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O patolÓGICO
O PATOLÓGICO
Centro Acadêmico Adolfo Lutz - Medicina Unicamp - ano mmix - fevereiro
INTEGRA SAÚDE
houve no Hospi- trazemos uma entrevista ex- construção de um Hospital
tal das Clínicas clusiva com nosso superin- Universitário adequado para
da UNICAMP tendente do HC, Prof. Dr. Luiz nossa formação médica.
uma paralisação parcial den- Carlos Zeferino, realizada no Pretendemos, em nosso p. 5
tro das especialidades cirúr- dia 23/01 por um dos mem- planejamento, fazer dis-
gicas, iniciada pelos residen- bros de nossa gestão, Diego cussões a respeito de nosso
tes do hospital. Augusto Barbosa. Hospital. Acesse o planeja-
A mídia trouxe à tona a Nesta entrevista, vários mento em nosso site (caalu-
greve e jornais como o “Cor- aspectos do nosso Hospital nicamp.com.br) e veja quais
reio Popular” de Campinas Escola foram discutidos e espaços temos a intenção de
noticiaram o ocorrido. problemas apontados. promover para discussão du- “A CABEÇA PENSA
Assim, nesta edição, pub- Acreditamos que a fun- rante o ano.
licamos na íntegra a carta ção como gestão do Centro Confira a matéria na pá- ONDE OS PÉS PISAM”
escrita pelos residentes a re- Acadêmico seja participar gina 3!
Veja a reflexão sobre a Exten-
SAIU NA MÍDIA
Leia “Futuros Médicos Racistas”,
que saiu na Caros Amigos, a res-
peito do ocorrido na UNIFESP
» leia mais, p. 7
SPASMO!
Marcelo Taricani e Fernando
Bergo trazem o poema publica-
do no Orkut: “Pra quê?”
» leia mais, p. 8
2 O patolÓGICO fevereiro de 2009
O
terceiro “O Patológico” de nossa gestão sai em Alessandra XLIV JANEIRO
fevereiro!Nesta edição, temos o balancete de janeiro, Ana Carolina XLV Dia Descrição Dia Saldo
aqui ao lado. Contamos também com a carta redigida Antônio Fernando Débito Crédito
apresenta a reportagem da Caros Amigos a respeito do ocorrido Diego Barbosa XLVI 05/01 Transporte COBREM R$ 150,00 R$ 27.802,90
05/01 Transporte COBREM R$ 150,00 R$ 27.952,90
na UNIFESP, com uma reflexão a respeito escrita por Henrique Fernanda XLVI 05/01 Transporte COBREM R$ 150,00 R$ 28.102,90
Gines XLV 05/01 Patrocínio Calourada R$ 350,00 R$ 28.452,90
Sater.
Heloisa XLVI 05/01 Transporte COBREM R$ 150,00 R$ 28.602,90
Além destes, temos a matéria a respeito do Pró-Saúde, com Italo (Lili) XLVI 08/01
09/01
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2 entrevistas bem esclarecedoras a respeito do programa que Josué XLV 09/01 Pagamento Contador R$ 1.350,00 R$ 25.524,66
Lucas (Trigo) XLV 12/01 Pagamento provedor internet R$ 9,90 R$ 25.514,76
envolve nossa faculdade. Confira também os textos a respeito de Luiza Manhezi XLVI 12/01 Aluguel Randall R$ 800,00 R$ 26.314,76
E atenção: a próxima edição será em março, portanto, envie Miquelline XLV 16/01 Patrocínio Calourada R$ 810,00 R$ 32.334,32
seu texto o quanto antes para chaparodaviva@gmail.com e tenha Natália XLVI 20/01 Pagamento Telefone Embratel R$ 31,24 R$ 32.303,08
20/01 Patrocínio Calourada R$ 170,00 R$ 32.473,08
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seu texto publicado! 20/01 Transferência para a Poupança R$ 380,00 R$ 32.093,08
Rafael (Habib) XLVI 22/01 Patrocínio Calourada R$ 1.000,00 R$ 33.093,08
Até o próximo pato! Sarah (XLVI) 22/01 Patrocínio Calourada R$ 300,00 R$ 33.393,08
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Tiragem: 600 exemplares
22/01 Patrocínio Calourada R$ 33.659,75
Tati XLV 22/01 Pagamento Caneca Calourada R$ 160,00 R$ 33.499,75
Impressão: Gráfica Central da UNICAMP Thais MG XLV 22/01 Pagamento Xerox R$ 142,56 R$ 33.357,19
23/01 Taxa extrato inteligente R$ 3,90 R$ 33.353,29
Diagramação, editoração e elaboração: Gestão Roda Viva Thaís Tubero XLVI 23/01 Patrocínio Calourada R$ 500,00 R$ 32.853,29
Vanessa XLVI 27/01 Patrocínio Calourada R$ 335,00 R$ 33.188,29
MÉDICOS?
28/01 Transporte COBREM R$ 150,00 R$ 33.628,29
28/01 Patrocínio Calourada R$ 95,25 R$ 33.723,54
29/01 Pagamento Alarme R$ 309,08 R$ 33.414,46
29/01 Patrocínio Calourada R$ 450,00 R$ 33.864,46
Foca (XLIII) - OMBUDSMAN 29/01 Reembolso FCM R$ 1.138,15 R$ 35.002,61
Evolução: s.f. (lat. evolutio, ação de desenrolar). 1. Passagem progressiva de um estado a Saldo Final do Mês R$ 35.002,61
D
esde que entramos na faculdade de Medicina nos foi dito que o aprendizado viria com o tempo, com a Saldo Total do CAAL R$ 51.303,70
Intercâmbio
experiência prática adquirida por cada um. Com o passar dos anos vamos notando, mais do que o acúmulo
de conteúdo teórico, a aquisição de habilidades que antes não imaginávamos que poderíamos desenvolver.
