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Julio Pinto
Resumo
Assim, talvez seja possível a analogia sugerida acima, no sentido que uma
imagem (pelo menos a tradicional) é uma narrativa, se pensarmos a
narrativa mínima como a referência a pelo menos um antes e um depois
(1). Desse modo, o hipertexto deixaria de ser um símbolo potente na
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presentidade que parece destruir aquilo de narrativa que estaria por baixo
(ou por dentro) da imagem no contexto extradigital.
medida em que sabemos que, por mínima que seja a distância temporal
entre um fato e seu registro como evento (mesmo que o registro seja
síncrono com sua recepção), há uma distância e, portanto, está
configurada uma narrativa. Haveria a mesma situação no caso da
imagem?
Um signo por primeireza é uma imagem de seu objeto, e, falando mais estritamente, só
pode ser uma idéia. Pois ele deve produzir uma idéia interpretante e um objeto externo
excita uma idéia por uma reação no cérebro. Mas, estritamente falando, mesmo uma
idéia, exceto no sentido de uma possibilidade, ou Primeireza, não pode ser um ícone.
Qualquer imagem material é grandemente convencional em seu modo de
representação.(4) (CP 2.276).
Mas as imagens são signos primeiros. Isso quer dizer que outros signos
são segundos e terceiros. Temporalmente, os signos em segundeza (os
famosos ícones, índices e símbolos) são aqueles que são pensados como
referentes a um objeto, um “it” anterior a eles. Dizendo de outra forma,
são signos para (e de) um passado. Ao produzirem interpretantes, esses
signos mudam de categoria e passam para a terceireza (tornando-se,
assim, remas, dicissignos, argumentos), experiência que joga o passado
para o futuro em uma operação preditiva. Os signos primeiros, voltando a
eles, são só vistos como signos, sem referência e sem interpretação, e
são, por essa mesma razão, justamente pensados como signos de puro
presente que, parece, não podem existir (já que não existem ícones
puros).
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Para pensar a temporalidade nos novos tempos Intermídias 5 e 6
Notas
Referências Bibliográficas
LÉVY, Pierre. Cibercultura. Trad. Carlos Irineu da Costa. São Paulo: Ed. 34, 1999.
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