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A história do Antigo Egipto inicia-se em cerca de 3150 a.C., altura em que se verificou
a unificação dos reinos do Alto e do Baixo Egipto, e termina em 30 a.C. quando o
Egipto, já então sob dominação estrangeira, se transformou numa província do Império
Romano, após a derrota da rainha Cleópatra VII na Batalha de Ácio. Durante a sua
longa história o Egipto conheceria três grandes períodos marcados pela estabilidade
política, prosperidade económica e florescimento artístico, intercalados por três
períodos de decadência. Um desses períodos de prosperidade, designado como Império
Novo, correspondeu a uma era cosmopolita durante a qual o Egipto dominou, graças às
campanhas militares do faraó Tutmés III, uma área que se estendia desde Curgos (na
Núbia, entre a quarta e quinta cataratas do rio Nilo) até ao rio Eufrates.[3]
Em tempos recuados o Egipto foi uma savana. Quando se inicia o Neolítico, por volta
de 6000 a.C., o território já tinha adquirido as características áridas que o caracterizam
actualmente. As principais culturais do Neolítico no Egipto estão documentadas no
Faium e em El-Omari (norte) e em Tasa e Mostagueda (sul).
Teria sido Narmer, um rei do Alto Egipto, quem unificou as duas regiões por volta de
3100 a.C. Uma placa de xisto, conhecida como a Paleta de Narmer, comemora este
evento. Um dos lados desta placa mostra Narmer usando a coroa do Alto Egipto (a
coroa branca), enquanto que o outro lado mostra-o com a coroa do Baixo Egipto (a
coroa vermelha) num cortejo triunfal. Narmer é identificado por alguns egiptólogos com
Menés, nome pelo qual é designado o primeiro rei do Egipto na lista de Maneton.
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Segundo Maneton estas dinastias tiveram como capital a cidade de Tis, cuja localização
é até hoje desconhecida, embora se saiba que estaria no Alto Egipto. Porém, como
revela a investigação, a capital do Egipto teria sido movida a certa altura para Mênfis.
As manifestações artísticas deste período revelam já uma grande perfeição e o culto dos
mortos e a mumificação já eram praticados. O culto da maior parte das divindades
egípcias também se encontrado atestado.
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Este período iniciou-se com a III dinastia, existindo algumas dúvidas quanto a quem
terá sido o seu primeiro rei, se Sanakht ou Djoser (este último terá sido filho ou irmão
do último rei da II dinastia).
A III dinastia manteve a capital em Mênfis, cidade que se transformou num grande
centro económico e cultural.
O rei Djoser apoiou-se na sua acção governativa no vizir (uma espécie de "primeiro-
ministro") Imhotep. Para além de vizir, Imhotep foi também arquitecto e muito mais
tarde foi transformado em deus, considerado filho da divindade Ptah. Foi ele quem
projectou a construção da denominada "pirâmide em degraus" em Sakara (embora do
ponto de vista geométrico não se trata de uma pirâmide), necrópole na qual se situam a
maioria dos túmulos reais do Império Antigo. Esta "pirâmide", com 61 metros e que
resultou da sobreposição de seis mastabas, seria o primeiro passo na evolução de uma
arquitectura cada vez mais grandiosa que atinge o seu apogeu durante a IV dinastia,
com as Pirâmides de Guiza. Estava integrada num conjunto mais amplo, um santuário
onde os sacerdotes realizavam os ritos funerários para o rei defunto.
A IV dinastia teve em Seneferu o seu primeiro rei que conduziu campanhas militares
contra os habituais inimigos dos egípcios (Núbios, Líbios e Beduínos). Destas lutas
resultou o domínio do Egipto sobre a Baixa Núbia. O segundo rei desta dinastia, Khufu,
(Quéops) ordenou a construção da maior das três pirâmides de Guiza (Gizé), que possui
cerca de 2,3 milhões de blocos de pedras e 146, 5 metros de altura (actualmente possui
apenas 139 metros de altura). A construção das pirâmides encontrava-se dependente de
um clima de paz e estabilidade. Ao contrário de uma ideia feita, que já se encontrava
presente nos autores da Antiguidade, estas pirâmides não foram construídas por
escravos, mas por trabalhadores desocupados durante o período de cheias do Nilo.
Segundo as concepções da época, o rei era um intermediário entre os deuses e os seres
humanos; assim participar na construção das pirâmides que abrigariam o corpo do rei
era considerado como um acto de piedosa religiosa.
Mentuhotep II, rei de Tebas, conseguiu reunificar o Egipto, fixando a capital em Tebas.
Amenemhat I (ou Amenemés), inicia a XII dinastia, transladando a capital para Iti-taui
(nome que significa "aquela que conquista o duplo país"), a sul de Mênfis. Constrói
também fortalezas no delta e na região a oeste cujo objectivo era evitar os ataques
estrangeiros. Progressivamente, os nomarcas perderam a sua autonomia local e
submetera-se ao poder dos reis.
O Egipto do Império Médio manteve relações diplomáticas com Fenícia e com Creta,
tendo também realizado expedições comerciais ao Punt.
A XIII dinastia, com dezassete faraós - o que revela uma certa instabilidade política -
assistiu à tomada das fortalezas do sul do Nilo pela Núbia. Por volta de 1800 a.C. povos
do Médio Oriente fixam-se na região oriental do Delta. Em consequência desta invasão
os soberanos egípcios deixam o delta, a caminho do sul do país.
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Os egípcios referiam-se aos povos semitas que se fixaram no delta como Heka-khasut,
"chefes de terras estrangeiras". Estes povos são conhecidos pelo seu nome grego,
Hicsos. Os Hicsos eram povos oriundos da região da Síria que progressivamente
usurparam o poder, tomando o título de faraós. Dominaram o Egipto a partir da sua
capital i t lta. A XV e XVI di astias da hist ia do Anti o
Egipto foram constit ídas por Hicsos.