Isso, graças a uma integração entre o saber e o “saber como fazer”. Saber é fácil: quem estuda, sabe! Saber
fazer também é fácil: basta aprender uma atividade manual qualquer e repeti-la, da mesma maneira, ao longo da
vida. Entretanto, o “saber como fazer”, dinâmico e pensante, não é para qualquer um, é preciso paciência, experiência
e muitas madrugadas em claro. No curso de Medicina, destaca-se o aluno que sabe como fazer. O CAAL participou do processo de recontagem dos estágios internacio-
É claro, contudo, que este equilíbrio não é alcançado somente mediante vontade própria. Também é preciso que
a Escola Médica ofereça recursos que permitam a obtenção do máximo potencial de cada futuro médico. E isso não nais (DENEM SCOPE e SCORE – ciclo 2009-2010), que ocorreu entre os dias
é qualquer faculdade (com “F” minúsculo) que proporciona. Quem sabe isso seja algum tipo de preconceito com 22 e 29 de janeiro no DA Lucas Machado da FCMMG, compondo a Comissão
os bons alunos de escolas não tão boas assim, ou também seja uma máscara enfeitada para o aluno que se utiliza
do nome de sabidamente boas Universidades mas, até que se prove o contrário, cada médico formado é tão bom de Recontagem e Supervisão, eleita na plenária final do XXI COBREM 2009,
quanto assim o é a Faculdade que cursou. Portanto, nós da UNICAMP temos a obrigação de ser, pelo menos, tão bons
quanto qualquer outro médico formado em nosso país.
em Fortaleza, da qual fizemos parte, junto a outros 2CA’s (CAOC-FMUSP e
Esta certeza baseia-se, principalmente, nos recursos que nos são oferecidos pela FCM e o modo como a prática DAAB-UFMG). Ficamos com a responsabilidade de refazer todo o processo,
está incluída em nosso currículo. Quanto ao implemento de recursos, o PROMED/Pró-Saúde, aparentemente,
mostrou-se uma alternativa interessante para a melhora da infra-estrutura da inserção do graduando na rede básica. desde a correção dos cadernos até a classificação final dos candidatos.
Não posso falar com relação aos outros cursos, mas na Medicina o contato precoce do estudante com o SUS e os A recontagem dos pontos de intercâmbio dos estudantes do país intei-
Centros de Saúde proporciona conhecimento aplicado à prática para o aluno e melhor atendimento (pelo menos foi
o que eu ouvi da maioria dos pacientes que eu atendi no CS) para a população. Claro que isso não resolve todos os ro foi requisitada na ROEX Salvador, devido aos diversos erros cometidos no
problemas, mas é preciso recursos físicos adequados para se formar um bom médico. processo levado pela CEV 2008, que levaram à descrença quanto à fidelida-
De nada vale a oportunidade da atividade prática se esta não puder ser realizada. É com este argumento que
se levantou a greve dos residentes das áreas cirúrgicas, impossibilitados de “praticar” com o reduzido quadro de de e à transparência deste órgão restrito na realização da seleção.
anestesistas. Ora, por que então a gigantesca carga horária da residência, se a parte que realmente importa, o “saber Para certificar a legitimidade do processo, nenhum dos participantes da
como fazer” está engessado? Esta paralisação tem motivo justo de ter ocorrido e é obrigação da nossa faculdade
proporcionar os recursos para a boa formação do médico residente. Também não posso deixar de elogiar a iniciativa Comissão estava concorrendo às vagas. Além disso, os avaliadores não jul-
da entrevista com o Dr. Zeferino. É sempre importante sabermos como tais discussões se dão em níveis diferentes
dentro da FCM/HC/UNICAMP. garam os documentos de estudantes de suas próprias universidades.
Por fim, nada disso terá valido a pena se o foco de todo esse esforço, o aluno de Medicina, não trouxer consigo O processo foi acompanhado de perto por três dos quatro componen-
algumas qualidades essenciais, e uma delas (quem sabe a principal...) é o respeito ao próximo. A Faculdade busca
preencher o ser humano em formação com conhecimento suficiente para que ele se torne um“curador de problemas”, tes da CEV 2009, coordenando as atitudes e decisões tomadas pela Comis-
mas não pode ensinar respeito, educação, compreensão e outras tantas qualidades para um jovem de 20 e poucos são, que também foram respaldadas pela gestão DENEM 2009, após recebi-
anos que em breve tornar-se-á Médico (no sentido mais amplo e filosófico da palavra). Uma fatia importante do
“saber como fazer” é constituído pelo caráter do profissional, independentemente da profissão. “Ninguém é melhor mento das atas das atividades da Comissão.
como médico do que é como pessoa” (frase dita por algum professor em algum momento desses mais de 4 anos de Esperamos ter colaborado com uma avaliação justa e transparente para
graduação).
É claro que o texto retirado da “Caros Amigos” exagera em alguns pontos: “o leão tomar LSD” não desenha a todos os estudantes de Medicina do Brasil.
minha paisagem mental, não vou pra Intermed porque lá tem putaria e porrada (...) e nem Santa Rita do Passa Quatro Luiza Manhezi (46) e Miquelline (45)
deixou de sediar esta competição após a “primeira invasão bárbara”. Também é colocado o amor e identificação dos
estudantes com sua escola num balaio só, junto com fixação irracional e deterioração de todos os valores possíveis. Gestão Roda Viva - CAAL 2009
Amo minha escola, freqüento a Intermed, grito os hinos da UNICAMP e, nem por isso, sou bárbaro ou racista.
Saber e saber como fazer são pré-requisitos básicos da evolução de qualquer estudante de Medicina. Sem um
equilíbrio entre recursos educacionais e formação humanística há grandes chances de obter-se um profissional não
preparado para as demandas da sociedade e, portanto, médicos exercendo a não-Medicina.
O patolÓGICO fevereiro de 2009 3
Entrevista realizada dia 23/01/2009 por Diego Barbosa (XLVI) contratação de novos anestesistas pela FUNCAMP. Como foi que fizeram no prédio do HC. A atual estrutura da emergência é
Gestão Roda Viva - Qual a importância do HC-UNICAMP realizado este contrato de emergência com os anestesistas? melhor do que a primeira, pois a área é cerca do dobro da inicial.
como hospital-escola? Houve alteração nos salários? Ao longo do tempo não houve aumento da demanda no PS, mas
Prof. Dr. Luiz Carlos Zeferino - Como hospital-escola, o HC tem PDLCZ – Sim, houve uma alteração de salários. Existem três houve um aumento na gravidade dos pacientes que nós atende-
uma importância por estar associado à Faculdade de Ciências tipos de contratos: para 24, 30 e 40 horas semanais. Quem optou mos, e não é tanto pelo sistema de emergência; se você analisar
Médicas, e como a FCM é uma das melhores escolas do Brasil, o por 24 horas semanais,não teve aumento, quem optou por traba- os pacientes que estão nas macas (na emergência), a maioria são
HC precisa corresponder a isso e buscar ser um dos hospitais de lhar por 30 horas semanais teve um aumento, e quem entrou para pacientes que são acompanhados no HC e como nós não pos-
ponta do Brasil. trabalhar por 40 horas semanais teve um aumento proporcional- suímos leitos suficientes na enfermaria, eles permanecem no PS.
