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Ano V / No 20 - 04 de julho de 2003

EDITORIAL
EDITORIAL
Fuzileiros Navais!
Com o intuito de ampliar e atualizar os conhecimentos de nossos combatentes, o CGCFN apresenta a 20ª edição do Âncoras
e Fuzis. Este Comando-Geral reitera a importância de uma ampla divulgação de seu conteúdo, não apenas por conter temas de
interesse para a cultura militar, como também por disponibilizar informações úteis para a vida profissional de nossos militares.
Nesse sentido, destaca-se a coluna intitulada “Palavras do Comandante-Geral”, que deve ser do conhecimento de todos.
Nesta edição, são ainda apresentados artigos sobre o Batalhão de Blindados de Fuzileiros Navais, os equipamentos
individuais utilizados pelos soldados norte-americanos na Guerra no Iraque, a organização e principais características dos
Fuzileiros Navais da Espanha e informações sobre os navios anfíbios americanos da Classe Wasp. Além destes, publica-se
também novos artigos sobre guerra de manobra e soluções das colunas Pense e Decida da edição anterior.
Relembra-se que as colaborações poderão ser feitas da seguinte forma: respondendo às situações descritas na coluna
DECIDA; enviando sua interpretação sobre o tema sugerido na coluna PENSE; ou enviando pequenos artigos sobre temas
técnicos ou táticos que sejam de interesse do combatente anfíbio. Envie sua contribuição diretamente ao Departamento de
Estudos e Pesquisa do Comando-Geral do Corpo de Fuzileiros Navais pelo MBMail (30@comcfn), internet (30@cgcfn.mar.mil.br)
ou pelo Serviço Postal da Marinha.
ADSUMUS

Palavras do Comandante-Geral
ÂNCORAS E FUZIS
ASSUNTO: GRADUAÇÃO PLENA EM MÚSICA COMO ASSUNTO: SIGeP
ÁREA DE INTERESSE PARA A ADMINISTRAÇÃO NAVAL A implantação do Sistema Integrado de Gestão de Pessoal
Durante a 18ª Reunião do Conselho de Planejamento de Pessoal (SIGeP) a partir de 02SET2002 trouxe uma nova ferramenta
(COPLAPE), o ComGerCFN solicitou a reinclusão da Música como gerencial para a administração dos recursos humanos do CFN.
área de interesse para o ingresso nos Quadros Auxiliar Fuzileiro Hoje, estão disponíveis, tempestivamente, dados referentes a
Naval e Técnico, o que evitará soluções de continuidade na efetivos, TL, movimentações em aberto, cursos de carreira e extra-
formação de Oficiais Regentes, proporcionará maior retorno no MB entre muitos outros, em um total de 179 diferentes tabelas,
investimento feito no aprimoramento profissional das Praças e que compõem o Banco de Dados do SIGeP. Em síntese, o sistema
contribuirá para o desenvolvimento das vocações já mencionadas. diz quantos somos e onde estamos!
A proposta foi aprovada pelo COPLAPE. A cada militar estão relacionados cerca de quarenta dados pessoais
Assim sendo, será evitada a tendência atual de um grande que são utilizados pelo CPesFN quando da execução dos diversos
número de SG-FN-MU procurar faculdades de Administração, processos seletivos relativos à carreira dos Fuzileiros Navais.
Economia, Direito e outras, desviando-se de sua vocação que, Entretanto, para que se tenha um Banco de Dados consistente
por certo, os conduziria a cursos de Música, em nível de terceiro e confiável, é necessária a conscientização da importância de
grau, para acesso ao oficialato, e, como conseqüência, quebrando acessar o sistema com freqüência, verificar os dados e solicitar,
a desejável continuidade dentro da sua especialidade. por intermédio do setor de pessoal da OM, a eventual alteração
Desta forma, verifica-se que o caminho natural, preservando-se necessária. Com o SIGeP cada um dos militares do CFN passou
o investimento feito na carreira do músico quando Praça, seria o a ser co-responsável pela correção dos seus dados pessoais no
de mantê-lo como Oficial da mesma especialidade. Ademais, sistema. Da mesma forma, cresceu a responsabilidade das OM
neste modelo bem sucedido de seleção e formação já passaram onde servem militares do CFN quanto à correta inserção de dados,
nomes de expressão internacional, como Eleazar de Carvalho e cabendo ao CPesFN a tarefa de auditagem dos referidos dados.
Florentino Dias, atual Maestro Titular da Orquestra Filarmônica Concito, portanto, a todos os Fuzileiros Navais – oficiais e
do Rio de Janeiro. Formula-se, pois, os cumprimentos aos nossos praças – a participarem desta nova ferramenta da administração
músicos, por verem assegurado o acesso ao oficialato dentro de de pessoal do CFN, proporcionando assim, processos cada vez
suas vocações e após o curso de graduação plena em música, mais ágeis e transparentes.
permitindo assim a formação de maestros regentes e arranjadores.

