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Introdução
“Um ato cirúrgico, por menor que seja, é sinônimo de crise para a
maioria das pessoas e determina comportamentos semelhantes ao de
outras situações traumáticas qualquer. Deste modo, o paciente que se
submete à cirurgia está exposto a tensões, como outros pacientes,
sendo algumas próprias à situação pré, trans e pós-operatório”.
Considerando os diversos motivos que levam o paciente ao ato cirúrgico e que por parte do
hospital, está a maior parcela na garantia da segurança e desempenho profissional, a atenção
aos processos e pessoas que envolvem o paciente cirurgico, devem receber atenção especial.
Afirma Epstein (1997) que “o paciente não deixa a sua essência humana na portaria do
hospital, enquanto submetem-se a uma série de sintomas, análises médicas e as limitações da
rotina hospitalar. Traz consigo sua inteligência normal e conhecimento”. Neste contexto, todo
o processo desde o primeiro contato com paciente, deve proporcionar segurança e
tranqüilidade.
Brustcher & Zen (1986, p.06) afirmam que “o paciente espera solução para os seus problemas
por parte daqueles que teriam obrigação profissional e institucional de reconhecê-los e
solucioná-los”. As expectativas do paciente giram entorno de sua vida, a fragilidade
emocional, próprio do momento que representa dúvidas é um agravante e pode ser
minimizado, quando este ambiente oferece conforto, segurança e os seus processos estão
previstos e fluindo normalmente.
Este estudo tem como objetivo principal identificar os fatores críticos na gestão da unidade
centro cirúrgico. Investigar a possibilidade de utilizar a organização dos processos, com a
finalidade de reduzir perdas, com o cancelamento e suspensão de cirurgias, minizando a
ansiedade nos pacientes cirúrgicos. Foi adotado um método de pesquisa exploratório
descritivo com abordagem qualitativa. Esta pesquisa foi realizada num hospital geral, no
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estado do Espírito Santo e que poderá servir como base para outros estudos.
1. Fundamentação Teórica
Gonçalves (1983), diz ainda que, o paciente não pode ser considerado uma peça numa linha
de montagem, pois depende muito da interação com as pessoas responsáveis pelo seu cuidado
e do laço entre membros da organização. Entende-se que, os profissionais em um hospital
estão para atender as expectativas dos pacientes, o cuidado, agilidade e a segurança, devem
estar contempladas em todas as atividades.
Gonçalves (1983) define hospital como: “(...) uma organização completa. Ele incorpora o
avanço constante dos conhecimentos, de aptidões, da tecnologia médica e dos aspectos finais
desta tecnologia representados pelas instalações e equipamentos”.
De acordo com Bittar (1996), o hospital é uma instituição complexa, onde atividades
industriais são mescladas com ciência e tecnologia de procedimentos utilizados diretamente
em humanos, com componentes sociais, culturais e educacionais, interferindo na estrutura, no
processo e nos resultados.
Já Daft (1999) descreve hospital como uma empresa de serviços a partir de cinco dimensões:
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Dentro de um ambiente hospitalar, está localizado o centro cirúrgico. Uma unidade composta
por várias áreas interligadas entre si, a fim de proporcionar ótimas condições para a realização
do ato cirúrgico.
O Centro Cirúrgico é uma das unidades mais complexas do hospital, não só por sua
especificidade, mas também por ser um local fechado que expõe o paciente e a equipe de
saúde (médicos e a enfermagem) a situações estressantes (BRUNNER/SUDDARTH, 1992).
O hospital por sua vez, tem como finalidade fornecer subsídios que propiciem o desenrolar do
processo do ato terapêutico – a cirurgia - através da equipe multi-profissional, equipamento e
material de consumo adequado à execução deste processo. Necessita oferecer condições para
que a equipe médica e de enfermagem possam planejar as necessidades dos pacientes antes,
durante e após a cirurgia (OLIVEIRA, 2002).
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Quinto Neto (1989) aponta que o conflito entre aspectos gerenciais e clínicos, em grande
parte, é decorrente das formações acadêmicas diversas.
