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  O patolÓGICO

O PATOLÓGICO
Centro Acadêmico Adolfo Lutz - Medicina Unicamp - ano mmix - fevereiro

A GREVE DOS RESIDENTES NO HC CONHEÇA A


Veja a carta dos residentes das especialidades cirúrgicas e a entrevista
com o Superintendente do HC a respeito da greve publicada nesta edição O PROJETO
N
o início de 2009, speito da greve. Além disso, ativamente da avaliação e

INTEGRA SAÚDE
houve no Hospi- trazemos uma entrevista ex- construção de um Hospital
tal das Clínicas clusiva com nosso superin- Universitário adequado para
da UNICAMP tendente do HC, Prof. Dr. Luiz nossa formação médica.
uma paralisação parcial den- Carlos Zeferino, realizada no Pretendemos, em nosso p. 5
tro das especialidades cirúr- dia 23/01 por um dos mem- planejamento, fazer dis-
gicas, iniciada pelos residen- bros de nossa gestão, Diego cussões a respeito de nosso
tes do hospital. Augusto Barbosa. Hospital. Acesse o planeja-
A mídia trouxe à tona a Nesta entrevista, vários mento em nosso site (caalu-
greve e jornais como o “Cor- aspectos do nosso Hospital nicamp.com.br) e veja quais
reio Popular” de Campinas Escola foram discutidos e espaços temos a intenção de
noticiaram o ocorrido. problemas apontados. promover para discussão du- “A CABEÇA PENSA
Assim, nesta edição, pub- Acreditamos que a fun- rante o ano.
licamos na íntegra a carta ção como gestão do Centro Confira a matéria na pá- ONDE OS PÉS PISAM”
escrita pelos residentes a re- Acadêmico seja participar gina 3!
Veja a reflexão sobre a Exten-

O PRÓ-SAÚDE são Universitária, feita por


Thais Machado.
» leia mais, p. 7
Veja as 2 entrevistas a respeito do programa federal,
com uma acadêmica da enfermagem do CAE e nossa
coordenadora do Ensino de Graduação. p. 4 e 5
PATOCULTURAL
COBREM2009 Veja o texto de Ricardo Schwin-
gel a respeito do estilo espa-
Sarah Segalla, da gestão Roda Viva, faz um repasse do espaço promovido pela DENEM em For- nhol Flamenco.
taleza. » leia mais, p. 8
» leia mais, p. 6

SAIU NA MÍDIA
Leia “Futuros Médicos Racistas”,
que saiu na Caros Amigos, a res-
peito do ocorrido na UNIFESP
» leia mais, p. 7

SPASMO!
Marcelo Taricani e Fernando
Bergo trazem o poema publica-
do no Orkut: “Pra quê?”

» leia mais, p. 8
2  O patolÓGICO fevereiro de 2009

Editorial A gestão 2009 Balancete

O
terceiro “O Patológico” de nossa gestão sai em Alessandra XLIV JANEIRO
fevereiro!Nesta edição, temos o balancete de janeiro, Ana Carolina XLV Dia Descrição Dia Saldo

aqui ao lado. Contamos também com a carta redigida Antônio Fernando Débito Crédito

XLV Saldo Mês Anterior R$ 30.461,91

pelos residentes de especialidades cirúrgioas do HC e Brayner XLVI


02/01 Transporte COBREM R$ 150,00 R$ 30.611,91
02/01 Transporte COBREM R$ 150,00 R$ 30.761,91
a entrevista com o Superintendente do HC. Bruna XLVI 02/02 Transporte COBREM R$ 150,00 R$ 30.911,91
05/01 Salário Funcionários R$ 3.116,44 R$ 27.795,47
A seção Spasmo! continua com 1 poema tirado do orkut, com Camilla XLVI 05/02 Pagamento Patológico R$ 292,57 R$ 27.502,90
co-autoria de 2 já ex-alunos da faculdade. Já a seção Saiu na Mídia Carolina XLVI 05/01 Transporte COBREM R$ 150,00 R$ 27.652,90

apresenta a reportagem da Caros Amigos a respeito do ocorrido Diego Barbosa XLVI 05/01 Transporte COBREM R$ 150,00 R$ 27.802,90
05/01 Transporte COBREM R$ 150,00 R$ 27.952,90

na UNIFESP, com uma reflexão a respeito escrita por Henrique Fernanda XLVI 05/01 Transporte COBREM R$ 150,00 R$ 28.102,90
Gines XLV 05/01 Patrocínio Calourada R$ 350,00 R$ 28.452,90
Sater.
Heloisa XLVI 05/01 Transporte COBREM R$ 150,00 R$ 28.602,90

A seção PATOCULTURAL conta com uma explanação Henrique(Abrealas)


05/01
06/01
Gastos Reunião Contador
Pagamento de telefone
R$ 31,40
R$ 336,84
R$ 28.571,50
R$ 28.234,66
minunciosa a respeito da arte andaluza do flamenco. XLV 06/01 Pagamento Transporte COBREM R$ 1.510,00 R$ 26.724,66

Além destes, temos a matéria a respeito do Pró-Saúde, com Italo (Lili) XLVI 08/01
09/01
Patrocínio Calourada
Patrocínio Calourada
R$ 90,00
R$ 60,00
R$ 26.814,66
R$ 26.874,66

2 entrevistas bem esclarecedoras a respeito do programa que Josué XLV 09/01 Pagamento Contador R$ 1.350,00 R$ 25.524,66
Lucas (Trigo) XLV 12/01 Pagamento provedor internet R$ 9,90 R$ 25.514,76
envolve nossa faculdade. Confira também os textos a respeito de Luiza Manhezi XLVI 12/01 Aluguel Randall R$ 800,00 R$ 26.314,76

Extensão e sobre o COBREM, ambos produzidos por integrantes Karla XLVI


13/01
13/01
Patrocínio Calourada
Repasse Cantinas
R$ 30,00
R$ 5.014,56
R$ 26.344,76
R$ 31.359,32
de nossa gestão, além da explicação a respeito do Integra Marcelo XLVI 14/01 Patrocínio Calourada R$ 155,00 R$ 31.514,32

Saúde. Mariana Toro XLVI


15/01
15/01
Mensalidade da conta
Patrocínio Calourada
R$ 35,00
R$ 45,00
R$ 31.479,32
R$ 31.524,32

E atenção: a próxima edição será em março, portanto, envie Miquelline XLV 16/01 Patrocínio Calourada R$ 810,00 R$ 32.334,32

seu texto o quanto antes para chaparodaviva@gmail.com e tenha Natália XLVI 20/01 Pagamento Telefone Embratel R$ 31,24 R$ 32.303,08
20/01 Patrocínio Calourada R$ 170,00 R$ 32.473,08
Priscilla XLVI
seu texto publicado! 20/01 Transferência para a Poupança R$ 380,00 R$ 32.093,08
Rafael (Habib) XLVI 22/01 Patrocínio Calourada R$ 1.000,00 R$ 33.093,08
Até o próximo pato! Sarah (XLVI) 22/01 Patrocínio Calourada R$ 300,00 R$ 33.393,08
R$ 266,67
Tiragem: 600 exemplares
22/01 Patrocínio Calourada R$ 33.659,75
Tati XLV 22/01 Pagamento Caneca Calourada R$ 160,00 R$ 33.499,75

Impressão: Gráfica Central da UNICAMP Thais MG XLV 22/01 Pagamento Xerox R$ 142,56 R$ 33.357,19
23/01 Taxa extrato inteligente R$ 3,90 R$ 33.353,29
Diagramação, editoração e elaboração: Gestão Roda Viva Thaís Tubero XLVI 23/01 Patrocínio Calourada R$ 500,00 R$ 32.853,29
Vanessa XLVI 27/01 Patrocínio Calourada R$ 335,00 R$ 33.188,29

Victor(Baiano) XLVI 27/01


27/01
Patrocínio Calourada
Patrocínio Calourada
R$ 90,00
R$ 100,00
R$ 33.278,29
R$ 33.378,29
27/01 Reembolso CAAL Noel R$ 100,00 R$ 33.478,29

MÉDICOS?
28/01 Transporte COBREM R$ 150,00 R$ 33.628,29
28/01 Patrocínio Calourada R$ 95,25 R$ 33.723,54
29/01 Pagamento Alarme R$ 309,08 R$ 33.414,46
29/01 Patrocínio Calourada R$ 450,00 R$ 33.864,46
Foca (XLIII) - OMBUDSMAN 29/01 Reembolso FCM R$ 1.138,15 R$ 35.002,61

Evolução: s.f. (lat. evolutio, ação de desenrolar). 1. Passagem progressiva de um estado a Saldo Final do Mês R$ 35.002,61

outro. 2. Desenvolvimento ou transformação de idéias, sistemas, costumes, hábitos. Poupança R$ 16.301,09

D
esde que entramos na faculdade de Medicina nos foi dito que o aprendizado viria com o tempo, com a Saldo Total do CAAL R$ 51.303,70

