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Documento de Apoio Teórico

Educação Física - 7º e 8º ano

Escalada
Introdução:
A escalada pode definir-se como a progressão quadrúpede sobre um obstáculo
que, pela sua verticalidade, forma ou textura impõe dificuldades à sua superação.
Podem escalar em paredes artificiais, edifícios, rochas, falésias, montanhas, pendentes
geladas, etc. O terreno de prática não tem limites! Esta diversidade de terrenos e de
filosofias de prática permite-nos dividir a prática de escalada em diferentes tipos:
desportiva, bloco, clássica e gelo. Na escola irás praticar sobretudo escalada desportiva
em paredes artificiais e em “top-rope”.
Escalada é uma actividade de risco e como tal exige o conhecimento de técnicas
e cumprimento de regras de segurança.

Origem da Escalada
Não é fácil definir a origem da escalada um vez que esta foi evoluindo de outra
actividade que é o montanhismo. À medida que os exploradores de montanhas foram-se
aventurando por percursos mais íngremes e rochosos, foram desenvolvendo técnicas de
escalada. Essas técnicas foram se aperfeiçoando, desenvolveram-se materiais
específicos e o treino e prática levou os praticantes a escalar rochas e falésias cada vez
mais verticais e difíceis. Assim nasce a escalada, que aos poucos se afasta do
montanhismo, adquirindo objectivos e identidade própria. Mas esta evolução da
escalada aconteceu em diferentes direcções dando origem a diferentes tipos de escalada,
praticada em diferentes locais e com filosofias de pratica distintas.

Tipos de Escalada
• Escalada Desportiva: Este tipo de escalada é o mais indicado para a iniciação, por
ser mais seguro. Como a palavra indica é a forma de escalada mais associada à
competição, ao lazer e às paredes artificiais. Escalam-se vias até 30m de altura com
corda de segurança e com equipamento fixo na parede para suspender as cordas. Os
factores de risco neste tipo de escalada estão muito controlados, permitindo que o
praticante se concentre mais na dificuldade da progressão do que nas questões de
segurança. A Escola Secundária de Tondela tem uma equipa de escalada de
competição que participa nas provas de desporto escolar e também nas provas
federadas da Federação Portuguesa de Montanhismo e Escalada (www.fpme.org)
• Escalada Clássica: Este estilo é o que se manteve mais fiel às origens da escalada e
por isso consiste na escalada de grande vias, geralmente superiores a 100m de
altura. Neste tipo de escalada, os dois praticantes progridem alternadamente ao
longo da parede chamando-se a este sistema a progressão em cordada ao longo de
vários lances de corda. Neste tipo de escalada os pontos de fixação da corda são
colocados nas fendas da rocha pelo escalador, à medida que sobe, e são retirados
pelo que sobe em 2º lugar. Estas tipo de protecção é menos fiável e exige maior
conhecimento e assume um grau de risco maior que na escalada de desportiva.
• Escalada de Bloco: Esta variante consiste na superação de pequenas vias, que não
ultrapassam geralmente os 5m de altura, sem recurso a corda de segurança. Este tipo
de escalada, que surgiu exclusivamente como treino para outras escaladas, adquiriu
uma identidade e filosofia própria. Esta escalada permite ao praticante centrar-se
sobretudo na dificuldade conseguindo-se superar itinerários de elevada dificuldade,
para além da beleza estética dos movimentos, dos locais, da componente social e da
diversão que geralmente envolve esta prática.
• Escalada em Gelo: Neste tipo de escalada incluem-se os vários de tipos de
progressão em neve, gelo glaciar e gelo de fusão, típicos das actividades invernais.
Para esta escalada, os praticantes recorrem a ferramentas extra, nomeadamente os
“piolets”, que usam nas mãos para espetar e traccionar no gelo e os “crampons” que
se usam nas botas para espetar os seus bicos no gelo.
Como se pratica?
Na escalada desportiva, o praticante progride utilizando os pés e as mãos nos
apoios e agarres disponíveis, tendo a corda para suportar os escalador aquando das
quedas. O objectivo será sempre escalar a uma determinada via de início ao fim, sem
recorrer aos materiais de segurança para descansar nem para progredir. Esta ideia de
escalar um via completa pelos próprios meios designa-se “encadear” a via. Por via de
escalada entenda-se um itinerário previamente estabelecido.
Convém ainda diferenciar dois tipos de progressão. A escalada com corda por
cima (top-rope), na qual alguém coloca a corda previamente a passar no topo da via,
sendo necessário apenas recolher e travar uma das pontas da corda enquanto o escalador
sobe amarrado à outra ponta. Em oposição, pode-se escalar “de primeiro” começando-se
com a corda no chão e, à medida que se progride, vai-se passando a corda por pontos de
segurança intermédios.
Para que este processo possa decorrer em segurança é necessário:
• Conhecer e saber utilizar correctamente os materiais necessários à prática
• Promover a conservação destes matérias
• Saber realizar alguns nós fundamentais
• Equipa-se e encordar-se devidamente
• Dar segurança na corda com aparelho próprio a um companheiro que escala
• Progredir na parede com tranquilidade não pondo em risco a sua integridade ne a
dos outros
Material
Os materiais que deves conhecer para uma iniciação segura à escalada em
parede artificial são:
Arnês: constitui-se por fitas, fivelas, acolchoados,
porta materiais e anel de rapel. Utiliza-se para vestir
bem justo e unir o corpo do escalador aos elementos
da cadeia de segurança.
Merece cuidados especiais ao vestir:
• certificar-se de que se encontra na posição correcta
e com todas as fitas destorcidas.
• subir bem a cinta superior de modo a ficar acima
dos osso ilíacos, apertar bem na cinta primeiro e só
depois ajustar nas pernas.
• Verificar o tipo de fecho das cintas porque existem
fechos simples e automáticos e no caso dos
primeiros a cinta deve passar 3 vezes em cada
fivela.

