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OS GUARANI MBYÁ: CONSIDERAÇÕES SOBRE SUAS PRÁTICAS

AGRÍCOLAS E MANEJO DO AMBIENTE*

ADRIANA PEREZ FELIPIM2


CTI - CENTRO DE TRABALHO INDIGENISTA
Novembro de 2003

Cada vez mais vêm se intensificando, dentro da ampla gama de assuntos que
tratam do tema biodiversidade, os trabalhos que relacionam o papel das práticas de
manejo (pretéritas e atuais) utilizadas pelos mais diferentes povos na conservação e
geração da diversidade de recursos fitogenéticos.
Estudos3 realizados na região Amazônica já apontam que vários ambientes,
classificados em função de sua estrutura e composição florística como “primários”, podem
ser herança de um sistema manejado durante séculos e séculos por práticas como a
agricultura de corte e queima, coleta e remanejamento de espécies nativas, entre outras.
Assim como a região Amazônica, as áreas pertencentes ao que chamamos hoje
de domínio Mata Atlântica também foram habitat original de diversos grupos indígenas
que há muito ocupavam e modificavam ambientes através de suas práticas de
subsistências.
Evidências etnohistóricas e arqueológicas a este respeito podem ser observadas
em estudos e registros relacionados, especialmente, aos povos de filiação lingüística
Tupi-Guarani e seu vasto domínio por todo leste da América do Sul.
Na arqueologia, trabalhos como os de Schmitz (1991) e Scatamacchia (1984;
1993-1995) discutem a hipótese da existência de duas rotas migratórias ligadas à tradição
Tupi (com distribuição mais para o Norte do País, baseando sua subsistência no cultivo
da mandioca) e à tradição Guarani (ocupando uma posição meridional, cultivadores de
*
Edição deste artigo foi publicada em ”Terras Indígenas e Unidades de Conservação da Natureza
– o desafio das sobreposições”. ISA – Instituto Socioambiental, novembro de 2004.
2
Engenheira Agrônoma do CTI - Centro de Trabalho Indigenista / Programa Guarani. Mestre em Ciências
Florestais pela ESALQ/USP.

Nota: As informações contidas neste texto são provenientes de trabalhos contínuos realizados em áreas
Guarani do litoral Sul do Rio de Janeiro, litoral Sul de São Paulo e Vale do Ribeira; participações em GTs de
estudo e identificação de Terras Indígenas pela FUNAI – Fundação Nacional do Índio em áreas Guarani do
Litoral Norte e Sul de São Paulo e Litoral Norte de Santa Catarina e, ainda, de todo um acervo produzido pelo
CTI em mais de vinte anos de trabalho junto aos Guarani Mbyá.
3
Balée (1989a; 1989b)
2