Prêmio Âncoras e Fuzis


Publica-se abaixo a atual classificação do prêmio “Âncoras e Fuzis” nas categorias individual e por OM. Relembra-se que
este é apenas o começo das apurações. Participe! Contamos com você!
INDIVIDUAL OM
1º - 2ºSG-FN-IF S. NASCIMENTO (2ºBtlInfFuzNav).........14 PONTOS 1º - 1ºBtlInfFuzNav...................41 PONTOS
2º - 1ºTEN RODRIGUES SOUSA (2ºBtlInfFuzNav)............13 PONTOS 2º - 2ºBtlInfFuzNav..................36 PONTOS
3º - CF(FN) AQUINO (BtlCmdoCt)....................................06 PONTOS 3º - ComFFE............................06 PONTOS
4º - CC(FN) MESQUITA(ComFFE)...................................06 PONTOS 4º - BtlLogFuzNav....................06 PONTOS
5º - 1ºTEN FELIX (BtlLogFuzNav)...................................06 PONTOS 5º - BtlCmdoCt........................06 PONTOS

1
O SOLDADO AMERICANO MODERNO
A Guerra no Iraque representou uma ótima possibilidade para que as forças armadas da coalizão empregassem pela primeira vez,
em combate real, diversos armamentos e equipamentos. Este artigo descreve as inovações tecnológicas empregadas nos uniformes
e equipagens do soldado americano.

FUZILEIROS NAVAIS DA ESPANHA


Os Infantes de Marinha espanhóis são a mais antiga Força de Fuzileiros Navais do
mundo. Suas origens remontam o ano de 1537 e seu batismo de fogo ocorreu na célebre
Batalha de Lepanto, em Outubro 1571. Seu lema: “Valientes por Tierra y por Mar”.
Atualmente dispõem de um efetivo de cerca de 8.900 militares, estando aptos a executar
Operações Anfíbias e Operações Terrestres em apoio a Campanhas Navais, além de
proverem destacamentos para segurança de navios e instalações de interesse de sua
marinha. No decorrer do ano de 2002, participaram de Operações na Iugoslávia e da
Operação Enduring Freedom no Afeganistão.
Suas tropas estão adestradas para participar de Operações Combinadas com forças
integrantes de diversos organismos internacionais:
· ONU: constitui uma Força de Emprego Rápido;
· OTAN: integra a Força Anfíbia Combinada do Mediterrâneo; e
· Itália: integra a Força Anfíbia SIAF (Spanish Italian Amphibious Force).
A Armada Espanhola dispõe dos seguintes navios para apoiar sua Brigada de Infantes de Marinha:
· Um NAe: R-11 - Príncipe de Astúrias;
· Dois NDD: L-51 - Galícia e L-52 - Castilla; e
· Dois NDCC: L-41- Hernán Cortés e L-42 – Pizarro.
Tal apoio em transporte possibilita à Infantaria de Marinha da Espanha constituir um GptOpFuzNav no valor de até uma BAnf. A sua Força de
Fuzileiros da Esquadra é composta por uma Brigada de Infantes de Marinha estruturada de acordo com o organograma abaixo apresentado.

