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Escalada
Introdução:
A escalada pode definir-se como a progressão quadrúpede sobre um obstáculo
que, pela sua verticalidade, forma ou textura impõe dificuldades à sua superação.
Podem escalar em paredes artificiais, edifícios, rochas, falésias, montanhas, pendentes
geladas, etc. O terreno de prática não tem limites! Esta diversidade de terrenos e de
filosofias de prática permite-nos dividir a prática de escalada em diferentes tipos:
desportiva, bloco, clássica e gelo. Na escola irás praticar sobretudo escalada desportiva
em paredes artificiais e em “top-rope”.
Escalada é uma actividade de risco e como tal exige o conhecimento de técnicas
e cumprimento de regras de segurança.
Origem da Escalada
Não é fácil definir a origem da escalada um vez que esta foi evoluindo de outra
actividade que é o montanhismo. À medida que os exploradores de montanhas foram-se
aventurando por percursos mais íngremes e rochosos, foram desenvolvendo técnicas de
escalada. Essas técnicas foram se aperfeiçoando, desenvolveram-se materiais
específicos e o treino e prática levou os praticantes a escalar rochas e falésias cada vez
mais verticais e difíceis. Assim nasce a escalada, que aos poucos se afasta do
montanhismo, adquirindo objectivos e identidade própria. Mas esta evolução da
escalada aconteceu em diferentes direcções dando origem a diferentes tipos de escalada,
praticada em diferentes locais e com filosofias de pratica distintas.
Tipos de Escalada
• Escalada Desportiva: Este tipo de escalada é o mais indicado para a iniciação, por
ser mais seguro. Como a palavra indica é a forma de escalada mais associada à
competição, ao lazer e às paredes artificiais. Escalam-se vias até 30m de altura com
corda de segurança e com equipamento fixo na parede para suspender as cordas. Os
factores de risco neste tipo de escalada estão muito controlados, permitindo que o
praticante se concentre mais na dificuldade da progressão do que nas questões de
segurança. A Escola Secundária de Tondela tem uma equipa de escalada de
competição que participa nas provas de desporto escolar e também nas provas
federadas da Federação Portuguesa de Montanhismo e Escalada (www.fpme.org)
• Escalada Clássica: Este estilo é o que se manteve mais fiel às origens da escalada e
por isso consiste na escalada de grande vias, geralmente superiores a 100m de
altura. Neste tipo de escalada, os dois praticantes progridem alternadamente ao
longo da parede chamando-se a este sistema a progressão em cordada ao longo de
vários lances de corda. Neste tipo de escalada os pontos de fixação da corda são
colocados nas fendas da rocha pelo escalador, à medida que sobe, e são retirados
pelo que sobe em 2º lugar. Estas tipo de protecção é menos fiável e exige maior
conhecimento e assume um grau de risco maior que na escalada de desportiva.
• Escalada de Bloco: Esta variante consiste na superação de pequenas vias, que não
ultrapassam geralmente os 5m de altura, sem recurso a corda de segurança. Este tipo
de escalada, que surgiu exclusivamente como treino para outras escaladas, adquiriu
uma identidade e filosofia própria. Esta escalada permite ao praticante centrar-se
sobretudo na dificuldade conseguindo-se superar itinerários de elevada dificuldade,
para além da beleza estética dos movimentos, dos locais, da componente social e da
diversão que geralmente envolve esta prática.
• Escalada em Gelo: Neste tipo de escalada incluem-se os vários de tipos de
progressão em neve, gelo glaciar e gelo de fusão, típicos das actividades invernais.
Para esta escalada, os praticantes recorrem a ferramentas extra, nomeadamente os
“piolets”, que usam nas mãos para espetar e traccionar no gelo e os “crampons” que
se usam nas botas para espetar os seus bicos no gelo.
Como se pratica?
Na escalada desportiva, o praticante progride utilizando os pés e as mãos nos
apoios e agarres disponíveis, tendo a corda para suportar os escalador aquando das
quedas. O objectivo será sempre escalar a uma determinada via de início ao fim, sem
recorrer aos materiais de segurança para descansar nem para progredir. Esta ideia de
escalar um via completa pelos próprios meios designa-se “encadear” a via. Por via de
escalada entenda-se um itinerário previamente estabelecido.
Convém ainda diferenciar dois tipos de progressão. A escalada com corda por
cima (top-rope), na qual alguém coloca a corda previamente a passar no topo da via,
sendo necessário apenas recolher e travar uma das pontas da corda enquanto o escalador
sobe amarrado à outra ponta. Em oposição, pode-se escalar “de primeiro” começando-se
com a corda no chão e, à medida que se progride, vai-se passando a corda por pontos de
segurança intermédios.
