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REVISTA ÂMBITO JURÍDICO ®

Segunda dimens?dos direitos fundamentais


Sumário: 1.Introdução. 2.Distinção entre direitos humanos e direitos
fundamentais. 3.As “gerações” dos direitos fundamentais. 4. Terminologia:
gerações ou dimensões? 5. Segunda dimensão dos direitos fundamentais. 5.1.
evolução histórica. 5.2dignidade da pessoa humana como axioma dos
direitos fundamentais de segunda dimensão. 5.3segunda dimensão: conceito. 6.
Conclusão. Bibliografia
Resumo: A segunda dimensão dos direitos fundamentais ou direitos de cunho
positivo originaram da insatisfação popular com o sistema liberal, que
não prescrevia atuação forte do estado nas caudas sociais, ou seja, a segunda
dimensão dos direitos fundamentais clamam a manutenção de
direitos já conquistados (primeira dimensão) e deseja uma atuação firme, forte e
positiva do Estado para dilacerar as desigualdades sociais, visando,
em última analise, a consagração da justiça social.
Palavras-chaves: dimensão, direitos fundamentais, liberdade social, amparo
estatal
Abstract: The second dimension of the basic or right rights of positive hallmark
was given rise by them of the popular dissatisfaction with the liberal
system, which was not prescribing strong acting of the state in the social tails, in
other words, the second dimension of the basic rights they cry out the
maintenance of already conquered rights (first dimension) and it wants a firm,
strong and positive acting of the State to lacerate the social unequalities,
aiming, in last analysis, at the consecration of the social justice.
Keywords: dimension, basic rights, social freedom, state-owned support
1. INTRODUÇÃO
O presente trabalho possui a finalidade de cristalizar o conceito de direitos
fundamentais e direitos humanos, bem como os fatos históricos que
levaram ao reconhecimento da segunda dimensão dos direitos fundamentais.
Antes de explanamos sobre os chamados direitos sociais (segunda dimensão),
procuramos definir a questão terminológica das expressões direitos
fundamentais e direitos humanos e das palavras gerações e dimensões dos
direitos fundamentais.
Para reconhecemos os direitos fundamentais de segunda dimensão se faz
necessário entendem sua real dimensão jurídica, (extensão) isto é:
quando falamos na segunda dimensão estamos versando sobre o dever
constitucional (entenda como humanístico, também) de prestações estatais
com intuito de equilibrar as relações intersubjetivas (indivíduo e Estado; indivíduo
e indivíduo) para consagração da almejada justiça social.
2.DISTINÇÃO ENTRE DIREITOS HUMANOS E DIREITOS FUNDAMENTAIS
Os direitos humanos são sempre direitos do ser humano inerentes a sua
dignidade e convívio social, sem contudo apresentar juridicidade
constitucional, enquanto os direitos fundamentais encontram-se positivados na
esfera constitucional:
“Em que pese sejam ambos os termos (‘direitos humanos’ e ‘direitos
fundamentais’) comumente utilizados como sinônimos, a explicação corriqueira
e, diga-se de passagem, procedente para a distinção é de que o termo "direitos
fundamentais" se aplica para aqueles direitos do ser humano
reconhecidos e positivados na esfera do direito constitucional positivo de
determinado Estado, ao passo que a expressão ‘direitos humanos’
guardaria relação com os documentos de direito internacional, por referir-se
àquelas posições jurídicas que se reconhecem o ser humano como tal,
independentemente de sua vinculação com determinada ordem constitucional e
que, portanto, aspiram a validade universal para todos os povos e
tempos, de tal sorte que revelam um inequívoco caráter supranacional
(internacional).”[1]
Neste mister e de acordo com Sarlet:
“A consideração de que o termo ‘direitos humanos’ pode ser equiparado ao de
‘direitos naturais’ não nos parece correta, uma vez que a própria
positivação em normas de direito constitucional, de acordo com a lúcida lição de
Bobbio, já revelou, de forma incontestável, a dimensão histórica e
relativa dos direitos humanos, que assim se desprenderam – ao menos em parte
(mesmo para os defensores de um jusnaturalismo) – da idéia de um
direito natural. Todavia, não devemos esquecer que, na sua vertente histórica, os
direitos humanos. (internacionais) e fundamentais (constitucionais)
radicam no reconhecimento, pelo direito positivo, de uma série de direitos naturais
do homem, que, neste sentido, assumem uma dimensão
pré-estatal e, para alguns, até mesmo supra-estatal. Cuida-se, sem dúvida,
igualmente de direitos humanos – considerados como tais aqueles
outorgados a todos os homens pela sua mera condição humana -, mas, neste
caso, de direitos não-positivados”.[2]
Neste contexto, Jane Reis Gonçalves pondera:
“Do ponto de vista formal, direitos fundamentais são aqueles que a ordem
constitucional qualifica expressamente como tais. Já do ponto de vista
material, são direitos fundamentais aqueles direitos que ostentam maior
importância, ou seja, os direitos que devem ser reconhecidos por qualquer
Constituição legítima. Em outros termos, a fundamentalidade em sentido material
está ligada à essencialidade do direito para implementação da
dignidade humana. Essa noção é relevante pois, no plano constitucional, presta-se
como critério para identificar direitos fundamentais fora do
catálogo.”[3]
A juridicidade normativa dos direitos fundamentais lhe permite a consagração e
limite do poder estatal, já que está presente no mesmo texto
constitucional que originou o poder estatal (Estado, no sentido lato)[4].