milho) que vieram a se encontrar na costa atlântica brasileira num tempo muito anterior à
chegada dos colonizadores europeus.
Documentos produzidos nos séculos XVI e XVII, como por exemplo os de José de
Anchieta, Jean de Léry, Hans Staden, Nunez Cabeza de Vaca, apontam para as práticas
agrícolas autóctones desses povos, diversidade de plantas domesticadas cultivadas e
espécies nativas de uso indígena em áreas de Domínio Atlântico.
Se é possível, nesses estudos e registros, reconstruir um pouco do passado
histórico e pré-histórico e verificar indícios de que este ambiente tenha sido manejado, é
praticamente impossível elencar com precisão quais seriam, de fato, os grupos indígenas
de filiação lingüística Tupi-Guarani que foram objeto dessas descrições.
No caso específico dos “Guarani”, o fato destes terem sido descobertos em
épocas, circunstâncias e localidades totalmente adversas, dificultou, por muito tempo, a
possibilidade de se fazer uma distinção clara, com base em dados históricos, de “todos
àqueles pertencentes a este grupo indígena”, de seus “locais ocupados e manejados”,
bem como de seu real “território” (Meliá, 1997).
De uma maneira geral, os falantes da língua Guarani se apresentavam
identificados nas fontes documentárias históricas com diferentes nomes que lhes eram
atribuídos, principalmente, em função dos diferentes locais onde tinham sido descobertos
(Meliá, 1997). Aranchãs, Chandris ou Chandules, Carios ou Carijós, Tapes, Tobatí,
Guarambaré, Itatí, Chiriguaná, Mbyasá, são alguns desses nomes (Scatamacchia, 1984;
Schmitz, 1991; Meliá,1997).
No Brasil, em meados do século XX, a nação Guarani contemporânea presente
em território brasileiro passa a ser classificada em 03 grandes grupos: Mbyá, Nhandeva e
Kaiowá (Schaden, 1974). As diferenças que geraram a classificação apontada por
Schaden se viam notadas no dialeto, costumes e práticas rituais de cada grupo Guarani.
Posteriormente, em função de outros trabalhos etnográficos como os de Ladeira (1992;
2001), pôde ser notado que as diferenças entre os pertencentes da nação Guarani
também se expressavam na forma de ocupação e apreensão territorial.
Nos dias de hoje, com o auxílio dessas e outras produções bibliográficas, já é
possível abordar sobre as formas de manejo do ambiente de um determinado grupo
Guarani, fazendo uma correlação entre seus “locais e formas de ocupação”, “espaços
territoriais” e “organização sócio-cultural” - aspectos indissociáveis para um entendimento
mais amplo dos processos que agem sobre a biodiversidade.
3

Neste artigo, apresento algumas práticas de manejo dos recursos empregadas


hoje pelos Guarani Mbyá nas regiões Sul e Sudeste do Brasil, enfocando, especialmente,
seu sistema agrícola.
A idéia de escrever sobre esse assunto foi motivada, sobretudo, por uma série de
interpretações equivocadas que vêm sendo produzidas nos meios científicos e de
comunicação nos últimos anos caracterizando essas práticas como exclusivamente
predatórias.
Tento demonstrar aqui, com exemplos concretos, que as práticas de manejo Mbyá
estão relacionadas com a própria organização sociocultural deste grupo indígena e
expressam dois aspectos fundamentais que não podem ser ignorados: a forte
dependência dos Mbyá com o ambiente natural e os vários esforços por eles empregados
para o acesso e conservação dos recursos contidos nos locais onde ocupam.

MOBILIDADE, MANEJO E CONSERVAÇÃO

Dentre os três grupos Guarani contemporâneos presentes hoje em território


brasileiro (Kaiowá, Nhandeva e Mbyá), os Mbyá ocupam a maior extensão territorial.
Vivendo em pequenos grupos familiares, os Mbyá apresentam-se distribuídos em
várias aldeias do leste do Paraguai, norte da Argentina e norte do Uruguai. No Brasil,
estão localizados atualmente no interior e litoral dos Estados do Rio Grande do Sul,
Paraná, Santa Catarina. Nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo,
quase que a totalidade das aldeias encontram-se no litoral (Ladeira, 1992; 2001).
É bastante comum em tempos, localidades e regiões distintas, o surgimento de
(re) ocupações Mbyá, bem como o “desaparecimento” de outras, dentro deste espaço
geográfico que compreende partes do Paraguai, Argentina, Uruguai e regiões Sul e
Sudeste do Brasil. Isto se dá ao fato de que a distribuição geográfica dos aldeamentos
Guarani Mbyá, quando diz respeito à localização específica de cada
aldeamento/ocupação, só pode ser vista e compreendida de forma dinâmica no tempo e
no espaço.
Movimentos migratórios de caráter mítico-religioso buscando locais onde possam
ser reconhecidos sinais de passagem de seus antepassados, reciprocidade entre
parentes, maior ou menor pressão externa sobre as ocupações Guarani, são algumas das
variáveis que se relacionam com esta dinâmica de ocupação e desocupação, pois, para
4