GRV - Este mês houve uma greve dos residentes das áre- mente maior, porque o que se deseja é priorizar pessoas traba- O que mais congestiona o PS não é um problema no sistema de
as cirúrgicas, quais foram as conseqüências na assistência do lhando 40 horas semanais, pois é mais fácil organizar o trabalho e emergencia, é porque nosso Hospital de Clinicas é muito peque-
HC? é mais fácil de deslocar pessoas para atender períodos que estão no em número de leitos, nós temos 379 leitos funcionando hoje.
PDLCZ – A greve, logicamente, reduziu o número de cirurgias com maior deficiência. As pessoas que trabalham com 24 horas O HC-UNICAMP é menor do que qualquer outro de São Paulo,
eletivas do hospital; essa foi a conseqüência do ponto de vista de não têm flexibilidade para mudar de horário. como o HC-SP, menor que o HC-FMRP, Hospital de Base de Rio
atendimento. E o que eu estou sabendo pelos próprios residen- GRV - Qual a diferença entre um funcionário contratado Preto e inclusive menor que o Hospital de Botucatu. Se nós tivés-
tes é que estas cirurgias estão sendo remarcadas de acordo com via FUNCAMP e via HC-UNICAMP? semos mais 40 ou 50 leitos para acolher os pacientes que estão
a prioridade clínica, na medida do possível, sem prejuízo aos pa- PDLCZ – Na UNICAMP, você entra por concurso público que na emergência, seria muito bom. Quanto à reforma no PS, nós
cientes. tem as regras mais fixas, e na FUNCAMP, você entra por processo até pensamos em fazer algumas adaptações, mas o PS é aquela
- Qual a repercussão de uma greve no HC-UNICAMP para seletivo; os dois modos são abertos. O profissional de nível supe- casa que, por mais que você mexe, ela continua com defeitos, por
a sociedade? rior da UNICAMP ganha cerca de R$ 1.000,00 a mais que o funcio- isso nosso projeto é a construção de um prédio novo, um prédio
PDLCZ – A repercussão direta é o prejuízo na assistência. O nário FUNCAMP. de fato para emergência. Portanto, não é um problema de ago-
HC-UNICAMP, pela sua importância no ensino e por ser um gran- GRV - O que um médico procura ao trabalhar no HC com ra com a carta dos alunos, mas desde que se abriu este hospital.
de centro de pesquisa e assistência, acaba sendo um referencial, um salário menor do que o oferecido no mercado de traba- Agora, nós estamos equipando a emergência com alguns novos
não só para as pessoas que o procuram, mas também para as pes- lho? equipamentos; de acordo com normas do Ministério da Saúde,
soas que nunca precisam ser atendidas aqui. É um órgão, uma ins- PDLCZ – Muitos profissionais que trabalham na UNICAMP um consultório deveria ter no mínimo 7m2 e local para lavar as
tituição pública e, portanto, utiliza e é financiado pelos recursos com contrato de 24 horas semanais valorizam a relação com a mãos, mas nenhum consultório da nossa emergência tem estas
públicos, que são de todos. Com certeza, mesmo os que não uti- UNICAMP. De maneira geral, fazer parte do quadro de médicos características; a sala de emergência (sala vermelha) teria que ficar
lizam o hospital, querem que ele seja eficiente e, então, qualquer da UNICAMP é um privilégio, e esse é o principal fator para que na porta de entrada do PS onde a ambulância estaciona e não no
imagem ou fato que seja negativo dentro do hospital é algo pelo eles aceitem trabalhar aqui ganhando menos que no mercado fundo do PS. Por isso nós pretendemos iniciar a construção de um
qual a sociedade/comunidade se interessa. (de trabalho). Esses profissionais são muito bons, são os melhores prédio novo para emergência neste ano com previsão de conclu-
GRV - Por que há uma falta de anestesistas no HC-UNI- profissionais aí fora. E o fato deles serem os melhores profissio- são dentro de 2 anos após o inicio das obras.
CAMP, isto é reflexo da ausência desta especialidade no mer- nais aí fora também está associado ao fato de serem médicos da GRV - Qual o seu conselho para que um aluno ou residen-
cado de trabalho, ou o salário oferecido pelo HC-UNICAMP UNICAMP. Contudo, eu queria deixar claro que o ideal seria (o pro- te faça em situações de deficiência do ensino médico para
está abaixo do que os anestesistas pretendem ganhar? fissional) receber o que merece. É evidente que pagar mais não é que não seja necessário o extremo de uma greve?
PDLCZ – Esta pergunta seria melhor respondida pelos anes- simples. PDLCZ – O aluno e o residente estão vinculados a suas respec-
tesistas. A falta de anestesistas é um problema crônico. Em outros GRV - Há ainda o risco de voltar a existir suspensão de ci- tivas comissões: Comissão de Ensino da Graduação e Comissão
momentos o HC já teve que diferenciar o salário do anestesista; rurgias por causa da ausência de anestesistas? de Residência. O primeiro local que os alunos devem colocar suas
mas recentemente somaram-se alguns fatos e o salário é um de- PDLCZ – Eu não gosto muito de falar em futuro, mas nós es- dificuldades, suas criticas ou sugestões são nas suas respectivas
les. Outro fato é a alteração da residência de anestesiologia, de tamos trabalhando para que isso não aconteça, incentivando a comissões. Nos colegiados da faculdade há representantes dis-
dois para três anos. No ano passado quando os R2 eram para ter permanência desses profissionais no Hospital. Tanto o Hospital, centes e, se o problema persistir, pode ser apresentado e solicita-
saído para o mercado de trabalho, eles foram fazer R3, e ficou um quanto o Departamento de Anestesiologia estão investindo nis- das informações, seja individualmente ou através da sua respecti-
ano sem entrar anestesistas no mercado, então isto complicou to. va comissão. Como nós estamos em uma instituição publica, ela
muito a situação de uma especialidade que já apresentava difi- GRV - No dia 3 de Novembro foi redigida uma carta pelas tem que estar organizada e institucionalizada para que os vários
culdades. 41º e 42º turmas da Medicina UNICAMP reivindicando mu- participantes dos seus conselhos tenham voz, participem do que
GRV - Qual foi o acordo realizado com os residentes para danças no PS (UER) do HC-UNICAMP, quais medidas foram for necessário e para que haja um respeito entres estes. As gran-
o fim da greve? adotadas? des decisões são tomadas pelo conselho formado por docentes e
PDLCZ – O acordo com os residentes compõe-se de dois pon- PDLCZ – Nós já estamos discutindo o nosso Pronto socorro discentes, e este conselho é fundamental.