Neste ponto, os direitos humanos não irradiam efeitos jurídicos constitucionais,
enquanto os direitos fundamentais, reconhecidos e subsumidos ao
sistema constitucional vigente possuem eficácia jurídico-social, isto é:
aplicabilidade imediata e garantia de eficácia através do seu transportador
jurídico valorativo (Constituição Federal).
3. AS “GERAÇÕES” DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS
Os direitos fundamentais agrupam-se num vasto rol de normas jurídicas
constitucionais emissoras de efeitos jurídicos com alta densidade de valores
histórico-sociais, os quais podemos conceituar como: “direitos público-subjetivos
de pessoas (físicas ou jurídicas), contidos em dispositivos
constitucionais e, portanto, que encerram caráter normativo supremo dentro do
Estado, tendo como finalidade limitar o exercício do poder estatal em
face da liberdade individual”[5].
Essa limitação do poder estatal não é estática ou até mesmo imutável, pois são
valores dinâmicos, isto é: os direitos fundamentais estão sujeitos a
evolução histórica, social e cultural da sociedade. Os direitos fundamentais
evoluem, em conjunto, com a sociedade ao longo do tempo.
Com intuito de cristalizar a evolução histórica e social dos direitos fundamentais o
jurista tcheco Karel Vasak formulou, em aula inaugural do Curso do
Instituto Internacional dos Direitos do Homem, em Estraburgo, baseando-se na
bandeira francesa que simboliza a liberdade, a igualdade e a
fraternidade teorizou sobre “as gerações – evolução – dos direitos fundamentais”,
da seguinte forma:
“a) primeira geração dos direitos seria a dos direitos civis e políticos,
fundamentados na liberdade (liberté), que tiveram origem com as revoluções
burguesas;
b) a segunda geração, por sua vez, seria a dos direitos econômicos, sociais e
culturais, baseados na igualdade (égalité), impulsionada pela
Revolução Industrial e pelos problemas sociais por ela causados;
c) por fim, a última geração seria a dos direitos de solidariedade, em especial o
direito ao desenvolvimento, à paz e ao meio ambiente, coroando a
tríade com a fraternidade (fraternité), que ganhou força após a Segunda Guerra
Mundial, especialmente após a Declaração Universal dos Direitos
Humanos, de 1948.”[6]
A teoria das gerações dos direitos fundamentais foi aceita, praticamente por
unanimidade, pela ciência jurídica, mesmo, contendo, algumas
incoerências terminológicas, que no próximo item será esclarecido.
4. TERMINOLOGIA: GERAÇÕES OU DIMENSÕES?
A ciência do direito enfrenta inúmeras questões jusfilosoficas, como a terminologia
e consenso de conceitos, nesse tópico tentaremos enfrentar a
questão problemática da definição da terminologia de “gerações”.