Corda: existem dinâmicas e semi-estáticas sendo que para escalar só podem ser
utilizadas as dinâmicas que pelo seu alongamento suavizam o impacto sentido pelo
escalador em caso de queda. As cordas são constituídas pela alma no interior que lhe
confere a resistência à tracção e a camisa no exterior que lhe confere resistência à
abrasão e desgaste. As cordas nunca devem ser calcadas com os pés e deve-se alternar
com frequência a ponta utilizada para encordar o escalador.

Mosquetões: são um elemento de ligação entre


elementos da cadeia de segurança. Utilizam-se por
exemplo para ligar o oito ao arnês. Existem simples e
de seguro (com sistema de segurança no fecho). Em
situações que a segurança depende apenas de um
mosquetão, deve utilizar-se sempre mosquetões de
seguro. Os cuidados a te são fechar sempre o sistema
de segurança (rosca) quando estão a ser utilizados e
não os deixar cair ao chão nem chocar contra outros
objectos.
Oito: o oito é um aparelho descensor facilita a
travagem da corda com u sistema de atrito. Pode ser
utilizado de variadas formas, sendo mais
recomendável para a funcionalidade de descer por uma
corda fixa (rapel). No entanto, tamb´me pode ser
utilizado para dar segurança na escalada, apesar de não
ser o aparelho mais fiável.

Gri – gri: é um aparelho concebido para dar segurança em escalada desportiva com a
particularidade de ter um sistema de travagem semi automático. Isto quer dizer que
aquando da queda do escalador o aparelho tem a capacidade de travar acorda quase sem
que o segurador tenha que fazer qualquer força. Uma incorrecta montagem da corda
neste aparelho compromete gravemente a sua funcionalidade.

Pés-de-gato: sapatilhas próprias para escalada que


aumentam o rendimento do praticante no apoio dos
pés. Caracterizam-se por serem justos ao pé e terem
um sola lisa e aderente permitindo maior aderência nas
superfícies e maior precisão no apoio do pé nas presas