Intercâmbio
experiência prática adquirida por cada um. Com o passar dos anos vamos notando, mais do que o acúmulo
de conteúdo teórico, a aquisição de habilidades que antes não imaginávamos que poderíamos desenvolver.
Isso, graças a uma integração entre o saber e o “saber como fazer”. Saber é fácil: quem estuda, sabe! Saber
fazer também é fácil: basta aprender uma atividade manual qualquer e repeti-la, da mesma maneira, ao longo da
vida. Entretanto, o “saber como fazer”, dinâmico e pensante, não é para qualquer um, é preciso paciência, experiência
e muitas madrugadas em claro. No curso de Medicina, destaca-se o aluno que sabe como fazer. O CAAL participou do processo de recontagem dos estágios internacio-
É claro, contudo, que este equilíbrio não é alcançado somente mediante vontade própria. Também é preciso que
a Escola Médica ofereça recursos que permitam a obtenção do máximo potencial de cada futuro médico. E isso não nais (DENEM SCOPE e SCORE – ciclo 2009-2010), que ocorreu entre os dias
é qualquer faculdade (com “F” minúsculo) que proporciona. Quem sabe isso seja algum tipo de preconceito com 22 e 29 de janeiro no DA Lucas Machado da FCMMG, compondo a Comissão
os bons alunos de escolas não tão boas assim, ou também seja uma máscara enfeitada para o aluno que se utiliza
do nome de sabidamente boas Universidades mas, até que se prove o contrário, cada médico formado é tão bom de Recontagem e Supervisão, eleita na plenária final do XXI COBREM 2009,
quanto assim o é a Faculdade que cursou. Portanto, nós da UNICAMP temos a obrigação de ser, pelo menos, tão bons
quanto qualquer outro médico formado em nosso país.
em Fortaleza, da qual fizemos parte, junto a outros 2CA’s (CAOC-FMUSP e
Esta certeza baseia-se, principalmente, nos recursos que nos são oferecidos pela FCM e o modo como a prática DAAB-UFMG). Ficamos com a responsabilidade de refazer todo o processo,
está incluída em nosso currículo. Quanto ao implemento de recursos, o PROMED/Pró-Saúde, aparentemente,
mostrou-se uma alternativa interessante para a melhora da infra-estrutura da inserção do graduando na rede básica. desde a correção dos cadernos até a classificação final dos candidatos.
Não posso falar com relação aos outros cursos, mas na Medicina o contato precoce do estudante com o SUS e os A recontagem dos pontos de intercâmbio dos estudantes do país intei-
Centros de Saúde proporciona conhecimento aplicado à prática para o aluno e melhor atendimento (pelo menos foi
o que eu ouvi da maioria dos pacientes que eu atendi no CS) para a população. Claro que isso não resolve todos os ro foi requisitada na ROEX Salvador, devido aos diversos erros cometidos no
problemas, mas é preciso recursos físicos adequados para se formar um bom médico. processo levado pela CEV 2008, que levaram à descrença quanto à fidelida-
De nada vale a oportunidade da atividade prática se esta não puder ser realizada. É com este argumento que
se levantou a greve dos residentes das áreas cirúrgicas, impossibilitados de “praticar” com o reduzido quadro de de e à transparência deste órgão restrito na realização da seleção.
anestesistas. Ora, por que então a gigantesca carga horária da residência, se a parte que realmente importa, o “saber Para certificar a legitimidade do processo, nenhum dos participantes da
como fazer” está engessado? Esta paralisação tem motivo justo de ter ocorrido e é obrigação da nossa faculdade
proporcionar os recursos para a boa formação do médico residente. Também não posso deixar de elogiar a iniciativa Comissão estava concorrendo às vagas. Além disso, os avaliadores não jul-
da entrevista com o Dr. Zeferino. É sempre importante sabermos como tais discussões se dão em níveis diferentes
dentro da FCM/HC/UNICAMP. garam os documentos de estudantes de suas próprias universidades.
Por fim, nada disso terá valido a pena se o foco de todo esse esforço, o aluno de Medicina, não trouxer consigo O processo foi acompanhado de perto por três dos quatro componen-
algumas qualidades essenciais, e uma delas (quem sabe a principal...) é o respeito ao próximo. A Faculdade busca
preencher o ser humano em formação com conhecimento suficiente para que ele se torne um“curador de problemas”, tes da CEV 2009, coordenando as atitudes e decisões tomadas pela Comis-
mas não pode ensinar respeito, educação, compreensão e outras tantas qualidades para um jovem de 20 e poucos são, que também foram respaldadas pela gestão DENEM 2009, após recebi-
anos que em breve tornar-se-á Médico (no sentido mais amplo e filosófico da palavra). Uma fatia importante do
“saber como fazer” é constituído pelo caráter do profissional, independentemente da profissão. “Ninguém é melhor mento das atas das atividades da Comissão.
como médico do que é como pessoa” (frase dita por algum professor em algum momento desses mais de 4 anos de Esperamos ter colaborado com uma avaliação justa e transparente para
graduação).
É claro que o texto retirado da “Caros Amigos” exagera em alguns pontos: “o leão tomar LSD” não desenha a todos os estudantes de Medicina do Brasil.
minha paisagem mental, não vou pra Intermed porque lá tem putaria e porrada (...) e nem Santa Rita do Passa Quatro Luiza Manhezi (46) e Miquelline (45)
deixou de sediar esta competição após a “primeira invasão bárbara”. Também é colocado o amor e identificação dos
estudantes com sua escola num balaio só, junto com fixação irracional e deterioração de todos os valores possíveis. Gestão Roda Viva - CAAL 2009
Amo minha escola, freqüento a Intermed, grito os hinos da UNICAMP e, nem por isso, sou bárbaro ou racista.
Saber e saber como fazer são pré-requisitos básicos da evolução de qualquer estudante de Medicina. Sem um
equilíbrio entre recursos educacionais e formação humanística há grandes chances de obter-se um profissional não
preparado para as demandas da sociedade e, portanto, médicos exercendo a não-Medicina.
  O patolÓGICO fevereiro de 2009 3

carta dos residentes a respeito da greve no hc


Nós, Médicos Residentes das Disciplinas Cirúr- ceitável frente às necessidades de treinamento em
gicas da Unicamp (Departamentos de Cirurgia, Especialidade Ago Set Out Nov Dez Média serviço dos Médicos Residentes e às já existentes de-
Ortopedia, Otorrinolaringologia e Disciplina de ficiências da assistência aos pacientes.
Cardíaca 0 0 4,7 8,3 17 6
Neurocirurgia), vimos por meio desta carta prestar O movimento de paralisação encontra embasa-
esclarecimentos quanto ao movimento de Paralisa- Ortopedia 8,3 6,4 16,2 14,4 20,5 13,1 mento no Código de Ética Médica, no artigo n° 24
ção dos Médicos Residentes em curso. que versa sobre o direito a greve.
Plástica 8,8 11,7 19,4 40 46,1 25,2
O presente movimento de Paralisação resulta da Nossa principal exigência é o retorno integral dos
ampla insatisfação de todos os Médicos Residentes Urologia 9,7 8,5 22,2 15,7 21,6 15,5 horários cirúrgicos pré-existentes, conforme cons-
supracitados quanto à suspensão de horários cirúr- Vascular 8,3 11,5 23 18,1 30 18,8 tante da Tabela de Horários eleborada pela diretoria
gicos iniciada regularmente em Janeiro de 2008 de- do Centro Cirúrgico.
Pediátrica 18,1 14,2 17,3 22,2 37,5 21,8
vido à depleção não compensada de anestesistas no Durante a vigência da paralisação, manter-se-á
Hospital das Clínicas. Esta inadequação vem sendo Torácica 22,2 6,2 10 21,4 41,6 20,2 apenas o atendimento de urgência e emergência, o
observada há pelo menos um ano e vem se agravan- Proctologia 9,3 6,4 17,2 29,1 25 17,4 que implica a não realização de atividades eletivas.
do, principalmente nos últimos seis meses, apesar Conforme decidido em Assembléia, será mantido o
Neurocirurgia 12 25 19,2 21,4 35 22,5
de medidas já tomadas na tentativa de amenizá-la. número habitual de Residentes das Áreas Cirúrgicas
Isto resulta num número crescente de cancelamen- Gastrocirurgia 14,7 12,9 19,6 20,7 19,2 17,4 em plantão, que atenderão as Urgências/Emergên-
tos de salas (de aproximadamente 10% em Agosto e Cabeça e Pescoço 10,5 6,2 20 15,3 25 15,4 cias no Pronto Socorro e Centro Cirúrgico e os pa-
Setembro a quase 30% dos períodos em Dezembro), cientes internados nas enfermarias. Considerando
ORL 11,3 12,5 19,1 18,7 18,9 16,1
com prejuízo irreparável da formação dos Médicos o caráter de urgência dos Transplantes, os Médicos
Residentes e da assistência aos pacientes. Média Mensal 11,1 10,1 17,3 20,4 28,1 17,4 Residentes desempenharão suas funções habituais
A proposta de adequação ao quadro vigente é nestes eventos. Serão ainda atendidos os retornos
Porcentagem de suspensão de períodos cirúrgicos
de corte formal de horários entre 30% e 50% nos ambulatoriais de pacientes em pós-operatório re-
primeiros três meses do ano de 2009, o que é ina- cente.

o pato entrevista o superintendente do hc


“A falta de anestesistas é um problema crônico. Em outros momentos o HC já teve que diferenciar o salário do anestesista; mas
recentemente somaram-se alguns fatos e o salário é um deles. Outro fato é a alteração da residência de anestesiologia, de dois para
três anos. No ano passado quando os R2 eram para ter saído para o mercado de trabalho, eles foram fazer R3, e ficou um ano sem
entrar anestesistas no mercado, então isto complicou muito a situação de uma especialidade que já apresentava dificuldades.”