tos principais. Um é voltar à normalidade das atividades cirúrgicas, há muito tempo com profissionais da Cirurgia do Trauma e da
possível em fevereiro devido à conclusão da residência pelos R3 . Emergência; este é um tema complexo que tem origem desde Luiz Carlos Zeferino concluiu o doutorado em Tocoginecologia
O segundo componente é um conjunto de medidas importantes que existe o HC-UNICAMP , pois não estava prevista a instalação pela Universidade Estadual de Campinas em 1994. Atualmente é
para o centro cirúrgico, que serão analisadas pelo colegiado ges- de um PS. Para haver um PS aqui no HC houve uma paralisação Professor Associado do Departamento de Tocoginecologia da Facul-
tor do centro cirúrgico e, dentro do possível, atendidas. dos alunos, mas o problema era onde implantar. Aquela área (de dade de Ciências Médicas e Superintendente do Hospital de Clínicas,
GRV - Foi realizado um contrato de emergência para emergência) é um espaço da Imaginologia mais um “puxadinho” Unicamp. (fonte: currículo Lattes)
4 O patolÓGICO fevereiro de 2009
Integra saúde 2009 pulação local que tem como referência em saúde aquele determina-
do Centro. Para isso, foi montada uma comissão organizadora com-
posta por representantes de cada curso da área da saúde e firmada
um dos Centros de Saúde, para a realização dos projetos. As reuniões
individuais já começaram, os projetos já estão sendo desenhados e
o financiamento e patrocínio foram buscados, na esperança de se
U
uma parceria com a Secretaria de Saúde de Campinas. Essa proposta conseguir reduzir consideravelmente os custos do evento.
ma das novidades para a recepção dos calouros em 2009 foi apresentada à diretoria da FCM que aprovou e apoiou o projeto, Nossos objetivos pessoais são de que o Integra Saúde seja tão
será o Integra Saúde, evento que irá substituir a antiga Fei- interessando-se pelo fato dele agregar todos os cursos da FCM. A bem avaliado pelos calouros quanto foi a Feira de Saúde para nós;
ra de Saúde. Para uma melhor compreensão sobre como partir disso, pôde-se começar a pensar melhor sobre o evento. que seja construído e organizado por todos os cursos participantes;
será o Integra Saúde, é necessário, inicialmente, explicar os Muita coisa já foi discutida desde então. Várias reuniões foram que transforme a opinião dos calouros em relação aos “pré-concei-
motivos que provocaram a mudança do formato deste evento. realizadas em novembro, dezembro e janeiro, a FEF interessou-se e tos” da saúde publica brasileira e, finalmente, que traga benefícios
Em outubro do ano passado iniciaram-se as conversas entre os uniu-se ao projeto, e finalmente chegamos ao formato do Integra reais para a comunidade e para os profissionais do Centro de Saú-
interessados em organizar a Feira de Saúde, com a intenção de pro- Saúde. O projeto foi escrito sob a supervisão do Prof. Dr. Gastão Wag- de.
porcionar uma atividade tão boa ou ainda melhor do que o evento ner do Departamento de Medicina Preventiva e Social e teve o aval Algumas pessoas poderiam achar que este evento seria uma an-
de 2008 – do qual participamos como calouros e que foi muito bem do CETS (Centro de Educação dos Trabalhadores da Saúde), além tecipação de disciplinas do currículo da Medicina, como Ações em
avaliado pela XLVI, como um todo. Para o início das atividades, hou- do apoio da direção da FCM. A proposta é levar cerca de 15 alunos Saúde ou ainda Medicina e Saúde. Acreditamos que isso não seja
ve uma reunião com os organizadores da Feira do ano anterior, para para cada Centro de Saúde, em grupos contendo, pelo menos, um verdade, afinal em momento algum do nosso currículo existe uma
a troca de idéias sobre a realização do novo evento. Uma das suges- calouro de cada curso. Lá eles seriam supervisionados por veteranos atividade que integra os estudantes da área da saúde da Unicamp,
tões foi a de participar das reuniões do CA Saúde (Centro Acadêmico dos 5 cursos participantes (Educação Física, Enfermagem, Farmácia, futuros profissionais que trabalharão juntos para produzir saúde.
dos Cursos da Saúde), para que, junto com os outros cursos da FCM, Fonoaudiologia e Medicina), participariam de atividades visando à Este é o grande diferencial do Integra Saúde ao proporcionar este
fosse possível refletir e pensar de forma mais crítica sobre o modelo saúde de forma interdisciplinar no território do Centro de Saúde e momento único para o calouro.
da Feira de Saúde (afinal, até aquele momento, só era considerada a conheceriam a importância, as funções e as possíveis potencialida- Gostaríamos de contar com as idéias de quem se interessar pelo
visão da feira segundo os calouros da Medicina). des das profissões de saúde dentro do SUS. projeto, afinal o nosso principal objetivo é que nossos calouros se
Nessas reuniões surgiram alguns problemas com relação à anti- Para encerrar, no final do mês de janeiro foram divulgados os 12 divirtam tanto quanto nós nos divertimos na nossa Semana de Ca-
ga e tradicional Feira da Saúde, como a baixa relevância do atendi- Centros de Saúde interessados em participar do Integra Saúde: CS lourada.
mento à população e a falta de integração entre os diferentes cursos Orosimbo Maia, CS Fernanda, CS Monte Cristo, CS Nova América, CS Esperamos que todos compreendam os motivos que nos leva-
que participavam do evento, resultado da dificuldade em se atender São Marcos, CS DIC III, CS CAIC, CS Itatinga, CS Aeroporto, CS Concei- ram a modificar a feira de saúde e estamos abertos a sugestões para
aos interesses e opiniões de todos os cursos. Então, ao entrar em con- ção, CS São Quirino e CS 31 de Março. Em seguida houve uma reu- melhorar cada vez mais esse projeto.