viver segundo os fundamentos mítico-culturais Mbyá são necessários locais onde existam
condições ambientais e sociais mais favoráveis para tal .
De uma maneira geral, sejam quais forem as localidades onde “se encontraram” e
“se encontram” as ocupações Mbyá, podemos afirmar que estas envolvem áreas
“originalmente” representativas de, praticamente, todos os ambientes hoje classificados
como pertencentes ao Domínio Mata Atlântica: Floresta Ombrófila Densa, Floresta
Ombrófila Mista, Floresta Estacional Semidecidual, Floresta Estacional Decidual, e outras
de suas formações vegetais associadas.
Não é difícil, portanto, visualizarmos que existem famílias que integram este Grupo
indígena manejando (pelo menos por um certo período de tempo) cada um desses
diferentes ambientes e as espécies que aí se estabelecem, seja para atender suas
finalidades de alimentação, construção de casas, construção de armadilhas para caça,
medicinais, confecção de artesanato e peças utilitárias, entre outras.
Em qualquer uma das formações vegetais citadas, as atividades de manejo são
comumente organizadas em função das diferentes fases lunares e de duas estações do
ano reconhecidas pelos Guarani4: o Ara Pyau (tempos novos - coincide com nosso
calendário pelo período primavera/verão) e o Ara Yma (tempos antigos - coincide com o
período de outono/inverno). As atividades agrícolas, por exemplo, são iniciadas no
interior das aldeias por volta de junho e julho (meados de Ara Yma) e só devem ser
realizadas durante a lua minguante. As atividades de coleta (com exceção das espécies
extraídas para comércio direto), podem ser realizadas em Ara Pyau e Ara Yma,
entretanto, sua prática também deve ser realizada apenas durante a lua minguante. Em
linhas gerais, a sazonalidade das atividades vai atuar de forma a regular o período de
exploração dos recursos e assim também se sucede para as demais atividades de
subsistência Mbyá.
Além das crenças e regras que definem o calendário de manejo dos recursos e
ambientes, as formas com que as famílias Guarani Mbyá manejam os recursos
disponíveis no meio vão estar diretamente relacionadas: (1) ao sistema de classificação
empregado para determinar os diferentes ambientes e seus significados simbólico-
culturais e utilitários e; (2) a mobilidade entre aldeias. Em cada uma dessas, podemos
verificar algumas práticas empregadas por este grupo para acesso e conservação dos
recursos presentes no meio.

4
Tema amplamente abordado nos trabalhos de Cadogan (1960); Garlet (1997) e Ladeira (1992;2001).
5

Vejamos alguns exemplos a respeito da classificação empregada pelos Guarani


para ambientes florestais que diferem em suas condições fisionômico-estruturais e
sucessionais : “Poruey” representa os locais intocados, que “aparentemente” não foram
“alterados” pela ação humana. Para os locais denominados “Poruey” recobertos por
formações florestais emprega-se a terminologia “Kaagüy poruey”. Considerados como
“sagrados”, os locais elencados pelos Guarani como “Poruey” não podem ser utilizados
para nenhuma atividade. “Kaagüy ete” ou “Kaagüy yvate” representa os ambientes
recobertos com matas primárias ou secundárias em estágios que variam de médio à
avançado de regeneração. Nas áreas de ocorrência de “Kaagüy eté” o uso dos recursos
pelos Guarani limitam-se às saídas para caça e à coleta de espécies da flora nativa,
sobretudo para finalidades medicinais. “Kaagüy karapeí” é a nominação empregada para
os ambientes recobertos com formações florestais secundárias em estágios que variam
de inicial a médio de regeneração. Os ambientes onde ocorrem “Kaagüi karapeí”
constituem-se naqueles passíveis de serem utilizados para ocupação residencial, roça,
coleta de espécies da flora nativa (madeira para as casas, lenha, entre outras) e caça
(sobretudo com o auxílio de armadilhas).
A prática exercida pelos Mbyá de restringir determinadas atividades em função de
como os ambientes se apresentam em termos fisionômicos-estruturais e sucessionais
expressa, dentro de sua lógica de manejo, uma correlação “formações florestais mais
maduras: menor intervenção no meio”.
Isto pode ser mais bem observado nas situações onde ocorre menor
disponibilidade de formações florestais no local onde as famílias se encontram residindo -
determinando com que cada unidade familiar Mbyá (nuclear ou extensa) ainda adote uma
estratégia particular (conscientemente praticada) de uso restrito ou até mesmo de não uso
dos recursos e ambientes.
Contextualizando este fato já observado em muitas aldeias Mbyá do litoral das
regiões Sudeste e Sul do Brasil vemos que: os Mbyá utilizam para os mais diversos fins
uma variedade de espécies (onde se inclui espécies arbóreas, arbustivas, herbáceas,
epífitas, lianas) que se estabelecem nos mais diferentes estágios sucessionais das
formações florestais. Dessas, as mais utilizadas para atender suas finalidades medicinais,
constituem-se naquelas que se estabelecem em formações florestais mais maduras e que
ocorrem em número reduzido de indivíduos/área, como por exemplo o cedro (Cedrela
fissilis) - bastante utilizado pelos Guarani para finalidades rituais e medicinais.
6

