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DEVOIR D’INGERENCE
Copyright©2002 by José Ananias Duarte Frota
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José Ananias Duarte Frota
Coronel da Reserva do Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Ceará. É possuidor
do Curso de Altos Estudos em Política e Estratégia da Escola Superior de Guerra.
Participou em 1988 da comissão de implantação do sistema de emergência pré-
hospitalar (Diário Oficial do Estado n°14.839/88) e fundação do grupo de socorro de
urgência, com os médicos, Marco Penaforte, Júlio César Penaforte, Marcus Davis
Machado Braga, Winston de Castro Graça e Carlos Nogueira Brás. Foi delegado no
biênio 1999-2000 da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra no
Estado do Ceará, ADESG. Na condição de delegado da ADESG, implantou em
parceria com a Universidade Estadual Vale do Acaraú, na gestão do magnífico Reitor,
professor José Teodoro Soares o I curso de pós-graduação “Lato sensu” em política e
estratégia. Comandante do Corpo de Bombeiros Militar do Ceará no período de 07 de
janeiro de 2001 a 19 de novembro de 2006.Presidente da Liga Nacional dos Corpos de
Bombeiros do Brasil no biênio 2005 a 2006.Exerceu o cargo de Coordenador Geral de
Articulação da Secretaria Nacional de Defesa Civil, compondo como membro o
Comitê do Sistema Nacional de Mobilização, da elaboração e consolidação da política
e doutrina de mobilização nacional e do regimento interno do referido comitê.Foi
designado conforme Diário Oficial da União nº49 de 13 de março de 2009 para
representar o Brasil na "I Sessão da Plataforma Regional de Redução de Ricos de
Desastres nas Américas" a convite formulado pela Estratégia Internacional para
Redução de Desastres das Nações Unidas a realizar-se na cidade do Panamá, capital da
República do Panamá no período de 16 a 21 de março de 2009. É professor Visitante
da Faculdade Metropolitana de Fortaleza e Consultor.
Devoir D’ingerence
1a Edição
Fortaleza-2002
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APRESENTAÇÃO
NEOLIBERALISMO E SOBERANIA
Blanchard Girão
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Didático, meticuloso, amparado em vasta bibliografia e em dados estatísticos Duarte Frota
desce ás origens dessa “nova ordem”, que começa imediatamente após a Segunda Guerra
Mundial, “no momento em que os Estados Unidos da América assumiram a supremacia do sistema
capitalista”, supremacia fundamentada no domínio do segredo nuclear e no dólar como moeda-
padrão internacional.
Com curso na Escola Superior de Guerra – ESG, o jovem oficial-bombeiro do Ceará
ampara-se doutrinariamente nos conceitos nacionalistas daquele organismo, defendendo os
princípios basilares da segurança nacional, embora alguns desses conceitos já estejam pisoteados
pelos terríveis tentáculos do capital apátrida e do todo poderoso.
Na verdade, o inimigo há muito deixou de este dentro do nosso país, situando-se lá fora,
através do controle, total ou parcial, das riquezas nacionais, ou se impondo por meio de seus
investidores e da injeção de empréstimos a juros impiedosos. Um inimigo aparentemente sem
rosto, mas que é de fácil identificação. Estamos nós no Brasil, na Argentina, em toda a América
Latina e em todo o chamado Terceiro Mundo, sob a tacão desse inimigo, que atua hoje de modo
ostensivo, ditando condições, invadindo as esferas que seriam da exclusiva competência de uma
nação soberana.
Quando, por uma instintiva relação, alguns desses estados se rebelam, o esmagamento não
se faz esperar. Valendo-se de todos os meios, como os mesquinhos e insidiosos métodos adotados
pela CIA no Chile para derrubar o governo nacionalistas de Salvador Allende, ou em nome da
“ajuda humanitária”, como aconteceu recentemente na Iuguslávia, Kosovo, ou ainda, a pretexto de
combater o terrorismo com na guerra brutal contra o miserável Afeganistão, os estados ricos, EUA
á frente, recorrem ao arsenal militar.
“O neoliberalismo, que é uma nova fase do imperialismo, para se impor, exige uma guerra
permanente contra os povos do Sul, isto é, o hegemonismo norte-americano, assim como o
europeu e o japonês, se utilizam de pretextos (hoje é o combate ao terrorismo, antes foram outras
invocações) para levarem diante o projeto de controle estratégico do mundo”. São palavras do
sociólogo egípcio Samir Amim, por ocasião do recente II Fórum Social Mundial realizado
novamente em Porto Alegre, com a presença de representantes do mundo todo.
Esses fóruns (já está programado outro para 2003 na Índia) são o caminho de uma tomada
de posição da sociedade civil de todo o Universo contra o neolibaralismo e suas garras
imperialistas. Personalidades internacionais da maior respeitabilidade, como os escritores norte-
americanos Noam Chomsky, Peter Marcuse e Michael Lowi, uniram suas vozes ao clamor dos
povos espoliados nesse encontro da capital gaúcha. Chomsky, por exemplo, comparou a política
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do seu país, os Estados Unidos, com o próprio terrorismo em cujo combate colocam toda a sua
impressionante máquina bélica.
Ressalta disso tudo, como muito bem observa Duarte Frota em seu trabalho, que o
fundamental é o combate sem trégua ao sistema neoliberal vigente.
Avulta como instrumento de ampliação do domínio econômico dos Estados Unidos e seus
companheiros de empreitada, os G-7 mais a Rússia, a “Área de Livre Comércio das Américas das
Américas” – ALCA, que é hoje, com certeza, o pior inimigo dos povos periféricos situados na
América Latina. “ A ALCA representa um ataque feroz á soberania dos nossos países” - afirma a
jornalista cubana Isabel Monal, também presente ao encontro de Porto Alegre.
O “Devoir D´Ingerence” é a máscara de que se valem os Estados Unidos e seus aliados
para ampliar o domínio sobre as demais nações e eternizar o sistema imperial que lideram.
“A luta contra as drogas, os problemas humanitários e o terrorismo são utilizados como
forma de legitimar o novo intervencionismo dos centros imperiais sobre o resto do mundo”,
declarou o jornalista de Cuba, que concluiu sua proclamação com estas palavras sob vibrantes
aplausos do numeroso público presente: - “Não nos deixemos enganar: não existe guerra ética,
pois tudo faz parte de um jogo geopolítico para aumentar a dominação”.
Eis uma síntese do pensamento mais correto sobre a atual conjuntura intenacional, para
cujo entendimento muito vem contribuir este livro do Cel José Ananias Duarte Frota, que põe a nu,
diante de nós, os pseudos amigos que estão pouco a pouco destruindo a nossa condição de nação
livre, soberana, por via da invasão econômica, cultural e política, numa ingerência sem disfarces
em negócios internos brasileiros.
Blanchard Girão
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SUMÁRIO
Preâmbulo pg03
Introdução pg14
Conclusão pg57
Notas pg61
Janeiro de 2002
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" Os povos sabem que as guerras, em nossos dias, nem sempre são resultados
espontâneos de causas sociais. Ordinariamente são atos de vontade, resoluções
individuais, maduradas no arbítrio dos potentados, encaminhadas pela diplomacia
secreta e rebuçadas pela mentira política com a linguagem dos grandes sentimentos de
honra, direito, salvação nacional”.
Rui Barbosa, Obras Completas. V.43, t.1, 1916. p. 85. Trecho da conferência: Os
Conceitos Modernos do Direito Internacional. Faculdade de Direito de Buenos Aires.
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PREÂMBULO
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL
A Carta das Nações Unidas foi assinada em São Francisco, a 26 de Junho de 1945,
após o encerramento da Conferência das Nações Unidas sobre Organização Internacional,
entrando em vigor a 24 de Outubro daquele mesmo ano.
O Estatuto do Tribunal Internacional de Justiça faz parte integrante da Carta.
A 17 de Dezembro de 1963, a Assembléia Geral aprovou as emendas aos Artº.s 23, 27 e 61 da
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Carta, as quais entraram em vigor a 31 de Agosto de 1965. Uma posterior emenda ao Artº. 61 foi
aprovada pela Assembléia Geral a 20 de Dezembro de 1971 e entrou em vigor a 24 de Setembro
de 1973. A emenda ao Artº. 109, aprovada pela Assembléia Geral a 20 de Dezembro de 1965,
entrou em vigor a 12 de Junho de 1968.
A emenda ao Artº. 23 eleva o número de membros do Conselho de Segurança de onze
para quinze.
A emenda ao Artº. 27 estipula que as decisões do Conselho de Segurança sobre
questões de procedimento serão tomadas pelo voto afirmativo de nove membros (anteriormente
sete) e, sobre todas as demais questões, pelo voto afirmativo de nove membros incluindo-se entre
eles os votos dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança.
A emenda ao Artº. 61, que entrou em vigor a 31 de Agosto de 1965, eleva o número de
membros do Conselho Econômico e Social de dezoito para vinte e sete. A emenda subseqüente a
este Artigo, que entrou em vigor a 24 de Setembro de 1973, elevou posteriormente o número de
membros do Conselho para cinqüenta e quatro.
A emenda ao Artº. 109, relacionada com o primeiro parágrafo do referido artigo,
estipula que uma Conferência Geral de Estados membros, convocada com a finalidade de rever a
Carta, poderá efetuar-se em lugar e data a serem fixados pelo voto de dois terços dos membros da
Assembléia Geral e pelo voto de nove membros quaisquer (anteriormente sete) do Conselho de
Segurança. O parágrafo 3 do Artº. 109, sobre uma possível revisão da Carta durante o 10º período
ordinário de sessões da Assembléia Geral, mantém-se na sua forma original, quando se refere a um
"voto de sete membros quaisquer do Conselho de Segurança", tendo o referido parágrafo sido
aplicado, em 1955, pela Assembléia Geral, durante a sua décima reunião ordinária e pelo Conselho
de Segurança.
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A promover o progresso social e melhores condições de vida dentro de um conceito
mais amplo de liberdade;
E PARA TAIS FINS:
A praticar a tolerância e a viver em paz, uns com os outros, como bons vizinhos;
A unir as nossas forças para manter a paz e a segurança internacionais;
A garantir, pela aceitação de princípios e a instituição de métodos, que a força armada
não será usada, a não ser no interesse comum;
A empregar mecanismos internacionais para promover o progresso econômico e social
de todos os povos;
RESOLVEMOS CONJUGAR OS NOSSOS ESFORÇOS PARA A
CONSECUÇÃO DESSES OBJETIVOS.
Em vista disso, os nossos respectivos governos, por intermédio dos seus representantes
reunidos na cidade de São Francisco, depois de exibirem os seus plenos poderes, que foram
achados em boa e devida forma, adotaram a presente Carta das Nações Unidas e estabelecem, por
meio dela, uma organização internacional que será conhecida pelo nome de Nações Unidas.
Capítulo I
OBJETIVOS E PRINCÍPIOS
Artº. 1
Os objetivos das Nações Unidas são:
1. Manter a paz e a segurança internacionais e para esse fim: tomar medidas coletivas
eficazes para prevenir e afastar ameaças à paz e reprimir os atos de agressão, ou outra qualquer
ruptura da paz e chegar, por meios pacíficos, e em conformidade com os princípios da justiça e do
direito internacional, a um ajustamento ou solução das controvérsias ou situações internacionais
que possam levar a uma perturbação da paz;
2. Desenvolver relações de amizade entre as nações baseadas no respeito do princípio
da igualdade de direitos e da autodeterminação dos povos, e tomar outras medidas apropriadas ao
fortalecimento da paz universal;
3. Realizar a cooperação internacional, resolvendo os problemas internacionais de
caráter econômico, social, cultural ou humanitário, promovendo e estimulando o respeito pelos
direitos do homem e pelas liberdades fundamentais para todos, sem distinção de raça, sexo, língua
ou religião;
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4. Ser um centro destinado a harmonizar a ação das nações para a consecução desses
objetivos comuns.
Artº. 2
A Organização e os seus membros, para a realização dos objetivos mencionados no
Artº. 1, agirão de acordo com os seguintes princípios:
1. A Organização é baseada no princípio da igualdade soberana de todos os seus
membros; (grifo nosso).
2. Os membros da Organização, a fim de assegurarem a todos em geral os direitos e
vantagens resultantes da sua qualidade de membros, deverão cumprir de boa fé as obrigações por
eles assumidas em conformidade com a presente Carta;
3. Os membros da Organização deverão resolver as suas controvérsias internacionais
por meios pacíficos, de modo a que a paz e a segurança internacionais, bem como a justiça, não
sejam ameaçadas;
4. Os membros deverão abster-se nas suas relações internacionais de recorrer à ameaça
ou ao uso da força, quer seja contra a integridade territorial ou a independência política de um
Estado, quer seja de qualquer outro modo incompatível com os objetivos das Nações Unidas;
5. Os membros da Organização dar-lhe-ão toda a assistência em qualquer ação que ela
empreender em conformidade com a presente Carta e abster-se-ão de dar assistência a qualquer
Estado contra o qual ela agir de modo preventivo ou coercitivo;
6. A Organização fará com que os Estados que não são membros das Nações Unidas
ajam de acordo com esses princípios em tudo quanto for necessário à manutenção da paz e da
segurança internacionais;
7. Nenhuma disposição da presente Carta autorizará as Nações Unidas a intervir
em assuntos que dependam essencialmente da jurisdição interna de qualquer Estado, ou
obrigará os membros a submeterem tais assuntos a uma solução, nos termos da presente
Carta; este princípio, porém, não prejudicará a aplicação das medidas coercitivas constantes
do capítulo VII. (grifo nosso).
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DEVOIR D’INGERÉNCE
INTRODUÇÃO
Em meio aos tumultos que explodiam por toda a América Latina a partir de 1810 -
ocasionados pelas insurreições nativistas que buscavam a independência das suas regiões do
domínio do império espanhol e do português, surgiu um documento, aprovado pelo Congresso
(1)
norte-americano em 1823, que fez história - a Doutrina Monroe . Ela tornou-se o pilar das
relações dos Estados Unidos para com o mundo daquela época e para com os seus vizinhos. Mas,
com o passar do tempo, a mesma serviu como pretexto para os mais variados intervencionismos
norte-americanos no continente e áreas contíguas.
A partir da metade do século XIX a ideologia do Destino Manifesto, que fazia dos
americanos uma espécie de novo povo eleito, difundiu-se entre eles, agindo como um poderoso
elemento mobilizador da energia do país e dos indivíduos para a conquista de novos territórios ao
oeste e sul do continente. Foi um verdadeiro elixir do expansionismo e do intervencionismo norte-
americano, que, depois de ter anexado o Texas em 1836, engoliu a metade do território do México
na guerra de 1846-48. Cabe lembrar que o território do Texas, que inicialmente pertencia ao
império mexicano (proclamado em 1823), é tão vasto quanto a França.
O Destino Manifesto(2) era, de certa forma, uma adaptação americanizada da ideologia
do imperialismo providencialista que começava a surgir na Europa e que teve, posteriormente, no
poeta Rudyard Kipling, sua forma literária mais acabada, explicitada na frase "o fardo do homem
branco", na qual o europeu era visto vagando pelo mundo primitivo dos demais continentes
encarregado de civilizar os nativos.
E, sob o ponto de vista teológico é uma versão secularizada, adaptada aos americanos,
da idéia bíblica do povo eleito, escolhido pelo Todo-Poderoso para açambarcar toda a Terra da
Promissão.
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I - DOUTRINA ESTADUNIDENSE NO SÉCULO XX
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ao comunismo” foi o lançamento da Doutrina Truman, o primeiro pilar da Guerra Fria. Anunciada
em março de 1947, a pretexto de socorrer a Turquia e a Grécia (envolvida numa guerra civil entre
comunistas e monarquistas), o presidente dos Estados Unidos garantia que suas forças militares
estariam sempre prontas a intervir em escala mundial desde que fosse preciso defender um país
aliado da agressão externa (da URSS) ou da subversão interna, insuflada pelo movimento
comunista internacional, a serviço dos soviéticos. Na prática os Estados Unidos se tornariam dali
em diante na polícia do mundo, realizando intervenções em escala planetária na defesa da sua
estratégia.
O segundo pilar, separando ainda mais as superpotências, deu-se com o Plano Marshall
que foi um projeto de recuperação econômica dos países envolvidos na guerra. Anunciado,
também no ano de 1947, em 5 de julho, em Harvard. Este plano deve seu nome ao General George
Marshall, secretário-de-estado do governo Truman. Por ele, os americanos colocariam à disposição
uma quantia fabulosa de dólares (no total ultrapassou a U$ 13 bilhões de dólares) para que as
populações européias pudessem “voltar às condições políticas e sociais nas quais possam
sobreviver as instituições livres”, e a um padrão superior que os livrasse da “tentação vermelha”,
isto é de votar nos partidos comunistas, mantendo-se assim fiéis aos Estados Unidos.
Enquanto os europeus ocidentais (ingleses, franceses, belgas, holandeses, italianos e
alemães) aderiram ao plano com entusiasmo, Stalin não só rejeitou-o como proibiu aos países da
sua órbita (Polônia, Hungria, Tchecoslováquia, Iugoslávia, Romênia e Bulgária) a que o
aceitassem. A doutrina e o plano fizeram ainda mais por separar o mundo em duas esferas de
influência.
1.4 Doutrina Thornburg
Este "direito" (ou poder) polêmico surgiu no dia 15 de junho de 1992, quando a
Suprema Corte dos Estados Unidos da América do Norte, em decisão que ficou conhecida como
doutrina Thornburg, autorizou o poder executivo, a polícia e as forças armadas daquele país a
prender qualquer cidadão, em qualquer parte do mundo, para julgá-lo nos tribunais americanos.
Ignorando solenemente a opinião pública mundial e indiferente aos valores filosóficos
e ao elevado conteúdo ético dos tradicionais princípios de Direito Internacional a “Águia”
reconheceu, pragmaticamente, como ato de legítima defesa a atuação policial e militar do Governo
norte-americano em território de outros países - sem autorização destes - para "combater o
narcotráfico ou o terrorismo”. Por força dessa norma imoral foi unilateralmente decretado e
"legalizado", o seqüestro internacional(4).
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II - CONJUNTURA ATUAL
2.1- Prelúdio
Com a queda do muro de Berlim finda o confronto ideológico capitalismo X
socialismo marcando o início de um a “nova ordem mundial”.
As origens dessa “nova ordem mundial” estão no período imediatamente posterior à
Segunda Guerra Mundial, no momento em que os Estados Unidos da América, EUA assumiram a
supremacia do sistema capitalista. Esta supremacia se fundamentava no segredo da arma nuclear,
no uso do dólar como padrão monetário internacional, na capacidade de financiar a reconstrução
dos países destruídos com a guerra e na ampliação dos investimentos das empresas transnacionais
nos países subdesenvolvidos.
Após a derrocada do socialismo, a internacionalização do capitalismo atinge
praticamente todo o planeta e se intensifica a tal ponto que merece uma denominação especial;
globalização, marcada basicamente pela mundialização da produção, da circulação e do consumo.
Nessas condições, a eliminação de barreiras entre as nações torna-se uma necessidade, a fim de
que o capital possa fluir sem obstáculos. Daí o enfraquecimento do Estado, que perde poder face
ao das grandes corporações.
A tese do neoliberalimo e do livre mercado também expõe a todos os paises do globo
uma forma econômica de intervenção sem o exercício do conflito armado, mas que mata milhões
de seres humanos pelo desemprego, fome e o pagamento de dívidas externas infindáveis.
Um pequeno e recente exemplo foi a taxação do aço pelo governo estadunidense. O
presidente George W. Bush anunciou através da Casa Branca no dia 04 de março passado a
decisão de sobretaxar em até 30% produtos siderúrgicos de vários países como parte das medidas
de salvaguarda para proteger a indústria siderúrgica americana da competição estrangeira.
Esta nova postura trata-se da determinação final do presidente George W. Bush sobre o
processo de salvaguardas iniciado em junho de 2001 para o ineficiente setor tradicional da
indústria siderúrgica americana e objetiva pagar promessa de sua campanha eleitoral.
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A União Européia e vários parceiros comerciais dos EUA prometeram contestar as
barreiras na Organização Mundial de Comércio (OMC). Os produtores e as autoridades dos países
asiáticos qualificaram de "protecionista" a decisão do presidente George W. Bush e afirmaram que
ela decorreu de pressões políticas para inimizar os efeitos negativos do atraso na reconversão do
setor siderúrgico norte-americano.
Com este desavergonhado e ilegal protecionismo da “águia” milhares de trabalhadores
brasileiros serão prejudicados tornando-se visível o problema das exportações brasileiras de aço e
de nossa balança comercial.
Este tipo de interferência na economia global é outro modo de intervenção desta “nova
ordem mundial” mas não será debatida neste opúsculo. Devemos recordar que os EUA apregoam
aos quatro cantos do mundo o livre comercio, o respeito à democracia e aos direitos humanos, só
que para eles. Quais os princípios éticos da pax americana e onde fica o direito internacional?
Talvez de forma mais notável, o significado dos direitos humanos é uma conseqüência
das pressões estabelecidas pelos ativistas da sociedade civil. O surgimento de organizações não-
governamentais (ONG's) internacionais de direitos humanos expressou novas formas de ação
política transnacional, baseada em redes, normas, informações e acesso aos meios de comunicação
como instrumentos de persuasão para desafiar o poder estatal opressivo entrincheirado. Algumas
vezes, esses desafios convergiram com pressões geopolíticas, como foi o caso em relação ao apoio
aos direitos humanos nos países do antigo bloco soviético e atualmente na China. A ideologia da
Guerra Fria e a promoção dos direitos humanos convergiram, especialmente na década de 1980.
Como Noam Chomsky e outros apontaram, eles também divergiram muitas vezes, com as
prioridades geopolíticas produzindo intervenções pró-autoritárias à custa dos direitos humanos.
Na nova ordem mundial, a bipolaridade da guerra fria representada pelos atores,
Estados Unidos e União Soviética foi substituída pela multipolaridade econômica e hegemonia
militar do Estados Unidos. E, neste contexto a “pax americana” que havia realizado na guerra fria,
intervenções em estados soberanos sob a égide de “defesa da democracia” no final do século XX
substituiu conceitos para justificar o “devoir d’ingerence” através da expressão militar.
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Exclusão Aérea, cortando tanto o norte, a partir do paralelo 36°, como o sul do Iraque, a partir do
paralelo 32°, áreas em que aviões e helicópteros militares de Saddam não poderiam voar.
2.3- Ações dos Estados Unidos pós Guerra do Golfo
À presença militar anglo-americana na região da Península Arábica e nos mares e
oceanos vizinhos, com bases navais, aéreas e terrestres, praticamente recolonizando-a, somou-se
ao impasse das relações entre Israel e os palestinos. O mundo muçulmano mostrou-se, nos últimos
anos, crescentemente desconformes com a ambigüidade da política norte-americana para com o
Oriente Médio. Os Estados Unidos exigem com todo o rigor que Saddam Hussein cumpra as
determinações das resoluções da Organização das Nações Unidas, ONU, aplicando bombardeios
aéreos punitivos sistemáticos sobre o Iraque, ao tempo em que mostram indiferença pela causa
palestina no seu enfrentamento com o Estado de Israel.
