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Regras básicas de nomenclatura

A nomenclatura binomial é o método formal e o único universalmente aceite para a


atribuição do nome científico a espécies (com exceção dos vírus). Como o termo
"binomial" sugere, o nome científico de uma espécie é formado pela combinação de
dois termos: o nome do gênero e o descritor específico. Apesar de alguns pormenores
diferirem consoante o campo da Biologia em que a espécie se insere, os traços
determinantes do sistema são comuns e universalmente adaptados:

• As espécies são identificadas por um binome, isto é um nome composto por


dois nomes: um nome genérico e um descritor específico.
• As subespécies têm um nome composto por três nomes, ou seja um trinome,
colocados pela seguinte ordem: nome genérico, descritor específico e descritor
subespecífico.
• Todos os taxa hierarquicamente superiores à espécie tem nomes compostos
por uma única palavra, ou seja um "nome uninominal".
• Os nomes científicos devem ser sempre escritos em itálico, como em Homo
sapiens. Quando manuscritos, ou quando não esteja disponível a opção de
escrita em itálico, devem ser sempre sublinhados.
• O primeiro termo, o nome genérico é sempre escrito começando por uma
maiúscula, enquanto o descritor específico (em zoologia, o nome específico, em
botânica o epíteto específico) nunca começa por uma maiúscula, mesmo
quando seja derivado de um nome próprio ou de uma designação geográfica.

Por exemplo, Canis lupus ou Anthus hodgsoni. Note-se que esta convenção é
recente: Carolus Linnaeus usava sempre maiúscula no descritor específico e até
princípios do século XX era prática comum capitalizar o descritor específico se
este derivasse de um nome próprio. Apesar de incorrecto pelos padrões actuais,
e inaceitável em contexto científico, a utilização de descritores específicos com
maiúscula é relativamente comum em literatura não científica, particularmente
quando reproduza fontes desactualizadas. Quando nomes de pessoas são
latinizados, a terminação i é acrescentada ao nome masculino e a terminação
ae é acrescentada ao nome feminino.

• Em textos acadêmicos e científicos, a primeira referência a um taxon,


nomeadamente a uma espécie, é seguida da sobrenome do cientista que
primeiro validamente o publicou (na zoologia) ou da sua abreviatura padrão
(botânica e micologia). Se a espécie teve a sua posição taxonómica alterada por
inclusão em gênero diferente do original, o sobrenome ou a abreviatura padrão
do autor original e a data de publicação original são fornecidos em parêntesis
antes da indicação de quem publicou o novo nome.

Por exemplo, Amaranthus retroflexus L. ou Passer domesticus (Linnaeus, 1758)


– o último foi originalmente descrita como uma espécie do género Fringilla, daí
o parêntesis.

• Quando usado em conjunção com o nome vernáculo da espécie, o nome


científico normalmente aparece imediatamente a seguir no texto, incluído em
parêntesis.

Por exemplo, "A população do pardal doméstico (Passer domesticus) está a


decrescer na Europa."
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• O nome científico deve ser sempre usado por extenso na sua primeira
ocorrência no texto e sempre que diversas espécies do mesmo género
estiverem a ser discutidas no mesmo documento. Nos usos subsequentes, as
referências podem ser abreviadas à inicial do género, seguida de um ponto e do
nome específico completo.

Por exemplo, após a primeira referência, Canis lupus pode ser referido como
C. lupus. Em alguns casos, em literatura não científica, a abreviatura é mais
conhecida do que o nome completo da espécie: — a bactéria Escherichia coli é
frequentemente referida simplesmente por E. coli; o Tyrannosaurus rex é
provavelmente mais conhecido por T. rex.

• A abreviatura "sp." (zoologia) ou "spec." (botânica) é usada quando o nome da


espécie não pode ou não interessa ser explicitado. A abreviatura "spp." (plural)
indica "várias espécies".

Por exemplo: "Canis sp." significa "uma espécie do gênero Canis".

• Facilmente confundível com a anterior são as abreviaturas "ssp." (zoologia) e


"subsp." (botânica), que indicam uma subespécie não especificada (veja trinome,
nome ternário). As abreviaturas "sspp." ou "subspp." indicam "um número não
especificado de subespécies".

• A abreviatura "cf." é utilizada quando a identificação da espécie requer


confirmação por ser incerta ou estar a ser citada através de uma referência
secundária não verificável.