Um dos esforços empregados por famílias Mbyá no intuito de garantir a ocorrência


de espécies como o cedro5 no ambiente em que vivem, é de manter a maior quantidade
possível de locais com coberturas florestais nativas mais maduras ou, ainda, que possam
evoluir em seus estágios sucessionais.
Por exemplo, caso o local onde as famílias Guarani Mbyá ocupam e utilizam
apresente poucas áreas com formações florestais em estágio inicial e/ou médio de
regeneração, estas, mesmo que classificadas dentro do seu sistema de representação
como “kaagüy karapeí” (passíveis de serem suprimidas para ocupação e roça) são
reservadas para o mínimo uso, não cabendo a supressão total desta vegetação. Para não
reduzir áreas com cobertura florestal reduz-se a abertura de áreas de roça, mesmo que
as atividades agrícolas tenham que ser intensificadas em um mesmo local e praticadas
somente com a função de “não perder” suas plantas tradicionalmente cultivadas.
Do papel da mobilidade Mbyá (no que diz respeito à própria forma com que este
grupo se estrutura do ponto vista social, econômico, político e cultural), esta vem a
exercer uma das mais importantes funções no que diz respeito à garantia de acesso aos
recursos para este grupo como um todo.
Constantemente confundida com rotas migratórias em busca da “terra sem mal” , a
mobilidade Guarani é o reflexo da manutenção de uma intrincada rede de colaborações e
trocas regida pelo sistema de parentesco Mbyá, onde a família extensa é a unidade
econômica, política e/ou religiosa (Ladeira, 1992; Schaden, 1974).
Mesmo residindo em diferentes localidades, todos aqueles indivíduos ou famílias
nucleares que integram uma determinada família extensa constantemente empregam
seus esforços, através de visitas ou períodos de vivência (por tempo indeterminado) junto
aos demais familiares, para trocar notícias, curas, rezas, remédios, auxílio nas atividades
de roça e coleta, cultivares agrícolas e espécies da flora nativa com as mais diferentes
utilidades e ainda, apoio nos processos de (re) ocupação familiar em uma determinada
região (Ladeira, 1992).
Considerada por Schaden (1974) como “princípio fundamental” da organização
sociocultural Guarani, as redes de parentesco formadas pelas famílias Mbyá funcionam
como verdadeiros canais de circulação mediante inúmeros serviços e recursos são
distribuídos e remanejados.
Tomamos aqui o exemplo da agricultura Guarani. Praticada familiarmente (nuclear
e/ou extensa), esta atividade está voltada, sobretudo, à manutenção de diversas plantas

