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DEDICATÓRIA
Não há como não dedicar a meus filhos, Mauro e Hian, e a minha adorada esposa, Vera,
pelos momentos de companheirismo que me possibilitaram escrever está quinta obra. E a
minha mãe, Dona Cidinha, e minha sogra, D. Biba, que vivem para nós.
Contudo, a dedicação especial vai ao meu Pai, Carlos Euclides Sampaio, que representa aqui
a todos demais Pais.
3
AGRADECIMENTOS
Uma obra não pode ser fruto de um trabalho individual: portanto, nela há iterações,
interações e compartilhamentos coletivos. Agradeço às sugestões de melhoria e de revisão
do texto aos Professores Amigos Manfred Max-Neef (economista descalço), Fernando
Oyarzún (neurocientista) e Esteban Rodríguez (neurocientista); pelas muitas horas de
coleta de dados, esforços desprendidos e companheirismos dos amigos brasileiros e
chilenos: ao professor Edgardo Oyarzún, a pesquisadora Carolina Cárcamo e Ana Paula
Pinheiro, aos pesquisadores Mauricio Huenulef, Moreno Bona, Fernando Almeida e Ivan
Dallabrida, a orientanda Márcia Souza e orientando Guilherme Araújo, as alunas Daniela
Rosenberg, Leonie Kausel, Carolina Millanao, Karen Alcazar e Esperanza Alvarez, e alunos,
especialmente Cristian Aguirre por realizar uma pré-tradução da maioria das experiências
chilenas catalogadas, Christian Henríquez, Tarciso Tomaselli, Mario Manzano, Bladimir
Antilef e Hector Caro; pelos incentivos e pela convivência do dia-a-dia: aos professores e
amigos Mário dos Santos e Oklinger Mantovaneli Jr.; aos que me inspiraram, além dos que
foram citados anteriormente: Ignacy Sachs, Joel Souto-Maior Filho, Ladislau Dowbor e
Paulo Freire Vieira. Agradeço também às seguintes Instituições: (1) aos Programas de Pós-
Graduação em Administração e Desenvolvimento Regional da Universidade Regional de
Blumenau (FURB) por possibilitarem as horas de pesquisa necessárias para escrever esta
obra; (2) ao Instituto LaGOE: Laboratório de Gestão que promove o Ecodesenvolvimeto, à
Associação Comunitária Candonga e à Associação de Moradores do Rio Sagrado; (3) ao
Núcleo de Meio Ambiente (NMD) do Programa de Pós-Graduação em Sociologia Política da
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) por constituir-se em um laboratório fértil
de discussões acadêmicas; (4) ao Centro de Estudos Ambientais (CEAM) e ao Instituto de
Turismo da Universidade Austral de Chile (UACh) pelas condições para terminar esta obra;
(5) à Fundação de Apoio á Pesquisa Científica e Tecnológica do Estado de Santa Catarina
(FAPESC), ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), à
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e ao Fundo
Nacional de Meio Ambiente (FNMA) pelo financiamento de projetos de pesquisas
implementados e que possibilitaram múltiplas convivências humanas.
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PREFÁCIO
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SUMÁRIO
1.2 Metodologia......................................................................................................................................................... 14
6
6.2.5 Rede de Turismo Rural Licanhuasi (município de San Pedro de Atacama,
Región Antofagasta, Ch).........................................................................................................................................90
6.2.6 Red de Parques Comunitarios Mapu Lahual (San Juan de la Costa, Región Los
Lagos, Ch)....................................................................................................................................................................94
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Resumo
Diante da atual conjuntura econômica que é marcada por tantas patologias sociais, como
apelação desenfreada do consumo, mesmo entre aquelas pessoas que não teriam condições
para isso, estabeleceu-se um modo de vida humano baseado na combinação entre
utilitarismo econômico e darwinismo social, ocasionando uma racionalidade social
egocêntrica, centrada no cálculo de conseqüências individuais de curto prazo. Na concepção
da economia de mercado, a má distribuição de renda é justificada pelo esforço de alguns e
a falta de vontade de outros. Diante da hegemonia do utilitarismo econômico e do
darwinismo social, clama-se pela construção de uma alternativa econômica que dê conta das
insuficiências da combinação desses modelos. Surgem, assim, experiências em curso que
vêm utilizando processos de gestão, que sinalizam a ênfase interorganizacional, qualificados
como participativos e associativos, e que ainda predominam o viés extra-organizacional (do
entorno territorial ao organizacional), donde se valoriza o conhecimento tradicional-
popular, caracterizada pela capacidade de gerar demandas e propostas que não se
distanciam nem se desvinculam das nuances e peculiaridades do quotidiano, a partir do
olhar das próprias pessoas. Entretanto, algumas dessas experiências quando não
sistematizas em uma rede bem articulada, ora politicamente como um arranjo institucional
ora economicamente como um arranjo socioprodutivo de base comunitária, geralmente são
cooptadas pelo sistema que estavam tentando superar, caracterizado principalmente pela
sobreposição da eficiência produtiva econômica à efetividade societária. E, ainda, há
dúvidas quanto a sua sustentabilidade econômica, provocada pela fragilidade da gestão
organizacional. Surge o objetivo eminente de consolidar um construto teórico e que ainda
seja de fácil visualização prática, denominado Ecossocioeconomia das Organizações, que
possibilite tanto viabilidade macro como microeconômica aos grupos organizados ou quase
organizados que promovem Uma Outra Economia. Parte-se da hipótese de pesquisa que a
ecossocioeconomia baseia-se em uma nova ação social norteada não só na racionalidade
utilitarista, mas também em uma racionalidade mais valorativa, parametrizada no saber e no
conhecimento local, que, muitas vezes, é ironicamente chamada de subjetiva, como que não
houvesse elementos constitutivos de cognição. Crê-se que a subjetividade, distante do
individualismo exacerbado, pode constituir-se um elemento enriquecedor nos processos de
tomada de decisão, como vem apontando estudos em neuropsicologia, neuroeconomia ou
biologia do conhecimento. Negar o subjetivo é negar as diferenças, a individualidade do
próprio homem. O estado atual de conhecimento pode ser dividido em cinco agrupamentos
de tecnologias sociais de ecossocioeconomia das organizações encontrados na literatura,
contudo diferentemente das experiências analisadas por este estudo, de modo geral há
trabalhos teóricos ou, até mesmo, ideológicos bem elaborados, entretanto com pouca
prática convincente, como as Agenda 21 Locais e as Empresas de Responsabilidade Social, e
trabalhos empíricos que vem apresentando resultados promissores, como o Turismo
Comunitário, a Economia de Comunhão e a Economia Solidária (Comércio Justo, Banco dos
Pobres e Clube de Troca Solidária), sem embargo sem uma proposta clara sobre um modelo
de gestão que possa ser replicado.
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CAPÍTULO 1: INTRODUÇÃO
consumo, mesmo entre aquelas pessoas que não teriam condições para isso; e socioculturais:
trabalho humano como trabalho repetitivo alienado (DOWBOR, 1983; MAX-NEEF, 1986,
1993; RAZETO, 1997; SEN, 2000; SINGER, 2002; GORZ, 2003; SACHS, 2003, 2004).
Estas patologias são encontradas no seu extremo, sobretudo, nos países chamados
menos desenvolvidos (países que na sua maioria possuem baixo ou médio Índice de
Desenvolvimento Humano - IDH), nos quais se encontram países da América do Sul como
Brasil e Chile 1. Estas patologias, em menor grau, são encontradas também nos países
1
A economia chilena é a quarta mais importante da América Latina, atrás apenas do Brasil,
México e Argentina. O Chile se caracteriza por uma economia aberta, com grandes êxitos
macro-econômicos, medidos em altas taxas de crescimento médio anual: o crescimento do
PIB esteve em torno de 4% a.a. de 2000 a 2004, com projeções entre 5,6 e 6,4% para
2005; a inflação chilena tem se mantido próxima de 2% ao ano e os juros ficando abaixo de
3% ao ano, muito inferiores aos quase 20% do Brasil, ou 16% da Venezuela. Enquanto a
região sul-americana apresenta déficit nominal público, o Chile tem superávit próximo de
2% do PIB, mesmo com uma carga tributária abaixo dos 20% do PIB, cerca de metade da
brasileira (CEPAL, 2005). Nos últimos quatro anos, os programas governamentais
conseguiram tirar da pobreza um milhão de pessoas. Do ponto de vista do IDH, segundo o
último relatório do PNUD (2003), o Chile está entre os oito países ibero-americanos de alto
grau de desenvolvimento humano, com esperança de vida de 76 anos, PIB per capita de U$
9.820 (era de US$ 4.990 em 1998) e índice de alfabetização de 96%. Embora se tenham
avanços, o Chile apresenta desempenhos negativos em sua microeconomia, destacando-se:
a) Forte concentração de riqueza; b) Grande quantidade de horas de trabalho per capita; c)
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chamados desenvolvidos (países que possuem elevado IDH). Sob estas evidências
desenvolvimento. Para que o planeta pudesse suportar tal carga, sugere-se que este deveria
ter uma área biofísica maior 2 (WACKERNAGEL, REES, 2001). Como se reflete nos efeitos
Change, apontando como causa a emissão de gases de efeito estufa, sendo o mais
importante o Dióxido de Carbono (CO2) que corresponde por 80% do total das emissões
10
lançados na atmosfera quando se queima combustíveis fósseis, petróleo, gás natural e
econômicas individuais de curto prazo sobre coletivas de médio e de longo prazos. Por sua
vez, a economia de mercado pode ser indicada como causadora principal das patologias
esforço de alguns e a falta de vontade de outros. Diante deste contexto, sugere-se pensar
modelo hegemônico.
3
IDH é composto por indicadores de saúde (esperança de vida), educação (taxa bruta de
matriculas e taxa de alfabetização) e economia (PIB per capita) (PNUD, 2003).
11
Assim, busca-se o estado atual do conhecimento sobre experiências em curso que
convergem com uma outra economia i, denominada na literatura de viés heterodoxo por
socioeconomia (SAMPAIO et al., 2005b), ou, então, valendo-se de outros termos como
economia descalça (MAX-NEEF, 1986), economia social (SACHS, 1986a, 1986b) e economia
popular solidária (RAZETTO, 1997) nas quais privilegiam problemas microeconômicos com
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Há uma perspectiva da Geografia ou Economia Regional que distingue os conceitos de
território, espaço e lugar: o território relaciona-se com as transformações sociais, com o
concreto; diferentemente do espaço que lida com o abstrato; e o lugar relaciona-se com a
comunidade, com o micro território (SANTOS, 1994; DOUROJEANNI, 1996; SANTOS,
SOUZA, SILVEIRA, 2002). Além do que, atualmente, a problemática urbano-rural começa
a perder centralidade devido a diversificação das relações de troca entre os espaços
(territórios) onde os fluxos socioeconômicos realmente acontecem, relegando os limites
geográficos (CAMPOROLA, SILVA, 2000)
5
Embora não tenha utilizado a denominação ecossocioeconomia, o pesquisador a discute
densamente em um trabalho intitulado Turismo como fenômeno humano: princípios para
se pensar a socioeconomia e sua prática sob a denominação turismo comunitário,
elegendo o turismo como campo capaz de ilustrar as instâncias da ecossocioeconomia
(SAMPAIO, 2005a).
12
A ecossocioeconomia está imbricada na discussão sobre o ecodesenvolvimento 6
que vem sendo apontado como um novo paradigma sistêmico, compreendendo princípios de
atual estilo de vida humano e seu padrão de uso do tempo (produtivo ou de lazer 7) -,
1986a, 1986b; GONDIM, 1989; NAESS, ROTHENGERG, 1990; MAX-NEEF, 1993; SEN,
6
Poder-se-ia dizer que o ecodesenvolvimento privilegia o enfoque epistemológico-teórico
enquanto a ecossocioeconomia privilegia o enfoque metodológico-empírico.
7
Como aponta Gorz (2003, p. 65): se vive em uma sociedade que prioriza os valores
hedonistas do lazer, do tipo de gozo imediato e do mínimo esforço, ao mesmo tempo em que
pedem aos trabalhadores que se comportem no trabalho segundo valores diametralmente
opostos, como que o suor do produtivismo trabalhista (homogeneização das etapas do
trabalho) pudesse ser compensado pelo consumo alienante.
13
artesanais e micro-empreendimentos urbanos se articulam sociopolíticamente no âmbito de
de Base Comunitária.
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pequenos negócios e, assim, aumentar as possibilidades de sobrevivência socioempresarial
diante de uma economia de mercado excludente. Acredita-se que esta outra economia se
estabelecerá quando for dado aos socialmente excluídos (aos descalços 10) tratamento
1.2 Metodologia
Embora haja avanços de pesquisa inter e transdisciplinar nos últimos anos que vêm
aplicadas para que pudessem conduzir ao alcance do desafio proposto pelo estudo.
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As expressões Um Outro Desenvolvimento e Desenvolvimento Sustentado foram
denominações preferidas, ao invés de Ecodesenvolvimento, no âmbito das Organizações
Internacionais na década de 1970, possivelmente em função das conotações ideológicas
supostamente menos radicais e mais coerentes com a diretriz de experimentação cuidadosa
com a concepção de uma nova ordem internacional (VIEIRA, 1992).
9
Vale ressaltar que: (...) praticamente em todo o mundo, as micro e pequenas empresas são
responsáveis pela geração da maior parte dos empregos. Estima-se que, no Brasil, de 1990 a
2000, as empresas com até 120 empregados tenham gerado 96% dos empregos (SACHS,
2003, p. 112).
10
Denominação utilizada por Max-Neef (1986).
14
Em um primeiro momento, este estudo se valeu principalmente de pesquisas
Científica (item 2.1), caracterizadas pelo contexto ainda pré-capitalista, e pela crítica da
pesquisa básica sobre três blocos ainda pouco compreendidos e que podem constituir em
11
Neuropsicologia ou neurociência cognitiva trata das capacidades mentais mais complexas,
geralmente típicas do homem, como linguagem, a autoconsciência, a memória etc. (LENT,
2004).
12
Neuroeconomia é o campo de estudos sobre a interação entre cérebro e ambiente
externo para gerar o comportamento econômico (GLIMCHER, 2003).
13
Biologia do Conhecimento sugere que os seres vivos são autônomos, isto é,
autoprodutores, capazes de produzir seus próprios componentes ao interagir com o meio:
15
Depois, se pesquisou o Estado Atual do Conhecimento sobre Experiências
Santa Catarina (UFSC) e da FURB e tese de doutorado da UFSC, entre 2003 e 2007, de
Paraná, que está sendo incubada pelo Instituto LaGOE: Laboratório de Gestão de
originar uma análise qualificada sob as denominações Agenda 21 Local, Turismo Comunitário,
Agenda 21 Local (item 6.1), através das experiências Fórum da Agenda 21 da Lagoa
Naturales asociados al Borde Costero para la Comunidad Indígena Tralcao Mapu (localidad
de Tralcao, Município de San Jose de la Mariquina, Regíon Los Lagos, Chile), vinculado ao
vivem no conhecimento e conhecem no viver. A autonomia dos seres vivos é uma alternativa
à posição representacionista. Desse modo, autonomia e dependência deixam de ser opostos
inconciliáveis: uma complementa a outra. Uma constrói a outra e por ela é construída, numa
dinâmica circular. ... entre o observador e o observado (entre o ser humano e o mundo) não
há hierarquia nem separação, mas sim cooperatividade na circularidade (MATURANA,
VARELA, 2001, p. 14).
16
Programa Ecoregión de Los Lagos Sustentable que está implantando a Agenda 21 Local no
Turismo Comunitário (Item 6.2), a partir das experiências Prainha do Canto Verde
da Serra Geral (AGRECO) / Projeto Acolhida na Colônia (sede Santa Rosa do Sul, SC, Br),
ReBIO de Floresta Atlântica, Br), iniciado em 2006; Red de Agroturismo de Chilloé (sede
Ancud, Región de Los Lagos, Ch), criada em 1996; Red de Turismo Rural Licanhuasi (sede
San Pedro de Atacama, Regíon Antofagasta, Ch), iniciada em 1999, e Red de Parques
Comunitários Mapu Lahual (San Juan de la Costa, Regíon de Los Lagos, Ch), criada em 2000.