Para os fundamentalistas muçulmanos, esta atitude agressiva para com os árabes e os
iranianos, porém complacente para com os israelenses, não se limita à defesa dos interesses
estratégicos mais amplos dos Estados Unidos (controle das reservas de petróleo). Para eles, isso
faz parte de uma política opressiva que visa submeter o Islã aos interesses da cristandade associada
ao judaísmo. Logo, objetivos econômicos fundem-se com os de origem religiosa. Na medida em
que os Estados seculares árabes (Egito, Síria, Iraque, Líbia) não conseguiram até hoje fazer frente
ao poder americano-israelense, os fundamentalistas assumiram a posição de defensores da terra do
Profeta, aderindo à estratégia do terror. A antiga retórica nacionalista (a defesa do petróleo e da
independência política) foi substituída pela pregação religiosa (defesa do Islã, apelo a Jihad, a
guerra santa).
No dia 16 de fevereiro de 2000 os Estados Unidos da América e a Inglaterra
bombardearam o estado soberano do Iraque. A Casa Branca anunciou, conforme matéria no jornal
Diário do Nordeste do dia seguinte, que o presidente americano George W. Bush autorizou os
bombardeios ‘‘de rotina’’ feitos por aviões aliados no Iraque ‘‘para defender a zona de exclusão
aérea’’. ‘‘As forças aliadas fizeram um bombardeio de rotina no Iraque em defesa da zona de
exclusão aérea’’, disse à imprensa a porta-voz da Casa Branca, Mary Ellen Countryman. ‘‘O
presidente autorizou estes bombardeios ontem’’, acrescentou a assessora.
Em 07 de fevereiro do corrente ano, ao lermos no jornal o Povo a excelente coluna do
jornalista Joelmir Beting, intitulada: “A garra da águia” faz-se mister apreciarmos parte do texto: “O
poderoso complexo industrial-militar dos Estados Unidos esfrega as mãos de alegria: o orçamento
da defesa nacional, para o próximo ano fiscal, a partir de outubro, deverá subir para US$1 bilhão
por dia. Ou mais precisamente: US$ 369,3 bilhões no ano.(leia na íntegra a artigo no anexo@)
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Pela segunda vez em dez anos, os gastos militares escapam por um triz das tesouras do
Executivo, do Congresso e da sociedade. Em 1992, a megaconta foi preservada e até ampliada
pelas escaramuças arabescas do Saddam. Agora, preservada e de novo ampliada pelos horrores em
domicílio do Talibã”, afirma o colunista.
Segundo atestamos, após a queda do muro de Berlim, com a dissolução da União das
Repúblicas Soviéticas, o antigo confronto leste-oeste entre ideologias capitalista e comunista
passam para uma nova fase ou nova ordem mundial. O atormentado final de século consolida a
crise do Estado moderno: de um lado, o Estado-Nação ameaçado em sua soberania; de outro, o
Estado-social esvaziado pelo neoliberalismo(5) . Ambos sofrem, por igual, a crise da política, com
todos os seus desdobramentos possíveis, inclusive a supremacia da guerra sobre a détente e a
negociação, o esvaziamento da Organização das Nações Unidas, ONU(6) e a virtual falência do
direito internacional, reduzidos a meros arcaísmos pela nova ordem mundial, presidida pelo
regime da potência única.
(7)
O princípio da soberania , considerado há séculos como sendo una, indivisível,
(8)
inalienável e imprescritível , ganha, na atualidade, enorme importância, visto que, para alguns
estudiosos, o fenômeno da globalização tê-lo-ia colocado no museu da história, sepultando-o
definitivamente.
Mais da metade dos países do planeta está submetida, foram vítimas ou estão
ameaçados por sanções econômicas ou comerciais decretadas por Washington. Estados como o
Iraque, a Coréia do Norte, o Sudão, Cuba ou a Líbia, condenados unilateralmente como ‘párias’
por Washington, pagaram ou pagam alto por insistirem, cada um ao seu modo em sobreviver com
um mínimo de autodeterminação.
A agressão a Bagdá sobre pretexto do interesse norte-americano fere o direito
internacional e em particular a Carta da Organização das Nações Unidas - ONU que proíbe a
ameaça ou uso da força, a não ser que o Conselho de Segurança o tenha autorizado expressamente,
depois de concluir que os meios pacíficos fracassaram, ou em defesa própria contra “agressão
armada”, até que o Conselho de Segurança atue.
No entanto, faz-se mister estratégias da superpotência para a nova ordem mundial.
Implantar no cidadão global novo conceitos tipo; “devoir d’ingerence” (dever de ingerência),
diretos humanos, narcotráfico e meio-ambiente eram tons e matizes no dia a dia da aldeia
global até 11 de setembro de 2001. No presente momento o terrorismo é outro foco para o “devoir
d’ingerence” e na visão estadunidense os países periféricos devem pensar e agir globalmente
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devendo copiar idéias, hábitos, costumes, visão de mundo, política, regime, amor e ódio
transferido do núcleo de poder mundial.
Esta peregrina idéia do "Dever de Ingerência" (humanitária) foi lançada em 1987 por
Bernard Kouchner, presidente dos Médicos sem Fronteira, depois ministro de François Miterrand.
Tratava-se de exigir liberdade de acesso e atuação, em áreas de catástrofe natural ou social, para as
organizações não-governamentais (O.N.G.'s) (8) de auxílio e socorro.
A idéia, com este alcance é, porém velha, tendo sido teorizada no princípio do século
como “intervenção humanitária” por um jus-internacionalista "progressista", o francês George
Scèle. Para não ir mais longe (onde se perderia nas brumas da pré-história de qualquer direito
internacional), humanitária foi já à guerra dos Boxers de 1901, levada a cabo pelas potências
coligadas (Alemanha, Áustria-Hungria, USA, França, Grã-Bretanha, Itália e Japão) contra o
Império chinês, com o saque de Pequim e a extorsão de novas concessões e tratados. Humanitária,
a intervenção francesa de 1860 na Síria para socorrer os maronitas. Humanitária a intervenção
ianque da República Dominicana em 1965 e a invasão de Chipre pelos fascistas turcos.
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III - DOUTRINA E O DEVER DE INGERÊNCIA
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3.1-Soberania
Para o professor José Francisco Rezek(11), a soberania é um "atributo fundamental do
Estado que o faz titular de competências que, precisamente porque existe uma ordem jurídica
internacional, não são ilimitadas; mas nenhuma entidade as possui superiores”( grifo nosso).
Neste sentido, a ingerência é um fundamento inconciliável com o princípio da soberania.
Nenhuma nação possui mais soberania do que uma outra para o Direito Internacional e, portanto,
não possui a prerrogativa de intervir compulsoriamente em assuntos internos de um outro povo.
3.2- Autodeterminação dos Povos
O mestre Acquaviva(12) define como"Princípio que decorre do direito à existência inerente a
cada Estado. Por seu intermédio, justifica-se o próprio conceito de soberania que pode ser interna
ou externa.
O jurista José Francisco Rezek(13) chega a afirmar que: "os povos propendem, naturalmente,
à autodeterminação" e que "os Estados não se subordinam senão ao direito que livremente
reconheceram ou construíram (p.3, grifo nosso)".
Se a um Estado dá-se o direito de autodeterminar-se quanto às regras internacionais a que
se subordina, não há porque acolher como justo e mesmo legal o Direito de Ingerência, ato
unilateral de um outro Estado (ou conjunto destes) sobre outro sem o seu consentimento.
Paradoxalmente, este princípio tem sido utilizado pelos Estados Unidos da América como pretexto
para a ingerência quando a autodeterminação de minorias esteja ameaçada por um Estado.
3.3- Não Intervenção
A não intervenção é um dogma defendido desde Kant e vem sendo largamente empregada
como princípio em matéria de Direito Internacional. Quem talvez melhor defina este conceito é a
própria Carta da Organização dos Estados Americanos - OEA, que enuncia em seu art. 18:
"Nenhum Estado ou grupo de Estados tem o direito de intervir direta ou indiretamente, seja
qual for o motivo, nos assuntos internos ou externos de qualquer outro. Este princípio exclui não
somente a força armada, mas também qualquer outra forma de interferência ou de tendência
atentatória à personalidade do Estado e dos elementos políticos, econômicos e culturais que o
constituem (grifo nosso)"
Sendo a ingerência parte nuclear do conceito de intervenção, o princípio da não intervenção
também abarca esta prática, repudiando-a enquanto instrumento de Direito Internacional.
3.4- Proibição do Uso da Força como Forma de Solução de Conflitos Internacionais
24
O Direito Internacional considera ilícito o recurso à utilização do uso da força – ou de sua
ameaça - para a solução de conflitos internacionais, não somente aquelas hostis e armadas, bem
como as não consideradas de escopo bélico.
Neste século houve uma evolução através do estabelecimento de tratados e pactos entre as
nações, que culminou com a proibição formal e extensiva contida na CARTA DAS NAÇÕES
UNIDAS. O Direito Internacional evoluiu para o abandono do jus ad bellum, ou direito à guerra,
enquanto mecanismo lícito para o deslinde de conflitos entre Estados.
Sendo a ingerência uma forma de injunção hostil, na maioria das vezes, inclusive, armada,
está em desconsonância com o preceito estudado aqui.
3.5- Pacta sunt servanda
Para REZEK(14), " pacta sunt servanda é o princípio segundo o qual o que foi pactuado
deve ser cumprido (p.3)”. Na definição jurídica do professor ACQUAVIVA(15) : "Locução latina
que significa a obrigatoriedade do cumprimento das cláusulas contratuais”.
Sendo um modelo de norma fundada no consentimento perceptivo, ou seja, que fluem
inevitavelmente da pura razão humana ou de um imperativo ético, este princípio vincula as regras
dele resultantes como imprescindíveis à comunidade internacional. Deste modo, sem dúvida,
instrumentos jurídicos de Direito Internacional como a Carta das Nações Unidas, ONU e da
Organização dos Estados Americanos, OEA(16) , que consagram o princípio da não intervenção e
todos os outros acima discutidos, vinculam seus signatários através do pacta sunt servanda,
levando-os assim a obrigar-se à observação das normas neles inscritas.
25
IV- FUNDAMENTAÇÃO IDEOLÓGICA DA POSTURA NORTE-AMERICANA FRENTE
AO DIREITO DE INGERÊNCIA.
É preciso destacar que, ao longo de toda a história americana, e, não somente no que se
refere à expansão de fronteiras, existe a necessidade de justificar moralmente suas ações de poder
ingerenciar. Aqui, revela-se mais um dos aspectos característicos do perfil de atuação americano: a
combinação do idealismo e do realismo. Existe, na quase totalidade das ações americanas, a
presença de um princípio e de um valor para justificar as atitudes (agressivas ou cooperativas) que
forem tomadas no sistema internacional. Ao agirem, segundo esta lógica, os Estados Unidos nunca
estariam perseguindo o poder pelo poder ou visando os seus interesses mais concretos e imediatos,
mas sim realizando uma tarefa e um objetivo mais elevado.
Dado o caráter especial de sua república, os americanos foram “escolhidos” para realizar
estas missões e devem fazer tudo o que estiver a seu alcance para completá-las.
Como fica evidente pela leitura do texto acima, não há atitude americana em relações
internacionais que se justifique meramente pela via pragmática, ou seja, existe sempre um
arcabouço ideológico subjacente ao real dando sustentação moral e política à suas ações em
política externa.
Mesmo estando demonstrada a ilicitude da utilização do chamado Direito de Ingerência
pelos Estados Unidos, há sempre uma razão real e outra moral que o justifique internamente (tem-
se aqui a eterna preocupação com a "opinião pública" americana, tão cara aos governos de turno).
A ingerência possui assim como objetivo real a manutenção da hegemonia norte-americana
ao redor do globo, tanto do ponto de vista da segurança como da economia, devendo assim
expandir mercados através da disseminação dos valores neoliberais e afastar a ameaça à
integridade de seu território estandardizando seus valores democráticos como se assim fossem
universais, devendo ser aceitos por todos os países, independentemente de sua feição cultural ou
política.
26
No plano moral, ou ideológico, existe uma construção doutrinária arraigada na
sociedade estadunidense de que seu país experimentou primeiramente a construção republicana
democrática e, deste modo, necessitam reproduzi-la em todo o mundo. É o que se convenciona
chamar de "Destino Manifesto" – misto de direito divino - messiânico - e de categoria filosófica -
presente desde a constituição do Estado Norte-Americano em sua Guerra de Independência.
O que salta aos olhos é que este "Destino Manifesto" continua presente mais do que
nunca na mentalidade atual dos americanos, conforme se observa nas palavras da Secretária de
Estado Madeleine Albright: "O sucesso ou o fracasso da política externa do povo americano
permanece como o maior fator para moldar nossa própria história e o futuro do mundo”.
Desta forma, o desrespeito às normas de Direito Internacional, a desmoralização das
Nações Unidas e as atrocidades cometidas contra a população civil durante a Guerra de Kosovo,
seriam justificadas por esta missão messiânica designada à nação americana de reproduzir seus
valores em qualquer canto custe o que custar, como se travassem uma verdadeira cruzada ou
guerra santa.
Vinculados ao conceito de "Destino Manifesto" estariam ainda os históricos
isolacionismo e unilateralismo norte-americanos que, juntos, constroem o arcabouço moral que
justifica a forma deste engajamento no sistema internacional. De forma alguma os Estados Unidos
da América abrem mão de se isolarem em atitudes unilaterais quando a missão a ser cumprida
assim requerer, de modo que, apesar de atuarem em organismos multilaterais, sempre terem
recorrido à unilateralidade em momentos decisivos aos seus interesses.
Em nome do “devoir d’ingerence” os Estados Unidos e a Inglaterra ao atacarem o Iraque
no dia 16 de fevereiro de 2000, violaram mais uma vez três princípios fundamentais da
convivência internacional, conquista que nossa civilização supunha haver consolidado em Yalta(17)
em volta no final da 2ª Grande Guerra. Ultrajaram ainda a soberania dos Estados que remonta às
(18)
revoluções americana de 1776 e francesa de 1789, a autodeterminação dos povos e a Carta da
ONU do qual seus países sócios são signatários, a grande maioria fundadora e alguns são membros
do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas.
Samuel Pinheiro Guimarães(19), diretor do Instituto de Pesquisas em Relações
Internacionais do Itamarati, atesta: “E, hoje, é de tal ordem a distância tecnológico-bélico-
econômica que separa os Estados Unidos dos demais países, que se revela uma farsa qualquer
tentativa de justificar a guerra, guerrinhas, invasões etc.— com o argumento de sua defesa
preventiva em face de uma ameaça presumível ou real. Não há ameaça ou quem quer que possa
27
constituir-se em ameaça ao grande Império. Tudo o mais é retórica de guerra que o complexo
industrial-militar-tecnológico-científico explica”.
Uma alternativa para não acontecer fatos desta natureza onde foram assassinados
inocentes civis no Iraque, seria a criação de um tribunal penal com poderes para julgar os autores
de crimes contra a humanidade, imprescritíveis independentemente do status do agente, e
independentemente mesmo de eventual decisão legal tomada por um Estado soberano. Mas os
Estados Unidos são contra esse Tribunal e impedem sua constituição. Além de haver votado contra
a criação do Tribunal Penal Internacional, na reunião de Roma, os Estados Unidos vêm-se opondo
à competência de um Tribunal internacional para processar acusados de crimes de guerra(20). Desde
então o Ministério da Defesa vem advertindo a comunidade internacional de que os Estados
Unidos não poderão aprovar a criação de um Tribunal que tenha o poder de julgar militares
americanos.
Não resta dúvida que o objetivo primário dos Estados Unidos da América nesta empreitada
intervencionista visa garantir a hegemonia de sua presença "imperial" no mundo, reproduzindo
seus valores políticos e econômicos como se fossem obrigatórios e universais, sendo tudo isso
parte inerente do jogo de sustentação do atual modelo capitalista que tem na grande nação do norte
uma liderança inquestionável.
Internamente a opinião pública estadunidense entende que esta postura se defende pela
necessidade de reprodução do modelo republicano e "democrático" de sua nação em todo o
mundo, como se a ingerência se justificasse por uma missão messiânica, um "Destino Manifesto"
dos Estados Unidos da América presente desde sua independência, atualmente rebatizado de
"Nação Indispensável".
O mundo passa por uma época de incertezas no campo da manutenção da paz e do
relacionamento entre as potências. Ao colocar em cheque a efetividade do Sistema das Nações
Unidas e das normas do direito internacional os Estados Unidos da América põem em risco a
estabilidade de convivência entre os diferentes países.
O Direito de Ingerência nos assuntos internos de outras nações subjuga povos e
princípios consagrados pela humanidade, abre uma brecha para que toda a construção que vem se
dando há séculos de um sistema legal que visa o relacionamento pacífico entre povos e nações,
faça-se cair por terra.
A continuidade desta prática poderá acarretar danos irreparáveis à paz mundial e à ninguém
ela deveria interessar mais que ao próprio povo norte-americano. Contudo, irracionalmente, os
rumos da Pax Americana parecem levar ao destino que outros impérios já desfrutaram.
28
Lembremos não do Álamo, mas das frases do norte-americano Thomas Friedmam(21) : “A
mão oculta do mercado jamais funcionará sem um punho oculto – o McDonald’s não pode
prosperar sem a Mc Donnel Douglas, que projetou o F-15. E o punho oculto que mantém o mundo
seguro para as tecnologias do Vale do Silício chama-se Forças Armadas, Força Aérea, Marinha e
Fuzileiros Navais dos Estados Unidos”.
29
IV- TENTÁCULOS DA “ÁGUIA” PRÓXIMOS DO BRASIL
30
As três guarnições abrigam aviões-espiões, aeronaves de transporte, modernos caças F-16 e
se preparam para receber os sofisticados aviões radar Awcs, de última geração em rastreamento
eletrônico. Essas bases foram montadas nos dois últimos anos, em substituição à base Howard (no
Panamá), desativada em 1999.
A idéia é que juntas, as três bases viabilizem 2 mil missões (vôos) anuais supostamente
para rastreio e interceptação de aeronaves usadas por narcotraficantes.
- As sete bases de radar da Colômbia e Peru :
A pretexto de estrangular o narcotráfico, como idealizado pelas forças armadas americanas,
estas também se posicionaram em território sul-americano em uma rede de 17 bases terrestres de
radar.
Destas, três ficam no Peru, quatro na Colômbia por motivos óbvios e o restante é "móvel e
em local secreto", como informa o Center International Policy for Desmilitarization, uma ONG
antimilitarista. Essas bases de radar possuem pista de pouso para aviões de transporte (como a
colombiana Letícia e a peruana Iquitos, próximas à fronteira brasileira) e seu efetivo é estimado
em 45 militares cada uma, entre técnicos de radar e soldados encarregados da guarda.
Aos homens das bases de radar se somam os conselheiros militares espalhados pelas
embaixadas sul-americanas e nas guarnições das bases aéreas, totalizando cerca de 1,5 mil
militares ianques no sul do continente.
Essa aparente Ordem de Batalha dos EUA contra o "narcotráfico"e a "narco guerrilha",
inclui ainda seis pistas de pouso construídas pelos americanos no Peru, no Paraguai, na Bolívia, no
Suriname e na Guiana Francesa.
Na Colômbia, generais americanos já participam fisicamente do cerco a narcotraficantes
como fizeram seus antecessores no Vietnã.
- A segunda fase do Plano Colômbia :
O general americano Peter Pace, 55 anos, fuzileiro naval, combateu no Vietnã entre 1968 e
1969, assumiu em 1999 a chefia do Comando Sul (Southcom) – Grande Unidade responsável
pelas operações militares dos EUA na América Latina. Comandando 48 mil combatentes, o
general Pace foi escolhido para ser o executor do Plano Colômbia, o maior projeto contra o
narcotráfico já montado pelos EUA.
O plano seria essencialmente militar. Dos US$ 860 milhões canalizados diretamente para a
Colômbia, US$ 519 milhões vão para as Forças Armadas (ou 60%) e US$ 123 milhões vão para a
polícia (14%). Apenas 4% da verba vai para a ajuda a refugiados, enquanto 8% ficam para
31
alternativas de desenvolvimento - o estímulo a que os agricultores troquem o plantio de coca por
vegetais comestíveis, por exemplo.
O Brasil é um dos poucos países sul-americano onde ainda não existem bases, guarnições
ou pistas de pouso americanas. Alcântara será a primeira se não houver um retrocesso.
Hoje, a maior resistência dos militares brasileiros é em relação à presença dos militares
americanos em nosso país, garante um especialista em questões militares, o Sr.Nelson Düring.
Principalmente no Exército, historicamente avesso à participação externa e com sabidas tendência
nacionalistas. É por isso que os militares brasileiros vêem com "preocupação" a proliferação de
guarnições americanas em torno da Amazônia Brasileira.
Isso tudo explica porque os generais brasileiros têm adotado uma postura de resistência em
relação ao Plano Colômbia, recusando qualquer presença e, menos ainda, a intervenção militar
estrangeira na Amazônia brasileira.
Os campos de treinamento oferecidos aos americanos pela Argentina, na província de
Misione, a 1.300 Km de Buenos Aires - dentro de uma área coberta de selva -, mais uma vez
servem de alerta, a despeito dos motivos alegados pelos Estados Unidos para se estabelecerem ao
longo da fronteira com o Brasil. "Isso deve servir para que fiquemos atentos a qualquer evolução
que ali possa ocorrer. Se um vizinho resolve abrir determinados bens que devem ser inalienáveis, o
problema não é nosso. Mas a partir do momento que isso possa constituir uma preocupação para a
segurança de nosso País, devemos começar a nos preocupar", analisa o vice-presidente e
pesquisador do Centro Brasileiro de Estudos Estratégicos (Cebres), Coronel Amerino Raposo(23).
Em palestra proferida na Escola Superior de Guerra em 1998, para a turma Voluntários da
Pátria a professora Lydia Garner, PHd, brasileira radicada há 30 anos nos EUA, integrante do
Departamento de História da Sowthwest Texas University, já chamava atenção para o fato da
Amazônia ser foco de interesse internacional desde a época dos descobrimentos, mas que a
soberania brasileira sobre ela, que sempre foi reconhecida, poderia mudar a qualquer momento.