A XVII dinastia, sediada em Tebas, era uma dinastia nacional, contemporânea à dos
Hicsos. Se de início se tornam vassalos dos Hicsos, aos poucos começam a expulsá-los.
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Ahmés (ou Amósis), primeiro rei da XVIII dinastia, conclui a tarefa de expulsão dos
Hicsos, dando início ao Império Novo. A reunificação do país foi realizada a partir da
cidade de Tebas, que seria a capital do Egipto durante a maior parte deste período.
Ahmés esforçou-se por melhorar a economia, tendo as fronteiras do país sidoalargadas
para oeste e para o sul. Este rei iniciou uma política expansionista e militarista que seria
continuada pelos seus sucessores. Durante a XVIII Dinastia o Antigo Egipto controlaria
territórios que compreendem o que é hoje o Sudão, bem como a região da Palestina e da
Síria, até ao rio Eufrates.
Tutmés III, quinto rei desta dinastia, foi talvez o melhor representante desta tendência
imperalista, com as suas dezassete campanhas militares na região da Síria-Palestina.
Hatchepsut, a sua madrasta, tinha governado o Egipto na sua menoridade. Hatchepsut
tinha sido esposa e meia-irmã de Tutmés II, pai de Tutmés III. De início a rainha opta
por governar na qualidade de representante de Tutmés III, mas em poucos anos decide
adoptar títulos reservados aos faraós (como "Senhora dos Dois Países"), mandando
erguer dois obeliscos em Karnak (acto reservado aos faraós). Para legitimar o seu
governo, Hatchepsut apresentou-se como filha de Amon, deus que se teria unido à sua
mãe. Foram duas década marcadas em geral pela paz, com o envio de uma expedição ao
Punt. Após a morte de Hatchepsut, Tutmés III dedicou-se a apagar as inscrições que
continham o nome da madrasta. Foi sucedido pelo seu filho Amen-hotep II, que foi por
sua vez sucedido por Tutmés IV. Amen-hotep III governou durante quarenta anos, numa
era que seria marcada pela paz, prosperidade e pelo florescer das artes.
O seu filho, Amen-hotep IV, inicia uma revolução religiosa encaminhada no sentido do
"monoteísmo", na qual o culto deveria ser reservado a Aton, o disco solar. Este faraó,
cuja esposa foi a famosa Nefertiti, alterou o seu nome para Akhenaton ("O Esplendor de
Aton") e abandonando Tebas, fixa-se numa nova capital mandada por si edificar,
Akhetaton ("Horizonte de Áton"), a actual Amarna (por esta razão este conturbado
período é designado como o "período de Amarna"). Os sucessores de Akhenaton, entre
os quais o "faraó-menino" Tutankhamon, conhecido pelos tesouros do seu t mulo,
abandonaram estas concepções religiosas, retornando às antigas.
Ramsés II, terceiro rei da XIX dinastia, entrou em guerra com os Hititas da Ásia Menor
por causa do controlo da Síria. Na Batalha de Kadesh nenhuma das partes se consagrou
vencedora, apesar das fontes egípcias apresentarem o episódio como uma vitória do
país. O conflito foi terminado com um tratado de paz, o primeiro de que há
conhecimento na história da humanidade. Os Egípcios e os Hititas dividem o controlo
daquela região e Ramsés casa com uma das filhas do rei hitita. Foi também Ramsés II
que ordenou a construção dos templos de Abu Simbel. Para aproximar-se de seus
inimigos e dos territórios que pretendia dominar, Ramsés II mandou construir uma nova
capital, perto do delta do Nilo. Esta magnífica cidade, a que Ramsés deu o nome de Pi-
Ramsés, tinha uma incrível estrutura militar, com um grande quartel-general que
abrigava, inclusive, cavalos para a guerra e um complexo industrial bélico que produzia
todo o tipo de armas e também carros de batalha. Ramsés II também dispunha de uma
rede de fortalezas e um exército profissional bem pago. Ramsés III, da XX dinastia, teve
de combater a invasão dos Povos do Mar e dos Líbios, que conduziram o Egipto a um
novo período de decadência. Os últimos reis da XX dinastia tiveram um papel apagado.
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Os Assírios acabariam por derrotar a dinastia núbia, impondo como rei Psametek I
(primeiro soberano da XXVI dinastia), um princípe da cidade de Sais, no Delta.
Contudo, Psametek acabará por se rebelar contra os Assírios, tendo reunificado o país.
O último rei da XXVI dinastia, Psametek III, seria derrotado pelos Persas de Cambises
II que ocupam o Egipto a partir de 525 a.C. e constituem a XXVII dinastia.
A invasão de Cambises ficou conhecida pela estratégia aplicada pelos persas: sabendo
que os Egípcios tinham verdadeiro culto e temor aos gatos, Cambises colocou, a frente
de cada linha de invasão, balaios repletos de gatos, que fizeram com que a população
recuasse e não resistisse tanto à invasão.
Em 332 a.C., Alexandre, o Grande conquistou o Egito com pouca resistência por parte
dos Persas e foi saudada pelo egípcios como um libertador. A administração criada
pelos sucessores de Alexandre, a Ptolomaica, foi baseada no modelo egípcio e teve
como base a nova cidade de Alexandria. A cidade foi feita para mostrar o poder e o
prestígio do Estado grego, e tornou-se um lugar de aprendizado e cultura, centrada na
famosa Biblioteca de Alexandria.[5] O Farol de Alexandria iluminava o caminho dos
muitos navios que passavam no mar mediterrâneo para estabelecer comércio com a
cidade.