tato com representantes dos outros cursos da FCM (Enfermagem, nião, no CETS, com os coordenadores dos 12 centros para a criação
Farmácia e Fonoaudiologia), o formato do evento foi modificado, dos projetos individuais de cada local, a partir do projeto comum do Muito obrigado,
transformando-se em algo descentralizado que ocorreria em alguns Integra Saúde. A comissão organizadora do Integra Saúde se frag- Diego, Fernanda, Luiza Manhezi e Heloisa.(XLVI)
Centros de Saúde de Campinas e contaria com a participação da po- mentou em 12, e existe, no mínimo, um aluno responsável por cada Membros da comissão organizadora do Integra Saúde
Saiu na mÍDIA
6 O patolÓGICO fevereiro de 2009
Futuros Médicos um painel marca os dias que faltam para a Intermed. Toda
manhã um funcionário atualiza. A Atlética é o clube dos
alunos de Medicina. Tem duas quadras, sala de ginástica,
voluntário do Departamento de Psiquiatria, levantou o as-
sunto em sala de aula, na disciplina Psiquiatria Médica, no
primeiro ano de Medicina. Pediu relatório. Percebeu mais
É
que se demitiu, atleticano roxo, bebendo num troféu em professor que rechaçou o sistema, sugerindo registro pro-
de indignar e causar asco o jornal O Menisco, da antiga festa da vitória. fissional de cotista (CRM) e, pior: o super sincero prometia
Associação Atlética Acadêmica Pereira Barreto, O símbolo é uma caveira de cartola e piteira – apesar discriminar, barrando os alunos na prova de residência
da Universidade Federal de São Paulo, Unifesp de cigarro não combinar com saúde. Interessante notar o médica, após a conclusão do sexto ano. Os primeiros co-
– a Escola Paulista de Medicina. A Atlética con- significado aristocrático da imagem, copiada por outras tistas prestarão exame em 2010.
grega alunos que, anualmente, disputam a Intermed, tor- Atléticas. A diretoria é sempre ocupada por alunos do ter- Há dois inquéritos instaurados. Um, na Delegacia de
neio criado em 1966, cada ano numa cidade paulista. O ceiro ano. O evento mobilizador é a Intermed, nas quais Crimes Raciais e Delitos de Intolerância, São Paulo, apu-
jornal dedicado à competição retrata o péssimo caráter de rolam putaria, porrada e bebedeira. As cidades que os re- ra a responsabilidade criminal pela publicação racista, e
parcela importante dos futuros médicos brasileiros. cebem nunca mais os querem de volta. Arrogantes, inva- intolerante, pelas ofensas contra a mulher. Oito pessoas
O Menisco apareceu no pior momento possível. A dem cidades e agem como bárbaros. já foram ouvidas, mas faltam muitos, e a delegada pediu
Unifesp vivia dias tensos, o reitor acusado de pagar com Em Araraquara, explodiram bomba caseira no teto da prorrogação de prazo. Outro, na 4ª Delegacia de Crimes
cartão corporativo despesas de viagem – hotel na Disney, escola Rafael de Medina. Em 2007, uma aluna da Unicamp Eletrônicos, investiga o sítio de onde os componentes da
compra de produtos esportivos e eletrônicos, total 230 tomou tijolada na cara. Por causa da violência, a Atlética Atlética retiraram as piadas. E desde 15 de outubro o Mi-
mil. Ulysses Fagundes Neto alegou ter devolvido o dinhei- da USP abandonou a competição em 2005. nistério Público paulista está no caso.
ro para facilitar as investigações e acabou renunciando em Os hinos das torcidas das várias universidades paulis- No imponente prédio de 13 andares do MP, centro
25 de agosto. tas desenham a paisagem mental dos futuros médicos. Os de São Paulo, em 19 de novembro, véspera do feriado da
Estudantes acampam na sede paulistana da Unifesp, na alunos da Unifesp puxam grito de guerra típico: Consciência Negra, a promotora Deborah Kelly Affonso,
Vila Clementino. Diferentes motivos excitam a rapaziada. “Não tenho medo de morrer, eu dou porrada pra va- do Grupo de Atuação Especial de Inclusão Social, espera
Alguns saem rumo a Araraquara para a Intermed. O clima ler.” naquela tarde a presença do presidente da Atlética à épo-
esquenta quando alunos investem contra os acampados, Os da Universidade Estadual Paulista, Unesp, de Botu- ca dos fatos. Ele não comparece. Até aquele dia, a Atlética
estariam “manchando a imagem da instituição”. Pancada- catu, optam pela rima pobre e chula: não havia respondido nenhum requerimento da promo-
ria, lutadores rolam pela escadaria histórica. “Enterra, enfia e põe no cu; meu pau levanta, abaixa; tora.
A renúncia do reitor leva à convocação de Assembléia vem aí Botucatu.” Quem pode, pode
Geral dos Estudantes. A aluna negra Talita de Carvalho Na edição racista do Menisco, o texto sério, em tom Na última parte da reportagem, eu tentaria conversar
Honorato, 24 anos, cotista, da turma 75 de Medicina, pro- de ata, é de Jorge Carlos Machado Curi, presidente da As- com os alunos da Atlética, especialmente da diretoria an-
testa contra piadas racistas no Menisco. Constrangimento. sociação Paulista de Medicina. Segundo ele, em reuniões terior. Estava autorizado pela reitoria e assessoria de im-
Pedem para Talita ler as ofensas, ela se recusa, era muita decidiu-se coibir bebedeira e brigas com punições rigo- prensa a percorrer o campus e entrevistar pessoas.
humilhação. Talita, ao pedir explicações na Atlética, foi ex- rosas, segurança particular e filmagem do evento – será Chego às 11 da manhã da segunda-feira após o feria-
pulsa. Estava “causando” na diretoria. “Alguém, não sei o que alguém registrou os artífices da bomba na escola de do da Consciência Negra. Burburinho na porta da Atléti-
nome, disse: ponha-se da porta para fora.” Araraquara? ca. Com copos de cerveja nas mãos, ninfetinhas de nariz
Não era novidade para Talita o racismo. Na edição an- Quando há problemas, os responsáveis somem. O ex- empinado e musculosos em roupas de banho entram e
terior ofenderam uma aluna obesa. À noite e no outro dia, presidente da Atlética da Unifesp, Carlos Augusto M. Me- saem. A batucada come solta e os trabalhadores no ponto
recebeu telefonemas de diretores da Atlética, defendendo negozzo, criou novo perfil no Orkut. O anterior informa de ônibus espiam. Trata-se de mais um evento tradicional
a publicação, depois admitindo o erro, mas sondando se que o sujeito, natural de Sorocaba, tem 22 anos, não fuma da Atlética, o “banho”, ou “passagem do balde” dos alunos
a colega tomou alguma providência legal. Na Semana da nem bebe. E recomenda: “Acho melhor vir me conhecer e concluintes do sexto ano. Bebem e se molham, divertidís-
Pátria, sete dias de folga esfriaram a cabeça de Talita. Me- tirar suas conclusões.” Cercado de advogados e protegido simo para eles.
