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Comportamento Organizacional
Também pode expandir o potencial de sucesso da sua carreira nos ambientes de trabalho
dinâmicos, mutantes, complexos e desafiadores de hoje... e do futuro.
No presente contexto é importante frisar que me refiro apenas à organização como a atividade
administrativa preocupada com a disposição eficiente dos recursos disponíveis, mas também
como sinônimo de instituição, ou seja, qualquer empreendimento humano criado e mantido
para atingir certos objetivos e obtenção de certos resultados.
O ser humano, diante dos seus inesgotáveis problemas e da impotência para os resolver
sozinho, tem "adquirido as soluções" nas organizações.
As organizações, por sua vez, sobrevivem dessas "aquisições͟ feitas pela sociedade.
Nelas está fundada a vida do homem moderno, já que é aqui que ele emprega a maior parte
do seu tempo, seja participando do seu processo produtivo, seja consumindo os seus bens e
serviços.
As organizações não podem ser estáticas, já que são compostas de seres humanos e voltadas
para um mercado consumidor em constante mutação.
Confrontam-se, assim, duas realidades: uma interna e outra externa.
O homem compreendeu cedo que se tratava de um animal social; entendeu, por conseguinte,
que a sua preservação individual estava condicionada ao convívio em grupos.
A evolução natural da espécie humana fez compreender que os grupos sociais precisam ser
transformados em grupos de pesquisas, pois estamos condicionados a acordos que facilitam e
contribuem para a realização dos desejos mútuos.
: objetivo, finalidade;
: associação de interesses;
Para a plena interação no grupo, é necessário desenvolver uma postura comportamental capaz
de reconhecer em cada participante o direito a:
: ser diferente;
: conhecer mais.
Readaptação
A evolução traduz-se numa permanente readaptação das organizações, para que possam
responder às dinâmicas interna e externa.
Ou seja, é necessário mudar para satisfazer empregados e clientes e, assim, conseguir altos
níveis de produtividade e qualidade, em benefício da sociedade e dela receber respostas
positivas em termos de procura.
Tais mudanças devem-se a alguns motivos, de entre os quais destacamos os que pensamos ser
os principais:
: A natureza humana: que faz com que as pessoas alterem constantemente os seus hábitos,
valores e interesses.
: Os fenômenos econômicos e sociais: que podem definir todo o percurso de vida da empresa,
obrigando-a ora a expandir seus negócios, ora a retrair-se e até a fechar as suas portas.
Cabe ressaltar que a satisfação dos interesses dos funcionários não é o suficiente para que
estes colaborem para os objetivos da organização.
Eles precisam ser desafiados e, assim, motivados a produzir mais e melhor; precisam receber
os recursos materiais necessários e perder os condicionamentos para, assim:
: estabelecer prioridades;
Pois, no decorrer dos anos, percebem-se profundas mudanças na base das organizações,
principalmente nos dias de hoje, com o fenômeno globalização.
Sob está óptica será realizado um percurso, passando sobre os estudos tradicionais de
organização, descobertas e sua estrutura até chegar nos modelos mais complexos e modernos.
Sob esse prisma convém salientar as idéias de Weber (1978), quando aborda que as
organizações são burocráticas e a lógica que move a sociedade moderna encontra-se no
processo de dominação, por meio da racionalização, e da procura da mais valia e da
acumulação do capital.
Para Etzioni, ͞organizações são unidades sociais, orientadas para a consecução de objetivos ou
metas específicos͟.
Não existe outra razão para existir uma organização se não for a de servir esses mesmos
objetivo.
Sobre este mesmo pensamento encontra-se a definição de Parsons (1960) que conceitua ͞as
organizações como unidades sociais intencionalmente construídas e reconstruídas, com vistas
a alcançar objetivos específicos͟.
Para Restrepo (1992) uma organização deve ser definida em primeiro lugar como um sistema.
Por sistema entende-se um ͞conjunto de atividades interligadas de forma que todas estejam
numa relação direta, de maneira a possibilitar que determinados objetivos sejam alcançados͟.
Outros autores como, Chiavenato (1985), Cruz (1997), Robbins (1996), Schermerhorn (1996),
têm o mesmo pensamento quanto à definição de sistemas para atingir as atividades ou os
objetivos propostos.