Segundo Noronha (2001), há relação com a gravidade da doença, que pode não responder a
expectativa do tratamento, porém a qualidade implica não só em aumentar as chances de um
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2. Metodologia de Pesquisa
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pacientes cirúrgicos.
O estudo foi realizado num hospital geral, localizado no Estado de Esp. Santo, com
capacidade de 220 leitos e uma média de 1.300 cirurgias/mês. A pesquisa foi realizada entre
os meses de julho a setembro de 2008.
O Centro Cirúrgico deste hospital possui 10 salas cirúrgicas para atender as diversas
especialidades, equipadas para procedimentos de alta complexidade, 03 salas para cirurgias
obstétricas e plásticas estéticas e reparadoras e 01 sala para cirurgias oftálmicas.
Com o levantamento de dados documental foi possível perceber que embora existisse uma
interdependência entre os setores, a interação entre as equipes estava fragilizada. Uns não
conheciam os processos dos outros. Nesta etapa foi possível identificar registros incompletos,
confusos, freqüentes atrasos nas cirurgias, alto número de cancelamentos, salas ociosas, entre
outros. Foi necessário então, vivenciar o problema obtendo assim uma conclusão sob o ponto
de vista crítico. O acompanhamento dos processos in loco, ocorreu paralelamente ao
levantamento de dados documental, nesta fase foi possível identificar e relacionar as
atividades, associando-as aos principais processos e papel funcional, conforme Figura 1.
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Dado ao impacto causado ao paciente cirurgico, no que se refere ao aumento de sua ansiedade
e para o hospital, no que se refere às perdas, foi considerado neste estudo como “fatores
críticos”, os dados abaixo:
a) Suspensão de cirurgias – fato que pode ocorrer, porém o motivo para a suspensão é mais
facilmente controlado pelo hospital, pois ocorre quando o paciente já está internado;
b) Cancelamento de cirurgias – fato que pode ocorrer, porém o motivo para o cancelamento
foge ao controle do hospital, pois ocorrem antes da internação do paciente;
É importante salientar que o paciente considerado internado é aquele que já está dentro do
centro cirúrgico e/ou no máximo presente, pronto para entrar.
Com relação ao hospital pesquisado, naquele período foi observado que os fatores críticos
ocorreram e são por motivos diversos. A Figura 2 evidencia os motivos pelos quais, houve a
maior incidência, o que aponta para a possibilidade de talvez, a ocorrência destes, não esteja
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sendo considerado pelo dono do processo a importância da interação das áreas através dos
profissionais, médicos e enfermagem, os principais agentes no processo inicial, o
agendamento.
Possíveis motivos para ocorrência da suspensão de cirurgias: falta de jejum ou exame
diagnóstico; falta de condições clínicas do paciente; falta de material instrumental ou material
consignado; falta de sala cirúrgica disponível pelo fato de paciente estar no RPA (repouso
pós-anestésico) em espera de liberação de leito de internação; falta do material ou
equipamento específico não solicitado pelo cirurgião antecipadamente; falta de preenchimento
adequado no agendamento da cirurgia (mapa cirúrgico) prejudicando o planejamento de
cirurgias por sala; ausência de pré-diagnóstico; falta de reserva de sangue, conforme
demonstra Figura 2.
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O mapa de cirurgias não é um documento rígido, pois até a realização da cirurgia pode sofrer
alterações, tipo: encaixe de cirurgias de emergência; cancelamentos; entre outros. As
alterações quando não registradas podem interferir na taxa de ocupação das salas.
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A partir desta análise, foi possível, rever atividades e redirecioná-las a profissionais da área
administrativa numa interface com o centro cirúrgico, utilizando recursos do sistema
informatizado, dos quais a enfermagem desconhecia.
4. Conclusão
5. Referências
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gestão dos serviços de saúde. Porto Alegre: Promoarte, 1998. 25p.
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desenvolvimento da Unesp/Hucitec, 1991.
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