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O território no qual se desenvolveu a civilização do Antigo Egipto corresponde, em
termos tradicionais, à região situada entre a primeira catarata do rio Nilo, em Assuão, e
o Delta do Nilo. O Sinai, situado a leste do Delta do Nilo, funcionou como via de acesso
ao corredor sírio-palestiniano, designação atribuída à faixa de terra que ligava o Egipto
à Mesopotâmia. A oeste do Delta, surge o deserto da Líbia (ou deserto ocidental), onde
se encontram vários oásis dos quais se destacam o de Siuá, Kharga, Farafra, Dakhla e
Bahareia. O deserto da Árabia (ou deserto oriental), estende-se até ao Mar Vermelho. A
sul da primeira catarata situava-se a Núbia, cuja cultura e habitantes já eram vistos
como estrangeiros. Em diversos momentos, o Egipto ultrapassou a primeira catarata e
tomou posse de territórios Núbios, onde obtinha diversas matérias-primas.
O território do Antigo Egipto não deve ser por isso confundido com o território da
moderna República Árabe do Egipto, dado que esta se estende para sul da primeira
catarata do Nilo até ao paralelo 22ºN e inclui partes dos deserto da Líbia e do deserto da
Arábia, bem como a península do Sinai.[8]
Esta civilização desenvolveu-se graças à existência do rio Nilo, sem o qual o Egipto não
seria diferente dos desertos que o cercam. Neste sentido, é bem conhecida a frase do
historiador grego Heródoto (que visitou o Egipto em meados do século V a.C.), segundo
a qual o Egipto era uma dádiva do Nilo, retomando o historiador uma afirmação anterior
de Hecateu de Mileto.
Os dois afluentes principais do rio Nilo são o Nilo Branco (que nasce no Lago Vitória) e
o Nilo Azul (oriundo dos planaltos da Etiópia). O Nilo corre de sul para norte,
desaguando no Mar Mediterrâneo, com uma extensão aproximada de 6695 quilómetros.
Todos os anos as inundações do rio, que se iniciavam no Egipto na segunda metade de
Julho e terminavam em meados de Outubro, depositavam nas margens uma terra negra
que fertilizava o solo e que permitiu a prática da agricultura (actualmente o fenómeno
das inundações do Nilo já não existe no Egipto graças à construção da barragem de
Assuão). Os Egípcios dependiam portanto deste rio e das inundações para a sua
sobrevivência. Para além disso, o Nilo era a principal via de transporte, quer de pessoas,
quer de materiais. Apesar da dependência do Nilo, o Antigo Egipto não deve ser
considerado apenas um dom de condições geográficas especiais, como afirmou
Heródoto, que talvez quisesse, com esta afirmação, explicar por que o Egipto já era uma
grande civilização enquanto os gregos ainda viviam em aldeias isoladas. O ponto
fundamental é que o Antigo Egipto também só existiu graças ao seu sistema de governo
centralizado, que organizava a enorme mão-de-obra constituída pela massa de
camponeses, e ao engenho de seus construtores, que, desde épocas remotas, edificaram
barragens e canais de irrigação para tirar o máximo proveito das águas do Nilo.
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O rio Nilo era a fonte de vida do povo egípcio, que vivia basicamente da agricultura.
No período das cheias, as fortes chuvas sazonais (junho a setembro), faziam o Rio Nilo
transbordar, encobrindo grandes extensões de terras que o margeavam, mas também,
este fenômeno fertilizava o solo ao depositar matéria orgânica (fertilizante de primeira
qualidade) neste.
Além de fertilização do solo, o rio trazia grande quantidade de peixes e dava chances a
milhares de barcos que navegavam sobre as águas fluviais.
Para o povo egípcio era uma verdadeira bênção dos deuses. Aliás, o próprio rio era tido
como sagrado. O historiador antigo Herotodo fez conhecida a frase "o Egito é uma
dádiva do Nilo" - ideia essa que causa a ilusão de que a prosperidade alcançada por esse
povo se devia unicamente às condições naturais. Mas para o Egipto, o Nilo não era
apenas um presente da natureza. Havia necessidade da inteligência, do trabalho, da
aplicação e da organização dos homens. Após as cheias, as margens do rio ficavam
cobertar por húmus - adubo natural, que dava ao solo a fertilidade necessária para o
plantio. No tempo da estiagem, num trabalho de união de forças e de conjunto, os
egípcios aproveitaram as águas do rio para levar a irrigação até terras mais distantes ou
construir diques para controlar as cheias, protegendo o vale contra essas catástrofes
terríveis. No período das cheias, os camponeses eram encaminhados para as cidades,
onde realizavam outros trabalhos que não a agricultura.
Com as cheias, desapareciam as divisas das propriedades agrícolas. Assim, todos os
anos era necessário o trabalho do homem para medir, calcular, e isso ocasionou o
desenvolvimento da geometria e da matemática.
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No Antigo Egipto distinguiam-se duas grandes regiões: o Alto Egipto e o Baixo Egipto.
O Alto Egipto ('a-chemau) era a estreita faixa de terra com cerca de 900 quilómetros de
extensão que tradicionalmente começava em Assuão e terminava na antiga cidade
Mênfis (perto da moderna Cairo).
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Os antigos Egípcios usaram vários nomes para se referirem à sua terra. O mais comum
era Ëemet, "a Terra Negra", que se aplicava especificamente ao território nas margens
do Nilo e que aludia à terra negra trazida pelo rio todos os anos. Decheret, "a Terra
Vermelha", referia-se aos desertos com as suas areias escaldantes, onde os egípcios só
penetravam para enterrar os seus mortos ou para explorarem as pedras preciosas.