Empresa Metalúrgica Rio Sulense (Rio do Sul, SC, Br), fundada em 1946 e a Florestal Río
Metal Sul (Joinville, SC, Br), fundada em 1996; Distribuidora de Medicamentos PróDiet
Farmaceutica (Curitiba, PR, Br), criada em 1989; e Sociedad de Inversiones Foco - Ahorro
Economia Solidária (ES) (Item 6.5), a partir das experiências Plataforma Komyuniti
de Comércio Justo (sediada em Santiago, Ch), criada desde 1996; Barco (Banco) de los
Pobres (Valdivia, Región Los Lagos, Ch), fundada em 2002; e Clube de Troca Solidária Rio
de Floresta Atlântica, Br), iniciado em 2007. Vale a observação que, embora a denominação
Economia Solidária pudesse ser apontada na categoria de outra economia, sobretudo pelos
17
para efeito deste estudo considerar três de suas correntes mais pragmáticas – Comércio
extensivamente do que outras, contudo não quer dizer que essas sejam experiências mais
organizações. Isso ocorreu porque algumas experiências são mais incipientes ou, então, que
ainda não tinham sido sistematizadas (ou seja, não havia dados secundários que as
experiências descritas e analisadas, entre as quais foram destacadas Com colaboração (isto
é, com co-autoria) no texto, foram redigidas pelo autor. E as descrições das experiências
que se destacaram Por autoria (por outros autores) no texto, foram apenas revisadas pelo
autor.
18
CAPÍTULO 2: ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO E RAZÃO: considerações históricas 14
Economia e Razão são termos que tiveram seus significados modificados ao longo
dos últimos dois milênios e meio. O que não ocorre com a Administração que, pela
precocidade, idade por volta de pouco mais de cem anos 15, ainda inspira o mesmo
MOONEY, URWICK Apud MORGAN, 1986). Enquanto que a economia se foca nos aspectos
organizacional. Entretanto isto não implica que a economia não se importa com os aspectos
domesticidade baseia-se num ethos 16 utilitarista. Ela não tinha em comum a motivação do
14
Não pode haver observação sem interação entre o observador e o objeto por ele
observado, e nessa interação ambos estão inclinados a se influenciarem mutuamente. Se o
estudo histórico é um exemplo de tal interação - neste caso, entre o historiado e seus
fatos ... a objetividade na história ... não pode ser uma objetividade de fato, mas apenas de
relação entre o fato e a interpretação, entre o passado, o presente e o futuro (TOYNBEE,
1987, p. 509).
15
Comparando com a criação do Universo que levou cerca de 15 bilhões de ano; do planeta
Terra que levou aproximadamente 5 bilhões de anos; a vida animal e a vegetal que levaram
cerca de 2,5 bilhões de anos; os dinossauros que surgiram próximo de 400 milhões de anos;
os répteis que apareceram cerca de 300 milhões de anos; os mamíferos que surgiram
aproximadamente 200 milhões de anos; os antropóides (primeiros primatas) que
apareceram cerca de 10 milhões de anos; os hominídeos (primeiros humanos) que surgiram
próximo de 4 milhões de anos; o homo sapiens (homem atual) que apareceu próximo de 150 a
50 mil anos; a civilização (cidade e Estado) que emergiu cerca de 10 mil anos; a filosofia que
surgiu próximo de 2.500 anos; a sociologia política que emergiu aproximadamente cerca de
500 anos (MORIN, KERN, 1995; CHARDIN, 2001).
16
Ethos é o conjunto dos costumes e hábitos fundamentais no âmbito do comportamento e
da cultura, característicos de uma determinada coletividade, época ou região (HOUAISS
et al, 2001).
19
ganho (cálculo individualista) e nem com a instituição do mercado tal como se conhece
atualmente. O seu padrão era com o grupo fechado, ou seja, com a comunidade doméstica.
Este tipo de comunidade perdurou a partir da sociabilidade de seus membros e não para
como a característica atribuída ao homem que o difere dos demais animais. O significado do
termo razão podia ser também a faculdade de avaliar com bom senso, sobretudo antes dos
trabalhos de Hobbes e Bacon 17, no qual era entendido como a capacidade, inerente à psique
humana, que habilitava o indivíduo a distinguir entre o bem e o mal, entre o falso e o
verdadeiro, em uma acepção muito mais voltada para o que hoje se conhece como uma
certamente afasta-se, cada vez mais, do sentido supra de se opor à escravidão (ausência de
liberdade para pensar e agir): é naturalmente escravo aquele que tem tão pouca alma e
poucos meios, que resolve depender de outrem. Tais são os que só têm instinto, vale dizer,
que percebem muito bem a razão nos outros, mas que não fazem por si mesmo uso dela
relação entre meios e fins. O equacionamento entre estes dois fatores é um legado da
especialmente os príncipes, contra os quais não há tribunal a que recorrer, os fins é que
17
Francis Bacon e Descartes foram pensadores dos séculos XVI e XVII que criticaram a
escolástica (razão e fé sendo compatíveis devido á sua fonte comum no espírito de Deus
(ROHMANN, 2000, p. 135). O projeto de toda a vida de Bacon era a tentativa de
reconstrução da filosofia, pela qual o conhecimento se tornaria prático e, por conseguinte,
de grande valor. Saber é poder, declarou ( p. 40). Entretanto, Karl Popper argumentava que
a experiência crucial pode refutar, mas não pode confirmar definitivamente qualquer
hipótese científica: Aceitamos a teoria da gravidade, não porque é possível provar que a
maça jamais cairá para cima, mas porque isso não aconteceu até agora. Popper propôs a
falseabilidade (refutabilidade) como critério mais sútil que a verificabilidade (p. 422).
20
contam. Faça, pois, o príncipe tudo para alcançar e manter o poder; os meios de que se valer
serão sempre julgados honrosos e louvados por todos, porque o vulgo atenta sempre para
aquilo que parece ser e para os resultados (MACHIAVEL, 1995, p. 113). A partir de Hobbes,
gerenciamento da vida planetária, tal como preconiza o agir econômico sob a égide da
como apregoam a racionalidade capitalista) que, embora seja um valor individual, é mediado
civilizações humanas, não considerava os produtos, ainda, como valor de troca, conforme a
crítica marxista, mas sim como valor de uso. Neste período, o mercado era
agrobusiness), nem uma diferenciação tão grande de uma atividade para outra, quanto
18
Vale a observação: a tendência de estabelecer relações sociais com animais e plantas foi
realmente crucial para as origens da agricultura. Tais relações são estruturalmente
semelhantes às estabelecidas entre pessoas, apontada como uma conseqüência adicional da
integração entre as inteligências naturalista e social (a inteligência geral coordena 4
inteligências especialistas: técnica, lingüística, social e naturalista). Tanto a inteligência
naturalista como a social são compreendidas como uma série de processos cognitivos
dedicados a adquirir e processar informações, entretanto, enquanto a naturalista relaciona-
se aos recursos naturais, tais como plantas, animais e matérias-primas, a social facilita a
interação com membros do grupo social (MITHEN, 2002; LÉVY, 1998).
21
ocorre nas manufaturas (SMITH, 1997, p. 67). De certa maneira, a mercadoria é resultado
consumo direto, como valor de uso, mas para a troca, ou seja, quando adquire valor de
1986).
contudo sem ainda transformar todos os bens e serviços - substâncias naturais do trabalho
na idéia: do que se dá hoje é recompensado pelo que se toma amanhã. A redistribuição era
Assim como o racionalismo está para o Iluminismo (conhecido por Idade da Razão),
a divisão do trabalho 19 está para a Revolução Industrial (ambos surgidos no século XVIII).
19
No século XII, a palavra trabalho significava uma experiência dolorosa. Foi preciso
esperar até o século XVI para se poder utilizar a palavra trabalho em vez de obra ou de
labor. À obra (poièsis) do homem artista e livre, ao labor do homem pressionado por outro
22
A divisão do trabalho instituída nos processos de fabricação industrial superava o modo de
apoio de aprendizes. O trabalho artesanal não deixa de ser uma atividade humana inerente
à própria vida. Não se trabalhava, ou melhor, não se produzia apenas para comercialização,
mas também por outras diferentes razões. O trabalho não é uma ação isolada do resto da
vida. Ele não pode ser estocado. Todavia, a divisão do trabalho mecanicista foi um divisor
de águas entre capital e trabalho: num lado estavam os proprietários de capital que podiam
pagar pelo trabalho dos outros, e no outro, estavam os trabalhadores que o vendiam, como
modificou: para o artesão, o seu ofício era realizado em casa, na vizinhança, no território;
para o operário, o seu trabalho era realizado na fábrica que, não necessariamente,
localizava-se nas proximidades de sua residência 20. Surgiam, assim, os bairros ou, até
mesmo, as cidades industriais. Não só o trabalho foi particionado 21, mas a vida também
23
industriais, elas eram constituídas predominantemente de migrantes (na sua maioria
composta de ex-camponeses e não somente de ex-artesãos) que deixaram para trás suas
famílias. Para que estes não entrassem em estado de carência social (pois não existiam as
facilidades dos meios de transportes atuais, como trens ou ônibus para visitar os
criar um quadro de referência familiar novo que lhe fossem próprios. Esse grupo secundário
poderia se formar a partir do trabalho (do ofício) e poderia compensar a ausência familiar.
Entretanto, como se sabe as organizações industriais não são espaços sociais que fomentam
transformando nos espaços ideais aos quais as pessoas pudessem recarregar a energia vital
necessária para sobreviver, sobretudo em tempos difíceis como foi à revolução industrial.
1973).
22
As estatísticas não refletem o ganho de Produtividade Hora Anual (PHA)associado
geralmente ao Management Industrial Norte Americano, mesmo considerando o boom de
tecnologias de informação e comunicação (TICs) no setor empresarial, conforme aponta o
quadro 3:
Quadro 3: Produtividade Horária Anual (PHA) na Indústria Norte Americana
Períodos PHA (%)
1993 até 1995 1,1
1950 até 1973 2,9
1850 até 1949 2,2
Fonte: Prêmio Nobel de Economia, Robert Solow, em 1989 (Apud CHANLAT, 1999).
24
de interesse individual, isto é: se alguém ganha, alguém perde. Aliás, distante até mesmo do
de conseqüências: razão..., nada mais é do que cálculo (isto é, adição e subtração) das
demonstramos ou aprovamos nossos cálculos para os outros homens (HOBBES, 1979, p.51,
52).
burocracia (final do século XIX e começo do XX). O conceito de burocracia transpassa por
uma mera abordagem metodológica de gestão organizacional, tal como ela é conhecida
norteador da produção em série inserida às linhas de montagem, tão bem ilustrada pelo
certa forma, a burocracia se expandiu para fora dos muros das fábricas, se alojando
dentro da sociedade. Aliás, esta perspectiva, tinha sido prenunciada pelo modelo ideal de
As pessoas são vistas como recursos que, por sua vez, podem ser alocados e utilizados de
23
A burocracia oferece as bases de uma autoridade do tipo racional-legal, ou governo pela
lei (MORGAN, 1986, p. 149). As categorias fundamentais da dominação racional podem ser
sintetizadas da seguinte forma: (1) um exercício contínuo, vinculado a determinadas regras,
de funções... (2) determinada competência... (3) o princípio de hierarquia... (4) as regras
segundo as quais se procede... técnicas... e normas ... (5)... o princípio da separação absoluta
entre o quadro administrativo e os meios de administração e produção ... (6)... não há
qualquer apropriação do cargo pelo detentor... (7)... documentação dos processos ... (8)
dominação legal... (WEBER, 1999, p.143).
25
maneira eficiente. É a tentativa de racionalização utilitária de toda ação humana, cuja
1986).
gestão das lojas McDonalds 24. A padronização dos processos e dos produtos é levada,
quase, ao seu extremo 25. Isto não implica dizer que seja totalmente maléfico, mas de todo
bom também não é. Corre-se o risco de que o próprio agir das pessoas, passa a ser
meios se transformam-se em estilos, e estes, por sua vez, transforma-se em modos de vida
certa forma, as pessoas se sentem culpadas por estarem desocupadas. Aliás, não se sabe se
o desempregado ou, melhor, o sem-trabalho se sente culpado tanto pela falta de dinheiro
para poder sobreviver como pela sua ociosidade. O lazer, de certa forma, acaba se
transformando numa premiação para quem trabalha. Quanto mais se trabalha, mais se faz
24
Por outro lado, o fato das lojas serem gerenciadas de modo burocrático não implica que
toda organização também o seja. Vale ressaltar que o modelo McDonalds de gestão de
negócio inspirou a idealização do franchise.
25
Inclusive, se têm dúvidas se até o sorriso, implícito no atendimento ao cliente, é
condicionado?
26
Cada estilo de vida acaba gerando o que popularmente se conhece por tribo.
Evidentemente diferente do significado antropológico de tribos (povos) indígenas.
27
É o tempo da mais livre expressão de si ou o da pior manipulação ou repressão da pessoa
(DUMAZEDIER, 1999, p. 12).
26
2.1 Perpassando pela Economia Clássica e Administração Científica
vezes eram invenções dos próprios operários que, por sua vez, facilitavam a própria tarefa
no trabalho. A tecnologia daquela época e a administração científica 28, que surgiria quase
um século depois, contribuíram para reforçar este tipo de divisão de trabalho. Todos
precisavam associar suas habilidades profissionais para poder produzir. A racionalidade que
agente tem pelo seu próprio interesse. O excedente da produção do próprio trabalho,
específica, e cultivar e aperfeiçoar todo e qualquer talento ou inclinação que possa ter por
28
A administração científica, de uma maneira geral, abrange cinco princípios: o gerente
pensa e o trabalhador executa; métodos científicos, como o uso de estudos de tempos e
movimentos; selecionar a melhor pessoa para desempenhar uma função organizacional;
treinamento; e controlar o desempenho do trabalhador (TAYLOR apud MORGAN, 1986).
29
Entende-se por Marxismo o conjunto das idéias, dos conceitos, das teses, das teorias,
das propostas de metodologia científica e de estratégia política e, em geral, a concepção do
mundo, da vida social e política, consideradas como um corpo homogêneo de proposições até
constituir uma verdadeira e autêntica doutrina, que se podem deduzir das obras de Karl
Marx e de Friedrich Engels (BOBBIO et al, 2000, p.738).
27
nações, a figura do capitalista não condizia com a do explorador de trabalha alheio 30, mas
consistia num significado híbrido entre capitalista (como detentor dos meios de produção),
(criador e condutor de novos negócios). Naquela época, podiam-se apontar quatro tipologias
objeto e, segundo, ressaltando-se o poder de compra que o referido objeto possui como
mercadoria. Ou seja, o primeiro significa valor de uso e o segundo valor de troca 31. Para os
economistas clássicos o que determina o valor de troca são o trabalho e o incômodo que
custa a sua aquisição (RICARDO, 1996, p.23; SMITH, 1996, p. 87). O trabalho é o preço
real das mercadorias enquanto que o dinheiro é o preço nominal delas (SMITH, 1997) 32.
30
Entretanto, a figura do banqueiro (do financiador) implicava sim em exploração:
emprestar parece-lhe um mal porque não é vender. Emprestar mediante juros é a
capacidade de vender o mesmo objeto sempre de novo e de obter por ele, sempre de novo,
um preço sem nunca ceder à propriedade do objeto que se vende (PROUDHON Apud
MARX, 2000, p. 247).
31
Nada é mais útil que a água, no entanto dificilmente se conseguirá trocar água por alguma
outra coisa com ela (lembrar que a primeira edição do livro foi publicada em 1776), ou seja,
dificilmente se conseguirá trocar água por alguma outra coisa. Ao contrário, um diamante
dificilmente possui algum valor de uso, mas por ele se pode, muitas vezes, trocar uma
quantidade muito grande de outros bens (SMITH, 1997, p. 85 e 86).
32
Para Marx (1996, p. 270) o dinheiro é a figura metamorfoseada das mercadorias, em que
seus valores de uso específicos estão apagados.
28
Entretanto, para os marxistas o que determina o valor de uso é antes de tudo uma
duas classes sociais. Em um dos extremos estava a classe proprietária (privada) dos meios
de produção, chamada burguesia, e no outro a que não é proprietária destes meios, chamada
trabalho. A alienação é ainda legitimada pelo Estado e pela ideologia burguesa. O Estado é
humana, criada a partir da classe social composta pelos proprietários dos meios de
economia, conjunto das forças produtivas (divisão de trabalho) e das relações de produção
33
A circulação do dinheiro como capital é, pelo contrário, uma finalidade em si mesma, pois
a valorização do valor só existe dentro desse movimento sempre renovado. ... O capitalista,
ou melhor, seu bolso, é o ponto de partida e o ponto de retorno do dinheiro. ...circulação - a
valorização do valor – é sua meta subjetiva, e só enquanto a apropriação crescente da
riqueza abstrata é o único motivo indutor de suas operações. ... O valor de uso nunca deve
ser tratado, portanto, como meta imediata do capitalismo. Tampouco o lucro isolado, mas
apenas o incessante movimento dos ganhos (MARX, 1996, p.272 e 273). Se eu vender uma
mercadoria, vendo um determinado valor de uso. Se comprar dinheiro com mercadoria,
compro valor funcional de uso que o dinheiro possui enquanto forma transformadora da
mercadoria. Não vendo o valor de uso da mercadoria ao lado de seu valor de troca, nem
compro o valor particular de uso do dinheiro ao lado do próprio dinheiro (MARX, 2000, p.
