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ANÁLISE – SOARES DE PASSOS

Em O noivado do sepulcro de Soares de Passos é possível observar um

sentimentalismo e uma melancolia exacerbados. Fato este que leva a obra a ser

considerada como ultra-romântica. O enredo da obra demonstra a idealização do

amor protagonizado por personagens que o levam as últimas conseqüências.

Já na primeira estrofe pode-se notar uma fuga da realidade, característica

do romantismo, nos versos: “Vai alta a lua! na mansão da morte” e “Que paz

tranqüila; dos vaivens da sorte”. O termo mansão remete a casa aconchegante e

luxuosa, o que pode existir de requinte e sorte em “morar” num sepulcro?

Nos versos: “Mulher formosa, que adorei na vida”, “Formosa virgem que

em seus braços tem.”, “Colhem-lhe as formas divinais, airosas.” e “Singela coroa

de virgíneas rosas.” é possível notar a idealização da mulher que também

caracteriza o romantismo.

Já o tédio constante e a melancolia, também presentes no romantismo,

podem ser observados, por exemplo, nos versos: “Por que atraiçoas, desleal,

mentida,”, “O amor eterno que te ouvi jurar?”, “Quem dentre os vivos se

lembrara ainda”, “Do pobre morto que na terra jaz?”, “Abandonado neste chão

repousa” e “Já há três dias, e não vens aqui”.

Nos versos: “Amor! engano que na campa finda,” e “Que a morte despe da

ilusão falaz” é possível notar idéias conflitantes e duvidosas: o amor eterno e

incessante ao mesmo tempo se finda e torna-se um engano e uma ilusão.

Enfim, conforme já mencionado acima, a obra retrata uma visão ideológica

do amor e da mulher que distorce a realidade gerando alienação e utopia. Além

disso, é constante o tédio a desilusão, o sofrimento, o pessimismo, o

negativismo, o dualismo e a fuga da realidade que provoca o escapismo.


Os versos finais do poema: “Dois esqueletos, um ao outro unido, “ e

“Foram achados num sepulcro só.” são os que melhor representam o amor

eternizado na obra. Destacando assim, a morte como solução para os

sofrimentos e fuga total e definitiva da vida.

Em Rosa Branca as mesmas características podem ser observadas: a

mulher sublimada presente no verso “Eu amava aquele anjo como se amam”, a

alienação e utopia nos versos “Os sonhos d’ inocência d’ outra idade,” e “Ou

como essas visões d’ harmonia a que aspiramos”.

E, por fim, características estas também presentes em A Pátria: a

desilusão e o sofrimento presentes nos versos: “Terra da minha pátria, ouve o

meu brado” e “Se inda da vida me resta alento,” e a solução fúnebre para os

problemas da vida presente no verso: “Sê minha tumba em teu final momento.”.

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