Também poderiam chamá-la 'aui ( "as Duas Terras", ou seja, o Alto e o Baixo Egipto),
'a-meri ("Terra Amada") ou 'a-netjeru ("A Terra dos Deuses"). Na Bíblia o Egipto é
denominado Misraim. A actual palavra Egipto deriva do grego Aigyptos (pronunciado
Aiguptos), que se acredita derivar por sua vez do egípcio Hetkaptah, "a mansão da alma
de Ptah". Os habitantes actuais do Egipto dão o nome Misr ao seu país.
Os Antigos Egípcios foram o resultado de uma mistura das várias populações que se
fixaram no Egipto ao longo dos tempos, oriundas do nordeste africano, da África Negra
e da área semítica.
A questão relativa à etnia dos antigos Egípcios é por vezes geradora de controvérsia,
embora à luz dos últimos conhecimentos da ciência falar de raças humanas revela-se um
anacronismo. Até meados do século XX, por influência de uma visão eurocêntrica,
considerava-se os antigos Egípcios praticamente como brancos; a partir dos anos 1950
do século XX as teorias do "afro-centrismo", segundo as quais os Egípcios eram negros,
afirmaram-se em alguns círculos.[9] Importa também referir que as representações
artísticas são frequentemente idealizações que não permitem retirar conclusões neste
domínio.
A língua dos Egípcios (hoje uma língua morta) é um ramo da família das línguas afro-
asiáticas (camito-semíticas). Esta língua é conhecida graças à descoberta e decifração da
Pedra de Roseta, onde se encontra inscrito um decreto de Ptolomeu V Epifânio (205-
180 a.C.) em duas línguas (egípcio e grego) e em três escritas (caracteres hieroglíficos,
escrita demótica e alfabeto grego). Em 1822 o francês Jean-François Champollion
decifrou a escrita hieroglífica e a demótica que se encontravam na pedra, permitindo
assim o acesso aos textos do Antigo Egipto e o começo da Egiptologia.
O topo da pirâmide política e social do Antigo Egipto era ocupado pelo rei ou faraó. O
rei vivo era encarado como uma personificação do deus Hórus, enquanto que o rei
morto que o tinha antecedido era associado a Osíris, pai de Hórus, independentemente
de existir uma relação familiar entre soberanos. De uma maneira geral não se
desenvolveu um culto em torno da pessoa do rei, com excepção de alguns monarcas do
Império Novo. A partir da V dinastia os reis apresentam-se também como filhos de Rá,
o deus solar. Durante o Primeiro Período Intermediário a imagem divina do rei
enfraqueceu-se, tendo a mesma sido restaurada a partir da XII dinastia para atingir o seu
apogeu na XVIII dinastia.
Em teoria o rei era dono de tudo, inclusive dos seus súbditos. Era o comandante
supremo do exército, funcionando também como a máxima autoridade judicial: os
Egípcios poderiam recorrer de uma decisão judicial ao rei. Era igualmente o sumo-
sacerdote do Egipto, o elo entre os homens e os deuses. Como não era fisicamente
possível ao rei estar presentar em todos os templos egípcios para celebrar os cultos, este
delegava o seu poder religioso aos sacerdotes que conduziam as cerimónias em seu
nome.
Embora existissem estas concepções "absolutistas" da figura do rei, este convivia com
limitações ao seu poder, oriundas de conselheiros, funcionários, dos nobres, das famílias
ricas, do clero e dos soldados, meios nos quais se teciam as intrigas políticas que
poderiam conduzir ao assassinato de um rei e ao início de uma nova dinastia.
Para além do seu nome de nascimento, os reis egípcios tinham outros nomes. A partir da
V dinastia a titulatura do reis incluía cinco nomes reais: nome de Hórus, nome das Duas
Senhoras, nome de Hórus de Ouro, prenome e nome; estes dois últimos nomes eram
inscritos no interior de uma cartela.
Os reis do Antigo Egipto são habitualmente denominados como "faraós", mas esta
palavra, que deriva de per-aá, não foi a mais usada no Egipto para se referir ao
monarca; os Egípcios usavam termos como nesu (rei) ou neb (senhor). O termo per aá,
que significa "grande morada", aplicava-se de início ao palácio real; só a partir da XVIII
dinastia é que o termo foi também usado para se referir à pessoa do rei e em larga
medida por influência dos povos estrangeiros.
A rainha era denominada hemet nesut, "esposa do rei"; tinha em geral uma origem real,
sendo por vezes irmã do rei, mas filha de outra mãe. Durante a época do Império Novo
algumas rainhas consortes desempenharam um importante papel político junto dos
esposos, como Ahmés-Nefertari, Tié ou Nefertiti. Habitualmente o filho mais velho da
rainha principal sucedia ao pai.
O rei era detentor de uma estética própria, resultado do uso de certas roupas e de
determinadas insígnias que lhe estavam reservadas. No queixo colocava uma barba
postiça, delgada e rectangular (que a própria Hatchepsut, apesar de ser uma mulher,
apresenta em algumas representações artísticas) e na cabeça usava um pano, o "nemes",
à frente do qual encontrava-se uma serpente denominada uraeus que se acreditava poder
repelir os seus inimigos. O soberano possuía várias coroas, vistas como objectos
detentores de uma energia própria, sendo as mais importantes a coroa branca do Alto
Egipto (hedjet) e a coroa vermelha do Baixo Egipto (decheret), que combinadas
formavam o pschent ou coroa dupla. Para além das coroas, existiam os ceptros, dos
quais se destacam o hekat (uma espécie de báculo) e o nekhakha (um látego). O faraó
poderia ser simbolicamente representado como uma esfinge, e era associado a animais
como a pantera, o leão e o boi.