195).
34
A alienação surge quando o homem não percebe as coisas como elas são.
35
As representações fetichizadas nada mais são do que a aparência da essência do
capitalismo. A aparência não é o oposto da essência e, também, não o é falsa. Ela é real.
Essência e aparência são da mesma substância (MARX, 2000).
29
(matéria-prima e meios de produção), também chamada de infra-estrutura, que acaba
o proletariado. Em outras palavras, esta exploração chama-se lucro ou, então, mais-valia. Há
quem acredita que a mais valia origina-se da diferença entre valor de uso - valor em termos
de produção social 36 (o homem na sua essência mais pura) e o seu valor de troca - valor
como produto de mercado (o homem na sua aparência, isto é, como consumidor). A mais valia
mais valia é a fonte do capital, isto é, da riqueza. Embora pareça que a origem do lucro (ou
da mais valia) está na troca (circulação de mercadorias), Marx aponta que ele está no
processo de produção capitalista. Um operário recebe o seu salário para trabalhar 8 horas
diárias em uma fábrica. Supondo que trabalhando 5 horas fosse suficiente para pagar o seu
salário (chamado tempo de trabalho necessário), implicaria dizer que, às 3 horas restantes
seriam da mais valia (tempo de trabalho excedente) 37(MARX, 1996; MORGAN, 1986).
Aponta-se que a principal contradição do capitalismo é que ele produz uma enorme
quantidade de bens e serviços que não podem ser consumidos pelos trabalhadores que, por
sua vez, vão ficando cada vez mais pobres à medida que aumenta a exploração, isto é, a
mais valia. Para combater essa exploração capitalista de tradição burguesa, o receituário
marxista sugere alguns passos sistemáticos que o proletariado deveria cumprir: combate às
se uma classe social ou partido político; e culminando com a revolução contra a burguesia,
36
Valor em termos de satisfação das necessidades das pessoas.
37
Entretanto, o conceito de mais valia pode ser entendido de duas formas: absoluta e
relativa. A mais valia absoluta é o lucro originado da jornada de trabalho, conforme ilustrou
o exemplo. E a mais valia relativa é aquela que o lucro é resultado do aumento da
produtividade (ganho de escala) (MARX, 1996, p.331).
30
que implantaria o comunismo (abolindo as classes sociais), e, posteriormente, o Estado
criticas (não é por isso que não haja méritos), sobretudo pelo establishment 38 socialista
38
Organização dominante e de pessoas que controlam a vida pública e dá suporte a ordem
estabelecida para a sociedade (LONGMAN, 1983).
31
CAPÍTULO 3: PROBLEMÁTICA SOCIOAMBIENTAL
crescimento econômico que não leva em conta a capacidade de suporte dos ecossistemas
crítica marxista), baseado num sistema de produção que poderia ser inviabilizado pelo
esforçar-se para ingressar no bloco dos países desenvolvidos (com IDH e Pegada Ecológica
elevados 39), como forma de superar os seus problemas sociais e ambientais. Um exemplo
se melhorar a situação dos países ricos, para que estes possam relançar a economia -, e a
Delfim Neto: vamos crescer e depois repartiremos o bolo. O fracasso desta promessa
sucateamento dos países do chamado Terceiro Mundo (geralmente com IDH médio e baixo,
entretanto com Pegada Ecológica baixa), provocado por uma excessiva concentração de
renda que conduz ao aumento dos contingentes populacionais em estado de miséria absoluta
39
Ao contrário do IDH, possuir uma Pegada Ecológica elevada equivale a um cenário
pessimista, isto é, ausência de capacidade de carga para proporcionar tal estilo de
desenvolvimento (WACKERNAGEL, REES, 2001).
32
e, ainda, pela incapacidade de carga do planeta provocada principalmente pelos países
(DOWBOR, 1983; SACHS, 1986a, 1986b; TAMAMES, 1983, WACKERNAGEL, REES, 2001).
sob a perspectiva economicista, como por exemplo: escolher livremente entre uma grande
variedade de mercadorias, não quer dizer ser livre, mas sim, na maioria das vezes, se
satisfações afetivas, e assim correr o risco de dela se tornar escravo, mascarando a nossa
insatisfação afetiva e o nosso mal-estar. Sabe-se que a maioria desses bens é posicionais,
aqueles que representam melhoria de posição na sociedade dos que buscam status
correspondem aos custos transacionais e gerenciais (implicando cada vez mais agentes
intermediários), que crescem tão rapidamente nas nossas sociedades, trazidos pelas
mazelas da afluência, aos acidentes inerentes aos estilos contemporâneos de vida urbana e
que nada mais é do que uma autolimitação do apetite por bens materiais e do desejo de
33
econômico. Há, então, de reformulá-las concedendo maior liberdade cultural, proveniente
educacionais, esportivas e outras. Portanto, a maneira pela qual a sociedade usa seu tempo,
define o seu estilo de vida. Este tempo de trabalho, mesmo quando o valor de troca estiver
suprimido, continua sendo sempre a sua sustância criadora de riqueza e a medida dos
custos exigidos pela produção. Mas, o tempo livre ou, melhor, o tempo disponível constitui a
riqueza mesma, consagrada em parte à fruição dos produtos, em parte ao exercício de uma
atividade livre, que não deve ser desempenhada como o trabalho sob a imposição de um fim
exterior que tem de ser realizado, quer se trate de uma necessidade natural ou de uma
desalienante não tem nenhum sentido. O trabalho pode ser um ensejo de criação, ao passo
que o lazer forçado ou suportado passivamente é apenas fonte de tédio. Este emaranhado
complexo entre lazer e trabalho pode ser compreendido sob o enunciado de estilos de vida
teias de significados que ele mesmo teceu). Contudo, podem se apontar os limites do
contemporâneos que, na maioria das vezes, conduz aos estilos de vida aprisionados sob a
égide de apenas uma lógica – individualismo economicista. A rigor não existe uma cultura
melhor do que a outra, existem culturas distintas. Não se pode entender cultura dominante
34
como que ela fosse a melhor; se assim fosse poderia se pensar na possibilidade de haver
maioria equivocada.
Da mesma maneira que tal perspectiva possa sugerir certo exagero, a perspectiva
canchas de esporte nas fábricas ou espaços para atividades lúdicas ou relaxantes, donde se
embaralhados. Não se sabe bem ao certo se tal fenômeno é oriundo ora de uma crença
puritana modernista de que a empresa pode tornar-se uma comunidade ou uma grande
mesma forma, a casa ou o universo privado de cada um também tende a ser integrado à
empresa por meio das tecnologias de informação e comunicação (TICs, a internet por
menos evitando a circulação de veículos automotores que emite Dióxido de Carbono (CO2) e
nem tirar literalmente o pijama. A empresa passa a ser o lugar no qual o trabalho, a
emprego do seu próprio tempo 40, ou ainda de ganhar consciência e autonomia, implica que as
irredutível. Nessa perspectiva, os homens são atores sociais, cada um conservando a sua
ansiedades e possibilidades. Nestas funções que cada um de nós venha a ocupar, se espera
40
A noção de tempo pode ser percebida de maneira diferentemente. Da mesma forma que
há um tempo cronológico, há também um tempo humano subjetivo influenciado pelo saber
local e o senso de lugar vistos predominante em comunidades tradicionais costeiras e
rurais. Cinco minutos preso em um congestionamento de trânsito urbano aparentam ser
mais longos do que cinco minutos contemplando uma cachoeira (MAX-NEEF, 1993).
35
ações e reações, fruto de uma racionalidade não econômica ou não instrumental.
material para a satisfação das necessidades humanas, tanto da sociedade civil e do Estado
obra intensiva (típicas do desenvolvimento endógeno) nos países mais pobres, bem ao
formulou quatro proposições para combater os efeitos negativos desta alta tecnologia
nesses países: têm de ser criadas organizações nas áreas onde as pessoas vivem agora e
organizações têm de ser, em média, suficientemente baratas para que possam ser criadas
41
Intermediária não é de aplicabilidade universal, e sim contextual, resultando uma
apropriada tecnologia intermediária (SCHUMACHER, 1983, p.164).
36
e, também, para o consumo local, tal como se apregoa em arranjos produtivos locais de base
violência, que possa cooperar com a natureza em vez de explorá-la. Ele defendia o uso de
Schumacher falava de uma tecnologia com rosto humano (CAPRA, 1988, p.171), produzindo
habilidades, servindo aos demais, e colaborando com eles, para se libertar do inato
egocentrismo. Em seu trabalho A Guide for the Perplexed, Schumacher discute a filosofia
sentidos, deixando-se convencer fosse pelo que fosse a não ser pela evidência da razão,
razão esta que nos torna donos e senhores da natureza (1987, p.21). A tecnologia
apropriada assim recupera, com proeza, conhecimentos preciosos que podem ser aplicados
em uma grande variedade de maneiras, das quais a tecnologia moderna é apenas mais uma. A
Não se sabe bem ao certo quando surgiu a dicotomia entre sistemas ecológicos e
37
aponta para o criacionismo 42 como uma de suas principais causas. O criacionismo sugere
literalmente que Deus criou o universo e depois o homem, a partir de sua imagem, a menos
de 8.000 anos atrás para dominar outros seres vivos (animais e plantas), tal como se
interpreta o velho testamento (A Bíblia, 2001). Uma segunda corrente, composta por
ecologistas políticos, aponta à civilização grega como uma das mais importantes razões. A
(deuses com feições humanas), como tão bem ilustra as metáforas sugeridas pela Mitologia
Grega 43. Ambas correntes sugerem que o sistema social prevalece sob o ecológico. Uma
terceira corrente formada por ecologistas humanos aponta para o evolucionismo como um
dos principais marcos a terem causado esta sobreposição 44. Uma das principais teorias do
ambiente (DARWIN, 1987). Esta corrente valendo da expressão darwinismo social, sugere
que a competição prevalece sob a cooperação e que esta sobreposição consiste na principal
eminentemente social, que surge da maneira como a sociedade se relaciona com a natureza.
42
Segundo o capítulo Gênesis, tratando das origens do mundo e da humanidade, calcula-se
que a criação surgiu aproximadamente há 5.000 anos antes de cristo (A Bíblia, 1973).
43
Recomenda-se para os curiosos sobre o assunto a leitura do Livro de Ouro da Mitologia
(BULFINCH, 2001).
44
Contradizendo a estimativa de data de nascimento da Eva africana que é de
aproximadamente 143 mil anos (CAVALLI-SFORZA, 2003).
38
A natureza propriamente dita não tem problemas e se os têm são inerentes à sua dinâmica,
2007). Não há como dicotomizar indivíduo e cultura ou espécie e ecossistema como fossem
dois extremos opostos, não há como negar a interdependência entre sistemas ecológicos e
dos ecossistemas aos quais pertencem, assim como, ditos de outra maneira, são elementos
sistemas sociais. Isto é, não há como preservar a natureza sem conservar as comunidades
podem ser divididos entre consumidores separadamente, neste caso apenas para as
subtração da possibilidade de uso por outros, uma vez que o uso individual do recurso afeta
as chances potenciais dos demais usuários dos recursos (DIEGUES, 1996; BERKES In:
39
Não se sabe onde se inicia e termina as fronteiras dessas semelhanças e
faciais humanas, consideradas como um canal de comunicação não-verbal, tais como raiva,
espécie humana - dos confins (grupos isolados da Papua-Nova Guiné) às zonas urbanas de
grandes metrópoles (São Paulo, Santiago ou Nova York) - são reconhecidas e identificadas
facial do indivíduo ou da espécie humana (ECKMAN In: GOLEMAN, 2003, p. 135) 45.
ilustrar tal interdependência entre estes pares. Este conceito faz referência a indivíduos,
ambiente aéreo, suas folhas apresentam uma forma composta com ramificações largas;
quando estas desenvolvem submergidas em água, suas folhas apresentam una forma
composta com ramificações delgadas; e quando estas desenvolvem entre a interface ar-
O sistema ecológico não funciona e tão pouco o sistema social através de relações
45
Confirmando, segundo o autor, [...] o que já apontava o livro de Charles Darwin de 1872, A
expressão das emoções no homem e nos animais (ECKMAN In: GOLEMAN, 2003, p. 135).
46
Exemplo adaptado por ROZZI (1997), partindo de C. COOK. Phenotypic plasticity with
particular reference to three amphibious plant species. In: Modern Methods in Plant
Taxonomy (V. Heywood, ed.), pp. 97-111. Academic Pres, London, 1968.
40
nas inter-relações sistêmicas que ambos compõem. Os problemas mais significativos
Muitos desses problemas tornaram-se problemas exatamente por terem sido tratados de
assim, possibilitar a melhor compreensão e resolução dos problemas (MORIN et al., 2005;
MAX-NEEF, 2005).
41
CAPÍTULO 4: PARA PENSAR A VIABILIDADE INTERORGANIZACIONAL E A
EFETIVIDADE EXTRA-ORGANIZACIONAL
sobre outros tipos de ação social, resultando na perda de sentido valorativo, afetivo e de
(SAMPAIO, 2005a).
Mesmo para Hobbes (1979) e Locke (2000) que apontam o estado de natureza sob
social ou, entendido aqui, como um arranjo interorganizacional. Rousseau (19XX) acreditava
homem permite a este superar a contradição inerente ao estado social; ou seja, entre as
suas inclinações individuais e os seus deveres coletivos, tal como se apregoa no arranjo
para se manifestarem. Assim, o arranjo interorganizacional não pode ser legítimo senão
47
Weber aponta que o Capitalismo tornou-se uma ética de vida, isto é um estágio superior
de vida social. Ele aponta que o Protestantismo foi uma alavanca e não a única causa da
conduta econômica capitalista. (2002).
42
mútuo sobrepõe-se às ações voltadas ao sucesso, às vezes chamadas equivocadamente de
(HABERMAS, 1989).
entre o interesse público e o privado, que é uma ação coletiva, operando sobre as bases da
distinção dos símbolos específicos vigentes nas diferentes instituições (entendidas como
de decisão. As esferas do Estado, mercado e sociedade civil, mesmo que ainda possuam
interpondo, devem ser vistas como potenciais criadores que enriquecem o processo de
negociação. Pois são elas (as esferas) que legitimam os processos participativos - como são
1994).
todos iguais por convenção e direito. Todo indivíduo constitui uma interioridade por
excelência que o identifica com seus semelhantes. O homem natural está rudemente
(SAMPAIO, 2005a).
43
como um movimento de elementos, entre eles, sociais, geográficos e naturais; e a
preocupação não está na definição de seus limites, mas nos entrelaçamentos que o
compõem. Não há, então, como estudar o território sem fazê-lo correlativamente, em duplo
Entretanto, o território possui especificidades que não devem ser tomadas como mero
reflexo destes demais contextos. Sugere-se, então, que num cenário de gestão
apenas a micro complexidade do território, mas também a macro complexidade dos demais
48
Para Aristóteles o livre exercício da virtude é como a felicidade que acontece na
mediania, isto é, de modo que todos possam conseguir (1991).
49
Estes postulados atualizam quatro outros que vinham sendo utilizados pelo pesquisador
nos últimos anos, baseados na concepção do pesquisador Ignacy Sachs (Apud VIEIRA,
1992): satisfação das necessidades básicas das populações, tanto materiais como
psicossociais; self-reliance (promoção da autonomia) de comunidades locais, de maneira que
elas tenham gerência efetiva do seu desenvolvimento (sem decorrer em isolacionismo);
relação simbiótica entre homem e natureza; e reconsideração dos conceitos de eficiência e
eficácia econômicas (ponderando o utilitarismo organizacional) a partir das dimensões
socioambientais extra-organizacionais (SAMPAIO, BOHN, 2001; SAMPAIO, 2003).