Entrevista realizada dia 23/01/2009 por Diego Barbosa (XLVI) contratação de novos anestesistas pela FUNCAMP. Como foi que fizeram no prédio do HC. A atual estrutura da emergência é
Gestão Roda Viva - Qual a importância do HC-UNICAMP realizado este contrato de emergência com os anestesistas? melhor do que a primeira, pois a área é cerca do dobro da inicial.
como hospital-escola? Houve alteração nos salários? Ao longo do tempo não houve aumento da demanda no PS, mas
Prof. Dr. Luiz Carlos Zeferino - Como hospital-escola, o HC tem PDLCZ – Sim, houve uma alteração de salários. Existem três houve um aumento na gravidade dos pacientes que nós atende-
uma importância por estar associado à Faculdade de Ciências tipos de contratos: para 24, 30 e 40 horas semanais. Quem optou mos, e não é tanto pelo sistema de emergência; se você analisar
Médicas, e como a FCM é uma das melhores escolas do Brasil, o por 24 horas semanais,não teve aumento, quem optou por traba- os pacientes que estão nas macas (na emergência), a maioria são
HC precisa corresponder a isso e buscar ser um dos hospitais de lhar por 30 horas semanais teve um aumento, e quem entrou para pacientes que são acompanhados no HC e como nós não pos-
ponta do Brasil. trabalhar por 40 horas semanais teve um aumento proporcional- suímos leitos suficientes na enfermaria, eles permanecem no PS.
GRV - Este mês houve uma greve dos residentes das áre- mente maior, porque o que se deseja é priorizar pessoas traba- O que mais congestiona o PS não é um problema no sistema de
as cirúrgicas, quais foram as conseqüências na assistência do lhando 40 horas semanais, pois é mais fácil organizar o trabalho e emergencia, é porque nosso Hospital de Clinicas é muito peque-
HC? é mais fácil de deslocar pessoas para atender períodos que estão no em número de leitos, nós temos 379 leitos funcionando hoje.
PDLCZ – A greve, logicamente, reduziu o número de cirurgias com maior deficiência. As pessoas que trabalham com 24 horas O HC-UNICAMP é menor do que qualquer outro de São Paulo,
eletivas do hospital; essa foi a conseqüência do ponto de vista de não têm flexibilidade para mudar de horário. como o HC-SP, menor que o HC-FMRP, Hospital de Base de Rio
atendimento. E o que eu estou sabendo pelos próprios residen- GRV - Qual a diferença entre um funcionário contratado Preto e inclusive menor que o Hospital de Botucatu. Se nós tivés-
tes é que estas cirurgias estão sendo remarcadas de acordo com via FUNCAMP e via HC-UNICAMP? semos mais 40 ou 50 leitos para acolher os pacientes que estão
a prioridade clínica, na medida do possível, sem prejuízo aos pa- PDLCZ – Na UNICAMP, você entra por concurso público que na emergência, seria muito bom. Quanto à reforma no PS, nós
cientes. tem as regras mais fixas, e na FUNCAMP, você entra por processo até pensamos em fazer algumas adaptações, mas o PS é aquela
- Qual a repercussão de uma greve no HC-UNICAMP para seletivo; os dois modos são abertos. O profissional de nível supe- casa que, por mais que você mexe, ela continua com defeitos, por
a sociedade? rior da UNICAMP ganha cerca de R$ 1.000,00 a mais que o funcio- isso nosso projeto é a construção de um prédio novo, um prédio
PDLCZ – A repercussão direta é o prejuízo na assistência. O nário FUNCAMP. de fato para emergência. Portanto, não é um problema de ago-
HC-UNICAMP, pela sua importância no ensino e por ser um gran- GRV - O que um médico procura ao trabalhar no HC com ra com a carta dos alunos, mas desde que se abriu este hospital.
de centro de pesquisa e assistência, acaba sendo um referencial, um salário menor do que o oferecido no mercado de traba- Agora, nós estamos equipando a emergência com alguns novos
não só para as pessoas que o procuram, mas também para as pes- lho? equipamentos; de acordo com normas do Ministério da Saúde,
soas que nunca precisam ser atendidas aqui. É um órgão, uma ins- PDLCZ – Muitos profissionais que trabalham na UNICAMP um consultório deveria ter no mínimo 7m2 e local para lavar as
tituição pública e, portanto, utiliza e é financiado pelos recursos com contrato de 24 horas semanais valorizam a relação com a mãos, mas nenhum consultório da nossa emergência tem estas
públicos, que são de todos. Com certeza, mesmo os que não uti- UNICAMP. De maneira geral, fazer parte do quadro de médicos características; a sala de emergência (sala vermelha) teria que ficar
lizam o hospital, querem que ele seja eficiente e, então, qualquer da UNICAMP é um privilégio, e esse é o principal fator para que na porta de entrada do PS onde a ambulância estaciona e não no
imagem ou fato que seja negativo dentro do hospital é algo pelo eles aceitem trabalhar aqui ganhando menos que no mercado fundo do PS. Por isso nós pretendemos iniciar a construção de um
qual a sociedade/comunidade se interessa. (de trabalho). Esses profissionais são muito bons, são os melhores prédio novo para emergência neste ano com previsão de conclu-
GRV - Por que há uma falta de anestesistas no HC-UNI- profissionais aí fora. E o fato deles serem os melhores profissio- são dentro de 2 anos após o inicio das obras.
CAMP, isto é reflexo da ausência desta especialidade no mer- nais aí fora também está associado ao fato de serem médicos da GRV - Qual o seu conselho para que um aluno ou residen-
cado de trabalho, ou o salário oferecido pelo HC-UNICAMP UNICAMP. Contudo, eu queria deixar claro que o ideal seria (o pro- te faça em situações de deficiência do ensino médico para
está abaixo do que os anestesistas pretendem ganhar? fissional) receber o que merece. É evidente que pagar mais não é que não seja necessário o extremo de uma greve?
PDLCZ – Esta pergunta seria melhor respondida pelos anes- simples. PDLCZ – O aluno e o residente estão vinculados a suas respec-
tesistas. A falta de anestesistas é um problema crônico. Em outros GRV - Há ainda o risco de voltar a existir suspensão de ci- tivas comissões: Comissão de Ensino da Graduação e Comissão
momentos o HC já teve que diferenciar o salário do anestesista; rurgias por causa da ausência de anestesistas? de Residência. O primeiro local que os alunos devem colocar suas
mas recentemente somaram-se alguns fatos e o salário é um de- PDLCZ – Eu não gosto muito de falar em futuro, mas nós es- dificuldades, suas criticas ou sugestões são nas suas respectivas
les. Outro fato é a alteração da residência de anestesiologia, de tamos trabalhando para que isso não aconteça, incentivando a comissões. Nos colegiados da faculdade há representantes dis-
dois para três anos. No ano passado quando os R2 eram para ter permanência desses profissionais no Hospital. Tanto o Hospital, centes e, se o problema persistir, pode ser apresentado e solicita-
saído para o mercado de trabalho, eles foram fazer R3, e ficou um quanto o Departamento de Anestesiologia estão investindo nis- das informações, seja individualmente ou através da sua respecti-
ano sem entrar anestesistas no mercado, então isto complicou to. va comissão. Como nós estamos em uma instituição publica, ela
muito a situação de uma especialidade que já apresentava difi- GRV - No dia 3 de Novembro foi redigida uma carta pelas tem que estar organizada e institucionalizada para que os vários
culdades. 41º e 42º turmas da Medicina UNICAMP reivindicando mu- participantes dos seus conselhos tenham voz, participem do que
GRV - Qual foi o acordo realizado com os residentes para danças no PS (UER) do HC-UNICAMP, quais medidas foram for necessário e para que haja um respeito entres estes. As gran-
o fim da greve? adotadas? des decisões são tomadas pelo conselho formado por docentes e
PDLCZ – O acordo com os residentes compõe-se de dois pon- PDLCZ – Nós já estamos discutindo o nosso Pronto socorro discentes, e este conselho é fundamental.
tos principais. Um é voltar à normalidade das atividades cirúrgicas, há muito tempo com profissionais da Cirurgia do Trauma e da
possível em fevereiro devido à conclusão da residência pelos R3 . Emergência; este é um tema complexo que tem origem desde Luiz Carlos Zeferino concluiu o doutorado em Tocoginecologia
O segundo componente é um conjunto de medidas importantes que existe o HC-UNICAMP , pois não estava prevista a instalação pela Universidade Estadual de Campinas em 1994. Atualmente é
para o centro cirúrgico, que serão analisadas pelo colegiado ges- de um PS. Para haver um PS aqui no HC houve uma paralisação Professor Associado do Departamento de Tocoginecologia da Facul-
tor do centro cirúrgico e, dentro do possível, atendidas. dos alunos, mas o problema era onde implantar. Aquela área (de dade de Ciências Médicas e Superintendente do Hospital de Clínicas,
GRV - Foi realizado um contrato de emergência para emergência) é um espaço da Imaginologia mais um “puxadinho” Unicamp. (fonte: currículo Lattes)
4  O patolÓGICO fevereiro de 2009