2
BATALHÃO DE BLINDADOS DE FUZILEIROS NAVAIS
O Batalhão de Blindados de Fuzileiros Navais (BtlBldFuzNav) foi ativado em 26 de março de 2003 com a finalidade
de integrar os Grupamentos Operativos de Fuzileiros Navais (GptOpFuzNav) com carros de combate e viaturas
blindadas, conferindo-lhes maior poder de fogo, capacidade de manobra ampliada, proteção blindada, melhores
condições de desenvolver a defesa anticarro e meios para realizar ações de reconhecimento e segurança. Está
estruturado como Unidade de Apoio ao Combate composta de uma Companhia de Comando e Serviços, de uma
Companhia de Carros de Combate e de uma Companhia de Viaturas Blindadas.
Para consecução de sua finalidade, cabem ao BtlBldFuzNav as seguintes tarefas:
- reforçar as ações da Infantaria com carros de combate;
- prover apoio de transporte blindado para movimentos táticos e/ou apoio logístico;
- integrar a defesa anticarro;
- suplementar os fogos das armas de apoio;
- quando reforçado por tropa de infantaria, atuar como elemento de manobra dos GptOpFuzNav;
- constituir-se em elemento de manobra de valor Unidade, particularmente para o desenvolvimento de ações que exijam as características
dos blindados; e
- quando reforçado, realizar ações de reconhecimento, segurança, vigilância e de economia de forças.
O distintivo do Batalhão é apresentado ao lado. Num escudo boleado, encimado pela coroa naval, chefe de verde, partido em
contrabanda de ouro, tendo brocante em carro de combate de preto e lavrado de prata. Campo em vermelho com dois fuzis, de ouro,
passados em aspa, tendo uma âncora superposta em pala e do mesmo metal. O campo verde representa as matas para onde investem os
carros de combate nas ações ofensivas e o ouro as areias das praias onde ocorrem os desembarques, locais de atuação do Batalhão de
Blindados de Fuzileiros Navais, e o carro de combate tem como propósito conferir maior poder de fogo, proteção blindada e dar melhores
condições e desenvolver a defesa anticarro da cabeça de praia. No cortado de vermelho, esmalte evocativo da bravura, denodo e
intrepidez, predicados dos Fuzileiros Navais do Brasil, os fuzis e a âncora de ouro assim dispostos constituem seu próprio distintivo.

NAVIO DE ASSALTO ANFÍBIO DOCA (NAAnf (D)) CLASSE WASP


Os navios dessa classe constituem a peça central da estratégia americana “Avante ...
pelo Mar” (Foward From The Sea), proporcionando os meios necessários de desembarque,
de comando e de apoio a todos os elementos constituintes de uma MAGTF (GptOpFuzNav)
valor MEU (UAnf), seja por superfície, seja helitransportado.
Trata-se do maior navio anfíbio do mundo, constituindo um modelo aperfeiçoado dos
NAAnf da classe Tarawa, apresentado na última edição do Âncoras e Fuzis. Como principais
modificações em relação àquela classe, recebeu um convés doca ampliado, com capacidade
de transportar até três Embarcações de Desembarque Sobre Colchão de Ar (EDCA) e um
elevador que possibilitou um aumento na capacidade de transporte de helicópteros.
Essa classe de navios foi a primeira especialmente projetada para operar as aeronaves
AV-8B Harrier e com a EDCA, além dos variados tipos de helicópteros da Marinha e do
Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA. Os Wasp são dotados de sofisticados sistemas de comunicações, comando e controle e de armas
defensivas. Quando operando com Grupos de Ataque nucleados em Porta-Aviões - Carrier Battle Group (CBG) - podem prover apoio
às operações aéreas e de controle de área marítima. Sua capacidade de controle de operações aéreas lhe permite o controle do MNT
helitransportado simultaneamente com missões de apoio aéreo aproximado providas pelas aeronaves AV-8B Harrier e por helicópteros
de ataque. No que diz respeito ao apoio de saúde, os classe Wasp são dotados de seis salas cirúrgicas completamente equipadas, além
de uma capacidade de seiscentos leitos, sendo o navio de maior capacidade nesse mister, depois dos navios hospitais.
Como curiosidade, acresça-se que o NAAnf(D)-5 Bataan, o quinto navio da classe, foi o primeiro navio anfíbio construído com
capacidade de alojar pessoal do corpo feminino da marinha norte-americana, acomodando, entre oficiais e praças, 450 mulheres.
O primeiro navio da classe foi comissionado em 1989, com previsão de permanecer em serviço até 2030. O sétimo, NAAnf(D)-7 Iwo
Jima, foi comissionado em fevereiro de 2001, permanecendo em serviço até 2051. Para 2004 está previsto o comissionamento do
NAAnf(D)-8 Trent Lott. O valor de construção de cada navio da classe variou entre US $ 340 e 1.500 milhões, dependendo da
quantidade encomendada em cada fase e do grau de tecnologia acrescentado em cada etapa.