lhor não se expor tanto numa universidade dominada por pelo corporativismo, não é fácil encontrar o presidente da Tento entrar sem dizer nada, mas o segurança impede.
brancos ricos, pensou. Atlética da gestão que publicou O Menisco racista. Explico-me, chamam alguém. Vem à portaria Tiago Cyrillo
Mas a história não parou aí. Silêncio geral. No Orkut, a página da Atlética comunica Devitte, o Ticão, presidente da Atlética. Bafo de cerveja,
Nem juvenil é: infantil que o Ministério Público move ação relativa ao jornal. Dos coloca rapidinho os óculos escuros quando digo que sou
Dois alunos de Guarulhos, município colado a São Pau- 1.544 membros da comunidade, um comentou. Ricardo repórter fazendo matéria sobre O Menisco. Proíbe minha
lo, acionaram a prefeitura – ali a Unifesp instalou unidades, Saick, da turma 75, saiu com esta: “Falácias... interpretação entrada. Insisto, estou autorizado. Sem chance, é dia de
as primas pobres do curso de Medicina. Além de racista, o errada, tendenciosa... sensacionalismo e tudo mais.” O alu- festa, a diretoria anterior publicou o jornal e deveria res-
jornal ofende a mulher. Há páginas grotescas com fotos de no participa de 685 grupos virtuais, entre eles “Sou des- ponder, não eles. Sentei na mureta ao lado para aguardar
lanches – o hambúrguer entre pães é a imagem da vagina cendente de alemão” e “Meu beijo dá tesão”. a assessora de imprensa da Unifesp. Vários alunos vêm até
em montagem com fotos de corpos femininos. Haverá justiça? a porta, espiam, comentam, apontam para mim.
As 29 piadas racistas ocupam 3 páginas e, ao apresen- A Unifesp foi a primeira universidade paulista a adotar Meio-dia falo com a assessora, pelo telefone da recep-
tá-las, O Menisco se diz “betuminosamente indignado”. as cotas, em 2005. Não reservou vagas, aumentou em 10% ção. Reitera a autorização, e apesar do prédio da Atlética
Cinismo: o tom não é de indignação, sim de ironia. Lemos o número delas, evitando reclamações quanto à diminui- fazer parte da Unifesp, diz que lá quem manda são os
abjetas citações tiradas do Google: “Por que inventaram o ção do espaço para os abastados. Concorrem negros, par- alunos. Entendi. Restava ir à biblioteca conferir no livro
cavaquinho? Pro preto poder tocar algemado.” Este repór- dos e indígenas vindos do Ensino Médio público. comemorativo aos 75 anos da universidade a citação do
ter não tem estômago para reproduzir o resto. Um ano depois, expandiu-se para quatro localidades ex-aluno Rubens Belfort, que declara:
Mas se você está se perguntando que tipo de cabeça próximas: Diadema, Guarulhos, São José dos Campos e “Estávamos na época da ditadura, talvez seus piores
pensa e publica tais aberrações, a explicação está no pró- Baixada Santista. Dos 14 novos cursos, nenhum tão cobi- anos, e a escola era dividida em dois grupos: comunistas
prio jornal (68 folhas de sulfite xerocadas e encadernadas çado quanto os oferecidos na capital. Hoje são 3.274 alu- do Centro Acadêmico e fascistas da Atlética, mas a grande
com espiral). Sai em ocasiões especiais, na chegada dos nos; cotistas aprovados, 117. maioria dos estudantes não era nada.”
calouros ou às vésperas da Intermed. A edição em questão O Menisco é a primeira manifestação documentada de Antes de sair, encontro dois ex-diretores da Atlética,
é um calhamaço de arroubos, incentivos aos atletas e co- racismo na Unifesp. Depois da semana da Pátria, a história justamente os responsáveis pela edição do Menisco. Dou-
branças infantis (nem chegam a juvenis). poderia ter acabado, mas felizmente continuou. Os alunos glas Renê de Alencar e Bruno Paganotti lêem uma cópia
“Tudo o que a gente tem que ensinar é muito simples: de Guarulhos acionaram a Coordenadoria da Mulher e da de anotações, parece conteúdo de aula. Só faltou Samuel
é ensinar a amar a Escola, de verdade, acima de tudo, de Igualdade Racial da prefeitura, que levou o caso ao Mi- Salu, outro dos editores do infame jornal. Surpresos, fica-
todas as dificuldades.” nistério Público. A reitoria instaurou sindicância e o novo riam brancos se já não fossem. Refeitos, não querem falar.
Mais transcrições literais: reitor garante a seriedade da iniciativa. Marcos Pacheco Dei voz aos envolvidos. Deixo meu número de celular e
Ão, ão, ão, pau no cu da tradição! de Toledo Ferraz considera uma barbaridade o conteúdo vou embora. Ninguém é obrigado a responder perguntas
Vamos DESTRUIR essa porra. racista do jornal e espera que os responsáveis paguem: de um repórter – mas no caso, as de diretores, promotores
Viva a morte do meu pau “Minha expectativa é que se faça justiça.” e delegados, sim.
Há informações sobre pacotes de “brejas”, alojamentos Ele admite: alguns professores discordam da sindicân-
e camisetas para a Intermed, e o aviso: “pela milionésima cia, acham que são bons meninos que se excederam. A in- Marcos Zibordi é jornalista.
vez, cartão só Visa”. vestigação corre em segredo e, no Natal, completará três mzibordi@hotmail.com
Músculos no cérebro meses. Caros Amigos - Dezembro 2008
Após a catraca na entrada, há um corredor e, no fim, O professor negro Joaquim Machado Junior, psiquiatra
O patolÓGICO fevereiro de 2009 7
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a multietnicidade dentro do meio acadêmico, com acesso uni- ções às regras são criadas para diminuir desigualdades, não
alve, meus irmãos africanos e lusitanos, do outro lado versal a todo e qualquer espaço . gerá-las. Caso contrário, devemos eliminar as filas especiais
do oceano. O Atlântico é pequeno pra nos separar, Pode, pois, surgir o argumento do senso-comum: “tentar para idosos, as meias entradas para estudantes e os assen-
porque o sangue é mais forte que a água do mar.” Co- tos para obesos nos ônibus. Apelo para a jocosidade, pois é
meço esse texto com versos do sagaz Gabriel O Pensa- necessário mostrar que preservar e zelar pela diversidade
dor, na música com o título quase que tautológico: Racismo é não necessariamente está embasado em preconceito.