5
espécie rara segundo Kageyama e Gandara (1994); Kageyama et alli. (1998).
7

cultivadas tradicionalmente por este grupo indígena e denominadas de plantas


“verdadeiras”, “sagradas”6.
Empregadas para alimentação em geral, dietas especiais, confecção de
artesanato e artefatos de uso pessoal e religioso, uso medicinal e realização de rituais
religiosos, estas são cultivadas e mantidas seja qual for o local onde a família Guarani
estiver residindo.
Em linhas gerais, podem ser encontrados nas roças familiares Mbyá : (I) cultivares
que foram repassados de geração para geração pelos familiares dos cônjuges e que
acompanham os deslocamentos das famílias até o presente; (II) cultivares obtidos durante
visitas familiares (cujas famílias saem na intenção de buscar variedades diferentes e/ou
de obter mais cultivares em função de uma perda ocasional na produção); (III) cultivares
que foram obtidos durante a ocupação das famílias nas mais diferentes aldeias Guarani e
(IV) cultivares obtidos através de mudanças ocorridas na composição familiar (quando
determinada família passa a agregar indivíduos que trazem consigo outros cultivares
agrícolas, seja através dos laços matrimoniais – unindo famílias distintas e cultivares
distintos - ou simplesmente na acolhida de novas famílias/pessoas com vínculos de
parentesco) (Felipim, 2001).
São várias as diferenças apresentadas na diversidade e na quantidade de cultivares
agrícolas presentes nas roças familiares Guarani, bem como no tempo e local em que
estes costumam ser adquiridos. Todavia, é claramente percebido que todas as origens e
formas de aquisição destes cultivares estão relacionadas com a própria rede de
reciprocidades que se forma entre familiares, envolvendo as mais diversas
localidades/aldeias onde as famílias mantêm algum tipo de vínculo de parentesco. O
mesmo se procede em relação à algumas espécies nativas.
A rede de afinidade e parentesco Guarani que viabiliza a circulação de cultivares
agrícolas também viabiliza a circulação (inter e intra-regiões) de espécies nativas de
interesse das famílias Guarani e a importação dessas para suas áreas de roças e/ou
quintais.

6
plantas cultivadas Guarani presentes em roças familiares das aldeias da região sudeste do Brasil : milho
Guarani (“avaxí ju”, “avaxí yuyï ou avaxí mitaï”, “avaxí xï”, “avaxí takuá”, “avaxí pytã”, “avaxí ou”, “avaxí hü”,
“avaxí parakau ou vaká”, “avaxí pichingá ou avaxí pororó” Quando o milho aparece segregado no caracter
coloração dos grãos, este recebe a denominação “Pará”); batata-doce (“jety pytã”, “jety kara ü”, “jety mandiô”,
“jety andaí”, “jety xï” “jety ropé”, “jety ju” e “jety mbykuraãï)”; amendoim (“manduvi pytã guasu”, “manduvi
jukexï guasu” e “manduvi xï ou mirï”); feijão “de corda (“kumandá xaï” e “kumandá ropé”); aipim/ mandioca
doce (“mandiô karapeí” e “mandiô xï”); Coix lacrima (“kapiá guasu” e “kapiá mirï”); cabaça/porunga rasteira
(“yakuá”); sorgo sacarino (“takuareë mirï” ou “takuareë avaxí”); tabaco (“petÿ”); melancia (“xanjau pororó”) e
um cultivar (bastante utilizado para artesanato) denominado de “yva ü”, possivelmente pertencente ao gênero
Cardiospermum sp. (Felipim, 2001)
8