o pró-saúde ELEIÇÃO PARA REPRESENTANTE DISCENTE DO PRÓ-SAÚDE


Inscrição para eleição: 13/03 a 20/03 Eleição: 23, 24 e 25 de março
O Pró-Saúde é o Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde. Como dito na edição de dezembro, trazemos nessa um aprofundamento
desse tema por meio de duas entrevistas, com nossa coordenadora de Ensino da Graduação e uma acadêmica do curso de Enfermagem e integrante do CAE.
Gestão Roda Viva - O que é o Pró-Saúde e de onde surgiu a ministério foi aprovado, assinamos a primeira carta acordo do Pró- sado. A prestação do PROMED está acabando de ser feita, pois esse
idéia desse programa? Saúde e receberíamos duas parcelas de verbas. A primeira carta ano ainda recebemos a última parte do dinheiro do programa para
Profª Drª Angélica Maria Bicudo Zeferino - O Pró-Saúde (Progra- acordo foi muito rígida com algumas coisas: a gente não podia ser gasto até dia 31 de janeiro (prazo super apertado).
ma Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde) pagar mais tutor e só podia comprar equipamentos; além de ser
veio seguindo o PROMED, que era um programa de incentivo às obrigado a ter uma comissão de acompanhamento do projeto. As- GRV - Os objetivos que foram pensados para a adoção des-
mudanças curriculares do curso de medicina e objetivava mudar sim, com essa primeira carta acordo a gente não podia fazer quase se programa na faculdade foram alcançados?
o perfil do médico que estava sendo formado. A idéia da criação nada, apenas comprar o que faltava. Fizemos um levantamento PDMABZ - Temos cada vez mais alcançado os objetivos pen-
desses programas surgiu a partir do diagnóstico de que os médicos na rede junto com a prefeitura, principalmente nas unidades que sados quando o Pró-Saúde foi adotado. A rede nos informa que os
formados pelas faculdades de medicina não estão preparados para a gente tem ensino (tanto a enfermagem quanto a medicina), de alunos que têm saído da faculdade apresentam uma inserção mui-
as necessidades da população em geral; portanto, há uma dificul- necessidades do campo para melhorar (ex: falta de eletrocardio- to boa, com um desempenho brilhante. Isso já é um reflexo, uma
dade de inserção do médico na rede, na atenção básica. Assim, o grama, cadeira, mesa, lousa, estetoscópio), o que foi contemplado. mudança de paradigma, porque na verdade o aluno odiava a rede,
ministério da saúde resolveu investir nisso. Depois, outras unidades que atendiam o primeiro ano e que não achava que tudo era ruim; e agora há uma solicitação de aumento
constavam no projeto, o que valeu muito. Essa foi a primeira carta dos estágios do 4º ano, para que passem a ser semanais (que era o
GRV - O PROMED surgiu no final do governo de Fernando acordo com as duas parcelas. A primeira parcela a gente teve muita projeto original).
Henrique Cardoso com algumas regras: o dinheiro era para dificuldade para gastar, porque tudo tinha que ser de acordo com
dar condições de inserção do aluno na rede. Quando mudou a prefeitura, então até isso sair demorou meses. Eu sei que foi difícil GRV - Quais os benefícios que o programa trouxe para a
o governo, mudou todo o ministério e esqueceram um pouco gastar. Foram estipulados, então, prazos para se gastar a segunda reforma curricular?
do programa, mas como este já tinha sido aprovado, ele con- parcela, e nós acabamos perdendo-a, pois com aquela rigidez para PDMABZ - São a viabilização da inserção do aluno na rede, com
tinuou vigente. Entretanto, voltou ao ministério o grupo do usá-la não se podia gastar com nada. Tudo que se vai comprar tem o 4º ano na clínica e na ginecologia-obstetrícia e o 5º ano com a
Francisco Campos (participante da criação do PROMED), res- que licitar e ver qual é o preço. A FUNCAMP tem um a prestação clínica na rede básica de saúde.
gatando o projeto com outro nome, ampliando o Pró-Saúde de .contas demorada. Em 2009, reenviamos o projeto para assinar
para os cursos de enfermagem e odontologia. A idéia do Pró- GRV - Quando será finalizado o recebimento de verbas
Saúde era começar com esses três cursos e ir ampliando para através do Pró-Saúde na FCM/UNICAMP? Há perspectiva de
outras áreas, o que já está acontecendo. renovação do programa?
PDMABZ - No Pró-Saúde as regras são mais fechadas ainda. Na
primeira carta acordo só poderia investir dinheiro na rede para que
“Os benefícios são a viabilização da PDMABZ - O prazo depende da prestação de contas. A gente
tem três parcelas. Demoramos quase 2 anos para gastar uma par-
o aluno tivesse um ensino de qualidade nela e que propiciasse um inserção do aluno na rede, com o cela; agora eu não sei quanto tempo vai ter para a segunda carta
pouco dessa mudança para a faculdade, ampliando o campo de 4º ano na clínica e na ginecologia- acordo. Antes não tinham prazos, agora estão apertados. Por isso
estágio além do hospital. obstetrícia e o 5º ano com a clínica que não conseguimos utilizar a segunda parcela da primeira carta
na rede básica de saúde. “ acordo.
GRV - Qual a sua avaliação sobre o Pró-Saúde (como pro-
grama do governo federal) e por que foi pensado em se utilizar GRV- Há algum projeto de se adotar o PET-Saúde?
esse programa na FCM/UNICAMP? PDMABZ - Quando veio o edital do PET-Saúde, eu li, reli, não
PDMABZ - Avalio que o Pró-Saúde é um incentivo muito bom, a segunda carta acordo, e o ministério viu que muitas escolas não consegui entender, li de novo. Na minha análise não daria pra en-
pois fez a diferença em muitas escolas e na FCM/UNICAMP, viabili- conseguiram gastar as duas parcelas da primeira, e houve uma trar no PET-Saúde. Achamos que ele ia poder pagar tutor, facilitar
zou um projeto que a escola já tinha. Antes do PROMED, já havia mudança nas rubricas. Não assinamos ainda. Mas sei que agora a transporte; mas veio com um edital engessado de uma forma to-
sido aprovada a mudança curricular, já havia esse projeto de ir pra segunda carta acordo veio muito mais maleável, por exemplo: só talmente inadequada, porque o que propõe fortemente é estimu-
rede, só que ainda não estava viabilizado.Tal viabilização ocorreu se pode gastar 10% em equipamento, mas em compensação po- lar iniciação científica para pesquisa na rede. Exigia integração e se
graças ao PROMED e agora ao Pró-Saúde. que está dando conti- deremos pagar tutor, que nos é fundamental. Estamos esperando a tivesse alguma chance seriam o 1º e 2º anos. Entreguei o projeto
nuidade a ela. Isso nos ajudou muito, pois há uma contrapartida segunda carta acordo que está no ministério para assinar. O projeto nas mãos dos gestores de módulo. Saí de férias e quando voltei não
para a rede daquilo que a gente faz lá; então, você vai pra rede com mandado da primeira vez não precisou ser reescrito; apenas as ne- tinha sido viabilizado. Eu sabia de antemão que não daria para re-
muitos alunos e oferece algo em troca. Assim, o centro de saúde cessidades foram reescritas alizar um projeto agora, porque não adiantaria colocar no papel o
que recebe o aluno está recebendo muita coisa em troca, não só que não seria viabilizado. O PET-Saúde não deu certo, pois teríamos
da qualidade que a gente leva no atendimento, na interação com a GRV - Como ocorre o processo de acompanhamento da que criar outro modelo, o nosso modelo não ia dar pra entrar no
unidade, mas também com equipamentos, com infra-estrutura de utilização das verbas do programa na FCM/UNICAMP? Como edital pra fazer o projeto que ele estava sendo exigido. A integração
melhoria do prédio. Isso tem feito a diferença, pois nós temos sido ocorre a escolha do representante discente? Qual sua avalia- tem que ser construída.. A prefeitura mesmo propôs um seminário
convidados a nos inserir em outras unidades. Eu encaro como um ção sobre a participação discente nesse processo de acompa- de integração para ver se é possível fazer essa integração para os
incentivo importante que faz a diferença. O único problema é que nhamento? Qual a importância da participação discente na próximos editais do PET-Saúde. Temos um currículo que não é fácil
ele precisa ser mais bem pensado, em sua flexibilidade; mas por ou- comissão de acompanhamento? mexer e mudar, mas podemos conseguir uma integração maior.
tro lado o ministério tem sempre as razões dele quando radicaliza O processo ocorre por meio de uma comissão de acompanha-
o projeto. Um exemplo: no PROMED nós gastamos em forma total mento. Nessa comissão temos a prefeitura, a instituição de ensino GRV - Os problemas ocorridos para a divisão de turma nos
com ensino, mas teve escolas que não fizeram isso. Talvez por isso o superior, os alunos e o usuário. Montamos tal comissão e optamos centros de saúde não podem ser resolvidos com a verba rece-
Ministério fechou tanto o Pró-Saúde; por causa de algumas institui- por unir a enfermagem e a medicina; e a odontologia pela localiza- bida pelo Pró-Saúde?
ções fizeram regras para todo mundo, o que falta é flexibilizar mais ção física (o fato de se localizar em Piracicaba) não foi possível estar PDMABZ - Quando a gente recebeu o dinheiro, a faculdade foi
pra cada escola. Toda vez que existe um projeto, o ministério abre junto. Eu sempre pedi pro CAAL escolher o representante discente na prefeitura pra ver onde seria aplicado; recebemos 200 mil por
um edital com regras. Nós submetemos o projeto ao ministério e o ter enfermagem e medicina no Pró-Saúde. Só que esse dinheiro
nosso foi aprovado, pois ele previa essa inserção do ensino na rede não veio pra nós, mas sim para a prefeitura e nós que decidiríamos
básica de saúde; por isso a FCM/UNICAMP participa do programa. “As reuniões dessa comissão de onde seria aplicado. Na discussão ponderamos onde a enferma-

GRV - O projeto da FCM/UNICAMP mandado ao ministério


acompanhamento são mensais e no gem e medicina tinham estágios Optamos pela reforma do cen-
tro de saúde Santa Mônica. A idéia era que a prefeitura doasse o
foi escrito por quem? Teve participação discente? Em quanto
momento a vaga de representação terreno ao lado do centro de saúde para a unidade, fazendo uma
tempo ficou pronto? Os estudantes foram consultados nesse discente na mesma, não está ampliação. Foram aprovadas a reforma do centro de saúde e a
processo? Houve divulgação do projeto para os estudantes preenchida.” ampliação do mesmo no terreno conjunto. Não seriam utilizados
antes de esse ser remetido ao ministério? apenas os 200 mil, pois ficaria muito mais; a prefeitura aprovou essa
PDMABZ - O projeto enviado ao ministério para a participação reforma, aprovou usar os 200 mil e mais os recursos dela para fazer
no Pró-Saúde não teve participação discente em sua elaboração. do Pró-Saúde e quando essa comissão foi criada, o Luiz Gustavo tudo. A proposta foi começar pela reforma da unidade onde ocorre
O ministério mandou o edital em dezembro, quando todos os co- era coordenador geral do CAAL e, como ele estava se inserindo na o atendimento; após o termino da reforma e de ficar tudo arruma-
ordenadores de curso estavam de férias e tinha prazo até o fim de rede na época, ele ficou de representante discente. Acho que tem do, começaria a ampliação. Só que essa reforma iria mexer em tudo
janeiro. Foi uma correria. Na verdade, eu e o Carlos tivemos que que ser alguém do quarto ano que esteja vivenciando a rede, a situ- e não seria possível ficarmos lá. Era pra começar em novembro e
fazer super rápido e não houve tempo para consultas, pois era ação. Minha avaliação sobre a participação discente é que não hou- terminar em janeiro. Em fevereiro estaria pronto. Como seriam 3
período de férias. Troquei informações com outros coordenadores ve uma participação efetiva. Apenas nos seminários realizados em meses de reforma, pensamos que daria pra fazer nas férias. Só que
que estavam elaborando seus projetos . Foi muito louco, o aluno Brasília que estava presente em todos. Mas eu não acho que isso entramos de férias e não começou a reforma; ela começará agora;
não participou porque não teve tempo. Aliás, todo processo do seja ruim, pois eu vejo uma confiança na nossa coordenação, por- então não é possível nosso estágio no Santa Monica. Assim, tive-
Pró-Saúde os alunos tem participado muito pouco na medicina. O que não há uma necessidade de uma vigilância, já que o aluno sabe mos que procurar outra unidade para colocar os alunos. Tentamos
projeto ficou pronto em menos de 15 dias e não houve divulgação que eu sou gestora do módulo, faço parte da pediatria social e meu o centro de saúde Jardim Aurélia, que acabou de ser reformado.
na faculdade antes dele ser enviado ao ministério, pois não havia ensino sempre foi na rede; então, de maneira alguma farei alguma Entretanto faltavam salas para o espaço que precisamos. Por fim,
tempo. coisa que não privilegie aquilo que esta no projeto. As reuniões discutimos com o grupo gestor e optamos por dividir os alunos nos
dessa comissão de acompanhamento são mensais e no momento 5 centros de saúde que sobraram e já estavam preenchidos com
GRV - Como são utilizadas as verbas recebidas através do a vaga de representação discente na mesma, não está preenchida. outros alunos do 4º ano.
programa Pró-Saúde na FCM/UNICAMP? Profª Drª Angélica Maria Bicudo Zeferino é coordenadora do en-
PDMABZ - Nós utilizamos as verbas mais pra rede, principal- GRV - Houve prestação de contas do dinheiro utilizado sino de Graduação da Medicina e membro da Comissão de Acompa-
mente para o 4º ano; mas com o Pró-Saúde estendemos para as através desse programa? Quando? nhamento Local do Pró-Saúde.
unidades do 1º ano e 2º ano. Quando nosso projeto enviado ao PDMABZ - Houve a prestação de contas do Pró-Saúde ano pas-
  O patolÓGICO fevereiro de 2009 5

Outra avaliação pressas ou devolvido para o Ministério. Ainda, a rubrica de equipa-