As gerações de direitos passam a idéia que há uma sucessão ou superação de
uma geração pela outra. Dimitri Dimoulis e Leonardo Martins, nesse
raciocínio registram:
“Tal opção terminológica (e teórica) é bastante problemática, já que a idéia das
gerações sugere uma substituição de cada geração pela posterior
enquanto que no âmbito que nos interessa nunca houve abolição dos direitos das
anteriores "gerações" como indica claramente a Constituição
brasileira de 1988 que incluiu indiscriminadamente direitos de todas as
"gerações".”[7]
A terminologia "gerações" de direitos implica na idéia de exclusão ou substituição.
A geração futura, nova ou posterior excluiria a anterior. Mas, o que
ocorre é que o homem, em momentos históricos distintos verifica que os direitos
que já estão consagrados em documentos legais não são mais
suficientes para impor a dignidade da pessoa humana e necessitam de uma
evolução, isto sem desprezar ou aniquilar direitos já reconhecidos.
Se a expressão gerações de direitos transportam um conteúdo de exclusão,
preferimos a expressão dimensões de direitos, posto que há uma
evolução, expansão e cumulação de direitos ao longo do tempo.
Neste mister, Ingo Wolfagang Sarlet pondera:
“Em que pese o dissídio na esfera terminológica, verifica-se crescente
convergência de opiniões no que concerne à idéia que norteia a concepção
das três (ou quatro, se assim preferirmos) dimensões dos direitos fundamentais,
no sentido de que estes, tendo tido sua trajetória existencial
inaugurada com o reconhecimento formal nas primeiras Constituições escritas dos
clássicos direitos de matriz liberal-burguesa, se encontram em
constante processo de transformação, culminando de múltiplas e diferenciadas
posições jurídicas, cujo conteúdo é tão variável quanto as
transformações ocorridas na realidade social, política, cultural e econômica ao
longo dos tempos. Assim sendo, a teoria dimensional dos direitos
fundamentais não aponta, tão-somente, para o caráter cumulativo do processo
evolutivo e para a natureza complementar de todos os direitos
fundamentais, mas afirma, para além disso, sua unidade e indivisibilidade no
contexto do direito constitucional interno e, de modo especial, na esfera
do moderno “Direito Internacional dos Direitos Humanos”.”[8]
Neste diapasão, as gerações indicam uma sucessão cumulada na exclusão de
direitos pretéritos, enquanto a terminologia dimensões impõe uma
cumulatividade, aumento e manutenção de direitos humanos consagrados ao
longo da história do homem.
5. SEGUNDA DIMENSÃO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS
5.1.EVOLUÇÃO HISTÓRICA
Revolução Industrial resultou no desenvolvimento de técnicas de produção em
grande escala que gerou um salto no crescimento econômico no
século XIX. Esse desenvolvimento da produção ocorreu devido ao sacrifício da
população, em especial, a classe dos trabalhadores.
A jornada de trabalho era de quinze horas (inclusive mulher e crianças e não
existia qualquer limitação ou regra sobre “salário mínimo, férias, nem
mesmo descanso regular. O trabalho infantil era aceito e as crianças erma
submetidas a trabalhos braçais como se adultos fossem.” [9]
A produção em grande escala, o crescimento econômico e o aumento de riqueza
de uma minoria, desencadeou inúmeros problemas sociais,
gerando, consequentemente insatisfação da população. A igualdade e a liberdade
eram estritamente formais (prescrição do sistema liberal), já que a
maioria da sociedade, com exceção dos culturadores da Bela Época, era oprimida,
restando “tão-somente a liberdade de morrer de fome”[10]
Neste mister, o sistema liberal que inibia a atuação estatal, provocou o aumento
da desigualdade, que obrigou uma transformação da igualdade
formal e material[11], para que não somente uma pequena parcela da população
desenvolver-se, mais sua totalidade.
