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Seminário
Nacional de História da Historiografia: aprender com a história? Ouro Preto: Edufop, 2009. ISBN: 978-85-
288-0061-6
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*Graduado em Educação Física pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e graduando em História pela
Universidade Federal de Ouro Preto. Contato: leonkaminski@ymail.com.
No Banco de Teses da Capes constam os dados e os resumos das defesas realizadas a partir de 1987 até 2007. O
crescimento dessa produção pode ser observado no número de defesas: 1995 (1 defesa), 1996 (03), 1997 (03),
1998 (00), 1999 (04), 2000 (05), 2001 (08), 2002 (08), 2003 (08), 2004 (03), 2005 (12), 2006 (12) e 2007(19).
Cf. KAMINSKI, L. F. Arte e Pluralidade: uma análise da produção acadêmica brasileira sobre a contracultura.
In: Sérgio Ricardo da Mata, Helena Miranda Mollo & Flávia Florentino Varella (org.). Caderno de
resumos & Anais do 2º. Seminário Nacional de História da Historiografia. A dinâmica do historicismo:
tradições historiográficas modernas. Ouro Preto:EdUFOP, 2008.
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Sérgio Ricardo da Mata, Helena Miranda Mollo e Flávia Florentino Varella (orgs.). Anais do 3º. Seminário
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Esta interpretação está bastante presente nas leituras brasileiras sobre o tema,
inclusive, guiando as análises sobre as nossas manifestações contraculturais. Leitura
obrigatória para os curiosos no assunto, O que é contracultura de Carlos Alberto Messeder
Pereira (1984), sem entrar especificamente no caso brasileiro, reforçaria a dualidade
Europa/EUA. Neste sentido, análises sobre a contracultura no Brasil têm ressaltado a
preponderância da influência norte-americana sobre a nossa (PATRIOTA, 2005; BARROS,
2001).
Mesmo sendo os EUA um importante pólo irradiador, Tiago Borges dos Santos
(2008:21) defende a perspectiva da contracultura como fenômeno desterritorializado, não
sendo construída somente neste país e depois difundida pelo resto do mundo,
Conceber a história do fenômeno contracultural com sua gênese nos Estados Unidos,
e posterior difusão por outros países, implicaria em subentender que os EUA eram o
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Criado pela imprensa norte-americana, nos anos 1960, para denominar os novos
movimentos culturais que surgiam na Europa e nos EUA, o termo “contracultura” ganhou
espaço e foi apropriado por esta juventude (PEREIRA, 1984).
contracultura. [de contra- + cultura] S.f. Forma negativa de cultura com o fim de
combater os valores culturais vigentes; arremedo de cultura. (FERREIRA, 2004:538)
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Sob o segundo entendimento, podem-se realizar leituras onde o termo pode ser
aplicado a qualquer contexto, independente do momento histórico. Este artifício foi usado
pela própria contracultura para afirmar-se no cenário político e cultural, quando, como mostra
Roszak (1972), os hippies buscaram referências no cristianismo primitivo. Encontramos este
argumento também em Timothy Leary (apud GOFMAN & JOY, 2007:10): “De fato, muitos
dos personagens que acabaram ocupando lugar de destaque nos livros escolares – de Sócrates
a Jesus, Galileu, Martinho Lutero e Mark Twain – eram contraculturais em sua época”. Nesta
perspectiva, não podemos deixar de citar a obra de Ken Goffman e Dan Joy (2007), onde
narram a contracultura através dos tempos, desde a Grécia antiga até os dias de hoje.
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Esse nome que a contracultura ganhou entre nós – a bunda tornada ação com o prefixo
des a indicar antes soltura e desgoverno do que ausência – deixava o hip – quadril –
dos hippies na condição de metáfora leve demais. Desbundar significava deixar-se
levar pela bunda, tornando-se aqui como sinédoque para “corpo”.
A relação com o corpo tem valor fundamental para as novas formas de fazer política
promovidas pela contracultura. Edwar Castelo Branco (2005:13), estudando essa relação,
entende que
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Palestra intitulada “Caia na estrada e perigas ver Ditadura Militar e contracultura no Brasil”, proferida no dia
08/10/2008, em Belo Horizonte, dentro da programação do seminário “1968: para não esquecer”, organizado
pelo Programa de Pós-graduação em História da UFMG.
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A obra resenhada é STEPHENS, Julie. Anti-Disciplinary Protest: Sixties Radicalism and Postmodernism.
Cambridge: Cambridge University Press, 1998.
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Pode-se dizer que, se o modo tradicional de fazer política pressupunha uma exclusão
do corpo do cenário político, (...) o corpo-transbunde-libertário, requebrante,
desbundado, é um contraponto a este corpo militante. (...) este corpo transbunde se
oferece como o depositário, em si, de uma nova possibilidade de relação não
exatamente entre nós e eles, mas entre o eu e o mundo, o que implicava uma
politização do cotidiano que questionava as formas dominantes de pensamento em
suas dimensões microscópicas.
REFERÊNCIAS
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