PRINCIPAIS ESPECIFICAÇÕES:
Comprimento: 253,2 metros
Deslocamento: 40.500 Ton.
Velocidade: 20 nós
Tripulação: 104 Oficiais e 1004 Praças
Tropa: 1.894 Fuzileiros Navais.
Transporte de Aeronaves (combinações, conforme a missão):
- 6 AV-8B Harrier, 4AH-1W SuperCobra, 12 CH-46 Sea Knight, 9 CH-53 Sea Stallion, 4 UH-IN Huey; ou
- 42 CH-46 Sea Knight (Assalto Helitransportado); ou
- 20 AV-8B Harrier e 6 He ASW (Controle de Área Marítima).
Transporte de Embarcações: 2 EDCG ou 3 LCAC ou 6 EDVM ou 61 CLAnf .
Principais sistemas de armas:
- 2 MK29 lançadores de Sea Sparrow;
- 3 torretas de MK15 20mm Phalanx CIWS (Close-In Weapons System);
- 8 Mtr MK33 cal .50;
- Lançador Chaff MK-36.

3
GUERRA DE MANOBRA
Nesta edição será apresentado o muito tempo, cabe um estudo um pouco ilustrar este conceito, cujo emprego pode
conceito de Armas Combinadas. Seu mais detalhado desta prática para que se ser vislumbrado por comandantes de tropas
perfeito entendimento se reveste de especial possa compreender a melhor forma de fazê- de qualquer valor e em situações diversas:
importância, pois o emprego combinado das lo. Para tal é preciso, antes de mais nada, se Nos Grupamentos Operativos de
armas constitui excelente ferramenta para a conhecer os efeitos que cada arma produz Fuzileiros Navais: em uma operação
quebra da coesão mental do inimigo, um sobre o alvo. Em seguida, o planejador deve ofensiva o Cmt do GptOpFuzNav comete
dos principais objetivos da Guerra de buscar integrar seu sistema de armas, seu CCT em um ataque de penetração a uma
Manobra. evitando a desnecessária duplicação de posição defensiva inimiga e emprega as
Na realidade, não há nada de novo meios, explorando as possibilidades de cada aeronaves de seu CCA no Apoio Aéreo
neste tema. Os militares, desde tempos arma e combinando seus efeitos sobre o Aproximado. Complementa estas ações
remotos da história, empregam seus alvo. O emprego simultâneo destas armas utilizando o Fogo Naval e o Apoio Aéreo
sistemas de armas de forma combinada. pode produzir efeitos complementares ou Afas-tado do CCA para interditar possíveis
Exemplo: os exércitos belgas, ao se de- suplementares. O emprego de armas com reforços. Para defender-se da penetração
frontarem com os franceses na batalha de efeito suplementar é aquele em que se das tropas de infantaria, o inimigo expõe-se
Waterloo foram, sucessivas vezes, batidos acumulam e se reforçam os efeitos obtidos aos fogos das aeronaves. Ao tentar buscar
por partes pelas tropas de Napoleão, antes por cada uma destas armas. Ex: ao bater abrigo protegendo-se destes fogos estará
do retumbante fracasso do General francês determinado alvo com fogos de Mrt 120mm, dando oportunidade à manobra do CCT que
frente às tropas inglesas comandadas por Mrt 81mm e Mrt 60mm, os efeitos de cada poderá se aproximar de seu objetivo sem
Wellington. As forças francesas de então arma sobre o alvo seriam os mesmos apesar ser molestado pelos fogos do defensor.
combinavam o emprego da Cavalaria com a dos diferentes poderes de destruição. O Restaria a este inimigo, então, poucas
Artilharia. A Infantaria inimiga, para tentar resultado final destes fogos seria o opções pois o mesmo não poderia nem
contrapor-se às investidas da Cavalaria, somatório da destruição de cada arma. defender sua posição, nem abrigar-se e nem
concentrava seus militares em rígidas Por sua vez, o emprego de armas com receber reforços.
formações de tropas. Estes agrupamentos, efeitos complementares busca combinar as
Campo de minas: uma coluna me-
apesar de eficientes contra estes ataques, características dos armamentos de formar a
canizada ao atravessar um campo de minas
passavam a constituir alvos com- colocar o inimigo em um dilema, de uma
desembarca sua tropa para que a mesma
pensadores para a Artilharia. Quando os maneira que ao tentar se defender dos
escape dos efeitos das minas. Neste
infantes tentavam, então, dispersar-se no efeitos de uma delas venha a se tornar
momento a tropa fica exposta aos fogos de
terreno evitando os fogos da Artilharia, a vulne-rável aos efeitos da outra arma. Desta
artilharia ou mesmo de armas automáticas.
Cavalaria lançava novos ataques sobre a forma, os danos causados não seriam
tropa dispersa. Estava criado o dilema, uma apenas físicos, mas também e, prin- Na Esquadra de Tiro: ao abordar uma
situação sem solução: se concentrassem cipalmente, danos morais e psicológicos. posição defensiva inimiga, a ET coloca o
seus homens eram alvos fáceis, se os O emprego de Armas Combinadas com seu adversário em um dilema: se ele se
dispersassem a cavalaria os aniquilava. Era efeitos complementares constitui im- proteger dentro da OT, o volteador lança
perder ou perder. portante fator multiplicador do poder de uma granada de mão dentro de seu abrigo,
Apesar do fato dos militares já combate de qualquer força. se abandoná-la ficará exposto aos fogos da
combinarem o emprego de suas armas há Os seguintes exemplos servirão para arma automática do atirador.