"Talvez a natureza desta soberania venha a ser modificada em vista dos argumentos que estão
sendo desenvolvidos em fóruns internacionais onde alguns aspectos da Nova Ordem Mundial
estão sendo articulados e definidos. O governo brasileiro deve desenvolver uma diplomacia
agressiva ao invés de defensiva, que não admita nem o mais leve desrespeito à sua soberania, e
adotá-la para a Amazônia, a fim de reafirmar às demais nações o seu direito perfeito sobre a
região".
De acordo com a professora, a Nova Ordem Mundial da qual se falava há anos foi
subvertida, cedendo espaço para um ambiente global ainda instável. A seu ver, o instinto de auto-
32
preservação se contrapõe a consolidação de um poder hegemônico e abre discussão quanto a
sobrevivência da instituição do Estado nacional. "O Brasil, País estratégico no próximo milênio,
por ser detentor de riquezas naturais, como a água potável, deve se tornar um dos atores principais
desta discussão' prevê Lydia Garner. A professora adverte ainda que, como observador das
experiências que ocorrem em outros países, o Brasil deve se conscientizar que sua vez está
chegando. "Se as nações não têm amigos mas interesses, é hora do Brasil analisar e construir sua
própria estratégia para enfrentar a globalização atual e a evolução da jurisprudência de soberania
nacional, que ameaça metade de seu território, constituído pela maior floresta do mundo: a
Amazônia".
33
V- A CONTRA INFORMAÇÃO ESTADUNIDENSE NA ALDEIA GLOBAL
O jornalista James Dao(24) do jornal The New York Times escreveu a seguinte chamada:
“Pentágono poderia dar notícias falsas à mídia estrangeira. Finalidade seria influenciar a opinião
pública em países amistosos ou inimigos”. O jornalista declara:
“O Pentágono (Departamento de Defesa dos EUA) está estudando a elaboração de planos
para fornecer informações jornalísticas, possivelmente até falsas, à mídia estrangeira como parte
de um novo esforço para influenciar a opinião pública e os formuladores de políticas em países
amistosos e inimigos, disseram funcionários da área militar”.
O primeiro passo para colocar esta idéia em prática foi à criação de um Escritório de
Influência Estratégica, que nasceu com o objetivo de intensificar o apoio dos países externos a
campanha norte-americana contra o terrorismo, em especial os países islâmicos. Uma executiva da
área de publicidade e propaganda foi contratada para atuar neste escritório, que conta com um
orçamento vultoso. O uso do correio eletrônico, o e-mail, é uma das ferramentas usadas para
plantar com mais rapidez as informações.
O Estados Unidos estão sentido a pressão mundial contrária aos seus movimentos
expansionistas e precisam “instituir verdades” na Aldeia Global em busca de apoio aos seus
(25)
interesses difusos. Este trabalho de “doutrinação” através dos meios de comunicação e de
propaganda não é novo. Na Alemanha do III Reich de Hitler esse instrumento era eficientemente
aplicado por Joseph Paul Goebbels(26) na postura do Führer(27). Hitler afirmava aos seus
seguidores: "A propaganda permitiu-nos conservar o poder, a propaganda nos possibilitará a
conquista do mundo".
A propaganda era tão importante para Hitler que uma das medidas mais imediatas foi a
criação de um Ministério da Propaganda, entregando sua direção ao doutor Joseph Goebbels. Num
regime que se assumia como absoluto, total, todos espaços que dali por diante circundavam os
cidadãos, nas ruas, nos edifícios, no estádios, os prédios público e privados, nas fábricas e nas
escolas, tudo o que fosse impresso ou que circulava no ar, deveria ser preenchido pelas mensagens,
slogans e símbolos do partido nazista e do seu guia Adolf Hitler.
34
Um governo pode ter certas qualidades - ser honesto, clarividente, capaz - ele satisfaz
apenas à fração da população que possui idênticas qualidades. Torna-se popular apenas a partir do
dia em que o homem da rua, incapaz de julgar dessa maneira, mas impelido por sentimentos muito
mais poderosos e muito mais obscuros, logra colocar-se inconscientemene no lugar dele, até iludir-
se e acreditar que o governo age levado por sentimentos análogos aos seus. Se essa identificação é
impossível, apesar de fácil em tempos normais, o governo torna-se, então, o objeto da projeção de
todos os maus sentimentos e, pensa a massa, não pode mais agir senão por maldade, por baixos
interesses, traição, imbecilidade"(28).
Todos os chefes de Estado esforçam-se por obter essa "projeção" da massa em relação à
sua própria pessoa; alguns forçam a adesão popular usando processos líricos e quase mediúnicos,
como Hitler; outros, como Roosevelt e Churchill, ao familiarmente convidarem seus concidadãos a
compartirem os seus cuidados e as suas esperanças; recordamo-nos das famosas "conversas ao pó
do fogo", com que Roosevelt regularmente se dirigia pelo rádio a cada americano como a um
amigo que cumpria associar às suas aflições e aos seus projetos. A argumentação do tipo "Sou um
dos vossos" ou "Colocai-vos em meu lugar" é o recurso favorito dos estadistas nos países
democráticos(29).
Contra a notícia falsa, o desmentido, em geral, é destituído de força, visto ser muito difícil
desmentir sem parecer defender-se "como acusado", e acontece que, quanto mais grosseira a
falsidade da notícia, maior o seu efeito e mais difícil se torna retificá-la, porquanto o público
procede naturalmente ao seguinte raciocínio: "não teriam ousado afirmar semelhante coisa se dela
não estivessem seguros". Hitler sabia que a credibilidade de uma mentira amiúde aumenta em
função de sua enormidade: "a mais descarada mentira sempre deixa traços, embora reduzida a
nada. Eis ai uma verdade sabida de todos os diplomados na arte de mentir e que prosseguem no
trabalho de aperfeiçoá-la".
Nélson Jahr Garcia(30) nos ensina que o conflito na guerra do Golfo entre o Iraque e as
forças aliadas eclodiu acompanhado de uma forte censura, certamente a mais rigorosa já havida
em tempo de guerra. Os militares norte-americanos alegavam que os jornalistas foram os
principais responsáveis pelo seu fracasso no Vietnam. Para os franceses, foi na Algéria que a
imprensa lhes trouxe a derrota. Não e o caso de se discutir quanto de exagero há em uma versão
que atribui, aos meios de comunicação, o poder de produzir um desastre militar. Mais importante é
avaliar a extensão, os objetivos e, principalmente, as consequências da interferência dos oficiais
sobre os noticiários.
35
Uma das grandes bandeiras do chamado mundo livre, utilizada para enfatizar a excelência
de seus regimes em relação aos do bloco socialista e dos países ditatoriais, sempre foi a liberdade
de expressão e acesso às informações. No momento em que oficiais aliados, especialmente norte-
americanos, decidem que a população não deve saber qual o número de civis mortos ou a quantas
anda o moral das tropas, passam a nos deixar em dúvida sobre as diferenças entre o seu
comportamento e o autoritarismo de Sadam Hussein. Um jornalista inglês, embora concordando
que é mais seguro manter a eficiência em uma guerra sem os riscos que uma oposição política
pode criar, acrescentou com muita propriedade: "Nós não somos democratas se confiamos no povo
apenas quando os riscos são suficientemente baixos(31)” .
No Golfo não houve apenas a ocultação de determinados acontecimentos, mas sim a
escolha e divulgação daqueles que permitiam mostrar outra guerra, imaginária, que pouco ou nada
tinha a ver com a verdadeira. A manipulação foi de tal ordem que alguns pilotos, prestes a decolar
em missão de bombardeio, foram orientados a voar dentro de determinada configuração,
considerada mais estética para fins de filmagem. E verdade que. para muitos, o noticiário não tinha
credibilidade, mas o enorme apoio popular à forma como as ações foram conduzidas revela o
sucesso do projeto(32).
A estratégia da propaganda, para os incidentes no Golfo, foi criar uma versão asséptica dos
acontecimentos, que transformou as imagens dos ataques em cenas de videogame. A idéia básica a
ser incutida era a de que. com a tecnologia avançada, os disparos se tornaram tão certeiros quanto
as 'intervenções cirúrgicas", permitindo destruir alvos militares com absoluta precisão, sem causar
a morte de civis e tornando insignificantes as baixas militares. A respeito dos adversários, as
condições do combate exigiam que a propaganda fosse ambígua. A necessidade de apoio político
obrigou que a vitória fosse apresentada como indiscutível. Nem faltou o título que sugeria o efeito
devastador do ataque aliado: "Desert Storm Operation". Nesse contexto era necessário subestimar
os iraquianos. Suas armas eram obsoletas, seus soldados despreparados, o moral das tropas
encontrava-se abalado. Por outro lado, o inimigo não podia deixar de ser também perigoso e
ameaçador, para justificar a intensidade dos bombardeios sobre ele. Daí a guarda de Hussein ser
composta por soldados agressivos, impiedosos e bem treinados. As referências às armas
camufladas criavam um clima de ameaça em que uma possível surpresa repentina exigia ações
mais contundentes. Se alguém considerasse improvável essa possibilidade, a falta de princípios e
valores éticos por parte das autoridades iraquianas reforçava a argumentação para o ataque maciço.
Sadam era um ditador criminoso, prestes a utilizar armas químicas perigosíssimas, como já fizera
na guerra com o Irã ou com a minoria curda do seu próprio país. Aproveitando a onda ecológica
36
mundial, a propaganda procurou mostrar que os militares inimigos não hesitavam em destruir a
natureza. O mundo inteiro pôde assistir pela tevê, a algumas imagens comoventes, relativas ao
petróleo derramado pelos iraquianos no mar. Três ou quatro pássaros, mal conseguindo mover-se
por estarem encharcados de óleo, sofriam, aparentando estarem prestes a morrer. Um deles,
promovido a "top model", passou a ser exibido frequentemente, primeiro agonizando, depois no
laboratório onde foi tratado e salvo. Tudo isso seguido por cenas, a que se deu bem menor
dramaticidade, mostrando alguns dentre os inúmeros civis mortos por um único míssil aliado(33).
Tudo indica que os efeitos dessa propaganda, articulada com a censura deve ter produzido
resultados bastante significativos, especialmente nos EUA Para o exterior os americanos
reforçaram sua imagem de potência líder, empenhada na defesa dos interesses de nações amigas.
Mas a consequência maior deve se dar no plano interno, à medida que permita. aos cídadãos,
recuperar parte do orgulho que há tantos anos vêm sofrendo choques Um dos fatores mais
importantes a assegurar a coesão social, naquele país, era a sensação que cada indivíduo tinha de
pertencer a uma grande e poderosa nação, com uma economia insuperável e um sistema político
perfeito.
(34)
Robert Bowman , em entrevista a revista “Isto É” sobre a propaganda estadunidense na
guerra do Afeganistão afirma: Creio que ela está sendo parcial. Não acredito que a população
americana esteja vendo as cenas dos refugiados, porque as imagens são editadas antes de chegar ao
público. Há uma censura na grande imprensa, porque são corporações que sempre se beneficiam
destas guerras.
A derrota do Iraque na forma fantasiosa como foi apresentada, pode fazer renascer a auto-
estima daquele povo. Mais cedo ou mais tarde. porém, terão de se conscientizar a respeito do
perigoso precedente que permitiram fosse criado. Foi justamente nos países onde mais se preza a
liberdade de imprensa que se estabeleceu a tese da legitimidade de uma censura sem restrições, em
períodos de guerra. O risco passou despercebido, talvez, porque a superioridade aliada era tão
flagrante que os combates teriam que terminar rapidamente, sem grandes baixas. Imagine-se,
porém, a hipótese de um confronto entre dois países possuidores de poderio bélico equivalente.
Não teriam as respectivas populações o direito de estarem informadas sobre os acontecimentos, de
tal forma a possuírem condições de se mobilizar quando houvesse, por exemplo, o risco de
destruição mútua? Não podemos esquecer que os civis dos países beligerantes arcam com grande
parte dos encargos gerados pela guerra(35).
O direito à informação é uma das poucas garantias, para os indivíduos e para a sociedade
civil, de que não se cometerão atrocidades em seu nome nem lhe serão infligidas responsabilidades
37
e obrigações indesejadas. Nenhuma ocorrência, por mais grave, pode autorizar a criação de
obstáculos ao conhecimento de fatos, a ponto de tornar os cidadãos indefesos. A censura sobre o
ocorrido no Golfo significa um retrocesso nos ideais democráticos(36).
O Iraque foi arrasado; a opinião pública mundial também.
Como será a propaganda para justificar a próxima intervenção?
38
VI- MOTIVOS PARA APLICAR O DEVOIR DÍNGERENCE NO BRASIL
ÁGUA
Os seres humanos já utilizam aproximadamente 54 por cento de toda a água acessível que
flui na superfície (água doce utilizável e renovável). Espera-se que essa estatística se eleve a 70
por cento até o ano de 2025(37).
Atualmente, pelo menos 400 milhões de pessoas vivem em regiões onde ocorre grande
escassez de água. Até o ano 2025, esse número chegará a 4 bilhões(38).
No decorrer das duas próximas décadas, somente o aumento populacional - sem falar no
aumento da demanda per capita - deverá causar escassez de água em todo o Oriente Próximo(39).
Temos aproximadamente 2,5 bilhões de pessoas morando em cidades, atualmente. E esse
número deverá dobrar até o ano 2025. Em 2025 haverá, aproximadamente, 5 bilhões de pessoas
morando em cidades. Este é, de fato, um grande desafio.
No momento, muitas das megacidades estão tendo dificuldades com o fornecimento de
água e com o esgoto. Se você examinar a situação na maioria dessas cidades, você verá que
somente 10 por cento - no máximo 20 por cento - do esgoto é tratado. A maior parte do esgoto
ainda é jogado no meio ambiente sem receber nenhum tratamento, nessas megacidades. Os rios
que fluem por essas áreas são muito, muito poluídos. A qualidade da água está piorando como
resultado da contaminação causada por despejos industriais e domésticos. Uma coisa complica a
outra - primeiro você tem um problema de abastecimento de água, e depois você acaba poluindo
uma parte da água disponível, que se torna imprópria para o consumo. Os problemas de qualidade
e quantidade de água andam juntos nessas áreas. Sandra Postel, diretora do Global Water Policy
39
Project(40) afirma que a escassez de água, iminente em muitas partes do mundo, tem o potencial de
causar instabilidade interna e conflitos internacionais.
Nosso país é o único em extensão continental, clima tropical-úmidos e com rios perenes em
mais de 90% de seu território. Temos a maior descarga da água doce do mundo. São 216.340
metros cúbicos por segundo (m3/s) sendo despejados no Atlântico.Isso equivale a 40% a mais do
que a descarga de todos os rios dos Estado Unidos e é 47% superior aos rios Canadenses.
Na região Norte Brasileira, extremamente subdesenvolvida, existe o maior problema para a
Soberania Nacional — a Amazônia. Abrangendo uma área de 4.900.000 km2 (60% do território
nacional), a Amazônia Legal Brasileira, com cerca de 74% formada pela floresta Amazônica
(3.300.000 km2), tornou-se cobiça internacional devido às suas imensas reservas minerais não
totalmente conhecidas e à riqueza de sua biodiversidade.
Nas suas fronteiras o Brasil defronta-se com diversos tipos de problemas: narcotráfico
(Colômbia); invasões de garimpeiros (Venezuela); e vizinhança com a França, país-membro do
Conselho de Segurança da ONU (Guiana Francesa).
Vivem na Amazônia 47% por cento dos anfíbios do planeta, 43% dos pássaros, 37% dos
répteis, 27% dos mamíferos, o maior percentual conhecido de espécies de peixes, e 34% de todas
as espécies vegetais conhecidas. Além disso, a planície amazônica abriga a maior bacia
hidrográfica do planeta. 20% da água potável de todo o globo terrestre está na Amazônia.
Reconhecidamente, é o mais importante ecossistema terrestre, constituído de várias porções
heterogêneas, mas absolutamente integradas e interdependentes. Entretanto revela-se de grande
fragilidade quando algum de seus elos é rompido.
O rio Amazonas, é a espinha dorsal da maior bacia hidrográfica do mundo. O Solimões-
Amazonas, coleta as águas provenientes do degelo dos Andes e das chuvas alternadas, a cada
semestre, dos hemisférios do norte e do sul, em grande intensidade, atingindo marcas inigualáveis
em todo o mundo. O Amazonas é o caudal possuidor do maior vazão conhecida.
A primeira estimativa da descarga e velocidade do Amazonas data do segundo quartel do
século passado e foi feita em 1831, por Spix & Martius em sua memorável viagem à Amazônia.
Estes dois sábios alemães estimaram, na seção de Óbidos e na vazante, a sua descarga em 14.000
m3/s e a sua velocidade em 0,7 m/s.
De lá até os nossos dias várias estimativas foram feitas, sendo que, em 1963 e 1964, o
Departamento de Geografia do Brasil da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e o U.S
Geological Survey, com a cooperação da Marinha de Guerra do Brasil mediram a descarga do rio
40
Amazonas em quatro pontos: uma medição na seção de Óbidos, que revelou a surpreendente
descarga de 216.340 m3/s, num período de cheia anual um pouco mais baixa que a média.
As últimas medições (1963-1967) das descargas do rio Amazonas vieram confirmar a sua
absoluta primazia entre os rios mais volumosos do Globo, pois elas são mais de três vezes
superiores às do Mississipi-Missoure (65.128 m3/s) e quase cinco vezes maiores que as do Congo
(41.000 m3/s). O deflúvio médio anual para toda a bacia é estimado em 250.000 m3/s.
O descomunal e incomparável volume d’água do Amazonas resulta, essencialmente, do
fato de a sua imensa bacia que com seus seis e meio milhões de quilômetros quadrados abrange 32
graus em latitude e 26 graus em longitude estando dentro de uma das zonas de mais alta
pluviosidade do planeta.
Água, sua distribuição espacial em nosso planeta é desigual e o Brasil país abençoado por
Deus nesta incomensurável riqueza será alvo de principados e impérios na busca desse líquido
precioso.
6.1- PETRÓLEO
41
Com a qualidade de vida da população baixando, um forte sentimento de independência
surgiu nos países árabes. Os produtores de petróleo passaram a pressionar as "Sete Irmãs"
estabelecendo uma divisão de lucro de meio a meio e, em 1960, criam a Opep(41) (Organização dos
Países Exportadores de Petróleo) para organizar e fortalecer essa política de independência e com
o objetivo de defender os interesses referentes à nacionalização das companhias estrangeiras.
O petróleo é de importância capital para qualquer Nação principalmente para os Estados
Unidos da América um país localizado em regiões frias. Nenhum Estado-Nacional pode
desenvolver-se sem energia. Energia é Poder! Não dispondo de uma floresta tropical, recursos
hídricos e biomassa como os nossos a “Águia” tem que dominar as reservas petrolíferas do globo e
intervir por uma causa justa nesses espaços vitais.
O Departamento de Energia dos Estados Unidos (DOE, na sigla em inglês) divulgou que os
estoques de petróleo do país tiveram redução de 2 milhões de barris na semana terminada em 31
de agosto de 2001 . Os estoques de destilados, que incluem diesel e óleo para calefação,
diminuíram em 300 mil barris em comparação com a semana anterior, somando 120,4 milhões de
barris(42) .
A produção mundial anual atinge a 24 bilhões de barris, consome-se 23 bilhões e 1 bilhão
vai para os depósitos (os EUA produzem 13%, a Europa Ocidental 6%, o Golfo Pérsico 27%, os
outros 19%).As reservas existentes no mundo inteiro são calculadas em 137 bilhões de toneladas
(67% delas se encontram no Oriente Médio).
A Reserva Estratégica de Petróleo (SPR) dos Estados Unidos é considerada pelo
Departamento de Energia daquele país como uma das principais linhas de defesa contra uma
possível interrupção do suprimento de petróleo para o mercado americano. Ela constitui um
suprimento de emergência de óleo cru estocado em enormes cavernas subterrâneas especialmente
construídas no interior de grandes domos de sal (depósitos de salgema) encontrados ao longo da
linha de costa do Golfo do México. As cavernas são construídas através da utilização de técnicas
de dissolução controlada, envolvendo: injeção de água no interior do domo de sal; extração da
salmoura gerada para a superfície, e injeção concomitante do petróleo na cavidade gerada no
interior do jazimento de sal.
Sabendo onde está o “ouro negro”, analisemos, pois onde se encontram tropas Norte-
Americanas no Mundo e onde os conflitos armados se desenvolvem. Qual será o motivo, ajuda
humanitária?
42
Segundo Joseph S. Nye,(43) o governo estadunidense mantém até o presente momento e
ampliará no futuro a premissa do destino manifesto. O efetivo das forças armadas Norte
Americanas teve uma redução de um terço desde o pico da Guerra Fria. Entretanto, dispõem
aproximadamente 100.000 militares na Europa, outros 100.000 na Ásia, e 20.000 no Golfo Pérsico
e adjacências. Em conjunto com o pré-posicionamento de equipamentos e manobras conjuntas
com aliados e nações amigas, essa capacidade ajuda a moldar o ambiente político nessas regiões
críticas e, portanto, funciona como uma espécie de defesa preventiva. Essas forças têm boa
aceitação junto aos principais países dessas regiões.
Há 2 anos atrás o Uzbekistao, na Ásia Central, está sendo usado pelos americanos como
base para ataque ao vizinho Afeganistão (da mesma forma que foi utilizado no período
Soviético).A questão geopolítica levanta o interesse no controle desta região vizinha ao Mar
Cáspio - rica em gás natural e petróleo, que esteve sob controle da União Soviética até seu
desmembramento no início dos anos 90. Outro item a ser observado é o interesse em evitar uma
expansão pan-islâmica, que poderia se estender do Paquistão ao Oriente Médio atingindo a Ásia
Central.
O inusitado é a de uma aliança Americana e Russa uma década após o término da
Guerra Fria, com a Rússia voltando ao palco principal por seu conhecimento da região onde
combateu por 10 anos desde sua a invasão do Afeganistão em 1979.
Outrossim, convém recordar a entrevista do tenente-coronel americano da reserva
Robert Bowman, a revista “Isto É” edição 1675 sobre a industria de armas e o petróleo.O ex-
diretor dos programas Guerra nas Estrelas afirma: “A indústria de armas está ligada ao governo
americano.Essa ligação é visível na indústria de petróleo. Em muitos casos, há um entrelaçamento
dessas empresas com o governo. Membros das direções dessas empresas, por exemplo, estão
também em altos postos do governo. E executivos da indústria bélica, às vezes, estão ligados à
indústria do petróleo. Aliás, é interessante notar que os países ou regiões em que os EUA
estiveram militarmente mais presentes nos últimos anos, como Bósnia, Kosovo e Afeganistão, são
pontos-chaves para o transporte do petróleo do mar Negro para o Mediterrâneo e, portanto,
fundamentais para o lucro das indústrias petrolíferas”.
43
6.2 BIO MASSA
44
territórios em ouro, diamantes, metais estratégicos são expropriados de seus recursos, colocando
populações inteiras na miséria para garantir lucros exorbitantes aos exploradores, representantes da
aliança dos países do frio com os donos do dinheiro.É o frio querendo enganar o sol, afirma o
mestre José Walter Bautista Vidal.