Por exemplo Corvus cf. corax indica "um pássaro similar ao corvo-comum, mas
não identificado com segurança como sendo da espécie.

• A nomenclatura binomial é também referida como Sistema de classificação


binomial ou como sistema lineano.

Vantagens da nomenclatura binomial

As principais vantagens da nomenclatura binomial derivam essencialmente da sua


economia descritiva, do seu uso generalizado e da estabilidade de nomes que é por
ele favorecida:

• Todas as espécies podem ser identificadas, sem risco de ambiguidade, por


apenas duas palavras.
• O mesmo nome é de uso universal, independente da língua de trabalho,
evitando erros e problemas de tradução.
• Apesar da estabilidade dos nomes estar longe de ser uma regra absoluta, os
procedimentos estabelecidos em relação à renomeação de espécies favorecem
fortemente a estabilidade. Por exemplo, quando uma espécie é transferida para
um género diferente, o que não é incomum face aos avanços da ciência,
sempre que possível o descritor específico é mantido. O mesmo acontece
quando uma espécie é desqualificada como independente e é integrada noutra
pré-existente, situação em que o descritor é mantido ao nível subespecífico.

Apesar de as regras existentes terem como objetivo garantir que cada nome é único e
que não há ambiguidades na nomenclatura, na prática algumas espécies têm vários
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nomes científicos em circulação na literatura, o uso de cada um deles dependendo da
opinião taxonômica do autor do texto. Daí que a sinonímia biológica seja um campo
de grande complexidade, sendo frequente o aparecimento de espécies com longas
listas de sinônimos.

A mais importante fonte de instabilidade no sistema binomial é a ressurreição de


nomes esquecidos, mas para os quais se pode reclamar validamente prioridade na
publicação. Neste caso, contudo, nos códigos de nomenclatura estão previstas normas
de conservação de nomes que permitem a manutenção, pelo menos em certos casos,
do nome de uso mais comum.

Códigos de nomenclatura

A partir de meados do século XIX passou a ser aparente a necessidade de um corpo


de regras que governassem de forma inequívoca a atribuição de nomes científicos.
Tais normas foram inicialmente vertidas nos atuais códigos de nomenclatura: o ICZN,
governando a atribuição de nomes a animais; o ICBN, governando a atribuição de
nomes a plantas, incluindo os fungos, algas e cianobactérias; e o ICNB governando a
nomeclatura de bactérias e vírus. Apesar de um crescente esforço de convergência,
estes códigos diferem em aspectos significativos:

• Por exemplo, o ICBN, o código da botânica, não permite o uso de tautônimos,


isto é a utilização de um descritor específico igual ao nome do gênero, o que é
permitido pelo ICZN, o código zoológico.
• As datas a partir das quais os códigos se aplicam variam: na botânica o ponto
de partida é em geral 1753, o ano em que Carolus Linnaeus publicou a 10ª
edição de Species Plantarum); em zoologia é 1758; em bacteriologia foi
decidido que a data de referência inicial é 1980.

Diversos autores têm sugerido a aprovação de um BioCode que substituísse todos os


códigos, mas a sua implementação não está para breve. Há também um debate em
torno do desenvolvimento de um PhyloCode, criando uma classificação e uma
nomenclatura assente em clades das árvores filogenéticas, em vez dos taxa atuais. Os
proponentes do PhyloCode referem-se aos códigos existentes como os "códigos
lineanos" e denominam "taxonomia lineana" à classificação científica feita com base
nesses códigos.

Derivação de nomes

O nome do gênero e do descritor específico podem derivar de qualquer palavra ou


provir de qualquer fonte, tendo apenas como exigência serem latinizados. Em geral
são palavras latinas, mas muitas delas são derivadas de palavras do grego antigo, de
nomes de regiões ou lugares, do nome de pessoas ou de uma palavra numa língua
vernácula. Na prática, os taxonomistas têm criado nomes a partir de uma imensa
variedade de fontes de inspiração, incluindo alguns casos em que se pretendeu ser
jocoso ou criar trocadilhos.

Contudo, os nomes são sempre tratados gramaticalmente como se fossem uma frase
latina. Por essa razão, o nome científico da espécie é frequentemente referido como o
"nome latino" da espécie, apesar da expressão não colher a aprovação de
taxonomistas e de filologistas, os quais tendem a favorecer a designação, mais
neutra, de "nome científico".
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O nome do gênero deve obrigatoriamente ser único dentro de cada reino. Os
descritores específicos são frequentemente repetidos e são, obrigatoriamente, um
modificador adjetivo do nome do gênero, devendo com ele concordar
gramaticalmente. Os nomes das famílias são frequentemente derivados de um gênero
particularmente representativo que a integre.