Burrice. É triste ver o quanto podemos retroceder em um evento
Mas burrice nunca foi justificativa, ainda que intrínseca ao tão juvenil quanto o ocorrido na UNIFESP. São anos de luta,
ser humano desde o começo dos tempos. O caso na UNIFESP milhares de mortos e oprimidos em batalhas e massacres
parece um absurdo e referente apenas aos “índios” mais exal- étnicos, mártires e ícones da luta contra o racismo, para es-
tados e radicais, ainda mais envolto pelo sensacionalismo pe- tudantes do curso mais concorrido de uma grande univer-
jorativo do jornalista da revista Caros Amigos. sidade brincarem com algo tão sério. Isso porque em cada
No entanto, isso não isenta o fato do racismo estar mais turma há pelo menos 11 cotistas, o que gera um número
presente no ensino superior público do que imaginamos. A fa- extraordinariamente maior de negros presentes em nosso
vor das cotas ou não, é indubitável que a maior parte de meus curso.
leitores não produzem lá muita melanina. E tal se caracteriza inserir negros na universidade pública de forma não-espontâ- A era em que o grande império do mundo é comanda-
o perfil do usuário da universidade pública brasileira, desde nea não é racismo?”. Ou ainda: “aposto que não há muito nari- do por um negro pode ainda ser uma era marcada por ra-
docentes a graduandos, são poucos os negros. E, coinciden- gudos na universidade, devemos inseri-los também?”. As duas cismo. Cabe a nós enxergá-lo e fazer questão de cessá-lo.
temente, é possível ver funcionários negros trabalhando na perguntas exigem mais reflexão pessoal que argumentos con- Caso contrário, a diversidade continuará seleta e baseada
limpeza de nosso espaço. Vocação(?!) ou falta de opção, urge trários sólidos, por mais convincentes que o sejam. As exce- em quantidades mesquinhas de melanina.
D
socialmente referenciada da formação médica, por uma avaliação administrativa, coordenações regionais e coordenação de relações
e 11 a 18 de janeiro realizou-se no campus da UFC, em justa em todas as esferas, pela regulamentação e contra a exteriores. Cabe aqui destacar, com muita satisfação, a eleição de
Fortaleza (CE), o XXI Congresso Brasileiro de Estudantes precarização dos espaços de prática e pela qualidade dos estágios, um membro da UNICAMP como coordenador regional, a Marília
de Medicina. O COBREM é instância deliberativa da internato e espaços extra-curriculares.” Felício, da 44ª turma, ex-membro do CAAL.
Direção Executiva Nacional dos Estudantes de Medicina Frente de Educação: “Luta por uma Universidade Popular As coordenações de área abrangem as coordenações:
(DENEM) e inicia cada ano de movimento em uma construção que forme médicos socialmente referenciados para o trabalho Científica (CoCien), de Cultura (CoCult), de Educação e Saúde
coletiva, com a participação de todas as escolas médicas através em saúde, entendo como importante a Extensão Popular e a (CoES), de Estágios e Vivências (CEV), de Extensão Universitária
de seus delegados. (CExU), de Meio Ambiente (CoMA), de Políticas Educacionais (CPE)
O COBREM tem um papel fundamental e de Políticas de Saúde (CPS). Juntas formam o Centro de
na DENEM, pois é nele que os estudantes de Estudos e Pesquisas em Educação e Saúde (CENEPES),
todo o Brasil têm a oportunidade de planejar que objetiva aprofundar o conhecimento da entidade
estrategicamente mais um ano de atividade nessas áreas. Aqui cabe mais uma estrelinha para o novo
no Movimento Estudantil de Medicina (MEM), Coordenador de Estágios e Vivências, o Tung (Stênio
aprofundando a discussão sobre a conjuntura Duarte), também da 44ª turma e ex-membro do nosso
nacional, educação, educação e saúde, Hospitais centro acadêmico.
Universitários, entre outros assuntos, sempre Esperamos que essas representações tão próximas
inserindo esse debate no nosso cotidiano de nós na DENEM favoreçam nosso contato com a
enquanto estudantes de medicina. entidade e gostaríamos muito que todos os alunos da
Todos os congressistas têm direito a voz e articulação com os movimentos sociais. Contra a reestruturação Medicina UNICAMP se apropriassem desse privilégio.
participam ativamente na construção do planejamento da DENEM, neoliberal e a mercantilização do Ensino Superior evidenciadas Como participante desse COBREM, devo destacar que foi
que identifica, seleciona e prioriza os problemas, bem como debate pelo Projeto REUNI, pelas mensalidades abusivas e pela abertura uma experiência muito especial entrar em contato com pessoas
sobre as suas causas e efeitos, definindo um conteúdo propositivo indiscriminada de novas escolas.” de todos os estados e planejar com eles algo tão importante
para o planejamento, visando sempre à viabilidade estratégica das Além dessas ocorreu o planejamento da Frente quanto o caminho que nossa executiva deve trilhar por este ano.
ações planejadas e avaliando se estamos prontos para sustentar as Organizacional, que é permanente, diferente das outras frentes, Foi um espaço de criação de idéias e de estreitamento de laços,
lutas e executar as estratégias propostas. que são reformuladas ano a ano. A frente organizacional consta além de fortalecimento de lutas e ideais. Até agora, as idéias estão
A UNICAMP contribuiu nessa construção com oito delegados, de operações e diretrizes referentes à articulação do movimento fervilhando na minha cabeça e espero de todos os que lá encontrei,
sete representantes eleitos pelos alunos em eleição realizada em estudantil de medicina com seus próprios alunos e com outros a mesma força de vontade para realizar nossas lutas postas em
novembro, e um delegado indicado pelo CAAL, além de outro 13 movimentos de luta e sociais, incluindo o movimento estudantil papel.