O engenheiro argumenta que essa aliança não conseguirá resolver as duas questões cruciais
da humanidade, a energética e a ecológica.
Tudo hoje tem por base os combustíveis fósseis: o petróleo e também o carvão mineral. O
primeiro está acabando e o segundo contribui de modo decisivo para o efeito estufa. E a vida não
poderá continuar sem energia. Os países hegemônicos têm feito de tudo para impedir o nosso
avanço tecnológico, para se apropriarem dos bens naturais e fontes de energia dos povos
subjugados.
Quais são as soluções para o problema energético? O professor Vidal descarta
categoricamente as usinas nucleares: Não existem reservas de metais pesados nas proporções
necessárias para as demandas que surgirão com a substituição dos combustíveis fósseis.
As usinas nucleares são muito inseguras e exigem uma sociedade policial para tentar evitar
tragédias provocadas por acidente ou terrorismo. Por último, produzem material radiativo que não
existe na natureza, o plutônio, que em pequenas dimensões, mata qualquer ser vivo e continua
matando em 500 mil anos.
A energia eólica gerada pelo vento não é desprezível, mas é limitada. O vento só ocorre de
modo sistemático em certas regiões. Ademais é muito difícil armazenar a energia que gerada.
Para Vidal armazenar grandes quantidades de energia é algo que a tecnologia não
conseguiu resolver. Outras alternativas seriam as usinas hidrelétricas em condições topográficas
adequadas e onde a água é abundante; e as termoelétricas, desde que queimem biomassa, rejeitos
agrícolas e lenha, produtos renováveis, não poluentes e que não alimentem o efeito estufa.
A biomassa oferece muito mais! Sua origem é o sol, com proporções energéticas
gigantescas. É limpa do ponto de vista ecológico e renovável. Não se exaure enquanto houver sol.
A solução está nos vegetais. Somente eles conseguem armazenar energia nas dimensões exigidas
pela crise energética que vivemos. A folhinha da árvore da esquina retira água do solo, gás
carbônico do ar e armazena a energia do sol. As plantas armazenam energia para usar logo depois
ou ficar guardada como combustíveis fósseis por milhões de anos.
O Brasil, devido à incidência de sol e volume de água doce, consegue até três ou quatro
safras agrícolas por ano. Já os países do frio mal conseguem uma. Os açúcares, amidos, óleos e
45
celuloses das plantas, sempre renováveis permitem produção de álcool, óleos, lenha, gás de
madeira e inúmeras substâncias que podem ser utilizadas como combustíveis.
Alimentos para a humanidade, combustíveis para os veículos e motores, calor para as
indústrias e o aquecimento. Tudo isso pode vir da biomassa em grandes proporções no Brasil,
sugere o engenheiro. A riqueza de nossos patrimônios naturais, energéticos, minerais, genéticos e
aqüíferos, e o domínio tecnológico sobre eles, nos dão condições para construir a grande
civilização auto-sustentada e permanente.Conforme o cientista Bautista Vidal “Essa é
característica marcante do Brasil ser a nação da luz, da vida, do amor e do sol”.
Podemos ser auto-suficientes em combustível para veículos como éramos na década de
setenta. Noventa e oito por cento da frota nacional daquele período era de carros movido a Álcool.
Luiz Augusto Horta Nogueira, diretor da Agência Nacional de Petróleo (ANP)(45) atesta que o
programa brasileiro de álcool automotivo é um projeto energético inovador, baseado em energia
renovável, com matéria-prima e tecnologia nacionais, empregando milhares de trabalhadores e
ajudando o Brasil a ser um dos países mais bem alinhados com os propósitos do Protocolo de
Kyoto(46).
Se nos anos 80 veículos a álcool correspondiam a quase totalidade das vendas, hoje
pouquíssimos se interessam por um carro novo a álcool e se estima que são sucatados cerca de 150
mil veículos a cada ano, sem reposição.
Dentre as diversas medidas que podem ser articuladas para superar esta situação, destaca-se
especialmente a introdução dos veículos com motores bicombustível ou FFV- Flex Fuel Vehicle,
que podem usar desde álcool puro até gasolina. De fato, a partir da notável evolução da eletrônica
embarcada, esta tecnologia já está disponível comercialmente e, particularmente nos Estados
Unidos, o número de carros capazes de parar em um posto e abastecer com o produto que o dono
quiser chega a quase um milhão.
Nas condições atuais, com os preços de petróleo estabilizados em níveis que fazem o álcool
ser viável sem qualquer subsídio, certamente são mais oportunos esquemas de financiamento para
estoques de entressafra, apoio à modernização e renovação de equipamentos.
Em 1986, os veículos a álcool chegaram a representar 98% da linha de produção. Os
veículos a gasolina somente eram disponíveis por encomenda. Entretanto,devido a medidas na área
financeira de comando externo, a produção de carros a álcool hoje mal chega a 1% da frota nova.
Os que restam a álcool estarão em uso por curto tempo. O programa foi exterminado!
46
Com ele o Brasil economizou em custos externos cerca de oitenta bilhões de dólares.
Criaram-se 800 mil empregos diretos, reduziu-se drasticamente a poluição nas grandes cidades e o
País passou a deter o domínio tecnológico mundial nesse setor.
De modo lamentável não foi permitido ao programa estender-se aos demais derivados do
petróleo, especialmente a substituição do óleo diesel de petróleo por óleos vegetais, estes mais
eficientes como energético e não danosos para o ambiente.
Recolocar o álcool de forma consistente no mercado brasileiro de combustíveis é
importante e urgente, mas não é uma tarefa trivial. Manter uma demanda significativa de álcool
hidratado pode ser um bom caminho para utilizar a capacidade já instalada de produção e
distribuição; requer o esforço coordenado de muitos agentes, o equacionamento de mecanismos
inovadores de suporte, a adoção de novas tecnologias como os motores bicombustível e,
sobretudo, o reconhecimento da soberania do consumidor. Sem o resgate de sua confiança, o
álcool arrisca-se a ser lembrado como um episódio passado de nossa história energética, tal como
hoje recordamos vagamente os gasogênios usados no passado em tempos de guerra(47).
6.3 DEMOGRAFIA
47
poderá alterar, durante o século XXI, as relações de poder ao nível das relações internacionais e as
posições relativas dos países.
A preocupação com este crescimento da população mundial, que tem como referência
histórica o “Ensaio sobre o Princípio da População”, de Thomas Robert Malthus(50) , voltou a
renascer neste século, como atestam as diferentes conferências mundiais sobre população,
realizadas sobre os auspícios da ONU, em Bucareste (1974), no México (1984), no Rio de Janeiro
(1992) e no Cairo (1994). O objetivo final destas conferências centrou-se invariavelmente na busca
do equilíbrio entre a população e os recursos e entre a proteção do ambiente e o desenvolvimento
econômico.
Questões como o envelhecimento médio da população dos países desenvolvidos, o
aumento “explosivo” da população em países subdesenvolvidos, a degradação do ambiente e a
alteração do equilíbrio da dependência, a crescente concentração da população mundial em áreas
urbanas e a nova geopolítica demográfica(51), que divide a “Cidade Global”(52) em duas partes
distintas, serão origem provável de novos fatores de conflito no século XXI.
Com um crescimento da população mundial de cerca de 80 milhões de pessoas por ano, o
planeta atingirá para 2050, cerca de 9,4 bilhões de habitantes, dos quais cerca de 8 bilhões nos
países em desenvolvimento. De acordo com o Fundo das Nações Unidas para a População(53), a
população do planeta duplicou por quatro vezes na nossa era; a primeira vez, em quinze séculos,
de 300 milhões no tempo de Jesus Cristo, para 600 milhões em 1500; a segunda vez, em menos de
quatro séculos, com 1,2 bilhões no início do século XIX; a terceira vez, em menos de um século,
com 2,5 bilhões em 1950; e a quarta vez, em trinta e sete anos, com os 5 bilhões em 1987. A
próxima duplicação (10 bilhões), está prevista para daqui a cerca de 60 anos, o que, denotando
melhorias relativamente aos anos da explosão demográfica, continua a constituir uma preocupação
pelo crescente número absoluto da população mundial.
Este crescimento populacional nos países em desenvolvimento em larga escala tem
levado à criação de cinturões de pobreza nas grandes cidades. Essas regiões carecem de serviços
de infra-estrutura e de moradias adequadas. O acesso das classes menos favorecidas à saúde, à
educação, ao transporte e ao mercado de trabalho também é deficitário. De acordo com a ONU,
250 milhões de pessoas não recebem água tratada, 400 milhões não possuem esgoto e 500 milhões
estão sem moradia.
O crescimento global, por não ser uniforme, origina, por outro lado, crescimentos
diferenciados em diferentes regiões do globo, que levam, inevitavelmente, a disputas pelo espaço e
pelos bens, num Desequilíbrio Demográfico perfeitamente materializável entre os países
48
industrializados, em geral do Norte, e os países em desenvolvimento ou menos desenvolvidos , em
geral do Sul.
O fator humano será envolvido em conflitos sem tomar consciência dos mesmos e das
suas repercussões, quer em nível das ações a desenvolver pelos Estados quer a nível conceptual,
onde conceitos como fronteira, nação, e soberania serão naturalmente reajustados. Mas o “palco” é
cada vez mais interativo, com o crescendo de importância dos meios de comunicação social,
autêntico catalisador de ações e contra reações normalizadas, que a Política e a Estratégia terão de
saber acompanhar.
6.4 TERRORISMO
Terrorismo é o emprego ou ameaça de violência com propósitos políticos. Nos séculos 19
e 20, ações terroristas incluíram o uso de bombas, seqüestros de pessoas e aviões, e assassinatos
indiscriminados, com a intenção de disseminar o medo entre os oponentes e a população em geral.
Na Rússia do século 19, os anarquistas e os niiilistas fizeram uso do terrorismo contra o governo
czarista, enquanto nos Estados Unidos da América, organizações como a Ku Klux Klan usavam o
terrorismo e linchamentos para intimidar a população negra após a Guerra Civil Norte-
Americana.
No século 20, ditadores como Mussolini e Hitler subiram ao poder utilizando táticas de
terror, enquanto o período pós-Segunda Guerra testemunhou o crescimento de grupos
fundamentalistas(54) ou nacionalistas de libertação que usavam o terrorismo como parte de suas
lutas contra o poder estabelecido, como por exemplo em Chipre e na Palestina, na Irlanda e em
muitos países da África, Ásia e Oriente Médio. Surgiram também grupos terroristas que lutavam
contra as estruturas sociais e políticas de seus próprios países, como o Baader-Meinhof e a Facção
do Exército Vermelho, na Alemanha; as Brigadas Vermelhas, na Itália; a Ação Direta, na França;
o ETA, na Espanha; e os Tupamaros, no Uruguai.
Afeganistão, década de oitenta.
Os Estados Unidos apoiaram os rebeldes afegãos contra a invasão da União das Repúblicas
Socialistas Soviéticas. Era o período da guerra fria e o confronto entre o Capitalismo e o
Comunismo continuava.
Os Estados Unidos resolveram prestar solidariedade ao povo afegão na busca de liberdade
contra o opressor comunista. O Congressista Senador Texano Charles Wilson, líder do governo no
Congresso encampou luta na aprovação de um projeto de sua autoria para suporte financeiro aos
49
guerrilheiros afegãos. Esse suporte em milhões de dólares foi aprovado e financiou a guerrilha
Afegã contra os soviéticos.
Em entrevista ao programa 60 minutos da rede A&M, em 15 de janeiro deste ano, o
Senador Charles Wilson afirmou que “o suporte financeiro foi vital para as operações no
Afeganistão. Através dele foram enviados armamentos e munição aos Muhajedins, os guerreiros
santos do Talibã(55) na sua luta contra a União Soviética”.
O Ano de 1988 foi um período fértil nas relações entre os Estados Unidos e a guerrilha
Talibã. Houve o estreitamento do relacionamento através do senador Charles Wilson. Em suas
viagens ao Afeganistão Charles Wilson identificou-se com o povo afegão usando inclusive roupas
dos Muhajedins, os guerreiros santos.
Antes de ajuda estadunidense de armamento e munição a guerra era dominada pelos
soviéticos, principalmente pela cobertura aérea de aviões e helicópteros russos, contudo, o
panorama mudou quando os Muhajedins receberam mísseis stinger que lançados em terra
atingiam com precisão helicópteros e aviões soviéticos.Este apoio chegou através de Milt Bearden
o primeiro homem da CIA a participar das operações no Afeganistão.O agente Bearden foi levado
àquele país para ensinar aos Muhajedins a bem utilizar os mísseis stinger.
Com essa aquisição a guerra começou a ficar favorável aos guerrilheiros havendo Senador
Charles Wilson recebido por seu apoio um presente dos guerrilheiros, um lança granada russo que
utilizou como “Souvenier” em seu escritório até hoje.
A “doação” ao Afeganistão aprovada pelo Congresso Norte Americano, materializada em
armamento e munição foi patrocinada pela CIA, órgão responsável em deslocar por mar e terra o
suporte logístico dos EUA ao Afeganistão. A operação secreta era camuflada para não provocar
suspeitas ao governo soviético de que o governo estadunidense apoiava os guerrilheiros afegãos.
Nessa operação foram utilizadas mulas oriundas do Tennessee, resistentes a intempéries no
transporte de todo o armamento contrabandeado.
O Senador Charles Wilson declarou na entrevista que: “essa foi a maior e melhor operação
sucedida de transporte clandestino de armas e munições da CIA. Além de armas, remédios e
alimentos eram transportados para a guerrilha”. Neste conflito armado 15mil soviéticos e mais de
1 milhão de afegãos tombaram em combate.
Após o conflito armado com a retirada dos soviéticos. O Senador Charles Wilson esperava
que fosse aplicado naquele país destruído pela guerra um pequeno “Plano Marshall”, objetivando o
retorno a normalidade nacional. Fazia-se necessário recompor o fornecimento de energia,
abastecimento d’água, saneamento, estimular a agricultura e desativar as minas terrestres.
50
O Congressista afirmou que “ficou preocupado com o Afeganistão por ocasião do final do
conflito bélico quando os Estados Unidos abandonaram aquele país”. “O, EUA ao deixar de apoiar
financeiramente e estrategicamente o Afeganistão dando-lhe as costas antes de iniciar o trabalho
de reconstrução, sua recuperação da economia preparando o país para a Democracia permitiu o
crescimento e fortalecimento do Talibã”. Esse grupo fundamentalista iniciou a construção de
escolas religiosas dissiminando na juventude os degraus do Alcorão, incentivando o ódio aos EUA
principalmente na pessoa do presidente George Bush.
Os Afegãos cultivaram um extenso ódio aos americanos, principalmente pelo abandono
após a guerra. Osama Bin Landen(56), fiel escudeiro dos Estados Unidos treinado pela CIA, voltou-
se juntamente com seus seguidores contra a “Pax americana”.
O senador Charles Wilson questiona o governo de seu país em produzir e fortalecer o
Talibã. Charles Wilson atesta que “Se os Estados Unidos tivessem realizado o seu dever de casa,
possivelmente o grupo Talibã não assumiria o poder”. Na entrevista o Senador Charles Wilson
afirma que usou toda sua energia junto ao Congresso e governo para que apoiassem aquele
destruído país.
Gestação do Terrorismo Afegão.
Segundo Noam Chomsky(57) foi a CIA quem treinou e organizou e financiou as células
terroristas no Afeganistão por um bom tempo. Essa rede terrorista foi montada pela CIA, com a
ajuda do Egito, da Arábia Saudita, Inglaterra, França, Paquistão, Egito e China. A idéia era
combater os Russos, o inimigo comum.
Robert Bowman assegura a afirmativa do professor Noam Chomsky, em entrevista a
revista “Isto È”, edição 1675 atestando que: “supostamente a CIA foi criada para adquirir
informações que ajudassem na segurança dos EUA. Obviamente, eles falharam nessa missão.
Basta ver o que aconteceu no dia 11 de setembro. Minha visão é de que a CIA, infelizmente, está
muito mais envolvida em jogos sujos, corruptos, em desestabilizar as políticas de alguns países em
vez de cuidar da segurança dos americanos. Essa organização é tão corrupta que tentar reformá-la
é quase impossível. Os ex-presidentes Jimmy Carter e Ronald Reagan tentaram, mas não
conseguiram. Então eu simplesmente aboliria a instituição. E, no lugar, deixaria essas missões da
CIA para as agências de inteligência dos Forças Armadas que já existem”.
De acordo com o Conselheiro de Segurança Nacional do Presidente Carter, Zbigniew
Brzezinski, os EUA se envolveram no conflito no Afeganistão no meio de 79. Só pra por as datas
certas, vocês se lembram que a Rússia invadiu o Afeganistão em dezembro de 79. De acordo com
Brzezinskim o apoio dos EUA aos Mojahedin começara seis meses antes. Ele vivia repetindo o
51
fato, se gabando de ter preparado o terreno pra jogar a Rússia numa armadilha. E então nós
desenvolvemos esse impressionante exército mercenário, não um grupo pequeno, não, mais de
cem mil homens, os melhores assassinos que eles puderam encontrar, que eram radicais islâmicos
do Norte da África, Arábia Saudita. Eles os chamavam a todos de “Afegãos”, mas mesmo Bin
Laden não é Afegão. Eles foram trazidos pela Cia de onde quer que estivessem. Mas a intervenção
americana não ajudou muito o Afeganistão. De fato, contribuiu para destruir o país. E a Rússia
finalmente se retirou.
Agora, o tempo todo, esses terroristas estavam se organizando e treinando, e eles tinham
suas próprias metas. Não era segredo pra ninguém. Ficou ainda mais claro quando eles
assassinaram o presidente do Egito em 1981, e o Egito tinha sido um dos mais entusiásticos
criadores das forças terroristas afegãs. Um homem-bomba causou tanto barulho em 1983 que
conseguiu expulsar os EUA do Líbano. Após 1989, quando os Russos se retiraram, eles têm lutado
por toda a parte, na Chechênia, China Ocidental, Bósnia, Kashmir, Ásia Sudeste, Norte da África.
11 de setembro de 2001.
O abandono do Afeganistão pelos Estados Unidos no pós-guerra contra a União das
Repúblicas Soviéticas gerou no grupo fundamentalista Talibã um programa anti-EUA,
desenvolvido por terroristas treinados pela Central de Inteligência Americana, CIA. O World
Trade Center símbolo do capitalismo foi o alvo, Osama Bin Landem, a criatura voltou-se contra o
criador.
52
VII- AMÉRICA DO SUL E O TERRORISMO?
Jeremy Isaacs e Taylor Downing(58) afirmam que a América Central, o Caribe e a América
do Sul se transformaram no campo de batalha das vontades dos Estados Unidos e da União
Soviética quando a Guerra Fria chegou ao "quintal" dos Estados Unidos.
7.1-Guatemala
Nos anos 50 os guatemaltecos ousaram desafiar uma empresa norte-americana que
controlava grande parte de sua economia. A United Fruit Company , de Boston, possuía mais de
duzentos mil hectares de terras, a ferrovia, o porto e as telecomunicações. Mas a maioria dos
agricultores guatemaltecos apenas sobrevivia.
Jacobo Arbenz foi eleito presidente em 1950. Não era comunista, mas tinha alguns aliados
que o eram. O ex-militar queria modernizar a sociedade da Guatemala.
Washington se preocupou.
Os Estados Unidos nomearam John Peurifoy como novo embaixador. Peurifoy tinha
experiência com os esforços comunistas para chegar ao poder na Grécia.Nada menos que John
Foster Dulles, chefe do Departamento de Estado, era presidente da empresa de advogados que
representava a United Fruit Company. Seu irmão Allen era chefe da CIA. Dessa forma não foi
preciso muito esforço para convencer o presidente Eisenhower, um militar, a lhes dar sinal verde
para derrubar o governo de Arbenz.
"O secretário de estado Dulles exortou as Américas a tomar medidas urgentes para que a
intervenção comunista no hemisfério ocidental fosse declarada ilegal", dizia a televisão.Em 5 de
março de 1954, Dulles fez o seguinte pronunciamento: "O Congresso está indignado com os vis
ataques dirigidos contra membros do congresso por aqueles que dizem ser patriotas"(59).
Bombardeiam a Guatemala
53
A Cidade da Guatemala foi bombardeada. Os contra-revolucionários invadiam de
Honduras. A CIA difundiu o pânico. Washington negou toda a responsabilidade.A campanha
norte-americana funcionou e derrubou o governo, levando Arbenz e sua esposa ao exílio. Nove mil
de seus seguidores foram presos. Muitos permaneceram na prisão, sem julgamento, durante anos.
O presidente John F. Kennedy, declarou em 20 de janeiro de 1961: "que todos os
nossos vizinhos saibam que nos uniremos a eles para reagir à agressão e à subversão nas
Américas. E que as outras potências saibam que esse hemisfério pretende continuar sob
controle"(60) .
7.2- CHILE
Salvador Allende
O Chile havia se mantido calmo nos anos sessenta. O programa da Aliança para o
Progresso patrocinado por Washington havia investido milhões de dólares para respaldar o
governo democrata cristão do Chile.Mas, em 1970, uma coalizão da esquerda com o centro tentou
uma vitória eleitoral. A Unidade Popular era encabeçada por um médico marxista, o senador
Salvador Allende.
Conforme Robert Bowman(61) os Estado Unidos apoiaram ditaduras de extrema direita,
sempre favorecendo as grandes corporações multinacionais, em detrimento das populações. Isso
aconteceu em 1973 no Chile, nos anos 80 em El Salvador e na Nicarágua, e em muitos outros
países, só para ficarmos na América Latina.
Preocupado com a chegada de um marxista ao poder através de eleições legítimas, o
empresariado norte-americano tomou suas medidas. Em abril de 1973, o presidente da ITT
Corporation, Harold Geneen, declarou: "Decidi me dirigir ao Departamento de Estado e ao
escritório de Kissinger, para dizer que estamos muito preocupados com as perspectivas dos
investimentos da ITT, e que desejamos falar com Washington"(62).
O general Rene Schneider, o popular oficial que defendia os direitos constitucionais de
Allende, deveria ser destituído.O coronel Paul Wimbet que estava encarregado da embaixada
norte-americana em Santiago recebeu da CIA 250 mil dólares para que se desfizesse do general
Schneider, mas o dinheiro da CIA não foi necessário. Outros já planejavam a morte do general
Schneider.
O assassinato consternou o país.
Políticos moderados apoiaram Allende e consolidaram sua vitória eleitoral. Nos bairros da
periferia do Chile aumentava a esperança. O novo presidente esperava levar a cabo a reforma sem
54
a interferência do exterior. A primeira medida importante de Allende, apoiada por todos os
partidos políticos chilenos, foi a nacionalização da maior indústria do Chile, a do cobre, que estava
sob controle norte-americano.