Saco de magnésio: bolsa utilizada à cinta para transportar o pó de magnésio. Por sua
vez, o pós de magnésio vai se colocando nas mãos para absorver a transpiração das mãos
e aumentar a aderência das mesmas nas presas.
Nós
Os nós são fundamentais na escalada. Pretende-se que sejam bem feitos eficazes
e fáceis de desfazer depois de utilizados. Para os exercícios de escalada a realizar na
escola precisas de saber apenas um nó que é o nó de encordamento – nó de oito duplo
costurado. Para que o nó se possa considerar bem feio deverá estar penteado, justo e
com um ponta sobrante superior a um palmo.
Técnica de Escalada
Contrariamente a outras modalidades desportivas, não existem padrões rígidos
de uma técnica correcta de escalada. Existem diversas técnicas padronizadas que são
conciliadas pelo escalador de modo alcançar o êxito na escalada. Mas as técnicas
utilizadas e a forma como se aplicam ficam ao critério de cada um em função das suas
características e capacidades.
Assim o desafio psicomotor da escalada inclui uma componente cognitiva de
análise e escolha da melhor solução motora para cada problema com que o praticante se
depara e uma componente física sobretudo de força, resistência e flexibilidade.
Mas então o que é escalar “bem”?
Escalar “bem” é conseguir encontrar soluções de progressão eficazes sobre o
plano que se estende por cima das nossas cabeças. Pode encarar este desafio como se de
um jogo de estratégia se tratasse:
• o objectivo do jogo é encontrar uma solução para chegar ao topo (final da via de
escalada);
• os instrumentos do jogador são as suas capacidades e características (a altura,
envergadura, flexibilidade, força e reportório motor e sobretudo inteligência
motora);
• a estratégia é adequar as capacidades do escalador às dificuldades impostas pelo
obstáculo.
Também já houve quem lhe
chamasse o “Bailado Vertical”. O
bailado está na eficiência do
movimento. Progredir da forma mais
simples possível e com o mínimo de
esforço – como se não custasse nada!
Tentar escalar bem poderá
então passar pelo aumento do
reportório motor, das capacidade
físicas condicionais e a criação de
automatismos motores que permitam,
em tempo real, adoptar posturas
corporais favoráveis e escolher gestos
técnicos que permitam encontrar
soluções motoras para progredir com
êxito e optimização de esforço.