“O Estado social é enfim Estado produtor de igualdade fática. Trata-se de um
conceito que deve iluminar sempre toda hermenêutica constitucional,
em se tratando de estabelecer equivalência de direitos. Obriga o Estado, se for o
caso a prestações positivas; a promover meios, se necessários,
para concretizar comando normativos de isonomia.”[12]
A insatisfação popular e a desigualdade originaram uma série de cenários
versando sobre garantias sociais:
(i) Em 1848 – Constituição Francesa, que consagrou alguns direitos econômicos e
sociais. Nesse mesmo ano, temos o Manifesto comunista de Karl
Marx convocando todos os trabalhadores do mundo para tomada do poder;
(ii) Em 1891, foi a vez da Igreja Católica, através da “famosa enclíca Rerum
Novarum, do Papa Leão XIII, onde criticava as condições da vida das
classes trabalhadoras e apoiava abertamente o reconhecimento de vários direitos
trabalhistas [...]”[13];
(iii) Em 1917, ocorreu a primeira revolução socialista na Rússia;
(iv) Em 1917 foi consagrada a Constituição mexicana que prescrevia o
reconhecimento de direitos sociais[14];
(v) Em 1919 a Constituição alemã, trabalhava na mesma linha de reconhecimento
de direitos sociais da Constituição mexicana (salientamos, que um
dos principais objetivos da Constituição alemã era reestruturar a Alemanha após a
primeira Guerra Mundial, já que a situação social está em um
estágio alarmante);
(vi) Em 1919 foi marcado, também, pelo Tratado de Versalhes, que além de outras
diretrizes, versava sobre a constituição da Organização
Internacional do Trabalho – OIT;
(vii) Em 1931 – Constituição espanhola, e em 1934 temos a Constituição brasileira
que detinha um capítulo versando sobre à ordem econômica e
social.
O clamor da população visava à diminuição das desigualdades sociais e amparo
estatal acabou por consagrar direitos sociais, em contrapartida ao
sistema liberal vigente até então.[15]
5.2DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA COMO AXIOMA DOS DIREITOS
FUNDAMENTAIS DE SEGUNDA DIMENSÃO
A segunda dimensão dos direitos fundamentais visa, entre outras razões,
consagrar a dignidade da pessoa humana através de prestação positivas
obrigatórias impostas ao Estado para alcançar a justiça social (igualdade material,
e não formal). Contudo, antes de continuamos a dissertar sobre a
segunda dimensão dos direitos fundamentais, é importante, que, mesmo que
brevemente, conceituemos dignidade:
“A dignidade da pessoa humana é o núcleo essencial de todos os direitos
fundamentais, o que significa que o sacrifício total de algum deles
importaria uma violação ao valor da pessoa humana[16].”
Eduardo C.B. Bittar, em importante lição, disserta sobre esse mandamento
nuclear:
“Só há dignidade, portanto, quando a própria condição humana é entendida,
compreendida e respeitada, em suas diversas dimensões, o que impõe,
necessariamente, a expansão da consciência ética como prática diuturna de
respeito à pessoa humana”.[17]
“[a dignidade da pessoa humana é] a meta social de qualquer ordenamento que
vise a alcançar e fornecer, por meio de estruturas
jurídico-político-sociais, a plena satisfação de necessidades físicas, morais,
psíquicas e espirituais da pessoa humana.”[18]
A dignidade e uma condição concreta do ser humano, originando-se, não no
ordenamento jurídico, mas sim com o nascimento humano, isto é,
inerente à sua essência, implicando, infalivelmente, sua juridicidade pelo direito
posto e sua efetivação pelo Estado e respeito em todas as relações
intersubjetivas e intra-subjetivas (já que a ninguém é dado o direito de atentar
contra a própria dignidade).
O princípio exprime o mais alto valor jurídico e conseqüentemente, confirma,
infirma e afirma direitos da pessoa humana e reafirma a necessidade de
sua manutenção através de ações (segunda dimensão) e omissões (primeira
dimensão) estatais.
“O ser humano é aquele que possui liberdade, que tem a possibilidade de, ao
menos teoricamente, determinar seu ‘deve-ser’. É essa possibilidade
que deve ser levada em conta, respeitada, considerada. A essência da dignidade
do ser humano é o respeito mútuo a essa possibilidade de escolha.
A especificidade do ser humano é sua liberdade. A dignidade a ele inerente
consistirá no respeito a essa possibilidade de escolha.”[19]
Neste mister e de acordo com a magistério de Miguel Reale:
“O homem, considerado na sua objetividade espiritual, enquanto ser que só se
realiza no sentido de seu dever ser, é o que chamamos de pessoa. Só
o homem possui a dignidade originária de ser enquanto deve ser, pondo-se
essencialmente como razão determinante do processo histórico”[20].
