuguesa e
3.2. Aquisição de jogos para os 338
matemática
Laboratórios de Aprendizagem.
(Assistência técnica do MEC)
TOTAL GERAL 1.805.060,00
A avaliação do desempenho escolar dos alunos no início e no final de cada etapa trabalhada
é necessidade básica para o sucesso do Programa Aracê. Nesse sentido, a definição de critérios de
avaliação das aprendizagens esperadas, expressos no Referencial Curricular da Educação Básica
das escolas Públicas de Alagoas, é fundamental para a avaliação dos resultados da aprendizagem.
Vários instrumentos de avaliação já em curso, tais como Provinha Brasil, as provas do SAEB
e do SAVEAL e os testes cognitivos do Brasil Alfabetizado são fundamentais na análise dos avanços
e dificuldades do Programa. Nesse sentido, o retorno dos resultados dessas avaliações é condição
para que essa análise e discussão ocorra no interior da escola, para o redimensionamento da prática
pedagógica, indicação de encaminhamentos com vista à formação continuada dos professores
alfabetizadores.
A avaliação do processo e dos resultados permite a retomada dos pontos que, por ventura,
estejam fragilizados no Programa Aracê, possibilitando a reprogramação de ações e a revisão de
aspectos impeditivos do êxito do Programa, traduzido na efetiva aprendizagem dos alunos.
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14. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
______. Proposta Pedagógica para Educação Básica de Jovens e Adultos. Maceió: SEE, 2003.
BRASIL. Pró-Letramento: programa de formação continuada dos professores dos anos/séries iniciais
do Ensino Fundamental. Brasília: MEC, 2007
SOARES, Magda. Letramento: um tema em três gêneros. Belo horizonte: Autêntica, 1998.
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