Com relação ainda a organizações, convém ressaltar a dualidade do termo empregado, já que
alguns teóricos utilizam o termo instituição com as mesmas características de organização.
Segundo Bernardes (1993), instituição caracteriza-se por ter uma função que é satisfazer uma
certa necessidade social básica; uma estrutura formada por pessoas que possuem um
conjunto de crenças, valores e comportamentos comuns; relações de acordo com normas e
procedimentos.
Para o autor a forma pela qual a instituição foi definida, resulta da aplicação do enfoque
metodológico das ciências sociais denominado funcionalismo, baseado na idéia de que surge
um ͞ente social͟ sempre que há uma necessidade básica a suprir, sendo a sua função satisfazê-
la.
Ainda em relação à idéia do autor acima, a ͞instituição é um fenômeno social abstrato e geral,
enquanto que a organização é a sua manifestação concreta e particular͟.
͞Organização é uma associação de pessoas caracterizadas por ter a função de produzir bens e
prestar serviços à sociedade... e possuir uma estrutura formada por pessoas que se relacionam
colaborando e dividindo o trabalho para no fim obter bens ou serviços͟.
Para Etzioni (1961), ͞instituições no sentido diário do termo são prédios ou fábricas, nas quais
se processa atividades de determinada espécie e em caráter regular. Existem instituições para
cuidar de pessoas consideradas incapazes͟.
Outras Instituições são estabelecidas para algumas tarefas técnicas como: quartéis do exército,
internatos, campos de trabalho.
Desta forma, as instituições suprem uma atividade diferente, dependendo das necessidades
das pessoas.
Missão
Para Tenório (1997), ͞missão é a finalidade, a razão de ser, a mais elevada aspiração que
legitima e justifica social e economicamente a existência de uma organização e para qual
devem ser orientados todos os esforços͟.
Assim, uma missão é a proposta pela qual uma organização existe, constituindo-se no ponto
inicial para as estratégias que serão estabelecidas, É a essência do seu negócio.
Segundo Kotler (1992) ͞a definição da missão global deve enfatizar as políticas da empresa,
que são uma orientação de como os seus membros devem lidar com os clientes, fornecedores,
distribuidores, concorrentes e outros tipos de públicos͟.
Visão
Por visão, entende-se ͞a imagem que a organização tem a respeito de si própria ou do que
pretende ser no futuro͟.Consiste em alcançar algo, num determinado tempo.
É uma projeção de decisões estabelecidas no presente e não devem ser mudadas no futuro
próximo.
Cultura
Outro aspecto importante, quando se fala sobre organização é a cultura, pois não há qualquer
intervenção em organizações que não contenha, explícita ou implicitamente, uma
determinada concepção de cultura.
Para Morgan (2000) quando se fala sobre cultura, ͞geralmente refere-se ao padrão de
desenvolvimento refletido no sistema de conhecimento, ideologia, valores, leis e rituais diários
de uma sociedade͟.ͻ
Assim, cultura significa que diferentes grupos de pessoas têm diferentes modos de vida e uma
organização também tem uma cultura a qual poderia ser identificada com a sua personalidade.
Para Freitas (1991), vemos ͞a cultura organizacional como um poderoso mecanismo que visa
conformar condutas, homogeneizar maneiras de pensar e viver a organização, intrometer uma
imagem positiva dos mesmos onde todos são iguais, escamoteando as diferenças e anulando a
reflexão͟.
Uma outra dimensão que caracteriza as ações organizacionais é o poder que uma organização
tem sobre o indivíduo.
De acordo como Schermerhorn (1996), ͞poder é a habilidade para conseguir que outra pessoa
faça alguma coisa que esta não quer que seja feita͟. Segundo Katz e Kan (1973) o poder é o
potencial para a influência caracteristicamente apoiado por meios de coerção para
cumprimento ͞. Para isso, é preciso ter capacidade para fazer com que as coisas aconteçam da
maneira como se deseja͟.