alunos que compareceram e contribuíram para o congresso. geral e os de outros cursos da área da saúde. “Não há nada como um sonho para criar o futuro” Victor Hugo
Do planejamento desse COBREM, foram escolhidas três frentes No mesmo espaço houve a eleição dos membros da gestão 2009 Sarah Barbosa Segalla
prioritárias de luta para a entidade, listadas a seguir: da DENEM, que se organiza em Coordenações Locais, Coordenação Gestão Roda Viva - CAAL 2009
Frente de Saúde: “Lutar por uma saúde pública, gratuita, Nacional e Coordenações de Área. As coordenações locais são
Patocultural falácias
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O
Ricardo Schwingel (XLVI)
Lú Manhezi(46) para Miquelline (45), ao reclamar do desconforto do banco do ônibus da UFPR
O flamenco é uma arte andaluza, nascida ao sul da Espanha. Por
na viagem de volta do COBREM.
ser uma arte popular muito antiga transmitida oralmente, é difícil
determinar suas origens com precisão. A passagem de diversas “Está quente mas é gostoso.... vai, põe tudo na boca...
etnias e civilizações pela Andaluzia aportou uma variedade de Jabá (FIDABEM-SP) com Miquelline 45 sobre uma tortinha frita do Mac
influências, que determinaram substancialmente sua evolução. Os povos durante o COBREM.”
Spasmo!
que mais contribuíram no desenvolvimento desta arte foram os ciganos, os
árabes, os judeus e os cristãos, mas também devemos considerar que a região
recebeu influências mais antigas de fenícios, gregos, romanos e persas. A arte
flamenca manifesta-se em três formas: no cante, no baile e na guitarra.
O termo cante é uma denominação coletiva que abarca e diferencia um
copioso número de canções dentro do grande conjunto dos cantares pró-
prios do povo andaluz. As primeiras aparições historicamente constatáveis
dessa música a situam nos espaços mais caracteristicamente marginais da
sociedade espanhola da época. O ambiente carcerário, a serra como lugar de
bandoleiros, contrabandistas, o mundo marinheiro, o trabalho nas ferrarias
são temas constantes nos versos desses cantes.
Pra quê?
O baile teve suas características básicas E então...
cristalizadas pro- vavelmente entre 1869 e Você percebe que tem um dom qualquer...
1929, a chamada idade de ouro do flamen- Algo que você não sabe pra que serve,
co. Apesar disso, é vivo e está em constante não se diz e não se pode compartilhar!
evolução. Por sua natureza, relaciona-se
com as emoções do executor e, portanto, Não sabe se te faz melhor ou pior.
deixa uma ampla liberdade a quem dança, É só o que VOCÊ vê...
o que enriquece muito a comunicação Um dom que tem uma latência de uma vida se perceber.
com o público. Apesar dessa liberdade Um dom que é ridiculamente pífio na eternidade a partir de, de...
que lhe é atribuída para criar, não pode ele Agora!
prescindir de uma direção, de uma série de Mas isso não te basta e te angustia
normas e regras que caracterizam o ges-
tual e a estética coreográfica dessa arte e Como se a cada dia fosse lhe dado o direito, o dever, a possibilidade
que fazem parte do próprio flamenco. De salvar uma alma por dia e todo dia você falhasse
A guitarra, no seu princípio, teve exclusi- Um remoer por dentro do seu único EU
vamente uma finalidade básica de acompanhamento ao cante. Sua função Escarnecendo encarcerado, rosnando amordaçado, eclodindo de suas
técnica se resumia na marcação rítmica e na sustentação harmônica do que entranhas
estivesse sendo executado, sem qualquer participação de destaque, como grunhindo palavras santas e blasfêmias
hoje ocorre. Com a modernização do cante no início do século XX, também
a guitarra foi abrindo caminho no panorama musical, com a introdução de Você é livre? Independente?
expressivos matizes no toque como arpejos, acordes e dedilhados. Adap- Maleável? Flexível?
tados, muitas vezes, da técnica da guitarra clássica, esses recursos enrique- Você convive com... gente?
ceram o sabor natural, o colorido e o regionalismo desse instrumento, que Acredita que a possibilidade de entender coisas é passar por
atualmente tem papel de destaque pelo grande número de concertistas que elas, provar...
a ela se dedicam. Há textura, odor, viagem -exclusivamente única?!
Apesar de ser uma arte popular, o flamenco recebeu contribuições impor-
tantes de autores individuais, dentre os quais vale destacar: Você deve? Cobra? Quem cobra?
- No cante: El Planeta, El Fillo, Silverio Franconetti, Enrique El Mellizo, Anto- Você lê: “A maior prova de independência e liberdade é saber
nio Chacón, Antonio Mairena, Manuel Torre, Fernanda e Bernarda de Utrera, preservar-se.”
Pastora Pavón e Camarón de La Isla. ...E acaba indo dormir mais burro do que acordou!
- No baile: Juana La Macarrona, Vicente Escudero, Antonio, Carmen Amaya, Malditos sejam todos!
Matilde Coral, Antonio Gades, Manuela Carrasco, Antonio Canales, Eva La Que fazem pensar que meus pensamentos não são meus.
Yerbabuena e Sara Baras.
- Na guitarra: Maestro Patiño, Ramón Montoya, Diego Del Gastor, Sabicas, Eles são meus e teus...
Niño Ricardo, Serranito, Paco de Lucía, Manolo Sanlúcar, Tomatito, Gerardo suportas o meu altruísmo sem inveja?
Nuñez e Vicente Amigo. E a minha crueldade sem nojo?
Córdoba, Pepe de. Palos Flamencos. – 1. Ed. - São Paulo: Edicon, 2008. A distância que nos separa é tão ilusória
Reyes, Alberto García. Guía Del Flamenco de Andalucía. 3. Ed. - Junta de Andalucía, Consejeria de Turismo, quanto a idéia de existir um “meu” e um “seu”
Comercio y Deporte, Turismo Andaluz, S.A. Egondi Artes Gráficas, 2005. Sou tanto parte de você quanto você imagina sermos seres
Graf-Martinez, Gerhard. Flamenco Gitarrenschule. ED 8253 BSS 48089. B. Schott’s Söhne, Mainz, 1994.
distintos
Pohren, D E. El arte flamenco. Sevilla: Editora Española, 1970.
por isso prefiro o vinho tinto
Existe sempre um momento em que se pode resistir...
Ou se atirar de cabeça...
-É preferível, e inteligente, que se adie tal momento...
Há penumbra em nossas escolhas...
-É escura para atrair!
-É clara para o que convém!
O momento o conduz por onde lhe apraz. Cada situação tem
vida própria para conduzir!
A estranha familiaridade...
-O que mais se pode querer?!
-Acabou... Aceite!