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Colaboração para a   


  

 Misturar alimentos não é bater tudo junto em uma pasta sem cor nem gosto
definido. É importante deixar a criança entrar em contato com sabores variados e
aprender a diferenciá-los. Mesmo em uma sopa feita com vários legumes, escolha a
cada vez um que será predominante, na cor e no sabor: cenoura, beterraba,
mandioquinha etc.

 Nas sopas de legumes, o melhor é amassar os ingredientes com o garfo, sem
passar pelo liqüidificador ou pela peneira, para conservar as fibras dos alimentos.

 Acrescente legumes cortados bem fino no omelete ou no recheio de panquecas.


Eles também podem entrar em croquetes, almôndegas e hambúrgueres feitos em
casa.

 Incremente a massa da panqueca com espinafre (bata no liquidificador 4 ovos,


500 ml de leite, 1 colher (sopa) de manteiga derretida e 1/3 de maço de espinafre
cozido, espremido e picado. Junte 200 g de farinha de trigo, bata até ficar
homogêneo e frite em frigideira antiaderente).

 Yakissoba, macarrão japonês feito com legumes e carnes, é um ótimo exemplo
de mistura saudável e completa que a maioria das crianças gosta de comer. Você
pode comprar pronto ou fazer uma versão em casa (use os legumes que tiver à
mão, massa longa e shoyu --não use sal).

 Inclua nas refeições comidas que a criança pode pegar com as mãos: cenoura
baby, tomate-cereja, espiga de milho, hortaliças cortadas em palito (erva-doce,
pepino).

   

 Coloque os alimentos que compõem a refeição separadamente no prato ou em


cumbucas individuais. Eles devem ter cores e texturas diferentes. Deixe a criança
se servir sozinha e provar cada uma das diferentes porções.

 Não cozinhe demais os legumes. Quando estão crocantes, além de serem mais
interessantes visualmente, porque mantêm a forma e as cores ficam mais vivas,
eles são também muito mais saborosos.

 Para deixar a salada mais atraente, espalhe sobre as folhas croutons, batata-
palha, ovo cozido picado, kani desfiado ou pedaços de frutas amarelas e vermelhas
(para contrastar com o verde), como manga ou morango.

 Faça desenhos em cima do purê de batata. Nada complicado: pode ser um
círculo ou uma espiral com ervilhas frescas ou congeladas. Não use as enlatadas --
a questão não é apenas nutricional, é estética, porque as ervilhas de lata são moles
demais e sua cor não é tão bonita.
 Outra idéia é espetar flores de brócolis japonês cozidas al dente sobre o purê.
Fica mais gostoso quando é a própria criança quem faz a decoração de seu prato.

 Cremes ou pastas de vegetais servidos sobre torradas, frutas e legumes no


espetinho também são maneiras simples de valorizar o visual da comida.

 Espante o tédio da mesa variando o preparo de cada alimento: um dia sirva
cru, outro em forma de bolinhos, ou refogado, cortado em rodelas, ralado etc.

 Brincar com a apresentação do prato não significa esconder algum tipo de
alimento. Chuchu é chuchu, tomate é tomate, mesmo que eles sejam, por exemplo,
apresentados em forma de flor.

 

 Comer é um processo instintivo. O organismo regula a quantidade de energia


que precisa por dia; se a criança não comer nada no almoço, por exemplo, ela
acabará compensando nas outras refeições. Portanto, respire fundo e e espere até
seu filho ter fome.

 Nenhum alimento é insubstituível. Seu filho não come cenoura? Ofereça
abóbora, mamão ou outros vegetais amarelos e alaranjados, e as fontes de
vitamina A estão garantidas. E ele nem precisa comer desses alimentos todo dia,
porque o organismo estoca a vitamina A.

 A mesma idéia vale para qualquer grupo de nutrientes ou micronutrientes


(vitaminas e sais minerais). O ideal é equilibrar todos os grupos em uma refeição,
mas não se preocupe se seu filho passar mais de um dia sem comer algum tipo de
nutriente. Espere por até uma semana e é provável que ele busque naturalmente
alimentos que reponham sua necessidade.

 A partir dos 4 ou 5 anos, é normal a criança não querer tomar leite.
Geneticamente, algumas populações (como as de origem mediterrânea e africana)
têm mais dificuldade de digerir o leite (por causa da lactose), mas isso não ocorre
com iogurte, queijos etc. E estes últimos podem fornecer todo a cálcio e a vitamina
D que a criança precisa.

 Comida não é remédio. Qualquer pessoa pode passar a vida inteira sem tocar
um bife de fígado. As necessidades normais de ferro são supridas se a criança
comer proteína animal e frutas regularmente --as frutas fornecem vitaminas que
ajudam na absorção de ferro.



 Não sirva no jantar o mesmo cardápio do almoço. Se for reaproveitar os


pratos, reinvente as combinações.

 Não "ajude" a criança a finalizar o prato. Cada um come aquilo que está no
seu próprio prato, a quantidade que achar necessária.