Assim, para que a organização se legitime junto dos públicos, ela precisa de elementos e
argumentos convincentes e deve levar em consideração tanto às crenças, hábitos e atitudes
aceites por determinado segmento de público, como a construção de aspectos importantes,
destacando-se a motivação, a liderança, o processo de decisão e a comunicação eficaz.
Henry (1971), comenta que ͞a motivação tem as suas raízes nos motivos interiores de uma
pessoa que as levam a se comportar de uma determinada maneira͟. É através da motivação,
que as pessoas agem no sentido de atingir os objetivos organizacionais.
Segundo Schermerhorn (1996), ͞a decisão é a escolha entre cursos de ação alternativos para
lidar com um problema͟.
O problema, por sua vez, é uma diferença entre a situação real e a situação desejada͟. Deste
modo à tomada de decisão é a resolução de problemas.
Por isso é que para Chiavenato (1985), a organização é um complexo sistema de decisões.
Outra das formas que a organização dispõe para se reportar aos seus funcionários e/ou aos
seus clientes, fornecedores, colaboradores, administração (͙) é o mecanismo da comunicação.
A comunicação é um processo complexo, que abrange uma inter-relação entre os agentes que,
enquanto se comunicam, associam-se, cooperam e formam organizações.
Desta forma, cada ato comunicativo afeta e é afetada por toda uma corrente de ato de
comunicação.
Esta afirmação está conforme o pensamento de Roberto Porto Simões (1995) quando incluem
o processo comunicacional em Relações Públicas no sistema organizações - públicas.
Para Rego (1986), ͞a comunicação é uns sistemas abertos, semelhantes à empresa. Como
sistema, a comunicação é organizada pelos elementos ʹ fonte, codificador, canal, mensagem,
decodificador, receptor, emissor, ingredientes que vitalizam o processo͟.
Deste modo, a comunicação não pode se dissecada em fragmentos, pois contém elementos
que continuamente se inter-relacionam e se afetam mútua e simultaneamente. É por meio da
comunicação que as pessoas se adaptam e se ajustam continuamente ao mundo.
Podemos dizer que vive numa sociedade organizacional, por conseqüência, o homem é um ser
multi-organizacional.
São inúmeras as organizações, cada uma perseguindo os seus próprios objetivos, dotada de
uma estrutura interna que lhe possibilita alcançar os objetivos propostos.
O fato é que não podemos considerar uma organização social somente na sua organização
interna, mas em relação com o ambiente em que ela vive, incluindo aspectos ecológicos,
sociais, econômicos e culturais entre outros.
Porque uma organização considerada em si mesma é um sistema que faz parte de um outro
sistema mais amplo, a sociedade.
Para um perfeito desempenho das organizações, com vistas a atingir os objetivos propostos, é
imprescindível que haja um centro aglutinador que comanda diretamente os sectores, em
função de um sistema integrante, onde as pessoas passam a interagir de uma forma mais
grupal, perseguindo mesmo mais as metas supra - individuais.
Até final dos anos 40, o estudo das organizações não era considerado, como uma área
independente dentro da pesquisa sociológica.
O estudo das organizações desenvolveu-se a partir da tradução da obra de Max Weber para o
inglês, em 1946, em especial do estudo ͞A Ética Protestante e o Pensamento Capitalista͟.
ͻPsicológico, individual.
ͻSocial, coletivo
ͻEstrutural
ͻProcessos, atividades
Estrutura Social
ͻEstrutura de comportamento
Participantes
Tecnologia
ͻTodas as técnicas utilizadas para a realização do trabalho
Objetivos
Ambiente
ͻFísico
ͻTecnológico
ͻCultural
ͻSocial
Organização vs Instituição
Instituição:
ͻEstabilidade estrutural
ͻSignificado especial
͞As instituições são conjunto de normas sociais, geralmente de caráter jurídico, que gozam de
reconhecimento social͟
Campo de estudo que investiga o impacto que indivíduos, grupos e a estrutura têm sobre o
comportamento dentro das organizações com o propósito de aplicar este conhecimento em
prol do aprimoramento da eficácia de uma organização.
ͻTrabalhadores felizes são trabalhadores produtivos.
ͻTodos os indivíduos são mais produtivos quando os seus chefes são amigáveis, confiáveis e
acessíveis.