Transportar, intercambiar e importar para diferentes áreas plantas cultivadas e


espécies nativas não parece ser uma prática Guarani ocorrente somente nos dias atuais.
Com base em registros produzidos à respeito deste grupo indígena desde o século
XVI, Noelli (2000) retrata que ao mesmo tempo em que os Guarani históricos
reproduziam em outras localidades os cultivares trazidos em suas migrações,
incorporavam no seu acervo de “plantas úteis” (espécies agrícola, nativas de uso
medicinal e matéria-prima para cultura material) outros itens provenientes da troca de
experiência com outros povos e até mesmo de um melhor conhecimento do novo
ambiente conquistado.
Hoje, manter aldeamentos distribuídos em ambientes distintos e interligados por
relações de parentesco possibilita às famílias Mbyá disporem de recursos que atendam
várias razões como: o interesse em manter determinada espécie mais próxima de seus
núcleos ocupacionais para uso imediato; a incerteza da ocorrência (ou a certeza da não
ocorrência) da espécie de interesse em outra região e/ou ambiente; a simples vontade de
se querer enriquecer as áreas de quintais com algumas espécies preferenciais de uso e,
sobretudo, a possibilidade de garantia de acesso à espécies que, cada vez mais, se
tornam difícieis de serem encontradas nos locais ocupados pelos Mbyá.
Talvez não seja um fato muito conhecido, mas os locais de ocupação Mbyá,
quando comparados uns aos outros, se caracterizam por grandes contrastes no que diz
respeito à disponibilidade e acesso de recursos.
Os dados mais recentes7 estimam cerca de 64 áreas indígenas Guarani
(Nhandeva e Mbyá) ocupadas no litoral Sul e Sudeste. Dessas, a maioria se encontra em
processo de regularização fundiária ou sem providências administrativas, sujeitas às
inúmeras pressões por estarem assentadas em propriedades particulares, em terras
pertencentes a outros grupos étnicos, acampamentos de beira de estrada e, mais
recentemente, Unidades de Conservação de caráter restritivo.
Considerando apenas as áreas homologadas Guarani Mbyá e Nhandeva no litoral
brasileiro, estas ainda apresentam extensões que variam de 1,75 ha (aldeia do Jaraguá-
município de São Paulo, SP) até 4.372,2 (aldeia do Aguapeú – município de Mongaguá,
SP). No caso da aldeia Aguapeú, a maior área Guarani que se encontra homologada, as
melhores áreas para moradia e agricultura, até pouco tempo, se encontravam ocupadas
por não-índios.

7
CTI – Centro de Trabalho Indigenista (2003). Relatório Interno.
9

Disponibilidade e acesso de recursos ainda constituem o entrave maior para que


esse Grupo possa se sentir estimulado a dar continuidade às suas tradicionais práticas de
manejo e, até mesmo, mantê-las “eficientes”.
No caso da agricultura Mbyá, praticada em um sistema de corte e queima, não há
como descartar que, em várias situações, sua eficiência vai estar relacionada com a
questão da disponibilidade de terras e de cobertura vegetal.
A agricultura de corte e queima é praticada dentro de uma seqüência típica de
manejo que envolve originalmente: corte/derrubada da vegetação, queima da biomassa,
plantio, colheita e pousio (abandono da área cultivada até que, novamente, a cobertura
vegetal nativa se estabeleça de novo no local seguindo sua lógica sucessional natural).
Neste sistema agrícola, a quantidade e a qualidade dos nutrientes a serem
disponibilizados para as áreas de roça e plantas cultivadas, dependem
fundamentalmente de dois fatores: da quantidade de biomassa advinda da cobertura
vegetal que anteriormente se encontrava na área utilizada e da prática da queima da
vegetação - cujo fogo cumpre o fundamental papel de redistribuir os nutrientes estocados
na biomassa através das cinzas (ricas em óxidos de cálcio, magnésio, potássio e vários
outros elementos minerais) e reduzir o nível de toxicidade do alumínio do solo (Bandy,
Garrity e Sanchez, 1994; Oliveira et. alli, 1994).
De uma maneira geral, a intensidade de uso do solo de uma determinada área de
roça deve ser compensada pelo tempo em que esta é destinada ao pousio
(preferencialmente de longa duração8), até que, novamente, a cobertura florestal (de
porte/estrutura igual ou superior à que foi derrubada) nativa se estabeleça eficientemente
no local.
Os danos ambientais advindos da prática desse sistema agrícola têm sido
atribuídos para as situações em que ocorrem drásticas diminuições no tempo de pousio
em que é submetida uma determinada área e aumento na intensidade de uso desta.
Nestes casos, o uso do fogo passa a ser extremamente prejudicial ao meio, podendo
destruir os mecanismos biológicos de reposição da vegetação nativa na área e viabilizar a
formação de uma comunidade final dominada por espécies resistentes ao fogo, como
exemplo o sapé (Imperata brasiliensis) (Oliveira et alli, 1994; Uhl, 1997).
São poucos os locais em áreas de Domínio Atlântico que ainda detêm as
condições favoráveis para a prática de uma agricultura de corte e queima dentro de uma