 "Raspar" o prato não é uma coisa linda, obrigatória, nem necessariamente
desejável. Não obrigue seu filho a isso.
 Não faça ameaças de nenhum tipo, como dizer para seu filho que, se ele não
comer, ficará doente e terá de ir ao médico. Aliás, quando a criança está doente
mesmo, não a obrigue a comer. Mantenha a tranqüilidade e espere até ela sentir
fome (isso é um sinal de que ela está se recuperando).

 Premiar quem come tudo também não é uma boa prática. É comum os adultos
sugerirem que a criança deve comer os legumes, por exemplo, para poder ter a
sobremesa. Nenhuma parte da refeição é um prêmio, cada uma tem a sua função,
porção e lugar.

 O lanche também tem sua função, mas na dose, hora e lugar certo. Não
compense no lanche o pouco que seu filho comeu no almoço. O máximo que vai
acontecer é ele ficar com mais fome até a hora do jantar e, na melhor hipótese,
comerá bem.

   

 Crianças de 5 ou 6 anos estão na fase de estímulos primários. Elas são


atraídas por cores, formas, novidades. Nessa fase, os pais podem proporcionar
novas experiências gastronômicas para seus filhos, apresentando os diferentes
sabores dos alimentos.

 Na boca, somos capazes de sentir apenas quatro gostos: doce (na ponta da
língua), salgado e ácido (nas laterais) e amargo (no fundo da boca). A criança que
já mastiga pode e deve entrar em contato com todos esses tipos de gosto; dessa
forma, poderá reconhecê-los e formar um repertório de sabores (que é a mistura
das sensações gustativas com as olfativas). Quanto mais amplo for esse repertório,
maior a chance de seu filho comer (quase) tudo.

 A tolerância para o gosto amargo é determinada geneticamente. Por isso, não
tenha medo de oferecer à criança alimentos com um certo amargor, como rúcula,
por exemplo. Se ela tiver predisposição, maravilha; se não, também está ótimo,
não insista. O importante é ela conhecer o sabor, para descobrir se gosta ou não
daquilo.

 O ambiente da refeição deve ser tranqüilo, sem TV, música e muito menos
gritaria. Deixe as conversas sérias e broncas para depois. Todas as refeições
(lanches inclusive) devem ser feitas à mesa.

 Sempre que possível, faça pelo menos uma das refeições principais com seus
filhos. Se o horário de trabalho for muito complicado, tente estabelecer um dia da
semana para isso, como rotina.

 Comida de crianças a partir de dois anos é a mesma dos adultos --elas
seguem os hábitos alimentares da casa. Isso significa que, se os pais não comem
frutas ou verduras, os filhos seguirão o exemplo e forçá-los a comer salada pode
ser um trabalho inútil. Nesses casos, é preciso rever os hábitos de toda a família.

 Leve as crianças para a cozinha. Quando elas mesmas preparam os alimentos,
certamente vão querer provar o que fizeram. É uma experiência lúdica, prazerosa,
como deve ser a relação com a comida.

 Ir à feira com as crianças é um jeito divertido de apresentá-las ao mundo das


frutas e verduras. E os feirantes têm técnicas infalíveis para fazer o filho do freguês
provar as frutas que querem vender.

 Fazer o supermercado com a família toda é um pouco mais complicado, mas
vale a pena. É uma boa ocasião para fazer acordos --para levar sorvete, é preciso
levar cenoura.

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 Sirva porções pequenas --até para dar oportunidade de a criança pedir mais,
se quiser, porque gostou ou porque ainda está co m fome.

 Se o seu filho diz que não gosta de um alimento que não conhece, proponha
que ele prove um pedaço (tem de ser pequeno mesmo) e, se não gostar, não
precisa comer. Dê um tempo e ofereça pelo menos por mais cinco vezes, em
ocasiões e formas de preparo diferentes.

 Ofereça as comidas que as crianças gostam preparadas de forma mais


saudável. Por exemplo, troque a batata frita por batata cortada em cubinhos,
regada com um pouco de azeite e sal e assada no forno por cerca de 40 minutos.

 No lugar do doce com açúcar refinado, ofereça banana-passa --o açúcar da
fruta pode saciar a vontade irresistível de comer um doce.

 Em vez de macarrão na manteiga, experimente servir a massa regada com


azeite (ou, pelo menos, metade manteiga, metade azeite).

 Use pão integral em forma de bisnaguinha (à venda em supermercados e


algumas padarias) para fazer o lanche da escola. No recheio, coloque o tipo de
queijo ou frio preferido pela criança e alface picada temperada com azeite.

  # FABIO ANCONA LOPEZ, professor de nutrologia do departamento de pediatria da Unifesp (Universidade


Federal de São Paulo) e presidente do departamento de nutrologia da Sociedade de Pediatria de São Paulo;
MARIA LUIZA CTENAS, nutricionista e autora de "Crescendo com Saúde" (ed. C2); BETTY KÖVESI MATHIAS,
professora de culinária e proprietária da Escola Wilma Kövesi; RENATA BRAUNE, chef do restaurante Chef
Rouge; BRANCA SISTER, autora de "Socorro, Meu filho Não quer Comer" (ed. Campus Elsevier)
$    : CAROLE CREMA, chef do restaurante Wraps - Light Food & Smoothies

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