A figura política mais importante ao seguir ao rei era o tjati, cargo habitualmente
traduzido como "vizir", o que constitui um erro, visto que os vizires só surgem muito
mais tarde e entre as dinastias islâmicas. O detentor do cargo, que surgiu a partir da IV
dinastia, possuía poderes judiciais, supervisionava os grandes projectos de construção e
aconselhava o rei. Em alguns períodos da história egípcia existiram dois tjati, um para o
Alto Egipto e outro para o Baixo Egipto. O tjati era tido em grande consideração pela
população, que se referia a ele como o "amigo do Egipto".
A economia do Antigo Egipto assentava na agricultura. Em teoria todas as terras
pertenciam ao rei, mas a propriedade privada foi uma realidade. Os documentos revelam
que a partir da IV dinastia afirmou-se uma tendência para a privatização do solo,
resultado de doações de terras por parte do rei aos funcionários ou da aquisição desta
por parte dos mesmos. Por altura da V dinastia os templos possuíam também grandes
propriedades.
Quando terminavam as inundações do Nilo surgiam nas aldeias egípcias uma equipa de
funcionários que marcava as bordas das terras que poderiam a partir de então ser
cultivadas pelos camponeses. A plantação decorria no mês de Outubro, sendo as
sementes fornecidas aos agricultores pelo palácio real. As culturas mais importantes
eram o trigo (tipo emmer) e cevada, que permitiam fazer o pão e a cerveja, alimentos
que eram a base da alimentação egípcia.
Os agricultores lavravam a terra com um arado puxado por bois, abriam canais e
levantavam diques. A época das colheitas ocorria em Abril, altura em que as espigas
eram levadas para a eira, onde as patas dos bois as debulhavam. Uma vez separados os
grãos da palha, estes eram colocados em sacas que eram enviadas para os celeiros reais.
Estes celeiros armazenavam as colheitas que eram distribuídas pelos funcionários e pela
população em geral.
A população que não trabalhava nos campos dedicava-se a várias tarefas como a
produção de pão e mel, a fabricação de cerveja, a olaria e a tecelagem. A pesca era
praticada ao anzol ou com rede.
O subsolo do Antigo Egipto era rico em materiais de construção, bem como em pedras
preciosas. Entre os primeiros destacavam-se os granitos cor de rosa das pedreiras do
Assuão, o alabastro das proximidades de Amarna, o pórfiro e os basaltos. As pedras
preciosas eram extraídas do Sinai (turquesa e malaquite) e dos desertos do leste e do
oeste (quartzo, feldspato verde, ametista e ágata).
Desde a época do Império Antigo que o Egipto tinha contactos comerciais com a região
siro-palestinense (Biblos), de onde vinha a madeira, escassa e necessária no Egipto para
fabricar o mobiliário e caixões. Da Núbia o Egipto exportava o ébano, as plumas de
avestruz, as peles de leopardo, incenso, marfim e sobretudo o ouro. Todo o comércio
estava baseado na permuta de bens, já que a moeda só surgiu muito mais tarde, na Lídia
do século VIII ou VII a.C.
o
A sociedade do Antigo Egipto apresentava uma estrutura fortemente hierarquizada. Em
termos gerais podem distinguir-se três níveis com uma importância decrescente: o nível
composto pelo faraó, nobres e altos funcionários; o nível constituído por outros
funcionários, por escribas, altos sacerdotes e generais; e por último, o nível composto
pelos agricultores, artesãos e sacerdotes, onde se enquadrava a larga maioria da
população.
Apesar de ser praticamente igual ao homem do ponto de vista legal, a mulher no Antigo
Egipto estava relegada a uma posição secundária. Os seus papéis principais eram os de
esposa, mãe ou amante. Encontraram-se em geral excluídas dos cargos de administração
e do governo, com excepção de algumas rainhas que governaram o Egipto como último
recurso (enquanto regentes na menoridade do faraó ou em casos em que o faraó não
teve filhos do sexo masculino).
Uma importante esfera de acção da mulher era a religiosa. Durante a Época Baixa o
cargo de adoradora divina de Amon em Tebas implicou uma certa dose de poder e
riqueza; porém, as mulheres que ocuparam este cargo foram em geral filhas ou esposas
do faraó.
O casamento era monogâmico e não era sancionado pela religião. Não existia uma
cerimónia de casamento, nem um registro deste. Aparentemente bastava um casal
afirmar que queria coabitar para que a união fosse aceite. Os homens casavam por volta
dos dezesseis, dezoito anos e as mulheres por volta dos doze, catorze anos. A
infidelidade feminina era mal vista e poderia ser motivo de divórcio. Os homem com
uma posição económica mais elevada poderia ter, para além da esposa legítima (nebet-
per, "a senhora da casa"), várias concubinas, o que era visto como um sinal de riqueza.
A harmonia familiar era bastante valorizada pelos Egípcios: vários textos da literatura
sapiencial recomendam o homem a tratar bem a sua esposa e a ter vários filhos.
Na corte faráonica existiram casos de bigamia e de poligamia, onde o rei, para além da
esposa principal, mantinha várias esposas secundárias e amantes. Um dos casos mais
conhecidos foi o de Ramsés II, que para além de ter tido como esposa principal
Nefertari, teve outras mulheres; destas uniões teriam mesmo resultado 150 filhos.
Homens e mulheres usavam adornos, como pulseiras, anéis e brincos. Estes adornos
continham pedras preciosas e frequentemente amuletos, dado que os Egípcios eram um
povo supersticioso, que acreditava por exemplo na existência de dias nefastos. Os dois
sexos usavam também maquilhagem, que não cumpria apenas funções estéticas, mas
também higiénicas. As pinturas para os olhos eram de cor verde (malaquite) e negra.