A economia do Chile ficou pouco a pouco sob controle estatal. Isso incomodou os grupos
financeiros internacionais e o Banco Mundial em Washington, que cancelou os empréstimos."O
Chile deve estar interessado em obter empréstimos de organizações internacionais nas quais temos
voto", disse o presidente Nixon em 1977. "Que fique claro que no caso do Chile, a menos que haja
mudanças, votaremos contra" (63).
À medida em que aumentava a inflação, a direita atacava economicamente e o dinheiro da
CIA ajudou a pagar os proprietários de caminhões para que paralisassem o país. Nas Nações
Unidas, Allende acusou a ITT de tentar provocar uma guerra civil."Eles propõem o
estrangulamento econômico, a sabotagem diplomática, a desordem social, para provocar pânico
nas pessoas, permitindo que o exército derrube a democracia e estabeleça uma ditadura", disse
Allende em 4 de dezembro de 1972(64).
No Chile a popularidade do governo aumentava e, em 1973, alguns oficiais militares de
direita tentaram um golpe de estado.A imprensa internacional transmitiu a tentativa fracassada e o
cinegrafista sueco, Leonardo Hendricksen, sendo morto a tiros enquanto sua câmera continuava
filmando.A resposta de Allende foi se apoiar mais nos militares. Designou o general Augusto
Pinochet como seu leal comandante do exército.
Mais uma vez os proprietários de caminhões paralisaram o país mais comprido e estreito do
mundo. As lojas fecharam por falta de mercadorias. Havia fome. As donas de casa de classe média
saíram às ruas batendo em panelas sob protesto. Enquanto isso, a direita violenta conspirava.
55
7.3- Nicarágua
Nos anos 30, a Marinha norte-americana havia colocado o tirano "Tacho" Somoza no
poder.Mais de quarenta anos depois, a Nicarágua seguiria sob comando de Somoza.
O proprietário moderado de um jornal, Pedro Joaquin Chamorro, teve a audácia de desafiar
a ditadura."Então, o que aconteceu a essa pessoa que queria a liberdade? O assassinaram", disse
Violeta Chamorro(66), viúva de Pedro J. Chamorro. "Quem o assassinou? As forças de Somoza".
O assassinato de Chamorro sacudiu o assustado povo nicaraguense.
Somoza declarou estado de sítio e os Estados Unidos se viram de repente diante da ira
popular contra a família rica que havia sido sua aliada durante mais de quatro décadas.Das
montanhas onde se enfrentaram durante anos, surgiram os guerrilheiros que levavam com orgulho
o nome do rebelde antinorte-americano dos anos 30, Sandino.
Mas em Estelí, os tanques de Somoza, norte-americanos da Segunda Guerra Mundial,
atacaram matando milhares de pessoas.Os sandinistas se reagruparam, prontos para contra-
atacar."A frente entrou nas cidades e, pela primeira vez chegou às portas da capital", recorda
(67)
Daniel Ortega, dirigente da Frente Sandinista . A vontade de vencer dos sandinistas triunfou,
Manágua festejou a vitória.
Jimmy Carter esperou muito para abandonar Somoza e aceitar o novo governo
sandinista."Disse a Carter que os Estados Unidos deviam reparar o dano histórico causado a nosso
país", afirma Ortega, que havia se tornado presidente da Nicarágua(68).
Os assassinatos cometidos pela Guarda Nacional de El Salvador fizeram com que Carter
retirasse a ajuda norte-americana aos militares salvadorenhos.Mas seis meses depois Carter
retomou o financiamento do exército que continuou fazendo atrocidades.
Nos Estados Unidos, o novo governo de Reagan culpava Cuba e Moscou.
Em 22 de março de 1981, o secretário de Estado, general Alexander Haig (69), dizia: "é uma
operação em quatro fases. A primeira está completa, a tomada da Nicarágua. Em seguida será El
Salvador, depois Honduras e a Guatemala, isso está muito claro".Perguntaram a ele se por acaso se
tratava da "teoria do efeito dominó"."Certamente. Mas não a chamaria assim. Trata-se de uma lista
de objetivos prioritários, uma lista negra, para o domínio total da América Central", respondeu
Haig.
56
Conclusão
“Não basta dizer, como o fazem os franceses, que sua nação foi tomada de
surpresa. Não se perdoa nem uma nação, nem a uma mulher a hora em
que não estejam vigilantes, em que o primeiro aventureiro a chegar pode
violenta-las e guarda-las como sua propriedade. O problema não fica,
assim, resolvido. Recebe apenas uma formulação diferente”.
Karl Marx
Quanto aos Estados, é de bom alvitre ressaltar que cada um age em função de interesses
próprios, e em particular os Estados militar e economicamente fortes que são definidos como seus
interesses nacionais, mas nem sempre expressos de maneira clara e transparente.
Conseqüentemente, a definição de termos jurídicos bem como sua interpretação não são jamais
neutras, qualquer que seja a questão. Já houve a pax romana, a pax islâmica, a pax mongólica, a
pax otomana, a recente pax britânica e no momento a pax americana.
Os interesses nacionais da pax americana sempre estão expressos de maneira clara e
transparente. Conseqüentemente, a definição de termos jurídicos bem como suas interpretações
não são jamais neutras, qualquer que seja a questão. Dessa divergência legítima de interpretações,
de percepções e de interesses surge o conflito de legitimidades e o conteúdo de direito
internacional torna-se a pedra de toque de atores internacionais que consomem esse direito(70) .
O narcotráfico, a defesa do meio ambiente, o terrorismo e os direitos humanos bem como
seu enteado com aparência de guerra, a "intervenção humanitária ou devoir d’íngerence", são
elementos centrais da geopolítica pós-guerra Fria. Como tal, tanto as projeções de poder em nome
de abusos severos dos direitos humanos, como a recusa de tomada de ações face à catástrofes
humanitárias, sugerem a grande profundidade em que estão incluídos os direitos humanos na
geopolítica contemporânea.
Muitas vezes, o inimigo do “devoir d’íngerence" é a doutrina da soberania que, por sua
vez, parece obstruir a implementação da coerção externa de padrões de direitos humanos. Os
Estados que foram colônias até recentemente, bem como países que experimentaram freqüentes
intervenções, tendem a ser particularmente zelosos ao insistirem que a implementação de direitos
humanos deve ocorrer de maneira que seja consistente com estritas noções de soberania.
57
A Constituição das Nações Unidas apesar de não está sendo aplicada recentemente, afirma
no seu Artigo 2° que “a organização é proibida de intervir em assuntos que se encontrem
essencialmente dentro da jurisdição doméstica de estados membros, parece estar também
reassegurando aos membros que as Nações Unidas não desafiarão as relações internas entre o
Estado e a sociedade, independentemente do grau de caos ou abuso que ocorra, desde que pelo
menos não esteja presente nenhuma ameaça à paz e à segurança internacional”.
Vivemos em um mundo mais dominado pelos americanos do que qualquer geração
anterior. Os Estados Unidos gastam mais com defesa do que todos os seus aliados juntos e são
tecnologicamente assustadores para qualquer um de seus inimigos em potencial. Seu poder militar
é incontestado.
As duas principais intervenções militares americanas do século XX, a Guerra do Golfo e
no conflito dos Bálcãs, atingiram seus objetivos com um custo quase desprezível em vidas. A
aliança transatlântica americana também alcançou a fronteira russa. Seu sistema monetário e
comercial domina a economia mundial de uma forma apenas rivalizada pela posição britânica no
século 19. O dólar ainda é a moeda indispensável do mundo. O muito celebrado euro ainda é um
neófito.
Voltemos ao artigo do jornalista Joelmir Beting: “Yes, Saddam e Bin Laden devem ser
fisicamente poupados para que permaneçam convenientemente ativos. Eles são os culpados úteis
de dotações governamentais que reciclam negócios diretos e indiretos, públicos e privados, de US$
640 bilhões nos dois lados do Atlântico Norte - se computada a parceria européia da Organização
do Tratado do Atlântico Norte, OTAN (71) .
São negócios que dão emprego a 11 milhões de americanos e europeus - incluídos os
cientistas de laboratórios e universidades, a serviço dos novos desbravamentos da guerra nuclear,
da guerra química, da guerra biológica, da guerra sideral, da guerra telecom-datacom. Um
megamercado que se viu ameaçado, da noite para o dia, sem aviso prévio, pela queda dos Muros
em novembro de 1989 e pela queda das torres em setembro de 2001”.
Sem esquecer de manter seu poder nas áreas estratégicas do Golfo Pérsico e estendê-los na
América do Sul, o presidente Geoge W. Bush pediu ao Congresso Americano para o ano fiscal de
2003, que se inicia em 1º de outubro, uma dotação de US$ 98 milhões para dar treinamento, pela
primeira vez, a um batalhão que proteja de sabotagens o oleoduto colombiano - um alvo
importante dos grupos rebeldes(72).
Nesta conjuntura a “Pax Americana” utilizará sem escrúpulos a inserção de falsas verdades
e propaganda em todos os níveis a favor de seus objetivos estratégicos. Alvin Tofler afirma que
58
essa crescente ficcionalização da realidade é encontrada não apenas onde ela fica bem, nas
comédias de situações e nos dramas, mas também na programação de noticiosos, onde pode
provocar a mais mortal das conseqüências(73). O grande império romano de civilização helênica foi,
a partir de Augusto, o que Toynnbee(74) chamou de Estado mundial, dada a enorme abrangência
dos seus tentáculos. E, lembre-se não havia a facilidade de intercomunicação como nos dias atuais
nessa aldeia global, difundindo por satélite a “verdade” do “big Brother”(75) ódio, desejos, valores
morais e éticos. O tentáculo atual da “Pax Americana” é bem maior, profundo, canibal e
engenhoso na busca de justificativas para atos imperialistas de intervenção em qualquer local do
globo onde se localize seus interesses estratégicos.
Os cenários previstos para o século XXI, consubstanciados em novos mapas geopolíticos e
demográficos, na generalização das armas de destruição maciça, e no aumento dos conflitos
decorrentes dos movimentos migratórios baseados na pobreza e crescimento populacional,
indicam que o “devoir d’ingerence” acontecerá por falta de energia, água e por ações terroristas.
A designação de Estados patrocinadores do terrorismo pelo governo norte americano e a
imposição de sanções é um mecanismo para isolar nações que utilizem o terrorismo contra o “Tio
Sam” como meio de expressão política. Atualmente a política externa dos Estados Unidos busca
pressionar e isolar Estados patrocinadores para que eles renunciem ao uso do terrorismo, encerrem
seu apoio aos terroristas e levem-nos à justiça por seus crimes. No passado acompanhamos o
terrorismo em várias partes do globo terrestre como na Espanha (ETA) (76) e na Irlanda do Norte
(IRA) (77) sem interferência do governo Estadunidense. Ao sentirem o quanto são vulneráveis a
ações terroristas a “pax americana” iniciou uma cruzada conta o terrorismo internacional e
mudanças arbitrárias no direito internacional.
Cuba, Irã, Iraque, Líbia, Coréia do Norte, Sudão e Síria continuam sendo os sete governos
que o secretário de Estado dos Estados Unidos, Collin Powel designou como Estados
patrocinadores do terrorismo internacional(78).
Após o atentado Ao World Trade Center os Estados Unidos ao invés de buscar o
fortalecimento das instituições legais internacionais para lidar com a preocupante crise do
terrorismo internacional, apelaram para o unilateralismo bélico seletivo, idiossincrático e, até certo
ponto, aleatório. Para tanto, saíram prejudicados o direito internacional, de inúmeras maneiras, os
direitos humanos e as liberdades individuais. Já se discute, nos EUA, a infame idéia da legalização
da tortura nos interrogatórios de suspeitos de terrorismo(79). No mesmo país, foi suspensa a
confidencialidade entre advogado e cliente. Nos EUA e na Inglaterra, trata-se da restrição à
liberdade de imprensa no trato de informações ligadas ao terrorismo. Nos EUA, já foram
59
autorizados os chamados assassinatos de Estado, que haviam sido proibidos há um quarto de
século(80). Na Inglaterra, foi proposta uma legislação punindo denúncias falsas de atos terroristas
com vigência "ex post facto", ou seja, retroativa.
Uma das necessidades básicas do Brasil no campo das relações internacionais é de buscar
assento no conselho de segurança(81) da Organização das Nações Unidas com direito a veto. Este
objetivo ao se concretizará evitará possíveis intervenções por falsos motivos e cobiça. Euclides da
Cunha(82) já nos alertava: "devemos .... evitar as [medidas] que .... abram a mais estreita frincha à
intervenção triunfante do estrangeiro na esfera superior dos nossos destinos”.
O estimado professor Vamireh Chacon(83) nos adverte: “ O Brasil – com 15.179 quilômetros
de fronteiras com dez vizinhos, e 7.408 quilômetros de litoral, mais o tamanho de sua população e
área e recursos naturais – tem de impor-se evidentemente seu próprio Destino Manifesto, que será
o que os brasileiros quiserem, ou não quiserem. Com imperium tanto mais forte quanto mais justa
econômica, social e politicamente for sua res publica; portanto, com o equivalente
transbordamento.
Compete a nós brasileiros mobilizarmos toda a população na conscientização do nosso
potencial(84) disposto em todo o território nacional, protege-lo e alavanca-lo através da vontade
nacional(85) em Poder Nacional(86) para preservar os Objetivos Nacionais Permanentes(87). O
governo Federal tem por mister implementar Políticas de desenvolvimento com especialistas do
porte do professor José Walter Bautista Vidal, em: biomassa, demografia e recursos hídricos são
vitais para o futuro da nação.
Enquanto isso faz-se mister recordarmos a lição do insigne jurista Rui Barbosa(88): "Quando
uma nação chega ao extremo, à miséria de não ter meios de se defender, de ser obrigada a tolerar
em silêncio absoluto e resignação ilimitada todos os atos contra o seu direito, a sua honra e a sua
existência, essa nação perdeu o direito de existir e não se deve queixar se amanhã outras mais
fortes, utilizando-se da autoridade que lhes fornece o abandono por ela dos seus direitos, tirarem
daí as conseqüências naturais, considerando-a, não como um Estado soberano capaz de se assentar
par a par das outras no Conselho das nações, mas como uma raça inferior criada para a sujeição, a
domesticidade ou a tutela”.
60
NOTAS
(1)
Os princípios enumerados na Doutrina Monroe (James Monroe, presidente dos Estado unidos da
América,1817-25) eram basicamente defensivos. Os Estados Unidos se colocavam como protetores das
nações latino-americanas recém-emancipadas, repudiando qualquer intervenção armada programada pela
Santa Aliança. A mensagem era uma advertência às potências européias no sentido de que não tentassem
reativar o domínio colonial sobre o continente, nem interferissem nos princípios republicanos imanentes ao
processo de emancipação: o Novo Mundo estava fechado a toda futura subordinação à Europa. Em síntese,
a teoria contida na mensagem se baseia em três princípios gerais: 1)o continente americano não pode ser
objeto de recolonização; 2) é inadmissível a intervenção de qualquer país europeu nos negócios internos ou
externos de países americanos, e, finalmente; os Estados Unidos, em troca, se absterão de intervir nos
negócios pertinentes aos países europeus.
(2)
O Destino Manifesto foi impulsionado na década de 1840 pelo presidente Jonh Tylor.
(3)
Obedecendo à doutrina Truman os E.U.A intervieram na Guerra da Coréia (1950-3) e na Guerra do
Vietnã (1962-75), como também derrubaram os regimes de Mossadegh no Irã em 1953, e o do Gen. Jacobo
Arbenz na Guatemala em 1954. Em 1961 apoiaram a invasão de Cuba para derrubar Fidel Castro e, com a
criação da Escola das Américas, no Panamá, adestraram os militares latino-americanos na contra-
insurgência, estimulando-os a que tomassem o poder nos seus respectivos países.
(4)
Doutrina Thornburg, aplicação. Em 1988, o general Manuel Noriega tomou o poder no Panamá. Noriega
era aliado da “Pax Americana” até cair em desagrado. Uma invasão militar norte-americana, em dezembro
de 1989, derrubou-o e empossou Guillermo Endara como presidente. Noriega foi seqüestrado e submetido a
um “julgamento” nos Estados Unidos da América por tráfico de drogas. Seguiu-se um período de greves
generalizadas contra o governo de Endara, também acusado de envolvimento com o tráfico. Devemos
lembrar que o Canal do Panamá é área estratégica dos Estados Unidos.
(5)
A partir da década de 60, o neoliberalismo preconiza a atuação mínima do Estado no campo social
(previdência, saúde e educação) e a sua não-interferência nos processos econômicos. Nos anos 80 e 90,
muitos países neoliberais põem fim ao sistema de estatização dos meios de produção e abrem caminho à
privatização, à formação dos blocos econômicos e à globalização da economia.
(6)
ONU- Organização internacional criada em 26 de junho de 1945, ao término da segunda guerra mundial
como sucessora da liga das Nações. A Organização das Nações Unidas (ONU) é uma instituição
intergovernamental destinada a manter a paz e a segurança mundiais e a promover a cooperação
internacional em questões econômicas, sociais, culturais e humanitárias, como o respeito aos direitos
humanos e às liberdades individuais. Sua sede permanente localiza-se em Nova York. O termo 'Nações
Unidas' foi utilizado pela primeira vez na Declaração das Nações Unidas, em janeiro de 1942, quando
representantes de 26 nações aliadas garantiram que seus governos continuariam a lutar juntos contra as
potências do Eixo, mas somente depois de novas conferências realizadas em Washington, em 1944, e em
61
San Francisco, em 1945, representantes de 50 países aliados assinaram o documento, conhecido como a
'Carta', criando a nova organização.
(7)
O jurista francês do século XVI, Jean Bodin enxergou na soberania o alicerce do Estado. Soberania
implicava, então, o fato de ser o Estado livre das leis (legibus solutus): manda, mas não obedece. Tão
basilar era a soberania para a definição do Estado que não havia necessidade nem mesmo de fundamentá-la:
era tida como absoluta e auto-suficiente.Ver Art. 1º, inciso I, da Constituição Federal.
(8)
I – A soberania é una: sobre um mesmo território não pode existir mais do que uma autoridade soberana;
uma mesma pessoa, ao mesmo tempo, não pode estar subordinada a mais de uma soberania.II- A soberania
é indivisível: o poder de governo pertence exclusivamente ao Estado; nenhum indivíduo, grupo de
indivíduos, departamento ou circunscrição administrativa, pode pretender para si uma parcela qualquer do
poder soberano.III – A soberania é inalienável e imprescritível: visto que representa a própria
personalidade da nação.
(9)
ONGs sigla de organização não-governamental, entidade de direito civil, sem fins lucrativos
aparentemente sem vínculos com governos, sindicatos ou partidos políticos. No entanto algumas são
financiadas por governos atuando em variados ramos de atividades em beneficio de seus investidores.
Trabalham com projetos sociais e de promoção da cidadania. Propagam a defesa do meio ambiente e os
direitos de minorias étnicas e sociais. Lutam contra a extinção das espécies animais e vegetais e fazem
campanhas contra discriminações política, religiosa e racial.
(10)
Mello, Celso D. de Albuquerque, Curso de Direito Internacional Público, 1º volume, Rio de Janeiro,
Freitas Bastos, 1982.
(11)
REZEK, José Francisco. Direito Internacional Público: Curso Elementar, São Paulo, Saraiva, 1994.
(12)
ACQUAVIVA, Marcus Cláudio. Dicionário Jurídico Brasileiro Acquaviva, São Paulo, Editora Jurídica
Brasileira, 2000.
(13)
REZEK, José Francisco. Direito Internacional Público: Curso Elementar, São Paulo, Saraiva, 1994.
(14)
id. ibid.
(15)
ACQUAVIVA, Marcus Cláudio. Dicionário Jurídico Brasileiro Acquaviva, São Paulo, Editora Jurídica
Brasileira, 2000, p. 949.
(16)
OEA. Organização dos Estados Americanos é uma associação de 34 países com o objetivo de garantir a
paz e a segurança na América e promover e consolidar a democracia. Por situar sua origem no Congresso
do Panamá, liderado por Simón Bolívar , em 1826, a OEA reivindica o título de a mais antiga organização
regional do mundo. A carta da OEA em moldes atuais é assinada, porém, em Bogotá, na Colômbia, em
1948. Artigo 1. Os Estados americanos consagram nesta Carta a organização internacional que vêm
desenvolvendo para conseguir uma ordem de paz e de justiça, para promover sua solidariedade, intensificar
sua colaboração e defender sua soberania, sua integridade territorial e sua independência. Dentro das
Nações Unidas, a Organização dos Estados Americanos constitui um organismo regional.A Organização
62
dos Estados Americanos não tem mais faculdades que aquelas expressamente conferidas por esta Carta,
nenhuma de cujas disposições a autoriza a intervir em assuntos da jurisdição interna dos Estados membros.
(17)
Conferência de Yalta. Realizada no período de 4 a 11 de fevereiro de 1945 nas redondezas de Yalta,
Criméia com a presença do presidente Franklin Roosevelt, o Primeiro-ministro da Inglaterra Winston
Churchill e o Primeir Joseph Stalin da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas - URSS. Pelos acordos
de Yalta e Potsdam, a Alemanha é dividida pelos aliados: os ocidentais ocupam o oeste e a URSS, o leste.
O país perde territórios para a Polônia e a URSS. Um comunicado oficial, conhecido como a Declaração de
Yalta, foi emitido pela conferência no dia 11 de fevereiro. Declarou a intenção Aliada para destruir o
militarismo alemão e Nazismo e assegurar que a Alemanha nunca mais possa perturbar a paz do mundo ";
trazer todos os criminosos de guerra à prisão e castigo rápido”; e extorquir reparação aos danos pela
destruição forjados pelos alemães".
(18)
Autodeterminação dos Povos. Carta da ONU. Artº. 1. Os objetivos das Nações Unidas são:2.
Desenvolver relações de amizade entre as nações baseadas no respeito do princípio da igualdade de direitos
e da autodeterminação dos povos, e tomar outras medidas apropriadas ao fortalecimento da paz universal.
Vejamos também a Resolução 1514 (XV) da Assembléia Geral de 14 de dezembro de 1960. Declaração
sobre a Concessão da Independência aos Países e Povos Coloniais.Art 2. Todos os povos tem o direito de
livre determinação; em virtude desse direito, determinam livremente sua condição política e perseguem
livremente seu desenvolvimento econômico, social e cultural.
