Professional Documents
Culture Documents
Resumo
Este trabalho tem como principal objetivo propor uma arquitetura para um sistema médico e
educacional para a web, SEMedicOn, utilizando ferramentas da Inteligência Artificial, como é o
caso de técnicas de Sistemas Especialistas Baseado em Regras, Raciocínio Baseado em Casos e
Sistemas Tutores Inteligentes. O desenvolvimento do SEMedicOn poderá contribuir na otimização
do tempo de atendimento ao paciente, re-direcionamento de um paciente com uma patologia
específica para um centro de atendimento médico mais especializado, auxiliar na triagem do
atendimento ao paciente em locais que não existam determinados especialistas médicos, apoiar a
educação médica, entre outros aspectos.
Abstract
This paper proposes an architecture for a medical and educational system for the Web, called
SEMedicOn, using techniques from Artificial Intelligence, such as Rule-based Expert Systems,
Case-Based Reasoning and Intelligent Tutorial Systems. The development of SEMedicOn can
contribute to optimize the attendance of patients, the direction of a patient to a specialist, support
Medical Tutorship Systems and public in general who need some information about health.
SEMedicOn uses an integrated knowledge base and reasoning system to attend public on the web,
doctors, and students.
1. Introdução
A Informática aplicada à área de Saúde vem apresentando grande crescimento e difusão tanto
no que diz respeito ao processo de tomada de decisão médica, com auxílios e sugestões nos
diagnósticos das doenças, quanto no ensino médico.
No que diz respeito à tecnologia da informação disponível hoje para a área de saúde,
de acordo com Zirbes e Malvezzi [6], é possível dar um salto de qualidade, com a construção
de ambientes capazes de prover rapidamente dados selecionados, lapidados e modelados de
forma a apoiar o processo decisório médico.
A Informática na Saúde está a cada dia fazendo uso de novas ferramentas e
tecnologias da computação, como é o caso da Inteligência Artificial, Realidade Virtual,
Multimídia e Internet. Ainda não sendo suficiente o uso de tais ferramentas e tecnologias,
atualmente, busca-se a associação das mesmas, com o objetivo de obter maior precisão e
utilidade das informações médicas manipuladas.
Neste trabalho, estamos propondo e começando a desenvolver uma arquitetura que
associa algumas ferramentas da Inteligência Artificial e que visa ser um sistema dinâmico, de
grande utilidade, trazendo muita informação na área da saúde através de um ambiente virtual
que simula um consultório médico e um ambiente de aprendizagem em medicina. O
conhecimento e a experiência médica são armazenados de forma centralizada para serem
utilizados tanto por médicos, estudantes de medicina e leigos.
A Inteligência Artificial (IA) é uma ciência que tem como objetivo desenvolver sistemas
computacionais que simulam o modelo de funcionamento do comportamento racional dos
seres humanos na realização de atividades inteligentes, tais como tomada de decisão,
resolução de problemas e aprendizagem.
Até a década de 70, a IA concentrava seus esforços no desenvolvimento de sistemas
de propósitos gerais, apresentando resultados com pouco significado na maioria das vezes.
Por essa razão, surgiram os Sistemas Especialistas, assim chamados por serem de propósitos
específicos e estarem baseados em um determinado domínio de conhecimento [1]. Um
Sistema Especialista (SE) é composto por programas que tratam o conhecimento armazenado
e utilizam técnicas de inferência para a resolução de problemas, anteriormente só resolvidos
pelo homem.
A maior parte dos SE’s é baseado em regras. Esses sistemas são formados por regras
“se-então”, fatos e o interpretador das regras (comumente chamado de motor de inferência,
que utiliza estratégias para determinar o método de raciocínio). As regras são uma das
representações de conhecimento mais comumente utilizadas, simples, diretas e mais fáceis de
serem aceitas e memorizadas por usuários humanos, que dependem de uma base de
conhecimento (conjunto de fatos e regras) rica, sendo necessário atualizá-la constantemente.
O trabalho de Roger Schank [3] consolidou uma metodologia de resolução de
problemas baseada na forma como as pessoas recuperam informações para resolverem
problemas, lembrando como solucionaram problemas similares no passado. Esta metodologia
é chamada de Raciocínio Baseado em Casos (RBC). Enquanto os SE’s tradicionais
construíam complexos modelos sobre o domínio do conhecimento chamado de conhecimento
dedutivo, os SE’s que usam RBC adquirem, representam e organizam casos de solução de
problemas, de forma parecida com a que o homem faz. Baseado nas soluções de problemas
similares novos problemas são resolvidos. Esta forma é chamada de raciocínio indutivo.