mentos, geralmente, ocupa a maior parte do dinheiro a ser gasto
sobrando muito pouco para assessorias, viagens ou outros serviços.
Acredito que a reorientação da formação profissional, pretendida
sível afirmar que nem todos os professores envolvidos na nossa for-
mação atuam em consonância com o projeto dificultando o alcance
de seus objetivos. Quais os benefícios que o programa traz para a
formação do profissional de saúde? Você acha que um dos objeti-
Gestão Roda Viva - Qual a sua avaliação sobre o Pró-Saúde com o Pró-Saúde, não pode ser atingida com a compra majoritária vos do Projeto: “de formar profissionais habilitados a responder às
(como programa do governo federal)? E qual sua avaliação de sua de equipamentos mas sim com o uso de “tecnologias leves”, ou seja, necessidades da população brasileira” é alcançado? Creio que o
aplicação na prática, na FCM-UNICAMP? capacitação de docentes, assessorias pedagógicas e outras formas. principal benefício que o Pró-Saúde traz para nossa formação seja a
Marina Fuzita - O Pró-Saúde se propõe a melhorar a integração Certamente, o investimento em melhoria dos campos de estágio oportunidade de fazer com que professores, usuários, alunos e pro-
ensino-serviço reorientando a formação com ênfase na atenção bá- propicia a integração ensino-serviço e causa mudanças positivas fissionais do serviço “olhem” para o nosso currículo e se perguntem
sica e assegurando uma abordagem integral no processo saúde-do- nos campos de atividade prática. Entretanto, as reorientações teóri- “que tipo de profissionais estamos formando?” e iniciem a discussão
ença. Para atingir esse objetivo, o programa conta com uma estraté- ca e pedagógica ficam a desejar. da importância em romper com os modelos de atenção “hospitalo-
gia que prevê que o curso “faça melhorias” em três eixos: orientação cêntricos” e “centrados na doença”. É uma pena que esse benefício se
teórica (determinantes de saúde e doença, educação permanente GRV - Como ocorre a escolha do representante discente na restrinja aos envolvidos no projeto e não esteja conseguindo atingir
e pesquisa ajustada à realidade local), cenários de prática (integra- FCM-UNICAMP? Há uma padronização ou cada curso faz de um grande número pessoas dos cursos. Formar profissionais capa-
ção ensino-serviço, uso de diversos níveis de atenção) e orientação uma maneira? Qual sua avaliação sobre a participação discente zes de responder às necessidades da população brasileira não é ta-
pedagógica (aprendizagem ativa, integração básico-clínica e análise na comissão de acompanhamento? Como você avalia a impor- refa das mais fáceis e acredito que dentro da lógica de universidade
crítica dos serviços). É um programa bastante interessante uma tância dessa participação na comissão? e sociedade que estamos inseridos estamos formando mais pessoas
vez que se propõe a pensar a formação dos profissionais de saúde MF - Creio que não haja uma padronização dos cursos para a que pensam em responder à sua própria necessidade do que pesso-
adequando o perfil desses às necessidades da população brasileira. escolha dos representantes discentes. No caso da Enfermagem, o as que se comprometem com a população brasileira.
Entretanto, algumas considerações devem ser feitas: Centro Acadêmico tem indicado seus representantes através de ofí-
- 66% dos recursos do Pró-Saúde II (R$ 63.340.544, 96) foram cio encaminhado à Comissão de Graduação do curso. A Fonoaudio- GRV - Qual sua avaliação sobre o programa PET-Saúde? Sua
gastos em instituições públicas e 34% (R$ 32.925.345,77) em insti- implantação na FCM-UNICAMP seria condizente com a nossa
tuições privadas e grande parte da verba deve ser utilizada com a realidade, ele supriria alguma deficiência da implantação do
compra de equipamentos. Não seria uma forma de passar dinheiro
público para o setor privado? “O fato de alguns profissionais receberem Pró-Saúde? A FCM enviou projeto do PET-Saúde? Qual sua opi-
bolsas por participarem de atividades de nião a respeito?
- A formação de grande número de profissionais orientados a MF - Ao que sei, a FCM não enviou nenhum projeto para o PET-
atuar na atenção básica não causará uma desvalorização desse pro- ensino não geraria descontentamento Saúde por ter avaliado que não seria possível nesse momento. Uma
fissional, causando redução de seu salário? naqueles que realizam essas atividades e das principais dificuldades foi encontrar disciplinas que envolviam
- De que forma o impacto desse investimento público pode ser
avaliado?
nada recebem?” os três cursos (Enf, Med e Fono). E, mais uma vez, o prazo entre a
abertura do edital e a entrega dos projetos foi muito curto para con-
seguir garantir as discussões e sua elaboração. Eu e a Aline (2º ano de
GRV - O projeto da FCM/UNICAMP foi feito sem participação logia, ainda não indicou (pelo menos até dezembro) seus represen- Enf, suplente na CLA) participamos de algumas reuniões. Não pude-
discente? Como você avalia esse processo? tantes, pois acabou de entrar no projeto. As reuniões geralmente mos participar de todas devido às atividades do final de semestre. O
MF - Não há um projeto da FCM exatamente. Os projetos da acontecem em horário de aula e, apesar de tentarmos comparecer PET-Saúde é um programa que tem por finalidade “estimular”, atra-
Enfermagem e da Medicina foram elaborados separadamente e são ao máximo nas reuniões, nem sempre é possível participar de todos vés do oferecimento de bolsas, docentes, estudantes e profissionais
projetos diferentes, apesar de serem acompanhados em parceria. os encontros e, certamente, esse deve ser o motivo da ausência do do serviço a realizarem atividades de ensino, pesquisa e extensão
Não tenho propriedade para dizer quanto ao projeto da Medicina representante discente da Medicina. Acredito que a participação de acordo com as necessidades do SUS. Uma estratégia bastante
e da Fonoaudiologia, mas no caso da Enfermagem, houve a parti- discente é e tem sido muito importante pois, além de permitir-nos interessante, que promove a interdisciplinaridade, mas que tam-
cipação de duas estudantes que contam terem se sentido parte da acompanhar o andamento do projeto, é uma estratégia para impul- bém encontra bastante dificuldade em sua aplicação prática. Seria
construção do projeto apesar de não ter havido muito tempo para sionar mudanças curriculares. Penso também que a participação um projeto para auxiliar o Pró-Saúde a superar algumas dificulda-
reflexões, debates e discussões, pois o prazo entre a abertura do edi- dos estudantes não deve acontecer apenas através de seus repre- des encontradas em sua execução. Porém, a meu ver, a formulação
tal e entrega do projeto fora muito curto. Houve também um esfor- sentantes, mas todos os estudantes do curso deveriam ter mais in- e acompanhamento de um outro projeto dificulta, na prática, sua
ço da graduação em apresentar o projeto aos estudantes mas sem teresse em conhecer e acompanhar o desenvolvimento do projeto, operacionalização. Creio que o PET- Saúde poderia ser parte do Pró-
muito sucesso. afinal, sua formação está em questão. Saúde e não necessariariamente um outro projeto à parte. Existem
também algumas questões a se pensarem quanto à sua aplicação.
GRV - Como são utilizadas as verbas recebidas através do GRV - Você considera que os objetivos que foram pensados Por exemplo:
programa Pró-Saúde na FCM/UNICAMP? E qual sua avaliação para a adoção desse programa na faculdade foram alcança- - O fato de alguns profissionais (funcionários dos Centros de
do uso delas? dos? Saúde) receberem bolsas por participarem de atividades de ensino
MF - O Pró-Saúde prevê a existência de uma Comissão Gestora MF - Ano passado, o CAE elaborou uma enquete e aplicou a 116 não geraria descontentamento naqueles que realizam essas ativida-
Local (também conhecida como Comissão Local de Acompanha- de 160 alunos de Enfermagem. Os resultados mostraram que cerca des e nada recebem?
mento - CLA), no nosso caso, essa Comissão é composta pelos cur- de 42% dos alunos entrevistados notaram mudanças nos campos - O número de bolsas não é suficiente para todos os alunos.
sos da Medicina e Enfermagem e agora também pela Fonoaudio- de atividade prática. Porém, apenas 1,8% dos entrevistados nota- Como se daria esse processo seletivo?
logia. A CLA conta com a presença de estudantes (um titular e um ram alguma mudança em relação aos métodos de ensino (orienta- - Como seriam escolhidos os docentes que participariam desse
suplente para cada curso), docentes, gestores (representantes do ção pedagógica) e apenas 5,5% notaram mudanças relacionadas à projeto?
serviço/CETS) e usuários. É nas reuniões da CLA que são decididas orientação teórica. É possível notar que houve mudanças no campo - Temos professores que não são docentes. Esses professores po-
as formas de uso do recurso recebido com o Pró-Saúde. Porém, a de estágio. Porém, a aprendizagem continua se dando de forma deriam se candidatar a essas bolsas?
maneira como a verba deve ser gasta é previamente estipulada pelo passiva, sem muita integração entre as disciplinas do IB e as discipli- Marina Fuzita, estudante do 4º ano de enfermagem, membro do Centro
Ministério da Saúde na forma de rubricas. Por exemplo: X % da verba nas específicas da profissão. Essa reorientação da formação encon- Acadêmico da Enfermagem – CAE, representante discente na Comissão Local
deve ser gasto em equipamentos, Y% em material de consumo, Z% tra resistências internas e não consegue ser resolvida apenas com de Acompanhamento do Pró-Saúde e na Subcomissão Gestora do Pró-Saúde
em serviços e W% em viagens. Geralmente, o tempo para gastar a o recebimento de verba. O projeto, quase sempre, é acompanhado (do Departamento de Enfermagem), tem participado de diversas discussões do
parcela recebida é muito curto e o dinheiro acaba sendo gasto às um grupo pequeno de docentes e estudantes e creio que seja pos- tema, esteve em oficinas regionais do Pró-Saúde e no Seminário Nacional.

Integra saúde 2009 pulação local que tem como referência em saúde aquele determina-
do Centro. Para isso, foi montada uma comissão organizadora com-
posta por representantes de cada curso da área da saúde e firmada
um dos Centros de Saúde, para a realização dos projetos. As reuniões
individuais já começaram, os projetos já estão sendo desenhados e
o financiamento e patrocínio foram buscados, na esperança de se