(19)
Embaixador Samuel Pinheiro Guimarães em entrevista ao Jornal do Brasil em 25 de julho de 1999
(20)
Estados Unidos agem contra tribunal internacional, Jornal do Brasil. 09 de setembro de 1999. Faz-se
mister ainda trazer à memória que no dia17 de julho de 1998, em Roma, uma conferência diplomática das
Nações Unidas decidia pelo estabelecimento de um Tribunal Penal Internacional permanente. O Estatuto do
TPI foi aprovado por 120 votos a favor, 7 contra e 21 abstenções, dentre estes, o dos Estados Unidos,
China, Índia e Israel.O Tribunal Penal Internacional permanente, até a presente data, não entrou em vigor,
pois, para isso, conforme seu art. 126, são necessárias 60 ratificações, estando o score atual abaixo da
metade deste número. Em síntese, a proposta do TPI é de ser uma corte permanente com jurisdição global e
com o objetivo de investigar e trazer a julgamento indivíduos – não Estados, papel da Corte Internacional
de Justiça – que tenham cometido os chamados grandes crimes internacionais, a saber, genocídio, crimes de
guerra, crimes contra a humanidade (agressão generalizada a civis, como tortura, estupros em massa e a
"limpeza étnica" por exemplo). Não foi uma aprovação unânime já que, os Estados Unidos, por exemplo,
não aceitaram um Tribunal absolutamente independente, mas com poderes limitados e controlados pelo
Conselho de Segurança da ONU. Ainda alegaram que sendo aquele que mais leva forças militares a
operações de paz, quando se fazem necessárias via de conseqüência, têm também mais direito de decidir,
quando e se devem ou não, processar alguém. Nas suas guerras a “pax americana” elimina civis inocentes
por erros táticos como aconteceu no Iraque e em Kosovo. A vida humana, que não seja norte americana é
63
contabilizada como perda justificadas. Então, porque Tribunal Penal Internacional se a “Águia” é o juiz,
júri e o carrasco? Qual a diferença entre Mister Bush e Presidente Iugoslavo Slobodan Milosovic?
(21)
Thomas Friedmam é articulista do Jornal The New York Times.
(22)
Frederico Soares Castanho, Presidente da associação dos militares da reserva remunerada, reformados e
pensionistas das forças armadas do Paraná (ASMIR/PR), e outros em requerimento encaminhado ao
Senador RAMEZ TEBET, Presidente do Congresso Nacional em 28 de outubro de 2001 solicitando a
sustação do acordo entre o governo Brasileiro e os Estados Unidos de uma área do Centro de Lançamento
de Alcântara (CLA), no Maranhão.
(23)
Publicado no Jornal Tribuna da Imprensa em 13 de setembro de 1999.
(24)
Artigo transcrito no dia 20 de fevereiro de 2002 no jornal o estado de São Paulo.
(25)
Doutrinação. Não se deve confundir o ensino da doutrina com doutrinação. A doutrinação ganhou
sentido pejorativo, como contrafação da própria doutrina. A doutrinação é ensino, mas distingue-se do
ensino da doutrina pelo conteúdo e pela maneira de ensinar.Olivier Reboul apresenta alguns casos de
doutrinação, que servem bem para caracterizar a sua face negativa. Entre eles, destacam-se os
seguintes:Utilizar o ensino para propagar doutrina partidária;Ensinar com base em preconceitos;Ensinar
com base numa doutrina como se fosse a única possível;Não ensinar senão os fatos favoráveis à sua
concepção;Falsificar os fatos para apoiar a doutrina;Propagar o ódio por meio do ensino;Impor a crença
pela violência. Fundamentos doutrinários da Escola Superior de Guerra, 1998.
(26)
Joseph Paul Goebbels.Político alemão, nasceu, em 1897, em Rheydt e morreu, em 1945, em Berlim.
Jornalista, aderiu ao nazismo em 1922. Nomeado, em 1926, chefe do partido nazista em Berlim, depois, em
1928, chefe da propaganda, foi encarregado por Hitler da ação política e psicológica sobre o povo alemão,
tornando-se, em 1933, ministro da Informação e da Propaganda. Desse modo, valendo-se da imprensa e do
rádio, exerceu grande influência. Guardando até o fim fidelidade absoluta a Hitler, envenenou-se com toda
a família por ocasião dos últimos combates em Berlim.
(27)
Führer. O maior especialista em constituição, Ernst Rudolf Huber, por exemplo, referiu-se à lei como “
nada além da expressão da ordem comunitária em que o povo vive e deriva do Füher”. Consequentemente ,
era “impossível equiparar as leis do Füher a um conceito mais elevado da lei, porque toda lei do Füher é
uma expressão direta deste conceito völkisch da lei. Explicando que o cargo de Füher não era,
originariamente, um cargo estatal, mas um cargo nascido dentro do movimento nazista. Diante deste
presuposto Huber deduziu que era correto falar, não em “poder do estado”, mas um “poder do Füher”, o
qual era o poder político personalizado “concedido ao Füher como executor da vontade comum da nação”.
No entender de Huber , o “poder do Füher” era abrangente e total”, não restrigido por qualquer controle,
“livre, independente, exclusivoe ilimitado”. In Ernest Rudolf Huber Verfassungsrecht des Grossdentschen
Reiches, Hamburgo, 1939, p230, trad N& P,ii, 199.
(28)
La Propagande Politique ,Jean-Marie Domenach.
(29)
id.ibid.
64
(30)
Nélson Jahr Garcia, in artigo: Guerra no Golfo: censura e propaganda, Entre mortos e feridos, a
informação foi uma das maiores vítimas no Golfo. Revista Propaganda, ano 36, n. 455, julho de 1991.
(31)
id.ibid
(32)
id.ibid
(33)
id.ibid
(34)
Robert Bowman, tenente-coronel americano da reserva, viveu a maior parte de sua vida em contato com
os segredos do Pentágono e as estratégias militares de Washington. Foi diretor dos programas Guerra nas
Estrelas durante os governos dos presidentes Gerald Ford (1974-77) e Jimmy Carter
(35)
Nélson Jahr Garcia, in artigo: Guerra no Golfo: censura e propaganda, Entre mortos e feridos, a
informação foi uma das maiores vítimas no Golfo. Revista Propaganda, ano 36, n. 455, julho de 1991.
(36)
id.ibid.
(37)
Postel, Daily & Ehrlich. 1996. "Human Appropriation of Renewable Fresh Water." Science 271:785-
788”.
(38)
Hinrichsen, D., B. Robey, and U.D. Upadhyay. 1998. "Solutions for a Water-Short World." Population
Reports, Series M, No. 14, Johns Hopkins University School of Public Health, Population Information
Program, Baltimore, Maryland.
(39)
id.ibid.
(40)
Sandra Postel, diretora do Global Water Policy Project [Projeto Mundial de Políticas Referentes à
Água], in artigo: questões globais, para a Agência de Divulgação dos Estados Unidos, março de 1999.
(41)
Os países membros da OPEP são: Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Irã, Catar, Kuwait, Iraque,
Líbia, Gabão, Indonésia, Nigéria, Equador, Venezuela e Argélia. Em 1968, cria-se a Opaep (Organização
dos Países Árabes Exportadores de Petróleo),
(42)
PETRÓLEO: Reservas dos EUA diminuem em 2 milhões de barris.Gazeta Mercantil, 6 de setembro de
2001.
(43)
Joseph S. Nye, Jr.Reitor, Reitor da Escola de Administração Pública John F. Kennedy, Universidade de
Harvard Foi secretário assistente de Defesa para questões de segurança internacional em 1994 e 1995, in
artigo a política de segurança dos Estados Unidos: desafios para o século XXI, Agenda de Política Externa
dos EUA,Vol. 3, Nº 3, Julho de 1998 .
(44)
VIDAL, José Walter Bautista. Nação do Sol, Gráfica e Editora Stilo, 1999. O professor José Walter
Bautista Vidal foi o principal responsável pela implantação do Programa Nacional do Álcool, Vidal foi o
coordenador científico da Conferência Internacional sobre Produção de Eletricidade a partir da Biomassa,
promovida pela União Européia (Brasília, 1997).
(45)
Luiz Augusto Horta Nogueira é diretor da Agência Nacional de Petróleo (ANP), in artigo: Assegurando
o mercado para o álcool energético, publicado no jornal o estado de São Paulo em 17 de novembro de 2001.
65
(46)
O Protocolo de Kyoto, adotado em 1997, compõe, com a Convenção Quadro sobre Mudança do Clima,
o regime jurídico internacional sobre a matéria. Esse protocolo prevê metas específicas para a redução dos
gases de efeito estufa por parte dos países desenvolvidos e por aqueles com economias em transição. Trata-
se do mais ambicioso esforço da comunidade internacional para prevenir um possível agravamento das
condições de vida na Terra como resultado de um aumento da temperatura.Com o protocolo, os países
desenvolvidos e as economias em transição assumiram a obrigação de, até 2012, reduzir suas emissões de
gases de efeito estufa para, em média, 5% abaixo do nível de emissão de 1990. O presidente dos Estados
Unidos, George W. Bush, anunciou em março passado que seu país não ratificará o protocolo firmado por
seu predecessor, Bill Clinton, em 1998, (Jornal O Povo, 17,07/2201). Bush acha que o protocolo é "injusto"
porque gigantes em desenvolvimento como a China e a Índia não estão obrigados a uma redução
determinada de suas emissões poluentes. O anúncio foi um duro revés para Kyoto, já que os Estados
Unidos são responsáveis por uma quarta parte das emissões mundiais de gases de Efeito Estufa. Segundo os
dados da Organização das Nações Unidas, 75% das emissões de dióxido de carbono (CO2) do planeta
procedem dos países desenvolvidos. Do total, 25% são dos Estados Unidos.
(47)
Luiz Augusto Horta Nogueira é diretor da Agência Nacional de Petróleo (ANP), in artigo: Assegurando
o mercado para o álcool energético, publicado no jornal o estado de São Paulo em 17 de novembro de 2001.
(48)
Ver de Luís Moita, “Evolução do Sistema Internacional” in Janus 98, suplemento especial, p.18-19:
sistema unipolar, tripolar, de nova bipolaridade, multipolar, civilizacional, hanseático...
(49)
Henry Kissinger, Diplomacia, p.17.
(50)
Thomas Malthus Economista e demógrafo britânico ficou conhecido sobretudo pela teoria segundo a
qual o crescimento da população tende sempre a superar a produção de alimentos, o que torna necessário o
controle da natalidade.Publicada em 1798, era manifestamente contra a tendência multiplicativa da raça
humana, com a base de que a terra, ao contrário das pessoas, não se podia multiplicar. Concluiu que a
divergência irreconciliável entre as bocas e o alimento só pode ter um resultado: a maioria da humanidade
viveria sempre presa à miséria.
(51)
Ver Óscar Soares Barata, “A nova Geopolítica Demográfica”, in Anais do ISNG, Nov96, p. 11.
(52)
Onde todos se preocupam (teoricamente) com todos, mas onde poucos assumem uma postura ativa na
resolução dos problemas.
(53)
Relatório do Fundo das Nações Unidas para a População (FNUAP) sobre “A Situação da População
Mundial 1998”.
(54)
Fundamentalismo. O cientista político Colombiano Ricardo Vélez Rodríguez: in artigo para o terceiro
fascículo trimestral da Revista Brasileira de Filosofia abril de 2001 afirma que "Não há dúvida que o
fundamentalismo será uma das causas mais relevantes de conflitos contra o convívio democrático e o
desenvolvimento no século XXI. A essência dele é esta: só é aceita a forma purista de opção religiosa
adotada pelos membros da seita radical; qualquer opção diferente deve ser aniquilada sem contemplações,
pois é considerada um pecado imperdoável. No caso dos fundamentalistas islâmicos, a saída é a eliminação
66
de quem se opuser, no seio do país, ao seu domínio absoluto. Isso aconteceu no Irã dos Aiatolás, no
totalitarismo fundamentalista dos Talibãs no Afeganistão, ou no terrorismo deflagrado pelos xiitas no
Oriente Médio e na Argélia. No caso dos suicídios coletivos apregoados por seitas radicais, a auto-
eliminação dos membros do grupo trata de impedir a sua contaminação com um mundo irremediavelmente
perdido. Para o fundamentalista só pode haver uma democracia válida: a da unanimidade ao redor do
mesmo credo. Democracia pluralista é, portanto, uma condição inaceitável”.
O Comitê Interamericano contra o Terrorismo (CICTE) foi estabelecido pela OEA em 1999. Este Comitê,
integrado por peritos em antiterrorismo de toda a região se reúne anualmente para encorajar, desenvolver,
coordenar e avaliar a implementação do Plano de Ação de Lima e o Compromisso de Mar del Plata. O
CICTE facilita a implementação das recomendações feitas pelas Conferências Especializadas no que
concerne a cooperação judicial, policial, legal e dos serviços de informação. O Comitê também ajuda no
fortalecimento das leis antiterroristas, compilando um banco de dados sobre matérias relacionadas com o
terrorismo, para uso dos Estados-membros, fazendo um estudo sobre mecanismos destinados a aumentar a
efetividade da legislação internacional. A primeira reunião do CICTE ocorreu em 28 e 29 de outubro de
1999, em Miami. A Bolívia ofereceu-se para sediar a segunda reunião, no último trimestre de 2000.
(55)
Talibã. Grupo fundamentalista muçulmano do Afeganistão. Os "Estudantes de Teologia" ou taliban,
fundamentalistas islâmicos, surgiram em 1994, financiados e armados pelo Paquistão de Benazir Bhutto. Os
taliban foram acolhidos como libertadores e pacificadores no Sul Pashtun. No Norte, habitado por minorias
étnicas, houve forte resistência.
(56)
Osama Bin Laden. Milionário Saudista tinha tudo para ter uma vida pacífica. Nascido na Arábia Saudita
há 44 anos, é dono de uma fortuna de US$ 5 bilhões construída à base do petróleo. Mas esse homem
preferiu experimentar outro tipo de vida: hoje, é o terrorista mais procurado do planeta, cassado pelos EUA
sob a acusação de ter promovido o atentado que destruiu o World Trade Center e fez Nova York viver o
pior dia de sua história. Os norte-americanos geraram o saber militar e estratégico de Laden. Nos anos 70,
ele recebeu treinamento da CIA, o serviço secreto dos EUA, para formar uma milícia que conta hoje com 3
mil homens e combater a União Soviética no Afeganistão. Após a guerra e a vitória contra os soviéticos
(1979-1985), Laden se voltou contra os EUA e seus países aliados no Oriente Médio. “Cidade Internet
Sábado, 02 de março de 2002”. http://www.cidadeinternet.com.br/.
(57)
Noam Chomsky in palestra: A Nova Guerra Contra o Terror, 18 de Outubro 2001 no Fórum de Cultura e
Tecnologia do MIT.
(58)
Extraído de "A Guerra Fria: Uma história ilustrada", livro em inglês que acompanha a versão original da
série Guerra Fria produzida pela CNN/A&E Mundo em 1998. Jeremy Isaacs é produtor executivo de a
Guerra Fria. Taylor Downing escreveu e produziu dois episódios da série. Juntos eles escreveram o livro
(59)
id.ibid.
(60)
id.ibid.
67
(61)
Robert Bowman, tenente-coronel americano da reserva, viveu a maior parte de sua vida em contato com
os segredos do Pentágono e as estratégias militares de Washington. Foi diretor dos programas Guerra nas
Estrelas durante os governos dos presidentes Gerald Ford (1974-77) e Jimmy Carter (1977-81), em
entrevista a jornalista Kátia da revista “Isto É”, edição 1675 de 08 de novembro de 2001.
(62)
Extraído de "A Guerra Fria: Uma história ilustrada", livro em inglês que acompanha a versão original da
série Guerra Fria produzida pela CNN/A&E Mundo em 1998. Jeremy Isaacs é produtor executivo de a
Guerra Fria. Taylor Downing escreveu e produziu dois episódios da série. Juntos eles escreveram o livro
(63)
id.ibid.
(64)
id.ibid.
(65)
id.ibid.
(66)
id.ibid.
(67)
id.ibid.
(68)
id.ibid.
(69)
id.ibid.
(70)
BADIE, B. e SMOUTS, M.-C. Le retournement du monde : sociologie de la scène internationale. 3 ed.,
Paris : Presses de Sciences Po : Dalloz, 1999.
(71)
OTAN. 4 de abril de 1949. É assinado em Washington o tratado de aliança militar pelos doze países
representantes, incluindo os Estados Unidos, Canadá e a maior parte da Europa Ocidental. É dessa época o
início da Guerra Fria. A invasão de tanques russos na Hungria, em 1956, e a construção do muro de Berlim
pelos soviéticos, em 61, ajudaram a justificar a aliança do Atlântico. A Europa temia que a influência
comunista se propague além da cortina de ferro. A Organização do Tratado do Atlântico Norte, a OTAN,
incluindo hoje dezesseis países-membros, foi formada para conter a rápida expansão soviética na Europa
logo após a Segunda Guerra.
(72)
Agencia Estado 21 de fevereiro de 2002.
(73)
TOFFLER,Alvin e Heidi.Guerra e Antiguerra, Editora Record, 1994, 374 pp. Ver. P. 204
(74)
TOYNBEE, Arnold Joseph - A Humanidade e a Mãe-terra: uma História Narrativa do Mundo. Trad.
Helena Maria Camacho M. Pereira. 2. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1982
(75)
Big Brother. Termo criado pelo escritor inglês George Orwell, falecido em 1950. Desencantado com o
socialismo, especialmente com sua faceta stalinista, causa que abraçara para melhor lutar contra o nazi-
fascismo, dedicou os últimos anos de vida a denunciar o comunismo stalinista. Para tanto publicou dois
livros, nos anos de 1945 e 1949, ambos com impressionante projeção, e que fizeram por acirrar ainda mais
o feroz debate ideológico entre comunistas e democratas que dividiu o mundo intelectual na época da
guerra fria. Um deles intitulava-se Animal Farm (A revolução dos bichos), e o outro simplesmente tinha um
número na capa, o Nineteen Eigthy Four ("1984"), no qual apareceu pela primeira vez o onipresente Big
Brother, o Grande Irmão. O olho totalitário que tudo vê!
68
(76)
ETA. A palavra na verdade é uma sigla da expressão basca Euskadi Ta Askatasuna que em português
significa "Pátria Basca e Liberdade". O grupo armado ETA foi fundado em 1959 por dissidentes do Partido
Nacionalista Basco(PNB). Tinha como objetivo lutar por meios pacíficos pela autonomia da região basca
na Espanha e contra o regime do ditador Francisco Franco.
(77)
IRA.Exército Revolucionário Irlandês.
(78)
Relatório anual "Padrões de Terrorismo Global 2000", Relatório Bianual "Organizações Terroristas
Estrangeiras" (FTOs) 2001, Escritório do Coordenador de Contraterrorismo, Departamento de Estado dos
Estados Unidos.
(79)
The Times, Londres, 22 de outubro de 2001.
(80)
Id.ibid.
(81)
Conselho de Segurança das Nações Unidas. A Carta das Nações Unidas no seu art 7º cria o Conselho.
Artº. 23. O Conselho de Segurança será constituído por 15 membros das Nações Unidas. A República da
China, a França, a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, o Reino Unido da Grã-Bretanha e a Irlanda
do Norte e os Estados Unidos da América serão membros permanentes do Conselho de Segurança. Apenas
cinco países - Estados Unidos, Grã-Bretanha, França, China e Rússia - possuem poder de veto. A ONU tem
189 países-membros. A BBC, Brasil em14 de janeiro de 2002 noticiou que o presidente da Rússia,
Vladimir Putin, assinou uma declaração apoiando a entrada do Brasil como membro permanente do
Conselho de Segurança da ONU.O presidente Fernando Henrique Cardoso se encontrou com Putin, no
Kremlin, a sede do governo da Rússia.Foi a primeira vez que o Brasil recebeu o apoio de um membro
permanente do Conselho de Segurança para integrar a entidade.
(82)
Euclides da Cunha, Contrastes e Confrontos, p.225.
(83)
CHACON, Vamireh. Globalização e os Estados Transnacionais.Cadernos da política
Comparada.Revista Brasiliense de políticas Comparadas.Brasília, Arkro, 1998, pg45.
(84)
Potencial Nacional.O preparo do Poder Nacional consiste em um conjunto de atividades executadas com
o objetivo de fortalecê-lo, seja mantendo e aperfeiçoando o poder existente, seja transformando potencial
em Poder. Potencial Nacional é o conjunto dos homens e dos meios de que dispõe a Nação, em estado
latente, passíveis de serem transformados em Poder. O emprego do Poder Nacional consiste em seu uso,
através de políticas e estratégias, para atender à Segurança e ao Desenvolvimento Nacionais. Fundamentos
Doutrinários da Escola Superior de Guerra, rio de Janeiro, 1998.
(85)
Vontade Nacional. Para conduzir o Brasil à posição de destaque que, por capacidade, poder e potencial,
deve alcançar entre as mais prósperas Nações do mundo, é preciso que a vontade nacional seja expressada
por elites nacionais, nas quais se inserem as diversas lideranças de compromisso democrático, consciente de
suas responsabilidades perante o povo, cujo caráter e índole impõem que o Brasil represente um fator de
harmonia atuando num mundo de conflitos e tensões. O fortalecimento da vontade nacional é instrumento
nacional essencial à realização do Bem Comum, propiciando o direito de usufruir dos resultados
69
conquistados de forma progressiva, segura e justa, e em prazo factível.Fundamentos Doutrinários da Escola
Superior de Guerra, Rio de Janeiro, 1998.
(86)
Poder Nacional.É a capacidade que tem o conjunto interagente dos homens e dos meios que
constituem a Nação, atuando na conformidade da vontade nacional, de alcançar e manter os
Objetivos Nacionais. Os fundamentos do Poder Nacional são, o Homem, Terra e Instituições.Embora se
encontrem em permanente interação, podem ser estudados separadamente em seus aspectos puramente
demográficos, físicos, sociais, políticos, econômicos e outros, e se apresentam diferenciados conforme
considerados em relação a cada uma das Expressões do Poder Nacional. Fundamentos Doutrinários da
Escola Superior de Guerra, Rio de Janeiro, 1998. Sabemos que o poder é uno e indivisível, porém para
efeito de estudo a Escola Superior de Guerra realiza a análise do Poder Nacional através de cinco
Expressões: política; econômica; psicossocial; científica e tecnológica e militar (nota do autor).
(87)
Objetivos Nacionais Permanentes.São Objetivos Nacionais que, por apresentarem necessidades,
interesses e aspirações vitais, subsistem por longo tempo.Os Objetivos Nacionais Permanentes são:
Democracia, Integridade do Patrimônio Nacional, Paz Social, Progresso, soberania e integração
nacional. Fundamentos Doutrinários da Escola Superior de Guerra, Rio de Janeiro, 1998.
(88)
Rui Barbosa. Senado Federal, RJ.Obras Completas. Trecho do discurso Revogação da
neutralidade do Brasil. V. 44, t. 1, 1917. p. 88.
70
LITERATURA CONSULTADA
71
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72
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Trad. Helena Maria Camacho M. Pereira. 2. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1982
WEBER, Max. Economy and Society, New York, USA Bedminster Press (1921), 1968.