A utilização dos pés


A técnica de pés é talvez o factor que mais facilmente permite indentificar a
mestria do escalador. Ao escalar deve-se ter a preocupação de procurar sempre bons
apoios e, sobre eles, colocar os pés com a maior precisão possível – “como se os pés
tivessem olhinhos!”. Depois de bem apoiados deve-se tentar adequar a posição corporal
de forma a descarregar sobre eles a maior quantidade do peso, aliviando assim a força
exercida pelas mãos e os braços.
Os pés podem ser utilizados com técnicas muito diversas: apoio de ponta, face
interna, face externa, aderência, calcanhar, entalamento e troca de pés. Cada uma tem
um determinado propósito. O ideal é dominá-las todas para se poder escolher a melhor
para cada situação. Se não sabes por onde começar, deves privilegiar o apoio frontal de
ponta, tentando sempre ter o calcanhar num nível superior à ponta do pé.
A utilização das mãos
As mãos são o elemento essencial de ligação do escalador à rocha. Para utilizar
as mãos deves procurar sempre as várias possibilidades de agarres, admitindo uma
grande variedade de formas e localizações. A alteração da posição do corpo também
permite rentabilizar os agarres, mesmo que à partida pareçam desfavoráveis. Por
exemplo, basta desequilibrar o corpo um pouco para o lado para um agarre lateral se
tornar melhor, assim como subir o centro de gravidade para uma presa invertida, que
parece não servir para nada se tornar óptima.
Consoante as formas da rocha, podemos usar as mãos de variadas formas: agarre
de mão cheia, apoias apenas as pontas dos dedos, agarrar presas em pinça, entalar as
mãos em fendas, apoiar as mãos só em aderência, usar as mãos invertida (com a palma
da mão para cima), lateralmente, empurrar e trocar de mãos numa presa.
Quando a parede ultrapassa a inclinação vertical (sub-prumo), torna-se mais
difícil aliviar a força dos braços. Neste caso, devo procurar manter os braços estendidos,
aliviando assim a contracção de todos os músculos que participam na flexão do braço.
Outro conceito interessante é chamado “mãos suaves” e consiste em escalar no
limite mínimo da força necessária para se ficar agarrado. Desta forma, poupo os
músculos do antebraço que são responsáveis pela flexão dos dedos. Para experimentar,
basta tentar relaxar um pouco mais os braços durante uma escalada simples. Facilmente
percebemos que é possível escalar bastante mais descontraído. Este conceito surge em
oposição ao aumento da chamada força de contacto que também é importante quando
queremos agarrar presas diminutas.
Técnicas de posicionamento corporal
Quando bem conjugada com a
utilização das mãos e dos pés e adequada às
características da via, a posição corporal, é a
chave de todo o sucesso A posição mais
básica, consiste na progressão tipo escada, no
entanto, a disposição dos apoios e agarres
obrigam-nos a alterar constantemente esta
posição para conseguir progredir. Algumas
das posições mais comuns estão já tipificadas,
nomeadamente: corpo girado, posição de rã,
bicicleta e posições de repouso.
A técnica dos 3 apoios consiste em
estabilizar sempre 3 apoios antes de mexer o
quarto e nunca mexer dois em simultâneo.
Este princípio é muito válido para a iniciação
porque promove a calma e a procura de
equilíbrio. No entanto, desaparece rapidamente quando se começa a perceber que a
escalada passa muito pela aceitação dos desequilíbrios e pela “escalada dinâmica”.
A escalada dinâmica é mais um conceito que nos permite tomar consciência da
importância da fluidez dos movimentos. Contrariamente à escalada dita estática, na qual
se faz muita força para conseguir alcançar lentamente as presas mais afastadas, a
escalada dinâmica caracteriza-se pela utilização do impulso e da energia cinética para
alcançar o próximo agarre.
Técnicas e regras de Segurança
Para um prática segura na aula de educação física deverás cumprir as seguintes
regras de segurança:
• equipar-te com o arnês de forma correcta, bem posicionado e justo
• verificar o arnês dos teus colegas
• encordate correctamente com o nó de oito duplo penteado, justo e com margem
de segurança e pedir a alguém para verificar o nó antes de subires
• avisar o segurador e certificar-se que este está pronto antes de iniciarmos a
subida
• avisar o segurador em caso de queda e proteger o impacto na parede com os pés
e as mãos. Nunca virar costas à parece para não bater com as costas ou cabeça
• na descida, acompanhar com os pés apoiados na parede e as pernas
perpendiculares à parede
• em exercícios e jogos de escalada sem corda, não ultrapassar a altura
estabelecida pelo professor e não se colocar debaixo de outro aluno que esteja a
escalar.
Dar segurança
Só deverás dar segurança com a devida autorização do professor e depois de ele
verificar se tens competência para o fazer. Para dar segurança não deves ter um peso
inferior 4/5 do peso do escalador. Deves montar correctamente a corda no aparelho de
segurança e preparar-te para dar segurança. Depois de iniciada a subida vais recolhendo
a corda sobrante de modo a que fique apenas um ligeira folga na corda. Em caso de
queda deves bloquear a corda e contrapor o teu peso ao do escalador. Em caso de
descida, deves fazê-lo de forma lenta e progressiva, com especial atenção ao momento
em que o escalador coloca os pés no solo. Neste momento deves pousá-lo com
suavidade.
Rapel
Mais do que uma diversão ou uma actividade propriamente dita, a técnica
de rapel deve ser encarado na escalada como uma manobra de recurso, que permite
descer por uma parede ou falésia, quando não existe uma alternativa mais sensata. É
uma manobra perigosa, na qual ocorrem muitos acidentes. Deve ser encarada com
grande respeito e responsabilidade.
Consiste em descer por um corda fixa no topo, utilizando para o efeito um
aparelho descensor (oito) unido ao arnês por um mosquetão. Este aparelho, pela sua
capacidade de travagem ajuda a controlar a velocidade da descida. Para tal, deves saber
montar correctamente a cora no oito, iniciar a descida em segurança e realizar o restante
percurso com as plantas dos pés bem apoiadas e com as pernas perpendiculares à
superfície para que os pés não escorreguem. Não deves em situação alguma largar ma
mão que segura a corda (direita) nem realizar a manobra sem uma segurança adicional
que poderá ser uma pessoa na extremidade da corda que em caso de descontrolo da
descida irá exercer pressão sobre a corda fazendo-a travar no oito.

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