Óleos e cremes eram aplicados sobre o cabelo e a pele como forma de hidratação num
clima seco e quente. Alguns egípcios rapavam completamente o cabelo (para evitar
piolhos) e usavam perucas.
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No topo da pirâmide vem o faraó, com poderes ilimitados. Isso porquê ele era visto
como pessoa sagrada, divina, e aceito como filho de deus ou como o próprio deus. É o
que se chama de governo teocrático, isto é, governo em nome de deus.
Y
era um rei todo-poderoso, proprietário de todo o território. Os campos, os
desertos, as minas, os rios, os homens, as mulheres, o gado e todos os animais ±
tudo lhe pertencia. Ele era ao mesmo tempo rei, juiz, sacerdote, tesoureiro,
general. Era ele que decidia e dirigia tudo, mas, não podendo estar em todos os
lugares, distribuía obrigações para centenas de funcionários que o auxiliavam na
administração do Egito. A sagrada figura do faraó era elemento básico para a
unidade de todo o Egito. O povo via no faraó a sua própria sobrevivência e a
esperança na felicidade.
Y o
tinham enorme prestígio e poder, tanto espiritual como material,
pois administrava as riquezas e os bens dos grandes e ricos templos. Eram
também os sábios do Egito, guardadores do segredos das ciências e dos
mistérios religiosos com seus inúmeros deuses.
Y c
, o mais importante era o vizir, responsável pela
administração do imperio. Ele controlava a arrecadação de impostos, chefiava a
policia, fiscalizava as construções e as obras públicas, alem de presidir o mais
alto tribunal de justiça e ser o comandante-em-chefe das tropas.
Y
eram administradores das províncias ou nomos. Assumiam funções
importantes em suas províncias, como as de juizes e chefe político e militar, mas
estavam subordinados ao poder de faraó.
Y o defendiam o reino e auxiliavam na manutenção de paz. Eram
respeitados pelo faraó e pela sociedade. Tinham direito a vários benefícios, o
que lhes garantia prestigio e riquezas.
Y
, provenientes das famílias ricas e poderosas, aprendiam a ler e a
escrever e se dedicavam a registrar, documentar e contabilizar documentos e
atividades da vida no Egito.
Y c
% e os
. Os artesãos trabalhavam especialmente para os
reis, para a nobreza e para os templos. Faziam belas peças de adorno, utensílios,
estatuetas, máscaras funerárias. Travalhavam muito bem com madeira, cobre,
bronze, ferro, ouro e marfim. Já os comerciantes se dedicavam ao comércio em
nome dos reis e nobres ou em nome próprio, comprando, vendendo ou trocando
produtos com outros povos, como cretenses, fenícios, povos da Somália, da
Síria, da Núbia, entre tantos outros. O comércio forçou a construção de grandes
barcos cargueiros.
Y þ
formavam a maior parte da população. Os trabalhos dos campos
eram organizados e controlados pelos funcionários do faraó, pois todas terras
eram do governo. As enchentes, os trabalhos de irrigação, semeadura, colheita,
armazenamento dos grãos originavam trabalhos pesados e mal remunerados. O
pagamento geralmente era feito com uma pequena parte dos produtos colhidos e
apenas o suficiente para sobreviverem. Viviam em cabanas humildes e vestiam-
se de maneira muito simples. Os camponeses prestavam serviços também nas
terras dos nobres e nos templos. O Egito era essencialmente agrícola, pois não
sobrava terra e vegetação suficiente para criar muitos rebanhos. À custa da
pobreza dos camponeses eram cultivados cevada, trigo, lentilhas, árvores
frutíferas e videiras. Faziam pão, cerveja e vinho. O Nilo oferecia peixes em
abundância.
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eram, na maioria, perseguidos entre os vencidos nas guerras.
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A situação das mulheres no Egito é claramente resumida no papel que lhes é atribuído
na decoração mais antiga de túmulos. No cimo da hierarquia está a esposa, ou, por
vezes, a mãe, do proprietário do túmulo, vestida de forma simples mas elegante, sentada
comodamente com o marido a uma mesa de oferendas, numa estátua de grupo ou numa
porta falsa. Por vezes, ela acompanha o marido quando este observa cenas de trabalho,
mas é com mais frequencia representada quando o casal apresenta oferendas, podendo
esta distinção indicar que o lugar dela era em casa. No outro extremo encontram-se
cenas ou estatuetas de ervas e de mulheres ocupadas em trabalho servis, fazendo pão e
cerveja, fiando ou tecendo. Também estas são atividades sedentárias, provavelmente
levadas a cabo nos aposentos domésticos de uma casa ou propriedade. A cor da pele das
mulheres, amarela, indica, entre outras coisas, uma menor exposição ao sol do que o
vermelho dos homens e, por isso, uma existência mais fechada - como acontece com
burocratas masculinos de sucesso.
É possível que não fosse seguro às mulheres aventurarem-se a sair. Num texto póstumo,
Ramsés III afirma: 'ornei possível à mulher egípcia seguir o seu caminho, podendo as
suas viagens prolongar-se até onde ela quiser, sem que qualquer outra pessoa a assalte
na estrada, o que implica não ter sido sempre este o caso.
Nos túmulos mais antigos as mulheres estão ausentes dos trabalhos mais importantes e
das diversões mais agradáveis, mas também não têm de realizar as tarefas mais duras.