A dignidade da pessoa humana é a razão da existência do Estado, já que é o
axioma que sustenta a máquina administrativa, isto é, a dignidade
impõe restrições, funcionalidade e objetividade as regras jurídicas[21].
5.3 SEGUNDA DIMENSÃO: CONCEITO
Os direitos fundamentais de segunda dimensão determinam a proteção à
dignidade da pessoa humana, enquanto os de primeira dimensão tinham
como preocupação a liberdade encontra partida ao poder de imperium do Estado.
Ou seja, a segunda dimensão visa não uma abstenção estatal, mas uma atuação
positiva (ação) do Estado.
As prestações positivas exigidas pela população visavam a efetividade das
liberdades pleiteadas pela primeira dimensão dos direitos fundamentais,
posto que sem qualidade de vida, educação, saúde e igualdade fática ocorreria
instabilidade nos direitos fundamentais consagrados anteriormente
(primeira dimensão).
“Os direitos de primeira geração tinham como finalidade, sobretudo, possibilitar a
limitação do poder estatal e permitir a participação do povo nos
negócios públicos. Já os direitos de segunda geração possuem um objetivo
diferente. Eles impõem diretrizes, deveres e tarefas a serem realizadas
pelo Estado, no intuito de possibilitar aos seres humanos melhor qualidade de vida
e um nível de dignidade como pressuposto do próprio exercício da
liberdade. Nessa acepção, os direitos fundamentais de segunda geração funciona
como uma alavanca ou uma catapulta capaz de proporcionar o
desenvolvimento do ser humano, fornecendo-lhe as condições básicas para gozar,
de forma efetiva, a tão necessária liberdade.”[22]
Assim, há uma proclamação à dignidade relacionada a prestações sociais estatais
obrigatórias (saúde, educação, assistência social, trabalho e etc)
[23], impondo ao Estado o fornecimento de prestações destinadas a concretização
da igualdade e redução de problemas sociais para entregar a
pessoa humana o piso vital mínimo (mínimo necessário para uma existência
dignada).
“A segunda dimensão dos direitos fundamentais abrange, portanto, bem mais do
que os direitos de cunho prestacional, de acordo com o que ainda
propugna parte da doutrina, inobstante o cunho ‘positivo’ possa ser considerado
como o marco distintivo desta nova fase na evolução dos direitos
fundamentais”.[24]
A segunda dimensão dos direitos fundamentais refere-se às prestações positivas
sociais, ou seja: há clamor pela prestação de serviços estatais que
visem erradicar ou diminuir as desigualdades sociais favorecendo a consagração
da aclamada justiça social, para que seja materializada a igualdade
formal criada pelo sistema liberal.
“[a] expressão “social” encontra justificativa, entre outros aspectos (...), na
circunstancia de que os direitos de segunda dimensão podem ser
considerados uma densificação do princípio da justiça social, além de
corresponderem a reivindicações das classes menos favorecidas, de modo
especial da classe operária, a titulo de compensação, em virtude da extrema
desigualdade que caracteriza (e, de certa forma, ainda caracterizada) as
relações com a classe empregadora, notadamente detentora de um menor grau
de poder econômico.”[25]
As liberdades sociais (sindicalização, direito de greve e direitos fundamentais dos
trabalhadores) incluem-se na lista dos direitos consagrados na
segunda dimensão.
Os direitos fundamentais de segunda dimensão constituem os chamados direitos
positivos, pois não há alforria na abstenção do Poder Público e sim
uma conduta positiva do Estado proclamando a sua presença nas relações
intersubjetivas sociais.
6. CONCLUSÃO
Os direitos fundamentais encontram-se protegidos de mutabilidade ou exclusão
por estarem consagrados através de normas constitucionais, o que
lhes diferencia dos chamados direitos humanos, que por sua vez, não possuem a
juridicidade e positivação dos primeiros, já que encontram-se nos
textos assinalados na ordem internacional.
Enfrentando, a questão terminológica entendemos que o signo dimensão
subsume, perfeitamente, a evolução histórica dos direitos fundamentais,
posto que não implica na mutilação de conquistas anteriores e sim aglutinamento,
união das conquistas do homem, ao contrário do signogeração que
transmite a idéia de superação ou de substituição de uma geração por outra.