O CAI E O CICLO DE BOYD *colaboração do CF(FN) Tomas de Aquino Tinoco Botelho, Comandante do BtlCmdoCT
Com a restruturação da FFE e a criação como um todo. A Inteligência é a
do Batalhão de Comando e Controle atividade que permite ao Comando
(BtlCmdoCt), o CFN rumou para uma nova possuir dados capazes de auxiliá-lo no
dimensão do combate, que é a de Comando processo de decisão, principalmente no
e Controle (C2). O C2 é o conjunto de pessoal, que se refere ao Terreno e ao Inimigo.
equipamentos, instalações e procedi- No contexto das atividades de
mentos empregados pelo Comandante para Inteli-gência, o Centro de Análise de
planejar, dirigir, coordenar e controlar forças Inteligência (CAI) é a organização por
no cumprimento de sua missão. tarefas central do Sistema de Inteligência
O combate na dimensão C2 é realizado dos Grupamentos Operativos de
utilizando-se um sistema apoiado pelas Fuzileiros Navais (GptOpFuzNav). Ele é
atividades de Comando, Controle, Comuni- estabelecido no início do planejamento
cações, Computadores e Inteligência em um de uma missão para coordenar a reunião
determinado escalão. O Comando é a fun- de dados e o processamento e a
ção exercida pela autoridade designada para disseminação oportuna dos conhecimentos cipalmente, nas duas primeiras fases. Com
o cumprimento de uma missão, assessorada produzidos. Estes dados são oriundos de a realização de ciclos de Boyd mais curtos,
por um Estado-Maior. O Controle é o pro- três fontes básicas: as Agências de Busca precisos, e violentos que os do Inimigo, as
cesso de distribuir tarefas, verificar e corrigir do GptOpFuzNav; os dados existentes no nossas forças imporão, a este, a adoção de
o cumprimento destas tarefas, com o pro- Banco de Dados de Inteligência; e os dados uma conduta inoportuna ou imprópria, dete-
pósito de atingir o efeito desejado. contidos nas diretivas do Escalão Superior. riorando a sua coesão mental e tornando-o
Comunicações é a capacidade de se estabe- O foco da atividade do CAI é levantar incapaz de lidar com a situação em tela, tendo
lecer as ligações necessárias entre o a Situação Militar do Inimigo (SMI). Um intenso impacto psicológico em suas forças
Comando e seus subordinados para o levantamento eficiente e oportuno sobre o e atingindo diretamente o Comando.
exercício do Controle. Computadores são Inimigo é necessário para que o processo A figura apresenta, esquematicamente,
os equipamentos capazes de facilitar o de tomada de decisão seja rápido e preciso, o posicionamento do CAI próximo às duas