Os homens, por exemplo, fazem vinho, o que é mais árduo do que fazer cerveja. Para
além das cenas de tocadoras de instrumentos e de dançarinas muito acrobáticas, o papel
das mulheres nos períodos mais antigos parece ter sido muito modesto, embora isso
possa ser devido a não podermos interpretar integralmente as fontes. No Império Novo
as mulheres passaram a ter uma importância muito maior, o seu vestuário a ser mais
esmerado e o conteúdo erótico das cenas em que são representadas mais definido, se
bem que ainda muito codificado. O período tardio regressa praticamente ao antigo
decoro.
As mulheres não tinham quaisquer títulos importantes e, à exceção de alguns membros
da família real e das rainhas reinantes, tinham pouco poder político. O título que
detinham mais vulgarmente era o de "senhora da casa", termo de respeito que talvez
signifique pouco mais do que "Srª Dona". Quase todas eram analfabetas e, portanto,
excluídas da burocracia - a que é, de qualquer modo, pouco provável que tivessem
aspirado - e da maior parte das áreas intelectuais da cultura. Fato sintomático do atrás
referido é o de a idade a sensatez serem qualidades respeitadas nos homens,
representados como estadistas idosos e corpulentos, mas não as mulheres. Nas
representações dos túmulos não se distingue sequer a mãe de um homem da sua mulher,
sendo ambas figuras jovens. O modo como são representadas as mulheres é,
obviamente, parte da interpretação que os homens faziam delas e evidência um estado
de coisas ideal. Na realidade, a influência das mulheres talvez não fosse tão circunscrita
e podem ter desempenhado papéis muito mais variados do que as provas parecem
sugerir.
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Os Egípcios acreditaram numa vida para além da morte. Em princípio esta vida estava
apenas acessível ao rei, mas após o Primeiro Período Intermediário esta concepção
alargou-se a toda a população. Para aceder a esta vida era essencial que o corpo do
defunto fosse preservado, razão pela qual se praticou a mumificação.
Segundo crenças egípcias, para se conseguir a vida eterna, o morto deveria mostrar que
não tinha pecados. Então, seu coração era colocado numa balança, tendo de se equilibrar
com a "pena da verdade". Caso tivesse sucesso, o morto seria julgado puro. Caso não,
seria levado à destruição eterna.
Os egípicios acreditavam que o ser humano era formado por Ka (o corpo) e por Rá (a
alma). Para eles, no momento da morte, a alma (Rá) deixava o corpo (Ká), mas ela
podia continuar a viver no reino de Osíris ou de Amon-Rá. Isso seria possível somente
se fosse conservado o corpo que devia sustentá-la. Daí vinha a importância de
embalsamar ou mumificar o corpo para impedir que o mesmo se descompusesse. Para
assegurar a sobrevivência da alma, caso a múmia fosse destruída, colocava-se no túmulo
estatuetas do morto.
Dentro das pirâmides ficavam os bens do morto. Os egípcios colocavam nas pirâmides
tudo que eles achavam que poderiam reutilizar na outra vida (móveis, jóias, etc). O
túmulo era como uma habitação de um vivo, com móveis e provisões de alimentos. As
pinturas das paredes representavam cenas do morto à mesma, na caça e na pesca. Eles
acreditavam nos poderes mágicos dessas pinturas, pois achavam que a alma do morto se
sentia feliz e serena ao contemplá-las. A alma do morto comparecia ao Tribunal de
Osíris, onde era julgada por suas obras, para ver se podia ser admitida no reino de
Osíris.
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Não se pode falar em ciência no Antigo Egipto (e em geral na Antiguidade) tendo como
referência o conceito actual. O conhecimento entre os antigos Egípcios estava associado
aos escribas, às classes sacerdotais e aos templos. Numa parte destes encontravam-se as
"Casas de Vida" (Îer Ankh), nome dado a uma área do templo que funcionava como
biblioteca e arquivo, onde também se ministravam conhecimentos e se copiavam os
textos de carácter médico, astronómico e matemático. Tendo em vista que a religião era
um dos pontos no qual assentava a civilização do Antigo Egipto, a sua influência
estende-se e mistura-se com a esfera do saber, que não surgia como autónoma.
A medicina foi a disciplina que mais se desenvolveu entre os egípcios, sendo famosa na
Antiguidade, em particular entre os Gregos. A classe médica dividia-se entre médicos
do povo e médicos reais; alguns médicos trabalhavam como clínicos gerais, enquanto
que outros eram especialistas em determinada área. As escolas médicas mais famosas
eram as das cidades de Heliópolis e a de Sais. Os remédios eram compostos por vários
elementos, na maioria oriundos do reino vegetal, mas recorria-se também a elementos
que do ponto de vista contemporâneo parecem estranhos, como os excrementos dos
animais, o sangue de lagarto, dente de porco ou pó de natrão. Eram aplicados sob a
forma de poção, pílula ou em cataplasma.
De uma forma geral, as obras literárias do Antigo Egipto eram anónimas; a literatura do
Antigo Egipto inclui textos de carácter religioso (como os hinos às divindades), mas
igualmente obras de natureza mais secular, como textos sapienciais, contos e poesia
amorosa.
Durante o Império Novo surge a poesia amorosa, com temas de paixão e erotismo
presente nos textos do Papiro Cester Beatty I, do Papiro Harris 500 e num fragmento do
Papiro de Turim. Akhenaton cultiva a literatura religiosa, com hinos dedicados a Aton.
Prossegue a tradição da literatura sapiencial, com o pnsinamento de Anii e o
pnsinamento de Amenemope.
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Uma das regras mais importantes seguidas pelos artistas era a lei da frontalidade,
segundo a qual na figura humana o tronco era representado de frente, enquanto que a
cabeça, pernas, pés e olhos de perfil.