Versando sobre os direitos fundamentais de segunda dimensão foi salientado que
são direitos que impõe uma obrigação positiva (obrigação de fazer)
ao Estado em relação à pessoa humana. O Estado está obrigado a respeitar a
dignidade da pessoa humana (vetor de todo e qualquer jurídico
democrático) e as conquistas idealizadas através da primeira dimensão dos
direitos fundamentais, através da prestação de serviços estatais
(essenciais) para solucionar a desigualdade social e aplicar a chamada justiça
social material (real).
Bibliografia ALARCÓN, Pietro de Jésus Lora. O patrimônio genético humano e
sua proteção na constituição federal de 1998. São Paulo:
Método, 2004 ALMEIDA, Guilherme Assis de; BITTAR, Eduardo C. B. Curso de
filosofia do direito. 6 ed., rev., aum. São Paulo: Altas, 2008
BITTAR, Eduardo C. B. Metodologia da pesquisa jurídica: teoria e prática da
monografia para os cursos de direito. 6 ed., rev., ampl. São Paulo:
Saraiva, 2007. ______. O direito na pós-modernidade. Rio de Janeiro: Forense
Universitária, 2005, BONAVIDES, Paulo. Curso de direito
constitucional. 11 ed. São Paulo: Malheiros, 2001 ______. Do estado liberal ao
estado social. São Paulo: Malheiros, 1980. COMPARATO, Fábio
Konder.
A afirmação histórica dos direitos humanos. 5 ed. rev. ampl. São Paulo:
Saraiva, 2007. DIMITRI, Dimoulis; MARTINS, Leonardo. Teoria geral
dos direitos fundamentais. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007.
MAGALHÃES FILHO, Glauco Barreira. Hermenêutica e unidade axiológica
da Constituição. 2 ed. Belo Horizonte: Mandamentos, 2001 MARMELSTEIN,
George. Curso de direitos fundamentais. São Paulo: Altas, 2008
PEREIRA. Jane Reis Gonçalves. Interpretação constitucional e direitos
fundamentais : uma contribuição ao estudo das restrições aos
direitos fundamentais na perspectiva da teoria dos princípios. Rio de Janeiro:
Renovar, 2006. SARLET, Ingo Wolfgang. A eficácia dos direitos
fundamentais. 9 .ed., rev., ampl. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2008.
______. Dignidade da Pessoa Humana e Direito Fundamentais na
Constituição Federal de 1988. 4 ed., rev., atua.. Porto Alegre: Livraria do
Advogado, 2006. REALE, Miguel. Filosofia do Direito. 20 ed. São Paulo:
Saraiva, 2009. Notas: [1] SARLET, Ingo Wolfgang. A eficácia dos direitos
fundamentais. 9 ed., rev., ampl. Porto Alegre: Livraria do Advogado,
2008, p.35 [2] SARLET, Ingo Wolfgang. SARLET, Ingo Wolfgang. A eficácia dos
direitos fundamentais. 9 ed., rev., ampl. Porto Alegre: Livraria do
Advogado, 2008, p. 36. [3] PEREIRA. Jane Reis Gonçalves. Interpretação
constitucional e direitos fundamentais : uma contribuição ao estudo
das restrições aos direitos fundamentais na perspectiva da teoria dos
princípios. Rio de Janeiro: Renovar, 2006, p. 77 [4] “Se determinada
norma jurídica tiver ligação com o princípio da dignidade da pessoa humana ou
com a limitação do poder e for reconhecida pela Constituição de um
Estado Democrático de Direito como merecedora de uma proteção especial, é
bastante provável que se esteja diante de um direito fundamental. [...]