ͻUma vez que os objetivos específicos intimidam as pessoas, os indivíduos trabalham melhor
quando só se pede que eles façam o melhor que puderem.
Papéis de Gestão
Interpessoais:
Não são papeis que envolvam as operações que os gerentes devem realizar para alcançarem
os seus resultados, mas relações com pessoas com as quais mantêm contacto.
De Informação:
Decisórios:
Os gerentes estão constantemente a tomar decisões, quer quando implementam uns projetos,
quando corrigem um problema, quando afetam recursos ou quando negociam com outras
pessoas ou unidades de negócios.
Habilidades de Gestão
Técnicas:
Compreendem a habilidade de aplicar um conhecimento especializado ou perícia.
Humanas:
Conceptuais:
Os gestores devem ter a capacidade mental para analisar e diagnosticar situações complexas,
processando e interpretando informações de maneira racional.
Nível Estratégico
Nível Gestão
ͻSão considerações a respeito das diferenças entre pessoas dentro de um mesmo país, de uma
mesma organização.
ͻUma idéia antiga supunha que os diferentes iriam querer se assemelhar aos demais.
ͻO pressuposto da homogeneidade está a ser substituído pelo reconhecimento e valorização
das diferenças.
ͻImplicações:
As variáveis do CO
ͻVariáveis dependentes
ͻVariáveis independentes
ͻ(Variáveis situacionais)
Variáveis Dependentes
Produtividade:
Uma organização é produtiva quando atinge os seus objetivos, alcançando resultados a baixo
custo.
Absentismo:
Uma organização tem dificuldades em funcionar de forma equilibrada e atingir os seus
objetivos se os empregados faltam ao trabalho.
Rotatividade:
A saída constante de pessoas de uma organização gera altos custos de recrutamento, seleção e
formação. Freqüentemente, envolve a perda de pessoas que a organização gostaria de
manter.
Variáveis Independentes
Nível individual:
As pessoas entram nas organizações com algumas características que influenciarão o seu
comportamento no trabalho.
Nível de grupo:
O comportamento das pessoas em grupo émais do que a soma total de todos os indivíduos
agindo de forma individual.
Da mesma forma que grupos são mais do que a soma dos seus membros individuais, também
as organizações são mais do que a soma dos seus grupos de pessoas.
Proposta
No âmbito das empresas, as questões tratáveis via ciências do comportamento seriam, assim,
em número superior às que resolvam mediante simples ajustes que não envolvem o quadro de
pessoal.
O psicólogo organizacional deve buscar alcançar níveis de excelência de qualidade por toda a
organização.
Bem como os motivos que condicionam tais ações, e todas as possíveis alterações que o meio
e as relações sociais, ao longo da vida, proporcionam a cada individo.
Comportamento humano é a expressão da ação manifestada pelo resultado da interação de
diversos fatores internos e externos, que vivemos, tais como: personalidade, cultura,
expectativas, papéis sociais e experiências.
A cultura é o que dá identidade ao homem, interfere em seu caráter, molda suas crenças e
explica o mundo.
Empresa é uma organização baseada em normas, visa à dominação do mercado por meio de
vendas de bens e serviços, para esse fim é necessário ajustar-se aos stakeholders, ou seja; as
pessoas mais envolvidas ou interessadas na organização: clientes, acionistas, governo,
funcionários, fornecedores, associações, concorrência, sindicatos, etc.
Criou-se então a cultura organizacional que tenta ajustar as manifestações de cultura, já que é
difícil modificar o núcleo de crenças e pressupostos básicos, dentro das organizações.
4-IMPRESSO: raízes históricas têm grande peso na administração presente e futura das
organizações.
Conceito de Organização
A única maneira viável de mudar uma organização é mudar a sua cultura, isto é, os sistemas
dentro dos quais as pessoas vivem e trabalham.Além da cultura organizacional, os autores do
D.O. põem ênfase no clima organizacional, que constitui o meio interno de uma organização, a
atmosfera psicológica característica em cada organização.