8
A quantidade de anos pode variar em função do ambiente em a área em pousio se localiza, graus de
degradação do solo, banco de semente do solo, presença ou não de vegetação no entorno, entre outros.
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seqüência de manejo que possa prever “área cultivada por um período inferior ao que a
mesma permanece em pousio”.
Nas aldeias da região Sul e Sudeste é possível observar duas situações opostas:
áreas manejadas intensivamente através da prática de corte e queima e que se
encontram tomadas por sapezais ou outras espécies resistentes ao fogo e áreas
manejadas através da prática de corte e queima com intensidade de uso para plantio
variando de 1 a 3 anos.
A primeira situação citada pode ser notada em aldeias que apresentam poucos
locais recobertos com formações florestais ou poucos locais passíveis de serem utilizados
para agricultura. Conforme já explicado anteriormente, dentro das praticas Mbyá, para
não reduzir áreas com cobertura florestal, reduz-se a abertura de áreas de roça,
intensificando as atividades agrícolas em um mesmo local. Esta situação pode ser vista
nas aldeias de São Paulo – cidade (aldeias: Jaraguá, Krukutu e Barragem), aldeia de
Itaoca (Mongaguá - SP), aldeia de Miracatu (Miracatu – SP) aldeia Rio Branquinho de
Cananéia (Cananéia – SP), aldeia de Parati-Mirim – RJ, aldeia de Piraí (Araquari – SC),
aldeia Tarumã (Araquari – SC), entre várias outras.
Convém contextualizar que este fato ocorre em aldeias Mbyá cujos limites físicos
estabelecidos (oficialmente demarcados ou delineados pela ocupação vizinha não
indígena) são insuficientes para suas atividades de subsistência; aldeias cujos Mbyá
ainda são obrigados a dividirem suas áreas com outros ocupantes não-índios; aldeias em
que os Mbyá sofrem pressões de terceiros (proprietários das áreas onde os Mbyá
encontram-se locados, órgãos governamentais, etc) para não expandirem suas áreas de
roça em outras localidades; aldeias estabelecidas em locais que já se encontravam
bastante alterados, etc.
Já a segunda situação, áreas manejadas com menor intensidade de uso para
plantio, estas podem ser observadas em locais (demarcados ou não) cuja disponibilidade
de áreas com formações florestais permite às famílias Mbyá praticarem suas atividades
agrícolas e reservarem ambientes para suas outras atividades que não implicam em
supressão de vegetação para roça e moradia. Esta situação pode ser observada em
aldeias como Rio Branco de Itanhaém (Itanhaém – SP), Ilha do Cardoso (Cananéia – SP),
Sete Barras (Sete Barras – SP), Araponga (Parati – RJ), e em poucas outras áreas
ocupadas por famílias Guarani Mbyá.
Coincidentes ou não com áreas declaradas Unidades de Conservação, são nessas
aldeias que a agricultura de corte e queima pode ser praticada o mais próximo possível de
11