processo de tomada de decisão pelo permitindo ao GptOpFuzNav acelerar o seu primeiras fases do Ciclo de Boyd e como
Comando, incluindo os programas respon- Ciclo de Boyd (OBSERVAÇÃO-ORIEN- auxiliar direto do Comando do GptOpFuzNav
sáveis pelo funcionamento do sistema TAÇÃO-DECISÃO-AÇÃO), atuando, prin- no processo de tomada de decisão.

4
DECIDA
O Sr. é o Comandante da 3ªCiaFuzNav(Ref), GDB-2, que está realizando um Mvt em coluna tática para o N,
para conquistar e manter o Obj 1(PCot 75 e 78).
Em 061100P o 1ºPelFuzNav de sua Cia, embarcado em dois CLAnf, apoiado por uma Sç CC, deslocava-se na
ponta da coluna quando foi emboscado entre os PCot 45 e 56. O CmtPel reportou que os dois CC em apoio abriram
fogo contra o Ini e, junto com o primeiro CLAnf, haviam conseguido evadir-se da área, alcançado a região do PCot
49. O segundo CLAnf , no qual ele estava embarcado, tinha sido atingido por arma AC posicionada no PCot 45, tendo
sofrido intensos fogos das armas automáticas de quinze militares posicionados no PCot 56. Apesar dos fogos, os
remanescentes conseguiram desembarcar com o auxílio das granadas fumígenas do CLAnf, e posicionaram-se na
Encosta SE do PCot 45. Relatou ainda a morte de seis militares e quatro feridos.
O restante da coluna encontra-se na Rv-420, antes de cruzar o Rio PRETO. A 3ªCiaFuzNav(Ref) conta com o
apoio direto do 2ºPelCC, 2ºPelCLAnf, 2ªSçMtrP, 2ªSçMAC, Dst2ºPelPion e da 2ªBiaO105mm e com o reforço de
uma EqCAA. Detêm, ainda, a prioridade de fogos da Artilharia.
Segundo a estimativa do S-2, este Ini nos PCot 45 e 56 é, provavelmente, um grupo remanescente que retraiu,
após a ForFbq ter conquistado a primeira LAltu. Foi confirmada a existência de uma tropa Ini, valor CiaInf, se
reorganizando cinco Km ao N da Localidade da Gávea, estando a mesma motorizada, ECD se deslocar em quinze
minutos. A população local é simpatizante do Ini. Chove torrencialmente e a visibilidade está restrita a mil metros,
sendo os Rios PRETO e VERMELHO obstáculo a Vtr SR e SL.
O Cmt do GDB-2 recomendou rapidez na conquista do Obj 1, pois existe a PI de reforçar, na região do PCot 78,
com um BtlInfBld em cinco horas, a partir deste momento. A 2ª CiaFuzNav sofreu inúmeras baixas quando do ataque
ao Obj b (fora do croqui),
estando detida para a
conquista do Obj 2 (10 Km a
E do Obj 1). A 1ª CiaFuzNav,
reserva, está sendo
empregada para o ataque ao
Obj 2. O GDB-2 está com a
reserva hipotecada
(1ªCiaFuzNav).
Como Comandante da
3ªCiaFuzNav(Ref) decida
como deverá proceder.
Utilize os conceitos de
Guerra De Manobra,
empregue seus meios de
forma combinada, provoque
fricção no inimigo.