Muito poucas obras egípcias foram criadas como "arte pela arte". Todas tinham uma
função, ou como objetos de uso diário, ou, o que é mais comum entre os que se
conservam, num contexto religioso ou funerário. Tem-se dito, por vezes, que não
deviam ser designadas por "arte", mas não existe necessariamente contradição entre o
caráter artístico de um objeto e a sua função. Poder-se-ia dizer que a qualidade artística
de um objeto é o elemento estético adicional ao seu carater funcional. O estatuto da arte
eípcia como "arte" no espírito dos egípcios era de grau diferente do da arte ocidental aos
olhos dos ocidentais, mas não existe diferença fundamentais em espécie. De fato, os
gêneros egípcios e ocidentais assemelham-se extraordinariamente. No Egito, tal como
na sociedade ocidental, a arte é um importante foco de prestígio.
A escultura foi marcada pela escolha de materiais resistentes, como o basalto,o pórfiro,
xisto, diorito e o granito. Algumas estátuas serviram um objectivo político, sendo
colocadas diante dos templos para que o povo as visse, mas tinha sobretudo um
objectivo religioso. Exprimem de uma maneira geral uma posição fixa, com os braços
colados ao corpo (as estátuas egípcias influenciaram as estátuas gregas mais antigas
sobre jovens, conhecidas como kouros). As estátuas que se achavam nos túmulos eram
consideradas como uma espécie de corpo de substituição; o ka e o ba deveriam
reconhecer o rosto onde habitavam, não sendo por isso relevante representar os defeitos
do corpo. Algumas estátuas atingiam proporções grandiosas, como a Esfinge do
planalto de Guiza e os Colossos de Memnon. Saliente-se ainda a invenção da "estátua-
cubo" pelos Egípcios, na qual apenas a cabeça emerge do bloco de pedra.
Quase todas as estátuas mais importantes representam uma figura que olha em frente,
numa linha perpendicular ao plano dos ombros e cujos membros estão restringidos
dentro dos mesmos planos. A maior parte das vezes encontra-se em repouso, sem estar
ocupada em nenhuma atividade. A interação orgânica das partes do corpo quse não é
indicada, de modo que as estátuas se assemelham a um "diagrama" a duas dimenões,
formando um algomerado de partes separadas. A analogia sugere que este pode ser um
aspecto básico da representação e não um elemento de estilo. Parte da semelhança entre
os gêneros é devida à dependência da escultura em relação ao desenho, numa versão
modificada da representação egípcia normal, a duas dimensões.
As principais exceções à geometria rígida são as cabeças que olham para cima, talvez
para ver o sol, ou para baixo, como as estátuas de escribas, para olharem para um papiro
desenrolado no colo. As figuras ajoelhadas, têm, por vezes, os músculos das pernas
refletidos mostrando, ao que parece, que a sua pese é um gesto momentâneo da
deferência. Pormenores como este, e leves indicações da coerência orgânica do corpo,
são restritos às melhores obras, em que a rigidez normal é tomada como certa e
suavizada, provavelmente por razões estéticas. Existem também algumas obras
pequenas, sobretudo de madeira e de finais de 18ª dinastia, que se afastam das regras,
representando rotações e contraposto, e mantendo apenas vestígios dos conjuntos
normais de eixos de definição. Estas são importantes porque mostram que as formas
estritas não eram as únicas de que os Egípcios dispunham.
É interessante notar que, quando homens comuns são retratados perto de divindades
como o faraó, seus olhos são pintados para os lados, e não para a frente, uma vez que a
figura sagrada do deus não poderia ser encarada de frente.
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A arquitetura do Egito antigo inclui algumas das estruturas mais famosas do mundo: a
região dos Grandes Pirâmides de Gizé e os templos em Tebas. Vários projetos foram
organizados, contruídos e financiados pelo Estado para fins religiosos e comemorativos,
mas também para reforçar o poder do faraó. Os antigos egípcios eram contrutores
qualificados, usando ferramentas simples mas eficazes e instrumentos de observação, os
arquitetos egípcios podiam construir grandes estruturas de pedra com exactidão e
precisão.[11]
As habitações da elite e de outras classes sociais egípcias foram construídas com
materiais perecíveis, tais como tijolos barro e madeira e, consequentemente, não
sobreviveram ao tempo. Camponeses viviam em casas simples, enquanto os palácios da
elite eram estruturas mais elaboradas. Os poucos palácios sobreviventes do Império
Novo, como aqueles em Malkata e Amarna, mostram paredes e pisos ricamente
decorados com cenas de pessoas, animais, sacerdotes e desenhos geométricos.[12]
Estruturas importantes, como templos e túmulos, destinados a durar para sempre, foram
construídas de pedra, em vez de tijolos.
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Para isso, com auxílio de uma bússola, é preciso orientar as bases de uma pirâmide na
posição dos pontos cardeais. Acredita-se, também, em curas ou melhoras de saúde
através do uso de uma pirâmide de cor azul (frequencia de cor com propriedades
curativas) para isso, a pirâmide usada deve ter o mesmo ângulo da construção da
pirâmide original, localizada no Egito e durante a aplicação no local doente, ela deve
estar voltada para o norte geografico.
Os templos egípcios não eram como as igrejas de hoje. Eram grandiosos, de dimensões
enormes, com um portão imponente e amplos pátios abertos. Eram sustentados por
gigantescas colunas. Ao fundo ficava a estátua do deus local e nas laterais um pequeno
número de outros deuses. Nas fachadas, estátuas colossais dos faraós que mandaram
construir os templos. No interior dos templos viviam numerosos sacerdotes, com cabeça
raspada e vestidos com um túnica. Do antigo Egito sobraram as ruínas de dois
grandiosos templos, os de Lúxor e Karnak.