Jornais e Revistas da atualidade.
73
ANEXO I - ARTIGOS SELECIONADOS
Para não ficar isolado em meu ponto de vista a respeito dessa crise mundial nascida do
atentado contra Nova York e Washington, busco apoio nas idéias de algumas figuras da maior
74
expressão nacional e internacional, conforme depoimentos delas prestados a um jornal cearense.
Para o sociólogo e professor Daniel Lins, da Universidade Federal do Ceará, ''os Estados Unidos
estão procurando matar um país que já está morto''. E acrescenta: ''Matar e jogar comida é a
suprema humilhação''. Já o professor português Nuno Nabais, da Universidade de Lisboa,
considera que ''os bombardeios não resolvem. Existiam outras alternativas. É um ato de
arrogância'', enquanto o professor Eduardo Pellejero, da Universidade Del Salvador, Buenos Aires,
Argentina, acha que ''a ação (americano-britânica) terá, politicamente, graves conseqüências. A
comunidade internacional tem que repensar os direitos humanos, que estão sendo postos em
questão''. Objetivo, o professor Osvaldo Giacoia, da Unicamp (São Paulo), assegura que ''a decisão
foi insensata. Essa não é a melhor forma de combater o terrorismo''.
Jamais, pela minha formação humanística, aplaudiria o tresloucado líder saudita
Osama bin Laden. Pelos mesmos motivos, também, não posso aceitar que os Estados Unidos,
aliando-se às outras grandes potências do mundo ocidental, queiram impor, pela força, o seu
modelo de vida, cheio de distorções éticas e base filosófica na supremacia do poder econômico,
sobre as nações mais frágeis.
Nem Bin Laden nem Bush. O mundo precisa de reforma social, de um modelo que
permita a melhor distribuição das riquezas da terra, único caminho para restaurar a paz entre os
homens e pôr termo a essas desesperadas posições terroristas.
Esta guerra nasce da emoção e da insensatez, a partir de uma superpotência que, desde
Hiroshima e Nagasaki, esmaga o resto pelo medo.
Blanchard Girão é jornalista e advogado
75
desgraçadamente, como se pode verificar do rancor, da intransigência, do autoritarismo de setores,
talvez da maioria deles, no trato da situação política brasileira.
Ninguém parece disposto a somar esforços para salvar a nação da crise em que a
meteram nos últimos anos, afogada numa dívida bilionária a nível externo e interno. Ninguém
senta para debater e procurar saída para a terrível questão do desemprego, ou da concentração de
renda, da falta de moradias, da precariedade da educação e da saúde, da violência urbana.
Fala-se, exclusivamente, em sucessão, cada um puxando brasa para seu pedaço de carne seca, isto
é, para seus pretensos candidatos. Que já são pencas deles. Por conta dessa prematura mixórdia
pré-eleitoral, entra-se no plano do vale-tudo, através de ataques virulentos envolvendo os possíveis
nomes que os partidos pensam em lançar às urnas. Constata-se uma espécie de caça às bruxas, ora
vinda dos procuradores, cujo zelo pelos interesses públicos não pode resvalar para a mesquinharia
das perseguições pessoais, ora via CPIs, muitas delas montadas com visíveis fins eleitoreiros.
O País, por suas lideranças, precisa superar essa mentalidade mórbida herdada das
remotas paragens da ''pátria velha'', quando não do Estado Novo e sua versão militar dos anos
60/70, quando quem não era por mim era contra mim. Isto é talibã mesmo, fundamentalismo,
radicalismo, idiotia.
''Ou como nos ensina em livro nosso Paulo Coelho: a mão que atira pedras é a mesma
que apedreja”.
Falcão, cantor e compositor
O presidente Bush engasgou com o Brasil na OEA. Tratou o país como se fosse
insignificante no contexto americano. Deixou claro que o México continuará sendo o amigo latino
predileto. O que é muito compreensível.Falou da Argentina com moderada simpatia. Encheu a
bola do Chile - 15milhões de habitantes, praticamente igual ao estado do Rio, e perto de 760mil
quilômetros quadrados, 9% do território brasileiro - e da Costa Rica - menos de 4 milhões de
habitantes, do tamanho da Paraíba, e 51 mil quilômetros quadrados, 5% de nosso território. E não
77
fez referência ao Brasil. Não que uma menção dele ao país tenha importância. Mas, em diplomacia
nada se diz ou deixa de dizer em vão. É a velha atitude republicana de volta, expressa na frase que
intitula esta coluna e que foi usada para descrever a diplomacia latino-americana de governos
passados sob controle do Partido Republicano. Uma atitude de desprezo complacente.
É claro que, no caso de George W. Bush, pode ter sido uma gafe ou um tropeção. Mas
tudo indica que é diplomacia republicana velha mesmo. Ele faz parte do grupo mais atrasado do
pensamento geopolítico no partido republicano. No fundo, continua se vendo como um cold
warrior", um guerreiro da guerra fria. A única coisa que as realidades da globalização produziram
nesse pensamento foi uma adaptação às novas formas de terrorismo, mas a lógica continua a
mesma.
Os democratas têm uma visão mais nova, adequada à globalização e que se
desenvolveu a partir da constatação de que o fim da guerra fria alterou inteiramente os dados
geopolíticos. Há setores do partido de Bush que também adotaram uma visão estratégica global
mais contemporânea.Eles têm uma noção mais correta da globalização e seus efeitos na economia
política mundial. Partem do princípio, correto, de que o mundo despolarizou e reconhecem que a
situação que se iniciou no final da década de 80 do Século passado e se mantém até agora, de um
mundo unipolar, com hegemonia de apenas uma potência, não é sustentável a longo prazo, nem
desejável estrategicamente. Reconhecem a importância de potências ou lideranças regionais,
estados pivô, que tendem a ter um papel cada vez mais autônomo e relevante nas economias
políticas de suas regiões, nas relações intra-regionais e nas relações internacionais.
O problema desse tipo de republicano com a noção de "estados pivô" ou potências
intermediárias ou regionais é o medo típico da guerra fria de que um desses estados seja capturado
"pelo outro lado", quer por meio de eleições, quer por meio de golpes ou revoluções. Claro, eles
justificam a crítica a essa idéia afirmando que, em muitos casos, os estados pivô não são legítimos
em suas regiões. Presumem, portanto, que todos consideram legítima a hegemonia e as
intervenções externas do EUA. Arrogância misturada à ignorância. Foi um discurso paternalista,
do tipo "meninos aqui vão algumas lições e olhem só como os mais aplicados estão se dando
bem". Trata a todos os países americanos com certo desprezo, como se todos estivessem no pré-
vestibular para o "Ocidente". Típico. Não mencionar o Brasil, também. Sobretudo, um dia após o
término da visita de Fernando Henrique à Rússia, cheia de sinais. A Rússia deu apoio formal à
entrada do Brasil, como membro permanente, no Conselho de Segurança da ONU, do qual é sócia
remida - é certo que por ter herdado o título da URSS - e no qual tem poder de veto. Em troca,
Fernando Henrique deu o apoio brasileiro à entrada da Rússia na OMC, na qual a China, último
78
bastião do comunismo - pelo menos formalmente - recém ganhou assento. Essa política externa
independente de governos brasileiros sempre incomodou a linha dura estadunidense.
Tomar vodka com Putin em Moscou foi a gota dágua. Antes, Fernando Henrique já
andara fazendo das suas na Europa, tomando chá com excesso de intimidade com Tony Blair,
andando de braços dados com Jacques Chirac e Lionel Jospin, na França, além de ser ovacionado
na histórica Assemblée Nationale, após discursar naquela língua dos bárbaros gauleses. Isto sem
mencionar o relacionamento com Bill Clinton. Para um republicano da estirpe de Bush e com a
sua amplitude de visão, Cardoso passou dos limites. Isto sem falar na desenvoltura de nossa
diplomacia na OMC e em outros fóruns globais, nem sempre em sintonia com os interesses do
EUA.
Como é que pode, um nativo lá das bandas da Bolívia, se dar ares de estadista global?
E como é que ficamos nós, os líderes do mundo livre, se um país do tamanho daqueles cai nas
mãos de uma liderança radical, ligada a Castro e Chávez? Pensamentos que devem ter cruzado a
mente de Bush, com a velocidade com que um pretzel se instala numa faringe desatenta.
Embora aqui no país muita gente desdenhe a diplomacia presidencial de Fernando
Henrique, ela evidentemente tem efeitos concretos no posicionamento do país na estrutura de
relações políticas globais. O Brasil, obviamente, por todas as suas características, tem um peso
incontrastável e incomparável deste lado de cá do equador. Que atributos são esses, que nos
tornam um estado pivô? Importância econômica, sobretudo como parcela significativa do mercado
das maiores empresas globais; situação geopolítica na América do Sul, fronteira com todos os
países, exceto Equador e Chile; uma população de quase 170 milhões; uma sociedade pluralista,
complexa e diversificada, embora haja brasileiros que nos considerem mais parte do Terceiro
Mundo e alguns até nos achem pior que países africanos; Não por acaso, todos os presidentes sul-
americanos dão demonstrações de que reconhecem a liderança brasileira. As declarações mais
recentes, neste sentido, vieram de Duhalde. Não é subserviência a um país com vocação
hegemônica continental, que não temos. É reconhecimento do peso estratégico diferenciado do
Brasil e do fato de que o que venha a acontecer conosco, sempre terá impacto significativo no
destino de nossos vizinhos.
É essa liderança que já existe, esse poder que já está realizado, que os velhos
republicanos temem. Por isso, o tio velho anda meio agastado.
79
6- BOMBARDEIO - FORÇAS DOS EUA MATAM 65 LÍDERES TRIBAIS
AFEGÃO, DIÁRIO DO NORDESTE. FORTALEZA, CEARÁ - SÁBADO 22 DE
DEZEMBRO DE 2001
Cabul - As forças armadas americanas podem ter cometido o maior erro da ofensiva
contra o Afeganistão ontem. Aviões de guerra explodiram um comboio de catorze veículos em
uma estrada afegã e mataram ao menos 65 pessoas.
Os americanos dizem que eram membros do Talibã e da Al Qaeda, mas fontes locais
afirmam que eram anciãos líderes tribais que iam para Cabul acompanhar a posse do governo
interino, marcada para este sábado.
‘‘Os veículos foram destruídos e as pessoas, mortas. A inteligência nos indicou que
eram líderes e nós destruímos os líderes’’, afirmou o general americano Peter Pace, confirmando
que os bombardeios aconteceram entre a noite de quinta e a madrugada de ontem.
O secretário de Defesa, Donald Rumsfeld, também confirmou o ataque e disse que
os passageiros do comboio eram membros do Talibã e da Al Qaeda. O bombardeio aconteceu
perto da cidade de Khost, a sudoeste de Tora Bora.
80
Afeganistão, no Turcomenistão, entre outras, à quais é preciso acrescentar as velhas jazidas de gás
da Sibéria (portanto russas).
Nos tempos da União soviética, todo esse gás e esse petróleo da Ásia Central convergiam
para lá. Mas o fim da URSS e, sobretudo, a independência das cinco ex-repúblicas da Ásia
Central, mudaram esse quadro. Hoje, a Rússia não é mais a única administradora dessas jazidas.
Uma luta feroz pelos campos e oleodutos ainda por construir, opõe, há alguns anos, a Rússia, às
ex-repúblicas da Ásia Central e os consórcios norte-americanos.
Os americanos gostariam muito de reduzir sua dependência da Arábia Saudita. Um simples
olhar sobre o mapa mostra que um país ocupa uma posição-chave, no centro da vasta rede de
poços, oleodutos e gasodutos: o Afeganistão.
Esse pano de “fundo petroleiro” nos permite compreender que a Rússia não poderia se
desinteressar da colisão montada por George W. Bush para acabar com a serpente afegã. Mas, ao
mesmo tempo, a Rússia não se pode envolver completamente na ação norte-americana: seus
interesses petroleiros são autônomos e às vezes divergentes.
Lembremo-nos que, durante anos, Massood endereçou apelos desesperados ao Ocidente, mas
jamais obteve a menor resposta a seus pedidos de apoio. Mais estranho ainda: nas semanas que se
seguiram ao massacre de 11 de setembro e à formação da “coalizão”, os sucessores do comandante
Massood e o general Fahim (novo chefe militar da Aliança do Norte) foram friamente ignorados.
Foi só depois de alguns dias, e apesar da cólera do Paquistão, que Washington começou a
reconhecer que a ajuda do Norte será preciosa no dia em que, terminados os bombardeios
começarão os ataques por terra.
Ao longo de todos estes anos, os russos não ficaram inertes diante disso: trataram bem das
forças do comandante Massood, entregaram-lhes equipamentos e também deram dinheiro para a
Aliança do Norte que, aliada da Rússia, estará bem colocada, uma vez ganha a guerra, para
recorrer ao menos uma parte da herança dos talibãs. Assistiremos, então, a uma corrida entre os
dois países dominantes, cada um tentando instalar em Cabul o governo que mais lhe convenha.
Os norte-americanos tentarão, provavelmente, impor um governo de predominância
patchuni (que deu origem ao Talibã), com o apoio do Paquistão. Já a Rússia certamente sonha com
outro governo; com o apoio do Irã e do Tadjquistão, tentará instalar um poder mais amplo que
abranja clãs pró-americanos e pró-russos, mas sob a chefia de um líder tadjique, como
Burhanudim Rabbani.
Gilles Lapouge – da Agência Estado
81
ESCOLA DE TORTURA
Carta da Europa por Sílio Boccanera, jornal A TARDE 03 de fevereiro de 2002
Internacional
82
Ninguém mais leva a sério comunismo como alternativa real de governo. A Escola
das Américas, não importa que nome tenha hoje, perdeu qualquer sentido - se é que algum dia
teve. Em nome da luta contra o terrorismo internacional, merece ser fechada logo, antes que possa
formar novas versões dos terroristas de uniforme que atormentaram o hemisfério durante tanto
tempo.
83
Isto não é uma política energética feita com sensibilidade e muita menos a estratégia
correta para reduzir nossa dependência de petróleo importado. Desde o primeiro choque do
petróleo, em 1974, a dependência da América de petróleo importado tem crescido. As importações
representam 60% de nosso consumo diário atual contra 47% há 10 anos atrás. Um pouco menos de
¼ do petróleo importado vem do Golfo Pérsico e este volume vem crescendo. Em 1974, a América
importava 1 milhão de barris por dia do Golfo Pérsico; hoje, este número já chega a 2,5 milhões de
barris/dia.
Os interessados na exploração no Ártico afirmam que apenas o Refúgio da Vida Selvagem
pode suprir boa parte deste déficit - 1,5 milhão barris/dia no pico de produção, talvez lá pelo ano
de 2020. Esta é, sem dúvida, uma substancial quantidade de petróleo. Acenam também com a
descoberta de 15 bilhões de barris de petróleo sob a planície litorânea do Refúgio a qual,
entretanto, o Serviço Geológico Federal considera como sendo uma possibilidade extremamente
remota. As estimativas oficiais para o petróleo “economicamente recuperável” são de fato muito
inferiores a 15 bilhões de barris. Mesmo que as mais otimistas estimativas se provem verdadeiras,
as reservas do Ártico - ou de quaisquer outras reservas domésticas neste contexto - não seriam
suficientes para garantir algo que se aproxime da independência energética. A razão é simples: os
EUA, responsáveis por 25% do consumo mundial de petróleo, têm apenas 3% das reservas globais
provadas.
De fato, o caminho para uma redução da dependência nos conduz em uma outra
direção - na direção da conservação (significando maior eficiência) e para o desenvolvimento de
fontes de energia diferentes do petróleo. O aumento dos padrões de eficiência energética dos
automóveis para algo como 18 km/litro - uma expectativa razoável até porque já existe a
tecnologia - nos pouparia cerca de 2,5 milhões de barris/dia em 2020. Este número é
consideravelmente maior do que o que se pode esperar que o Refúgio Ártico vá produzir na
mesma época. Ademais, 2,5 milhões de barris/dia é exatamente o que agora estamos importando
do Golfo Pérsico.
Além de produzirmos carros e caminhões mais eficientes, há muito mais que podemos
fazer para reduzir nossa dependência das importações - inclusive um sério esforço nacional para
desenvolver veículos híbridos ou veículos movidos por células de combustível. O projeto da
Câmara não dá a menor atenção a idéias como estas. Esperamos que o Sr. Daschle as inclua no
seu. O que se requer agora é o senso de história. O choque do petróleo de 1974 nos levou não
apenas à criação da Reserva Estratégia Nacional, mas também ao primeiro conjunto de padrões de
economia de combustíveis. A crise atual deveria nos conduzir também a resultados mais
84
alentadores.
(*)Traduzido por Argemiro Pertence
O DELÍRIO AMERICANO
EUA planejam utilizar armas nucleares em conflitos localizados
E d i t o r i a , Jornal O POVO, 12 de março de 2002.
85
imprevisível e arriscada, posto que o risco de destruição mútua que continha os dois blocos
ideológicos e militares não mais existe como fator dissuasório e o poder nuclear se tornou
multipolar.
Qual a moral que têm os EUA e outras grandes potências nucleares para exigirem que
os países periféricos assinem o tratado de não-proliferação de armas nucleares? Nenhuma. Suas
exigências e pressões parecerão cada vez mais atos de arrogância de um império que quer
monopolizar o mundo.
Os americanos parecem estar embriagados de poder e quando uma nação, ou império,
chega a esse estágio sabemos, pela História, o quanto a paz do mundo fica comprometida. Mais
cedo ou mais tarde esse poder imensurável rui, por si mesmo, mas, antes terá causado um estrago
sem conta à sua volta.
Neste momento, crescem os rumores de que os EUA se preparam para atacar o Iraque.
Não o fizeram ainda, talvez, porque a situação do conflito israelo-palestino chega a um grau
extremo em que ameaça a aliança americana com grande parte do mundo árabe. Para atacar o
Iraque é preciso garantir a neutralidade de uma parte importante das nações árabes. Tampouco se
tem segurança de que os governos europeus conseguirão resistir aos protestos de seus cidadãos, se
for utilizado artefato nuclear contra o Iraque. Dificilmente aceitarão. Porém, se a racionalidade
fosse prevalecente, não haveria guerras: é de supor-se que a embriagues de poder dos falcões
americanos não conseguirá ser contida, se a própria sociedade americana não se levantar contra
essas pretensões delirantes. Triste começo para o 3º Milênio e todos os seus sonhos de paz.
ANEXO II
2. Guerra anglo-americana (1812) – Causada pela vontade britânica de pôr fim ao comércio entre
Estados Unidos e França e pelo desejo dos Estados Unidos de fazer respeitar o direito a
neutralidade.
86
3. Guerra contra o México (1846-1848) – Originada pela anexação pelos Estados Unidos da
República do Texas.
5. Nicarágua (1912-1933) – Os Estados Unidos invocam desordens internas para ocupar o país.
Seus soldados se retiram em 1933.
6. Haiti (1915) – Em julho, marines desembarcaram no país dizendo que iam ensinar democracia
aos haitianos: 19 anos de ocupação.
7. Primeira Guerra Mundial (1914-1918) – Os Estados Unidos entram no conflito dia 06 de abril
de 1917 declarando guerra à Alemanha. As perdas americanas chegam a 114.000 mortos.
8. Segunda Guerra Mundial (1939-1945) – Os Estados Unidos declaram guerra ao Japão dia 08
de dezembro de 1941 e a Alemanha e Itália, dia 11. Às perdas americanas se elevam a
300.000 mortos.
9. Guerra da Coréia (1950-1953) – A guerra, conduzida em nome das Nações Unidas, é dirigida
pelos Estados Unidos, que perderam 33.000 homens.
10. Suez (1956) – Durante os combates no Canal de Suez, a Sexta Frota dos Estados Unidos
evacua 2.500 americanos que residiam na zona. Os americanos negam-se a apoiar a coalizão
franco-britânico-israelense a retirar-se da região do Canal.
11. Líbano (15 de julho de 1958) – 3.200 marines desembarcam nas praias libanesas para
“proteger as vidas americanas e dar assistência ao governo do Líbano”.
12. Vietnã (1961-1975) – A guerra torna-se um fracasso para as forças armadas norte-americanas
que chegam a enviar até 550.000 homens, tendo perdido 55.000 soldados.
87
14. Irã (25 de abril de 1980) - Fracassa operação militar para liberar 52 reféns norte-americanos
detidos na Embaixada dos EUA e na Chancelaria em Teerã.
16. Granada (1983) – Dia 25 de outubro desembarcaram 1.900 soldados na ilha de Granada onde
o primeiro-ministro acabava de ser assassinado por um grupo de extrema esquerda. A
intervenção foi decidida a pedido da Organização de Estados do Caribe Oriental (OECS).
17. Líbia (15 de abril de 1986) – Os Estados Unidos bombardeiam Trípole e Bengazi depois de
vários atentados contra americanos.
18. Panamá (1989) – Dia 20 de dezembro os americanos invadem o Panamá sob a justificativa de
querer proteger a vida de cidadãos americanos e prender o homem forte do país, general
Manuel Antonio Noriega.
21. Afeganistão e Sudão (20 de agosto de 1998) – em resposta a dois atentados antiamericanos,
foram bombardeadas simultaneamente uma base terrorista islamita no Afeganistão e um
laboratório farmacêutico sudanês de Cartum suspeitos de produzir armas químicas.
22. Kosovo (março de 1999) – Sob o patrocínio da OTAN, tropas americanas bombardeiam o
território da ex-Iugoslávia até a retirada das forças sérvias de Kosovo.
88
23. Os Estados Unidos também realizaram operações militares de menor envergadura como parte
de operações combinadas, como por exemplo, a destruição de aviões militares líbios em 1981
e 1989 ou o ataque a um navio iraniano em 1987.
24. Também intervieram para proteger a evacuação de populações civis americanas como na
Libéria em 1996.
25. Os Estados Unidos lançaram também operações com objetivos humanitários, como por
exemplo em Ruanda em 1994, e participaram militarmente de várias missões da ONU, como
no Líbano em 1982.
89
ANEXO III
1949: CIA apóia golpe militar na Síria que depõem o governo eleito sírio.
1953: CIA ajuda a derrubar o governo democraticamente eleito de Mossadeq no Irã
(que havia nacionalizado a companhia de petróleo britânica) , levando a uma ditadura de 25 anos
liderada pelo Xá Mohammed Reza Pahlevi.
1956: EUA corta financiamento prometido para a construção da barragem de Assuã no
Egito após o Egito ter recebido armas do bloco comunista.
1956: Israel, Inglaterra e França invadem o Egito após a nacionalização da Companhia
do Canal de Suez. EUA não apóia a invasão, mas o envolvimento de aliados da OTAN diminui
severamente a reputação de Washington na região.