44
Operacionalizando estes princípios da ecossocioeconomia nas organizações,
governamentais, bem como o arranjo interorganizacional que é composto por estes três
está instalada, isto é, do território à organização; onde a racionalidade seja conduzida pelo
vetores eficiência e eficácia. A eficiência é medida através dos processos de produção que,
resultados desses processos de produção, que determinam, por sua vez, o grau de
racionalidade utilitarista econômica. Não se propõe aqui que a efetividade seja um critério
que se sobreponha aos de eficiência e eficácia, mas se deseja redirecioná-los de modo que
possam superar o mero cálculo (meios-fins) utilitarista, que privilegia apenas a dimensão
que dirá para fragmentos emergenciais de novos sistemas de gestão socioambiental, onde
as pessoas não sejam regidas apenas por valores baseados em vantagem pessoal; não sejam
45
A efetividade organizacional ou interorganizacional se alcança quando os
homem não só na sua dimensão econômica ora como consumidor, ora como funcionário, mas,
também, na dimensão socioambiental, isto é, como cidadão. Para isso, o processo de tomada
participação (direta ou indireta) dos atores sociais que vão sofrer as conseqüências de tais
atos, como sua principal estratégia. Participação é o processo de se tornar parte de alguma
coisa por opção, entretanto, a participação por si só tem sido insuficiente como estratégia
tomador de decisão (chamado de sujeito da ação) inter-relaciona-se com aqueles que vão
sofrer as conseqüências destas decisões (na maioria das vezes denominados objetos da
sujeitos impactam sobre eles próprios 50. Assim, essa ação compromissada, que surge,
baseados no cálculo meios e fins utilitaristas, se configura, por sua vez, em uma
racionalidade alternativa mais solidária. Acredita-se que o vácuo institucional surge a partir
50
Como no exemplo de um proprietário de uma empresa de não ficar perturbado ao
despejar o esgoto industrial de sua empresa, sem tratamento no rio, no qual a comunidade
onde ele reside depende da boa qualidade de suas águas para viver com qualidade.
46
de uma disposição em fazer sacrifícios (quando se faz algo não só voltado para os
interesses próprios) para promover valores como justiça social e bem-estar da comunidade.
Se uma pessoa ajuda alguém em estado de miséria (quando os rendimentos econômicos não
mudança de um sistema econômico que acha injusto, isto pode ser chamado de
econômico que desencadeia uma dinâmica dialética entre cooperação e competição, com
grandes empresas (PORTER, 1998; ALBAGLI; BRITO, 2002). O APL seria um estágio
anterior ao que se denomina sistema produtivo e inovativo local (RedeSist), que compreende
51
O conceito de Arranjo Produtivo Local (APL) originou-se do conceito de distritos
industriais Marshallianos, no qual se descrevia um padrão de organização comum à
Inglaterra (final do século XIX e começo do XX), caracterizado por pequenas empresas
concentradas na manufatura de produtos específicos de setores como o têxtil, localizadas
geograficamente em grupamentos, em geral na periferia dos centros produtores (VARGAS,
2003, p. 8). Este conceito foi revitalizado nos estudos sobre a Terceira Itália. As
primeiras experiências que podem ser apontadas como constituindo um APL são as
denominadas villaggios produttivos, redes de empresas flexíveis localizadas em
determinadas regiões italianas, que se beneficiaram da existência de uma rede horizontal
de cooperação entre essas empresas (CASAROTTO Fo., PIRES In: SIEBERT, 2001;
SACHS, 2003; SUZIGAN, 2000).
52
Empreendimento Coletivo é a denominação utilizada pelo Serviço Brasileiro de Apoio às
Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE).
47
em interação, cooperação e aprendizagem, com potencial de gerar o incremento da
idealistas), subentendendo que, tanto modos de produção quanto de distribuição - e por que
não de consumo? - mais solidários tenham chance de ocorrer no nível comunitário. Parte-se
Por restrições quanto ao uso do termo capital social, por sua suposta conotação
arranjo socioprodutivo pode incorporar todo o discurso da Sociologia Econômica - que pode
ser definida como a aplicação de idéias, conceitos e métodos sociológicos aos fenômenos
48
reconhecer o uso do termo capital natural (na perspectiva da Economia Ecológica) como
recursos naturais e serviços ambientais como tendo funções e valores econômicos positivos,
e que tratá-los como preço zero (como se faz muitas vezes na perspectiva utilitarista
2004).
mercado. Acredita-se que uma outra economia se estabelecerá quando for dado aos
economia de mercado, a maioria dos grupos organizados (chamados informais 53), micro e
49
pequenas empresas fazem uso de práticas, tais como: salários baixos, sonegação ou
1. A micro-rede principal não é a mais importante do arranjo, mas é aquela que tem como
produtivos verticais à montante (para trás) e à jusante (para frente). Isto é, a relação
produtores (serviços e bens) terceirizados, todavia sem ser espúria, isto é, sem ser
Encadeamento Produtivo
Vertical (à montante)
Encadeamento Produtivo Encadeamento Produtivo
Horizontal Micro-rede Principal Horizontal
(organização de apoio) (terceirização não espúria)
Encadeamento Produtivo
Vertical (à jusante)
50
interorganizacionais, pelas quais passam e vão sendo transformados e transferidos insumos,
economia de mercado possam ser integrados. Para que isso aconteça devem ser reguladas
as possíveis relações espúrias entre produtores de modo que se possa evitá-las. Por
cooperativa de trabalhadores não poderia ser motivada apenas pela mera decisão de
arranjo 55. Embora os micro-empreendedores de um mesmo ramo compitam entre si, não se
excluem iniciativas e ações que podem ser compartilhadas, voltadas à solução de problemas
54
Ressalta-se aqui as chamadas “pseudocooperativas” que “consistem em formas
disfarçadas de terceirização, onde um elo da cadeia produtiva de determinadas empresas é
desmembrado, e confia-se sua produção a um grupo de trabalhadores, que perdem a relação
empregatícia e os direitos sociais e passam a ser fornecedores autônomos da mesma
empresa” (DOWBOR, 2002, p.43).
55
Os Estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul possuem os maiores índices de criação
de pequenos empreendimentos no Brasil que, aliás, pode ser atribuído, sobretudo em Santa
Catarina, pelo modelo de desenvolvimento baseado na cooperação mútua e na relação
empresarial familiar (CUNHA, VIEIRA In: VIEIRA, 2002; SACHS, 2003).
51
digital 56) e articulação com centros de pesquisa, sobretudo com as Incubadoras
garantir direitos iguais entre aqueles que se associam para financiar, produzir, comerciar
56
O pesquisador participou como co-autor, em dois momentos diferentes, na formulação de
um projeto interinstitucional e internacional de qualificação e re-qualificação profissional:
(1) VIEIRA, Deodete Packer (Coord.); SAMPAIO, Carlos Alberto Cioce; et al. Demand
Driven Ubiquitous Professional Qualification and Requalifiquation. Projeto Classificado no
Edital Sociedade da Informação, Fundação de Ciência e Tecnologia de São Paulo (FAPESC).
Brasília, 2002; (2) TISTAD, Per (Coord.); SAMPAIO, Carlos Alberto Cioce; et al. IT
Vocational Training Program. Project submitted to Alliance for The Information Society
Support for The Project Participation to @Lis Pilot & Demonstration Projects, European
Commission. Stockholm (Sweden). 2002.
57
O conceito de resiliência consiste na capacidade da natureza de recuperar-se de forma
natural (CALCAGNI et al., 1999).
52
acima da média do mercado, valorizando-se a capacitação contínua dos trabalhadores e,
mercado pode deixar de ser uma referência passando a ser norteado por imperativos
difícil compreensão para o público leigo e em obstáculo quase intransponível para parte do
público dito “ilustrado”. Seu entendimento pressupõe, entre outros, um esforço tenaz de
superação da dicotomia economia formal versus economia informal - que, aliás, não traduz a
complexidade da economia real -, além da incorporação, num debate social cada vez mais
53
CAPÍTULO 5: PROCESSO DE TOMADA DE DECISÃO SOB A PERSPECTIVA DA
EXTRA-RACIONALIDADE E DO ENTORNO EXTRA-ORGANIZACIONAL
as pessoas podem fazer e o que elas querem fazer (ELSTER Apud PECI, 2003). Em outras
indivíduo é livre positivamente na medida em que nenhum outro homem ou nenhum grupo
interfere nas decisões desse indivíduo; e quando a liberdade tem relação com a área de
controle e não com a sua essência, têm-se, assim, os preceitos de liberdade negativa
(BERLIN, 1979).
múltiplas alternativas de ação, variando ora ante ao estado de ânimo dos decisores ora
(SAMPAIO, 2000).
lógica (DAMÁSIO, 1995, 1999; LENT, 2004). Entretanto, a racionalidade não está isenta
de contradição, isto é, ela pode ter um componente ilógico quando se sobrepõem interesses
58
Sabe-se que na prática, muitas vezes, há dificuldade de situar determinados fatores
como compondo o ambiento externo ou o interno, sobretudo quando se considera a
perspectiva interorganizacional (SAMPAIO, 2000).
54
individuais sobre sociais ou, ainda, racionais sobre emocionais 59. A racionalidade é sempre
um atributo individual, todavia não isolado do coletivo (SOUTO-MAIOR, 1998), como Hegel
(Apud CHANLAT, 1998, p. 10) aponta: a realidade humana só pode ser social: é preciso, ao
menos, ser dois para ser humano ou, ainda, como apregoa a chamada inteligência coletiva,
que pode ser definida como trabalhar em comum acordo, isto é: aproveitando a diversidade
pequenos grupos são mais eficientes e viáveis do que grandes grupos, ou seja, quanto maior
o grupo menos ele promoverá seus interesses comuns (OLSON, 1999) 60.
embutidos no senso coletivo. Geralmente, o senso comum não pode ser especificado,
seguinte questionamento: a final de contas é racional para quem? Podendo inferir que toda
vez que um indivíduo escolhe uma norma de ação em lugar de outra está se ordenando a
partir de uma lógica, muitas vezes, baseadas no coletivo. Portanto, não existiriam
1986).
59
O piloto encarregado de aterrizar um avião, em condições atmosféricas desfavoráveis,
não pode permitir que os sentimentos perturbem sua atenção aos por menores. E, no
entanto, precisa de sentimentos para não se desviar dos objetivos de seu comportamento,
como o de responsabilidade pela vida dos passageiros. Ou, ainda, que emoções não
controladas e mal orientadas podem constituir em um comportamento irracional, tampouco
negar que um raciocínio aparentemente normal pode ser perturbador por inflexões sutis
enraizadas nas emoções, a exemplo: (a) 10% das pessoas que sofrem acidentes nas estradas
morrem; (b) 90% das pessoas que sofrem acidentes nas estradas sobrevivem. Embora (a) e
(b) digam a mesma coisa, se tem a impressão que não! (DAMÁSIO, 1995).
60
De qualquer maneira, contribui para desfazer o mal entendido provocado pela metáfora
tragédia dos comunas, sugerindo que indivíduos que utilizam conjuntamente o mesmo
recurso são incapazes de se auto-organizarem e, assim, engajarem em uma ação coletiva.
Diferentemente do livre acesso, portanto, sem controle de usuários, a propriedade comunal
ou comunitária significa que o recurso deve ser controlado por uma comunidade definida de
usuários que, por sua vez, podem excluir outros usuários e regulamentar os usos (BERKES
In: HANNA et al., 1996).
55
A racionalidade vem sendo historicamente sistematizada em tipologias, tais como:
(WEBER, 1999; RAMOS, 1981; HABERMAS, 1989; HOBBES, 1979); e a chamada extra-
dando esmola a um mendigo sem ter a intenção de livrar-se dele, porém tendo a intenção de
subjetividade está conectada ao mundo das idéias, ou seja, ao mundo dos sentimentos
61
Embora Hobbes tenha relativizado o cálculo individual ao coletivo, o utilitarismo
hobesiano é empregado pejorativamente na literatura como cálculo meramente individual.
56
Um processo de tomada de decisão organizacional pode ser conduzido a partir da
utilitarista econômica, sob o sentir condicionado, ou seja, é quase uma máxima sentir-se
bem quando se alcançam resultados econômicos favoráveis, não se importando com o que
aconteceu com outros sujeitos. A teoria econômica neoclássica tem como premissa básica
utilitária coletiva, sob a égide do atuar ético, isto é, preocupando-se também como que os
resultados serão alcançados 62. E, por último, a emoção se manifesta baseada na pré-
racionalidade, sob a interação entre o atuar ético e o sentir autêntico, isto é, aquele
idéias é muito diferente do mundo da ação: o que pode ser dito nem sempre pode ser feito.
Além do mais, há diferenças tanto nos sistemas de produção de idéias e ações quanto na
velocidade em que as idéias e as ações são produzidas, em outras palavras: as idéias podem
das idéias e à produção de ações, em outras palavras, ao processo de tomada de decisão 63.
Tal como sugere a neuroeconomia quando desmistifica que o processo de tomada de decisão
62
Segundo Ramos (1989), os principais representantes da Escola de Frankfurt:
Horkheimer, Adorno, Marcuse, Habermas e outros tentam restabelecer o papel da razão
como categoria ética, tal como concebia Aristóteles.
63
Damásio (1995) aponta que danos cerebrais em uma área específica do córtex pré-
frontal, onde processam emoções secundárias (empatia), com funções normais - linguagem,
habilidades motoras, atenção memória, inteligência - tem dificuldade para tomar decisões
triviais.
57
é resultado final de um acordo entre agentes (neste caso, agentes econômicos) firmado sob
sugere que as emoções exercem também papel central, sobretudo quando as decisões são
filtro da emoção, isto é, quando um indivíduo passa por uma situação que exige reação
seleção lógica (DAMÁSIO, 1995, 1999; ECKMAN, DAVIDSON, 1994). A emoção não é o
sensível, nem o percebido, porém é o querer, anterior à razão, à lógica que esquematiza e
julgar o subjetivo, o que pode existir realmente é o medo das conseqüências que pode ter
vai sofrer as conseqüências das ações planejadas, tal como se vê em um arranjo produtivo
local, e não considerar apenas a perspectiva do parecer técnico dos especialistas (BERKES
58
A dimensão tácita do conhecimento ou, também chamada, extra-racional é de
difícil valorização racional, entretanto, não podendo ser considerado como irracional 64. É
um conhecimento que se comparte no âmbito local, nos simbolismos do saber local (DROR
conhecimento existe nos níveis de consciência ampliada dos mais profundos que, de fato, é
cultural-social territorial. Por sua vez, quando este é racionalizado como modo de produção
com seus mestres e apreendem sua arte através da observação, imitação e prática,
considerado um saber local. É quase axiomático que o bom artesão ou o bom gestor é aquele
64
Segundo Granger (2002), a própria forma lingüística da palavra irracional é
manifestamente negativa ... (p. 11), entretanto, ... consiste na ausência de coerência de um
sistema de valores ... por impossibilidade de colocá-los em aplicação simultaneamente (p.16).
59
CAPÍTULO 6: ESTADO ATUAL DO CONHECIMENTO SOBRE EXPERIÊNCIAS DE
ECOSSOCIOECONOMIA DAS ORGANIZAÇÕES
Social Empresarial (RSE), Economia de Comunhão (EdC) e Economia Solidária (ES). Para
efeito deste estudo priorizou três correntes da ES: Comércio Justo, Bando dos Pobres e
conhecimentos ou modos de vida ou, ainda, como estes estão sendo relevados nos processos
chilenas, sobretudo pelo exoticismo natural quando comparado com a realidade brasileira.
65
Diante da complexidade das experiências de Agenda 21 local, foram descritas com mais
densidade.
60
A Agenda 21 (2000) é um compromisso internacional de alta cúpula governamental
e não-governamental que assumiu o desafio de incorporar nas políticas públicas dos países
com a Agenda 21. Contudo, a pesquisa não relevou o estágio atual de implantação da Agenda
21 nestes municípios e tão pouco sua formalização legal 66. Cerca de 53% destes municípios
não declararam ter Fórum da Agenda 21 instalado, o que evidencia a falta de representação
2005).
debates públicos, nos quais surgem estratégias coerentes com um novo estilo de
66
Uma Frente Parlamentar Agenda 21 (supondo que tenha sido instalada no Congresso
Nacional), realizado em 2003, apontava aproximadamente 300 municípios brasileiros como
tendo assumido a Agenda 21 Local como principio básico para o seu desenvolvimento
(CAPRILES, 2005). Claro que com este dissenso estatístico, desconfiam-se dos números
apresentados pelo IBGE, mesmo porque, no mesmo documento, aponta que cerca de 60%
dos municípios da Região Nordeste apresentam Agenda 21, que, na prática, parece ser um
contra-senso.