Falar que os direitos fundamentais são normas constitucionais significa, por
exemplo, aceitar a sua supremacia forma e material, uma das
características mais importantes desses (princípio da supremacia dos direitos
fundamentais), bem como realça a sua força normativa, elemento
essencial para se permitir a máxima efetivação desses direitos
[...]”.MARMELSTEIN, George. Curso de direitos fundamentais. São Paulo:
Altas,
2008, p. 20-1. [5] DIMITRI, Dimoulis; MARTINS, Leonardo. Teoria geral dos
direitos fundamentais. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais,
2007, p. 54. [6] MARMELSTEIN, George. Op. cit., p. 40 (grifos do original) [7]
DIMITRI, Dimoulis; MARTINS, Leonardo. Op. cit., p. 34 [8] SARLET,
Ingo Wolfgang. A eficácia dos direitos fundamentais. 9 .ed., rev., ampl. Porto
Alegre: Livraria do Advogado, 2008, p.53 [9] MARMELSTEIN,
George. Op. cit. p. 42 [10] BONAVIDES, Paulo. Do estado liberal ao estado
social. São Paulo: Malheiros, 1980, p. 31. [11] “O impacto da
industrialização e os graves problemas sociais e econômicos que a
acompanharam, as doutrinas socialistas e a constatação de que a consagração
formal de liberdade e de igualdade não gerava a garantia de seu efetivo gozo
acabaram, já no decorrer do século XIX, gerando amplos movimentos
reivindicatórios e o reconhecimento progressivo de direitos atribuindo ao Estado
comportamento ativo na realização da justiça social”. SARLET, Ingo
Wolfgang. A eficácia dos direitos fundamentais. 9 .ed., rev., ampl. Porto Alegre:
Livraria do Advogado, 2008, p.55 [12] BONAVIDES, Paulo. Op.
cit. p. 343. [13] MARMELSTEIN, George. Op. cit. p. 49 (grifos do original) [14] A
Carta Política mexicana de 1917 foi a primeira a atribuir aos
direitos trabalhistas a qualidade de direitos fundamentais, juntamente com as
liberdades individuais e os direitos políticos (arts. 5º e 123).
COMPARATO, Fábio Konder. A afirmação histórica dos direitos humanos. 5
ed. rev. ampl. São Paulo: Saraiva, 2007, p. 178 [15] “A partir da
terceira década do século XX, os Estados antes liberais começaram o processo de
consagração dos direitos sociais ou direitos de segunda geração,
que traduzem, sem dúvida, uma franca evolução na proteção da dignidade
humana. Destarte, o homem, liberto do jugo do Poder Público, reclama
uma nova forma de proteção da sua dignidade, como seja, a satisfação das
carências mínimas, imprescindíveis, o que outorgará sentido à sua vida”.
ALARCÓN, Pietro de Jésus Lora. O patrimônio genético humano e sua
proteção na constituição federal de 1998. São Paulo: Método, 2004, p.
79 [16] MAGALHÃES FILHO, Glauco Barreira. Hermenêutica e unidade
axiológica da Constituição. 2 ed. Belo Horizonte: Mandamentos, 2001, p.
248. [17] BITTAR, Eduardo C. B. O direito na pós-modernidade. Rio de Janeiro:
Forense Universitária, 2005, p. 302 [18] BITTAR, Eduardo C. B.
Op. cit., p. 304. [19] ALMEIDA, Guilherme Assis de; BITTAR, Eduardo C. B.
Curso de filosofia do direito. 6 ed., rev., aum. São Paulo: Altas, 2008,
p. 537. [20] REALE, Miguel. Filosofia do Direito. 20 ed. São Paulo: Saraiva,
2009, p. 220. [21] “[...] a qualidade intrínseca e distintiva reconhecida
em cada ser humano que o faz merecedor do mesmo respeito e consideração por
parte do Estado e da comunidade, implicando, neste sentido, um
complexo de direitos e deveres fundamentais que assegurem a pessoa tanto
contra todo e qualquer ato de cunho degradante e desumano, como
venham a lhe garantir as condições existenciais mínimas para uma vida saudável,
além de propiciar e promover sua participação ativa e
co-responsável nos destinos da própria existência e da vida em comunhão com os
demais seres humanos”. SARLET. Ingo Wolfgang. Dignidade da
Pessoa Humana e Direito Fundamentais na Constituição Federal de 1988. 4
ed., rev. atual. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2006, p. 60. [22]
MARMELSTEIN, George. Op. cit. p. 51-2 [23] C.f: SARLET, Ingo Wolfgang.
SARLET, Ingo Wolfgang. A eficácia dos direitos fundamentais. 9 .ed.,
rev., ampl. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2008, p. 55. [24] Ibidem. [25]
Wolfgang. SARLET, Ingo Wolfgang. A eficácia dos direitos
fundamentais. 9 .ed., rev., ampl. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2008, p. 56.

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