Conceito de Mudança
Conceito de Desenvolvimento
1. Mudança evolucionária: quando a mudança de uma ação para outra que a substitui é
pequena e dentro dos limites das expectativas e dos arranjos do status
2. Mudança revolucionária: quando a mudança de uma ação para a ação que a substitui
contradiz ou destrói os arranjos do status quanto mais (rápida, intensa, brutal).
3. Desenvolvimento sistemático:
os responsáveis pela mudança delineiam modelos explícitos do que a organização deveria ser
em comparação com o que é, enquanto aqueles cujas ações serão afetadas pelo
desenvolvimento sistemático estudam, avaliam, e criticam o modelo de mudança, para
recomendar alterações nele, baseados em seu próprio discernimento e compreensão. Assim as
mudanças resultantes traduzem-se por apoio e não por resistências ou ressentimentos.
ͻ Fase Pioneira: é a fase inicial da organização pelos seus fundadores ou empresários. Com os
poucos procedimentos estabelecidos, a capacidade de empresa para realizar inovações é
bastante elevada.
Desenvolvimento Organizacional
O D.O. exige a participação ativa, aberta e não-manipulada de todos os elementos que serão
sujeitos ao seu processo e, mais do que tudo, uma profundo respeito pela pessoa humana.
A maioria dos autores especialistas em D.O., conquanto tenham idéias e abordagens bastante
diversificadas, apresentam muitos pontos de concordância, principalmente no que se refere
aos pressupostos básicos que fundamentam o D.O.
9. A variedade de modelos e estratégias de D.O. - Não há uma estratégia ideal nem ótima para
o D.O. Existem, isto sim, modelos e estratégias mais ou menos adequados para determinadas
situações ou problemas, em face das variáveis envolvidas e do diagnóstico efetuado.
10. O D.O. é uma resposta às mudanças - É um esforço educacional muito complexo, destinado
a mudar atitudes, valores comportamentos e estrutura da organização, de tal maneira que
esta possa se adaptar melhor às demandas ambientais, caracterizadas por novas tecnologias,
novos mercados, novos problemas e desafios.
O comportamento normal.
Naturalmente a subdivisão dos temas acima enumerados é apenas didática os mesmos estão
intrinsecamente relacionados. Observe-se também que muitos desses temas e conceitos
foram desenvolvidos ou são também abordados por outras disciplinas (e interdisciplinas)
científicas seja das ciências sociais ou biológicas, cabe ao pesquisador na sua aproximação do
problema ou delineamento da pesquisa estabelecer os limites e marco teórico de sua
interpretação de resultados. Pode-se ainda dar um destaque aos temas:
Agressão humana (violência) Trabalho e Ação Social Relações de Gênero, Raça e Idade
Psicologia das Classes Sociais ʹ Relações de Poder Psicanálise e questões sócias-políticas
Dinâmica dos Movimentos Sociais Saúde mental e justiça: interfaces contemporâneas
Em 1895, o cientista social francês Gustave Le Bon (1841-1931) apresentou, em seu pioneiro
trabalho sobre a Psicologia das Multidões, a proposição básica para o entendimento de uma
psicologia social: sejam quais forem os indivíduos que compõem um grupo, por semelhantes
ou dessemelhantes que sejam seus modos de vida, suas ocupações, seu caráter ou sua
inteligência, o fato de haverem sido transformados num grupo, coloca-os na posse de uma
espécie de mente coletiva que os fazem sentir, pensar e agir de maneira muito diferente
daquela pela qual cada membro dele, tomado individualmente, sentiria, pensaria e agiria, caso
se encontrasse em estado de isolamento [9: p. 18]. Essa proposição e os argumentos de Le Bon
para justificá-la, serviu de parâmetro para o estudo sobre Psicologia de Grupo publicado por
Sigmund Freud em 1921.
A questão teórica de Le Bon, com quem Freud dialogou era "massa", não "grupo". Um
problema de tradução entre o alemão e o inglês fez com que surgisse o termo "grupo" em
Freud, embora não haja evidências de que o mesmo tenha se preocupado com esta questão.