61
região, estado e federação. Os Fóruns são compostos por representantes da sociedade
civil, do mercado e do Estado, e geralmente são constituídos por Grupos de Trabalho que
(SAMPAIO, 2005a).
familiar e pelos impactos negativos - cada vez mais intensos - da especulação imobiliária e
ressaltar que embora a experiência chilena não faça referência a denominação fórum, há
ecodesenvolvimento. Este trabalho vem sendo conduzido pelo Núcleo do Meio Ambiente e
67
Márcia é graduada em turismo e mestranda em desenvolvimento regional pela
Universidade Regional de Blumenau (FURB), e Guilherme é graduado em ciências sociais e
mestrando em agroecossistemas pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
62
continuidade a um projeto de doutorado que estava em curso nos meados de 2000 68. Após
firmando um acordo que resultaria mais tarde da criação do Fórum de Agenda 21 da Lagoa
de Ibiraquera 69.
tecido social seriamente desgastado pela crise do setor pesqueiro e da agricultura familiar,
pelos impactos negativos - cada vez mais intensos - da especulação imobiliária e do turismo
de massa, e pela hegemonia de uma cultura política conservadora e clientelística 70. Tratava-
se da fase inicial de um programa de longo fôlego de extensão acadêmica, numa área dotada
de rara beleza paisagística, onde vivem atualmente cerca de 5.000 habitantes (62% são
nativos da área, 33% são migrantes e 5% mantém residências secundárias 71) distribuídos
em oito pequenas comunidades - Limpa, Arroio, Araçatuba, Grama, Campo Duna, Ibiraquera,
Barra da Lagoa e Alto Arroio, sendo que cerca de 90% destas, estão situadas no município
uso direto chamada de Área de Proteção Ambiental (APA) da Baleia Franca 72. Esta era até
então uma das mais recentes Unidade de Conservação criada no Brasil, através do Decreto
68
SEIXAS (2002).
69
No ano de 2003, a UFSC conseguiu apoio financeiro do Fundo Nacional de Meio Ambiente
(FNMA) do Ministério do Meio Ambiente (MMA), com o projeto intitulado Manejo
Integrado da Pesca na Lagoa de Ibiraquera, que teve como objetivo trabalhar com as
comunidades que vivem da pesca na Lagoa de Ibiraquera, respeitando os princípios do
Fórum da Agenda 21 Local (MUNDIM, 2005).
70
SAMPAIO (2005a).
71
Estudo survey não estratificado realizado entre 2001 e 2002 pelo NMD/UFSC com cerca
de 300 famílias, que representam pelo menos 10% dos domicílios localizados no entorno71.
72
NMD (2003).
63
s/n de 14 de setembro de 2000. O referido Decreto sinaliza o objetivo da APA como sendo
garantir o uso racional dos recursos naturais da região, ordenar a ocupação e utilização do
solo e das águas, ordenar o uso turístico e recreativo, as atividades de pesquisa e o tráfego
mar - são de propriedades comum, o que permite aos grupos de usuários poderem se
organizar de forma associativa, pautando suas ações por regras coletivas de uso dos
recursos naturais que se desenvolveram por mais de dois séculos de exploração pesqueira 73.
Laguna, ambos em Santa Catarina. No estado, esta configura-se como sendo a principal área
de preservação da baleia franca, que aparece na zona costeira durante os meses de julho a
novembro 74.
vivendi da população local. Desde o ano de 1880, quando a localidade de Ibiraquera recebeu
agricultura passam a ceder espaço para uma nova atividade econômica: o turismo. Com isso,
ávidos pelo lucro imediato, vendem-nas a um preço irrisório para imobiliárias. Essas últimas
73
ARAÚJO, SAMPAIO (2004).
74
MUNDIM (2005).
64
áreas agricultáveis, transferindo para o turismo, a mão de obra antes utilizada para a
agricultura 75.
Em entrevista a um agricultor, morador local, este afirma que não tem mais interesse
na atividade agrícola. Ele se justifica afirmando que já não consegue mais pessoas para
auxiliá-lo e porque acredita que há outras formas de ganhar mais dinheiro, por exemplo,
respeitam a distância entre a lagoa e a área construída (36 metros na maré mais alta)
um canal de ligação para o mar, que permanece fechado durante a maior parte do ano. A
abertura deste canal pode ocorrer naturalmente ou, com mais freqüência, pela ação humana
peixes e camarões se renova. Até alguns anos atrás, a abertura da barra era decidida pelos
abertura seja feita com vistas ao escoamento do esgoto in natura, que em geral, estão
75
Idem.
76
MUNDIM (2005).
65
camarão, que tem sido alvo de muitas dúvidas, reclamações e, inclusive, demandas por
desde o ano 2000, e que atualmente encontra-se embargada, devido ao descaso existente
com questões sociais e ambientais. Os motivos principais destes conflitos são: que a
espécie cultivada (camarão branco do pacífico - Litopenaeus vannamei ) não é a mesma que
se encontra presente na dita lagoa; a água utilizada para a enchente dos viveiros de cultivo
tempo que o camarão demora até atingir o tamanho comercial). A água que é devolvida para
fatos que induzem à poluição da lagoa; a fazenda não respeita o mínimo de distância entre a
mais alta; a fazenda está localizada ao lado de um cemitério. A comunidade vem tomando
77
NMD (2003).
66
identificando e elaborando projetos de desenvolvimento local orientados no sentido do
momento, quando se espera que o diagnóstico esteja finalizado, o Fórum terá como desafio
inter-relações múltiplas dos Grupos de Trabalho (GTs), que compunham o Fórum da Agenda
complexo-sistêmica. Tanto que, atualmente, nem sequer existem mais tais GTs. Quanto a
por fotos aéreas, comprova-se o aumento da área de vegetação na região, eles não
enxergam a si próprios como agentes de degradação, isto é, problemas são e estão sempre
78
Estatuto do Fórum da Agenda 21 Local da Lagoa de Ibiraquera (2002).
67
no outro. Por exemplo, os proprietários de pousadas que construíram seus equipamentos no
morro da Praia do Rosa, ocupando quase a área total do terreno e, que, conseqüentemente
acabam derrubando a mata nativa, não consideram seus empreendimentos como sendo
impactantes, mesmo porque, justificam eles, tudo esta conforme a legislação municipal 79.
intocada). Ou, então, entre as populações tradicionais e as que migraram de outros lugares
para viver em Ibiraquera, que, aliás, são características comuns entre arranjos
contradições sejam superadas, mesmo porque a diversidade cultural é desejada, mas que ao
menos se consiga dialogar sobre temas de interesse comum. Contudo, conseguiram frear
tanto o equilíbrio quanto o acesso e uso da biodiversidade costeira, e ainda relevar na etapa
dunas, praia e mar), tal como se está refletindo na concepção de uma reserva extrativista
de espelho de água para a área que, aliás é uma experiência pioneira pela suas
79
MUNDIM (2005); ARAÚJO, SAMPAIO (2004).
80
SAMPAIO (2005a).
68
entre outras - a busca de revitalização da pesca e da aqüicultura, a criação de alternativas
tinha aprendido com seu pai e que passaria para seu filho, e que não trocaria a pesca por
nada 81.
6.1.2 Projeto Fortalecimento da Identidade Cultural, Melhoramento da Gestão
Ecoturística e Habilitação em Inovação Tecnológica para uso Sustentável dos Recursos
Naturais associados às margens costeiras da Comunidade Indígena Tralcao Mapu
(Município de San Jose de la Mariquina, Región Los Lagos, Chile), vinculado ao
Programa Ecorregião Os Lagos Sustentáveis
G. 82
Tralcao 83 é uma localidade cujo nome deriva da expressão tralkan, que significa em
pertencendo à comuna de San José da Mariquina, na Província de Valdivia, Região dos Lagos,
81
VIEIRA (2004).
82
Maurício é graduado em antropologia e Carolina é graduada e especialista em turismo,
ambos pela Universidad Austral de Chile.
83
Tralcao, igual a grande parte do território nacional, apresenta em sua história ter sido
afetado por diversos movimentos sísmicos, de intensidades variáveis, sendo o mais grave o
ocorrido a 22 de Maio de 1960, que abarcou desde Concepção até Porto Aysén, e que
atingiu sua máxima intensidade em Valdivia com 9.5 na escala de Richter. Este terremoto
provocou inundações na zona quando os terrenos baixaram em média entre 1,5 a 3 metros.
84
Depois de um duro processo de radicação parcial dos mapuche-huilliches (índios do Sul do
Chile), produziu-se o último levantamento indígena nos meados de 1881, etapa em que
intervém o exercito chileno sob a denominação Pacificação da Araucanía, dizimando a
reduzida população local e considerando-os como cidadãos da República de Chile (BENGOA,
1985).
69
e Pichoy, os quais margeiam todo o território comunitário e o esteiro Collimaico pelo lado
oeste, no qual cruza de norte a sul à localidade, sendo o referente hidrográfico secundário
território até hoje em pequenas propriedades familiares, similares aos de seus ancestrais,
vida intimamente associado a terra e sua biodiversidade, estratégia esta que lhes conecta
constrói relacional e comunitariamente, que, por sua vez, conduziu-os a serem capazes de
fazer uso funcional de uma identidade étnica reconstruída cotidianamente, sobretudo sob
nacional, que sob uma política desenvolvimentista conduziria a modernidade à estas zonas
adaptadas aos cultivos originais, respeito ao uso do mapudungun embora poucas pessoas
saibam ainda algumas palavras ou que recordam que seus pais e avôs se comunicavam nessa
85
GISSI (1997); SAAVEDRA (2002).
70
desconhecido para o modo de vida deste povo, carregando consigo desvantagens históricas
pequenas estufas. Os principais produtos que se cultivam são batata, milho, feijão, arveja,
fava, acelga, chalotín e alface. No caso da lavoura de aveia e trigo, ao não contar com
recursos para comprar sementes nem fertilizantes, faz-se por arrendo ou aluguel de seus
campos, obtendo uma percentagem da colheita como pagamento, o que nem sempre é justo.
A maioria das famílias cria aves como galinha, pato, peru e ganso; animais como cordeiro,
porco e bovino em menor proporção. Destina-se boa parte das hortaliças, bem como aves e
frutas para serem comercializados principalmente no mercado fluvial de Valdivia. Com isto
compram farinha e gás, pagam luz, água potável (fornecida a partir de um poço artesiano),
produtos, o que inclui chicha de maçã (bebida alcoólica de fabricação caseira de uso
cotidiano).
próprios de uma sociedade globalizante com seus modelos organizacionais, entre as que
figuram: Escola Rural com sistema unidocente e multigradual, que atende entre 6-10 alunos
até 6° ano básico; Junta de Vizinhos; Comitê de Água Potável; Comitê de Pequenos
86
Idem.
71
ecoturismo, e manejo agrícola (hortaliças, frutíferas, apicultura, etc.) sustentável, sendo
que esta última qualificação foi deflagrada a partir da contaminação do estuário. Este
grupo de organizações constitui hoje uma rede de apoio mútuo que, por sua vez, lhe permiti
articular diferentes redes que respondem a variados âmbitos de seus afazeres, entre os
quais estão Centro de Estudos Ambientais (CEAM) e outros órgãos da Universidade Austral
do Chile, Associações Indígenas, ONGs como Acción para los Cisnes, WWF e Comissão
RAMSAR 87; Plataforma Komyuniti: Cooperativa Comércio Justo Chile, Iniciativa Agentes
comentado.
87
A Convenção sobre Ambientes Úmidos, firmada em Ramsar, Iran, em 1971, é um tratado
intergovernamental que serve de marco para a ação nacional e a cooperação internacional
em prol da conservação e uso racional dos ambientes úmidos e seus recursos. Há
atualmente 154 partes contratantes na Convenção e 1641 ambientes úmidos, com uma
superfície total de 146 milhões de hectares, designados para ser incluídos na Lista de
Ambientes Úmidos de Importância Internacional de Ramsar (The Ramsar Convention on
Wetlands, 2007).
88
Contou com o apoio do Instituto de Turismo, Instituto de Antropologia (através do
estágio de conclusão de curso de Mauricio Huenulef) e do Programa de Honor / Centro de
Estúdios Ambientales (CEAM), todos órgãos vinculados a Universidad Austral do Chile.
72
desenvolvimento regional sustentável. Este programa está sendo implementado, em uma
Corral, Panguipulli, Futrono e Lago Ranco, o qual é liderado por um consórcio integrado
pelo Fundo das Américas-Chile, Centro de Estudos Agrários e Ambientais (CEA), Agrupação
governança entre chefes de serviços públicos regionais que se valem de seus respectivos
sociais, demográficas, espaciais, entre outras. De igual modo se elaborou uma cartografia,
englobando dados básicos representando a rede hídrica, vias de acesso, curvas de nível e
lugares prioritários, dados de capacidade de uso de solo, Áreas de Valor Natural: Sistema
Nacional de Areas Silvestres Protegidas del Estado (SNASPE), áreas protegidas privadas,
bosques e sua biodiversidade, planos de manejo, etc.. Quanto aos dados econômico-
89
BUSTAMANTE, AZURMENDI (2004).
73
sanitários. Dados sociais: organizações atuantes, comunidades indígenas, projetos do Fondo
de Solidaridad e Inversión Social (FOSIS), Programa das Nações Unidas para o Meio
Ambiente (PNUD), Fondo de las Américas (FDLA), escolas, cemitérios, etc.. Além de
deflagar outras ações concomitantemente com o diagnóstico, há ações mais pontuais como
empresariais 90.
realidade, a partir dos próprios atores locais, relevando problemas, tais como:
90
Idem.
74
ecoturismo. Após aprovado o projeto, permitiu iniciar um diálogo mais sistemático em torno
Celulosa Arauco e Constituição S.A. – CELCO (com grande repercussão na mídia nacional),
na qual acabou pondo fim a uma boa parte da vida silvestre que fazia da localidade um lugar
privilegiado para a observação dos hoje quase inexistentes cisnes de pescoço negro (Cygnus
melancoryphus, espécie rara na região que despertava interesse). Muitos cisnes morreram
lentamente de fome devido à desaparição do luchecillo (Egeria densa) 91, fonte principal de
sua alimentação 92. Os habitantes foram gravemente afetados em seu patrimônio natural e
optaram por sair em defesa de seu território para denunciar este desastre ambiental
Sustentável dos Recursos Naturais contou com os apoios do Instituto de Turismo, através
Chile (UACH). Teve-se como objetivo gerar uma proposta de turismo na qual valorizava o
91
O luchecillo (Egeria densa) desapareceu devido às altas concentrações de sulfato
evacuadas pela indústria de celulosa que fizeram diminuir o bicarbonato de cálcio
necessário para que se obtenha dióxido de carbono [CO2], que permite realizar a
fotossíntese (UACH, 2005).
92
Idem.
75
patrimônio cultural e natural da comunidade indígena. A fase preparatória da proposta
técnico sobre temas como turismo e desenvolvimento local, comoção nacional a respeito da
crise do Santuário que acaba projetando Tralcao; Debilidades: pouca participação dos
93
CÁRCAMO (2005).
94
Caudilhismo é o exercício do poder político caracterizado pelo agrupamento de uma
comunidade em torno do caudilho. Em geral, caudilhos são lideranças políticas carismáticas
ligadas a setores tradicionais da sociedade (como militares e grandes fazendeiros) e que
baseiam seu poder no populismo. Muitas vezes, líderes são chamados de caudilhos quando
permanecem no governo por mais tempo do que o convencional. O caudilhismo se apresenta
como forma de exercício de poder divergente da democracia representativa. No entanto,
nem todos os caudilhos são ditadores: às vezes podem exercer forte liderança autocrática
e carismática mantendo formalmente a normalidade democrática (Wikipédia, 2007)
76
anteriormente; Ameaças: pelas circunstâncias da contaminação ambiental provocada pela
prazo que pudessem motivar a comunidade, como a realização de um concurso para eleger
os melhores jardins, cuja finalidade era melhorar as fachadas das propriedades rurais, e
95
CÁRCAMO (2005).