U
uma parceria com a Secretaria de Saúde de Campinas. Essa proposta conseguir reduzir consideravelmente os custos do evento.
ma das novidades para a recepção dos calouros em 2009 foi apresentada à diretoria da FCM que aprovou e apoiou o projeto, Nossos objetivos pessoais são de que o Integra Saúde seja tão
será o Integra Saúde, evento que irá substituir a antiga Fei- interessando-se pelo fato dele agregar todos os cursos da FCM. A bem avaliado pelos calouros quanto foi a Feira de Saúde para nós;
ra de Saúde. Para uma melhor compreensão sobre como partir disso, pôde-se começar a pensar melhor sobre o evento. que seja construído e organizado por todos os cursos participantes;
será o Integra Saúde, é necessário, inicialmente, explicar os Muita coisa já foi discutida desde então. Várias reuniões foram que transforme a opinião dos calouros em relação aos “pré-concei-
motivos que provocaram a mudança do formato deste evento. realizadas em novembro, dezembro e janeiro, a FEF interessou-se e tos” da saúde publica brasileira e, finalmente, que traga benefícios
Em outubro do ano passado iniciaram-se as conversas entre os uniu-se ao projeto, e finalmente chegamos ao formato do Integra reais para a comunidade e para os profissionais do Centro de Saú-
interessados em organizar a Feira de Saúde, com a intenção de pro- Saúde. O projeto foi escrito sob a supervisão do Prof. Dr. Gastão Wag- de.
porcionar uma atividade tão boa ou ainda melhor do que o evento ner do Departamento de Medicina Preventiva e Social e teve o aval Algumas pessoas poderiam achar que este evento seria uma an-
de 2008 – do qual participamos como calouros e que foi muito bem do CETS (Centro de Educação dos Trabalhadores da Saúde), além tecipação de disciplinas do currículo da Medicina, como Ações em
avaliado pela XLVI, como um todo. Para o início das atividades, hou- do apoio da direção da FCM. A proposta é levar cerca de 15 alunos Saúde ou ainda Medicina e Saúde. Acreditamos que isso não seja
ve uma reunião com os organizadores da Feira do ano anterior, para para cada Centro de Saúde, em grupos contendo, pelo menos, um verdade, afinal em momento algum do nosso currículo existe uma
a troca de idéias sobre a realização do novo evento. Uma das suges- calouro de cada curso. Lá eles seriam supervisionados por veteranos atividade que integra os estudantes da área da saúde da Unicamp,
tões foi a de participar das reuniões do CA Saúde (Centro Acadêmico dos 5 cursos participantes (Educação Física, Enfermagem, Farmácia, futuros profissionais que trabalharão juntos para produzir saúde.
dos Cursos da Saúde), para que, junto com os outros cursos da FCM, Fonoaudiologia e Medicina), participariam de atividades visando à Este é o grande diferencial do Integra Saúde ao proporcionar este
fosse possível refletir e pensar de forma mais crítica sobre o modelo saúde de forma interdisciplinar no território do Centro de Saúde e momento único para o calouro.
da Feira de Saúde (afinal, até aquele momento, só era considerada a conheceriam a importância, as funções e as possíveis potencialida- Gostaríamos de contar com as idéias de quem se interessar pelo
visão da feira segundo os calouros da Medicina). des das profissões de saúde dentro do SUS. projeto, afinal o nosso principal objetivo é que nossos calouros se
Nessas reuniões surgiram alguns problemas com relação à anti- Para encerrar, no final do mês de janeiro foram divulgados os 12 divirtam tanto quanto nós nos divertimos na nossa Semana de Ca-
ga e tradicional Feira da Saúde, como a baixa relevância do atendi- Centros de Saúde interessados em participar do Integra Saúde: CS lourada.
mento à população e a falta de integração entre os diferentes cursos Orosimbo Maia, CS Fernanda, CS Monte Cristo, CS Nova América, CS Esperamos que todos compreendam os motivos que nos leva-
que participavam do evento, resultado da dificuldade em se atender São Marcos, CS DIC III, CS CAIC, CS Itatinga, CS Aeroporto, CS Concei- ram a modificar a feira de saúde e estamos abertos a sugestões para
aos interesses e opiniões de todos os cursos. Então, ao entrar em con- ção, CS São Quirino e CS 31 de Março. Em seguida houve uma reu- melhorar cada vez mais esse projeto.
tato com representantes dos outros cursos da FCM (Enfermagem, nião, no CETS, com os coordenadores dos 12 centros para a criação
Farmácia e Fonoaudiologia), o formato do evento foi modificado, dos projetos individuais de cada local, a partir do projeto comum do Muito obrigado,
transformando-se em algo descentralizado que ocorreria em alguns Integra Saúde. A comissão organizadora do Integra Saúde se frag- Diego, Fernanda, Luiza Manhezi e Heloisa.(XLVI)
Centros de Saúde de Campinas e contaria com a participação da po- mentou em 12, e existe, no mínimo, um aluno responsável por cada Membros da comissão organizadora do Integra Saúde
Saiu na mÍDIA
6  O patolÓGICO fevereiro de 2009

Futuros Médicos um painel marca os dias que faltam para a Intermed. Toda
manhã um funcionário atualiza. A Atlética é o clube dos
alunos de Medicina. Tem duas quadras, sala de ginástica,
voluntário do Departamento de Psiquiatria, levantou o as-
sunto em sala de aula, na disciplina Psiquiatria Médica, no
primeiro ano de Medicina. Pediu relatório. Percebeu mais

Racistas piscina; e guarda reluzentes troféus. Espécie de irmanda-


de, para alguns quase religião, cumpre calendário de ritu-
ais, como a “aula da Atlética”, palestra histórica para os ca-
vergonha que indignação nos textos. Uma aluna liberou
a verve. Antes não tivesse escrito. Considerou absurdas
as piadas, mas com a mesma indignação afirmou que as
Caso de polícia louros. Costumavam projetar no telão a imagem do reitor cotas prejudicam a relação entre estudantes. Contou do

É
que se demitiu, atleticano roxo, bebendo num troféu em professor que rechaçou o sistema, sugerindo registro pro-
de indignar e causar asco o jornal O Menisco, da antiga festa da vitória. fissional de cotista (CRM) e, pior: o super sincero prometia
Associação Atlética Acadêmica Pereira Barreto, O símbolo é uma caveira de cartola e piteira – apesar discriminar, barrando os alunos na prova de residência
da Universidade Federal de São Paulo, Unifesp de cigarro não combinar com saúde. Interessante notar o médica, após a conclusão do sexto ano. Os primeiros co-
– a Escola Paulista de Medicina. A Atlética con- significado aristocrático da imagem, copiada por outras tistas prestarão exame em 2010.
grega alunos que, anualmente, disputam a Intermed, tor- Atléticas. A diretoria é sempre ocupada por alunos do ter- Há dois inquéritos instaurados. Um, na Delegacia de
neio criado em 1966, cada ano numa cidade paulista. O ceiro ano. O evento mobilizador é a Intermed, nas quais Crimes Raciais e Delitos de Intolerância, São Paulo, apu-
jornal dedicado à competição retrata o péssimo caráter de rolam putaria, porrada e bebedeira. As cidades que os re- ra a responsabilidade criminal pela publicação racista, e
parcela importante dos futuros médicos brasileiros. cebem nunca mais os querem de volta. Arrogantes, inva- intolerante, pelas ofensas contra a mulher. Oito pessoas
O Menisco apareceu no pior momento possível. A dem cidades e agem como bárbaros. já foram ouvidas, mas faltam muitos, e a delegada pediu
Unifesp vivia dias tensos, o reitor acusado de pagar com Em Araraquara, explodiram bomba caseira no teto da prorrogação de prazo. Outro, na 4ª Delegacia de Crimes
cartão corporativo despesas de viagem – hotel na Disney, escola Rafael de Medina. Em 2007, uma aluna da Unicamp Eletrônicos, investiga o sítio de onde os componentes da
compra de produtos esportivos e eletrônicos, total 230 tomou tijolada na cara. Por causa da violência, a Atlética Atlética retiraram as piadas. E desde 15 de outubro o Mi-
mil. Ulysses Fagundes Neto alegou ter devolvido o dinhei- da USP abandonou a competição em 2005. nistério Público paulista está no caso.
ro para facilitar as investigações e acabou renunciando em Os hinos das torcidas das várias universidades paulis- No imponente prédio de 13 andares do MP, centro
25 de agosto. tas desenham a paisagem mental dos futuros médicos. Os de São Paulo, em 19 de novembro, véspera do feriado da
Estudantes acampam na sede paulistana da Unifesp, na alunos da Unifesp puxam grito de guerra típico: Consciência Negra, a promotora Deborah Kelly Affonso,
Vila Clementino. Diferentes motivos excitam a rapaziada. “Não tenho medo de morrer, eu dou porrada pra va- do Grupo de Atuação Especial de Inclusão Social, espera
Alguns saem rumo a Araraquara para a Intermed. O clima ler.” naquela tarde a presença do presidente da Atlética à épo-
esquenta quando alunos investem contra os acampados, Os da Universidade Estadual Paulista, Unesp, de Botu- ca dos fatos. Ele não comparece. Até aquele dia, a Atlética
estariam “manchando a imagem da instituição”. Pancada- catu, optam pela rima pobre e chula: não havia respondido nenhum requerimento da promo-
ria, lutadores rolam pela escadaria histórica. “Enterra, enfia e põe no cu; meu pau levanta, abaixa; tora.
A renúncia do reitor leva à convocação de Assembléia vem aí Botucatu.” Quem pode, pode
Geral dos Estudantes. A aluna negra Talita de Carvalho Na edição racista do Menisco, o texto sério, em tom Na última parte da reportagem, eu tentaria conversar
Honorato, 24 anos, cotista, da turma 75 de Medicina, pro- de ata, é de Jorge Carlos Machado Curi, presidente da As- com os alunos da Atlética, especialmente da diretoria an-
testa contra piadas racistas no Menisco. Constrangimento. sociação Paulista de Medicina. Segundo ele, em reuniões terior. Estava autorizado pela reitoria e assessoria de im-
Pedem para Talita ler as ofensas, ela se recusa, era muita decidiu-se coibir bebedeira e brigas com punições rigo- prensa a percorrer o campus e entrevistar pessoas.
humilhação. Talita, ao pedir explicações na Atlética, foi ex- rosas, segurança particular e filmagem do evento – será Chego às 11 da manhã da segunda-feira após o feria-
pulsa. Estava “causando” na diretoria. “Alguém, não sei o que alguém registrou os artífices da bomba na escola de do da Consciência Negra. Burburinho na porta da Atléti-
nome, disse: ponha-se da porta para fora.” Araraquara? ca. Com copos de cerveja nas mãos, ninfetinhas de nariz
Não era novidade para Talita o racismo. Na edição an- Quando há problemas, os responsáveis somem. O ex- empinado e musculosos em roupas de banho entram e
terior ofenderam uma aluna obesa. À noite e no outro dia, presidente da Atlética da Unifesp, Carlos Augusto M. Me- saem. A batucada come solta e os trabalhadores no ponto
recebeu telefonemas de diretores da Atlética, defendendo negozzo, criou novo perfil no Orkut. O anterior informa de ônibus espiam. Trata-se de mais um evento tradicional
a publicação, depois admitindo o erro, mas sondando se que o sujeito, natural de Sorocaba, tem 22 anos, não fuma da Atlética, o “banho”, ou “passagem do balde” dos alunos
a colega tomou alguma providência legal. Na Semana da nem bebe. E recomenda: “Acho melhor vir me conhecer e concluintes do sexto ano. Bebem e se molham, divertidís-
Pátria, sete dias de folga esfriaram a cabeça de Talita. Me- tirar suas conclusões.” Cercado de advogados e protegido simo para eles.
lhor não se expor tanto numa universidade dominada por pelo corporativismo, não é fácil encontrar o presidente da Tento entrar sem dizer nada, mas o segurança impede.
brancos ricos, pensou. Atlética da gestão que publicou O Menisco racista. Explico-me, chamam alguém. Vem à portaria Tiago Cyrillo
Mas a história não parou aí. Silêncio geral. No Orkut, a página da Atlética comunica Devitte, o Ticão, presidente da Atlética. Bafo de cerveja,
Nem juvenil é: infantil que o Ministério Público move ação relativa ao jornal. Dos coloca rapidinho os óculos escuros quando digo que sou
Dois alunos de Guarulhos, município colado a São Pau- 1.544 membros da comunidade, um comentou. Ricardo repórter fazendo matéria sobre O Menisco. Proíbe minha
lo, acionaram a prefeitura – ali a Unifesp instalou unidades, Saick, da turma 75, saiu com esta: “Falácias... interpretação entrada. Insisto, estou autorizado. Sem chance, é dia de
as primas pobres do curso de Medicina. Além de racista, o errada, tendenciosa... sensacionalismo e tudo mais.” O alu- festa, a diretoria anterior publicou o jornal e deveria res-
jornal ofende a mulher. Há páginas grotescas com fotos de no participa de 685 grupos virtuais, entre eles “Sou des- ponder, não eles. Sentei na mureta ao lado para aguardar
lanches – o hambúrguer entre pães é a imagem da vagina cendente de alemão” e “Meu beijo dá tesão”. a assessora de imprensa da Unifesp. Vários alunos vêm até
em montagem com fotos de corpos femininos. Haverá justiça? a porta, espiam, comentam, apontam para mim.
As 29 piadas racistas ocupam 3 páginas e, ao apresen- A Unifesp foi a primeira universidade paulista a adotar Meio-dia falo com a assessora, pelo telefone da recep-
tá-las, O Menisco se diz “betuminosamente indignado”. as cotas, em 2005. Não reservou vagas, aumentou em 10% ção. Reitera a autorização, e apesar do prédio da Atlética
Cinismo: o tom não é de indignação, sim de ironia. Lemos o número delas, evitando reclamações quanto à diminui- fazer parte da Unifesp, diz que lá quem manda são os
abjetas citações tiradas do Google: “Por que inventaram o ção do espaço para os abastados. Concorrem negros, par- alunos. Entendi. Restava ir à biblioteca conferir no livro
cavaquinho? Pro preto poder tocar algemado.” Este repór- dos e indígenas vindos do Ensino Médio público. comemorativo aos 75 anos da universidade a citação do
ter não tem estômago para reproduzir o resto. Um ano depois, expandiu-se para quatro localidades ex-aluno Rubens Belfort, que declara:
Mas se você está se perguntando que tipo de cabeça próximas: Diadema, Guarulhos, São José dos Campos e “Estávamos na época da ditadura, talvez seus piores
pensa e publica tais aberrações, a explicação está no pró- Baixada Santista. Dos 14 novos cursos, nenhum tão cobi- anos, e a escola era dividida em dois grupos: comunistas
prio jornal (68 folhas de sulfite xerocadas e encadernadas çado quanto os oferecidos na capital. Hoje são 3.274 alu- do Centro Acadêmico e fascistas da Atlética, mas a grande
com espiral). Sai em ocasiões especiais, na chegada dos nos; cotistas aprovados, 117. maioria dos estudantes não era nada.”
calouros ou às vésperas da Intermed. A edição em questão O Menisco é a primeira manifestação documentada de Antes de sair, encontro dois ex-diretores da Atlética,
é um calhamaço de arroubos, incentivos aos atletas e co- racismo na Unifesp. Depois da semana da Pátria, a história justamente os responsáveis pela edição do Menisco. Dou-
branças infantis (nem chegam a juvenis). poderia ter acabado, mas felizmente continuou. Os alunos glas Renê de Alencar e Bruno Paganotti lêem uma cópia
“Tudo o que a gente tem que ensinar é muito simples: de Guarulhos acionaram a Coordenadoria da Mulher e da de anotações, parece conteúdo de aula. Só faltou Samuel
é ensinar a amar a Escola, de verdade, acima de tudo, de Igualdade Racial da prefeitura, que levou o caso ao Mi- Salu, outro dos editores do infame jornal. Surpresos, fica-
todas as dificuldades.” nistério Público. A reitoria instaurou sindicância e o novo riam brancos se já não fossem. Refeitos, não querem falar.
Mais transcrições literais: reitor garante a seriedade da iniciativa. Marcos Pacheco Dei voz aos envolvidos. Deixo meu número de celular e
Ão, ão, ão, pau no cu da tradição! de Toledo Ferraz considera uma barbaridade o conteúdo vou embora. Ninguém é obrigado a responder perguntas
Vamos DESTRUIR essa porra. racista do jornal e espera que os responsáveis paguem: de um repórter – mas no caso, as de diretores, promotores
Viva a morte do meu pau “Minha expectativa é que se faça justiça.” e delegados, sim.
Há informações sobre pacotes de “brejas”, alojamentos Ele admite: alguns professores discordam da sindicân-
e camisetas para a Intermed, e o aviso: “pela milionésima cia, acham que são bons meninos que se excederam. A in- Marcos Zibordi é jornalista.
vez, cartão só Visa”. vestigação corre em segredo e, no Natal, completará três mzibordi@hotmail.com
Músculos no cérebro meses. Caros Amigos - Dezembro 2008
Após a catraca na entrada, há um corredor e, no fim, O professor negro Joaquim Machado Junior, psiquiatra
  O patolÓGICO fevereiro de 2009 7