Contudo essa categoria de explicação é retomada em diversos dissidentes da psicanálise como
Carl Gustav Jung (1875-1961) que introduziu o conceito inconsciente coletivo - o substrato
ancestral e universal da psique humana, e surpreendeu o mundo com sua célebre
interpretação do fenômeno dos discos voadores como um mito moderno e Wilhelm Reich com
sua análise da anomia (Escutas a Zé Ninguém) e governos totalitários (Psicologia das Massas e
do Fascismo). A psicanálise dos governantes ou relação entre a psique individual e a cultura ou
civilização por sua vez é um tema freqüente na obra de Freud e outros psicanalistas (E.
Eriksom, E. Fromm etc.) que estudam a relação dessa ciência com a antropologia.
Por outro lado observa-se também que psicologia desenvolveu sua notoriedade como
disciplina científica ao afirma-se como uma ciência natural em oposição às ciências sociais ou
humanas nos finais do século XIX. Crente na impossibilidade teórica da mente voltar-se sobre-
se mesmo como sujeito objeto de pesquisa Wilhelm Wundt (1832-1920) propôs a psicologia
como um novo domínio da ciência em 1874 no seu livro Princípios de Psicologia Fisiológica e a
criação de um laboratório de psicologia experimental (1879) em Leipzig. Esse mesmo autor
contudo suponha ser necessários estudos complementares voltados ao estudo da mente em
suas manifestações externas, a sua Völkerpsychologie - Psicologia dos povos / social ou
cultural (10 volumes) escritos entre 1900 e 1920 com análises detalhadas da língua e cultura.
Três dos volumes são dedicados aos mitos e religião; dois à linguagem (hoje seria considerados
como psicologia lingüística); dois à sociedade e um à cultura e história (a psicologia social de
hoje); um a lei (hoje a psicologia forense ou jurídica) e um à arte (um tópico que abrange as
modernas concepções de inteligência e criatividade).
Tal aspecto de sua obra vem sendo recuperada por sua aplicação e semelhança com os
modernos estudos de psicologia cognitiva. Segundo Farr é possível perceber o
desenvolvimento posterior das idéias de Wundt na psicologia social de G. H Mead e Herbert
Blumer, os criadores do interacionismo simbólico na Universidade de Chicago e Vygotsky na
Rússia.
O grupo como objeto de estudos ganhou densidade na psicologia social durante a segunda
guerra mundial, com Kurt Lewin (1890-1947), considerado por muitos autores como fundador
da psicologia social. Contemporâneo dos fundadores da psicologia da gestalt e integrante
dessa teoria esse autor radicou-se nos Estados Unidos a partir de 1933 onde chefiou no MIT
Massachusetts Instituto de Tecnologia o Centro de Pesquisa de Dinâmica de Grupo junto com
uma série de autores que desenvolveram a escola americana de psicologia social a exemplo de
D. Cartwright que assumiu a direção do instituto após a sua morte e Leon Festinger (1919-
1979) que desenvolveu a teoria da dissonância cognitiva explorando o desconforto da
contradição dos conflitos e estado de consistência interna ainda hoje referência para os
estudos de valores éticos em psicologia social.
A Dinâmica de Grupo ou ciência dos pequenos grupos, é para alguns autores o objeto e
método da psicologia social, limita-se porém ao estudo empírico da interação dentro dos
grupos. Sendo porém relevantes as suas contribuições sobre a estrutura grupal, os estilos de
liderança, os conflitos e motivações, espaço vital ou o campo de forças que determinam a
conduta humana possuem diversas aplicações e entre elas a psicologia infantil e a modificação
de comportamentos seja para benefícios dietéticos (estudos de pesquisa ʹ ação realizados
com Margareth Mead) seja para melhor a produtividade e desempenho nos ambientes de
trabalho.
Na escola americana de psicologia social cabe ainda um destaque para William McDougall
(1871-1938). Esse autor, britânico que viveu 24 anos na América, foi um dos primeiros a
utilizar o nome de psicologia social (1908) e comportamento (behavior) e representa a
tendência evolucionista americana, pós efeito da teoria da evolução de Darwin que veio a
reforçar a tendência aos estudos de psicologia comparada e da abordagem comportamental
apesar da diferença essencial entre as proposições quanto utilização do conceito de ͞instinto͟
como categoria explicativa aproximando-se portanto de um corrente representada por S.
Freud e G. H. Mead.