77
Enfim, o desenho de uma proposta turística com participação local procurava
modos de vida e o uso do tempo são distintos do padrão urbano. Parte dos benefícios da
freqüente escutar: sim, estive com os da universidade e lhes ensinei como se semeia ou
como se chama tal planta. Por outro lado, jovens universitários puderam conhecer na
realidade concreta, e bem como em suas cálidas palavras e entusiasmo por ajudar uma
confundido com três delas: turismo cultural ou etnoturismo (incluindo o turismo indígena),
estilos de vida tradicionais (BARRETTO, 2004). Mesmo podendo ser considerado como
78
turismo cultural, o turismo indígena se restringe a observação ou convívio com povos de
nações minoritárias sujeitadas às histórias coloniais, mas com direitos que preservam sua
autonomia (ILO, 1991). Embora o termo ecoturismo esteja atualmente vulgarizado, a sua
principal motivação para viagem é o desejo de ver ecossistemas em seu estado natural, sua
vida selvagem assim como sua população nativa (SCHEYVENS, 1999). O Agroturismo
subsistemas, como por exemplo educação, saúde e meio ambiente, ou seja, o turismo
(sustentável) a partir da própria comunidade, o que poderia ser destacado como segunda
característica, no qual promove, entre outras coisas e o que seria a terceira característica,
distintos no qual congregam conhecimento formal e tradicional e que na sua essência supera
reconstruindo o interesse pelo outro, pelo diferente, pela alteridade, pelo autêntico, enfim,
79
As experiências de turismo comunitário vêm chamando atenção, sobretudo pela
Acolhida na Colônia com sede em Santa Rosa do Sul (SC) e Projeto Montanha Beija-Flor
Dourado (Micro-bacia do Rio Sagrado, município de Morretes, PR) – e três chilenos - Rede
de Agroturismo em Chiloé (Región Los Lagos), Rede de Turismo Rural Licanhasi (sede San
Pedro de Atacama, Región Antofogasta) e Rede de Parques Comunitários Mapu Lahual (San
Ceará, Fortaleza, na Região do Nordeste brasileiro. Diante de uma luta comunitária contra
a grilagem de suas terras, foi criada em 1989 a Associação Comunitária do Canto Verde.
Desde, então, vem combatendo também outros problemas na área: pesca predatória,
socialmente, para melhorar a renda e o bem-estar dos moradores e, ao mesmo tempo, para
preservar os valores culturais e as belezas naturais da região. Este projeto de turismo foi
96
MUNDIM (2004).
80
organizado pelo Conselho de Turismo, criado em 1997, que, por sua vez, está vinculado a
artesanal 97.
seja, o próprio modo de vida 98. Isto é, estratégias comparativas pouco percebidas na
turística se iniciou com famílias que puderam, com recursos próprios ou tomando
97
A Prainha do Canto Verde já coleciona duas premiações: (1) Prêmio To Do, versão 1999,
por ter sido considerado projeto de turismo socialmente responsável; e (2) TOURA D’OR
2000, por melhor filme documentário sobe turismo comunitário (MENDES; CORIOLANO,
2003).
98
MENDES; CORIOLANO In: CORIOLANO; LIMA (2003).
81
empréstimo de um fundo rotativo de recursos da associação comunitária, construir quartos
desafios não são pequenos, como em qualquer outra experiência. Ressalta-se o desrespeito
sensibilizar a comunidade para que ela se identifique como parte de todo esse processo,
6.2.2 Acolhida na Colônia (com sede no município de Santa Rosa de Lima, SC, BR)
Agricultores Ecológicos das Encostas da Serra Geral (AGRECO), com sede no Município de
Santa Rosa de Lima, compreendendo os municípios situados nas cabeceiras dos rios Braço
99
IVT (2004b)
100
MUNDIM (2004).
101
Márcia é graduada em turismo e mestranda em desenvolvimento regional pela
Universidade Regional de Blumenau (FURB).
82
trabalho. Em 1999, AGRECO expandiu seu trabalho, envolvendo diretamente 211 famílias de
desenvolvimento rural sustentável. Este projeto incentiva o turismo no meio rural através
belezas naturais: fontes de águas termais, matas, montes, vales e rios. A cultura local
ucranianos que até hoje exercem influência sobre a cultura na região. A economia se baseia
para turistas poderem vivenciar esta experiência, reunidos sob a denominação Projeto
102
ACOLHIDA NA COLÔNIA (1999 apud CABRAL, SCHEIBE, 2004).
83
Uma central de reservas distribui os turistas de forma a privilegiar todos os
vida familiar campesino e que, ainda, produzem produtos sem agrotóxicos. A AGRECO
preservação da sua cultura e do meio ambiente. As Universidades são sócias nesse sentido,
emprego do agroturismo já representa cerca uma boa parcela da renda familiar nos meses
experiência mas também usufruir dos meios de hospedagem oferecidos, podendo vir se
103
TORESAN et al. (2002).
84
Com contribuições de Moreno Bona Carvalho e Fernando H. R. Almeida 104
produtos locais, não permitindo assim a geração de renda necessária ao sustento das
agroindustrialização de produtos in natura em sua sede (onde está instalada uma cozinha
proprietários não pertencentes à região trás consigo pressão social caracterizada por
efeito demonstrativo (através da comparação das posses de bens entre vizinhos, acabam
atividades da pequena propriedade rural, tais como derrubada de mata nativa, muitas vezes
104
Moreno é graduado em Direito pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR)
e pós-graduado em Gestão Ambiental pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), e
Fernando é graduado pela Faculdade Curitiba e pós-graduado em Relações Internacionais
pela UFPR, ambos são pesquisadores do Instituto LaGOE.
85
quantidades pequenas. Além da extração sem manejo devido, ocasionando exploração
nativa. Existência de esgotos sanitários residenciais para fossas sépticas fora dos padrões
exigíveis pelos órgãos sanitários ou, em alguns casos, quando se lança diretamente o esgoto
nos corpos hídricos. Constata-se que a maioria dos impactos ambientais causados na
105
MARCHIORO (1999).
106
Instituto LaGOE: Laboratório de Gestão de Organizações que promovem o
Ecodesenvolvimento, com sede em Curitiba (www.lagoe.org.br).
107
O enfoque de uma Zona Laboratório de Educação para o Ecodesenvolvimento
fundamenta-se em experimentações epistemológicas sistêmica-construtivistas pressupondo
que todo conhecimento do mundo permanece hipotético e falível, mas passível de evolução
mediante a detecção e a eliminação sistemática de erro; se reconhecem os esforços de
elucidação das crenças, valores e atitudes dos atores sociais distanciando-se da aversão
que se tem por subjetividade e a dimensão tácita do conhecimento, de equipes
multidisciplinares e de pesquisas inter e transdisciplinares na tentativa de complexificarem
o entendimento de fenômenos contextualizados na conexão entre sistemas culturais e
ecológicos, e que a ética se encontra mais próxima da sabedoria do que da razão e a ação
social humana não se limita sob o cálculo de ganhos individuais, mesmo porque não se sabe
ao certo onde e termina as fronteiras entre coletividade e individualidade; e se valoriza o
estilo de pesquisa-ação comunitária na qual se releva conhecimento tradicional como
86
Beija-Flor Dourado de modo que os primeiros resultados de curto prazo alcançados
prazo 108.
permanente e secundária (chácaras de finais de semana). Uma das famílias possui uma
não residentes -, ainda que oxigenados por experts, o projeto piloto está se constituindo
contando ao longo do percurso estórias sobre fauna e flora, extração de ervas e fabricação
científico (POLANY, 1983; BERKES In: HANNA et al., 1986; VIEIRA, 1999, 2002, 2003;
VARELLA, 2003; MAX-NEEF, 2005).
108
SAMPAIO et al. (2006a; 2006b)
87
pesquisadores, professores e pessoas simpatizantes com a perspectiva do
arranjo socioprodutivo de turismo comunitário que vêm começando a gerar uma dinâmica
entre turistas conscientes e comunidades que primam por um desenvolvimento que lhe é
6.2.4 Rede de Agroturismo de Chiloé (Isla de Chiloé, Región Los Lagos, CH)
convocar e capacitar vinte famílias distribuídas em todo Arquipélago de Chiloé, para que
direitos e obrigações dos membros da Rede são regidos por estatutos da organização e
pelos valores que se estabelecem como organização. Na fase inicial do projeto pertenciam à
Associação 27 grupos familiares, entretanto, por distintas razões (distância dos centros de
109
Prof. Edgardo é Diretor do Instituto de Turismo da Universidad Austral de Chile
(UACH), e Carolina é graduada e pós-graduada em turismo pela UACH.
88
distribuição de importância, desmotivação e baixa recepção de turistas) o grupo diminuiu
ilha é temperado chuvoso com influência mediterrânea, o que lhe caracteriza por
apresentar precipitações que superam os 60 mm. durante a estação mais seca. Os cursos de
água que destacam em Chiloé podem ser definidos como rios com regulação lacustre e
seus bosques sempre verdes onde destacam baias, bosques nativos, rios, ilhas, lagoas,
parques naturais e praia. Chiloé possui uma identidade reconhecida como única, resultado
por outra, por sua condição de Arquipélago que se caracteriza pelo relativo isolamento, na
qual permaneceu menos permeável às influencias externas, o que marcou sua estrutura
lençóis, etc.), cestarias (nocha, junquillo, quiscal, coirón, etc.), trabalhos em madeira,
Gonzalez), cemitérios indígenas, cestaria, curanto chilote (tipo de paella espanhola) são
110
OYARZÚN, CARCAMO (2001).
89
As atividades econômicas predominantes são pesca e turismo, e em menor escala
partir da rede de agricultores familiares que oferecem hospedagem para turistas poderem
vivenciar esta experiência 111. Apesar das barreiras idiomáticas, os estrangeiros são os que
melhores se adaptam ao estilo de vida chilote. O contato com o turista impacta ora
do meio ambiente natural entre membros da rede, produzindo um efeito demonstrativo aos
6.2.5 Rede de Turismo Rural Licanhuasi (município de San Pedro de Atacama, Región
Antofagasta, Ch)
113
Com contribuições de Daniela D. Rosenberg G. e Leonie M. Kausel K.
A Rede de Turismo Rural Licanhuasi tem suas origens no ano de 1999, quando as
estabelecia no entorno de San Pedro, considerado como uma das mais importantes
111
SAMPAIO et al. (2005d).
112
OYARZÚN, CARCAMO (2001); SAMPAIO, OYARZÚN (2005).
113
Baseado no formulário qualitativo de coleta de dados preenchido pelas estudantes na
ocasião da disciplina Filosofias do Desenvolvimento, coordenada pelo Prof. Dr. Carlos
Alberto Cioce Sampaio com apoio dos Professores Juan Carlos Skewes e Luis Otero,
vinculado ao Programa de Honra em Estudos de Meio Ambiente e Desenvolvimento da
Universidade Austral do Chile (UACH).
90
destinações turísticas internacionais do Chile. Oferecia, assim, uma alternativa diferente
conhecimento ancestral. Seus habitantes são os proprietários das terras desta região,
costumes e tradições similares. Seu principal símbolo cultural está dado por seu patrimônio
circular e paredes de barro. Grande parte da aldeia está sepultada sob areia, no entanto
existe um setor escavado e contíguo a ele, uma réplica das moradias. Existe uma sala de
visitação com mostra de artefatos e fotos. Neste lugar se oferece ao visitante uma
município de San Pedro de Atacama. A Rede atua dentro do Parque Nacional Os Flamengos,
Tulor. O Parque está localizado a 104 kms, ao sudeste de Calama (aonde situa o aeroporto
que dá acesso a San Pedro de Atacama). O clima é principalmente árido típico de deserto
que, aliás, é o considerado mais seco do planeta, com oscilações significativas: altas
91
temperaturas durante o dia e baixas extremas pela noite. Entre as espécies vegetais estão
tola de água e tola amia. Nos terrenos planos e ondulados, bem como em ladeiras de vulcões
e montanhas se encontram a llareta e a palha brava; nas margens dos corpos d’água são
zonas - Soncor, Salgar de Atacama, Aldeia de Tulor, Lagoas Miscanti e Miñiques e Vale de
la Luna, onde a fauna difere de um setor para outro. No setor do Salgar de Tara,
predominam roqueríos, vicuñas e raposas culpeo e cinza. Nos planos arenosos, os cholulos;
perdigueiros.
atividade turística, na qual a Rede de Turismo Licanhuasi representa uma alternativa local
nos seus diferentes ofícios, abarcando uma série de atividades como o manejo do
Peine, Machuca, Solor, Toconce, Socaire, Ollague e Cupo, que estavam interessadas de
participar da rede que se estruturava. Com o passar dos anos, outras comunidades se
92
privadas que colaboraram nesta iniciativa, financiando parte da infra-estrutura que se
tal iniciativa, desenvolveram-se atrativos que poderiam integrar circuitos temáticos sob o
organizados por uma agencia de turismo da própria Rede Licanhuasi, contando com guias
dá em áreas de maior atrativo turístico nas quais congregam usos e acessos de recursos
do marco da gestão da reserva. Além disso, a Rede não está apenas disposta a melhorar o
bem-estar econômico das comunidades autóctones, mas também a qualidade de vida dessas,
pois a zona apresenta falências nas áreas da saúde, moradia e educação, sendo difícil para
93
diferentes entidades e programas governamentais, como os implementados por CONADI
6.2.6 Red de Parques Comunitarios Mapu Lahual (San Juan de la Costa, Región Los
Lagos, Ch)
O Parque Lafkem Mapu Lahual, que na língua indígena designa mar e terra das
Alerces (Fitzroya cupressoides, arvore milenar de grande longevidade: as mais antigas que
se conhecem vivem mais de 3.000 anos), consiste na criação de três áreas protegidas
sobretudo para garantir a proteção de espécies endêmicas 117 (World Wildlife Fund – WWF,
e o Banco Mundial catalogaram como um dos 200 ecossistemas mundiais que ainda
114
Baseado no formulário qualitativo de coleta de dados preenchido pelos estudantes na
ocasião da disciplina Planejamento Ambiental de Empresas de Turismo e Lazer, ministrada
pelo Prof. Dr. Carlos Alberto Cioce Sampaio e a estagiária docente Márcia Silveira de
Souza em 2006, do Curso de Graduação em Turismo e Lazer da Universidade Regional de
Blumenau (FURB).
115
Baseado no formulário qualitativo de coleta de dados preenchido pelos estudantes na
ocasião da disciplina Filosofias do Desenvolvimento, coordenada pelo Prof. Dr. Carlos
Alberto Cioce Sampaio com apoio dos Professores Juan Carlos Skewes e Luis Otero em
2005, vinculado ao Programa de Honra em Estudos de Meio Ambiente e Desenvolvimento da
Universidade Austral do Chile (UACH).
116
Área de marinha litorânea é uma modalidade de unidade de conservação para
preservação e uso sustentável da área, envolvendo tanto o meio marinho como litorâneo.
Foram criadas em 2006 pelo Governo de Chile (CONAMA, 2006).
117
O governo do Chile vem trabalhando em outras duas áreas marinhas e litorâneas
protegidas: Isla Grande de Atacama ao norte e Francisco Coloane ao sul (CONAMA, 2006).
94
engenheiro florestal Luis Cardenas, e é executado pelas próprias comunidades (criou-se a
Associação Indígena Mapu Lahual del Butahuillimapu), com apoios institucionais da Junta
Found (GEF). Nas áreas terrestres habitam principalmente comunidades indígenas que
exercem atividades como pesca artesanal e agricultura familiar, e que lutam para
conservarem seus modos de vida. O principal desafio é conciliar, por um lado, conservação
de modos de vida com preservação ambiental e, por outro, saber científico com o dos povos
Província de Osorno, Región Los Lagos, Chile, possuindo 32 km de borde costeiro e inserida
em uma das últimas reservas de bosque valdiviano 119. Essa área protege ainda 1.500 metros
de zona de estuário, abarcando uma porção marinha de uma milha náutica, além de ser uma
zona de transição entre duas regiões oceânicas, a região temperada quente do norte e a
região temperada fria do sul, criando um espaço propício para a vida de importantes
espécies de fauna e flora. A rica biodiversidade contabiliza 704 espécies marinhas, soma-
se 89 espécies que vivem nas proximidades da costa, em águas continentais, e mais 118
terrestre.
Hueyelhue, Loy Cumilef, Nirehue e Condor – que constituíram, em 2001, uma Rede de
118
Homepages: www.conama.cl/gefmarino/1307/propertyvalue-13224.html;
www.mapulahual.cl; http://www.wwf.cl/mapu_lahual_area_privada_protegida.htm..
119
Mata de bosque endêmico do sul do Chile.
120
Povo indígena que mora em Chile desde antes do descobrimento de América, atualmente
existem pequenas comunidades que ainda conservam suas tradições.
95
Parques Comunitários indígenas, chamado Mapu Lahual, com assessoria da CONAF e
financiamento do Fundo Bosque Temperado (com aportes de WWF, Comité Nacional Pro
Defensa de la Fauna y Flora – CODEFF, e Fundo das Américas), e inspirada a partir de uma
das comunidades sobre a terra 121. Como impacto, esperam-se melhoria da qualidade de vida
garantia de água potável, serviços de saúde e vias de telecomunicação. O radio nas unidades
escolares, algumas trilhas e a via marítima são os únicos meios de comunicação com as
madeira, que por uso de práticas inadequadas no manejo de bosques nativos de Alerces
121
Estas comunidades fizeram parte de um processo de distribuição de terras fomentado
pelo governo chileno.