Conseguiram separar o gene da melanina? Henrique Sater (Abrealas)

S
a multietnicidade dentro do meio acadêmico, com acesso uni- ções às regras são criadas para diminuir desigualdades, não
alve, meus irmãos africanos e lusitanos, do outro lado versal a todo e qualquer espaço . gerá-las. Caso contrário, devemos eliminar as filas especiais
do oceano. O Atlântico é pequeno pra nos separar, Pode, pois, surgir o argumento do senso-comum: “tentar para idosos, as meias entradas para estudantes e os assen-
porque o sangue é mais forte que a água do mar.” Co- tos para obesos nos ônibus. Apelo para a jocosidade, pois é
meço esse texto com versos do sagaz Gabriel O Pensa- necessário mostrar que preservar e zelar pela diversidade
dor, na música com o título quase que tautológico: Racismo é não necessariamente está embasado em preconceito.
Burrice. É triste ver o quanto podemos retroceder em um evento
Mas burrice nunca foi justificativa, ainda que intrínseca ao tão juvenil quanto o ocorrido na UNIFESP. São anos de luta,
ser humano desde o começo dos tempos. O caso na UNIFESP milhares de mortos e oprimidos em batalhas e massacres
parece um absurdo e referente apenas aos “índios” mais exal- étnicos, mártires e ícones da luta contra o racismo, para es-
tados e radicais, ainda mais envolto pelo sensacionalismo pe- tudantes do curso mais concorrido de uma grande univer-
jorativo do jornalista da revista Caros Amigos. sidade brincarem com algo tão sério. Isso porque em cada
No entanto, isso não isenta o fato do racismo estar mais turma há pelo menos 11 cotistas, o que gera um número
presente no ensino superior público do que imaginamos. A fa- extraordinariamente maior de negros presentes em nosso
vor das cotas ou não, é indubitável que a maior parte de meus curso.
leitores não produzem lá muita melanina. E tal se caracteriza inserir negros na universidade pública de forma não-espontâ- A era em que o grande império do mundo é comanda-
o perfil do usuário da universidade pública brasileira, desde nea não é racismo?”. Ou ainda: “aposto que não há muito nari- do por um negro pode ainda ser uma era marcada por ra-
docentes a graduandos, são poucos os negros. E, coinciden- gudos na universidade, devemos inseri-los também?”. As duas cismo. Cabe a nós enxergá-lo e fazer questão de cessá-lo.
temente, é possível ver funcionários negros trabalhando na perguntas exigem mais reflexão pessoal que argumentos con- Caso contrário, a diversidade continuará seleta e baseada
limpeza de nosso espaço. Vocação(?!) ou falta de opção, urge trários sólidos, por mais convincentes que o sejam. As exce- em quantidades mesquinhas de melanina.

“A Cabeça Pensa Onde os Pés Pisam”


H
Thais Machado Dias (XLV)
oje entendo meu pai. Um homem precisa via- dimensão da universalidade, e com o compromisso de de social, seja ela oriunda de ideologias (ao acreditar-
jar. Por sua conta, não por meio de histórias, transformação para a melhoria desse ambiente social. mos que somos sim responsáveis pela realidade que
imagens, livros ou TV. Precisa viajar por si, com Essa relação da universidade com a sociedade, en- nos cerca, e que devemos atuar a todo momento em
seus olhos e seus pés para entender o que é tretanto, pode- se dar das mais diversas maneiras. Há busca da sociedade que queremos, pois a passividade
seu. (...) Um homem precisa viajar para lugares que os que acreditam na extensão como “a mão santa que nesse sentido já é uma postura política de continuidade
não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz vai salvar aquele que recebe a ação extensionista ” ou da realidade atual) ou por uma questão mais simples,
ver o mundo como nós imaginamos e não como ele é que o objetivo maior da extensão é servir de campo de de que é essa sociedade que financia toda estrutura
ou pode ser; essa arrogância que nos faz professores universitária e é nossa responsabilidade ética oferecer
e doutores no que não vimos, quando deveríamos ser nosso trabalho a ela, já que ela nos oferece a oportuni-
alunos e ir ver.” Amir Klink dade de formação.
No tripé universitário, o ensino se constitui como Acreditamos, então, na extensão universitária como
razão primeira da própria existência da universidade, a um meio de promoção de autonomia da comunidade e
pesquisa é o olhar crítico sobre o conhecimento que é que contribua também para o exercício das cobranças
dado, buscando sua comprovação e sua complementa- de ações políticas. A extensão como um trabalho social
ção com novas informações a cada dia, e a extensão... útil e com intencionalidade de transformação, com res-
Sobre extensão é que se pretende falar nesse texto. peito mútuo, diálogo e solidariedade.
A palavra extensão, nesse contexto, significa esten- Buscamos com a extensão o empoderamento das
der-se, a algum lugar e/ou a alguém. A extensão univer- pessoas da comunidade e nosso aprendizado, seja ele
sitária é uma forma de interação entre a universidade técnico ou político, visto que a extensão é um exercí-
e a comunidade na qual está inserida. É uma espécie cio de cidadania tanto para universidade quanto para
de ponte permanente entre a universidade e diversos comunidade.
setores da sociedade. A universidade vai até a comuni- Cabe aqui, provocar nos leitores uma última refle-
dade prestar-lhe serviços e assistência e aprender com prática e diretriz de pesquisa da universidade (tendo xão: o quanto nossa universidade, e principalmente
ela, com um olhar especial em suas necessidades. desse modo, a universidade como finalidade última da nossa Faculdade de Ciências Médicas, tem se dedicado
Ter a realidade social como parte indissociável do ação). Acreditamos, por todos os motivos citados acima a essa parte tão fundamental do tripé universitário? Se
tripé universitário significa entender que a educação (inclusive o de prática e pesquisa) que a universidade é existem ações nesse sentido, o quanto nós, alunos do
superior deve se voltar à realidade, tê-la como ponto sim, e muito, beneficiada com o as atividades de exten- curso de medicina, buscamos nos inteirar e participar
de partida e de chegada do processo educativo. É acre- são, mas que devemos direcionar um olhar especial à delas? Se não existem, o que temos feito para mudar
ditar numa educação fruto do ambiente, sem perder a comunidade. Isso por uma questão de responsabilida- isso?