1958: tropas americanas desembarcam no Líbano para preservar a "estabilidade" da
região.
início da década de 60: EUA tenta sem sucesso assassinar o líder iraquiano Abdul
Karim Qassim.
1963: EUA entrega ao partido iraquiano Baath (mais tarde liderado por Saddam
Hussein) nomes de comunistas para serem assassinados, o que foi realizado com vigor.
1967: EUA bloqueia todos os esforços no Conselho de Segurança para a execução da
Resolução 242 que exige a retirada de Israel dos territórios ocupados após a guerra de 1967.
1970: Guerra civil entre a Jordânia e OLP. Israel e EUA preparam para intervir ao lado
da Jordânia se a Síria apoiar a OLP.
1972: EUA bloqueia a tentativa de Sadat assinar um tratado de paz.
1973: ajuda militar americana permite Israel mudar o curso da guerra contra o Egito e
Síria.
1973-75: EUA apoiam rebeldes curdos no Iraque. Quando Irã alcança um acordo com
Iraque em 1975 e fecham suas fronteiras, o Iraque massacra os curdos e os Estados Unidos nega
refúgio a eles. Kissinger explica secretamente que "ações secretas não devem ser confundidas com
trabalho missionário."
1978-79: iranianos iniciam protestos com o Xá. EUA confirmam seu apoio "sem
reservas" ao Xá e incita-no a uma resposta violenta. Até o último minuto, EUA tentaram, sem
sucesso, organizar um golpe militar para salvar o Xá.
90
1979-88: EUA inicia secretamente a mandar ajuda ao Mujahideen no Afeganistao seis
meses antes da invasão soviética. Durante a década seguinte EUA forneceu mais de 3 bilhões em
armas e apoio.
1980-88: Guerra Irã-Iraque. Quando o Iraque invadiu o Irã, os EUA se opuseram a
qualquer ação do Conselho de Segurança para condenar a invasão. Os Estados Unidos retiraram o
Iraque da lista de nações que apóiam o terrorismo e permitiu que armas americanas fossem
transferidas ao Iraque. EUA permitiu que Israel fornecesse armas ao Irã e a partir de 85 os Estados
Unidos forneceram armas diretamente (embora secretamente) ao Irã. EUA providenciou
informações de inteligência ao Iraque. Iraque fez uso de armas químicas em 1984; EUA
restabeleceu relações diplomáticas com Iraque. 1987 mandou sua marinha ao golfo Pérsico, agindo
ao lado do Iraque. Um navio de guerra americano disparou contra um avião civil iraniano matando
290 pessoas.
1981, 1986: EUA iniciou manobras militares próximas a costa da Líbia com o claro
propósito de provocar Kadafi. Em 1981 um avião líbio disparou um míssil e dois aviões líbios
foram subseqüentemente derrubados. Em 1986, a Líbia disparou dois mísseis que passaram longe
de qualquer alvo e EUA atacaram barcos de patrulha líbios matando 72 e danificando instalações.
Quando uma bomba explodiu numa danceteria em Berlim, matando duas pessoas, os EUA acusou
Kadafi de estar por trás disso ( o que possivelmente era verdade) e conduziu um grande
bombardeio na Líbia, matando dezenas de civis, inclusive a filha adotiva de Kadafi.
1982: EUA dá "sinal verde" para a invasão israelense do Líbano, quando mais de
10000 civis fora mortos. Os Estados Unidos escolheu não lembrar de suas leis que proibiam Israel
usar armas americanas exceto em auto-defesa.
1983: tropas americanas enviadas ao Líbano como parte de força de paz internacional;
intervem em um dos lados da guerra civil. Retirada após um ataque suicida a instalações dos
marines.
1984: EUA apoiaram rebeldes afegãos que derrubaram um avião civil.
1988: Saddam Hussein mata milhares de curdos usando armas químicas contra eles.
Os Estados Unidos aumentam a ajuda econômica ao Iraque.
1990-91: EUA rejeitam saída diplomática para a invasão iraquiana do Kuwait (por
exemplo), recusando as tentativas de ligar a ocupação do Kuwait a da Palestina, as duas ocupações
regionais). EUA lideram a coalização internacional na guerra contra o Iraque. A infraestrutura
civil foi o alvo. Para promover "estabilidade" Estados Unidos se recusam a ajudar o levante xiita
91
no Sul e curdo no norte, impedindo que os rebeldes tivessem acesso ao material bélico iraquiano
capturado durante a guerra e se recusando a proibir os vôos de helicópteros iraquianos.
1991: Sansões econômicas devastadoras são impostas ao Iraque. EUA e Inglaterra
bloqueiam todas tentativas de derruba-las. Centenas de milhares de pessoas morrem. Embora o
Conselho de Segurança declare que as sanções serão derrubadas tão logo o programa de
desenvolvimento para armas de destruição em massa acabe, Washington declara que as sansões
vão continuar enquanto Sadam Hussein permanecer no poder. As sanções fortalecem a posição de
Sadam Hussein.
1993: Estados Unidos lança ataque de mísseis contra o Iraque, alegando auto defesa
contra uma alegada tentativa de assassinato contra o ex-presidente Bush dois meses antes.
1998: EUA e Inglaterra lançam novo bombardeiam sobre Iraque ao final de uma
inspeção da ONU. Até então o Conselho de Segurança apenas tinha se reunido para discutir o
assunto.
1998: EUA destrói uma fábrica no Sudão responsável pela metade de sua produção de
medicamentos, alegando ser uma retaliação contra os ataques as embaixadas americanas na
Tanzânia e no Quênia e que a fábrica estava envolvida na produção de armas químicas. Mais tarde
o governo americano reconheceu que não existia evidência da fabricação de armas químicas.
92
ANEXO IV
ATAQUES AMERICANOS E BRITÂNICOS AO IRAQUE APÓS A GUERRA DO
GOLFO.
1993 13 de janeiro: ataque das aviações americana, britânica e francesa contra
posições militares no sul depois da instalação, por Bagdá, de mísseis terra-ar perto do Kuwait.
Foram 19 mortos, segundo o Iraque.
17 de janeiro: depois de um choque entre um F-16 americano e um MiG iraquiano, a
marinha americana dispara mais de 30 mísseis cruise Tomahawk contra uma fábrica na periferia
de Bagdá, acusada pelos EUA de estar envolvida num programa nuclear secreto. Foram quatro
mortos e 40 feridos, segundo o Iraque.
18 de janeiro: ataques aliados no sul e no norte do Iraque contra a defesa antiaérea.
Bagdá anunciou 21 mortos.
27 de junho: dois navios americanos dispararam 23 mísseis cruise contra o quartel
general dos serviços de inteligência em represália à descoberta de um complô dirigido contra o ex-
presidente norte-americano, George Bush, no Kuwait. Segundo Bagdá, morreram seis civis
atingidos por três mísseis.
1996 3 e 4 de setembro: para responder a uma operação das tropas iraquianas no
Curdistão (norte, que foge ao controle de Bagdá), os Estados Unidos disparam mísseis cruise
contra posições da Defesa Antiaérea Iraquiana (DCA), e mísseis terra-ar contra centros de
comando e de controle antiaéreo no sul. Foram seis mortos e 26 feridos, segundo Bagdá.
1998 16 a 19 de dezembro: Operação ``Raposa do Deserto'' - durante três dias,
violentos ataques americano-britânicos puniram a recusa do Iraque a deixar entrar no país
inspetores da Comissão especial da ONU para o Desarmamento iraquiano (UNSCOM). Segundo o
Pentágono, o exército iraquiano teria sofrido entre 600 e 1.600 baixas.
1999 25 de janeiro: ataques contra cinco localidades da região de Bassora (sul) deixaram 24
mortos e 76 feridos entre a população, segundo Bagdá. Segundo a ONU, foram 17 mortos e 100
feridos.
28 de fevereiro: um ataque americano ao norte de Mossul (norte) deixou três mortos.
13 de maio: 12 civis morreram num bombardeio a um acampamento de pastores e a
uma zona residencial no norte.
18 de julho: 14 mortos e 17 feridos no sul por bombardeios americanos e britânicos,
segundo Bagdá.
93
29 de julho: oito mortos e 26 feridos em bombardeios americanos e britânicos no norte
e no sul. Segundo o Pentágono, a coalizão americano-britânica atacou posições militares
iraquianas em 108 ocasiões desde o final da operação ``Raposa do Deserto''.
2000 17 de agosto: Segundo Bagdá, os ataques americano-britânicos provocaram 315
mortos e mais de 900 feridos desde 1998.
2001 20 de janeiro: seis mortos em bombardeio americano-britânico, segundo Bagdá.
16 de fevereiro: 24 aviões americanos e britânicos bombardearam postos de comando
e de controle da DCA não distante de Bagdá, segundo o Pentágono. De acordo com Bagdá, oito
civis ficaram feridos.
19 de abril: aviões americanos atacaram um radar no sul do Iraque em represália a
tiros de artilharia e mísseis terra-ar contra aviões que patrulhavam numa das zonas de exclusão.
14 de junho: um ferido em bombardeios americanos e britânicos contra instalações
civis no sul.
20 de junho: Bombardeio deixa 23 mortos e 11 feridos, segundo Bagdá. EUA e Grã-
Bretanha negam o ataque.
94
ANEXO V - LISTA DE GRUPOS TERRORISTAS
A lista de grupos terroristas a seguir é apresentada em duas seções. A primeira seção
relaciona os 28 grupos designados pelo secretário de Estado no dia 5 de outubro de 2001 como
Organizações Terroristas Estrangeiras (FTOs), de acordo com a seção 219 da Lei de Imigração e
Nacionalidades e a emenda à Lei de Antiterrorismo e Pena de Morte Efetiva de 1996. As
designações trazem conseqüências legais:
É ilegal fornecer fundos ou outro apoio material a uma FTO designada.
Podem ser negados vistos aos representantes e certos sócios de uma FTO designada ou
estes podem ser expulsos dos Estados Unidos.
Instituições financeiras norte-americanas devem bloquear os fundos de FTOs designadas e seus
A segunda seção relaciona outros grupos terroristas que estavam ativos em 2000. Não
estão incluídos grupos terroristas cujas atividades apresentavam extensão limitada no ano 2000.
96
9. Novo Exército do Povo (NPA)
10. Voluntários Laranjas (OV)
11. Pessoas Contra os Gângsters e Drogas (PAGAD)
12. Defensores de Mãos Vermelhas (RHD)
13. Frente Revolucionária Unida (RUF)
Fonte: Relatório anual "Padrões de Terrorismo Global 2000", Relatório Bianual "Organizações
Terroristas Estrangeiras" (FTOs) 2001, Escritório do Coordenador de Contraterrorismo,
Departamento de Estado dos Estados Unidos.
97
ANEXO VI
RESOLUÇÃO DO CONSELHO DE SEGURANÇA DA ONU SOBRE TALIBÃ E AL
QAEDA, 17 DE JANEIRO DE 2002
Resolução 1390 do Conselho de Segurança amplia sanções.
Nações Unidas - O Conselho de Segurança das Nações Unidas adotou, por unanimidade, em 16
de janeiro, uma resolução que amplia as sanções contra o Talibã, Osama bin Laden e a
organização terrorista de Bin Laden, a Al Qaeda.
A resolução, aprovada no capítulo VII da Carta da ONU, exige que as nações tomem uma série de
medidas contra as duas organizações e pessoas associadas a elas, incluindo ações como o
congelamento de recursos econômicos, o combate ao fornecimento ou venda de armas e à entrada
ou deslocamento de membros dos dois grupos em seus territórios.
O Conselho também pediu ao Comitê de Sanções que atualize periodicamente a lista de membros
do Talibã e da Al Qaeda e grupos e outras entidades associadas a eles, e orientou os países a
relatarem ao Comitê Antiterrorismo as ações que forem tomadas, para a implementação das
sanções.
A resolução também falou do fim das sanções contra a Companhia Aérea Ariana Afghan Airlines.
Em outra resolução, aprovada em 15 de janeiro, o Conselho observou que as companhias aéreas
nacionais do Afeganistão não são mais propriedade de, nem administradas ou operadas por ou em
nome do Talibã, portanto, as sanções aplicadas contra a companhia aérea em 1999 não são mais
necessárias.
Segue o texto da resolução do Conselho de Segurança da ONU:
Resolução 1390
Conselho de Segurança,
Lembrando suas resoluções 1267 (1999), de 15 de outubro de 1999, 1333 (2000), de 19 de
dezembro de 2000 e 1363 (2001), de 30 de julho de 2001,
Reafirmando suas resoluções anteriores relativas ao Afeganistão, especialmente as resoluções
1378 (2001), de 14 de novembro de 2001 e 1383 (2001), de 6 de dezembro de 2001,
Reafirmando também suas resoluções 1368 (2001), de 12 de setembro de 2001 e 1373 (2001), de
28 de setembro de 2001 e reiterando seu apoio aos esforços internacionais para erradicar o
terrorismo, de acordo com a Carta das Nações Unidas,
Reafirmando, ainda, sua condenação inequívoca aos ataques terroristas, ocorridos em Nova York,
Washington e Pensilvânia, em 11 de setembro de 2001, expressando sua determinação de prevenir
todos os atos desse tipo, ressaltando as atividades continuadas de Osama bin Laden e da rede
98
terrorista Al Qaeda, que apóiam o terrorismo internacional, e expressando sua determinação de
erradicar essa rede,
Observando as acusações contra Osama bin Laden e seus associados pelos Estados Unidos da
América, entre outras coisas, pela explosão de bombas em 7 de agosto de 1998, nas embaixadas
americanas em Nairóbi, no Quênia e em Dar es Salaam, na Tanzânia,
Determinando que o Talibã não respondeu às exigências dispostas no parágrafo 13 da resolução
1214 (1998), de 8 de dezembro de 1998, no parágrafo dois da resolução 1267 (1999) e nos
parágrafos um, dois e três da resolução 1333 (2000),
Condenando o Talibã por permitir a utilização do Afeganistão como base de treinamento e de
atividades terroristas, incluindo a exportação de terrorismo pela rede Al Qaeda e outros grupos
terroristas, além de utilizar mercenários estrangeiros em ações hostis no território do Afeganistão,
Condenando a rede Al Qaeda e outros grupos terroristas associados a ela, por diversos atos
criminosos e terroristas, destinados a causar a morte de muitos civis inocentes e a destruição de
propriedades,
Reafirmando, ainda, que atos de terrorismo internacional constituem uma ameaça à paz e
segurança internacionais,
Agindo de acordo com o Capítulo VII da Carta das Nações Unidas,
Decide dar continuidade às medidas impostas pelo parágrafo oito (c) da resolução 1333 (2000) e
observa a continuidade da aplicação das medidas impostas pelo parágrafo quatro (b) da resolução
1267 (1999), de acordo com o parágrafo dois abaixo e decide suspender as medidas impostas pelo
parágrafo quatro (a), da resolução 1267 (1999);
Decide que todos os Estados devem adotar as seguintes medidas em relação a Osama bin Laden,
membros da organização Al Qaeda e do Talibã e outros indivíduos, grupos, empresas e entidades
associadas com eles, identificados na lista criada em cumprimento às resoluções 1267 (1999) e
1333 (2000), a qual será atualizada periodicamente pelo Comitê criado de acordo com a resolução
1267 (1999), doravante denominado "o Comitê";
(a) Congelar, sem demora, os fundos e outros bens financeiros ou recursos econômicos desses
indivíduos, grupos, empresas e entidades, inclusive fundos derivados de propriedades que
pertençam a eles, ou sejam controlados, direta ou indiretamente, por eles ou por pessoas que ajam
em seus nomes ou de acordo com suas orientações e garantir que nem esses nem nenhum outro
fundo, ativo financeiro ou recurso econômico seja disponibilizado, direta ou indiretamente, em
benefício dessas pessoas, por cidadãos dos seus países ou qualquer pessoa dentro de seus
territórios;
99
(b) Prevenir a entrada em, ou trânsito por seus territórios desses indivíduos, sendo que nada neste
parágrafo obriga qualquer Estado a negar entrada ou exigir a saída de seus próprios cidadãos de
seu território e este parágrafo não se aplica a casos em que a entrada ou trânsito sejam necessários
para a realização de processo judicial, sendo que o Comitê determinará caso a caso se a entrada ou
trânsito são justificados;
(c) Prevenir o abastecimento, venda e transferência, diretos ou indiretos, para esses indivíduos,
grupos, empresas ou entidades, de seus territórios ou por parte de seus cidadãos fora de seus
territórios, ou utilizando embarcações e aeronaves com bandeira de seus países, de armas e
material relacionado, incluindo armas e munições, veículos e equipamentos militares, equipamento
paramilitar e peças para reposição dos acima relacionados e aconselhamento técnico, assistência
ou treinamento, relacionados a atividades militares;
Decide que as medidas mencionadas nos parágrafos um e dois acima serão revistas em 12 meses e
que, ao final desse período, o Conselho decidirá manter ou aprimorar essas medidas, tendo em
vista os princípios e propósitos desta resolução;
Lembra a obrigação imposta a todos os Estados membros, de implementar a resolução 1373
(2001) na íntegra, inclusive em relação a qualquer membro do Talibã e da organização Al Qaeda e
quaisquer indivíduos, grupos, empresas e entidades associados com o Talibã e a organização Al
Qaeda, que tenham participado do financiamento, planejamento, facilitação e preparação de atos
terroristas ou do apoio a atos terroristas;
Pede ao Comitê que realize as seguintes tarefas e que informe o Conselho sobre seu trabalho com
suas observações e recomendações;
(a) atualizar periodicamente a lista mencionada no parágrafo dois acima, baseado em informações
relevantes, fornecidas por Estados membros e organizações regionais;
(b) buscar informações de todos os Estados sobre as ações tomadas por eles para implementar com
eficácia as medidas mencionadas no parágrafo dois acima, e pedir aos Estados qualquer
informação que o Comitê considere necessária;
(c) realizar relatórios periódicos ao Conselho sobre informações submetidas ao Comitê,
relacionadas à implementação desta resolução;
(d) promulgar com agilidade as orientações e os critérios que podem ser necessários para facilitar a
implementação das medidas mencionadas no parágrafo dois acima;
(e) tornar disponível ao público as informações que considera relevantes, incluindo a lista
mencionada no parágrafo dois acima, através de mídia apropriada;
100
(f) cooperar com outros comitês de sanções relevantes do Conselho de Segurança e com o Comitê
estabelecido em virtude do parágrafo seis da resolução 1373 (2001);
Pede que todos os Estados informem ao Comitê, no prazo máximo de 90 dias a partir da data de
aprovação desta resolução e a partir de então, seguindo um cronograma a ser proposto pelo
Comitê, as ações que realizarem para implementar as medidas mencionadas no parágrafo dois
acima;
Exorta todos os Estados, as organizações integrantes das Nações Unidas e, quando apropriado,
outras organizações e partes interessadas, a cooperarem plenamente com o Comitê e o Grupo de
Vigilância, mencionado no parágrafo nove abaixo;
Exorta todos os Estados a tomarem medidas imediatas para o cumprimento e reforço, através de
leis ou medidas administrativas, quando apropriadas, as medidas impostas em suas leis ou
regulamentos contra seus cidadãos ou qualquer outro indivíduo ou entidade que opere em seu
território, para prevenir e punir violações às medidas mencionadas no parágrafo dois desta
resolução e a informarem o Comitê sobre a adoção de tais medidas e convida os Estados a
informarem os resultados de todas as investigações ou ações relacionadas ao Comitê, a não ser que
a divulgação dessas informações prejudique as investigações ou ações;
Pede ao secretário geral que determine que o Grupo de Vigilância, criado de acordo com o
parágrafo quatro (a) da resolução 1363 (2001), cujo mandato termina em 19 de janeiro de 2002,
monitore, por um período de 12 meses, a implementação das medidas mencionadas no parágrafo
dois desta resolução;
Pede ao Grupo de Vigilância que apresente um relatório ao Comitê até o dia 31 de março de 2002
e depois, a cada quatro meses;
Decide continuar ocupando-se ativamente da questão.
Fonte: Departamento de Estado dos Estados Unidos. Programas Internacionais de Informações.
101
NOTÍCIA BIOBIBLIOGRÁFICA SOBRE O AUTOR
1.DADOS PESSOAIS
Nome: José Ananias Duarte Frota
filiação:José Girão Frota e Maria José Duarte Frota
Naturalidade : Fortaleza - Ceará
Data de nascimento: 11 de setembro de 1959
Esposa: Marise Morais Ximenes Frota
Filhas: Ilane e Ivna
Profissão: Bombeiro Militar
2-PÓS – GRADUACÃO
2.1- Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais em 1989.
Monografia apresentada: O Suporte Básico de Vida no Socorro ao Acidentado.
2.2-Curso Superior de Polícia Militar – CSPM/Ceará-95
Monografia apresentada: O Geoprocesamento Aplicado ao Sistema Integrado de Defesa Social.
2.3-Curso de Altos Estudos de Política e Estratégia na Escola Superior de Guerra no período de 09
de março a 11 de dezembro de 1988.
Reconhecido pelo Decreto n°2090 de 09 de dezembro de 1996.
Tese apresentada: A Defesa Civil Subordinada ao ministério da Defesa.
5- CONVÊNIOS IMPLANTADOS
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5.1Convênio entre a Universidade Estadual do Ceará (UECE) e o Corpo de Bombeiros (CBECE)
para o ingresso no CBECE através de concurso vestibular na UECE- Comando do Cel João Porto
Pinheiro.
5.2-Convênio entre o Ministério da Saúde e Corpo de Bombeiros, através da Secretaria de Saúde
no valor de U$$ 160.000,00 (Cento e sessenta mil dólares) para aquisição de rádio comunicação,
central telefônica e aquisição de equipamentos de informática - Comando do Cel João Porto
Pinheiro.
5.3-Convênio entre o Corpo de Bombeiros e a Federação das Industrias do Estado do Ceará,
através do SENAI, para a realizar o curso “clínico geral de condomínio” a fim de formar os
brigadistas juvenis profissionalmente em bombeiro hidráulico, eletricista predial e reparador de
aparelhos eletrodomésticos – 1993, Comando do Cel João Porto Pinheiro.
5.3- Na condição de Delegado da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra
convênio com a Universidade Estadual Vale do Acaraú- UVA, através do Magnífico Reitor,
Professor José Teodoro Soares “convênio 01/99” titulando o Curso de Estudos em Políticas e
Estratégias da ADESG em Curso de Pós Graduação “Lato Sensu” em Políticas e Estratégias .
6-CONGRESSOS E SEMINÁRIOS
6.1-Representou o CBECE na qualidade de expositor sobre o tema, atendimento de urgência pré
hospitalar no 2 Congresso Internacional de Enfermagem de Urgência 1991
Promovido pela Associação Brasileira de Enfermagem.
Período 12 a 16 de agosto de 1991
Local : Fortaleza – Ce
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