A eficiência dos sistemas de RBC está relacionada com a compreensão dos casos
passados, quanto melhor identificados os aspectos relevantes e a sua influência na conclusão
do caso, mais eficiente será a solução de um novo caso similar. São várias as propostas de
ciclo de RBC. Para Kolodner [2], por exemplo, o ciclo de RBC se dá nas seguintes etapas:
recuperar, propor, criticar, justificar, avaliar, adaptar e armazenar.
O diagnóstico e tratamento de uma enfermidade de um paciente, feitos pelo médico,
se baseiam em uma combinação de conhecimento especializado e experiência. Estas duas
técnicas de solução do problema, caracterizam exatamente uma combinação de raciocínio
dedutivo com raciocínio indutivo. Portanto, um sistema especialista que pretende simular a
solução de problemas realizada por um médico, deverá combinar Raciocínio Baseado em
Regras com Raciocínio Baseado em Casos. É claro que um SE médico não irá substituir o
médico, mas sim, auxiliá-lo na tomada de decisão. O diferencial do SE será que ele poderá ter
seu conhecimento sempre atualizado e uma ‘experiência’ bem maior do que um único
médico, pois poderá reunir os casos de inúmeros diagnósticos e tratamentos médicos.
Sistemas Tutores Inteligentes (STI’s) são excelentes ferramentas de auxílio ao
processo ensino-aprendizagem uma vez que conseguem fazer o ensino individualizado,
devido a sua habilidade de se adaptar ao aluno, de acordo com o seu nível. De acordo com
Woolf [5], os STI’s são “sistemas capazes de modelar ensino, aprendizagem, comunicação e
domínio de conhecimento”. Os STI’s podem ser considerados muito poderosos uma vez que
conseguem passar e receber conhecimento do aluno, monitorar suas soluções e customizar
suas estratégias de ensino.
Atualmente, não conseguimos encontrar uma arquitetura considerada padrão para os
STI’s. Entretanto, uma arquitetura considerada convencional para STI’s, de acordo com
Viccari e Giraffa [4], consiste dos seguintes componentes: Modelo do Aluno; Estratégias de
ensino; Base do domínio; Interface; e Controle.
4. Conclusão
O SEMedicOn possui uma propriedade explanatória e de tomada de decisão que utiliza regras
genéricas e casos similares na resolução de problemas e no auxílio à educação médica. Dessa
forma, numa única ferramenta, os pacientes simularão uma consulta médica, o médico terá
uma ferramenta de auxílio ao diagnóstico através de um Sistema Híbrido, enquanto, o
estudante de medicina terá ao seu dispor um Sistema Tutor Inteligente, todos compartilhando
uma mesma base de conhecimento (com regras e casos) que está sempre sendo atualizada.
Uma versão preliminar deste ambiente foi desenvolvida para a área de Cardiologia,
mas poderá ser ampliado no futuro para outras especialidades médicas. Este trabalho faz parte
de um projeto financiado pelo CNPq, processo número 141220/2002-3.
5. Referências Bibliográficas
[1] ARAGÃO, João Fernandes Britto, Sistemas Especialistas como ferramenta auxiliar para o
ensino da disciplina Bases da Técnica Cirúrgica, Dissertação de Mestrado da COPIN/UFCG,
Campina Grande, 2002.
[2] KOLODNER, J. Case-Based Reasoning. Los Altos: Morgan Kaufmann, 1993.
[3] SCHANK, R. Dynamic memory: a theory of learning in computers and people.
Cambridge University Press, 1982.
[4] VICCARI, R. M., GIRAFFA, L. M.M., Sistemas Tutores Inteligentes: abordagem
tradicional x abordagem de agentes. Tutorial apresentado no XIII SBIA - Simpósio Brasileiro
de Inteligência Artificial, Curitiba, 23 a 25 de outubro de 1996.
[5] WOOLF, Beverly P. Artificial Intelligence and Human Learning – Intelligent Computer-
Aided Instruction. Representing Complex Knowledge in an Intelligent Machine Tutor. John
Self (ed.), London: Chapman and Hall Computing, 1988.
[6] ZIRBES, S. F., MALVEZZI, M. L. F., Informações Gerenciais em Hospital de
Referência, In: Anais do VIII Congresso Brasileiro de Informática em Saúde, Natal, 2002.