COBREM universal, de qualidade e orientada pelos determinantes sociais da


Saúde.”
Frente de Educação Médica: “Lutar por uma transformação
cada centro acadêmico, organizados em regionais de acordo com
suas realidades; a nossa regional é a Sul2, que é composta pelas
escolas de PR e SP. A coordenação nacional é formada por sede

D
socialmente referenciada da formação médica, por uma avaliação administrativa, coordenações regionais e coordenação de relações
e 11 a 18 de janeiro realizou-se no campus da UFC, em justa em todas as esferas, pela regulamentação e contra a exteriores. Cabe aqui destacar, com muita satisfação, a eleição de
Fortaleza (CE), o XXI Congresso Brasileiro de Estudantes precarização dos espaços de prática e pela qualidade dos estágios, um membro da UNICAMP como coordenador regional, a Marília
de Medicina. O COBREM é instância deliberativa da internato e espaços extra-curriculares.” Felício, da 44ª turma, ex-membro do CAAL.
Direção Executiva Nacional dos Estudantes de Medicina Frente de Educação: “Luta por uma Universidade Popular As coordenações de área abrangem as coordenações:
(DENEM) e inicia cada ano de movimento em uma construção que forme médicos socialmente referenciados para o trabalho Científica (CoCien), de Cultura (CoCult), de Educação e Saúde
coletiva, com a participação de todas as escolas médicas através em saúde, entendo como importante a Extensão Popular e a (CoES), de Estágios e Vivências (CEV), de Extensão Universitária
de seus delegados. (CExU), de Meio Ambiente (CoMA), de Políticas Educacionais (CPE)
O COBREM tem um papel fundamental e de Políticas de Saúde (CPS). Juntas formam o Centro de
na DENEM, pois é nele que os estudantes de Estudos e Pesquisas em Educação e Saúde (CENEPES),
todo o Brasil têm a oportunidade de planejar que objetiva aprofundar o conhecimento da entidade
estrategicamente mais um ano de atividade nessas áreas. Aqui cabe mais uma estrelinha para o novo
no Movimento Estudantil de Medicina (MEM), Coordenador de Estágios e Vivências, o Tung (Stênio
aprofundando a discussão sobre a conjuntura Duarte), também da 44ª turma e ex-membro do nosso
nacional, educação, educação e saúde, Hospitais centro acadêmico.
Universitários, entre outros assuntos, sempre Esperamos que essas representações tão próximas
inserindo esse debate no nosso cotidiano de nós na DENEM favoreçam nosso contato com a
enquanto estudantes de medicina. entidade e gostaríamos muito que todos os alunos da
Todos os congressistas têm direito a voz e articulação com os movimentos sociais. Contra a reestruturação Medicina UNICAMP se apropriassem desse privilégio.
participam ativamente na construção do planejamento da DENEM, neoliberal e a mercantilização do Ensino Superior evidenciadas Como participante desse COBREM, devo destacar que foi
que identifica, seleciona e prioriza os problemas, bem como debate pelo Projeto REUNI, pelas mensalidades abusivas e pela abertura uma experiência muito especial entrar em contato com pessoas
sobre as suas causas e efeitos, definindo um conteúdo propositivo indiscriminada de novas escolas.” de todos os estados e planejar com eles algo tão importante
para o planejamento, visando sempre à viabilidade estratégica das Além dessas ocorreu o planejamento da Frente quanto o caminho que nossa executiva deve trilhar por este ano.
ações planejadas e avaliando se estamos prontos para sustentar as Organizacional, que é permanente, diferente das outras frentes, Foi um espaço de criação de idéias e de estreitamento de laços,
lutas e executar as estratégias propostas. que são reformuladas ano a ano. A frente organizacional consta além de fortalecimento de lutas e ideais. Até agora, as idéias estão
A UNICAMP contribuiu nessa construção com oito delegados, de operações e diretrizes referentes à articulação do movimento fervilhando na minha cabeça e espero de todos os que lá encontrei,
sete representantes eleitos pelos alunos em eleição realizada em estudantil de medicina com seus próprios alunos e com outros a mesma força de vontade para realizar nossas lutas postas em
novembro, e um delegado indicado pelo CAAL, além de outro 13 movimentos de luta e sociais, incluindo o movimento estudantil papel.
alunos que compareceram e contribuíram para o congresso. geral e os de outros cursos da área da saúde. “Não há nada como um sonho para criar o futuro” Victor Hugo
Do planejamento desse COBREM, foram escolhidas três frentes No mesmo espaço houve a eleição dos membros da gestão 2009 Sarah Barbosa Segalla
prioritárias de luta para a entidade, listadas a seguir: da DENEM, que se organiza em Coordenações Locais, Coordenação Gestão Roda Viva - CAAL 2009
Frente de Saúde: “Lutar por uma saúde pública, gratuita, Nacional e Coordenações de Área. As coordenações locais são
Patocultural falácias
8  O patolÓGICO fevereiro de 2009

O FLAMENCO Me pega de novo que foi gostoso!


Suze(45) p/ Bambu (45), que a ensinava a nadar no dia livre do COBREM
“Tô quebrada! Já tentei todas as posições nesse banco mas não dá!

O
Ricardo Schwingel (XLVI)
Lú Manhezi(46) para Miquelline (45), ao reclamar do desconforto do banco do ônibus da UFPR
O flamenco é uma arte andaluza, nascida ao sul da Espanha. Por
na viagem de volta do COBREM.
ser uma arte popular muito antiga transmitida oralmente, é difícil
determinar suas origens com precisão. A passagem de diversas “Está quente mas é gostoso.... vai, põe tudo na boca...
etnias e civilizações pela Andaluzia aportou uma variedade de Jabá (FIDABEM-SP) com Miquelline 45 sobre uma tortinha frita do Mac
influências, que determinaram substancialmente sua evolução. Os povos durante o COBREM.”

Spasmo!
que mais contribuíram no desenvolvimento desta arte foram os ciganos, os
árabes, os judeus e os cristãos, mas também devemos considerar que a região
recebeu influências mais antigas de fenícios, gregos, romanos e persas. A arte
flamenca manifesta-se em três formas: no cante, no baile e na guitarra.
O termo cante é uma denominação coletiva que abarca e diferencia um
copioso número de canções dentro do grande conjunto dos cantares pró-
prios do povo andaluz. As primeiras aparições historicamente constatáveis
dessa música a situam nos espaços mais caracteristicamente marginais da
sociedade espanhola da época. O ambiente carcerário, a serra como lugar de
bandoleiros, contrabandistas, o mundo marinheiro, o trabalho nas ferrarias
são temas constantes nos versos desses cantes.
Pra quê?
O baile teve suas características básicas E então...
cristalizadas pro- vavelmente entre 1869 e Você percebe que tem um dom qualquer...
1929, a chamada idade de ouro do flamen- Algo que você não sabe pra que serve,
co. Apesar disso, é vivo e está em constante não se diz e não se pode compartilhar!
evolução. Por sua natureza, relaciona-se
com as emoções do executor e, portanto, Não sabe se te faz melhor ou pior.
deixa uma ampla liberdade a quem dança, É só o que VOCÊ vê...
o que enriquece muito a comunicação Um dom que tem uma latência de uma vida se perceber.
com o público. Apesar dessa liberdade Um dom que é ridiculamente pífio na eternidade a partir de, de...
que lhe é atribuída para criar, não pode ele Agora!
prescindir de uma direção, de uma série de Mas isso não te basta e te angustia
normas e regras que caracterizam o ges-
tual e a estética coreográfica dessa arte e Como se a cada dia fosse lhe dado o direito, o dever, a possibilidade
que fazem parte do próprio flamenco. De salvar uma alma por dia e todo dia você falhasse
A guitarra, no seu princípio, teve exclusi- Um remoer por dentro do seu único EU
vamente uma finalidade básica de acompanhamento ao cante. Sua função Escarnecendo encarcerado, rosnando amordaçado, eclodindo de suas
técnica se resumia na marcação rítmica e na sustentação harmônica do que entranhas
estivesse sendo executado, sem qualquer participação de destaque, como grunhindo palavras santas e blasfêmias
hoje ocorre. Com a modernização do cante no início do século XX, também
a guitarra foi abrindo caminho no panorama musical, com a introdução de Você é livre? Independente?
expressivos matizes no toque como arpejos, acordes e dedilhados. Adap- Maleável? Flexível?
tados, muitas vezes, da técnica da guitarra clássica, esses recursos enrique- Você convive com... gente?
ceram o sabor natural, o colorido e o regionalismo desse instrumento, que Acredita que a possibilidade de entender coisas é passar por
atualmente tem papel de destaque pelo grande número de concertistas que elas, provar...
a ela se dedicam. Há textura, odor, viagem -exclusivamente única?!
Apesar de ser uma arte popular, o flamenco recebeu contribuições impor-
tantes de autores individuais, dentre os quais vale destacar: Você deve? Cobra? Quem cobra?
- No cante: El Planeta, El Fillo, Silverio Franconetti, Enrique El Mellizo, Anto- Você lê: “A maior prova de independência e liberdade é saber
nio Chacón, Antonio Mairena, Manuel Torre, Fernanda e Bernarda de Utrera, preservar-se.”
Pastora Pavón e Camarón de La Isla. ...E acaba indo dormir mais burro do que acordou!
- No baile: Juana La Macarrona, Vicente Escudero, Antonio, Carmen Amaya, Malditos sejam todos!
Matilde Coral, Antonio Gades, Manuela Carrasco, Antonio Canales, Eva La Que fazem pensar que meus pensamentos não são meus.
Yerbabuena e Sara Baras.
- Na guitarra: Maestro Patiño, Ramón Montoya, Diego Del Gastor, Sabicas, Eles são meus e teus...
Niño Ricardo, Serranito, Paco de Lucía, Manolo Sanlúcar, Tomatito, Gerardo suportas o meu altruísmo sem inveja?
Nuñez e Vicente Amigo. E a minha crueldade sem nojo?
Córdoba, Pepe de. Palos Flamencos. – 1. Ed. - São Paulo: Edicon, 2008. A distância que nos separa é tão ilusória
Reyes, Alberto García. Guía Del Flamenco de Andalucía. 3. Ed. - Junta de Andalucía, Consejeria de Turismo, quanto a idéia de existir um “meu” e um “seu”
Comercio y Deporte, Turismo Andaluz, S.A. Egondi Artes Gráficas, 2005. Sou tanto parte de você quanto você imagina sermos seres
Graf-Martinez, Gerhard. Flamenco Gitarrenschule. ED 8253 BSS 48089. B. Schott’s Söhne, Mainz, 1994.
distintos
Pohren, D E. El arte flamenco. Sevilla: Editora Española, 1970.
por isso prefiro o vinho tinto
Existe sempre um momento em que se pode resistir...
Ou se atirar de cabeça...
-É preferível, e inteligente, que se adie tal momento...
Há penumbra em nossas escolhas...
-É escura para atrair!
-É clara para o que convém!
O momento o conduz por onde lhe apraz. Cada situação tem
vida própria para conduzir!
A estranha familiaridade...
-O que mais se pode querer?!
-Acabou... Aceite!

Chello(37) e Bergo (41)


mais no orkut, na Comunidade “Devaneios Tolos”

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