96
Com a criação da Rede de Parques Comunitários Indígenas e, consequentemente,
com o fomento de atividades turísticas, espera-se que esta atividade extrativista sem
cavalgadas e caminhadas, além de áreas de camping e gastronomia local. Há uma área que
conta com bosques nativos sem intervenção humana, que se localizam principalmente no
setor sul costeiro da província de Osorno, nas Bacias Hidrográficas dos rios Maicolpi,
aspecto que poderia eventualmente mudar com um projeto de construção de uma estrada à
costa sul da cidade de Osorno; viagem de intercâmbio à ilha de Chiloé, sul do Chile; 4
consulta ambiental e cultural; desenho, traçado e sinalização (em espanhol e chesungun 122)
reunião das Partes da Convenção da Biodiversidade (COP 8), em Curitiba, 2006; organização
122
Dialeto mapuche falado em San Juan de la Costa.
97
O encadeamento socioeconômico na área se inicia através de ações de fomento do
Governo do Chile quanto a preservação ambiental e a conservação dos modos de vida das
Comunitários Mapu Lahual, na qual promovem vivências ecoturísticas, tendo como atrativos
principais a rica biodiversidade e os modos de vida tradicionais; por sua vez, SERNATUR e
composto por jovens e adultos que viajam de carro e de ônibus, geralmente oriundos de
biodiversidade, embora haja um discurso de proteção para turista ver, e de que elas
atitude, isto é: o processo de gestão deve estar centrado na qualidade das relações
98
para todos (MODENESI, 2003). Embora haja esforços de consolidação de uma rede de
das iniciativas restringe-se ainda a medidas paliativas e cosméticas que, muitas vezes,
confunde-se como mero marketing institucional. Apesar das boas intenções do Ethos, não
corram riscos de terem suas marcas ou produtos rejeitados. Por outro lado, empresas que
assumem uma visão de longo prazo e que, ainda, se valem de competitividade sistêmica,
2006d). Foram analisadas duas experiências, a Empresa Metalúrgica Rio Sulense Ltda. (Rio
do Sul, SC) e a chilena Florestal Río Cruces (com sede em Lanco, Región Los Lagos).
6.3.1 Empresa Metalúrgica Rio Sulense Ltda. (município de Rio do Sul, SC, BR)
sociedade anônima que iniciou suas atividades em 1946, localizada na cidade de Rio do Sul,
no Alto Vale do Itajaí. Pertence ao setor metal-mecânico, a Rio Sulense produz autopeças
competitivo mercado global. A empresa está instalada num dos bairros mais pobres do
funcionários.
123
Baseado na dissertação de mestrado de Ivan Sidney Dallabrida, sob a orientação do
Prof. Dr. Carlos Alberto Cioce Sampaio, sendo agraciada com o 1º Lugar do Prêmio Ethos
Valor de Responsabilidade Social Empresarial - Edição 2005 (DALLABRIDA, 2005).
99
Mas muito mais que a força econômica e o destaque na geração de empregos, a
forma profissional, fez com que, a partir do ano 2000, fossem desenvolvidas parcerias com
realização dos voluntários através de sua participação na vida dos públicos envolvidos,
objetivam a melhoria da qualidade de vida das pessoas, sejam elas internas ou externas à
organização; a dimensão política, materializada pela participação (mesmo que esta seja
100
ainda incipiente) dos públicos envolvidos nos projetos e balizados no conceito de cidadania;
a dimensão ecológico-ambiental: o “algo a mais” feito pela empresa, que vai além do
cumprimento às determinações das leis ambientais, instituindo uma cultura ecológica que
representada pela imagem e pelos valores disseminados pela empresa aos stakeholders, que
a tornam um modelo a ser seguido, o que pode ser ratificado com a utilização dos projetos
6.3.2 Florestal Río Cruces (sede no município de Lanco, Región Los Lagos, Ch) 124
que, ficando impressionados com a paisagem do local, comprou uma propriedade rural para
depois instalar uma empresa de manejo e plantio florestal (espécies tais como o Hualle,
Ulmo, Tieno, Laurel, Lingue, Avellano, Tepe, Olivillo, Coigue, Mañio, Paulí, Lenga, Canelo e
Florestal que possui 2600 ha. Na administração da empresa há 19 pessoas, entre eles um
Contudo, a Forestal Río Cruces vem demonstrando que é possível conciliar responsabilidade
124
Baseado na apresentação do Gerente Geral Alex Strodthoff da Forestal Río Cruces na
ocasião da disciplina Filosofias do Desenvolvimento, coordenada pelo Prof. Dr. Carlos
Alberto Cioce Sampaio e com apoio dos Professores Juan Carlos Skewes e Luis Otero em
2005, vinculado ao Programa de Honra em Estudos de Meio Ambiente e Desenvolvimento da
Universidade Austral do Chile (UACH), e na entrevista presencial com o Gerente concedida
na sede da empresa em 15 de dezembro de 2005.
101
social empresarial (inclusive sendo agraciada pelo Prêmio Nacional a la Inovación Agrária,
versão 2003 125) e retorno econômico quando se planta e maneja sustentavelmente florestas
na qual prevalece o utilitarismo economicista. A Forestal está certificada pela FSC (Forest
Stewardship Council 126), primando produtos de alta qualidade (tais como molduras,
espécies introduzidas (não nativas). A capacitação do pessoal quando ao uso de moto serras
e artefatos florestais no manejo de bosques nativos é um dos pontos que merece atenção
pluviométrico anual. A área apresenta níveis altos de pobreza rural, grande analfabetismo,
leitura e feitura de relatórios. A empresa faz doações periódicas à jardins infantis, escolas
e clubes desportivos nas localidades aonde ela opera, além de ministrar palestras sobre a
125
O Ministério da Agricultura criou, em 1999, o Prêmio Nacional à Inovação Agrária, como
reconhecimento à criatividade e esforço de quem desenvolve iniciativas inovadoras no setor
agrário. A distinção é outorgada pela Fundación para la Innovación Agraria, que atua como
Secretária Técnica.
126
Certificação florestal de credibilidade internacional que garante que a madeira
comercializada provém de manejo sustentável, ou seja, que é oriunda de floresta, nativa ou
reflorestada, explorada de forma adequada do ponto de vista socioambiental (www.fsc.org).
102
A Forestal possui uma política de boa vizinhança com as comunidades e as
manutenção de cercas das propriedades da empresa), além de doar boa parte dos resíduos
de sua operação para que sejam usados como lenha (lembrar que a lenha no Sul do Chile,
além de servir como combustível para cozinhar, serve sobretudo para aquecer a casa diante
das temperaturas anuais baixas durante todo o ano, com exceção do verão).
social religioso católico, o Movimento dos Focolares. A EdC é a extensão para economia de
mercado de uma dinâmica de comunhão individual praticada pelos membros dos Focolares,
isto é, a EdC em termos teóricos tenta construir parâmetros para a prática dos
comunhão entre quem têm bens e oportunidades econômicas e quem não os têm (SAMPAIO
et al., 2003). A economia de comunhão deve canalizar capacidades e recursos para produzir
riqueza em prol dos que se encontram em dificuldades. Parte desses lucros seria usada para
103
Dallabrida (2005) aponta que a EdC, com pouco mais de uma década, começou há
mundial, com a adesão total de 756 empresas, de pequeno e médio porte que estão
Foco - Poupança e Crédito (Santiago), embora haja uma cooperativa de taxistas também em
(Curitiba, PR) e da Metalúrgica Metal Sul (Joinville, SC). Contudo, as experiências vêm
sendo analisadas, sobretudo por participantes do movimento dos Focolares, ao qual a EdC
está vinculada, o que pode revelar uma certa tendenciosidade nas análises e interpretações,
geral. É uma empresa de pequeno porte, possuindo 53 funcionários, a maioria deles na área
de produção.
ancora-se nos valores inspirados do Movimento dos Focolares, postos em prática através da
127
Baseado na dissertação de mestrado de Ivan Sidney Dallabrida, sob a orientação do
Prof. Dr. Carlos Alberto Cioce Sampaio, sendo agraciada com o 1º Lugar do Prêmio Ethos
Valor de Responsabilidade Social Empresarial - Edição 2005 (DALLABRIDA, 2005).
104
motivação de seus dirigentes. Há uma priorização de aspectos ontológicos e sociais, onde o
grande número de pessoas com baixo nível de escolaridade (segundo dados da empresa, 15%
desempenha papel social e comunitário através da destinação de uma parte desse lucro aos
necessitados e do reinvestimento na própria empresa para que ela se mantenha viável; bem
destinação de parte do lucro aos menos favorecidos da comunidade onde está inserida a
empresa e pela tentativa de redução das desigualdades sociais através da inclusão social
pelo trabalho; b) a dimensão política, traduzida através das ações, mesmo que incipientes,
visando incluir pelo trabalho e pelas relações humanas, pessoas de setores tradicionalmente
do papel de disseminadora de valores éticos, os quais são projetados nas instâncias locais,
105
Por Ana Paula L. Pinheiro 128
Chiara Lubich ao Brasil. É uma empresa prestadora de serviços com faturamento anual de
construindo uma empresa rentável sob o aspecto financeiro, social e de promoção humana,
colocando o homem no centro de suas atividades, fazendo com que o trabalho seja um
das necessidades de saúde da população mais carente, já que a maioria das distribuições é
acima de vinte por cento e, em 2005 o objetivo de crescimento foi de trinta e seis por
cento. Para atingir esse objetivo está sendo criado o desenho de todos os fluxos de
e mantido seu crescimento, tem sido a utilização da ética e da responsabilidade social como
128
Baseado na dissertação de mestrado de Ana Paula Lemos Pinheiro, sob a orientação do
Prof. Dr. Oklinger Mantovaneli Jr. e co-orientação do Prof. Dr. Carlos Alberto Cioce
Sampaio (PINHEIRO, 2005).
106
pressupostos administrativos. Os valores éticos da PRODIET baseiam-se no respeito mútuo
externa.
em razão do resultado da empresa; e) procura não despedir colaboradores por não estarem
pontualidade nas entregas (nas compras destinadas aos processos de licitação, os prazos
vão de 24 a 48 horas para todo o Brasil; c) a empresa procura viver os valores da economia
não utiliza suborno e corrupção para ganhar concorrência nos processos de licitação.
107
melhores para que se possa alcançar um desenvolvimento mais sustentável, através
serviço.
Movimento Católico chamado Focolares. Diante de tal fato, surge o projeto de criar uma
1990. Na ocasião se fez uma consulta à Federação de Cooperativas Chilenas que sugeriu ao
entretanto inoperante, alterando seu contrato social ao invés de criar uma nova
cooperativa. Ela se transforma em uma Sociedade Anônima, a partir de 2004, para não
108
A Foco é constituída por pessoas físicas (chilenas) vinculadas ao Movimento dos
Focolares ou, então, por pessoas com vínculos com membros do Movimento. A Foco é regida
modo geral, é para compra de maquinários (tal como um laboratório dental), emergências de
como táxi), possuindo três faixas de taxas de juros: de 0 à US$4.500, juros de 2%; de
US$4.500 à US$13.500, juros de 1,7%; e mais de US$13.500, juros de 1,2% 129. A taxa de
US$1.000 a 23.000, limitados pela exigência de que o contratado deva possuir ao menos
financiar quantia maior, terá que sugerir um outro associado como avalista. Nunca houve um
atrasado que, neste caso, por exemplo, a Administradora está negociando com o devedor
alegando que o princípio da Sociedade deve ser preservado: o coletivo prevalecendo sobre o
período.
129
Comparativamente com um banco comercial chileno, as taxas de um modo geral estão por
volta de 3,3%.
109
investimentos na própria empresa e a terceira parte destinada a projetos de formação
A Foco se encontra numa etapa madura e está pronta para novos desafios para o
capital e do Estado e é expressão de uma das respostas dos trabalhadores que incorporam
suas críticas históricas ao capital e constituem uma forma de organização não capitalista
solidária apregoa que pode existir solidariedade na economia, sobretudo quando se garante
direitos iguais entre aqueles que se associam para financiar, produzir, comerciar ou
deste estudo considerar três de suas correntes mais pragmáticas – Comércio Justo, Clube
O Comércio Justo (Fair Trade) surge para assegurar uma nova relação, livre,
110
sobrepreço; e os intermediários sem ânimo de lucro. Nesta relação existe a perspectiva de
contratos à longo prazo, baseados no respeito mútuo, de maneira que permita ao produtor e
produtos favorecendo trocas mais justa. O Comércio Justo pode ser considerado como um
proposta merece atenção especial. Mesmo com tal engenhosidade, a cadeia solidária
(chamada fidelização) pode ser rompida à medida que o consumidor desconfia de práticas
advindas ora do produtor ora do intermediário que possam induzir a um desvio moral da
proposta original do Comércio Justo. O que não seria difícil de imaginar quando se coloca
setor produtivo lucrativo que mesmo que tendo boas práticas, estão distantes de
O Banco dos Pobres ou Grameen Bank (Banking for the poor) surge em
Bangladesh, em 1974, e foi criado pelo economista Muhammad Yunus (ganhador do Prêmio
Nobel da Paz, versão 2006), e até 2005 tinha mais de 3 milhões de clientes, tendo
Yunus, rompendo com o modus operandi do empréstimo bancário, criou um sistema para
111
bancários convencionais (YUNUS, 2005). O Banco dos Pobres empresta uma pequena,
mulheres indigentes chefas de lar que estejam sem trabalho e que não tenham nenhuma
O Clube de Troca Solidária mediado por uma moeda social tenta reconstruir o
vínculo social entre produtores e consumidores, denominado por Lisboa e Faustino (2006) e
serviços, vale-se de uma moeda social para facilitar a troca entre os sócios do clube.
(Sede em Santiago, Ch), Barco (Banco) dos Pobres em Valdivia (Región Los Lagos, Ch) e o
131
e Esperanza S. Alvarez S., Natalia V. Ciudad G. e Rosario Del Pilar Muñoz G.
130
Ivan é graduado em administração e mestre em desenvolvimento regional pela
Universidade Regional de Blumenau (FURB).
131
Baseado no formulário qualitativo de coleta de dados preenchido pelas três estudantes
na ocasião da disciplina Filosofias do Desenvolvimento, coordenada pelo Prof. Dr. Carlos
Alberto Cioce Sampaio com apoio dos Professores Juan Carlos Skewes e Luis Otero em
2005, vinculado ao Programa de Honor em Estudos de Meio Ambiente e Desenvolvimento da
Universidade Austral de Chile (UACH).
112
e ambientais, denominada Plataforma Komyuniti, que após alguns anos de articulações,
conseguiu formar uma rede de cooperação e de apoio mútuo à pequenos produtores para
Comércio Justo Chile, na qual começou a vigorar uma Carta de Princípios e uma Carta de
grupo de produtores são, em sua maioria, indivíduos de baixa renda, povos autóctones e
132
Instituto de Ecologia Política (meio ambiente); Tekhne (desenvolvimento sócio-
ambiental, participação cidadã e associativismo); Asociación de Estudios Geobiológicos –
GEA (saúde, hábitat e meio ambiente); Fundación OCAC (Oficina Coordinadora de
Asistencia Campesina): desenvolvimento social no meio rural e proteção aos camponeses;
PET: Programa de Economía del Trabajo (participação cidadã); Corporación “Caleta Sur”
(questões ligadas à educação e à proteção da infância); Estudios Agrarios Ancud
(desenvolvimento rural de comunidades pobres; ACJR - Corporación Alianza Chilena por un
Comercio Justo y Responsable (desenvolvimento sócio-econômico e consumo consciente),
entre outras. Além das ONGs, a Universidade do Chile, em especial os Centros de
Engenharia de Recursos Naturais e Engenharia Agronômica, participa efetivamente.
113
familiar, à pesca de subsistência e trabalhos manuais. Os artesãos, produtores e
estimado para o ano de 2005 era de US$ 45.000. A grande maioria dos produtos
identidade dos territórios onde são produzidos, como artesanato: produtos utilitários e de
decoração feitos de cerâmica, fibras, madeira, couro, lã, pedras e jóias (exemplos:
produtos em madeira talhada da Terra del Fuego, jóias da Patagônia, artigos de lã e couro
das artesãs de Ibañez, cestaria das mulheres Mapuches, cerâmica da região de La Serena,
esculturas mitológicas em pedra de Chiloé); como alimentos primários: café, chá, açúcar,
frutas, verduras, cereais andinos, ovos, carnes, mel, condimentos, ervas medicinais, etc.