* Colaboração do
CC (FN) Alberto
Rodrigues Mesquita
Júnior do ComFFE

Resposta do “Decida” Anterior – “Âncoras e Fuzis nº 19

O Comando-Geral congratula-se com todos os fuzileiros que têm colaborado enviando suas decisões para os problemas
militares aqui apresentados. É importante salientar que a intenção desta coluna não é selecionar uma única e melhor solução à
situação tática apresentada. O objetivo maior é suscitar o debate entre os militares, de forma que novas e diversificadas idéias
surjam. O ganho, então, deve ser da coletividade que, tomando parte na discussão, pode depreender outras formas de resolver um
mesmo problema. Desta forma, recomenda-se que tanto as soluções aqui apresentadas como as novas propostas de DECIDA sejam
debatidas em grupos, dentro das frações ou subunidades, o que de forma alguma deve inibir iniciativas individuais de apresentar
suas próprias decisões.
No caso particular desta última edição, ficou nítida uma evolução tanto na forma de apresentação como em seu conteúdo.
Todos passaram a se preocupar em analisar os fatores da decisão e a explorar os conceitos de Guerra de Manobra. Em alguns
poucos casos, esqueceram de determinar claramente o horário de desencadeamento das ações e de dar ordens a todos os elementos
subordinados e à reserva. Um bom procedimento para se contrapor a esta falha é o de relacionar todos os elementos de combate e
de apoio ao combate disponíveis para o cumprimento da missão.

5
A solução a seguir apresentada foi enviada pelo 2ºSG-FN-IF- 86.2419.82 SERGIO RICARDO SANTOS RODRIGUES
NASCIMENTO, do 2ºBtlInfFuzNav, e teve o mérito de bem explorar os conceitos de Guerra de Manobra enfatizados na mesma
edição do Âncoras e Fuzis. O SG S. Nascimento se valeu de informações coletadas por seus elementos de reconhecimento, sobre
a presença de um CECOGE inimigo em sua ZAç, e planejou um ataque a esta instalação. Apesar desta tarefa não lhe ter sido imposta
por seu escalão superior, ele explorou uma oportunidade surgida de causar graves danos ao inimigo, infligindo perdas em sua
capacidade de Comando, Controle, Comunicações e Inteligência.

DECISÃO
Tendo o Comando, durante seu planejamento, observado o conceito de Guerra de Manobra e se utilizado do conceito de
“Reconhecimento-atrai” que confere maior liberdade ao executor do plano deixando-o com liberdade suficiente para buscar novas
e atualizadas informações de combate e alterar a idéia de manobra inicial para explorar alguma oportunidade, desde que, ao final,
atinja o efeito desejado estipulado. Seriam, portanto, os elementos de reconhecimento que indicariam o ponto exato para a aplicação
da força e não um Comandante posicionado à retaguarda e sem contato imediato com o inimigo.
Caso o Comandante utilizasse o conceito “Comando-impulsiona”, somente participaria o observado para o superior, mas como
ele adotou o “Reconhecimento-atrai” minha idéia de manobra é a seguinte:
1- EXECUÇÃO
1.1) Ocupar a posição no Objetivo 3, estabelecendo a defensiva imediata, com dois PelFuzNav;
1.2) Deslocar um PelFuzNav, com o apoio da Seção do PelMrt 81mm e da Seção do PelMtrP para conquistar e manter a posição
do PCot 79 até a chegada da tropa amiga para substituição, após informar a situação ao escalão superior;
1.3) O PelFuzNav seguirá pela Estrada da Janela, sentido Norte (N), prosseguindo para Oeste (W) na altura do PCot 54, até o
Assalto à posição do PCot 79;
1.4) A Seção do PelMrt 81mm estabelecerá posição à retaguarda do PCot 54, para prestar o Apoio de Fogo por ocasião do
Assalto ao objetivo; e
1.5) A Seção do PelMtrP estabelecerá a posição de tiro no PCot 54, ficando em condições de executar tiro sobre tropa no PCot
79 e apoiar o Assalto.