História

As primeiras tentativas de utilização de um sistema binomial para designar espécies


deve-se ao naturalista suíço Gaspard Bauhin, que em pleno século XVII, quase 200
anos antes de Carolus Linnaeus (1707–1778), ensaiou a criação de um sistema que
permitisse simultaneamente identificar uma espécie e indicar o agrupamento
taxonômico onde poderia ser incluída. O sistema não teve seguidores, em boa parte
porque ainda não tinham surgido os metodistas, que nos séculos imediatos tentariam
organizar o mundo vivo num sistema racional, e porque os conceitos de taxonomia
ainda não tinham amadurecido suficientemente para justificar o conceito.

Com a sua tentativa de descrever todo o mundo natural conhecido, através da


atribuição de um nome constituído por duas partes a cada espécie mineral, vegetal ou
animal, Lineu iniciou a expansão do conceito. Em consequência lançou um processo
que levaria à sua adoção quase universal, de tal forma que o sistema binomial é
frequentemente referido por sistema lineano ou nomenclatura de Lineu.

NOMENCLATURA ZOOLÓGICA

Com tantos tipos de animais e numerosos taxonomistas trabalhando para denominá-


los e escreve-los em diferentes países, poderiam surgir algumas confusões na
nomenclatura. Por esse motivo é necessário seguir certas regras para dar nomes aos
animais; regras estas que só foram estabelecidas após os brilhantes trabalhos do
botânico sueco Carolus Linnaeus em 1758.

Mais alguma regras

1 – O nome dos animais devem ser escritos em latim (Lineu usou o latim, porque era a
língua dos intelectuais em sua época), mas o motivo atual é porque se trata de uma
língua morta, que ninguém mais usa no dia a dia e, portanto, não sofre alterações.

2 – Todo animal tem obrigatoriamente dois nomes no mínimo. O primeiro é o do


gênero e o segundo o da espécie (Sistema binomial criado por Lineu).

Ex: Homo sapiens

3 – O nome do gênero deve ser sempre escrito com inicial maiúscula, e o da espécie
com inicial minúscula.

Ex: Trypanosoma cruzi

Quando se dá o nome especifico em homenagem a uma pessoa, como no exemplo


acima, acrescentamos a letra i no sobrenome do homenageado se for do sexo
masculino.

Ex: Carlos Bates = batesi.

Quando o homenageado for feminino, acrescentamos ae no sobrenome.


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Ex: Sônia Costa = costae

4 – Quando existe subespécie, o seu nome deve ser escrito depois do da espécie e
sempre com inicial minúscula.

Ex: Rhea americana darwing ou Apis mellifera adansoni

5 – Quando existe subgênero o seu nome deve ser escrito depois do nome do gênero,
entre parênteses, e sempre com inicial maiúscula.

Ex: Anopheles (Nissorrhynchus) darlingi

6 – Os nomes devem ser grifados ou deve se usar um tipo de letra diferente do texto,
em geral usa o negrito ou caracteres itálicos, mas se o texto for manuscrito, é
obrigatório o sublinhado.

7 – Se um gênero ou espécie foi descrito mais de uma vez, deve-se sempre usar o
primeiro nome que o animal foi descrito, mesmo que seja errado. É a lei da prioridade.
Expl. Trichuris trichiura é conhecido também como tricocéfalo, em vista de ser usado
durante muito tempo o nome Tricocephalus trichiuris. O nome mais antigo Trichuris -
(thirix = cabelo; aura = cauda) significa cauda capilar. Quando se descobriu que a
parte filiforme do verme correspondia à extremidade cefálica e não caudal, procurou-
se mudar o nome para Trichocephalus, o que não é permitido pela regra da prioridade.

8 – Nos trabalhos científicos, depois do nome da espécie coloca-se o nome do autor (o


naturalista que a descreveu) e o ano da publicação do trabalho onde foi descrito.

Ex.: Triatoma infestans Klug, 1834.

9 – Existem terminações padronizadas para as seguintes categorias : superfamilia


(oidea), família (idae), subfamilia (inae) e tribo (ini).

Ex.: O pernilongo vetor da malária pertence a superfamilia Culicoidea , família


Culicidae, subfamilia Culicinae e a tribo Anophelini.

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