Litueche).
produtores. Por sua vez, não quer dizer que os grupos de produtores respondam totalmente
aos critérios determinados pela cooperativa, o que também não invalida a experiência e nem
governos locais; rigor nos critérios de integração dos cooperados à rede; limitação da área
114
Santiago; loja com espaço físico restrito, embora esteja bem localizada; dificuldade de
6.5.2 Corporação Barco dos Pobres (sede Valdivia, Región Los Lagos, Ch)
133
Social de Valdivia, reunindo US$ 3.700 (Três mil e setecentos dólares), toma a iniciativa de
Acampamento A Estrela, Laura Villablanca, que instalava um quiosque para a venda de pão
amassado (o tipo de pão mais conhecido do Sul do Chile) e empanada. Teve-se como objetivo
escassos recursos, como mulheres chefas de lar (tendo em média três filhos pequenos) que
mercado financeiro, contudo que estejam dispostas a esforçar-se para sair dessa condição
maneira que valorizem seus modos de vida que lhe são próprios e, ainda, evitando romper a
133
Baseado no formulário qualitativo de coleta de dados preenchido pelos estudantes na
ocasião da disciplina Filosofias do Desenvolvimento, coordenada pelo Prof. Dr. Carlos
Alberto Cioce Sampaio com apoio dos Professores Juan Carlos Skewes e Luis Otero em
2005, vinculado ao Programa de Honra em Estudos de Meio Ambiente e Desenvolvimento da
Universidade Austral do Chile (UACH).
134
Atualmente a legislação chilena bancária impede que a Corporação opere como uma
instituição de micro financiamento tradicional, sobretudo pelo baixo capital acionário, o que
explica a denominação Barco ao invés de Banco.
115
estrutura familiar, já que essas mulheres desenvolvem geralmente suas atividades no
ambiente doméstico.
diversos setores marginais da zona urbana de Corral, Valdivia, San José, Máfil e Lanco:
setores baixos e até pantanosos, uns com mais vantagens de acesso aos serviços urbanos do
que outros. As pessoas vivem em condições de pobreza extrema, sendo que a maioria
recebe assistência social precária por parte do Estado. O baixo nível educacional restringe
tenham sido beneficiadas anteriormente por outras instituições. O grupo é monitorado por
empreendimentos, evitando que as pessoas saiam de seu lar e que interrompa suas
atividades produtivas. O micro crédito consiste num monto máximo de US$ 200 (duzentos
dólares) a serem pagos num máximo de 52 (cinqüenta e duas) parcelas iguais semanais. A
116
No início o projeto contou com a participação de alunos do curso de Engenharia
Menaje, Multitiendas Taboada, Feria Persa Posto Nº 8, Ferretería Sur, Frigoríficos Trendy
e Visiontec.
Como principal marco do projeto, no ano de 2005, se cria a Corporação Barco dos
exemplo, incorporou-se a Rede para o Desenvolvimento das Micros Finanças do Chile A.G.,
alianças que permitem o consumo dos produtos oferecidos pelos micro empreendimentos; e
Abril de 2005, o Barco dos Pobres contava com um fundo de US$ 14.500, uma taxa de
reembolso dos empréstimos próxima dos 90%, ainda que ocorram morosidades, trinta
117
Está-se trabalhando para elevar o nível de profissionalismo no atendimento aos
social e do acesso aos sistemas de saúde. Contudo, há limitantes que se enumeram: pouca
perceber os micros créditos como ajuda assistencial, nos casos que não se cumprem os
equilíbrio entre taxa ativa e o custo real dos fundos, o que dificulta aumentar os montantes
135
Baseado no formulário qualitativo de coleta de dados preenchido pelos estudantes
chilenos Christian e Esperanza na ocasião de seus estágios de conclusão de curso de
graduação, respectivamente, de Turismo e de Antropologia da Universidad Austral de Chile
(UACH), na Zona Laboratório de Educação para o Ecodesenvolvimento na Micro-bacia do
Rio Sagrando, Morretes (PR), entre dezembro de 2006 e fevereiro de 2007, sob a
orientação do Prof. Dr. Carlos Alberto Cioce, coordenador do Instituto LaGOE. Brasil é
graduado em engenharia civil e é mestrando em engenharia ambiental pela Universidade
Regional de Blumenau (FURB).
118
Diante da parceria entre as comunidades da Micro-bacia do Rio Sagrado,
para uma grande parcela dos moradores da Micro-bacia do Rio Sagrado) e o Instituto
emergiu a idéia de colocar em prática um Clube de Troca (com moeda solidária), agregando-
Ombrófila Mista e campos de altitude, com mata densa e diversa mesclada por pinheiros e
vegetação de terras interiores. É uma área exemplar do bioma de Mata Atlântica, neste
caso a chamada Serra do Mar. O Estado do Paraná conserva no seu território 97% desta
136
Além de outras comunidades nos arredores, tais como Morro do Chiqueiro, Campo
Formoso e Morro do Cupim.
119
mata. É um dos Estados que melhor conserva a Mata Atlântica que se distribui, segundo a
Revista Rede Semente Sul (2005), em 1.306.421km2 (quase 15% do território brasileiro).
mesma reportagem da Revista Rede Semente Sul aponta que esta mata alberga mais de
20.000 espécies de flora e 1,6 milhões de espécies de fauna, incluindo insetos, mamíferos,
pássaros e anfíbios, constituindo uma biodiversidade única, ou seja, endêmica, o que quer
dizer que não se acham no outros lugares. O serviço ecossistêmico que a mata oferece às
entre outros. Desde meados do século XIX, quando chegam os primeiros assentados (o que
não quer dizer que antes não havia indígenas), as famílias viviam da agricultura, do cultivo
de Morretes, e com o dinheiro da venda compravam querosene, açúcar, sal, roupas, entre
famílias 137.
agrícolas, através dos plantios de aipim, feijão, café, frutas como banana, abacaxi,
137
Depoimentos colhidos de Josimari Nogueira, João Rapque e Julia.
120
cozinha comunitária que fica instalada na sede da Associação Comunitária Candonga, ou
material de construção).
proposta baseou-se nas edições do Brique FURB 138 e de dois trabalhos acadêmicos, o
primeiro de autoria de Lisboa e Faustino (2006), no qual conceitua trocas solidárias a partir
experiências em São Paulo. Esta proposta delineou algumas diretrizes que puderam servir
conduziram sua implementação. A partir da quinta reunião comunitária (todas com atas
138
Coordenado atualmente pela Professora Rachel Aparecida de Oliveira.
139
Os dois alunos são egressos da Universidad Austral de Chile (UACH) e estavam
participando de convênio firmado com a FURB, através do Centro de Estúdios Ambientales
(CEAM) e do Instituto de Turismo.
121
março de 2007. As avaliações do simulado e do 1º Encontro foram realizadas logo após de
possibilidade de conhecer o que é que faz o vizinho, conversar e conhecê-lo ainda mais 140.
podendo além de intercambiar bens acumulados (em bom estado), bens produzidos e
evento.
comunidade e que tenha algum bem, serviço ou saber para trocar; cada inscrito,
moeda social foi utilizada nos casos de trocas diretas, nas quais os valores determinados
pelos produtores divergiam ou, então, e de trocas indiretas; a moeda solidária é o Sagrado
5; criou-se uma comissão fixa para administrar o Sagrado; formulou-se uma lista prévia dos
140
Depoimento de Marta dos Santos.
141
LISBOA e FAUSTINO (2006).
142
Nas palavras de Lisboa e Faustino (2006), todo produtor é consumidor que, por sua vez,
todo consumidor é produtor.
122
medicamentos; e as crianças que participaram, precisaram estar acompanhadas de seus
pais.
que tanto os trabalhadores das chácaras quanto seus patrões pudessem participar. O 1º
incondicional que o Clube de Troca Solidária tenha periodicidade mensal para que o Sagrado
desenvolvimento territorial, a partir dos olhares de quem vive no local. Como dito por uma
das lideranças do local: o LaGOE jogou a semente e nos a fazemos crescer 143. No entanto,
polarizadas na divergência entre duas lideranças, o que pode acabar inibindo a participação
de outros membros comunitários nas discussões ou nas próprias reuniões devido a certo mal
estar que a situação que ocasiona. E o risco de influência de empreendedores com maiores
143
Depoimento de Sr. Rudolf Windmûller.
123
transformando-se em latifúndios. Não que se é contra aos empreendimentos maiores,
território.
124
CAPÍTULO 7: CONSIDERAÇÕES FINAIS
econômico dentro de limites que promovam igualdades de oportunidades, tal como Sen
mais justas entre vendedor e comprador, incorporando trocas compensatórias 144, isto é,
valorizando conhecimento e bens de origem comunitária, e que possa conviver com uma
barganha que têm ao comprarem produtos favorecendo trocas mais justas, estimulando uma
cadeia solidária baseada na fidelização (quando consumidores têm a garantia que estão
biodiversidade) que, aliás, pode ser rompida à medida que o consumidor desconfia de
práticas advindas ora do produtor, ora do intermediário, que possam induzir a um desvio
144
Como as políticas compensatórias de educação, implantadas por muitas universidades
brasileiras, na implementação de cotas de vagas nos exames vestibulares de ingresso nos
cursos de graduação para estudantes negros, pardos e índios.
145
É o mesmo princípio do consumo solidário, tal como se vê no Clube de Troca Solidário na
Micro-bacia do Rio Sagrado (Morretes, PR) e na Plataforma Komyuniti: Cooperativa de
Comércio Justo, em Santiago de Chile.
125
do setor produtivo lucrativo que, mesmo tendo boas práticas, estão distantes de
selecionadas para este estudo, de modo geral podem ser divididos entre trabalhos teóricos
ou, até mesmo, ideológicos bem elaborados, entretanto com pouca prática convincente,
Comunhão e a Economia Solidária (Comércio Justo, Banco dos Pobres e Clube de Troca
Solidária), contudo sem uma proposta clara sobre um modelo de gestão que possa ser
replicado.
diferem no fato do Fórum da Lagoa de Ibiraquera não ter conseguido inserção nas políticas
Tralcao Mapu por estar conectado com a Agenda 21 Regional de Los Lagos e a Local de San
analisado, para implementar suas ações que acabaram fortalecendo instâncias democráticas
comunitárias. Também nos dois casos houve necessidade de intervenção junto a grupos de
126
processo de tomada de decisão as duas experiências relevaram uma racionalidade mais
que os principais implicados das políticas e das ações organizacionais, nestes casos as
fenômeno turístico como campo capaz de ilustrar tais instâncias segundo sua natureza
mercado enquanto não hegemonicamente determinante sobre a esfera social, podendo ser
como ofertas de bens ora como prestação de serviços, mas também no fato de que os
127
econômicos, tudo está condicionado ao desejo e a capacidade de acolher visitantes
modo de vida, com os conhecimentos tradicionais que lhe são inerentes, distanciado do
tantas vezes apresentado pelo principio a satisfação do cliente é nosso maior desejo, e sim
calculado. O lugar tem que ser bom não só para quem visita, mas também para quem vive.
Por outro lado, o turista não deixa de ser bem tratado ou sair insatisfeito. Sintetizando, a
social de vida aldeana ideal, como que não existissem problemas que, por sua vez, possibilita
uma qualidade de vida à escala humana comunitária, isto é, a vida boa é aquela que se pode
Sulense e a Florestal Río Cruces, e bem como as Economia de Comunhão, Metalúrgica Metal
Foco - Ahorro y Credito, dizem respeito as organizações privadas, o que as diferenciam dos
mercantis, atuando na economia de mercado, soam como exceções. Não se pode afirmar se
e cosméticas que, muitas vezes, confundem-se como mero marketing social empresarial, e
128
não se sabe também quais foram os graus de racionalidade solidária ou utilitarista
economicista utilizados nos processos de tomadas de decisão. Além do que, como aponta o
período que se apresentam mudanças paradigmáticas, aliás, como se vive atualmente, se for
muito criterioso nas análises de novas experiências, se está correndo o risco de inibir
elementos que, a partir deles, possam emergir novos conceitos que ainda estão em
construção. O que se pode apontar é que as empresas agiram solidariamente, pelo menos,
dividem uma parte dos seus lucros para doarem a necessitados e investirem em projetos
Foco participa de um sistema econômico fechado entre seus sócios, entretanto, participa
um sistema social aberto entre a rede formada pelo Movimento dos Focolares na qual se
Cooperativa de Comércio Justo, Banco dos Pobres e Clube de Troca Solidária, não se
146
Conforme relato feito em uma das reuniões de orientação durante o estágio de
doutorado sandwich do autor, em 1996, no Centre de Recherche sur lê Bresil Conteporain
(CRBC) / École des Hautes Etudes en Sciences Sociales (EHESS), em Paris.
129
competitividade) e lucro (mais valia) - típicos da dinâmica capitalista e da economia de
(artesanal). Por sua vez, enquanto nas zonas rurais os modos de produção são voltados
são extraídas da biodiversidade local, chamada de recursos naturais), nas zonas urbanas os
mercado.
público de seu território. Ela, por sua vez, pode resgatar o significado de trabalho como
trabalhar uma vida toda para depois libertar-se; trabalho não é apenas produzir riquezas
econômicas, pode ser também uma maneira de produzir a si próprio. As três experiências
que lhe são próprios, ou seja, de uma outra economia. Além das experiências de economia
130
solidária, sobretudo a do Clube de Trocas Solidárias (e também as de turismo comunitário)
ilustram que a qualidade de vida não depende apenas da condição econômica na quais as
pessoas se encontram, embora pareça que a finalidade da troca solidária seja satisfazer
meramente uma necessidade econômica que não se consegue comprá-la, mas sim da
intensidade das trocas afetivas e culturais, isto é, da convivência solidária que essas novas
humanistas -, quanto pelos bons resultados alcançados para a empresa ou para as pessoas
isolada, isto é, elas não se relacionam com movimentos religiosos (como a EdC) ou
Sustentável), entretanto, não estão isentas de ideologias. Conforme aponta Lisboa, quando
a responsabilidade / ética empresarial está, em geral, posto no nível micro social, reduzido
131
ao plano das ações dos agentes econômicos individuais, configurando uma armadilha se
ficarem restrito a esta dimensão (In: CATTANI, 3002, p. 146). Acredita-se que elas
quanto à lógica da racionalidade econômica individual (um ganha e outro perde). Para
entender essas livres iniciativas empresariais, é necessário certo esforço para superar a
dicotomia economia formal e informal1 que, aliás, não traduz a complexidade da economia
solidária. Essas experiências por serem inovadoras1, ou seja, por estarem desafiando o
vida.
solução de três problemas: (a) indivíduos que ocupam funções de liderança ou de fomento
quanto de produtos comunitários nos mercados verdes ou justos, acabam abandonando suas
atividades por questão de sobrevivência, pois na maioria das vezes são militantes não
remunerados e ou pesquisadores com bolsas temporárias; (b) sabe-se que, na maioria das
132
Não se questiona quanto a relevância de políticas compensatórias 147 em sociedades
seu estagio político democrático, como acontece na maioria dos países da América Latina,
menos, sobreviver diante da dinâmica capitalista e da economia de mercado para que, então,
dificuldade de diálogo com os governos locais e demais instâncias é uma das características
A ecossocioeconomia das organizações não tem a pretensão de ser uma nova base
tema, entretanto, que carecem de sistematização pragmática nas ciências sociais aplicadas
para que possa disseminar-se. Contudo, deseja-se ser pretensioso sim com a
147
Como as políticas compensatórias de educação, implementadas por muitas universidades
brasileiras, na implementação de cotas de vagas nos exames vestibulares de ingresso nos
cursos de graduação para estudantes negros, pardos e índios.
133
organizacional como princípios de gestão organizacional de ênfase interorganizacional, tal
ao menos, relevar a complexidade da economia real, cujos elementos são representados por
economia de comunhão e solidárias voltadas ao mercado, mas não para o lucro individual - e
política) e da ação qualificada (ação ética) que conduz à eficiência produtiva coletiva, à
administrativa).
empresarial que acabam servindo de inspiração, muitas vezes sem as devidas adaptações, ao
134
Como se apontou anteriormente através dos estudos em neuropsicologia,
problemas mais importantes, ditos estratégicos, do mundo da vida. Por outro lado, não se
quer cair nos riscos da ideologia, do romantismo utópico e da generalização, muito menos,
entre o abismo que separa as Ciências Sociais Aplicadas (na qual predomina o par
subjetividade e extra-racionalidade).
135
Enfim, espera-se que as metodologias de Agenda 21, Turismo Comunitário,
que sejam mais benéficos à maioria dos indivíduos e que, ainda, privilegiem horizontes
136
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