Pense:
“Você pode voar sobre um território, você pode bombardeá-lo, pulverizá-lo, atomizá-lo, você pode até eliminar toda e qualquer
forma de vida sobre ele. Mas se o seu intuito é defender este território, protegê-lo, preservando a civilização que nele habita, você
tem que fazer isto do solo, da mesma forma que as legiões romanas faziam séculos atrás: colocando os pés dos seus jovens na
lama.” T.R, Fehrenbach

Resposta do “Pense” Anterior – “Âncoras e Fuzis nº 19”

“A originalidade é a mais vital das virtudes militares” B. H. Liddell Hart

O Comando-Geral parabeniza a todos os militares que participaram enviando suas idéias sobre o tema proposto. A grande
maioria dos colaboradores abordou o tema com grande propriedade ressaltando, dentre as diversas características inerentes aos
militares, a originalidade como sendo um atributo que confere ao indivíduo a capacidade de empregar os sempre escassos recursos
disponíveis na busca de soluções inovadoras.
É digno de nota a crescente participação individual dos Fuzileiros, assim como das Unidades, particularmente o Batalhão
Riachuelo e o Batalhão Humaitá, que edição após edição enviam um número cada vez maior de colaborações, demonstrando o
grande interesse que este periódico alcança no seio da tropa, além de deixar claro o empenho pessoal de seus Comandantes na
divulgação de seu conteúdo. Dentre as contribuições enviadas, a do 1T (FN) DOMINGOS RODRIGUES DE SOUSA SOBRINHO,
do 2ºBtlInfFuzNav, destacou-se pela precisão dos conceitos apresentados e pela clareza e concisão do texto. Abaixo publica-se
sua interpretação do Pense:

De acordo com o Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa da Editora GLOBO S. A., “originalidade é a qualidade do
que é original, do que tem caráter próprio, do que é singular ou extraordinário, do que não é imitado ou copiado”.
Todo militar deve ter em mente, além das normas e doutrinas vigentes, a necessidade e a importância da criatividade,
engenho e arte nos seus atos, sejam eles de caráter administrativo ou operativo, de modo a bem utilizar, na execução de suas tarefas,
os meios e o tempo disponíveis em prol de um efeito desejado.
Faz-se necessário ressaltar que, toda a originalidade deverá estar bem fundamentada no conhecimento do inimigo e de sua
estratégia, além do estudo de suas vulnerabilidades, para que se possa explorá-las ao máximo, tornando seus planos inofensivos
e frustrantes, e culminando no sucesso de nossas forças.
Neste contexto, é imperativo relembrar que a maioria das situações sempre apresenta mutações e evoluções, e em face
disto, não é desejável que usemos táticas repetidas ou conhecidas, pois assim tornaremos nossas manobras previsíveis aos olhos
do oponente e estaremos expondo nossas tropas ao fracasso e à morte.
Por conta desta e de outras teorias é que o capitão aposentado do Exército Britânico B. H. Liddell Hart, tornou-se um
dos grandes estrategistas do século XX, inspirando as táticas alemãs da blitzkrieg na 2ª Guerra Mundial, e tendo suas idéias
endossadas por Erwin Rommel, o mais bem sucedido general alemão.

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