Para que este processo possa decorrer em segurança é necessário:
• Conhecer e saber utilizar correctamente os materiais necessários à prática
• Promover a conservação destes matérias
• Saber realizar alguns nós fundamentais
• Equipa-se e encordar-se devidamente
• Dar segurança na corda com aparelho próprio a um companheiro que escala
• Progredir na parede com tranquilidade não pondo em risco a sua integridade ne a
dos outros
Material
Os materiais que deves conhecer para uma iniciação segura à escalada em
parede artificial são:
Arnês: constitui-se por fitas, fivelas, acolchoados,
porta materiais e anel de rapel. Utiliza-se para vestir
bem justo e unir o corpo do escalador aos elementos
da cadeia de segurança.
Merece cuidados especiais ao vestir:
• certificar-se de que se encontra na posição correcta
e com todas as fitas destorcidas.
• subir bem a cinta superior de modo a ficar acima
dos osso ilíacos, apertar bem na cinta primeiro e só
depois ajustar nas pernas.
• Verificar o tipo de fecho das cintas porque existem
fechos simples e automáticos e no caso dos
primeiros a cinta deve passar 3 vezes em cada
fivela.
Corda: existem dinâmicas e semi-estáticas sendo que para escalar só podem ser
utilizadas as dinâmicas que pelo seu alongamento suavizam o impacto sentido pelo
escalador em caso de queda. As cordas são constituídas pela alma no interior que lhe
confere a resistência à tracção e a camisa no exterior que lhe confere resistência à
abrasão e desgaste. As cordas nunca devem ser calcadas com os pés e deve-se alternar
com frequência a ponta utilizada para encordar o escalador.
Gri – gri: é um aparelho concebido para dar segurança em escalada desportiva com a
particularidade de ter um sistema de travagem semi automático. Isto quer dizer que
aquando da queda do escalador o aparelho tem a capacidade de travar acorda quase sem
que o segurador tenha que fazer qualquer força. Uma incorrecta montagem da corda
neste aparelho compromete gravemente a sua funcionalidade.
Saco de magnésio: bolsa utilizada à cinta para transportar o pó de magnésio. Por sua
vez, o pós de magnésio vai se colocando nas mãos para absorver a transpiração das mãos
e aumentar a aderência das mesmas nas presas.
Nós
Os nós são fundamentais na escalada. Pretende-se que sejam bem feitos eficazes
e fáceis de desfazer depois de utilizados. Para os exercícios de escalada a realizar na
escola precisas de saber apenas um nó que é o nó de encordamento – nó de oito duplo
costurado. Para que o nó se possa considerar bem feio deverá estar penteado, justo e
com um ponta sobrante superior a um palmo.
Técnica de Escalada
Contrariamente a outras modalidades desportivas, não existem padrões rígidos
de uma técnica correcta de escalada. Existem diversas técnicas padronizadas que são
conciliadas pelo escalador de modo alcançar o êxito na escalada. Mas as técnicas
utilizadas e a forma como se aplicam ficam ao critério de cada um em função das suas
características e capacidades.
Assim o desafio psicomotor da escalada inclui uma componente cognitiva de
análise e escolha da melhor solução motora para cada problema com que o praticante se
depara e uma componente física sobretudo de força, resistência e flexibilidade.
Mas então o que é escalar “bem”?
Escalar “bem” é conseguir encontrar soluções de progressão eficazes sobre o
plano que se estende por cima das nossas cabeças. Pode encarar este desafio como se de
um jogo de estratégia se tratasse:
• o objectivo do jogo é encontrar uma solução para chegar ao topo (final da via de
escalada);
• os instrumentos do jogador são as suas capacidades e características (a altura,
envergadura, flexibilidade, força e reportório motor e sobretudo inteligência
motora);
• a estratégia é adequar as capacidades do escalador às dificuldades impostas pelo
obstáculo.
Também já houve quem lhe
chamasse o “Bailado Vertical”. O
bailado está na eficiência do
movimento. Progredir da forma mais
simples possível e com o mínimo de
esforço – como se não custasse nada!
Tentar escalar bem poderá
então passar pelo aumento do
reportório motor, das capacidade
físicas condicionais e a criação de
automatismos motores que permitam,
em tempo real, adoptar posturas
corporais favoráveis e escolher gestos
técnicos que permitam encontrar
soluções motoras para progredir com
êxito e optimização de esforço.