sua lógica original, ou seja, dentro de uma dinâmica espacial e temporal que não implique
em problemas no potencial de regeneração natural do ambiente e diversidade de
espécies.
O trabalho realizado por Oliveira et alli. (1984) na Ilha Grande, Rio de Janeiro,
ilustra claramente isto. Investigando a diversidade de espécies nativas em áreas
manejadas pela agricultura de corte e queima submetidas a diferentes períodos de pousio
os autores chegaram a seguinte conclusão: quanto maior o período de pousio, maior a
diversidade de espécies - até um limite onde a área submetida ao pousio é dominada por
espécies características de estágios avançados de regeneração, seguindo naturalmente
sua própria lógica sucessional.
É bom deixar salientado que, mesmo quando praticadas em localidades e
ambientes favoráveis, as áreas de roça Guarani são relativamente pequenas,
principalmente quando observado o número de famílias residentes no local e suas formas
de manejo que visam aproveitar o máximo possível dos espaços destinados à agricultura.
São vários os fatores que influenciam no tamanho das áreas de roça como o número de
integrantes da família, condições ambientais locais, força de trabalho para as áreas de
roça, quantidade de sementes disponíveis, disponibilidade de área para plantio, tempo de
ocupação no local, entre outros. Entretanto, estas muito raramente ultrapassam 1,0
hectare de área cultivada por família extensa/ano agrícola.
A fim de desconstruir a maneira superficial e equivocada com que esse assunto
vem sendo tratado nos argumentos em prol da “desintrusão” de comunidades tradicionais
e indígenas do interior de áreas protegidas, várias produções bibliográficas podem ser
consultadas. Trabalhos como o de Boserup (1987), Hernani et alli (1987) e os já citados
Oliveira et alli (1994), Uhl (1997) e Bandy, Garrity e Sanchez (1994) abordam aspectos
produtivos e/ou ambientais da relação de intensidade do uso de uma determinada área de
roça de corte e queima e os anos em que esta é submetida ao pousio. Trabalhos como os
de Posey (1997), Balée (1989a; 1989b), Gómez-Pompa (1971; 2001), Adams (1994)
exemplificam e/ou discorrem sobre o papel desse sistema agrícola na estrutura e
composição florística de formações florestais maduras. Ainda, Kerr & Clement (1980),
Chernela (1987), Posey (1987), Altieri & Merrick (1997), Cury (1993; 1998), Peroni (1998),
entre outros autores, enfocam as interações do manejo agrícola com os processos de
conservação e de geração de diversidade genética de plantas cultivadas e não cultivadas
no interior de áreas de roça.
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A dinâmica de ocupação e (re) ocupação por diferentes localidades, é uma


característica historicamente atribuída à organização sociocultural dos povos Tupi-
Guarani e os Guarani Mbyá a mantém até a atualidade. Talvez ainda seja difícil para
muitos aceitarem que, em função desta dinâmica, muitos de seus locais de ocupação e
manejo coincidiram, coincidem e/ou podem vir a coincidir com áreas que foram (ou que
serão) declaradas Unidades de Conservação. Também, que muitos outros locais de
ocupação e manejo Mbyá não coincidiram, não coincidem e/ou podem não vir a coincidir.
Manejar ambientes através da agricultura de corte e queima, remanejar espécies
cultivadas e não cultivadas para diferentes localidades também são práticas
historicamente atribuídas aos grupos de filiação lingüística Tupi-Guarani e os Mbyá
tentam mantê-las até os dias atuais.
Estas práticas, ao atuarem conjuntamente com a dinâmica de ocupação e (re)
ocupação por diferentes localidades, seja num passado mais, ou menos distante, só
tendem a reforçar a idéia de que não há limites definidos entre o que pode ser
considerado ambiente natural e ambiente manejado. A continuidade e manutenção de
muitas das formações florestais que auxiliaram na fundamentação da criação das áreas
protegidas podem ter sido produto das históricas atividades de manejo desses povos.
E nos dias atuais, a manutenção dessas práticas ainda pode contribuir para
conservação dos ambientes? Supostamente sim, desde que haja condições favoráveis
para tal: disponibilidade de recursos e formações florestais, bem como ausência de
pressões externas sobre essas atividades.
Somadas às históricas práticas de manejo, algumas das formas empregadas
pelos Guarani para uso e garantia de acesso a determinados recursos e ambientes aqui
citadas, muito provavelmente, são práticas “contemporâneas”. Construídas pelos Mbyá de
forma a conciliar seu “modo de ser e de viver” com a atual problemática de acesso à terra
e aos recursos naturais, estas também não deixam de expressar sua lógica
conservacionista.
Resta-nos, no mínimo, aceitar e compreender que empregar esforços para a
conservação da biodiversidade é pratica comum de muitas populações indígenas. Ainda
creio que este seja o único caminho para direcionar as ações de políticas públicas
empregadas na conservação dos próprios processos geradores da diversidade biológica e
daqueles que os promovem.
13

BIBLIOGRAFIA

Adams, C. As florestas virgens manejadas. Boletim Museu Paraense Emílio Goeldi:


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